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Manual de

Governança
Corporativa para
as Sociedades de
Advogados
Contrato Social
Acordo de Sócios
Regimento Interno
Comitê de Administração Compliance
e Ética Profissional – CADEP Plano de Carreira

2023
APRESENTAÇÃO

MANUAL DE GOVERNANÇA CORPORATIVA PARA AS


SOCIEDADES DE ADVOGADOS

O CESA – Centro de Estudos das Sociedades de Advogados, há 40 anos vem traba-


lhando em representação das Sociedades de Advogados, colaborando com a sua regulamenta-
ção, participando das demandas judiciais de interesse, estudando e orientando nas questões
de maior preocupação, tanto de caráter Societário, Internacional, Contratual, Tributário e Tra-
balhista, como da própria Gestão.
O CESA reúne hoje mais de 1200 Sociedades de Advogados no Brasil, tendo sua Sede Ins-
titucional em São Paulo, mantendo 16 Seccionais e representação em todo território nacional.
Para tratar dos principais temas de interesse foram criados Comitês Temáticos, que reúnem
sócios das associadas, especialistas nessas áreas, que analisam e desenvolvem estudos em
profundidade para serem debatidos entre as Associadas e apresentados às autoridades gover-
namentais, para esclarecimentos e solução.
As principais finalidades do CESA são: a) promover estudos e manifestar-se sobre ques-
tões jurídicas e assuntos relativos à administração da Justiça e ao exercício da profissão de
advogado; b) promover o estudo e a defesa de questões de interesse das Associadas; c) oferecer
às Associadas estudos e serviços que facilitem o exercício da Advocacia; d) representar os in-
teresses das Associadas e das Sociedades de Advogados em face do órgão de classe e de outras
entidades profissionais; e) representar os interesses das Associadas em juízo.
É muito importante que as Sociedades de Advogados estejam unidas, defendendo suas
prerrogativas, seus princípios éticos, suas normas de Governança Corporativa e seu campo de
atuação privativa.
Nesse contexto, o COMITÊ DE ADMINISTRAÇÂO E ÉTICA PROFISSIONAL – CADEP,
foi criado com o objetivo de analisar e adaptar a estrutura organizacional das sociedades de
advogados às alterações legislativas e tecnológicas, visando a atualização, modernização e
aprimoramento de sistemas e métodos de atuação e de gestão.
Por esse motivo, estamos lançando este MANUAL DE GOVERNANÇA CORPORTIVA
PARA AS SOCIEDADES DE ADVOGADOS, divulgando diretrizes e recomendações especí-
ficas, alertando para os riscos e preservando a imagem e o fortalecimento das Sociedades.
Esperamos que seja útil.

São Paulo, 31 de outubro de 2023,

COORDENADORES DO COMITÊ DE ADMINISTRAÇÃO


E ÉTICA PROFISSIONAL – CADEP

Clemencia Beatriz Wolthers Stanley Martins Frasão

Ana Cecilia Lopes da Silva Lencioni Beatriz M.A. Camargo Kestener

Luiz Roberto de Andrade Novaes Mariana Matos de Oliveira

Daniel Arruda Farias Antônio Carlos Gonçalves

Fernanda Martorelli Flavia Filhorini Lepique


DIRETORIA EXECUTIVA DO CESA
Gestão 2021 / 2024

Presidente Nacional: Gustavo Brigagão


Vice-Presidente Nacional: Cristiane Romano
Presidente do conselho Diretor: Carlos José Santos da Silva
Diretor Financeiro-Administrativo: José Setti Diaz
Diretor de Relações Institutionais: Marcio Vieira Souto Costa Ferreira
Diretora de Relações Internacionais: Moira V. Huggard-Caine
Diretora Executiva: Glaucia M. Lauletta Frascino
Diretor Executivo: Stanley Martins Frasão

Ex-Presidentes Nacionais:
Celso Cintra Mori
Clemencia Beatriz Wolthers
Horacio Bernardes Neto
Antonio Corrêa Meyer
José Luis de Salles Freire
Carlos José Santos da Silva
GOVERNANÇA CORPORATIVA NAS
SOCIEDADES DE ADVOGADOS

Os documentos básicos de uma Sociedade de Advogados são os cinco seguintes:

Contrato Social ... 5

Pacto Societário – Acordo de Sócios ... 6

Regimento Interno ... 13

Manual de Compliance – Ética e Conduta ... 14

Plano de Carreira ... 16

A critério dos sócios e dependendo do tamanho, características e área de atuação, esses


documentos, exceto o Contrato Social, poderão ser compactados e transformados num único,
com maior ou menor detalhamento das normas e regulamento aplicáveis.

Para fins práticos e didáticos, preferimos manter separados e analisar individualmente


esses documentos.
CONTRATO SOCIAL

As Seccionais da OAB, em sua maioria, mantêm em seus Sites, os modelos de Contrato


Social, de Alterações Contratuais e do Distrato, recomendando sua utilização, visando uma
tramitação mais acelerada e desburocratizada nos seus processos de Registro, Averbações e
Arquivamento obrigatórios desses Atos Societários, conforme Provimentos do CFOAB 112 e
170.

O Contrato Social deve ser simples e conter as cláusulas obrigatórias, de acordo com o
EAOAB – Lei 8.906/94, Regulamento Geral e Provimentos, atendendo às exigências legais.

As demais normas de Governança Corporativa, recomenda-se que sejam tratadas no


Pacto Societário, ou Acordo de Sócios, aceito e assinado por todos os sócios e que representa
as normas de convivência societária e os compromissos assumidos por todos.

Apenas para fins exemplificativos, informamos que, no site da OAB/SP, na sessão das
COMISSÕES PERMANENTES, na entrada das SOCIEDADES DE ADVOCACIA, encontramos os
seguintes modelos, que podem servir de referência para os vários tipos de sociedades e con-
tratos:

a) Contrato Social com Sócios Patrimoniais;


b) Contrato Social com Sócios Patrimoniais e de Serviços;
5
c) Ato Constitutivo de Sociedade Individual de Advocacia;
d) Contrato Social de Sociedade de Consultores em Direito Estrangeiro;
e) Alterações Contratuais de cada tipo;
f) Retirada Unilateral de Sócio;
g) Contrato de Associação entre Sociedades de Advocacia;
h) Contrato de Associação sem Vínculo Empregatício;
i) Cisão – Incorporação – Transformação;
j) Distratos Sociais;
k) Modelos de Requerimentos;
l) Instruções e Deliberações.
PACTO SOCIETÁRIO – ACORDO DE SÓCIOS

Deve ser amplo e abrangente, contendo todas as normas decorrentes do Contrato Social,
porém com maior detalhamento: procuram prever e antecipar diversas circunstâncias que são
comuns no relacionamento entre sócios, e que, se bem convencionadas, evitam ou mitigam
conflitos. Convém que o Pacto Societário, ou Acordo de Sócios, também contemple normas de
Governança Corporativa e Administrativa.

Reforçando sua importância, registre-se que, na ausência de normas específicas, aplica-


-se supletivamente o Código Civil. Dependendo do tamanho e das características societárias
de cada sociedade, as cláusulas recomendadas a seguir deverão ser adaptadas, compactadas e
moldadas à situação real.

O objetivo aqui é levantar possibilidades e hipóteses, chamando a atenção para os itens


que, recomenda-se, sejam considerados. O Pacto Societário deve abordar, preferencialmente,
os seguintes temas, definindo seu tratamento e estabelecendo as regras aplicáveis aos sócios:

SÓCIOS

Sócios Patrimoniais

6
São aqueles que contribuíram com a formação do capital da sociedade, aportando recur-
sos. Podem ser classificados em várias categorias, geralmente designados como Sócios Funda-
dores, Seniores, Plenos e Juniores, para indicar sua senioridade e sua participação nos resul-
tados da sociedade. O Pacto pode estabelecer tratamento diferenciado para cada categoria. As
cotas de capital somadas correspondem a 100% do capital social, podendo manter-se cotas em
tesouraria para futura negociação.

Sócios de Serviço

A Sociedade pode deliberar a criação de Cotas de Serviço e atribuir essas cotas a só-
cios que contribuem exclusivamente com seu trabalho profissional. Têm os mesmos direitos e
obrigações do sócio de capital, exceto no que toca à contribuição para o capital social.

Os sócios de serviço têm assegurado o direito de voto em todas as demais questões so-
cietárias e de caráter profissional, mas não participam de decisões de caráter patrimonial e
nem tem direito a receber haveres quando do desligamento, exceto no que se referir a honorá-
rios futuros e de sucumbência, resultantes do serviço prestado.

Também podem ser classificados como: Senior, Pleno e Junior, estabelecendo diferente
tratamento e participação nos resultados de acordo com cada categoria.

As cotas de serviço não têm valor patrimonial e são computadas em separado do capi-
tal. Todos os sócios de serviços contribuem com seu trabalho para a realização dos objetivos
sociais.
Admissão de Novos Sócios

A admissão de Novos Sócios deve ser deliberada e aprovada pelos sócios conforme o
quórum estabelecido no Contrato Social, e, se for o caso, no Pacto Societário.

Convém vedar a negociação direta de cotas entre os sócios, ressalvada a anuência una-
nime dos sócios, por razões de toda ordem, notadamente evitar concentração de capital em
alguns sócios em detrimento de outros, contrariando a vontade da maioria.

Desse modo, é recomendável estabelecer cláusula que estabeleça, como regra, que as
cotas de capital devem ser vendidas ou cedidas diretamente pela sociedade para o novo sócio
recém-admitido, da mesma forma que a sociedade deverá adquirir as cotas de capital dos só-
cios que dela se retira.

Direito de Voto

Todos os sócios, indistintamente têm direito a voto, a depender da matéria, como men-
cionado no item 10 acima. O Contrato Social e/ou o Pacto Societário devem estabelecer o rol
de matérias de natureza patrimonial ou profissional, e definir se os votos, sejam de capital,
sejam os de serviços, será por cabeça (um voto por sócio) para cada deliberação, ou em propor-
ções diferentes de acordo com a sua categoria e participação.

A regra pode ser igualmente mista, a depender da matéria: os sócios podem acordar
que os temas do dia a dia serão deliberados por cabeça e os temas mais relevantes em votos
proporcionais ao capital. O importante é que a regra seja escrita e transparente para todos os
sócios.
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DO CAPITAL – DAS COTAS

Doação. Alienação. Cessão. Transferência de Cotas.


Valor Patrimonial. Participação dos Sócios. Cotas de Serviços

 Doação.
 Código Civil.
 Alienação.
 Direito de preferência. Proibição de alienação a terceiros (recomendação).

 Cessão e Transferência de Cotas.


 Entre Sócios ou entre sócios e sociedade com a anuência dos demais;

 Valor Patrimonial.
 A integralização das cotas patrimoniais será realizada em moeda corrente e/ou
bens. A sociedade de advogados poderá estabelecer cotas de serviço sem valor
patrimonial. O sócio de capital não poderá possuir cotas de serviços concomi-
tantemente.

 Participação dos Sócios nos resultados.


 A sociedade apurará resultados periodicamente (é comum a distribuição men-
sal do saldo de lucros, reservando-se parcela para contingências futuras), em
seguida distribuindo aos sócios de capital a parte dos lucros que, se houver, lhe
couber, nos termos fixados no Pacto Societário. Quaisquer valores atribuídos
aos sócios serão levados à conta dos lucros do exercício ou lucros acumulados,
podendo ocorrer a distribuição de lucros desproporcional à participação no Ca-
pital Social. Ocorrendo prejuízos, estes serão compensados com os resultados
positivos futuros.

 A remuneração dos sócios de serviços será sempre proporcional à sua partici-


pação nos feitos contratados pela Sociedade.

 Os Sócios Patrimoniais perceberão, ainda, a quantia que o quadro de sócios


determinar a título de pró-labore. Usualmente, esse pró-labore é equivalente a
um salário-mínimo.

Cotas de Serviços

A criação das cotas de serviços deve ser deliberada pelos sócios, levando-se em consi-
deração o quórum estabelecido no Contrato Social da Sociedade, sugerindo-se o seguinte, a
título de exemplo:

a) Os sócios patrimoniais de uma sociedade deliberam criar 5.000 (cinco mil) cotas de
serviço, não negociáveis, que serão distribuídas aos Sócios de Serviços.
b) Os sócios patrimoniais admitem como sócios de serviços os seguintes advogados: F
e G.
c) O Capital Social é de R$ 10.000,00 (dez mil reais) correspondente a 10.000 (dez mil)
cotas de participação patrimonial, no valor de R$ 1,00 (um real) cada uma.
d) A sociedade, portanto, tem 15.000 (quinze mil) cotas, sendo 10.000 (dez mil) cotas
de participação patrimonial, no valor de R$ 1,00 (real) cada uma, e 5.000 (cinco mil)
cotas de serviços, assim distribuídas entre os sócios:
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Cotas de serviços
Cotas de Participação % no capital
Sócios Valor (R$) (sem valor patri-
Patrimonial social
monial)

A 4.000 4.000 40

B 3.000 3.000 30

C 1.000 1.000 10

D 1.000 1.000 10

E 1.000 1.000 10

F 2.500 zero

G 2.500 zero

TOTAL 10.000 R$ 10.000,00 5.000 100,00%

e) No exemplo acima temos dois conjuntos diferentes, com propósitos diferentes:

100% das cotas patrimoniais divididas entre os sócios patrimoniais, com


10.000 cotas, integralizando o capital de R$ 10.000,00.
100% das cotas patrimoniais e de serviços, divididos entre os sócios patrimo-
niais e sócios de serviço, completando 15.000 cotas (de deliberação), as quais
serão consideradas pelo conjunto (15.000 cotas) para efeito de votação das
matérias especificadas acima (caso não se opte pelo voto por cabeça), e ainda
para distribuição dos lucros e resultados entre todos os sócios da sociedade
de advogados, na proporção definida e aprovada por esses mesmos sócios, em
Assembleia.

DA GOVERNANÇA – ADMINISTRAÇÃO

Assembleia de Sócios. Comitê Diretivo. Sócio Administrador. Procura-


ções. Comissões Temáticas de Sócios. Representação da Sociedade.

A Sociedade será administrada e representada, passiva e ativamente, em juízo ou fora


dele, inclusive perante quaisquer repartições públicas federais, estaduais ou municipais, bem
como pessoas físicas e empresas privadas, isoladamente, pelo sócio ou em conjunto por dois
ou mais sócios, conforme determinado / escolhido pelo conjunto de sócios, observado acima.

Vale lembrar o previsto no Provimento 112/2006:

Art. 3º Somente os sócios respondem pela direção social, não podendo a respon-
sabilidade profissional ser confiada a pessoas estranhas ao corpo social.
§ 1º O sócio administrador pode ser substituído no exercício de suas funções e os
poderes a ele atribuídos podem ser revogados a qualquer tempo, conforme dis-
puser o Contrato Social, desde que assim decidido pela maioria do capital social.
§ 2º O sócio, ou sócios administradores, podem delegar funções próprias da ad-
ministração operacional a profissionais contratados para esse fim. 9

E o previsto no Provimento 170/2016:

Art. 3º Compete ao titular da sociedade unipessoal de advocacia:


I - responder pelos atos da sociedade, não podendo esta responsabilidade pro-
fissional ser confiada a outra pessoa, ainda que se trate de advogado associado
ou empregado;
II - responder pelos atos de gestão, podendo, no entanto, delegar a execução
de funções próprias da administração operacional a profissionais contratados
para esse fim.

Os temas acima (Assembleia de Sócios, Sócio Administrador, Representação da Socie-


dade e Procurações) devem ser tratadas no Contrato Social, e valerão perante terceiros. Even-
tuais detalhamentos ou especificações devem ser tratadas no Acordo de Sócios ou Pacto So-
cietário, sendo certo que limitações eventualmente contidas no Acordo de Sócios não valerão
contra terceiros se não estiverem também no contrato social.

Por exemplo: (i) a combinação de votos em determinadas matérias, preservando-se os


interesses da Sociedade; (ii) os poderes a serem outorgados em Procurações.

As atribuições e competências, a composição, etc., do Comitê Diretivo e das Comissões


Temáticas de Sócios devem ser tratados no Pacto.

Sabe-se que, em sociedades menores, não há quórum suficiente para a instalação de


tantos órgãos internos da sociedade. Mas, mesmo em sociedade menores, a discussão e orga-
nização escrita a respeito das atribuições dos sócios na administração da sociedade, em acordo
de cotistas, é conveniente, especialmente se o crescimento da sociedade for a intenção dos
sócios: isso permite atrair (ou não) novos colaboradores, que saberão o que esperar da socie-
dade e vice-versa.

DOS LUCROS E RESULTADOS

Destinação dos lucros. Remuneração dos Sócios. Critérios. Proporcio-


nalidade e Periodicidade.

Convém prever-se disposição expressa para reserva de verba para contingências


futuras, de modo que o saldo poderá ser distribuído para a remuneração dos sócios, que pode-
rá ou não ser proporcional à sua participação no capital ou nos feitos contratados pela Socie-
dade, conforme se trate de sócios de capital ou sócios de serviço.

A participação de cada um deve ser avaliada pelos relatórios de trabalho apresentados


pelos advogados dentro de critérios previstos no Pacto ou no Regimento Interno.

Todos os Advogados – Sócios e Associados – se obrigam a respeitar o Pacto e/ou o Re-


gimento Interno e terão aderido expressa ou tacitamente a ele ao aceitarem participar da
Sociedade, caracterizando-se o seu descumprimento como justa causa para fins de exclusão
da Sociedade.

A sociedade apurará resultados na periodicidade que lhe convier (sendo usual que seja
mensalmente), em seguida distribuindo aos sócios a parte dos lucros que – se houver-lhe cou-
ber nos termos fixados no Pacto ou no Regimento Interno.
10
Quaisquer valores atribuídos aos sócios serão levados à conta dos lucros do exercício ou
lucros acumulados, podendo ocorrer a distribuição de lucros desproporcional à participação
no Capital Social. Ocorrendo prejuízos, estes serão compensados com os resultados positivos
futuros.

DA SUCESSÃO

Transição. Aposentadoria de Sócios Fundadores. Retirada Voluntária


ou Programada. Incapacidade Profissional. Falecimento. Sucessão He-
reditária. Apuração de Haveres

Da Transição

O processo sucessório é um dos pontos críticos na existência de qualquer sociedade de


advogados e só será implementado de maneira tranquila se houver uma preparação com a
profissionalização precedente e robusta de sua estrutura e da sua gestão.

Vários pontos precisam ser analisados internamente para elaborar as normas apropria-
das à sucessão. Entre elas, o modelo de gestão, a estrutura decisória, o modelo de remuneração
de sócios, o modelo de prestação dos serviços jurídicos, as características do escritório, o tipo
de serviço prestado, a estrutura, o modelo de crescimento e também a faixa etária dos sócios.
Essa análise deve ser feita desde a criação do escritório, evitando-se conflitos, hábitos e expec-
tativas difíceis de serem discutidas no momento da sucessão.
Sócios Fundadores

Questão delicada que exige a demonstração da vontade de continuidade e perpetuação


da sociedade. A participação dos fundadores, dos sócios de primeira geração, no planejamento
sucessório é fundamental e envolve questões como: garantir sócios de mais de uma geração;
educar os sócios sobre o modelo do negócio; dar oportunidade para envolver os sócios em al-
gum aspecto da gestão; incentivar o desenvolvimento de lideranças; transmitir a cultura e os
valores do escritório e desenvolver um plano de transição de clientes. (dos sócios aposentantes
para os remanescentes).

O planejamento sucessório está baseado no pressuposto de que é desejável que o escri-


tório cresça e evolua de uma geração para a próxima. Isso ajuda a institucionalizar e moderni-
zar a firma, a começar pelas decisões de contratação de profissionais com talentos definidos e
continuar com as atividades destinadas a formar futuros líderes.

Retirada de Sócio

Ocorre por vontade própria, por opção pessoal e/ou profissional, por convenção entre os
sócios, por incapacidade profissional, ou por falecimento.

Em todas as hipóteses é necessário estabelecer normas claras, principalmente no que


diz respeito à Apuração de Haveres, responsável pelos maiores conflitos e desavenças entre os
sócios remanescentes e o sócio retirante ou seus herdeiros.

No Contrato Social estão previstas as regras básicas. No Pacto Societário devem constar
as particularidades e o detalhamento necessário para uma interpretação correta das regras
básicas, sem mal-entendidos. 11

Um lembrete – Provimento 112/2006:

Art. 2º ...
I - a razão social, constituída pelo nome completo, nome social ou sobrenome
dos sócios ou, pelo menos, de um deles, assim como a previsão de sua alteração
ou manutenção, por falecimento ou, em uma única sociedade, por afastamento
permanente, nos termos do contrato social, de sócio que lhe tenha dado o nome,
observado, ainda, o disposto nos parágrafos 1º, 3º e 4º deste artigo; (NR. Ver
Provimentos 172/2016 e 187/2018).

É possível e conveniente estabelecer uma idade limite para a retirada do sócio e/ou para
a manutenção da sua participação no capital e nos resultados da sociedade, podendo perma-
necer com outras responsabilidades e incumbências, que, ao fim e ao cabo, permitam a suces-
são do sócio que atingir essa posição.

As normas variam de acordo com as características das sociedades e de seus sócios, mas
a conveniência de estabelecer as regras antecipadamente é primordial.

Convém convencionar cláusula de barreira, por meio da qual os Sócios se obrigam – caso
se retirem ou sejam excluídos da Sociedade a não patrocinar os atuais Clientes e ou seus in-
teresses, por certo período, quer seja como pessoa física ou integrante de outra sociedade de
advogados, ressalvadas novas causas ou consultas que não estejam relacionadas às que estive-
ram sob a responsabilidade da Sociedade, sob pena de cobrir as perdas sofridas pelos demais
sócios e à Sociedade.
Sucessão Hereditária

Como se sabe, as Sociedades de Advogados são sociedades simples puras, ou sui generis,
que se regem pela lei especial Lei nº 8906/94, o Regulamento Geral e os Provimentos do CF,
aplicando-se supletivamente o Código Civil Brasileiro (CCB).

Na sucessão hereditária do sócio, e na ausência de previsão específica, aplicar-se-á o


disposto no art. 1.028 do CCB, que regula a transmissão de cotas sociais após o falecimento do
seu titular. Daí a importância das cláusulas no Contrato Social e das Regras estabelecidas no
Pacto Societário sobre esse tema.

Recomendamos que fique estipulado que o falecimento de um sócio não implica no au-
tomático ingresso dos herdeiros na sociedade, mesmo que sejam advogados inscritos na OAB.

O que se transmite não são as próprias cotas sociais, mas sim o direito patrimonial sobre
elas, sendo certo que o sócio de serviço que falecer nada tem a receber, especificamente a esse
título (mas apenas o saldo de lucros que ainda não houver recebido). Daí a importância das
normas claras e objetivas sobre esse assunto, assim como para a apuração correta dos haveres
do sócio falecido.

Outras alternativas podem ser previstas e adotadas no caso de falecimento de sócio, tais
como a liquidação da sociedade; a liquidação das cotas com a consequente redução do capi-
tal; a previsão de ingresso dos herdeiros no quadro social desde que inscritos na OAB e com o
consentimento dos sócios remanescentes; o prazo para pagamento dos haveres (para o qual a
reserva de contingências também é relevante).

12 A substituição de sócio falecido pelos herdeiros habilitados somente se procederá se


assim dispuser o contrato social e/ou o pacto ou houver acordo entre os sucessores e os sócios
remanescentes. Não prevendo o contrato tal sucessão e não tendo os sócios restantes concor-
dado com esta forma de sucessão, não há como se permitir aos herdeiros, mesmo que inscritos
na OAB, a participação na Sociedade de Advogados.
REGIMENTO INTERNO

O Regimento Interno é recomendável com objetivo de deixar estabelecidas as regras


para disciplinar a convivência profissional dos Sócios, Associados, Consultores, Mediadores,
Conciliadores, Árbitros, Correspondentes e Estagiários, podendo inclusive disciplinar a remu-
neração dos Advogados (inclusive os sócios). Os Capítulos abaixo orientam, inicialmente, a
elaboração de um Regimento Interno, se de interesse da Sociedade:

• Da Finalidade e das Disposições Gerais


• Sócios e Associados
• Da Remuneração em Geral
• Da Remuneração Excepcional
• Dos Clientes
• Dos Estagiários
• Dos Advogados Mediadores, Consultores e Correspondentes
• Dos Serviços Gerais e da Tesouraria
• Do Compromisso dos Sócios
• Do Prazo do Regimento
• Da Obrigatoriedade deste Regimento.
13
MANUAL DE COMPLIANCE – ÉTICA E CONDUTA

As Sociedades de Advogados devem implementar controle internos adequados à natu-


reza e escala de seus serviços, segregação de funções que envolvam o comprometimento da
sociedade e constante monitoramento, com a finalidade de mitigar a ocorrência de riscos e
perdas, de reputação financeira, bem como para assegurar o cumprimento das leis, notada-
mente a Lei nº 8906/1994, Regulamento Geral, Provimentos, Código de Ética e Disciplina e
demais atos, normas e decisões do Conselho Federal e das Seccionais da OAB.

O Compliance de forma geral, enquanto pilar da Governança Corporativa, busca a mi-


tigação de risco como fundamento para a melhoria de imagem, a construção de reputação
profissional e resultado financeiro da Sociedade. Entretanto, na Sociedade de Advogados deve,
acima de tudo, atuar como pilar da ética empresarial onde repousam fundamentos e objetivos
mais amplos, dando relevo ao seu papel social.

Sistema de Controles Internos

Como parte desse Sistema, o Compliance na Sociedade de Advogados possui a seguinte


aplicabilidade:

a) Assegurar a existência e observância dos Princípios Éticos e Normas de Conduta;


14 b) Assegurar a implementação e a observância da legislação aplicável e vigente;
c) Assegurar que todas as exigências dos órgãos e entidades reguladoras, notadamente
a OAB, sejam atendidas;
d) Assegurar a existência de procedimentos associados aos processos;
e) Assegurar a implementação e funcionalidade de sistema de informações;
f) Assegurar a implementação e efetividade dos controles internos, por meio de moni-
toramento periódico;
g) Assegurar a adequada implementação da segregação de funções nas atividades da
sociedade;
h) Participar ativamente do desenvolvimento de políticas internas para prevenção de
riscos decorrentes da não conformidade;
i) Promover a profissionalização da função e auxiliar a criação de mecanismos reno-
vados.

Potenciais Riscos nas Sociedades de Advogados

O risco operacional se materializa por falhas nos processos e procedimentos de estru-


turas organizacionais inadequadas pela falta de planejamento e monitoração das atividades e
por fraudes internas.

Embora não seja adequado padronizar a sua tipologia, podemos apontar como poten-
ciais riscos nas sociedades de advogados:

a) Representação de clientes com conflito de interesses;


b) Quebra de sigilo profissional;
c) Falha na representação de clientes;
d) Publicidade em desacordo com as determinações do Código de Ética e Disciplina da
OAB;
e) Relacionamento com a Administração Pública;
f) Ausência ou insuficiência de conteúdo dos relatórios gerenciais;
g) Falta de consolidação de dados;
h) Política de brindes, doações e patrocínios;
i) Ausência de sistema de gestão;
j) Ausência de medidores de desempenho e de índices de qualidade, que impeça a ado-
ção de medidas corretivas;
k) Falhas de relacionamento com os clientes;
l) Questões ético-disciplina junto à OAB;
m) Observância aos preceitos/diretrizes emitidos pela Turma Deontológica do TED da
OAB;
n) Comunicação de relações próximas e de parentesco;
o) Gestão de conflito de interesses;
p) Adequação dos escritórios / advogados Correspondentes às normas internas;
q) Comportamentos internos inadequados.

Responsabilidade dos Sócios 15

Os sócios determinam o padrão ético da sociedade e esse padrão afeta diretamente to-
dos os demais integrantes. Um ambiente de controle robusto tem por base a integridade e a
ética dos sócios, administradores, associados e funcionários. O padrão ético deve ser forte-
mente difundido na sociedade, criando cultura de gerenciamento de riscos que o evoquem e
fortaleçam continuamente.

É função dos sócios prover a equipe de Compliance de uma adequada estrutura adminis-
trativa e operacional de apoio, com o fim de assegurar a sua funcionalidade. Quando o porte da
sociedade recomendar, constituir o Comitê de Compliance a quem caberá analisar as matérias
correspondentes, eventuais denúncias e indicação das penalidades. Recomenda-se que um
dos sócios seja nomeado responsável pelas atividades de Compliance e, conforme aplicável,
presida o Comitê de Compliance.
PLANO DE CARREIRA

O plano de carreira é um documento desenvolvido pelo escritório e visa a propiciar


orientação sobre as expectativas de desenvolvimento profissional dos seus integrantes, defi-
nindo os critérios de ascensão e desenvolvimento profissional e pessoal.

Um escritório pode ter, usualmente, seis níveis de profissionais no corpo jurídico:

• Estagiário
• Assistente jurídico
• Advogado
• Advogado Associado
• Sócio de Serviço
• Sócio Patrimonial

Esses níveis são organizados pelas atribuições e responsabilidades que se espera de cada
um, e, em linhas gerais, pode-se apontar suas principais características conforme discrimina-
das adiante.

A AVALIAÇÃO E AS TRANSIÇÕES
16

Recomenda-se à direção do escritório promover a análise individualizada do desem-


penho profissional do seus integrantes. Referida análise pode ser feita (i) de forma contínua,
pelos pares e orientadores, informalmente, e (ii) anualmente, de modo formal, visando não
apenas a evolução da carreira de cada um mas também o crescimento do escritório. Os crité-
rios objetivos de avaliação (quer a continua, quer a anual) são os seguintes:

• Cumprimento das metas de produção e demais regras e políticas de funcionamento


do escritório;
• Relacionamento com clientes;
• Conhecimentos gerais de outras áreas;
• Esforço e estudo;
• Atividades promocionais;
• Redação em português;
• Conhecimento de outros idiomas;
• Relacionamento com os demais integrantes do escritório e capacidade de agregação
e integração;
• Capacidade de treinamento de estagiários e assistentes jurídicos.
ESTAGIÁRIO

Seleção e Contratação

A seleção é feita, usualmente, com base nos Currículos encaminhados ao escritório. Re-
comenda-se que a análise e leve em conta: (a) o histórico escolar do candidato; (b) o seu nível
cultural e comportamental; (c) o conhecimento de línguas; (d) o ano da Faculdade e a própria
Faculdade; (e) seu desempenho universitário; (f) as características pessoais do candidato, (g)
sua possível identificação com o estilo do escritório; e (h) sua proposta profissional e tendên-
cia vocacional.

O estagiário será alocado a um Associado, que passa a ser o seu responsável e orientador
direto. Esses cuidados demonstrarão a importância que o escritório dá à seleção e contratação
de estagiários, como boa fonte de recursos humanos como base do crescimento e expansão do
escritório.

17
Trabalho e Treinamento

O estagiário deve trabalhar junto com o advogado. Deve ser preparado para o exercício
da profissão.

Deve ser incentivado para o estudo, a pesquisa e o aprimoramento profissional. O desen-


volvimento intelectual deve prevalecer como conceito de avaliação. O advogado responsável
deve ter a preocupação de atribuir ao estagiário trabalhos interessantes. Na falta ocasional de
casos, atribuir pesquisas e estudos para temas ou artigos. Deve-se atentar para o estudo do
Estatuto da OAB e Código de Ética.

O bom desempenho do estagiário pode ser um item de avaliação do advogado a que ele
estiver alocado. Sugere-se que a avaliação do estagiário leve em consideração com os itens
mencionados no capítulo anterior, naquilo que lhe for pertinente.

ASSISTENTE JURÍDICO

O estagiário de último ano de Faculdade, que por seu bom desempenho, identificação
com o setor em que atua e entrosamento com o escritório, for considerado apto a integrar o
quadro efetivo de associados, poderá ter sua contratação decidida antes da formatura, passan-
do à categoria de Assistente Jurídico.

Usualmente o assistente jurídico permanece nesta categoria até a regularização de sua


situação na OAB. Considera-se o prazo de dois anos, da colação de grau, para regularizar a
situação perante a OAB. (art. 2º, §1º, Provimento 217/2023)
18
ASSOCIADOS

Associado Júnior

Há uma alteração significativa nos trabalhos desenvolvidos pelo Assistente Jurídico e o


advogado Junior recém-formado: o fato de ter seu registro definitivo na OAB permite a altera-
ção nos seus vínculos com o escritório, passando a ADVOGADO. Recomenda-se, bem por isso,
supervisão (autonomia assistida) por parte de seu responsável e orientador.

O Associado Júnior é eminentemente um executor. Recebe o trabalho do seu orientador,


que lhe dá as coordenadas, define a dimensão do caso e discute as características, cabendo ao
Associado Junior executar todas as providências cabíveis e necessárias ao atendimento correto
da solicitação do cliente.

As atividades promocionais começam nesta fase, acompanhando ou dividindo com seu


orientador os encargos de representação e participação em Associações, Institutos, etc. De-
senvolve atividades de aprimoramento e divulgação, participando de cursos, conferências e
seminários, preparando tema e artigos, sempre em parceria com o seu orientador.

A avaliação do Associado Júnior deverá levar em conta todos os itens acima, que devem
constituir-se na base fundamental da sua análise. É nesta fase que acontece sua iniciação na
formação dos três pilares básicos do seu crescimento e desenvolvimento no escritório: TRA-
BALHO – APRIMORAMENTO E DIVULGAÇÃO
Associado Pleno

O associado pleno é o que está exatamente no meio do caminho. Já passou pelas expe-
riências e inseguranças do Assistente e do Associado Júnior e adquire agora uma certa autono-
mia. Continua vinculado ao orientador, porém com maior autonomia, assumindo seus casos e
executando as providências requeridas com segurança e responsabilidade.

Ele divide o cliente com o Sócio, ou seja, certos casos rotineiros são executados indivi-
dualmente pelo Associado Pleno, mantendo o sócio informado; outros casos mais complexos
são trabalhados em conjunto; o que depender de opinião legal, sempre com o sócio.

As atividades de Promoção, Divulgação e Aprimoramento seguem a mesma linha de


maior autonomia e independência, sendo nesta fase, como Associado Pleno, que devem surgir
as melhores oportunidades nesse campo, tais como, cursos de Pós-Graduação, nacionais e no
exterior.

Associado Sênior

Nesta fase, o associado se mostra um profissional seguro e capaz, tem seus próprios
casos, que atende com autonomia, mantendo informado o sócio. Divide com o coordenador
da Equipe a administração da própria Equipe, o controle e o bom aproveitamento dos seus
integrantes. Analisa com o Sócio o volume de serviço, o relacionamento com os clientes, as
promoções e divulgações, as novas áreas, atividades, etc.

O Associado Sênior deve ser encorajado a assumir posições de destaque, tanto a nível
profissional, como promocional, de divulgação, liderança, de captação e manutenção de clien-
tes, devendo ser avaliado pelo resultado dessas atividades. Deve demonstrar sua aptidão para 19
criar grupo de trabalho e desenvolver o espírito de equipe, com entusiasmo e motivação.

O Associado Sênior chega a essa posição após ter passado pelas fases anteriores e ter
demonstrado sua capacidade profissional e sua identidade com os objetivos e filosofia do es-
critório. Entretanto, ao mesmo tempo em que ele adquire esse status, começa a ser observado
como um potencial candidato a sócio, juntamente com outros critérios de avaliação.

Produtividade do Associado

A produção mínima esperada dos Associados, em qualquer uma das três categorias, é
aquela designada pelo escritório. As outras atividades reconhecidas (Administração, Promo-
ção e Aprimoramento) deverão ser realizadas sem prejuízo dessa Produção mínima cobrável.
A valoração da produção do Associado é encargo do coordenador, que deverá zelar não
só pelo volume de trabalho atribuído aos integrantes do grupo, como também quanto à qua-
lidade da produção.

Essa qualidade deve ir num crescendo, na mesma proporção do crescimento do associa-


do, passando de uma categoria para a seguinte. Cumprir as metas que lhe forem estabelecidas
deve ser preocupação primordial do Associado.

ADVOGADO ASSOCIADO

O Advogado Associado é o profissional contratado nos termos do art. 39 do Regula-


mento Geral e de acordo com as normas estabelecidas nos artigos 17-A e 17-B do Estatuto
da Advocacia, sem que estejam presentes os requisitos legais de vínculo empregatício.
Deve ter contrato individual, devidamente registrado na OAB, pactuando as condições para o
desempenho da atividade advocatícia, estipulando livremente os critérios para a partilha dos
resultados.

SÓCIOS

Sócio de Serviço

O advogado poderá ser convidado a integrar a sociedade como sócio de serviço, receben-
do cotas de serviço. O sócio de serviço pode ser júnior, pleno ou sênior, aplicando-se lhe as
mesmas regras que disciplinam os respectivos níveis de advogado.

A conveniência e oportunidade para que um sócio de serviço seja convidado a se tornar


sócio de capital depende do cumprimento de critérios objetivos e subjetivos, estes a serem
discutidos pelos sócios de capital, incluindo os conceitos mencionados, mais todos aqueles
que o escritório considerar relevantes.

Sócio Patrimonial

O requisito básico para ser sócio é ser um muito bom profissional. Não pode haver qual-
quer restrição à qualidade do seu trabalho e deve merecer o respeito de todos, pelo seu nível e
conhecimento profissional.

Evidentemente, deve ser mantida a intenção de sempre melhorar e de superar as pró-


prias limitações, recebendo estímulo e orientação constante para atingir as metas. Porém,
20 além do prestígio profissional, espera-se do sócio uma mudança de atitude e de postura, com
reflexo em todos os itens de avaliação. ELE PASSA A SER DONO. E nessa nova posição espe-
ra-se que ele atenda as seguintes características:

a) COMO SÓCIO – que participe da vida da sociedade; demonstre interesse e integra-


ção; tenha espírito de Equipe; conduza, oriente, delegue e divida o trabalho nos ca-
sos, dentro do grupo e com outros sócios, se necessário ou recomendável; sinta e aja
como dono, como responsável perante o escritório e perante os clientes, pela condu-
ção dos seus casos; divulgue o escritório institucionalmente e no meio em que vive;
mantenha um bom relacionamento com os demais Sócios, Associados, Estagiários
e demais funcionários do escritório, em geral; saiba administrar a si e a seu grupo,
buscando atingir as metas do escritório; contribua efetiva e pessoalmente para os
resultados do escritório, tanto financeiros como profissionais.
b) COMO PROFISSIONAL – que se esforce para melhorar e ampliar seus conhecimen-
tos jurídicos e gerais; demonstre interesse por outras áreas; apresente novas solu-
ções e opiniões; esteja sempre à frente dos seus casos, conhecendo-os em profundi-
dade e aparecendo perante o cliente como o responsável por sua condução.
c) COMO ORIENTADOR/LIDER DE EQUIPE – que tenha liderança; mantenha um bom
relacionamento interno; saiba orientar, dividir e delegar o trabalho; saiba aproveitar
os recursos humanos e técnicos disponíveis; seja acessível; transmita confiança e
entusiasmo a seus colegas.
d) COM OS CLIENTES – que aprimore sua capacidade de captação de clientes; de-
monstre empenho na manutenção de clientes; se esforce em atender bem e pes-
soalmente o cliente, deixando-o sempre satisfeito e prestigiado; saiba multiplicar os
casos do cliente através do bom atendimento e do conhecimento das necessidades
do cliente; promova atividades de divulgação do escritório perante os clientes; se
interesse pelo cliente e que consiga estabelecer uma relação de confiança e cordia-
lidade com o cliente.

Produtividade Do Sócio

A forma de analisar a produção do sócio deve ser diferente da do associado, porque a


análise leva em conta também a produção do grupo que ele dirige. O sócio tem uma função
primeira de coordenação e é como coordenador que se analisa sua produção. O sócio tem
também atribuições Administrativas, Promocionais e de Divulgação, que podem explicar, em
certos momentos, uma queda em seus índices de produção cobrável.

São estas as diretrizes que nos pareceram pertinentes e que esperamos sejam úteis para
a reflexão das Sociedades de Advogados.

31 de Outubro de 2023,

Comitê de Administração e Ética Profissional – CADEP

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