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UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO

FORÇAS DE ATRITO ESTÁTICO E DINÂMICO

Generson Eduardo F. da Silva – Física Experimental I – Departamento


de Física da Universidade Federal do Triângulo Mineiro: genoedfs@gmail.com.

UBERABA-MG

04/12/2019

1.0 RESUMO

E, finalmente, a décima e última prática experimental nos leva a entender


mais um pouco sobre as diferenças entre as formas nas quais o atrito se
apresenta durante o contato entre duas superfícies distintas. Para tal, faremos
uso de superfícies de madeira e borracha deslizando horizontalmente sobre um
trilho de PVC (poli cloreto de vinila), além do ângulo crítico de movimento, sendo
este último num plano inclinado. Por fim iremos abordar cada situação
separadamente e relacionar os coeficientes de atrito cinético e estático
apontando suas diferenças.
Palavras chaves: Atrito Estático, Atrito Cinético, Superfície de Contato.

2.0 INTRODUÇÃO

Forças de atrito ocorrem entre a superfície de dois corpos sólidos de


maneira tangencial, ou seja, na direção (não confundir com sentido) da tendência
do movimento. “As leis de forças para o atrito são leis empíricas formuladas por
Amontons E Coulomb no século 18. O fenômeno é extremamente complicado e
depende do estado das superfícies em contato: grau de polimento, oxidação”
(Moysés, 2002 p.86).
Experimentalmente nos é dado que um corpo não entra em movimento
até que uma força F não atinge um valor crítico, denominado Fe. Até que F

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alcance tal valor, a força de atrito se modifica igualmente a F e chamaremos Fe
por força de atrito estático – algo proporcional a Normal – dado por:

𝐹𝑎𝑡(𝑚á𝑥 ) = 𝐹𝑒 = 𝜇𝑒 |𝑁| (2.1)

Onde N representa a força Normal e 𝜇𝑒 é o coeficiente de atrito estático.


Fe independe da superfície de contato, portanto tanto faz a forma como
colocamos os corpos em contato uns aos outros, desde que seja a mesma
superfície o coeficiente de atrito estático não se altera.
Após F suplantar Fe o corpo põe-se em movimento e Fe tem tendência
a diminuir, normalmente. Nesta situação, ocorre o atrito cinético dado por:

|𝐹 | = 𝐹𝑐 = 𝜇𝑐 |𝑁|, 𝜇𝑐 < 𝜇𝑒 (2.2)

“Ambos os coeficientes são números adimensionais, pois representam o


coeficiente das magnitudes de duas forças, geralmente são menores do que 1”
(Moysés, 2002 p. 87). É verificado, também, que o atrito cinético independe da
velocidade instantânea do escorregamento. Colocando o bloco sob um plano
inclinado podemos chegar aos mesmos resultados listados acima e neste caso
temos o seguinte:

|𝑁| = |𝑇| = 𝑚𝑔𝑐𝑜𝑠𝜃 (2.3)

Como a componente da força peso é tangencial ao plano de referência,


corresponde a à força aplicada no corpo em questão (N).

|𝐹 | = |𝑇| = 𝑚𝑔𝑠𝑒𝑛𝜃 (2.4)

Comparando (2.3) com (2.4):

|𝐹 |
= 𝑡𝑔𝜃 (2.5)
|𝑁 |

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Sendo que o objeto analisado só começa a se mover quando 𝜃 atinge
um determinado valor 𝜃𝑒 e vem, então:

𝜇𝑒 = 𝑡𝑔𝜃𝑒 (2.6)

É com esse procedimento que mediremos o coeficiente de atrito estático.


“No final, o ângulo crítico 𝜃𝑒 só depende da natureza do material do bloco e do
plano, sendo independente da massa m do bloco e aumentar m equivale a
aumentar |𝑁| e |𝐹| na mesma proporção” (Moysés, 2002 pp.88).

3.0 OBJETIVOS

Compreender as forças de atrito estático e dinâmico através de um plano


de contato por um lado e obter o ângulo crítico de movimento para o plano
inclinado por outro.

4.0 PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS

4.1 MATERIAIS

Tabela 1. Ferramentas
Bloco de Madeira Bloco de Madeira e Base de Borracha
Trilho de PVC Suporte Fixador com Transferidor
Dinamômetro Balança Digital
Tripé

4.2 MÉTODOS

Este experimento foi dividido em algumas partes semelhantes e


correlacionadas entre si. A princípio nos importa o coeficiente de atrito estático
e a área da superfície em contato e assim obteremos a força Normal. Por
conseguinte, analisaremos da mesma forma, porém com uma superfície distinta
da anterior e assim entender quando que a força de atrito se altera. Em seguida

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será a vez do atrito cinético e, por fim, o ângulo crítico junto ao atrito estático
novamente.
Primeiramente pesamos os blocos de madeira, com e sem borracha.
Logo em seguida ajustaremos o dinamômetro para que fique presa na mesma
direção do movimento dos blocos, no caso na horizontal. Prenderemos o bloco
na extremidade livre do dinamômetro e em paralelo com ele. Daí manteremos o
carrinho na iminência de movimento e calcularemos a Normal com o resultado
das forças do dinamômetro. Sim, das forças, pois faremos 4 vezes esse
procedimento para a mesma situação e pegaremos a média delas para usarmos
de base para os cálculos seguintes.
Nas situações seguintes faremos exatamente como no parágrafo
anterior, a diferença reside, no entanto, para o ângulo crítico, visto que
estávamos horizontalmente até agora pouco. Enfim, neste momento faremos,
simplesmente, a colocação do bloco de madeira para deslizar num plano
inclinado: prenda o trilho PVC ao tripé através do suporte fixador com
transferidor; ponha o bloco no trilho; erga a plataforma até que o bloquinho esteja
na iminência do movimento e use o valor ângulo crítico para achar o coeficiente
de atrito estático. De novo, faça algumas vezes e tome a média dos resultados.

5.0 RESULTADOS E DISCUSSÕES

A começar, as massas dos bloquinhos utilizados são de 291,7 g para o


de madeira e 279,1 g àquele com a base de borracha. Fazendo uma média dos
valores encontrados no dinamômetro temos que para |F| menor que 0,67 N da
força aplicada, o atrito estático adota este valor como máximo. Valor este de
aproximadamente (usando 2.1 para N = 2,73):

|𝐹 | = 𝜇𝑒𝑁

0,67 = 𝜇𝑒2,73

𝜇𝑒 = 0,24

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Note que alterando a área da superfície de contato nada muda, uma vez
que a força aplicada juntamente com a normal seriam as mesmas.
O próximo resultado será análogo ao anterior, porém com a massa de
ambos os bloquinhos somadas e ainda com a superfície de madeira em contato
com a de PVC. Nesta situação notamos que tanto à força aplicada quanto a
Normal aumentaram junto com o acréscimo da massa. No caso, temos uma força
dada pela média de 0,71 N e uma normal de 5,58 N:

|𝐹 | = 𝜇𝑒𝑁

0,71 = 𝜇𝑒5,58

𝜇𝑒 = 0,13

O atrito estático foi por volta de metade do anterior devido justamente a


este acréscimo de quase o dobro da massa envolvida.
Por conseguinte, o atrito cinético. Neste caso temos a mesma massa,
claro, pois não estamos trabalhando com nada relativístico, entretanto com
menos força para manter o carrinho em movimento devido a uma redução na
força necessária para equilibrar-se com o movimento, sabendo que em
velocidades constantes temos uma resultante e é daí que tiramos o atrito
cinético. Para uma N de 2,73 e uma força aplicada de 1,2 N temos:

|𝐹 | = 𝐹𝑐 = 𝜇𝑐 |𝑁|

0,62 = 𝜇𝑐2,73

𝜇𝑐 = 0,22

Este resultado (obtido por meio de 2.2) foi menor do que a do estático e
isto deve-se ao fato de precisarmos de uma força menor para manter um corpo
em repouso num movimento retilíneo uniforme (com velocidade diferente de
zero) do que para mantê-lo em repouso, mas com velocidade nula.

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Ao modificar a superfície de contato, tivemos outros resultados.
Lembrando que a massa do bloco de madeira com superfície de borracha era
ligeiramente menor do que o puramente só de madeira, encontramos uma média
das forças |F| aplicada iguais a 1,8 N enquanto sua normal ficou como 2,74.

|𝐹 | = 𝜇𝑒𝑁

1,8 = 𝜇𝑒2,74

𝜇𝑒 = 0,66

Dentre as diferenças entre modificar a área e modificar as superfícies,


houve somente nesta segunda. Isto é devido a interações diversas: polimento do
material, oxidação, presença ou ausência de camadas fluídas e outros
contaminantes.
Por fim, usaremos o ângulo crítico para comparar com os resultados
obtidos do atrito estático do bloco de madeira e para tal usaremos 2.6 com um
ângulo de médio de 14º:

𝜇𝑒 = 𝑡𝑔𝜃𝑒

𝜇𝑒 = 𝑡𝑔14º

𝜇𝑒 = 0,23 (𝑎𝑝𝑟𝑜𝑥𝑖𝑚𝑎𝑑𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑒)

Semelhante ao obtido anteriormente para o mesmo caso.

Tabela 2. Resultados organizados


Bloquinho Força |F| (N) Normal (N) Coeficientes
Madeira estático 0,67 2,73 0,24
Emborrachado 1,80 2,74 0,64
Blocos Somados 0,71 5,58 0,13
Madeira cinético 0,62 2,73 0,22

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7.0 CONCLUSÃO

Todas as discussões acima se tratam de meras aproximações ao utilizar


leis empíricas como as da força de atrito. Os resultados não dependem somente
da natureza dos materiais, mas o grau de polimento das superfícies; de sua
contaminação por impurezas; de fluídos entre as superfícies. Vimos que a área
de contato não importa; verificamos que o atrito cinético é menor que o estático;
a mudança de atrito é ocasionada pelos tipos de superfícies bem como o ângulo
crítico pode nos informar – sozinho – todas as alegações anteriores.

REFERÊNCIAS

NUSSENZVEIG, Hamilton Moysés. Curso De Física Básica Vol. 1: Mecânica. 4.


ed. São Paulo - SP: Blucher, 2002. p. 82-101.

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