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Universidade Federal do Triângulo Mineiro

Calculando a constante elástica e linearizando


gráficos de energia potencial elástica.

Generson Eduardo F. da Silva – Introdução ao Laboratório de Física – Departamento de


Física da Universidade Federal do Triângulo Mineiro
e-mail: genoedfs@gmail.com

Resumo. O presente relatório trata do experimento para determinar a


constante elástica e linearização de possíveis gráficos gerados a partir dos valores
obtidos. Para tal, instrumentos simples serão requisitados, como “pesos” de objetos
com massas conhecidas e algumas ferramentas usadas para mensurar comprimentos
serão de suma importância. Após a anotação de cada um dos valores obtidos, entrará
expressões matemáticas para que possamos facilitar ainda mais a leitura dos
resultados tabelados em cada um dos gráficos apresentados.
Palavras chave: gráficos, linearização, constante e energia elástica, peso.

Introdução:

Linearização refere-se a encontrar a aproximação linear de uma função em


um dado ponto. No estudo de sistemas dinâmicos é um método para avaliar a
estabilidade local de um ponto de equilíbrio de um sistema de equações diferenciais
não lineares ou sistemas dinâmicos discretos. Este método é usado em campos tais
como física, engenharia, economia e ecologia [i].
Neste relatório faremos uso da lei de Hooke, esta por sua vez descreve a força
restauradora existente em diversos sistemas quando comprimidos ou distendidos.
Qualquer material, sobre o qual atua uma força, sofrerá uma deformação, podendo
ou não ser observada. Apertar ou torcer uma borracha, esticar ou comprimir uma
mola, são situações onde a deformação nos materiais pode ser observada com
facilidade. Mesmo ao pressionar uma parede com a mão, tanto o concreto quanto a
mão sofrem deformações, apesar de não serem visíveis.
A força restauradora surge sempre no sentido de recuperar o formato original
do material e tem origem nas forças intermoleculares que mantém as moléculas e/ou
átomos unidos. Assim, por exemplo, uma mola esticada ou comprimida irá retornar
ao seu comprimento original devido à ação dessa força restauradora. Enquanto a
deformação for pequena diz-se que o material está no regime elástico, ou seja, retorna
à sua forma original quando a força que gerou a deformação cessa. Quando as
deformações são grandes, o material pode adquirir uma deformação permanente,
caracterizando o regime plástico. Nesta prática analisa-se as deformações das molas
em regime elástico [ii].

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Já a energia potencial elástica, é a energia armazenada como resultado da


aplicação de uma força para deformar um objeto elástico. A energia é armazenada
até que a força seja removida e o objeto volte à sua forma original,
realizando trabalho no processo. A deformação pode envolver comprimir, esticar ou
torcer o objeto.
Um objeto projetado para armazenar energia potencial elástica normalmente
terá um limite elástico alto, no entanto, todos os objetos elásticos têm um limite
para a carga que podem sustentar. Quando deformado além do limite elástico, o
objeto não irá retornar à sua forma original. Em gerações anteriores, relógios de
corda mecânicos alimentados por molas helicoidais foram acessórios populares.
Hoje em dia, não costumamos usar smartphones a corda porque nenhum material
existe com limite elástico alto o suficiente para armazenar energia potencial
elástica, com densidade energética alta o suficiente [iii].

Quando falamos em movimento vertical, introduzimos um conceito de


aceleração da gravidade, que sempre atua no sentido a aproximar os corpos em
relação à superfície. Relacionando com a 2ª Lei de Isaac Newton1, se um corpo de
massa m, sofre a aceleração da gravidade, quando aplicada a ele o princípio
fundamental da dinâmica poderemos dizer que:

A esta força, chamamos Força Peso, e podemos expressá-la como:

O Peso de um corpo é a força com que a Terra o atrai, podendo ser variável,
quando a gravidade variar, ou seja, quando não estamos nas proximidades da Terra,

1
Isaac Newton foi um astrônomo, alquimista, filósofo natural, teólogo e cientista inglês, mais
reconhecido como físico e matemático. Sua obra, Princípios Matemáticos da Filosofia Natural é
considerada uma das mais influentes na história da ciência.

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onde é atribuído um valor aproximado de 9,81 m/s² a esta aceleração. A massa de um


corpo, por sua vez, é constante, ou seja, não varia [iv].

Procedimentos Experimentais.

Materiais necessários:

Tripé Azeheb de Medidas Corpos de massas variáveis


Mola Balança digital Marte M6k

Figura 1. Balança digital Marte M6k

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Figura 2. Tripé Azeheb de medidas

Figura 3. Mola

Figura 4. Pesos utilizados

 Medimos as massas dos corpos usando a balança digital.


 Fixamos a mola no tripé e medimos o comprimento da mola sem
massas e encontramos a medida de: 115 mm.
 Acrescentamos uma massa por vez sempre medindo as elongações.
 Acrescentamos massas até chegar neste resultado:
 E calculamos o peso utilizando 9,81m/s².

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Figura 5. Experimento Completo

A seguir a tabela gerada a partir dos dados da massa e deformação da mola:


Bloco x (m) P (N) K (N/m)
1 0,021 0,5013 23,9
1+2 0,043 1,0036 23,3
1+2+3 0,064 1,5038 23,5
1+2+3+4 0,086 2,0107 23,4
1+2+3+4+5 0,106 2,5104 23,7
Tabela 1. Valores das elongações da mola em m, força peso e constante elástica k.

P (N) X (m)
Yi Xi Xi² Yi Xi
1 0,5013 0,021 0,000441 0,0105273
2 1,0036 0,043 0,001849 0,0431548
3 1,5038 0,064 0,004096 0,0962432
4 2,0107 0,086 0,007396 0,1729202
5 2,5104 0,106 0,011236 0,2661024
∑ 7,5298 0,32 0,025018 0,5889479
Tabela 2.Dados para realizar o ajuste linear pelo método dos mínimos quadrados.

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A expressão a seguir representa a ferramenta utilizada na obtenção do


coeficiente angular descobertos através dos mínimos quadrados [tabela 2].

𝑁∑𝑌𝑖𝑋𝑖 − ∑𝑋𝑖∑𝑌𝑖
𝑎=
𝑁∑𝑋𝑖 2 − (∑𝑋𝑖)²

5 × 0,5889479 − 7,5298 × 0,32


𝑎=
5 × 0,025018 − (0,32)²

2,9447395 − 2,409536
𝑎=
0,12509 − 0,1024

0,5352035
𝑎=
0,02269

𝑎 = 23,59 𝑁/𝑚

Calculando a energia potencial elástica em cada bloco adicionado:

Bloco x (m²) k médio (N/m) U (J)


1 0,000441 23,6 0,005204
1+2 0,001849 23,6 0,021818
1+2+3 0,004096 23,6 0,048333
1+2+3+4 0,007396 23,6 0,085054
1+2+3+4+5 0,011236 23,6 0,132585
Tabela 3. Energia Potencial Elástica

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Energia Potencial Elástica


0.14

0.12

0.1

0.08
x(m²)

0.06

0.04

0.02

0
1 2 3 4 5
K (N/m²)

Figura 6. Gráfico não linearizado da energia elástica

𝑦 = 𝑎𝑥′ + 𝑏
𝑘
𝑈 (𝑥 ) = × 𝑥2 + 0
2
𝑦 = 𝑈 (𝑥 )
𝑘
𝑎= = 11,18 𝑁/𝑚
2
𝑥′ = 𝑥2
𝑏=0

Bloco X’ (m²) =[x(m)] ² k médio/2 (N/m) y=ax+b


1 0,000441 11,18 0,00493
1+2 0,001849 11,18 0,02067
1+2+3 0,004096 11,18 0,04579
1+2+3+4 0,007396 11,18 0,08269
1+2+3+4+5 0,011236 11,18 0,12562
Tabela 4. Dados da Linearização da energia potencial elástica

Resultados e discussões.

Gráficos da força peso x elongações:

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Peso x Metros
3

2.5

1.5

0.5

0
1 2 3 4 5

x (m) P (N)

Figura 7. Gráfico da Força Peso x Metros

2,0107 − 2,5104
𝑡𝑔𝜃 = = 23,714
0,106 − 0,086

Conforme o resultado de 23,714 N/m percebe-se que é um valor bem próximo


dos adquiridos na tabela. Para seguirmos com os resultados, usaremos o exemplo de
quando um gráfico não resulta numa reta, sendo necessário, portanto, sua linearização
e a partir de alguns dados poderemos encontrar valores ocultos, como no caso da
constante elástica. Gráfico da energia potencial elástica a seguir [dados obtidos em
tabela 4]:

Gráfico Linearizado
0.025
0.02
x' (m²)

0.015
0.01
0.005
0
1 2

a (N/m)

Figura 8. Gráfico em função da elongação da energia potencial elástica linearizado.

0,04579 − 0,001849
𝑡𝑔𝜃 =
0,004096 − 0,001849
0,02512
𝑡𝑔𝜃 =
0,002247
𝑡𝑔𝜃 = 11,17 𝑁/𝑚

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Como podemos perceber, dá um valor muito próximo de 11,18 N/m, a


linearização foi feita com sucesso.
Para finalizar os resultados veremos o erro entre os valores das constantes
elásticas obtidas, começando pelo desvio padrão que é um valor relacionado a
variação em torno da média:

√23,9 + 23,3 + 23,5 + 23,4 + 23,7


= 23,6
5
√0,09 + 0,09 + 0,01 + 0,01 + 0,04
= 0,1252
5−1

Com o desvio calculado, vamos determinar o erro, que não é nada mais que
uma divisão do desvio padrão pela raiz quadrada do número da amostra:

0,1252
𝐸𝑟𝑟𝑜 = = 0,05
√5

Conclusão.
Fica visível, portanto, um erro de 5% em relação ao valor das constantes
elásticas obtidas. Também foi importante o valor da linearização para facilitar na
descoberta de outras medidas bem como sua conferência: é mais fácil ler uma reta
que uma curva num gráfico.

Referências.

i
Disponível em http://www.scholarpedia.org/article/Siegel_disks/Linearization acesso em 08/12/2018
ii
Disponível em http://www.ufjf.br/fisica/files/2010/03/06_Pratica6-Hooke.pdf acesso em 08/12/2018
iii
Disponível em https://pt.khanacademy.org/science/physics/work-and-energy/hookes-law/a/what-is-
elastic-potential-energy acesso em 08/12/2018
iv
Disponível em https://www.sofisica.com.br/conteudos/Mecanica/Dinamica/fp.php acesso em
08/12/2018

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