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Matriz do teste de avaliação escrita 7

Maria Judite de Carvalho, «George», e Gil Vicente, Farsa de Inês Pereira

Domínios – Educação Literária │ Leitura │ Gramática │ Escrita


Descritores (AE) Conteúdos Estrutura Itens – cotação
Educação Literária / Leitura
Interpretar obras literárias A – Texto de leitura Parte A A
portuguesas. literária: excerto 2 itens de resposta 1. 16 pontos
Reconhecer valores culturais, de restrita 2. 16 pontos
éticos e estéticos «George» 1 item de seleção 3. 10 pontos
manifestados nos textos.
Analisar o valor de recursos
expressivos para a construção
do sentido do texto. B – Texto de leitura Parte B B
literária: excerto Grupo I 2 itens de resposta 4. 16 pontos
Leitura da Farsa de Inês restrita 5. 16 pontos
Interpretar o texto, com Pereira 1 item de seleção 6. 10 pontos
especificação do sentido
global e da intencionalidade C – Exposição
comunicativa. sobre Parte C
um tema de 1 item de resposta C
Escrita «George» restrita: produção 7. 16 pontos
Escrever uma exposição sobre e da Farsa de Inês de uma exposição
um tema. Pereira
Total – 100 pontos
Leitura
1. 8 pontos
Ler textos de diferentes Texto de leitura 3 itens de escolha
2. 8 pontos
géneros e graus de não literária múltipla
3. 8 pontos
complexidade.
Gramática Grupo II
Classificar orações. 2 itens de escolha 4. 8 pontos
Subordinação
Identificar a função sintática múltipla 5. 8 pontos
Funções sintáticas
de constituintes da frase. 2 itens de resposta 6. 8 pontos
Dêixis
Conhecer a referência curta 7. 8 pontos
deítica.
Total – 56 pontos
Escrita
Escrever textos de opinião,
respeitando as marcas de
1 item de resposta
género.
Texto de opinião Grupo III extensa (200 a 350 Item único
Redigir com desenvoltura,
palavras)
consistência, adequação
e correção os textos
planificados.
Total – 44 pontos
Total – 200 pontos

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Teste de avaliação escrita 7
Maria Judite de Carvalho, «George», e Gil Vicente, Farsa de Inês Pereira

Nome___________________________________ N.o _____ 12.o _____ Data ____/ ____/ ____

Avaliação ____________________ E. de Educação _____________ Professor/a ____________

Grupo I
PARTE A

Lê o texto e as notas.

Sem voz e sem perder o sorriso diz:


– Verá que há de passar, tudo passa. Amanhã é sempre outro dia. Só há uma coisa, um crime,
que ninguém nos perdoa, nada a fazer. Mas isso ainda está longe, muito longe, para quê pensar
nisso? Ainda ninguém a acusa, ainda ninguém a condena. Que idade tem?
5 – Quarenta e cinco anos. Porquê?
– É muito nova – afirma. – Muito nova.
– Sinto-me velha, às vezes.
– É normal. Eu tenho quase 70 anos. Como estava a chorar, pensei…
Encolhe os ombros, responde aborrecida:
10 – Não tive desgosto nenhum, nenhum. Um encontro, um simples encontro…
– Também tenho muitos encontros, eu. Não quero tê-los mas sou obrigada a isso, vivo tão só.
Che-
guei à ignomínia1 de pedir a pessoas conhecidas retratos da minha família. Não tinha nenhum,
só um retrato meu, de rapariguinha. – E retratos de amigos, também. De amigos desaparecidos,
15 levados pelas tempestades, os mais queridos, naturalmente. Porque… o tal crime de que lhe falei, o
único sem perdão, a velhice. Um dia vai acordar na sua casa mobilada…
– Como sabe que…
– E verá que está só e olhará para o espelho com mais atenção e verá que está velha. Irremedia-
velmente velha.
20 – Tenho um trabalho que me agrada.
– Não seja tonta, menina. Outro dia vai reparar, ou talvez já tenha dado por isso, que está a ver
pior, e outro ainda que as mãos lhe tremem. E, se for um pouco sensata, ou se souber olhar em
volta,
descobrirá que este mundo já não lhe pertence, é dos outros, dos que julgam que Baden Powell 2 é
25 um
tipo que toca guitarra e que Levi Strauss3 é uma marca de calças.
– Isso é ignorância, não tem nada a ver com a idade.
– Talvez seja ignorância, também. Talvez seja. Estou a incomodá-la, parece-me.
– Dói-me simplesmente a cabeça.
30 – Desculpe.
George fecha os olhos com força e deixa-se embalar por pensamentos mais agradáveis,
bem-vindos: a exposição que vai fazer, aquele quadro que vendeu muito bem o mês passado,
a próxima viagem aos Estados Unidos, o dinheiro que pôs no banco.

Maria Judite de Carvalho, «George», Seta despedida – Obras completas – vol. V,


Lisboa, Minotauro, Almedina, 2019, pp. 224-225.

1
Ignomínia: infâmia; vergonha.
2
Baden Powell: inglês, fundador do movimento escutista.

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3
Levi Strauss: antropólogo francês.

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1. Explicita o sentido das palavras de Georgina nas linhas 2 a 4.

2. Refere o motivo pelo qual «George fecha os olhos com força» (linha 28).

3. Seleciona a opção de resposta adequada para completar a afirmação abaixo apresentada.


A futura solidão de George é explorada pelo narrador, entre as linhas 11 a 15, com o recurso a
vocábulos com _____________, a repetições do advérbio de negação e a frases
_____________.

A. valor icónico … suspensas ou inacabadas


B. sentido depreciativo … exclamativas
C. valor icónico … exclamativas
D. sentido depreciativo … suspensas ou inacabadas

PARTE B

Lê o poema e as notas.

Escudeiro – Olha cá Fernando1 eu vou Moço – Sapatos me daria ele


ver a com que hei de casar se me vós désseis dinheiro.
visa-te que hás de estar Escudeiro – Eu o haverei agora
sem barrete onde eu estou. e mais calças te prometo.
5 Moço – Como a rei corpo de mi 25 Moço – (Homem que nam tem nem
mui bem vai isso assi. preto3 casa muito na màora4.)
Escudeiro – E se cuspir pola ventura,
põe-lhe o pé e faze mesura. Chega o Escudeiro onde está Inês Pereira [...]:
Moço – Ainda eu isso nam vi.
10 Escudeiro – E se me vires mintir Escudeiro – Antes que mais diga agora
gabando-me de privado2 Deos vos salve fresca rosa
está tudo dissimulado 30 e vos dê por minha esposa
ou sai-te pera fora a rir. por molher e por senhora.
Isto te aviso daqui Que bem vejo
15 faze-o por amor de mi. nesse ar nesse despejo5
Moço – Porém senhor digo eu mui graciosa donzela
que mau calçado é o meu 35 que vós sois, minh'alma, aquela
pera estas vistas assi. que eu busco e que desejo.
Escudeiro – Que farei que o sapateiro
20 nam tem solas nem tem pele?

Gil Vicente, As obras de Gil Vicente, direção científica de José Camões, vol. II, Lisboa,
Centro de Estudos de Teatro/INCM, 2022, p. 579.

1
Fernando: moço, criado do Escudeiro.
2
Privado: íntimo do Rei.
3
Preto: vintém.
4
Casa muito na màora: homem sem dinheiro não deveria casar.
5
Despejo: naturalidade.

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4. Explicita dois dos traços caracterizadores do Escudeiro, justificando a resposta com elementos
textuais.

5. Comenta um dos efeitos de sentido produzidos pela utilização dos parênteses em «(Homem
que nam tem nem preto casa muito na màora.)» (versos 25-26).

6. Seleciona a opção de resposta adequada para completar a afirmação.


Para colocar em prática a máxima vicentina – «ridendo castigat mores» –, ou seja, a rir se
castigam os costumes, neste excerto da Farsa de Inês Pereira, o dramaturgo recorre a
A. personagens alegóricas e a construções frásicas complexas.
B. personagens-tipo e diferentes tipos de cómico.
C. personagens-tipo e a construções frásicas complexas.
D. personagens alegóricas e diferentes tipos de cómico.

PARTE C

7. George, no conto homónimo, partilha características com a protagonista da Farsa de Inês


Pereira, de Gil Vicente.
Escreve uma breve exposição na qual comproves esta afirmação, baseando-te na tua
experiên-cia de leitura de ambos os textos.
A tua exposição deve incluir:
• uma introdução ao tema;
• um desenvolvimento no qual explicites dois aspetos em que as figuras femininas se
apro-ximam;
• uma conclusão adequada ao desenvolvimento do tema.

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Grupo II
Lê o texto.

Inéditos de Maria Judite de Carvalho


O título do livro que reúne poemas desta voz importante da literatura do século XX é uma
frase retirada do texto Mais ou menos. «Se ele fosse tão pequenino / que aquele arbusto / lhe
parecesse uma grande árvore verde, // ou se ele fosse tão alto / que aquela grande árvore ver-
de / lhe parecesse um arbusto // as coisas não estavam nada certas. // Felizmente as árvores
5 são grandes, / as pessoas médias, / os arbustos pequenos. // E tudo é sempre assim, / mais
ou menos.»
Nele se percebe a habilidade no uso das palavras e a contemplação que caracteriza a obra
de Maria Judite de Carvalho. Outros poemas, como A terra, O elevador, Fim de férias ou
A varanda transmitem a sua capacidade de observação e de imaginar para lá do que é visível.
10 Afinal, é isso que se espera da poesia.
Também se encontra o pôr em causa ideias feitas (O astronauta), o desejo por um mundo
melhor (Sabes lá, menina) e as diferentes formas de o encarar (Os óculos). «Ponho óculos azuis /
e todos têm asas / e voam, cantando, / por cima das casas. // Ponho óculos doirados /
e o mundo é um tesouro / onde os corações / são de puro ouro. // Ponho os óculos verdes /
15 de seguir em frente / e logo a esperança / faz tudo diferente. // Mas atiro os óculos / para
longe de mim. // E há o bem e o mal / e o assim-assim.»
Cátia Vidinhas ilustra os textos com delicadeza e imaginação, num registo coerente, ape-
sar dos temas diversos. Há elementos que se repetem nas imagens e que são usados nas guar-
das, produzindo um efeito bonito.
20 É também aqui, nas guardas do livro, que podemos ver algumas frases manuscritas dos
poemas, digitalizadas a partir de um caderno que Inês Fraga, neta da escritora, encontrou
e que deu origem à obra.
«No momento em que publicamos este livro, faz quase cem anos que a minha avó nasceu.
Cem anos são um século. Que melhor maneira haverá de celebrar esse nascimento do que
25 publicando estas palavras que ela escreveu para crianças, que ela escreveu mesmo para ti, que
hoje as lês?», conta a neta numa breve apresentação do livro, logo nas primeiras páginas.
No final, uma curta biografia da autora de Tanta gente, Mariana e armários vazios dá-nos
conta de que nasceu em setembro de 1921, em Lisboa, «mas esses tempos de menina não
foram de uma felicidade inteira», pois cedo perdeu os pais e o irmão.
30 «Muito nova encontrou refúgio na escrita e nos animais, nomeadamente na sua cadelinha
Genica e, mais tarde, no imponente e felpudo gato Fritz. Foi uma escritora discreta, embora
das mais importantes da literatura nacional do século XX.»
A escritora Agustina Bessa-Luís chamou-lhe «flor discreta». Uma descrição feliz.
Rita Pimenta, in Público (texto adaptado, com supressões,
consultado em https://www.publico.pt, em dezembro de 2022).

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1. O novo livro de Maria Judite de Carvalho
A. sintetiza todas as características da autora num registo infantil.
B. revela a singularidade de um estilo novo criado pela escritora.
C. evidencia a sua análise do real e o recurso ao domínio da fantasia.
D. denuncia as problemáticas levantadas por um pensamento crítico.

2. O trabalho desenvolvido pela ilustradora é dominado pela


A. simplicidade e pela diversidade.
B. consistência e pelo realismo.
C. singularidade e pela espontaneidade.
D. coerência e pela multiplicidade.

3. A expressão que Agustina Bessa-Luís usou para definir Maria Judite de Carvalho é considerada
uma «descrição feliz» (linha 33), já que salienta
A. a sua beleza e extrema emotividade.
B. a discrição e a fragilidade que a dominou.
C. o desejo por viver afastada da vida quotidiana.
D. as adversidades que dominaram a sua infância.

4. Em «se encontra o pôr em causa ideias feitas» (linha 11), o pronome encontra-se anteposto ao
verbo, porque está
A. integrado numa oração subordinante.
B. dependente de uma oração coordenada.
C. dependente de um advérbio.
D. integrado numa oração subordinada.

5. As orações subordinadas iniciadas por «que» na linha 18 classificam-se como


A. substantiva completiva, no primeiro caso, e adjetiva relativa restritiva, no segundo
caso.
B. adjetivas relativas restritivas, em ambos os casos.
C. substantiva completiva, no primeiro caso, e adjetiva relativa explicativa, no segundo
caso.
D. substantivas completivas, em ambos os casos.

6. Identifica a função sintática desempenhada pelas expressões:


a) «do texto» (linha 2);
b) «que a minha avó nasceu» (linha 23).

7. Indica o tipo de dêixis apresentado na frase «que ela escreveu mesmo para ti» (linha 25).

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Grupo III
«O grande mistério não é termos sido lançados aqui ao acaso, entre a profusão da matéria e
das estrelas: é que, da nossa própria prisão, de dentro de nós mesmos, conseguimos extrair
imagens suficientemente poderosas para negar a nossa insignificância.»
André Malraux

Num texto de opinião bem estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas
e cinquenta palavras, defenda um ponto de vista pessoal sobre a importância da ação do Homem
no mundo.

No teu texto:

• explicita, de forma clara e pertinente, o teu ponto de vista, fundamentando-o em dois


argumentos, cada um deles ilustrado com um exemplo significativo;
• formula uma conclusão adequada à argumentação desenvolvida;
• utiliza um discurso valorativo (juízo de valor explícito ou implícito).

Observações:
1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo quando esta
integre elementos ligados por hífen (ex.: /dir-se-ia/). Qualquer número conta como uma única palavra, independentemente do
número de algarismos que o constituam (ex.: /2023/).
2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados – entre 200 e 350 palavras –, há que atender ao seguinte:
− um desvio dos limites de extensão indicados implica uma desvalorização parcial (até 5 pontos) do texto produzido;
− um texto com extensão inferior a 80 palavras é classificado com 0 pontos.

FIM

Grupo Item/Cotação (em pontos)

1. 2. 3. 4. 5. 6. 7.
I 100
16 16 10 16 16 10 16

1. 2. 3. 4. 5. 6. 7.
II 56
8 8 8 8 8 8 8

III Item único 44

Total 200

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