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Acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa 09/10/23, 10:36
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I–RELATÓRIO:
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VB. (cfr. fls. 184 e ss. dos autos e acta de audiência de discussão e
julgamento de 22.05.2018 – Ref.ª CITIUS n.º 137508604).
L.-O facto constante da alínea k) dos Factos não Provados [“as
plantas referidas no ponto xxiv) constituíam cerca de 80% das
que foram plantadas, ficaram queimadas em consequência da
inoperância do sistema de rega, decorrente do não funcionamento
da energia elétrica contratada à R.”] resultou provado por
depoimento das testemunhas: (i) VB. (cfr. fls. 184 e ss. dos autos e
acta de audiência de discussão e julgamento de 22.05.2018 – Ref.ª
CITIUS n.º 137508604); (ii) AA. (cfr. fls. 184 e ss. dos autos e acta
de audiência de discussão e julgamento de 22.05.2018 – Ref.ª
CITIUS n.º 137508604); (iii) NS. (cfr. fls. 184 e ss. dos autos e acta
de audiência de discussão e julgamento de 22.05.2018 – Ref.ª
CITIUS n.º 137508604); e ainda (iv) MS. (cfr. fls. 184 e ss. dos
autos e acta de audiência de discussão e julgamento de 22.05.2018
– Ref.ª CITIUS n.º 137508604), devendo ser aditado à Matéria de
Facto.
M.-O facto constante da alínea l) dos Factos não Provados [“o
piquete quando efectuou a deslocação a que se refere o art. 43.º
da PI, fê-lo “sem concretizar no entanto que tipo de anomalia
estava a ocorrer””] resultou provado pelo documento n.º 1 junto
aos autos pela 2.ª Apelada no seu Requerimento com a Ref.ª
CITIUS n.º 28774739, apresentado em 09.04.2018 (cfr. fls. 155 v
dos autos), motivo pelo qual deve ser aditado à Matéria de Facto.
N.-O facto constante da alínea m) dos Factos não Provados [“a
existência no local de pico de corrente”] resultou provado por
depoimento da testemunha NM. (cfr. fls. 192 e ss. dos autos e acta
de audiência de discussão e julgamento de 11.06.2018 – Ref.ª
CITIUS n.º 137734246), devendo ser aditado à Matéria de Facto.
O.-O facto constante da alínea o) dos Factos não Provados [“a
inoperância do sistema de rega foi consequência dos picos de
corrente eléctrica/sobretensões”] resultou provado pelo (i)
documento n.º 12 junto aos autos com a Petição Inicial (fls. 33 e
ss. dos autos) e pelo (ii) documento n.º 13 junto aos autos com a
Petição Inicial (fls. 34 e ss. dos autos), bem como pelo depoimento
das testemunhas (iii) VB. (cfr. fls. 184 e ss. dos autos e acta de
audiência de discussão e julgamento de 22.05.2018 – Ref.ª
CITIUS n.º 137508604); (iv) AA. (cfr. fls. 184 e ss. dos autos e acta
de audiência de discussão e julgamento de 22.05.2018 – Ref.ª
CITIUS n.º 137508604); e (v) JS. (cfr. fls. 184 e ss. dos autos e
acta de audiência de discussão e julgamento de 22.05.2018 – Ref.ª
CITIUS n.º 137508604), pelo que deve ser aditado à Matéria de
Facto.
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testemunhas: (ii) MS. (cfr. fls. 184 e ss. dos autos e acta de
audiência de discussão e julgamento de 22.05.2018 – Ref.ª
CITIUS n.º 137508604) e (iii) CR. (cfr. fls. 184 e ss. dos autos e
acta de audiência de discussão e julgamento de 22.05.2018 – Ref.ª
CITIUS n.º 137508604), bem como pelo (iv) depoimento realizado
aquando do Depoimento de Parte do Legal Representante de 1.ª
Ré, LG. (cfr. fls. 184 e ss. dos autos e acta de audiência de
discussão e julgamento de 22.05.2018 – Ref.ª CITIUS n.º
137508604), devendo ser aditado à Matéria de Facto.
T.-O facto constante da alínea t) dos Factos não Provados
[“devido à danificação por diversas vezes dos equipamentos
electrónicos, com consequente queima da plantação de Peónias, a
A. deixou de poder, exercer a sua actividade de plantação e
colheita das plantas”] resultou provado por depoimento das
testemunhas (i) AA. (cfr. fls. 184 e ss. dos autos e acta de
audiência de discussão e julgamento de 22.05.2018 – Ref.ª
CITIUS n.º 137508604); (ii) NS. (cfr. fls. 184 e ss. dos autos e acta
de audiência de discussão e julgamento de 22.05.2018 – Ref.ª
CITIUS n.º 137508604); e ainda (iii) MS. (cfr. fls. 184 e ss. dos
autos e acta de audiência de discussão e julgamento de 22.05.2018
– Ref.ª CITIUS n.º 137508604), devendo ser aditado à Matéria de
Facto.
U.-O facto constante da alínea u) dos Factos não Provados [“em
consequência a A. perdeu 80% da sua produção do ano de 2015 e
2016, num total de 4.327 rizomas, ou seja, assumindo um custo de
€ 12.311,58”] resultou provado por depoimento das testemunhas
(i) NS. (cfr. fls. 184 e ss. dos autos e acta de audiência de discussão
e julgamento de 22.05.2018 – Ref.ª CITIUS n.º 137508604); e
ainda (ii) MS. (cfr. fls. 184 e ss. dos autos e acta de audiência de
discussão e julgamento de 22.05.2018 – Ref.ª CITIUS n.º
137508604), motivo pelo qual deve ser aditado à Matéria de
Facto.
V.-O facto constante da alínea v) dos Factos não Provados [ao
custo mencionado na alínea u) “acresce um custo de mão-de-obra
desperdiçada na plantação de € 1.450,00”] resultou provado pelo
documento n.º 15 junto aos autos com a Petição Inicial da Autora
(cfr. fls. 36 e ss. dos autos), pelo que deve ser aditado à Matéria de
Facto.
W.-O facto constante da alínea x) dos Factos não Provados [“um
rizoma produz em média 3 flores no primeiro ano e 5 flores no
segundo, possuindo a Peónia um valor de mercado aproximado
de € 3,00”] resultou provado por (i) documento junto aos autos
com a Petição Inicial (cfr. fls. 31 e ss. dos autos), bem como por
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(ii) depoimento da testemunha MS. (cfr. fls. 184 e ss. dos autos e
acta de audiência de discussão e julgamento de 22.05.2018 – Ref.ª
CITIUS n.º 137508604).
X.-A Apelada incumpriu o contrato de fornecimento de
eletricidade, em termos da qualidade do serviço e do dever de
informação a que se encontrava obrigada pelo que é responsável
pelo incumprimento das referidas obrigações que não cumpriu
pontualmente – cfr. os arts. 406.º, n.º 1 e 798.º do Código Civil.
Y.-Em sede de responsabilidade contratual, a culpa é presumida,
consoante é sublinhado pelos acórdãos do Tribunal da Relação de
Lisboa de 25.09.2014 (Relator: António Martins), de 26 de
Novembro de 2009 (Relator: Fátima Galante), e de 25 de junho
de 2009 (Relator: Rosário Gonçalves) – cfr. o art. 799.º, n.º 1 do
Código Civil.
Z.-Do contrato de fornecimento celebrado, bem como da
aplicação do Regulamento da Qualidade de Serviço do Setor
Elétrico, ex vi o art. 2.º n.º 1, al. a) e n.º 2, al. g), do Manual de
Procedimento da Qualidade de Serviço Elétrico, ambos da
Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos e as Diretivas da
ERSE n.º 20/2013 n.º 21/2013, resulta a obrigação da 1.ª Apelada
de observar os parâmetros gerais e individuais de qualidade de
serviço – arts 4.º, n.º 1, e 19.º do RQS – consagrando este último a
obrigação da 1.ª Apelada obedecer a elevados padrões de
qualidade – arts 7.º do RQS.
AA.-As instalações da Apelante encontram-se inseridas na zona
de qualificação A – cfr. o disposto no Procedimento n.º 1 do
MPQS – devendo as características da onda de tensão de
alimentação nos pontos de entrega (PdE) de baixa tensão (BT)
respeitar o disposto na norma NP EN 50160 – cfr. o art. 26.º, n.º 3,
al. b), do RQS – o que não se verificou.
BB.-A 1.ª Apelada violou, ainda, os parâmetros de qualidade de
serviço, o que corresponde a sucessivo incumprimento das
obrigações emergentes do contrato de fornecimento de
eletricidade, presumindo-se ainda a conduta da 1.ª Apelada
culposa em sede extraobrigacional – cfr. o art. 493.º, n.º 2, do
Código Civil.
CC.-A indemnização peticionada pela Apelante abrange os danos
emergentes e lucros cessantes que se hajam verificado na sua
esfera jurídica – cfr. os arts. 562.º e 564.º, n.º 1, do Código Civil.
DD.-A 2.ª Apelada, ao ser admitida como interveniente principal,
interveio na causa enquanto associada da 1.ª Apelada, sendo-lhe
aplicável o peticionado em sede de Petição Inicial contra esta,
devendo ser responsabilizada pelos danos causados à Apelante.
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II–ÂMBITO DO RECURSO:
Como se sabe, é pelas conclusões com que o recorrente remata a
sua alegação, aí indicando, de forma sintética, os fundamentos
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III–FUNDAMENTOS:
3.1–Fundamentos de facto:
A sentença recorrida considerou provados os seguintes factos:
1.- A A. decidiu desenvolver a atividade de plantação e colheita de
plantas, em particular de Peónias, solicitando para o efeito o apoio
do IFAP em 18-06-2014, o que resultou na obtenção de um subsídio
para esse efeito.
2.- A atividade da A. é exercida na Rua _____, num terreno
agrícola afeto a reserva especial agrícola, apenas apto ao cultivo, e
no qual não existe qualquer construção edificada
3.- No âmbito da sua atividade a A. comprou à _____, empresa
holandesa, em 13.10.2014, 5.165 rizomas de Peónias (500 peónias
“Duchesse de Nemours”, 1110 peónias “Gardénia”, 885 peónias
“Henry Bockstoce”, 1000 peónias “Kansas”, 70 peónias “Laura
Dessert”, 1200 peónias “Sarah Bernhardt” e 400 peónias
“Sorbet”), rizomas de uma evolução de 3/5 olhos;
4.-Num valor total de € 14.691,50, os quais foram pagos pela A. ao
seu fornecedor.
5.-A autora plantou rizomas de Peónia no terreno agrícola referido
no ponto 2.
6.-Para que as plantas pudessem ser devidamente irrigadas no
terreno agrícola referido no ponto 2., durante o tempo seco (época
do Verão) a A. requisitou à “E. DISTRIBUIÇÃO”, em 20-05-2015,
uma ligação de eletricidade (Baixa Tensão) para o mesmo terreno,
sob o pedido “outras alimentações”, realizado em formulário da “E.
DISTRIBUIÇÃO”, com tensão de fornecimento 230/400 e potência
requisitada de 20,7 kVA.
7.-A 30-06-2015, a A. e R. celebraram entre si contrato pré-
elaborado pela R., denominado de “Contrato de Fornecimento de
Eletricidade”.
8.-Por essa via, a R. obrigou-se a fornecer à A. energia elétrica,
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facto e o dano.
Daí que se deva considerar que são reduzidas as diferenças entre
a responsabilidade obrigacional e a responsabilidade delitual,
uma vez que entre ambas existe uma única fonte: a
responsabilidade civil.
Sendo assim comuns os pressupostos da responsabilidade delitual
e obrigacional, sucede, porém, que vigoram regras diferentes
para a prova desses pressupostos. Efectivamente, o art. 799.º do
C.C. vem referir que incumbe ao devedor provar que a falta de
cumprimento ou o incumprimento defeituoso da obrigação não
procede de culpa sua, o que implica o estabelecimento de uma
presunção de culpa em relação ao devedor de que o
incumprimento lhe é imputável, dispensando assim o credor de
efectuar a prova correspondente (art. 351.º, nº 1, do C.C.).
Relativamente aos outros pressupostos da responsabilidade
obrigacional, como o facto ilícito, o dano e o nexo de causalidade,
eles não se encontram referidos na presunção do art. 799.º, do
C.C., que levaria, em princípio, à aplicação do regime geral do
art. 342.º, nº 1, do C.C., já que sendo os restantes pressupostos da
responsabilidade obrigacional factos constitutivos do direito à
indemnização, teriam que ser provados pelo credor para que o
tribunal julgue a acção procedente.
No entanto, tendo a responsabilidade obrigacional como
pressuposto a violação de uma obrigação, esta não se pode
constituir sem a existência prévia de um direito de crédito, cuja
existência tem assim que ser provada pelo credor, nos termos do
art. 342.º, n.º 1, do C.C..
Ora, o cumprimento da obrigação aparece como facto extintivo
desse direito de crédito, o que nos termos do art. 342.º, n.º 2, do
C.C., leva que se tenha de ser provado pelo devedor.
Mas, nestes termos, se o credor provar a existência do direito de
crédito, parece que ficará dispensado de provar a inexecução da
obrigação, uma vez que é o devedor que tem que provar o seu
cumprimento. Se, no entanto, o facto ilícito não for a mera
inexecução da obrigação, resultante da abstenção do devedor,
mas antes uma conduta positiva, como o cumprimento defeituoso
da obrigação (…), já será o credor a ter que provar essa conduta,
uma vez que nesses casos a prova da inexecução da obrigação não
pode ser dispensada através da regra do art. 342.º, n.º 2, do C.C..
Relativamente ao dano, parece claro que ele tem que ser
demonstrada pelo credor, sem o que não poderá judicialmente
qualquer indemnização[9].
Segundo Nuno Manuel Pinto Oliveira, «os requisitos gerais da
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art. 798º diz: [o] devedor que falta […] ao cumprimento torna-se
responsável pelos prejuízos que cause ao credor.
(…)
Os conceitos de tipicidade e de ilicitude podem – e devem –
distinguir-se.
O tipo objectivo da responsabilidade constrói-se através do
conceito de falta de cumprimento - e o conceito de falta de
cumprimento através do conceito de desconformidade objectiva
(de “desencontro objectivo”) entre a conduta adoptada e a
conduta devida. Entre aquilo que o devedor fez e aquilo que o
devedor devia fazer.
A conduta do devedor estará em conformidade com o art. 798.º
(…) quando estiver em desconformidade com os deveres de
prestação compreendidos na relação negocial.
Está provado que «em 17-08-2015 uma parte não apurada das
plantas existentes no local encontrava-se queimada.»
IV–DECISÃO:
Por todo o exposto, acordam os juízes que integram esta 7.ª
Secção do Tribunal de Relação de Lisboa, em julgar a apelação
improcedente, confirmando, em consequência, a sentença
recorrida.
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Relator
José Capacete
Adjuntos
Carlos Oliveira
Diogo Ravara
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