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GESTÃO DO CUIDADO:

SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE


Prof. Dra. Carla Roberta Ferraz Rodrigues e Prof. Dra. Grasiella Bueno Mancilha

São Paulo
2023
Sumário

EMENTA 06
OBJETIVOS GERAIS 07

1. INTRODUÇÃO ÀS POLÍTICAS E AÇÕES EM SAÚDE 08


DA CRIANÇA
1.1 Políticas e ações em saúde da criança 09
1.1.1 Série histórica 09

2. VIGILÂNCIA, CUIDADO E PROMOÇÃO DO 16


DESENVOLVIMENTO INFANTIL
2.1 . O desenvolvimento infantil e o cuidado da criança pela família: 17
promoção do desenvolvimento
2.1.1 Concepções sobre infância 18
2.1.2 Concepções sobre desenvolvimento infantil 19
2.1.3 Concepções de cuidado às crianças – não há uma única forma 19
correta de cuidar

2.1.4 Promoção do desenvolvimento infantil integral 21

3. CUIDADO ÀS CRIANÇAS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA 23


3.1 Cenário das crianças no Brasil 24
3.2 Organizando a atenção à criança na APS 25

4. ASSEGURANDO A INTEGRALIDADE DA ATENÇÃO 23


4.1 Papéis de todos os profissionais da Atenção Primária frente ao 24
desenvolvimento integral das crianças

5. SAÚDE MENTAL DO ADOLESCENTE 33


5.1 Autolesão não suicida 36
5.1.1 Comportamento Suicida 37
5.1.2 Depressão 37
5.1.3 Ansiedade 38
5.1.4 Uso de Drogas 38
Sumário

CONCLUSÃO 39
GLOSSÁRIO 40
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 43
Ficha Técnica
MANTENEDORA - ASSOCIAÇÃO SANTA MARCELINA
Irmã Tânia Conceição da Cruz
Presidente Mantenedora

FACULDADE SANTA MARCELINA - FASM


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Diretoria Geral

EQUIPE DE PRODUÇÃO MULTIVISUAL EAD


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Coordenadora Pedagógica e Administrativa EAD
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Assessor Pedagógico e Administrativo EAD

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Design Instrucional

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Analista Educacional

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Analista Educacional

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Analista de pós-produção

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Motion Designer

AUTORIA
Prof. Dra. Carla Roberta Ferraz Rodrigues e
Prof. Dra. Grasiella Bueno Mancilha

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dade Santa Marcelina.
Ementa

Atenção integral à criança e ao adolescente na atenção primária à saúde,


tendo por base o trabalho interdisciplinar e as deliberações das principais políticas,
programas e protocolos do Ministério da Saúde.
Objetivo Geral

Capacitar para a Atenção integral à criança e ao adolescente na atenção


primária à saúde, tendo por base o trabalho interdisciplinar e as deliberações das
principais políticas, programas e protocolos do Ministério da Saúde.
CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO ÀS
POLÍTICAS E AÇÕES EM
SAÚDE DA CRIANÇA
1. INTRODUÇÃO ÀS POLÍTICAS E AÇÕES EM SAÚDE DA CRIANÇA 9

1. 1. Políticas e ações em saúde da criança


A saúde da criança e do adolescente tem sido considerada foco e prioridade
no campo das políticas e programas de saúde há anos. Envolve inúmeras dimensões
e se constitui fruto de reivindicações e debates sociais. Nessa unidade, será dada
ênfase a atenção a saúde desses seguimentos, no âmbito da Atenção Primária à
Saúde (APS), especificamente na Estratégia Saúde da Família (ESF), entendida como
ordenadora e coordenadora das ações em saúde no Sistema Único de Saúde –SUS.
Marcos históricos, políticas públicas que desenharam o atual modelo de atenção à
saúde no período infanto-juvenil e a construção das Redes de Atenção à Saúde (RAS)
são conteúdos explorados com objetivo de formar competências para a gestão do
cuidado. Parte-se do pressuposto de que as políticas e ações para saúde da criança
e do adolescente no Brasil são estruturadas de acordo com a evolução do contexto
político, do perfil epidemiológico e das concepções de saúde e de criança em cada
período histórico (BRANQUINHO, LANZA, 2018).

1.1.1. Série histórica

As primeiras iniciativas voltadas à saúde da criança datam da década de 1930-


1940, com a criação do Ministério da Saúde e Educação e do Departamento Nacional
da Criança (DNCr). O objetivo à época era enfrentar as altas taxas de mortalidade
infantil que registrava em torno de 162 óbitos/1000 nascidos vivos (BRANQUINHO,
LANZA, 2018).

O DNCr tinha como função a coordenação de todas as atividades nacionais para


a proteção à maternidade, infância e adolescência, estímulo à criação e organização
de estabelecimentos de assistência e sua fiscalização (BRASIL, 2001). Sempre por
meio de ações de caráter curativo e individualizado, compreendendo atendimento
médico, ações educacionais e assistenciais (ARAUJO et al., 2014).

Nesse período foram surgindo instituições como os postos de puericultura e as


casas da criança destinados a oferecer assistência à saúde da mãe ao longo do ciclo
gravídico puerperal e à criança até os cinco anos e, também, assistência educacional
com foco nos temas de moral e higiene (BRANQUINHO, LANZA, 2018).

“No ano de 1953, ocorreu o desmembramento do Ministério da Saúde e Ministério da


Educação e, em 1969, o DNCr foi destituído, dando lugar à Coordenação de proteção
materno-infantil (CPMI), em 1970” (BRANQUINHO, LANZA, 2018.p.3)
1. INTRODUÇÃO ÀS POLÍTICAS E AÇÕES EM SAÚDE DA CRIANÇA 10

Em 1975, a Coordenação de proteção Materno-infantil (CPMI) criou o Programa


Nacional de Saúde Materno-Infantil, com o objetivo de reduzir a mortalidade de crianças
e a mortalidade materna, a partir da melhoria da infraestrutura, maior aporte financeiro,
estímulo ao aleitamento materno, suplementação alimentar, acompanhamento do
crescimento e desenvolvimento, implantação de um esquema básico de vacinação
por idade, ações de controle das doenças diarreicas e respiratórias, além da melhoria
da qualidade e cobertura do atendimento à mulher na gestação, parto, puerpério
e a da assistência à criança. Mesmo com mudanças ainda fortemente centradas
nas situações agudas, surgiram também algumas iniciativas de caráter preventivo
(BRASIL, 2011), (BRANQUINHO, LANZA, 2018).

As ações propostas pelo Programa Nacional de Saúde Materno-Infantil resultaram em


uma redução da mortalidade infantil em 3,2% ao ano, atingindo os 83 óbitos por 1000
nascidos vivos no final da década de 1970 (BRANQUINHO, LANZA, 2018).

A partir de 1980, houve grandes avanços no setor saúde, com importante


impacto nas políticas de atenção à saúde da criança, influenciadas pelas discussões
sobre os Determinantes Sociais da Saúde (DSS), resultantes da Conferência
Internacional de Cuidados Primários à Saúde, realizada em Alma Ata em 1978.

Ao final da década de 1980, em meio à redemocratização e criação do SUS


na Assembleia Nacional Constituinte de 1988, a saúde passou a ser entendida a
partir dos conceitos de integralidade, universalidade e equidade, gerando políticas
que integravam ações de proteção, promoção e prevenção, para a totalidade da
população, considerando suas diferentes realidades e necessidades.

No início dos anos 1990, o Estatuto da Criança e do Adolescente, criado pela


Lei Federal nº 8.069, regulamenta o Artigo 227 da Constituição Federal e define
as crianças e os adolescentes como sujeitos de direitos, em condição peculiar de
desenvolvimento, que demandam proteção integral e prioritária por parte da família,
sociedade e do Estado (BRASIL, 1990).

Como consequência da doutrina de proteção integral à criança e ao adolescente,


o ECA prevê a integração dos órgãos e instituições públicas e entidades da sociedade
civil, visando à garantia dos direitos da população infanto-juvenil.
1. INTRODUÇÃO ÀS POLÍTICAS E AÇÕES EM SAÚDE DA CRIANÇA 11

Nos anos seguintes, a implantação progressiva do SUS e a ampliação da Atenção


Primária por meio do Programa de Saúde da Família, posteriormente denominado de
Estratégia Saúde da família, representou um maior acesso das crianças aos cuidados
em saúde e, com isso, mudanças no perfil epidemiológico da saúde da criança no
Brasil foram sendo observadas.

Em 2004, foi lançada a agenda de compromissos para a saúde integral da


criança e redução da mortalidade infantil, com o objetivo de concentrar esforços na
organização da assistência à população infantil, contemplando, desde o primeiro
atendimento, nas unidades básicas de saúde até a atenção especializada dos casos
mais graves, que exigiam internação nas unidades de média e alta complexidade, com
esforços para além da redução da mortalidade infantil, visando também a qualidade
de vida das crianças (BRASIL, 2018).

Saiba Mais
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento
de Ações Programáticas Estratégicas. Agenda de compromissos para a saúde
integral da criança e redução da mortalidade infantil. Brasília: Ministério da
Saúde, 2004.

Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/agenda_compro_


crianca.pdf>

Em 2006, com o objetivo de avançar e superar os nós críticos vividos pelo


SUS, foi proposto pelo Ministério da Saúde o Pacto pela Saúde, um instrumento que
comporta três dimensões: Pacto pela Vida, Pacto em Defesa do SUS e Pacto de
Gestão, por meio de um grande esforço interfederativo. O Pacto pela Vida representou
um conjunto de compromissos e expressos em objetivos, dentre os quais destacam-se:
a redução da mortalidade materna e infantil neonatal e a consolidação e qualificação
da Estratégia Saúde da Família como modelo de atenção básica à saúde e como
centro ordenador das Redes de Atenção à saúde do SUS.
1. INTRODUÇÃO ÀS POLÍTICAS E AÇÕES EM SAÚDE DA CRIANÇA 12

Em 2009, foi lançada a estratégia “Brasileirinhos e brasileirinhas saudáveis”,


cujo objetivo era possibilitar novas ofertas de cuidado para as mulheres e as crianças,
de forma humanizada, na perspectiva do vínculo e do crescimento e desenvolvimento
integral da criança de zero a cinco anos (BRANQUINHO, LANZA, 2018, p.3).

Em 2011, foi lançada a Rede Cegonha como parte da rede de atenção à criança
e à mulher, com objetivo de garantir segurança e qualidade na assistência à mulher
em todo o ciclo reprodutivo e cuidado integral à criança no nascimento, crescimento
e desenvolvimento.

Em 2013, estruturou-se a “Estratégia Nacional para Promoção do Aleitamento


Materno e Alimentação Complementar Saudável no SUS – Estratégia Amamenta
e Alimenta Brasil” para colaborar com o aleitamento materno e com a alimentação
saudável.

Em meio aos desafios que persistiam e aos novos que foram se delineando e
para nortear todas as ações em saúde da criança no SUS, em 2015, o Ministério da
Saúde instituiu a Política Nacional de Atenção Integral na Saúde da Criança (PNAISC).

A PNAISC passa a ser o eixo condutor das ações em Saúde para a criança no
SUS e se estrutura por meio de princípios, diretrizes e eixos estratégicos:

Figura 1 - esquema representativo de estrutura da PNAISC.

Fonte: adaptado autoras.


1. INTRODUÇÃO ÀS POLÍTICAS E AÇÕES EM SAÚDE DA CRIANÇA 13

A PNAISC tem como Objetivo:

promover e proteger a saúde da criança e o aleitamento materno, mediante atenção e


cuidados integrais e integrados da gestação aos nove anos de vida, com especial atenção
à primeira infância e às populações de maior vulnerabilidade, visando à redução da
morbimortalidade e um ambiente facilitador à vida com condições dignas de existência e
pleno desenvolvimento. (BRASIL, 2015b, Art. 2º).

A PNAISC reafirma os princípios do SUS e tem como princípios:

A PNAISC apresenta as seguintes diretrizes norteadoras:

• elaboração de planos e projetos de saúde voltados às crianças, como a


gestão interfederativa, a organização de ações e os serviços de saúde
ofertados pelos diversos níveis e redes temáticos de atenção à saúde;

• promoção da saúde;

• qualificação de gestores e trabalhadores;

• fomento à autonomia do cuidado e corresponsabilização de trabalhadores


e familiares;

• intersetorialidade;

• pesquisa/produção de conhecimento e monitoramento/avaliação das ações


implementadas.
¹ Enfatiza a prioridade absoluta da criança – Princípio constitucional que compreende a primazia da criança de
receber proteção e cuidado em quaisquer circunstâncias, ter precedência de atendimento nos serviços de saúde
e preferência nas políticas sociais e em toda a rede de cuidado e de proteção social existente no território, assim

como a destinação privilegiada de recursos em todas as políticas públicas (BRASIL, 1988).


1. INTRODUÇÃO ÀS POLÍTICAS E AÇÕES EM SAÚDE DA CRIANÇA 14

Estrutura-se nos seguintes (sete) eixos estratégicos:

1. Atenção humanizada e qualificada à gestação, ao parto, ao nascimento e ao recém-


nascido;

2. Aleitamento materno e alimentação complementar saudável;

3. Promoção e acompanhamento do crescimento e do desenvolvimento integral;

4. Atenção integral a crianças com agravos prevalentes na infância e com doenças


crônicas;

5. Atenção integral à criança em situação de violências, prevenção de acidentes e


promoção da cultura de paz;

6. Atenção à saúde de crianças com deficiência ou em situações específicas e de


vulnerabilidade;

7. Vigilância e prevenção do óbito infantil, fetal e materno (BRASIL, 2015b, Art. 6º).

É importante destacar que o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)


demanda que o Sistema Único de Saúde (SUS) promova o direito à vida e à saúde
de crianças e adolescentes, mediante a atenção integral à saúde, que pressupõe o
acesso universal e igualitário aos serviços nos três níveis da atenção. Essa tarefa
exige o desenvolvimento de ações de promoção da saúde, a prevenção de doenças e
agravos, a atenção humanizada e o trabalho em rede.

A Rede de Atenção à Saúde (RAS) reúne um conjunto de ações e serviços de


saúde articulados em níveis de complexidade crescente, com a finalidade de garantir
a integralidade da assistência à saúde.

Para promover a atenção integral à criança, as Redes predominantemente


envolvidas são:
1. INTRODUÇÃO ÀS POLÍTICAS E AÇÕES EM SAÚDE DA CRIANÇA 15

• Rede Cegonha, abrangendo a atenção à gestante e à criança até 24 meses.

• Rede de atenção às urgências e emergências.

• Rede de atenção psicossocial (com prioridade para o enfrentamento do


álcool, crack e outras drogas).

• Rede de atenção às doenças e condições crônicas.

• Rede de cuidado à pessoa com deficiência.

Em suma, as ações da PNAISC se organizam a partir das Redes de Atenção


à Saúde (RAS), em especial à Rede de atenção à saúde materno e infantil, tendo
a APS como ordenadora e coordenadora das ações e do cuidado no território
transversalizando a RAS, sendo o eixo condutor do cuidado, por meio de ações e
estratégias voltadas à criança, na busca da integralidade do cuidado.
CAPÍTULO 2

VIGILÂNCIA, CUIDADO E
PROMOÇÃO DO
DESENVOLVIMENTO
INFANTIL
2. VIGILÂNCIA, CUIDADO E PROMOÇÃO DO DESENVOLVIMENTO INFANTIL 17

2. VIGILÂNCIA, CUIDADO E PROMOÇÃO DO


DESENVOLVIMENTO INFANTIL

2.1. O desenvolvimento infantil e o cuidado da


criança pela família: promoção do
desenvolvimento
2.1.1. Concepções sobre infância
Para iniciar qualquer abordagem sobre promoção do desenvolvimento infantil
integral, é preciso entender que concepções de infância predominam num determinado
contexto social e histórico e que essas concepções estão intimamente relacionadas
ao desenvolvimento da família, sua estrutura e funções.

Na Idade média, a criança era vista como uma miniatura do adulto, não havendo
interesses pelos primeiros anos de vida, sendo comum o infanticídio e o abandono.
Assim que apresentava condições de viver sem a presença da mãe ou de quem a
substituísse, ficava sujeita aos mesmos deveres e punições aplicados aos adultos
(ÁRIES, 1981).

Na Idade moderna, as crianças começam a ser vistas em suas particularidades,


momento em que surge a concepção de infância, a progressiva aceitação das suas
necessidades e o sentimento de infância passa a ser mais evidenciado (CHIESA et
al., 2011).

No Século XX, surgem a psicologia e pedagogia da infância.

Nos anos 1990, considerada a década do cérebro, destacam-se os estudos


da neurociência e da epigenética que chamam atenção para a plasticidade cerebral
e para as janelas de oportunidade ao longo do desenvolvimento infantil. As janelas
de oportunidades representam períodos sensíveis quando as conexões neuronais
ocorrem em uma velocidade muito intensa, podendo chegar a mil novas conexões por
segundo, o que representou um conhecimento precioso para o desenvolvimento do
cuidado integral (CYPEL, 2011).
2. VIGILÂNCIA, CUIDADO E PROMOÇÃO DO DESENVOLVIMENTO INFANTIL 18

A partir da década de 1990, as crianças e adolescentes são sujeitos de direitos


e devem ser tratados com prioridade absoluta nas políticas de saúde. Esses direitos
estão consolidados no ordenamento jurídico brasileiro e devem ser cumpridos. Assim:

• A criança é uma pessoa;

• Um ser humano completo, com valores próprios;

• Tem sua maneira de pensar, sentir e reagir;

• É competente e capaz de fazer escolhas coerentes com a sua fase de


desenvolvimento.

2.1.2 Concepções sobre desenvolvimento


infantil

As concepções de criança se articulam com as concepções de desenvolvimento


infantil, também caracterizadas por uma variedade de interpretações. Entendemos
atualmente que o desenvolvimento infantil é parte de um processo maior: o
desenvolvimento humano.

Desenvolvimento é o processo vital que engloba crescimento, maturação e aprendizagem.


Como resultado da inter-relação íntima desses três fenômenos, ocorrem modificações
qualitativas no funcionamento da pessoa, que podem ser identificadas por suas habilidades
e comportamentos nos âmbitos físico, intelectual, emocional e social (VERÍSSIMO, 2013).

Sendo o desenvolvimento infantil parte do desenvolvimento humano e ancorado


pelos aprendizados das neurociências e outras contribuições, o desenvolvimento
integral infantil pode ser representado na figura a seguir:
Figura 2 – esquematização de desenvolvimento integral infantil

Fonte: Projeto Janelas de Oportunidades (Veríssimo, 2013).


2. VIGILÂNCIA, CUIDADO E PROMOÇÃO DO DESENVOLVIMENTO INFANTIL 19

Assim, para assegurar as amplas possibilidades de desenvolvimento integral,


considera-se que a criança:

• Possui vulnerabilidades decorrentes de suas peculiaridades de


desenvolvimento, portanto, precisa ser protegida e cuidada pelas famílias e
instituições que constituem a rede de atenção à criança.

• Cada criança é única, segundo a interação de sua herança genética e


experiências de vida, portanto, é preciso promover as potencialidades do
ambiente de cuidados.

• O desenvolvimento é relacional, pois a criança aprende e constrói sua


identidade nas relações com as pessoas à sua volta, portanto é preciso
zelar pela qualidade das interações e aprimorar competências dos adultos
cuidadores.

Saiba Mais
Assim que finalizar a leitura deste e-book e ver as videoaulas, acesse o tópico
material complementar e veja a sugestão de vídeo relacionado ao assunto que
está sendo discutido aqui!

2.1.3 Concepções de cuidado às crianças – não


há uma única forma correta de cuidar

Não há uma única forma correta de cuidar. Contudo, pensar o cuidado,


principalmente aquele dirigido às crianças pequenas demanda conhecimento e
preparo.

O cuidado é um fenômeno determinado social e historicamente e, portanto,


não pode ser compreendido de forma única.

É a essência da saúde, pois é uma necessidade para o desenvolvimento,


manutenção da saúde e sobrevivência do ser humano em todas as culturas do mundo,
mas não pode restringir-se às práticas de cuidado voltadas à sobrevivência das
crianças, centradas predominantemente no modelo biomédico (alimentação, higiene,
imunização).
2. VIGILÂNCIA, CUIDADO E PROMOÇÃO DO DESENVOLVIMENTO INFANTIL 20

O cuidado diz respeito aos “comportamentos e ações que envolvem


conhecimentos, valores, habilidades e atitudes, empreendidas no sentido de favorecer
as potencialidades das pessoas para manter ou melhorar a condição humana no ciclo
vital” (VERISSÍMO et al, 2013).

Os cuidados às crianças vão além daqueles prestados pelas famílias,


responsáveis e instituições, incluindo nessas a APS, pois compreendem projetos
terapêuticos ampliados (CHIESA et al., 2020):

Na perspectiva pontuada, as experiências infantis devem permitir-lhes que tenham ou


desenvolvam confiança em si próprias, sentirem-se aceitas, ouvidas, cuidadas e amadas,
de forma que sua formação pessoal e social se dê a partir do desenvolvimento de sua
identidade e da conquista da autonomia.

A sobrevivência e o desenvolvimento, especificamente das crianças, dependem


da atenção às suas necessidades contempladas de acordo com as particularidades do
processo de desenvolvimento infantil e as condições concretas de vida (BRAZELTON,
2002).

Identifica-se que as necessidades essenciais na infância envolvem


(BRAZELTON, 2002):

• Relacionamentos sustentadores contínuos;

• Proteção física, segurança e regulamentação;

• Experiências que respeitem as diferenças individuais;

• Experiências adequadas ao desenvolvimento;

• Limites, organização e expectativas;

• Comunidades estáveis e amparadoras;

• Cuidado rotineiro e cotidiano;

• Ambiente de transmissão de cultura e identidade.


2. VIGILÂNCIA, CUIDADO E PROMOÇÃO DO DESENVOLVIMENTO INFANTIL 21

Entre as necessidades essenciais na infância, Melo et al. (2016) destaca a


importância do acesso aos relacionamentos sustentadores contínuos, construídos
para a criança a partir e por meio da:

• presença de um cuidador principal;

• por cuidadores atentos às necessidades na infância;

• por cuidadores que estabeleçam uma relação permeada por amorosidade


e atenção;

• por cuidadores que possibilitam que a criança se sinta querida e amada;

• pela criação de laços e vínculos duradouros.

Por sua vez, relacionamentos sustentadores implicam na construção de


vínculos e o estabelecimento do vínculo é um processo contínuo nas relações entre
pais e filhos, por meio de interações recíprocas e envolve expectativas, frustrações,
sonhos e representações dos modelos de cuidado parental (ZORNIG, 2010). O vínculo
influencia as habilidades do adulto em entender e responder à criança e, assim, é
fator de proteção ao desenvolvimento infantil, com correlação direta com o cuidado
parental ofertado (MELO et al., 2016).

Dessa forma, a construção de vínculos aparece como elemento fundamental


ao envolvimento emocional com a criança e a qualidade dos cuidados ofertados. O
cuidado às crianças no campo da APS é favorecido pela longitudinalidade, atributo
essencial, que deve prezar por constituir vínculos duradouros, baseado na confiança
e na credibilidade com famílias e cuidadores e ao mesmo tempo, amparar e contribuir
para a vinculação afetiva entre famílias e crianças.

2.1.4 Promoção do desenvolvimento infantil in-


tegral

Segundo Veríssimo, 2018, atuar na promoção do desenvolvimento infantil é


responsabilidade das famílias, comunidade, trabalhadores da educação, saúde e
assistência social. É fundamental engajar as famílias e outros adultos cuidadores em
processos de aprendizado e aquisição de habilidades para cuidar das crianças em
casa, favorecendo o desenvolvimento.
2. VIGILÂNCIA, CUIDADO E PROMOÇÃO DO DESENVOLVIMENTO INFANTIL 22

A família e os cuidadores têm papel vital na promoção do desenvolvimento


na primeira infância. Face a isso, é fundamental discutir o valor das interações pais-
filhos e dos cuidados cotidianos realizados para o atendimento às necessidades das
crianças pequenas. Prover à criança oportunidades de desenvolvimento e buscar
ajuda quando necessário, ampliando os cuidados, acionando os diversos pontos da
rede de atenção.

A ação do trabalhador deve resultar em oportunidades para que todos


os familiares identifiquem suas capacidades atuais e adquiram aquelas que são
necessárias para atender às necessidades das crianças: cuidador principal, atenção,
amorosidade e vínculos duradouros.

O estímulo à parentalidade é entendida como fenômeno biopsicossocial


imprescindível para o desenvolvimento infantil (DI), a partir de vínculo estabelecido
por uma filiação psíquica, em que há criação de laços e sentimento de pertencimento
entre o grupo familiar. Essa visão supera o entendimento de que o vínculo parental é
biologicamente estabelecido e se estende ao grupo familiar e não unicamente ao pai
e mãe (CHIEZA et al., 2018).

Os processos biológicos, cognitivos e socioemocionais estão intrinsecamente


entrelaçados. Os processos socioemocionais modelam os processos cognitivos, os
processos cognitivos avançam ou restringem os processos socioemocionais e os
processos biológicos influenciam os processos cognitivos (CRUZ et al., 2018 ).

Figura 3 – representação de contextos de vida a que as crianças estão submetidas.

Fonte: Cruz et al., 2018.


CAPÍTULO 3

CUIDADO ÀS CRIANÇAS
NA ATENÇÃO PRIMÁRIA
24
3. CUIDADO ÀS CRIANÇAS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA

3. CUIDADO ÀS CRIANÇAS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA

3.1. Cenário das crianças no Brasil


Quem são, como vivem e de que morrem as nossas crianças.

Para o ECA, no Art. 2º:

Considera-se criança, a pessoa até doze anos de idade incompletos e o adolescente


aquela entre doze e dezoito anos de idade. Define que a responsabilidade sobre esse
grupo populacional é de toda a sociedade e estabelece a sua primazia nos atendimentos
em saúde e nos serviços públicos (BRASIL, 1990).

Segundo resultados prévios do Censo Demográfico 2022 pelo Instituto


Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), estimou-se que 68,6 milhões de crianças
e adolescentes entre 0 e 19 anos de idade residiam no Brasil naquele ano. A região
sudeste, sendo a mais populosa do país, concentra pouco menos de um em cada três
(29,9%) crianças e adolescentes dessa faixa etária (BRASIL, 2022).

Em 2021, aproximadamente 72,4 milhões de pessoas declararam viver com


renda domiciliar mensal per capita de até meio salário-mínimo, sendo que 31,2
milhões dessas pessoas informaram viver com metade dessa renda. Nesse cenário, a
proporção de crianças e adolescentes de 0 a 14 anos de idade vivendo nas classes de
rendimentos mais baixos com renda domiciliar mensal per capita de até um quarto de
salário-mínimo (R$ 275,00) era de aproximadamente 24,1%, totalizando 10,6 milhões
de pessoas (FUNDAÇÃO ABRINQ, 2022).

Os dados revelam que ao menos 32% das mortes de crianças ocorrem por
problemas perinatais, seguidas de 25% de causas externas ou acidentes como
afogamentos, automobilismo e por violência. Causas cromossômicas ou más
formações atingem 11% dos nascimentos e 6% são devidos a doenças respiratórias
(INSTITUTO PENSI, 2022).

Quando são analisadas as mortes proporcionais dos 10 aos 19 anos,


predominam as causas externas, seguidas das doenças infecciosas, respiratórias e
neoplasias. É importante salientar que, entre os adolescentes de 15 a 19 anos, as
causas externas sobressaem de maneira significativa e que, apesar de liderarem em
todas as regiões brasileiras, existem diferenças interregionais significativas e também
segundo cor, extrato social e sexo (MALTA et al., 2021).
25
3. CUIDADO ÀS CRIANÇAS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA

Segundo dados do Observatório da criança da FIOCRUZ (2022), duas em


cada três mortes de bebês de até 1 ano poderiam ser evitadas no Brasil com ações
como vacinação, amamentação e acesso à atenção básica de saúde. O país registra,
nessa faixa etária, mais de 20 mil óbitos anuais por causas evitáveis, como diarreia
e pneumonia e vê aumentar o risco à saúde das crianças com a queda da cobertura
vacinal.

Chama atenção dado da pesquisa do IBGE, em 2022, quando o Brasil tinha


38 milhões de crianças menores de 13 anos de idade em sua população e 82,9%
destas crianças (ou 31,5 milhões) foram atendidas por algum dos serviços de atenção
primária à saúde no período de referência da pesquisa.

A pesquisa também mostra que cerca de 75% das crianças de menos de 13


anos do país (28,4 milhões) realizaram uma consulta médica nos últimos 12 meses
anteriores à data da entrevista, proporção que foi menor no Norte (66,6%) e no
Nordeste (71,8%) (IBGE, 2022).

Diante dos inúmeros desafios apontados e sendo a APS o cenário privilegiado e


o contato preferencial e longitudinal das crianças com o sistema de saúde, corroborado
pela pesquisa, é preciso acionar todo o seu potencial por meio das suas ferramentas
poderosas de trabalho e, assim, abrir as janelas de oportunidade e promover o
desenvolvimento integral de crianças e adolescentes.

3.2. Organizando a atenção à criança na APS


Como ponto de partida podemos considerar como trunfos da APS para
organização do cuidado às crianças:

• Possibilidade de uma visão de conjunto: criança, família, comunidade,


ambiente;

• Diagnóstico múltiplo e multidisciplinar;

• Acesso a dados e informações do cadastro familiar;

• Acompanhamentos permanentes e longitudinais;

• Início precoce dos cuidados: pré-natal e puericultura;

• Proximidade territorial: ferramentas para o trabalho cotidiano;


26
3. CUIDADO ÀS CRIANÇAS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA

Características do processo de trabalho, segundo as diretrizes da PNAISC:

Figura 3 – representação de processo de trabalho

Fonte: adaptado autoras (BRASIL, 2018).

• O foco dos profissionais deve ser a criança, dentro do contexto da sua


família e sociedade.

• A organização da atenção em saúde em linhas de cuidado a partir da APS


deve ser priorizada, de maneira longitudinal, desde as ações de promoção
da saúde, prevenção de doenças e agravos, até as medidas de tratamento,
cuidado e reabilitação, com um fluxo ágil e oportuno em cada nível de
atenção, com referência e contrarreferência responsável.

• O acolhimento com escuta qualificada, a classificação de risco, a avaliação


das necessidades de saúde e a análise de riscos e vulnerabilidades são
compromissos da Atenção Primária, configurando o primeiro atendimento
que disparará os demais processos de trabalho da equipe da AB.

• O cuidado da criança demanda visão da integralidade em todos os aspectos,


contemplando postura acolhedora com escuta qualificada, estabelecimento
de vínculo e responsabilização. Da mesma maneira, é necessária a visão
integral dos demais pontos da Rede de Atenção à Saúde, potencializando
os recursos disponíveis para oferecer a resposta mais adequada, completa
e resolutiva à necessidade da criança.
27
3. CUIDADO ÀS CRIANÇAS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA

O trabalho na perspectiva interprofissional e em rede é uma meta e a


existência de bons fluxos de comunicação é requisito essencial para a coordenação
do cuidado, tanto internamente entre a equipe quanto em rede. A equipe deve realizar
o planejamento, a programação e a implementação de ações setoriais e intersetoriais
de maneira rotineira.

• Não perder a oportunidade de atuação e intervenção em tempo oportuno,


de prevenção, de promoção e de assistência, enfim, de cuidado integral,
com vinculação e responsabilização sobre a continuidade da atenção.

• A organização do atendimento implica na atenção equilibrada entre as


situações agudas e as demais ações para o cuidado integral da criança:

A. Atenção à demanda espontânea;

B. Atenção à mulher, em relação a sua saúde sexual, reprodutiva e para


gestante e ao desenvolvimento infantil por meio do acompanhamento do crescimento
e desenvolvimento da criança, de maneira rotineira, em diferentes e espaços, por
diferentes estratégias, aproveitando-se todos os encontros possíveis da criança e sua
família com os serviços de saúde;

O acompanhamento do crescimento e desenvolvimento da criança necessariamente


deve incorporar as ações de imunoprevenção para o cuidado integral. As equipes de
saúde devem organizar-se para acompanhar a cobertura vacinal das crianças de sua
área, realizar o controle e a busca ativa de crianças com vacinas atrasadas.

Os registros, na Caderneta de Saúde da Criança, das vacinas do Calendário Nacional de


Vacinação recebidas pela criança, devem ser sempre observados pelos profissionais da
Atenção Primária (BRASIL, PNAISC, 2018).

C. Atenção e vigilância constante aos grupos com maior risco ou vulnerabilidade,


devendo ser selecionados para acompanhamento longitudinal, seja em atendimentos
individuais, ou grupais como:

• crianças com agravos sociais (crianças com dificuldades escolares);

• nutricionais (obesidade/desnutrição);

• psicossociais (cuidado parental inconsistente, pais ou cuidadores com


transtorno mental, redes sociais frágeis, exposição à violência);

• clínicos (asma e outros problemas crônicos e agravos de importância


epidemiológica local, priorizados pela ESF).
28
3. CUIDADO ÀS CRIANÇAS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA

Dessa forma, as principais condições de risco/vulnerabilidade para um pleno


DPI, devem se constituir parâmetro para que famílias com gestantes ou com crianças
na primeira infância sejam priorizadas para acompanhamento mais cuidadoso e
intensivo por parte dos profissionais da Atenção Básica à Saúde a) Situação familiar
de risco/vulnerabilidade:

• Extrema pobreza (inseridos em programas sociais);

• Violência familiar seja contra a gestante/mãe, a criança ou outro membro


do núcleo familiar;

• Abuso ou dependência ao álcool e/ou a outras drogas na família, por parte


da gestante/mãe, do pai ou outro membro do núcleo familiar.

• Grupos prioritários do território segundo as Linhas de cuidado da PNAISC.

b) Família com criança apresentando uma das seguintes condições de


risco/ vulnerabilidade, ao nascer ou adquiridas posteriormente:

• RN pré-termo (< 37 semanas) e/ou baixo peso ao nascer (<2.550g). Alto


risco se idade gestacional (< 32 semanas) e/ou peso (< 1.500g);

• RN com perímetro cefálico (PC) inferior ao esperado para a idade e sexo


(microcefalia) ou criança com crescimento inadequado do PC e/ou com
alterações neurológicas do Sistema Nervoso Central: dependendo de sua
etiologia, esta pode ser associada a malformações estruturais do cérebro,
com repercussões no desenvolvimento (BRASIL, 2016c);

• RN egresso de internação em unidade neonatal (UTI ou UCI), com condições


que caracterizam alto risco ao nascimento: asfixia ao nascer (Apgar < 7 no
5º minuto de vida);

• RN/criança com doença crônica, com múltiplas internações;

• Criança com desnutrição/obesidade;

• RN/criança com malformação ou deficiência congênita ou adquirida após o


nascimento.
29
3. CUIDADO ÀS CRIANÇAS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA

C) Família com gestante ou mãe com alguma das seguintes situações de


risco/ vulnerabilidade:

• baixa instrução (< 8 anos de estudo);

• quadro de depressão ou outra doença psiquiátrica;

• gravidez indesejada e/ou tentativa de abortamento;

• história de morte de criança menor de 5 anos na família;

• mãe adolescente, sem rede de apoio;

• gravidez com infecção por STORCH, HIV, vírus zika etc., com risco de
repercussões congênitas no RN.

Ou seja, para vigilância dos riscos, precisam ser consideradas (BRASIL, 2018):

• As crianças com maior risco ao nascer ou adquirido ao longo da vida


devem ser acompanhadas com maior frequência pelos serviços de saúde,
principalmente no primeiro ano de vida e devem ser consideradas pela
Atenção Primária como prioritárias para vigilância em saúde.

• Para o incremento nas ações de cuidado e estímulo ao Desenvolvimento


Integral na Primeira Infância, além das ações em curso na Atenção Primária e
especializada, as famílias que se encontrem em situação de vulnerabilidade
biopsicossocial devem ter prioridade na oferta de programas intersetoriais,
que visem superar iniquidades nas condições de vida e saúde para seu
desenvolvimento.

• A identificação e estímulo às redes de apoio e fatores de proteção, ao longo


da vida e desenvolvimento da criança.
CAPÍTULO 4

ASSEGURANDO A
INTEGRALIDADE DA
ATENÇÃO
31
4. ASSEGURANDO A INTEGRALIDADE DA ATENÇÃO

4. ASSEGURANDO A INTEGRALIDADE DA
ATENÇÃO
A composição da integralidade da atenção à saúde da criança na APS abrange
as ações de atenção à demanda espontânea e programática, também de prevenção
de doenças, promoção de saúde e de vigilância em saúde no território. Assim, é
fundamental conhecer a realidade epidemiológica e demográfica da população de
crianças e adolescentes da área de atendimento para planejar intervenções coletivas
nos determinantes de saúde.

Para a coordenação do cuidado, é essencial a organização do processo de


trabalho da ESF, de forma a garantir a realização de reuniões de equipe periódicas,
com objetivo de elaborar, acompanhar e gerir Projetos Terapêuticos Singulares, sejam
individuais (para discussão dos casos das crianças/famílias mais complexas) ou
coletivos (para planejamento de intervenção em coletividade).

4.1. Papéis de todos os profissionais da Atenção


Primária frente ao desenvolvimento integral das
crianças

Segundo DF, 2014, as atribuições comuns a todos os profissionais da APS são:

• Participar do processo de territorialização e mapeamento da área de


atuação da equipe com identificação das famílias ou crianças expostas a
riscos e vulnerabilidades.

• Realizar o cuidado da saúde da criança com prioridade na UBS e, quando


necessário, no domicílio e nos demais espaços comunitários (escolas,
creches, associações, entre outros).

• Desenvolver ações que priorizem os grupos de risco e os fatores de risco


clínico comportamentais, alimentares e/ou ambientais, com a finalidade de
prevenir o aparecimento ou a persistência de doenças e danos evitáveis.

• Garantir a atenção à saúde da criança, buscando a integralidade por meio


da realização de ações de promoção, proteção e recuperação da saúde e
prevenção de agravos e da garantia de atendimento da demanda espontânea,
da realização das ações programáticas, coletivas e de vigilância à saúde.
32
4. ASSEGURANDO A INTEGRALIDADE DA ATENÇÃO

• Participar do acolhimento das crianças, realizando escuta qualificada das


necessidades de saúde, procedendo à primeira avaliação (classificação de
risco, avaliação de vulnerabilidade, coleta de informações e sinais clínicos) e
identificação das necessidades de intervenções de cuidado, proporcionando
atendimento humanizado, responsabilizando-se pela continuidade da
atenção e viabilizando o estabelecimento do vínculo.

• Realizar busca ativa das crianças faltosas ao acompanhamento do


crescimento e desenvolvimento infantil ou em outras atividades/ações que
a equipe realiza.

• Praticar cuidado familiar e dirigido a coletividades e grupos sociais que


vise propor intervenções que influenciem os processos de saúde-doença-
cuidado dos indivíduos, das famílias, coletividades e da própria comunidade.

• Realizar o planejamento e avaliação das ações da equipe, a partir da


utilização dos dados disponíveis.

• Acompanhar e avaliar sistematicamente as ações implementadas, visando


à readequação do processo de trabalho.

• Garantir a qualidade do registro das atividades nos sistemas de informação


da APS.

• Desenvolver ações educativas que possam interferir no processo de saúde-


doença-cuidado da população, no desenvolvimento de autonomia, individual
e coletiva e na busca por qualidade de vida pelos usuários.

• Promover a mobilização e a participação da comunidade, buscando efetivar


o controle social; e

• Identificar parceiros e recursos na comunidade que possam potencializar


ações intersetoriais.
CAPÍTULO 5

SAÚDE MENTAL DO
ADOLESCENTE
34
5. SAÚDE MENTAL DO ADOLESCENTE

5. SAÚDE MENTAL DO ADOLESCENTE


As adolescências são compreendidas no plural por ser construídas como
um fenômeno sociocultural, contemporâneo e complexo que pretende avançar
em contrapartida de recortes meramente biológicos, etários e normalizadores e
homogeneizantes que cercam os adolescentes, contribuindo assim para avançar em
uma compreensão mais singular (CATANI; GILIOLI, 2008; DAYRELL, 2003; ABRAMO,
2005; LEÓN, 2005; OZELLA; DE AGUIAR, 2008).

Entende-se a concepção da adolescência como construção histórica social que


avança no sentido de compreendê-la como um processo dinâmico e o adolescente
como fruto dos seus modos de vida e expressão, analisando os constantes
movimentos, diante do contexto histórico-social e os contornos de ser adolescente em
uma sociedade contemporânea (CATANI; GILIOLI, 2008; DAYRELL, 2003; ABRAMO,
2005; LEÓN, 2005; OZELLA; DE AGUIAR, 2008).

Para o adolescente, muitas situações são experimentadas pela “primeira


vez”, são vividas com muita curiosidade, intensidade e criatividade. Estas novas e
diferentes experiências são oportunizadas por seu meio social e cultural, conferindo
características singulares aos modos de ser e viver e aos diferentes estilos de vida
(SCIVOLETTO, 2011).

A abordagem na perspectiva do modelo psicossocial, considera o adolescente


em suas potencialidades e talentos. As formas de viver permeia seus sentimentos e
consequente comportamentos diante dos diversos acontecimentos de sua vida.

Deve-se investir em práticas de cuidado e de proteção da saúde mental,


no desenvolvimento, principalmente das crianças mais vulneráveis. Para além do
diagnóstico, o foco deve se manter nos fatores de proteção.

No que tange o processo saúde e adoecimento mental do adolescente, cabe


ressaltar algumas situações prevalentes diante das quais as equipes de saúde da
família devem dialogar na condução dessas diversas situações.

No trabalho da APS é importante o fortalecimento das parcerias locais com


escolas, associações, equipamentos religiosos e outros equipamentos do território.

Diretrizes para conduzir processo e cuidado ao adolescente, a teoria da


integralidade em saúde como eixo norteador, formação da identidade, pertencimento,
mudanças, descobertas, relacionamentos afetivos e com o
35
5. SAÚDE MENTAL DO ADOLESCENTE

grupo de pares, sonhos, planos, trabalho e renda são diretrizes a ser


consideradas. Nessa perspectiva, a importância de romper a construção de projetos
terapêuticos pautados nos problemas, o que significa, posicionar o adolescente
enquanto sujeito de direito, protagonista e engajado em seu cuidado.

Saiba Mais
Sugerimos fortemente que você consulte o documento da Linha de Cuidado
do Adolescente e Jovem (LCA&J) no SUS, no estado de São Paulo (link
disponível no material complementar).

Os profissionais das equipes de saúde da família devem estar atentos às


situações que são sinais de alerta, como: regressões no desenvolvimento; deficiências
(com destaque para a intelectual); comportamento suicida na infância; diminuição
no rendimento escolar; dificuldade no aprendizado; mudanças de comportamento
(autoagressão, mudanças na desenvoltura); comportamentos antissociais; dificuldades
de relacionamento, agitação, hiperatividade, comportamentos desafiadores, medos e
tristezas; dificuldades com o sono; dificuldades com a alimentação; queixas somáticas;
uso abusivo de drogas, alucinações e lesões autoprovocadas.

É muito importante contextualizar e se atentar às queixas dos adolescentes,


entendendo-os como sujeitos integrais e que necessitam de ajuda e de escuta. Evitar
julgamento e atuar com uma atitude acolhedora, amorosa e empática.

Muitos adolescentes perderam entes queridos pelo Covid e o isolamento social


daquele período os fragilizaram ainda mais.

É importante observar o comportamento do adolescente em seu cotidiano e


em suas atividades escolares e a interação social com familiares, amigos e tempo
exposto às redes sociais.
36
5. SAÚDE MENTAL DO ADOLESCENTE

Destacaremos algumas características das seguintes situações e que são


importantes para que o profissional investigue e contextualize as características:

• Autolesão não suicida (ALNS) e Comportamento Suicida;

• Depressão;

• Ansiedade;

• Uso de drogas.

5.1. Autolesão não suicida


Comportamento autoinfligido – através de utilização de instrumentos cortantes
ou escarificantes e/ou queimaduras – repetitivo e sem a intencionalidade suicida, não
explicado por outro diagnóstico psiquiátrico, como transtorno psicótico, transtorno
do espectro autista, entre outros. O objetivo da ALNS relatado pelas crianças e
adolescentes é manejar estados emocionais e dificuldades interpessoais. Trazem
em comum relatos de que tais comportamentos o fazem esquecer de “dores” que
não sabem lidar. É importante investigar qual a relação do uso das redes sociais e a
ALNS, quanto ao uso e as suas motivações, o conteúdo ao qual possui interesse e as
pessoas que mais o influenciam e vivências de situações envolvendo violência virtual.

Figura 5 – síntese dos principais fatores de risco para autolesão não suicida

Fonte: adaptado Autolesão não suicida – assistência e promoção de saúde mental.


Organizadores: Aline Conceição Silva, José Carlos Pereira dos Santos, Kelly G. Giacchero
Vedana. Ribeirão Preto, 2022. Disponível em: Conteúdos Digitais USP <http://conteudos-
digitais.eerp.usp.br/ebooks/Autolesao_nao_suicida_assistencia_e_promocao_de_sau-
de_mental.pdf>. Acesso em set./2023.
37
5. SAÚDE MENTAL DO ADOLESCENTE

O comportamento de ALNS tem maior prevalência de 11 a 13 anos. Importante


fortalecer os fatores de proteção: maiores níveis de autoestima, suporte familiar,
suporte e conexão social, maiores níveis de resiliência, autoeficácia e satisfação com
a vida.

5.1.1. Comportamento suicida

Como avaliar e diferenciar com a ideação e do risco de suicídio.

Na ALNS não está presente a intencionalidade suicida, porém esse


comportamento pode se sobrepor, sendo que é uma condição preditora importante
para o comportamento suicida no futuro.

Diante do número crescente de adolescentes que apresentam algum grau de


sofrimento mental e possuem ideação suicida, a UNICEF em parceria com o Centro
de Valorização da Vida (CVV) destina atendimento de adolescentes e jovens com
ideação suicida. Para mais informações, acesse o site https://www.podefalar.org.br/

As tentativas de suicídio podem ser impulsivas ou associadas a um sentimento


de desesperança, desamparo e desespero. Os fatores de risco para o suicídio são
multifacetados, incluindo o uso nocivo do álcool, abuso na infância, estigma que
dificulta a busca de ajuda. A comunicação em mídias digitais sobre o comportamento
suicida é uma preocupação emergente para essa faixa etária.

5.1.3. Ansiedade

A ansiedade presente como inerente ao cotidiano deve ser diferenciada dos


transtornos ansiosos, quando os níveis ansiosos interferem e prejudicam a realização
de atividades e a qualidade das relações interpessoais, causando sofrimento.

O quadro ansioso destaca-se por exibir muitos sintomas fisiológicos, em resposta


aos diversos neurotransmissores estimulantes que são descarregados quando um
momento de crise, além de respostas emocionais e cognitivas podem variar. Alguns
dos possíveis sinais e sintomas são: sudorese, tremores, taquicardia, dificuldade de
respirar, inquietação, pensamento repetitivos, preocupações constantes, dificuldade
de concentração, irritabilidade, entre outros.
38
5. SAÚDE MENTAL DO ADOLESCENTE

O estilo de vida e tipos de estressores aos quais o adolescente está exposto


devem ser considerados.

A ansiedade e a depressão são situações que se apresentam de forma conjunta


em uma mesma pessoa.

5.1.4. Uso de drogas


O uso de drogas é uma temática complexa e um fenômeno social contemporâneo.

É importante compreender a motivação para o uso que o adolescente refere


e quais são as possíveis consequências deste uso em diversas dimensões da sua
vida e em suas relações interpessoais. Por exemplo, é um adolescente que possui
dificuldade de se relacionar socialmente, por retraimento e relata que quando faz uso
de álcool, sente-se relaxado e desinibido, possibilitando sua maior interação social.

Conhecer e investigar os padrões de uso de substâncias psicoativas, contexto


social, econômico e relações sociais, principalmente familiares e de sua rede de
suporte.

A abordagem acolhedora por parte do profissional colabora para que o


adolescente se sinta seguro e confie para compartilhar seus pensamentos e
sentimentos relacionados ao uso de drogas.
Conclusão

A despeito do espaço para abordar um tema tão complexo e vasto, procuramos


organizar os conteúdos mais relevantes emuma linha histórica e atual. A Atenção
Primária representa para a atenção à saúde da criança e do adolescente o cenário
preferencial para o cuidado, inseridos em seu contexto familiar e social e de maneira
longitudinal. No que diz respeito a esse grupo populacional, muito já se avançou
nos ultímos anos, em diversos âmbitos: politicas, ampliação de serviços e novos
conhecimentos, entretanto, ainda há muitos desafios para qualificar o cuidado,
melhorar processos de trabalho e incluir permanentemente o acesso para as crianças
e adolescentes em diferentes condições e situações de vulnerabilidade e, assim,
desenvolver intervenções nos determinantes e condicionantes do processo saúde-
doença que produzam impactos sobre o desenvolvimento integral e qualidade de vida
de crianças e adolescentes.

Há diversas demandas inter-relacionadas diante do atendimento ao processo


saúde-doença mental ao adolescente, mais especificamente Vivemos um cenário de
escassez de serviços destinados especificamente a essa população, evidenciando
ainda mais, a importância para que os profissionais da atenção primária estejam
atentos e capacitados ao atendimento e ao compartilhamento dos casos no apoio
matricial e na rede de atenção psicossocial (RAPS) e para além dela.

A sensibilização e suporte dos pais ou responsáveis do adolescente é


fundamental para o cuidado de forma mais efetiva. O adolescente se sentir visto,
validado em suas emoções e seguro é fundamental para a construção de vínculo com
o profissional que o atende.

As atuações junto aos pares, focando em trabalhos grupais com jovens líderes
é uma estratégia de cuidado potente em saúde, pois esses jovens líderes podem
ser multiplicadores junto ao adolescente em maior vulnerabilidade. Os jovens líderes
como exemplos e influenciando através de comportamentos saudáveis e reflexões
diante dos diversos temas que envolvem o processo saúde-doença mental.

A atuação intersetorial, principalmente nas áreas da saúde, assistência social


e educação, com o objetivo de atuar na perspectiva da promoção da saúde mental
e também na prevenção, ampliando as estratégias de cuidado à saúde mental
e na detecção das necessidades prioritárias daquela população atendida para o
direcionamento de ações educativas e cuidado, de construção coletiva.
Glossário

Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil (Portaria nº 1. 920, de 5 de setembro de


2013): Integração da Rede Amamenta Brasil e da Estratégia Nacional para Alimentação
Complementar Saudável.

Estresse tóxico: indica uma forte e prolongada ativação dos sistemas de resposta
hormonal diante de situações adversas.

Fatores de proteção: são descritos como recursos pessoais ou sociais que atenuam
ou neutralizam o impacto do risco.

Fator de risco: é uma variável que aumenta a probabilidade do indivíduo adquirir


determinada doença ou sofrer determinada condição quando exposto a ela.

Marco Legal da Primeira Infância: tem como propósitos, entre outros, ampliar o
debate sobre os tipos de cuidado das crianças em diferentes contextos e ambientes,
reforçando que a responsabilidade pela primeira infância é de toda a sociedade.

Redes de Atenção: as Redes de Atenção à Saúde (RAS) são arranjos organizativos


de ações e serviços de saúde, de diferentes densidades tecnológicas que, integradas
por meio de sistemas de apoio técnico, logístico e de gestão, buscam garantir a
integralidade do cuidado (BRASIL, 2010 – Portaria n. º 4. 279, de 30 de dezembro de
2010).

Rede Cegonha (implantada pela Portaria MS nº 1. 459, de 24 de junho de 2011


e alterada pela Portaria MS nº 2. 351, de 5 de outubro de 2011): implantação de
uma rede de cuidados com o objetivo de garantir segurança e qualidade no cuidado
à mulher em todo seu ciclo reprodutivo e garantir segurança à criança pela efetivação
de um cuidado integral ao nascimento, crescimento e desenvolvimento.

Rede Amamenta Brasil (Portaria MS nº 2. 799, de 18 de novembro de 2008):


proteção e apoio ao aleitamento materno.

Programa de Atenção Integrada às Doenças Prevalentes na Infância (AIDPI):


criado em 1996, tinha como objetivo detectar de forma precoce sinais de doença
em crianças menores que 5 anos de idade. O foco do AIDPI estava no diagnóstico e
na prevenção com base em evidências científicas para a abordagem e o manejo de
casos.
Glossário

São Paulo pela primeiríssima infância (SES–SP): foi elaborado sob a premissa da
promoção à saúde integral do DI, desde o nascimento até aos 3 anos; as intervenções
são realizadas em três áreas (saúde, educação e desenvolvimento social) com o
propósito de conscientizar a população sobre a relevância dos primeiros anos de vida
das crianças.

São Paulo carinhosa (SMS- SP): política municipal para o desenvolvimento integral
da primeira infância da cidade de São Paulo, lançada em 2013 com o objetivo de
promover, articular, coordenar, divulgar e ampliar ações voltadas para a promoção do
DI integral de 0 a 6 anos de idade.
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