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®

n.º
18 REVISTA INFORMATIVA DA SOCIEDADE PORTUGUESA DO ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL
SEMESTRAL / DEZEMBRO 2021 / ANO 7 / EDIÇÃO DIGITAL

Avanços na
investigação
sobre AVC

ESOC apresenta resultados


de ensaios clínicos
Reuniões de outono debatem
hot topics da especialidade
ÍNDICE DE CONTEÚDOS

NESTA EDIÇÃO STROKE:


04 EDITORIAL | 2022: novos desafios, esperança renovada

06 ABERTURA | ESOC 2021 apresenta resultados de ensaios clínicos e promove network


entre profissionais de saúde através de plataforma digital e vídeos formativos

08 ESPECIAL 12.ª REUNIÃO NACIONAL UAVC | Balanço de atividade da iniciativa


Angels

11 ESPECIAL 12.ª REUNIÃO NACIONAL UAVC | Stenting ou endarterectomia


na abordagem à estenose carotídea: eis a questão

12 ESPECIAL 12.ª REUNIÃO NACIONAL UAVC | Abordagem completa na gestão


do doente anticoagulado

15 ESPECIAL 12.ª REUNIÃO NACIONAL UAVC | Desafios da insularidade no


tratamento do AVC

16 ESPECIAL 12.ª REUNIÃO NACIONAL UAVC | Pugnar pela excelência no combate


ao AVC

17 ESPECIAL 12.ª REUNIÃO NACIONAL UAVC | Aposta na reabilitação especializada


pós-AVC

19 ESPECIAL 12.ª REUNIÃO NACIONAL UAVC | Contributo dos métodos de


imagem avançada na gestão do AVC isquémico

20 ESPECIAL 19.ª REUNIÃO ANUAL SPAVC | Vencer dificuldades na gestão da


estenose intracraniana no doente jovem

21 ESPECIAL 19.ª REUNIÃO ANUAL SPAVC | O papel da telemedicina no tratamento


do AVC agudo

23 ESPECIAL 19.ª REUNIÃO ANUAL SPAVC | Registos nacionais de AVC: que lições?

24 ESPECIAL 19.ª REUNIÃO ANUAL SPAVC | Impacto neurológico da COVID-19

25 ESPECIAL 19.ª REUNIÃO ANUAL SPAVC | Paradigmas inovadores de reabilitação


para sobreviventes de AVC
ÍNDICE DE CONTEÚDOS

26 ESPECIAL DIA NACIONAL DO BOMBEIRO PROFISSIONAL | Dia Nacional do


Bombeiro Profissional assinalado pela SPAVC

27 ESPECIAL DIA MUNDIAL DO AVC | SPAVC e Boehringer Ingelheim lançam


campanha para mostrar que “Minutos Salvam Vidas”

28 NOTÍCIAS

29 NOTÍCIAS DA CIÊNCIA

31 ARTIGO DA EDIÇÃO | AVC em Portugal: Um combate a não perder!

32 REPORTAGEM UAVC | UAVC de Macedo de Cavaleiros: Multidisciplinaridade em


prol da melhoria dos cuidados ao doente com AVC no distrito de Bragança

35 NOTA FINAL | Em contagem decrescente para o 16.º Congresso Português do


AVC: Celebrar o “Finalmente”

37 AGENDA | Próximos Eventos

Clique para ver o vídeo

“If you don’t see, you cannot treat a patient”


Philips Azurion Neurosuite
EDITORIAL

2022:
NOVOS
DESAFIOS,
ESPERANÇA
RENOVADA
Prof.ª Diana Aguiar de Sousa
Secretária da Direção da SPAVC,
Triénio 2021-2023; Neurologista
do Hospital de Santa Maria

V
olvido o segundo ano em que acessível, incluindo agora muitos da- hospitais portugueses, assim como
vivemos uma realidade ainda queles que, por razões geográficas, vários trabalhos de iniciativa portu-
muito longe do que conhecía- profissionais ou pessoais, se encon- guesa, comprovando o dinamismo
mos como normalidade, refletimos travam mais limitados na sua capa- da investigação nacional na área do
sobre o que conseguimos atingir e cidade de participar nestes eventos. AVC. Neste âmbito, assinalamos a
olhamos para o futuro. Entretanto, pudemos comprovar apresentação na sessão plenária de
A par com o avassalador impacto na cabalmente como é importante que abertura deste congresso, dedicada
prestação de cuidados de saúde, ao a comunidade científica dedicada a grandes estudos e ensaios clínicos,
qual as atividades das sociedades áreas não diretamente relacionadas de um estudo coordenado pelo Prof.
científicas não são alheias, a persis- com a pandemia continue a laborar Doutor José Ferro, focado no trata-
tente pandemia trouxe muitas mu- de forma tão regular quanto possí- mento com craniectomia descom-
danças à nossa forma de interação, vel durante estes (prolongados) pe- pressiva em doentes com trombose
às quais nos temos progressivamen- ríodos de conturbação e, com ela, venosa cerebral. Foi também um
te adaptado. Felizmente, a nível glo- as respetivas sociedades científicas, sinal positivo o convite de quatro
bal, a redução dramática das possi- tanto no seu papel de promoção do portugueses para realização de pa-
bilidades de encontro presencial foi intercâmbio científico e educação lestras como orador convidado.
acompanhada pelo surgimento de como na representação dos profis- A mudança do ano dá-nos ainda
uma profusão de eventos virtuais. Se sionais. Tempo continua a ser cére- uma oportunidade de pensarmos
por um lado esta mudança nos reti- bro, e é absolutamente fundamental nos desafios que temos pela frente,
ra a energia e motivação que advêm que seja mantido o progresso, cientí- especialmente numa fase em que
das discussões informais nas reu- fico e na organização dos cuidados, reina o sentimento de incerteza. Cer-
niões tradicionais, devemos também numa doença tão prevalente e po- tos que 2022 trará novas oportunida-
destacar como esta conversão ao tencialmente grave como o AVC. des, mas também novos obstáculos
digital tornou a comunicação mais É, por isso, com orgulho que regis- para transpor, continuaremos a ser
tamos a enorme participação no criativos e perseverantes. Em relação
congresso nacional e nas restantes às conferências e reuniões científi-
Tempo continua conferências virtuais da SPAVC no cas, fica a esperança de que breve-
a ser cérebro, e é ano de 2021. Para além da vasta dis- mente seja possível, a nível nacional
absolutamente tribuição geográfica da audiência e internacional, reunir o melhor dos
nacional, pudemos continuar a con- dois formatos.
fundamental que tar com a contribuição de dezenas
seja mantido o de preletores internacionais, que Mais uma vez, agradecemos a todos
progresso, científico são uma referência nas suas áreas os sócios da SPAVC e, de uma forma
de interesse. Mas também a nível geral, à comunidade de profissionais
e na organização dos Europeu, em que o formato virtual envolvidos na prevenção e tratamen-
cuidados, numa doença continuou a prevalecer, a participa- to do AVC, pelo seu trabalho incansá-
tão prevalente ção Portuguesa merece destaque. vel e pela entusiástica participação
Foram apresentados na ESOC 2021 em todas as atividades que desenvol-
e potencialmente os resultados de colaborações inter- vemos no ano de 2021. Juntos, conti-
grave como o AVC nacionais que estiveram envolvidos nuaremos a combater o AVC.

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TEMA DE ABERTURA

ESOC 2021 apresenta resultados de ensaios clínicos


e promove network entre profissionais de saúde através
de plataforma digital e vídeos formativos
A 7th European Stroke Organisation Conference (ESOC) decorreu em formato totalmente virtual entre os dias 1 e 3
de setembro, sendo palco para a apresentação de resultados de grandes ensaios clínicos, como em edições anterio-
res. Passamos em revista alguns dados relevantes para a prática clínica no campo do acidente vascular cerebral e
partilhamos o acesso aos respetivos vídeos de entrevistas promovidas pela ESO com os investigadores principais. O
evento decorreu através de uma plataforma digital imersiva, permitindo manter a interatividade entre participantes
e o acesso a informação diversificada e em diferido, que ainda continua disponível para todos os congressistas.

/ TRAIGE trial | Ensaio multicêntrico controlado e randomizado, realizado na China, que investigou a efi-
cácia do ácido tranexâmico, em comparação com placebo, num grupo de 171 doentes selecionados, que
apresentavam aspetos imagiológicos de alto risco, indicando expansão de hemorragia intracraniana (HIC).
Não foram encontradas diferenças significativas entre os grupos nas 8 nem nas 24 horas após a instalação
de sintomas; a mortalidade após 90 dias não foi estatisticamente significativa. Uma análise de subgrupo
sugere benefícios do ácido tranexâmico quando administrado num período de 4,5 horas após a instalação
de sintomas, mas serão necessários estudos adicionais para avaliar a segurança e eficácia do ácido tranexâ-
mico nos doentes com HIC.
Clique AQUI para assistir ao vídeo (Yvonne Chun entrevista Jingyi Liu e Liping Liu).

/ ANNEXA4 Study | Neste estudo de coorte prospetivo, foram recrutados 479 doentes com hemorragia
major enquanto tomavam inibidores de FXa, sendo que mais de dois terços apresentavam hemorragia
cerebral e tinham recebido a última dose de inibidor FXa nas últimas 18 horas. O tratamento com o agen-
te reversor deste tipo de anticoagulantes (como o apixabano e o rivaroxabano) - Adexanet Alfa - reduziu
com sucesso a atividade anti-FXa e alcançou uma hemostasia boa ou excelente em 80% dos doentes,
independentemente de idade, sexo, local da hemorragia ou dose do reversor. Ocorreram eventos inde-
sejados de coagulação (trombóticos) em 50 doentes (10%) em 30 dias e não houve eventos trombóticos
após o reinício da anticoagulação oral.
Clique AQUI para assistir ao vídeo (Floris Schreuder entrevista Truman Milling e Saskia Middeldorp).

/ DECOMPRESS2 Study (Resultados Finais) | Este estudo multicêntrico prospetivo observacional,


envolvendo 118 doentes, procurou avaliar o benefício da neurocirurgia descompressiva em doentes
com trombose venosa central (TVC), sendo que o nível de incapacidade foi medido na escala de Rankin
na alta, 6 e 12 meses após o tratamento. A opinião do doente/cuidador sobre o benefício da cirurgia
também foi registada. Apesar de se tratar de uma condição clínica grave, um ano após a neurocirurgia
descompressiva, dois terços dos doentes com TVC estavam vivos e mais de um terço independentes
(33,9% dos doentes morreram; 35,6% eram independentes; 10,2% eram gravemente dependentes). A
neurocirurgia descompressiva foi considerada benéfica por 4 em cada 5 doentes/cuidadores.
Clique AQUI para assistir ao vídeo (Bart van der Worp entrevista José Ferro).

/ MR ASAP trial | Ensaio clínico randomizado multicêntrico que avaliou o efeito da aplicação de
nitroglicerina em adesivo transdérmico nas 3 horas seguintes ao início de sintomas em doentes com
suspeita AVC isquémico agudo ou hemorragia intracerebral. O objetivo seria envolver 1400 doentes no
total, mas o recrutamento foi interrompido após os primeiros 326 por razões de segurança. Os dados do
presente estudo não evidenciaram o benefício da nitroglicerina na fase pré-hospitalar do AVC.
Clique AQUI para assistir ao vídeo (Valeria Caso entrevista Bart van der Worp).

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TEMA DE ABERTURA

/ MR CLEAN-MED Trial | Será que administração de medicamentos antitrombóticos (aspirina ou heparina)


durante o procedimento endovascular melhora a reperfusão distal e os outcomes clínicos em doentes
com AVC isquémico de grandes vasos? Foi a questão a que este ensaio clínico multicêntrico se propôs
responder, com a perspetiva de envolver 1500 doentes. No entanto, o estudo foi interrompido por razões
de segurança, dado o aumento do risco de hemorragia intracraniana sintomática. O uso de aspirina e
herapina nas doses estudadas durante a terapia endovascular é desaconselhado devido a uma relação
risco-benefício desfavorável.
Clique AQUI para assistir ao vídeo (Diana Aguiar de Sousa entrevista Wouter van der Steen).

/ SOSTART trial & RESTART follow-up | Será seguro e benéfico iniciar anticoagulação oral (ACO) em
sobreviventes adultos de hemorragia intracraniana espontânea (não traumática) que também têm
fibrilhação auricular? Esta pergunta foi o ponto de partida para o ensaio clínico aleatorizado e controlado
que envolveu 203 participantes. O estudo piloto não encontrou evidências de que iniciar ACO fosse não-
inferior a evitar ACO. Este tratamento pode ser benéfico na redução de eventos vasculares sintomáticos
major, no entanto existe risco aumentado de hemorragia intracraniana fatal. Em relação ao follow-up do
estudo RESTART, apresentado em 2019, o qual demonstrou ser seguro iniciar terapia antiplaquetária em
sobreviventes de hemorragia intracerebral durante 2 anos, vem agora alargar este período de tempo para
3,4 anos num conjunto de 537 doentes. O braço medicado com terapêutica antiplaquetária demonstrou
novamente a tendência para menos eventos vasculares graves.
Clique AQUI para assistir ao vídeo (Alastair Webb entrevista Rustam al-Shahi Salman).

/ TIMING study | Este estudo aleatorizado baseado em dados do registo sueco de AVC (Rikstroke),
pretendeu determinar o “timing” ideal para iniciar terapêutica anticoagulante após um AVC isquémico.
O estudo, que envolveu 888 doentes, constatou que a iniciação precoce (nos 4 dias pós-AVC) de
anticoagulantes orais diretos (AOD) foi não-inferior à iniciação tardia (5-10 dias pós-AVC), no que diz
respeito ao outcome combinado de AVC isquémico recorrente, hemorragia intracerebral sintomática
ou mortalidade por todas as causas. Nenhuma hemorragia intracerebral sintomática foi observada em
qualquer grupo de estudo.
Clique AQUI para assistir ao vídeo (Mira Katan entrevista Signild Asberg e Jonas Oldgren).

/ NETs trial | Neste ensaio duplamente cego, aleatorizado e controlado, 123 doentes com AVC ligeiro a
moderado foram divididos entre placebo e estimulação transiente por corrente contínua (TDCS) durante
a fase subaguda após um evento de AVC (média 20 dias). Não foi verificada uma diferença significativa
na função dos membros superiores entre os dois grupos. Pode haver uma série de razões potenciais
para a falta de efeito do TDCS neste estudo, como a intensidade da estimulação ser baixa, o tempo de
intervenção tardio ou cedo demais, e/ou o grau de défice instalado tender para ligeiro. Nesse sentido,
serão necessários estudos futuros para aprofundar este tema.
Clique AQUI para assistir ao vídeo (Jesse Dawson entrevista Christian Gerloff).

/ SWIFT DIRECT trial (Análise preliminar) | Este estudo procurou avaliar se a trombectomia mecânica
isolada é não inferior à trombectomia combinada com trombólise endovenosa prévia (administrada nas
4.5 horas após o início dos sintomas) em doentes com AVC isquémico causado por oclusão proximal da
circulação anterior. Uma análise preliminar de 404 doentes mostrou não-inferioridade estatística, quer
em termos de segurança como de outcome clínico.

Para aceder aos restantes vídeos com a análise de outros estudos apresentados na ESOC 2021,
consulte o canal oficial de YouTube da ESO.

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ESPECIAL 12.ª REUNIÃO NACIONAL UAVC

BALANÇO DE ATIVIDADE DA INICIATIVA ANGELS

À semelhança de anos anteriores, a 12.ª Reunião Nacional das Unidades


de AVC foi precedida pela sessão online dedicada à Iniciativa Angels, que
passou em revista os principais projetos levados a cabo pela organização,
Ânia Gonçalves
no último ano.

Ocupando a manhã do dia 24 de se- A evidência cada


tembro, a Sessão Angels visou a “par-
tilha de informação” sobre as ativida-
vez mais tem
des promovidas pela Iniciativa Angels vindo a sustentar
no último ano, como começou por “a importância Lorenza Spagnuolo
indicar Ânia Gonçalves, consultora da
Iniciativa Angels em Portugal.
da simulação no
Embora o foco do encontro tenha tratamento do AVC”, ao
recaído sobretudo sobre a atua- permitir “o treino em
ção desta instituição no nosso País,
coube a Lorenza Spagnuolo, líder
ambiente controlado
de equipa Angels Oeste, dar uma com oportunidade de
perspetiva sobre o trabalho desen- prática e avaliação” Cláudia Queiroga
volvido, a nível global, pela Iniciativa
Angels, “que iniciou a sua jornada,
em 2016, com o objetivo de contri- nas mais diversas áreas, com a chan-
buir para assegurar a prestação dos cela Angels, como simulações, regis-
melhores cuidados aos doentes com tos, webinars, entre outros.
AVC”. Ainda a propósito desta inter-
venção, Cláudia Queiroga, project / A importância de monitorizar
manager da Iniciativa Angels, adian- a qualidade
tou que a organização “está a pre- Ana Gomes
parar um novo website” e chamou No âmbito desta revisão de ati-
a atenção para “os novos cursos de vidades, mereceram destaque os
e-learning” lançados em 2021. resultados da terceira edição do
Em seguida, Ânia Gonçalves retomou Projeto “Melhora Quem Sabe”,
a palavra para fazer um balanço dos apresentados pela Dr.ª Ana Gomes,
projetos realizados em solo nacional, coordenadora da Unidade de AVC
do Centro Hospitalar Tondela-Viseu
e coordenadora do RES-Q em Por-
tugal. Concebida como “um proje- Assunção Matos
Os dados recolhidos to de monitorização de qualidade,
apontam para um que tem por base o registo RES-Q”,
na última edição, decorrida en-
“NIHSS mediano tre 15 e 30 de março de 2021, esta
à admissão de 7, iniciativa, apoiada pela Sociedade
correspondendo a Portuguesa do AVC e pelo Núcleo
de Estudos da Doença Vascular
66 procedimentos Cerebral da Sociedade Portuguesa Gonçalo Vital
de recanalização: de Medicina Interna, contou com a
24% dos casos por participação de “17 unidades hos-
pitalares nacionais, num total de
trombólise endovenosa, 202 registos”, notou a oradora.
59% por tratamento Segundo esta especialista, em con-
endovascular e em clusão, os dados recolhidos apontam
para um “NIHSS [National Institutes
17% os dois tipos of Health Stroke Scale] mediano à
de tratamento” admissão de 7, correspondendo a

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ESPECIAL 12.ª REUNIÃO ANUAL UAVC

66 procedimentos de recanalização:
24% dos casos por trombólise en-
dovenosa, 59% por tratamento en-
dovascular e em 17% os dois tipos
de tratamento”. Já os “tempos me-
dianos porta-agulha, porta-punção
e door-in-door-out foram de 40, 30 e
113 minutos, respetivamente”. Outros
dados colocados em evidência pela
médica foram o “mRS [modified ran-
king scale] pré-AVC de 0 e à alta de 2”.
Paralelamente, salientou a preletora,
“49% dos doentes tiveram alta para o
domicílio, 92% realizaram rastreio de
disfagia – realizado nas primeiras 24
horas, em 47% dos casos – e 76% re-
ceberam avaliação para reabilitação
nas primeiras 72 horas”.

/ O poder das simulações

A experiência ao abrigo do projeto Sob o mote “Intervenção transdisci- o trabalho levado a cabo pelo grupo
desenvolvido pela Iniciativa Angels, plinar em pacientes com distúrbios de enfermeiros dedicados à aborda-
em parceria com o centro de simu- de comunicação e deglutição pós- gem do AVC, Portugal Angels Nurses
lação SIMULA da Escola Superior de -AVC”, este projeto contemplou a Task Force.
Saúde da Universidade de Aveiro, foi realização de um workshop de dois
transmitida, por seu turno, pela Prof.ª dias, com o propósito de difundir
Assunção Matos, terapeuta da fala e “um conhecimento sistemático,
docente nessa mesma instituição. De atualizado e fundamentado na evi- Consulte o website da Angels,
acordo com esta oradora, a evidên- dência sobre distúrbios posturais, com conteúdos em português!
cia cada vez mais tem vindo a sus- de comunicação e de deglutição
tentar “a importância da simulação em pacientes com AVC, com ênfase • Aprendizagem interativa
no tratamento do AVC”, ao permitir “o numa abordagem transdisciplinar”, • Checklists para download
treino em ambiente controlado com resumiu a palestrante. • Vídeos demonstrativos
oportunidade de prática e avaliação, Finalmente, a sessão culminou com
• Recursos para Doentes
obtendo resultados melhores e mais uma breve apresentação conduzida
duradouros comparativamente a ou- pelo Enf. Gonçalo Vital, enfermeiro • Cursos e-Learning
tros tipos de abordagem de educa- coordenador da Via Verde de AVC do • e muito mais para explorar
ção clínica”. Hospital Distrital de Santarém, sobre

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SAVE

LEAVE YOUR LEGACY


ESPECIAL 12.ª REUNIÃO NACIONAL UAVC

STENTING OU ENDARTERECTOMIA
NA ABORDAGEM À ESTENOSE Saiba mais assistindo ao vídeo:

CAROTÍDEA: EIS A QUESTÃO


As diretrizes da European Stroke Organisation (ESO) a respeito do trata-
mento da estenose carotídea presidiram ao debate inaugural da 12.ª Re-
união Nacional das Unidades de AVC. A sessão intitulada “Guidelines ESO
– Perspetivas” incidiu ainda sobre as recomendações deste organismo eu-
ropeu relativamente à gestão da pressão arterial (PA) na resposta terapêu-
tica à hemorragia intracerebral e ao AVC isquémico agudo.

Na mesa-redonda, que contou com a medida dos doentes, com formas “sendo que o grau de evidência é
moderação do Prof. Manuel Correia, personalizadas para cada estenose claramente diferente nas estenoses
diretor do Serviço de Neurologia do carotídea”, sem esquecer também o sintomáticas, que correspondem aos
Centro Hospitalar Universitário do contributo da “inteligência artificial e doentes que mais necessitam da nos-
Porto, e da Prof.ª Diana Aguiar de Sou- da robótica” a este nível. sa intervenção”, sublinhou. Reiteran-
sa, neurologista do Centro Hospitalar do que nas estenoses sintomáticas
Universitário Lisboa Norte/Hospital de / Procedimentos concorrentes ou superiores a 70% “a evidência clara-
Santa Maria e secretária da Direção da complementares? mente favorece a endarterectomia”,
SPAVC, tomou inicialmente a palavra este palestrante enfatizou que a
a Prof.ª Isabel Fragata, neurorradiolo- Intervindo no debate de modo a re- mesma deve ser executada “com al-
gista de intervenção do Centro Hospi- cusar uma lógica de antagonismo e guma precocidade, idealmente nas
talar Universitário de Lisboa Central/ propondo, ao invés, um entendimento primeiras duas semanas”.
Hospital de São José, para se pronun- de interdependência, o Prof. Armando “A endarterectomia não deixa de ser
ciar a propósito do “papel do stenting Mansilha, especialista em Angiologia e uma cirurgia aberta”, reconheceu tam-
carotídeo no tratamento da estenose Cirurgia Vascular do Centro Hospitalar bém o especialista, recordando que,
carotídea, a partir da “perspetiva da Universitário de São João, no Porto, por sua vez, o stent carotídeo por abor-
Neurorradiologia de intervenção”. mostrou-se, por seu turno, crente na dagem femoral “não requer incisão”.
Apresentando a evidência que abona “complementaridade entre a endarte- Ademais, o angiologista e cirurgião
a favor do stenting carotídeo como rectomia e o stenting” na abordagem vascular realçou os outcomes primá-
“uma alternativa segura para o trata- da estenose carotídea. “Mais do que rios combinados ou independentes
mento da estenose carotídea sinto- as técnicas”, asseverou, “devemos tra- que se revelam “favoráveis ao stenting”,
mática e assintomática”, esta espe- balhar para os doentes, com boas indi- designadamente no que concerne ao
cialista lamentou “o favorecimento cações e bons executantes e, acima de “hematoma no local da intervenção
da endarterectomia” relativamente a tudo, evitar uma realidade transversal e à afetação dos pares cranianos pela
esta técnica endovascular nas guide- a ambas as técnicas: o overtreatment, intervenção”. Finalmente, no que con-
lines publicadas pela ESO já em 2021. algo a combater, particularmente nos cerne à endarterectomia nos casos que
Embora esta sociedade europeia doentes assintomáticos”. têm indicação para tal, o Prof. Arman-
recomende a endarterectomia “nos No que toca às mais recentes reco- do Mansilha defendeu que deve “pro-
doentes com estenoses assintomáti- mendações da ESO, o Prof. Armando mover-se a formação no sentido de a
cas acima dos 60%”, bem como “nos Mansilha lembrou que “é sempre ne- incisão ser pequena, com menos de 4
doentes com estenoses sintomáticas cessário dividir os doentes” em dois centímetros”. “A mini incisão é possível
acima dos 70% e talvez até dos 50%”, grupos, relativos às estenoses carotí- mesmo em doentes com anatomias
relegando a possibilidade de ponde- deas sintomáticas ou assintomáticas, mais difíceis”, concluiu.
rar o stenting apenas “em doentes
com menos de 70 anos com esteno-
ses sintomáticas acima dos 50%”, se-
/ Guidelines sobre a gestão da pressão arterial
gundo a Dr.ª Isabel Fragata, “os outco-
mes a longo prazo parecem ser muito As recomendações da ESO, emitidas igualmente em 2021, a respeito
comparáveis entre as duas técnicas”. da gestão da pressão arterial no tratamento da hemorragia intrace-
A preletora levantou ainda o véu so- rebral e do AVC isquémico agudo foram também passadas em revis-
bre aquilo que perspetiva como o ta nas intervenções a cargo da Prof.ª Else Sandset e do Prof. Georgios
potencial “futuro dos stents”: “stents Tsivgoulis, respetivamente secretária-geral e vice-presidente da ESO,
absorvíveis, stents com proprieda- que copresidiram à elaboração das guidelines da ESO sobre a gestão
des biológicas, stents com libertação da pressão arterial no AVC isquémico e hemorrágico.
de fármacos ou stents impressos à

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ESPECIAL 12.ª REUNIÃO NACIONAL UAVC

ABORDAGEM COMPLETA NA GESTÃO


DO DOENTE ANTICOAGULADO

O papel do dabigatrano na prevenção do AVC na fibrilhação auricular (FA) e “Entre os diversos


a necessidade de garantir que é possível anular a sua atividade anticoagu-
lante, através de um agente de reversão específico como o idarucizumab,
NOAC existentes,
estiveram em foco no simpósio-satélite online promovido pela Boehringer só o dabigatrano
Ingelheim na 12.ª Reunião Nacional das Unidades de AVC. demonstrou
proporcionar uma
Conduzida pela Dr.ª Luciana Ricca como do mundo real sustentam que redução significativa
Gonçalves, imunohemoterapeuta o dabigatrano tem também um “per- do AVC isquémico
do Centro Hospitalar Universitário fil de eficácia e segurança favorável versus varfarina”
de São João, no Porto, a sessão foi na população com AVC criptogénico
iniciada frisando que “muitos dos versus ácido acetilsalicílico”, comple-
doentes que entram nas unidades de tou a oradora.
AVC estão sujeitos a anticoagulação”, outra das complicações major a ter
tendo para mais em conta que “há / Reverter a anticoagulação em conta neste âmbito, a Dr.a Luciana
uma grande percentagem de indiví- atempadamente e em segurança Ricca Gonçalves ressaltou a premên-
duos com AVC com FA”, o que torna cia de se instituírem “terapêuticas
“muito importante a escolha do an- A Dr.a Luciana Ricca Gonçalves admi- urgentes que restaurem a perfusão e
ticoagulante oral”. A este propósito, tiu, contudo, que “não há risco zero permitam readquirir a função do te-
a preletora evocou a evidência que na anticoagulação”, com a hemorra- cido cerebral com isquemia”.
tem vindo a ser coligida “há pratica- gia a constituir “a principal compli- Com este desígnio em mente, as gui-
mente uma década” de que “os no- cação da anticoagulação oral”. Se- delines da European Stroke Organi-
vos anticoagulantes orais [NOAC] são gundo esta imunohemoterapeuta, “a sation e da European Heart Rhythm
mais eficazes e mais seguros versus hemorragia intracraniana associada Association são unânimes em reco-
varfarina”, nomeadamente no que à anticoagulação oral corresponde mendar, “para doentes que tenham
concerne à “redução da mortalida- a 10 a 15% de todas as hemorragias feito dabigatrano nas últimas 48 ho-
de, da incidência de AVC e de hemor- intracranianas”. Com antagonistas ras, a combinação de idarucizumab
ragias major”. da vitamina K (AVK) “a taxa anual é seguida de trombólise endovenosa”,
Não obstante, contrapôs esta espe- de 0,3 a 06% versus 0,2% com NOAC”, asseverou esta imunohemoterapeu-
cialista, os estudos realizados reve- prosseguiu, o que significa que “há ta. No que toca aos estudos sobre
lam “diferenças” apreciáveis no seio uma redução de 51 ou 52% de he- a utilização deste anticorpo mono-
desta categoria farmacológica. “En- morragias intracranianas e AVC he- clonal em doentes sob terapêutica
tre os diversos NOAC existentes, só o morrágico com NOAC versus AVK”. com dabigatrano que sofreram AVC
dabigatrano demonstrou proporcio- Diante da necessidade de “reverter isquémico, estes apontam para o
nar uma redução significativa do AVC rapidamente a atividade anticoagu- idarucizumab como “um facilitador
isquémico versus varfarina”, salien- lante dos fármacos quando estamos da execução da trombólise com re-
tou, acrescentando que “os resulta- perante um doente com hemorragia percussões muito positivas no prog-
dos muito favoráveis do dabigatrano intracraniana”, em seguida, a pa- nóstico destes doentes”, concluiu a
são ainda mais notórios em indiví- lestrante chamou a atenção para o Dr.a Luciana Ricca Gonçalves.
duos com menos de 75 anos”. Tão re- papel do idarucizumab enquanto
levante quanto a seleção do fármaco “agente de reversão específico da
é a opção pela dose mais adequada, atividade anticoagulante do dabi- Clique para rever a sessão:
indicou ainda: “é fundamental garan- gatrano”. Trazendo à colação a evi-
tir que é dada ao doente a dose ade- dência que levou à aprovação des-
quada, porque a subdosagem está te anticorpo monoclonal em 2015,
associada a um risco aumentado de esta especialista mencionou, de-
AVC e embolia sistémica”, bem como signadamente, o estudo RE-VERDE
a “um aumento de morbilidade e AD, de acordo com o qual “há uma
mortalidade”, sem que haja uma “re- redução de quase um terço da taxa
dução apreciável” da ocorrência de de mortalidade por hemorragia in-
hemorragias graves. Paralelamente, tracraniana com idarucizumab”.
os dados tanto dos ensaios clínicos Referindo que o AVC isquémico é

stroke.pt 12
ESPECIAL 12.ª REUNIÃO NACIONAL UAVC

DESAFIOS DA INSULARIDADE Assista ao vídeo da sessão integral aqui:

NO TRATAMENTO DO AVC

As especificidades da realidade insular no combate à doença vascular


cerebral alimentaram o debate na sessão da 12.ª Reunião Nacional das
Unidades de AVC que visou a “A organização do tratamento do AVC nos
Açores e Madeira”.

Moderada pelo Dr. Gustavo Santo e de tomografia axial computorizada AVC, 90% dos quais isquémicos”.
pela Dr.ª Mariana Dias, neurologistas, (TAC) cranioencefálica, acarretando Apontado para os marcos mais im-
respetivamente, do Centro Hospita- “dificuldades substanciais, nomea- portantes na história da UAVC inau-
lar e Universitário de Coimbra e do damente, à realização de procedi- gurada em 2009, este palestrante
Centro Hospitalar Universitário Lisboa mentos revascularizadores”. destacou a “reestruturação em 2017”,
Norte, a discussão incidiu sobre as Nesse sentido, nas ilhas sem hospital, no âmbito da qual a equipa passou
estratégias para fazer face ao AVC nos o tratamento do AVC revela-se “muito a dispor de “uma equipa de Neuror-
arquipélagos dos Açores e da Madeira, deficitário e precário”, advertiu o Dr. radiologia terapêutica em regime de
bem como sobre os entraves que urge Pedro Lopes, dado que “só depois de prevenção”, possibilitando, assim, a
superar, com vista a promover a equi- serem avaliados nos centros de saú- realização de trombectomia mecâ-
dade de condições terapêuticas em de, e de se perceber se há meios aé- nica. Até esse momento, recordou,
todos os pontos do território nacional. reos que consigam fazer uma evacua- “tínhamos um internamento de agu-
A este propósito, o Dr. Pedro Lopes, ção em tempo-janela para realização dos com apenas quatro camas e um
neurologista do Hospital do Divi- de fibrinólise, é que os doentes, even- internista a tempo parcial, que era
no Espírito Santo de Ponta Delgada tualmente, são transferidos para os eu”, apoiado por “uma equipa de en-
(HDESPD), observou que a Região hospitais das ilhas de referência”. Por fermagem própria”.
Autónoma dos Açores é composta conseguinte, “muito poucos doentes A partir dessa reorganização, adian-
por “nove ilhas, com bastante he- destas ilhas sem hospital acabam por tou ainda o Dr. Rafael Freitas, a equipa
terogeneidade em termos popula- ser elegíveis para tratamento revascu- passou a integrar mais um internista
cionais”, o que coloca logo “grandes larizador”, lamentou. e “ganhámos mais quatro camas para
desafios”. De igual modo, frisou, o ar- Este preletor enfatizou também a doentes subagudos”. Dois anos volvi-
quipélago tem uma população “com “impossibilidade de realização de dos, em 2018, mais dois especialistas
um controlo dos fatores de risco ten- trombectomia mecânica nos Açores” juntaram-se à unidade e esta inscre-
dencialmente pior do que o que exis- como uma das principais limitações veu-se nos registos RES-Q e QUASQ.
te em Portugal continental”, o que se a ter em conta nesta matéria. Afinal, Finalmente, completou este orador,
traduz numa “maior propensão para explicou, o tratamento endovascular “a partir de maio de 2021, a UAVC tor-
a ocorrência de eventos vasculares”. “não se faz em nenhum dos três hos- nou-se completamente autónoma,
Outro aspeto de relevo, segundo este pitais dos Açores, devido à inexistên- foi criada uma equipa de Neurosso-
especialista, é o facto de “apenas cia de neurorradiologistas”, da mes- nologia e começámos com uma con-
três ilhas terem hospital”: o Hospital ma forma que “não existe, até à data, sulta multidisciplinar de follow-up dos
da Horta, na ilha do Faial, o Hospital qualquer protocolo para a transferên- doentes com AVC”.
de Santo Espírito da Ilha Terceira e o cia destes doentes para o continente”. Quanto ao futuro desta unidade,
HDESPD, na ilha de São Miguel. Para- Rafael elencou ainda alguns dos obje-
lelamente, continuou, “só em cinco / UAVC da Madeira em crescendo tivos que a mesma pretende alcançar
das nove ilhas é possível a realização “nos próximos três anos”, designada-
Por seu turno, o Dr. Rafael Freitas, mente: “ter um registo dos dados dos
que em maio de 2021 passou a pas- doentes seguidos, quer na consulta de
O tratamento ta da coordenação da Unidade de prevenção, quer na de follow-up”, fazer
endovascular “não AVC (UAVC) do Hospital Dr. Nélio da unidade “um stroke center respon-
Mendonça, no Funchal, ao Dr. Duar- sável por toda a cadeia de cuidados
se faz em nenhum te Noronha Martins, para assumir a de AVC na região”, “aumentar o núme-
dos três hospitais direção do Serviço de Medicina In- ro de trombólises e trombectomias
dos Açores, devido terna da mesma instituição, come- realizadas”, “melhorar os tempos de
çou por salientar que, na Região Au- reperfusão, principalmente porta-a-
à inexistência de tónoma da Madeira, se contabilizam gulha e porta-punção femoral” e “di-
neurorradiologistas” “cerca de 800 admissões anuais por minuir os períodos de internamento”.

stroke.pt 15
ESPECIAL 12.ª REUNIÃO NACIONAL UAVC

PUGNAR PELA EXCELÊNCIA NO COMBATE AO AVC

A experiência conquistada pela primeira Unidade de AVC portuguesa a ser Existem, atualmente
certificada pela European Stroke Organisation (ESO) e a estruturação de
modelos de financiamento hospitalar que incentivem a qualidade na pres-
“89 unidades
tação de cuidados de saúde deram o mote à sessão da 12.ª Reunião Nacio- certificadas pela
nal de Unidades de AVC subordinada à “Certificação das Unidades de AVC”. ESO, das quais 39
são unidades de AVC
Numa nota introdutória ao debate, a cuidados de saúde”, assegurando “a e 50 stroke centers.
Prof.ª Elsa Azevedo, diretora do Ser- conformidade de todos os processos
viço de Neurologia do Centro Hospi- e mantendo documentadas todas as
Fomos a primeira
talar Universitário de São João, no atuações e decisões”, frisou. Unidade de AVC
Porto, sublinhou o papel da unidade Miguel Veloso adiantou igualmen- a ser certificada
de AVC enquanto “estrutura nuclear te que este modelo pode certificar
na prestação de cuidados de saúde “uma unidade de AVC ou um stroke
em Portugal e na
ao doente com AVC”. Não obstante, center”, aproveitando para elencar as Europa”
acautelou a moderadora, “não basta principais diferenças entre as duas
existir uma unidade de AVC, é pre- estruturas. “A aplicação é feita atra-
ciso reunir os critérios para que se vés de uma plataforma online e tem
tenha uma unidade de AVC de exce- validade de cinco anos, período a presidente da Associação Portugue-
lência”, sendo, para tal, fundamental partir do qual é necessário requerer sa de Administradores Hospitalares
promover a certificação das unida- uma recertificação”, acrescentou. e administrador hospitalar do Centro
des de AVC nacionais, com vista ao Procurando inculcar “uma cultura de Hospitalar e Universitário de Coim-
“reconhecimento dessa excelência”, excelência” transversal a toda a orga- bra, lembrou que, no passado, “a ge-
argumentou. nização, a certificação incide sobre neralidade das instituições de saúde
Em nome da primeira Unidade de sete vertentes distintas: “liderança, foi sendo financiada, essencialmen-
AVC portuguesa ser certificada pela recursos humanos, infraestruturas, te, com base na despesa histórica
ESO, coube, por sua vez, ao Dr. Miguel capacidade de investigação, inter- e nos recursos existentes”. Todavia,
Veloso, diretor do Serviço de Neurolo- venções e monitorização clínica, for- hoje em dia, essa modalidade de
gia do Centro Hospitalar de Vila Nova mação, reuniões e investigação e, fi- financiamento “é considerada obso-
de Gaia/Espinho, apresentar aquele nalmente, números e indicadores de leta, porque se percebe que tende a
que é o modelo de certificação pre- qualidade”, explicitou o preletor. financiar o que já existe, inibindo o
conizado por esta instituição de re- Segundo este especialista, existem, desenvolvimento de novos tipos de
ferência europeia. Admitindo que a atualmente “89 unidades certifica- serviço”, contrapôs o palestrante.
qualidade em saúde “é um conceito das pela ESO, das quais 39 são uni- De modo a ultrapassar estas limita-
difícil de definir”, este neurologista dades de AVC e 50 stroke centers”. ções, uma das alternativas de elei-
reforçou a ideia de que “a certificação “Fomos a primeira Unidade de AVC a ção reside no modelo de pagamento
está intimamente ligada à qualidade” ser certificada em Portugal e na Euro- compreensivo ou pagamento por
neste âmbito. “É a certificação que pa, em junho de 2017”, congratulou- doente, face à evidência de que este
permite garantir que um determina- -se o Dr. Miguel Veloso, que deixou “permite alcançar bons resultados”,
do serviço de saúde gere e controla um derradeiro repto: “no nosso País, incentivando “a prestação de cui-
de forma consistente a prestação de ainda somos a única unidade de AVC dados de saúde com qualidade” e
certificada pela ESO, mas estamos à possibilitando também “alguma re-
espera de companhia e temos toda a dução do desperdício de meios”, afir-
disponibilidade para ajudar” as de- mou o Dr. Alexandre Lourenço. Nessa
Assista às palestras na íntegra: mais unidades que queiram enfren- perspetiva, continuou o orador, esta
tar este processo. modalidade alicerça-se não apenas
na avaliação dos resultados clíni-
/ Pagamento compreensivo como cos, mas também na “avaliação de
incentivo à qualidade indicadores PREMS [patient reported
experience measurements] e PROMS
Incumbido de versar sobre os di- [patient reported outcomes measure-
versos modelos de financiamento ments], duas formas de mensuração
hospitalar e respetivo contributo de resultados que promovem a pres-
para a promoção da qualidade em tação de cuidados “centrados nos
saúde, o Dr. Alexandre Lourenço, doentes”.

stroke.pt 16
ESPECIAL 12.ª REUNIÃO NACIONAL UAVC

APOSTA NA REABILITAÇÃO ESPECIALIZADA PÓS-AVC

Responder às necessidades dos sobreviventes de AVC com base em cuidados


especializados e transdisciplinares é o propósito do projeto-piloto da Unida-
de de Reabilitação de AVC CONSANAS Hospital da Prelada, no Porto, apresen-
tado na 12.ª Reunião Nacional das Unidades de AVC.

Dos cerca de 20 mil sobreviventes região Norte, “estaremos, inclusive,


de AVC que se estima que haja, por a um décimo das camas de reabili-
ano, em Portugal (segundo dados tação necessárias para sobreviven-
da Direção-Geral da Saúde de 2016), tes de AVC”, sendo este o contexto
“muitos dos quais com incapacida- que justifica a criação deste “projeto
de moderada a grave”, sabe-se que inovador”, nascido de uma parceria
“35% a 40% necessitam de cuida- entre a Santa Casa da Misericórdia
dos especializados de reabilitação, do Porto, o Hospital da Prelada e a
nomeadamente em regime de inter- Boehringer Ingelheim. aposta em “duas tipologias de cui-
namento em programas intensivos dados” de fase subaguda: “interna-
de fase subaguda”. Foi com este en- / Intervenção precoce mento e hospital de dia”, adiantou o
quadramento que o Dr. Renato Nu- e multidisciplinar orador. “O hospital de dia ainda não
nes, diretor do Serviço de Medicina abriu, por força da pandemia”, justifi-
Física e Reabilitação do Hospital da Lembrando que os sobreviventes de cou o Dr. Renato Nunes, mas preten-
Prelada e coordenador da Unidade AVC são “frequentemente, doentes de afirmar-se como “uma alternativa
de Reabilitação de AVC CONSANAS muito complexos, com grande com- para doentes que não necessitam de
Hospital da Prelada inaugurou a pre- promisso da sua autonomia e fun- internamento, mas carecem de um
leção destinada a apresentar o pro- cionalidade, tendo múltiplas áreas programa intensivo de reabilitação
jeto-piloto desta “unidade de reabili- afetadas”, o palestrante frisou que com múltiplas valências”.
tação intensiva e especializada para estes têm a beneficiar “com progra- Além precocidade, este especialis-
doentes com AVC”. mas integrados, onde as diferentes ta ressalvou ainda a importância da
No nosso país, prosseguiu este es- valências possam ser trabalhadas, “intensidade” da intervenção, tendo
pecialista, “o AVC continua a ser a no sentido da recuperação”. Para- em vista a recuperação dos sobrevi-
primeira causa de referenciação lelamente, sublinhou, as guidelines ventes de AVC. “O nosso modelo visa
para internamento em centros es- são unânimes ao recomendar “o iní- o atingimento de objetivos especí-
pecializados de reabilitação”. Nesse cio precoce da reabilitação”, a qual ficos, mensuráveis, monitorizáveis,
sentido, e considerando que o Ser- deve ser desencadeada “no hospital atingíveis num curto período e que
viço Nacional de Saúde conta com de agudos, logo que possível, como sejam realistas e relevantes para a
apenas “quatro centros” destinados um pressuposto relevante para o re- situação específica de cada doente.”
ao efeito, a Unidade de Reabilitação sultado final do processo de reabili- No culminar da sua preleção, Renato
de AVC CONSANAS Hospital da Prela- tação”. Num continuum de cuidados Nunes divulgou ainda dados referen-
da almeja “fazer parte deste circuito prestados em articulação, o interna- tes aos primeiros 21 meses de ativi-
de referenciação dos sobreviventes mento de reabilitação em centros dade da Unidade de Reabilitação de
de AVC”, defendeu o seu responsá- especializados permite ainda evitar AVC CONSANAS Hospital da Prelada,
vel. Segundo o Dr. Renato Nunes, na “a quebra abrupta de cuidados que a qual registou 89 doentes interna-
pode ter consequências sérias para dos nesse mesmo período.
os doentes”, fazendo a ponte entre
A Unidade de os hospitais de agudos e a posterior
integração na comunidade, argu-
Reabilitação de AVC mentou também o Dr. Renato Nunes.
CONSANAS Hospital Deste modo, proporcionando “cui-
da Prelada aposta dados especializados de reabili-
tação, orientados para situações
em “duas tipologias complexas com grave repercussão
de cuidados” de funcional”, através de “programas
fase subaguda: intensivos, multimodais, organiza-
dos por uma equipa multiprofissio-
“internamento e nal”, a Unidade de Reabilitação de
hospital de dia” AVC CONSANAS Hospital da Prelada

stroke.pt 17
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ESPECIAL 12.ª REUNIÃO NACIONAL UAVC

CONTRIBUTO DOS MÉTODOS DE IMAGEM


AVANÇADA NA GESTÃO DO AVC ISQUÉMICO

O programa da 12.ª Reunião Nacional das Unidades de AVC culminou numa neuroimagem para a realização de
discussão sobre a pertinência do recurso a métodos de imagem cerebral trombólise”, o mesmo acontecendo
avançada para orientar a decisão terapêutica no contexto do AVC isquémi- no caso da trombectomia mecânica”
co com janela temporal alargada. após a janela de seis horas”, referiu.
Pesem embora as “limitações na uti-
Propondo-se a responder à questão tal, para a realização de trombólise. lização destes métodos avançados
de “Como abordar o AVC isquémico Contudo, alertou, há “condicionalis- de imagem”, designadamente a sua
com e sem imagem cerebral avança- mos” a ter em conta na generaliza- acessibilidade “nem sempre fácil”, a
da”, a sessão moderada pelo Dr. José ção destes resultados, dado que “a “elevada sensibilidade da técnica”
Mário Roriz, coordenador da Unida- discrepância entre FLAIR e difusão ou o tempo exigido para a sua execu-
de de AVC do Centro Hospitalar de tem alguma especificidade, mas bai- ção e interpretação, este especialista
Entre o Douro e Vouga/Hospital de xa sensibilidade”. apontou também para os estudos
São Sebastião, e pela Dr.ª Liliana Pe- Por conseguinte, o ensaio TWIST, que sugerem que “a TAC de perfusão
reira, neurologista do Hospital Garcia ainda em decurso, visa aferir se é é melhor preditora de bom prognós-
de Orta, em Almada, versou, primei- possível selecionar doentes, neste tico do que a TAC simples”. “No caso
ramente, sobre o papel dos métodos contexto, “com base apenas em TAC de não haver oclusão e de o doente ter
avançados de imagem na aborda- [tomografia axial computorizada] um síndrome clínico extenso, a minha
gem do AVC isquémico ao acordar. simples e angio-TAC”, assinalou o recomendação seria utilizar TAC de
Incumbido de discorrer sobre este Dr. Ângelo Carneiro. Não obstante, perfusão, se queremos fazer trombóli-
tópico, o Dr. Ângelo Carneiro, neu- nos doentes com oclusão de gran- se fora de horas”, sem deixar de ponde-
rorradiologista do Hospital de Braga, de vaso, candidatos a trombecto- rar “outros diagnósticos diferenciais”,
salientou que, do ponto de vista da mia mecânica, “embora a seleção argumentou o Dr. João Pinho.
seleção de doentes para terapêuti- na maior parte dos centros seja feita Já no que concerne à trombecto-
cas de revascularização, “o grande apenas com base nos achados da mia para lá da janela terapêutica
divisor” prende-se com a existência TAC simples e angio-TAC”, reconhe- convencional, asseverou ainda este
ou não de oclusão de grande vaso, ceu, “as guidelines ainda preconizam palestrante, fazendo eco da sua “ex-
optando-se, respetivamente, pela que sejam realizados estudos de periência pessoal”, “a TAC de per-
implementação de trombectomia imagem avançada”. fusão influencia pouco” a decisão
mecânica ou trombólise endoveno- final para tratamento endovascular.
sa em cada uma das situações. Neste / TAC de perfusão em janelas “Se a TAC simples é elucidativa e
último caso, precisou ainda o orador, terapêuticas alargadas: sim ou não? há poucos sinais de enfarte, penso
a seleção dos doentes deve obede- que é lícito avançarmos para trom-
cer a estudos de perfusão, uma vez Na sua preleção dedicada ao concei- bectomia direta, sem necessidade
que “apesar de não conhecermos o to de “janela terapêutica estendida de métodos avançados de imagem,
tempo exato de início dos sintomas, ou janela tecidual”, por seu turno, mesmo nesta janela temporal alar-
a demonstração de penumbra isqué- o Dr. João Pinho, neurologista do gada”, ressalvou. No caso de se estar
mica potencialmente salvável pode University Hospital RWTH Aachen, perante “um enfarte bastante exten-
permitir a administração de trom- na Alemanha, evocou os estudos so”, porém, “faz sentido realizar TAC
bólise endovenosa com segurança e que demonstram que, “mesmo em de perfusão”, contrapôs.
bons resultados”. janelas terapêuticas com tempo
Outro paradigma de seleção tera- de evolução mais dilatado”, após a
Clique para visualizar a sessão:
pêutica, o qual “está atualmente instalação do AVC, existem doentes
em voga”, é o da “discrepância entre “que ainda têm tecido cerebral salvá-
FLAIR e difusão”, afirmou este espe- vel e têm a beneficiar com terapêu-
cialista. De acordo com este preceito, ticas de reperfusão”. Essa evidência
explicou, “num estudo de ressonân- crescente serve de sustentação às
cia, a existência de uma imagem sem recomendações atuais da European
tradução em FLAIR, na sequência da Stroke Organisation (ESO), as quais
difusão” indicaria, “com alta proba- preconizam que, na janela terapêu-
bilidade”, estar-se perante um en- tica com mais de quatro horas e
farte com menos de quatro horas e meia após o início de sintomas, “são
meia de evolução, indicado, como necessários métodos avançados de

stroke.pt 19
ESPECIAL 19.ª REUNIÃO ANUAL SPAVC

VENCER DIFICULDADES NA GESTÃO DA ESTENOSE


INTRACRANIANA NO DOENTE JOVEM

A primeira palestra da 19.ª Reunião Anual da SPAVC convidou a uma reflexão sobre o enquadramento etiológico
complexo da estenose intracraniana no adulto jovem e os desafios colocados por esta patologia do ponto de
vista terapêutico.
A sessão está disponível online:
A estenose intracraniana surge como formas de vasculites sistémicas ou
causa formal de “8 a 10%” dos AVC is- síndromes congénitas.
quémicos, sendo que “um terço des- Quanto à topografia do envolvimen-
tes doentes pode ter idade inferior a to vascular, explicitou este especia-
45 anos”, começou por elucidar o Dr. lista, assiste-se a uma “predileção
Ricardo Varela, neurologista do Cen- pela circulação anterior”, compreen-
tro Hospitalar e Universitário do Por- dendo, nomeadamente “segmentos
to, na sessão moderada pelas Dr.as terminais da artéria carótida inter-
Marta Carvalho e Lia Neto, respetiva- na”. Já relativamente às classes no-
mente, neurologista do Centro Hos- sológicas que justificam a etiologia
pitalar Universitário de São João e da estenose intracraniana no doen-
neurorradiologista do Centro Hospi- te jovem, observa-se um predomí-
talar Universitário Lisboa Norte/Hos- nio da “doença aterosclerótica com
pital de Santa Maria. Por outro lado, envolvimento segmentar vascular intracraniana”. No caso de um AVC
frisou o orador, o enquadramento intracraniano”, a qual “tende a ser associado a uma estenose intracra-
etiológico da estenose intracraniana subdiagnosticada”, sobretudo “nas niana, especificou ainda este neuro-
no adulto jovem é particularmente formas que não têm expressão sin- logista, “diferentes mecanismos” po-
“desafiante” e inclui “um conjunto dromática ou impacto clínico e que dem concorrer para o efeito, incluindo
alargado de etiologias formais”. serão tendencialmente associadas “oclusão de vasos perfurantes”, isto é,
Do ponto de vista demográfico, este a estenoses sem significado hemo- “um AVC de pequenos vasos que ocor-
preletor chamou também a atenção dinâmico”, alertou. Finalmente, e a re na sequência de uma estenose de
para as “particularidades na dis- respeito dos exames complementa- grande vaso”.
tribuição da prevalência do envol- res de diagnóstico a privilegiar neste Na eventualidade mais “frequente”
vimento intracraniano” no doente contexto, o especialista reconheceu de ter a aterosclerose como etiolo-
jovem, as quais resultam em “assi- a utilidade do Doppler transcraniano, gia, a abordagem inicial deve recair
metrias importantes entre diferentes destacou a angiografia de subtração sobre a “terapêutica médica inten-
populações”. Nesse sentido, comple- digital como “gold standard para a siva e a modificação de estilos de
tou, “é reconhecido que as popula- caracterização da estenose focal” e vida”, preconizou. Por seu turno, este
ções asiáticas e de alguns países afri- classificou como “fundamental” o palestrante ressalvou igualmente o
canos”, assim como a “comunidade “advento de novas metodologias de papel da antiagregação como tera-
hispânica” tendem a evidenciar “um avaliação da parede do vaso”. pêutica antitrombótica de eleição
aumento de doença ateromatosa em “prevenção secundária”. De acor-
intracraniana que justifica, prova- / Abordagem à medida do com o Dr. Miguel Rodrigues, na
velmente, esta desproporção na sua no tratamento da “estenose de 70-99%”, as recomen-
prevalência”. estenose intracraniana dações apontam para a combinação
No que concerne à apresentação clí- de clopidogrel com aspirina. “Pode
nica, por sua vez, o orador sublinhou Convidado a discorrer sobre o “Prog- ser ponderado ticagrelor em asso-
a necessidade de se estar atento à nóstico e tratamento das estenoses ciação com aspirina por 30 dias ou
ocorrência um padrão de vaso, o intracranianas no doente jovem”, o Dr. cilostazol com aspirina, mas com da-
qual pode sugerir “um contexto de Miguel Rodrigues, diretor do Serviço dos menos robustos”, precaveu. Em
repetição estereotipada”. Concomi- de Neurologia do Hospital Garcia de termos de terapêuticas cirúrgicas,
tantemente, notou, “importa perce- Orta, em Almada, alegou que essa tem rematou este especialista, “a angio-
ber se estas alterações incluem uma de ser forçosamente uma “abordagem plastia com ou sem stent não deve
sintomatologia neurológica isolada” feita à medida”. Consequentemente, ser a primeira opção em doentes
ou, em alternativa, se surgem enqua- fundamentou, “o tratamento vai de- sintomáticos com estenoses de 70-
dradas em “síndromes sistémicas pender dos vários mecanismos que 99%” e “não está mesmo recomen-
mais alargadas”, designadamente podem estar subjacentes à estenose dada” em estenoses abaixo de 70%.

stroke.pt 20
ESPECIAL 19.ª REUNIÃO ANUAL SPAVC

O PAPEL DA TELEMEDICINA NO Reveja a palestra:

TRATAMENTO DO AVC AGUDO

A edição virtual da 19.ª Reunião Anual da SPAVC ficou também marcada


pela apresentação da aplicação JOIN, na qual se partilhou a experiência
granjeada no Brasil com esta ferramenta digital, como instrumento de su-
porte à intervenção terapêutica no AVC isquémico agudo.

As mais-valias que o recurso a ferra- entre diferentes regiões do país e, mesmo aconteceu com a utilização
mentas digitais de comunicação à por vezes, até dentro de uma mesma da aplicação JOIN, disponível desde
distância pode acarretar no contexto cidade”, começou por enquadrar a 2014 no HCPA, para “discutir casos em
da gestão terapêutica da doença vas- oradora. Somando, atualmente, 192 tempo real, consultar imagens com
cular cerebral em fase aguda foram centros de AVC, a nível nacional, exis- excelente qualidade, registar os tem-
o cerne da preleção a cargo da Prof.ª tem ainda, contudo, “várias zonas pos de atendimento e até, mais re-
Sheila Martins, fundadora e presiden- do país sem nenhum centro de AVC”, centemente, examinar os doentes por
te da Rede Brasileira de AVC, coorde- lamentou, explicando que, “com vídeo chat”, adiantou a neurologista.
nadora do Programa de AVC do Hospi- pouco mais de 5 mil neurologistas Segundo a Prof.ª Sheila Martins, de
tal de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) no Brasil, não temos profissionais 2014 a 2015, com apenas um ano de
e chefe do Serviço de Neurologia e suficientes para assegurar a cobertu- utilização, dos 720 casos com AVC
Neurocirurgia do Hospital Moinhos ra necessária a nível hospitalar para atendidos na unidade de AVC des-
de Vento, em Porto Alegre. Dando a atender às necessidades de toda a ta instituição, “em 84% a discussão
conhecer a experiência acumulada, população brasileira”. foi feita através da aplicação JOIN”.
no Brasil, com a utilização da aplica- “Isso demonstra que o sistema efe-
ção JOIN, desenvolvida pela Allm Inc., / Smartphone: um aliado terapêutico tivamente conectou a equipa de AVC
a também presidente-eleita da World dentro e fora do hospital, com exce-
Stroke Organization (WSO), procurou Por outro lado, argumentou a Prof.ª lente qualidade de imagem, auxilian-
ilustrar, em particular, como a teleme- Sheila Martins, embora o recurso à do no tratamento do AVC agudo e na
dicina se pode constituir como “uma telemedicina convencional seja “en- tomada de decisão para o tratamen-
ferramenta importante para o trata- dossado por diretrizes nacionais e in- to de recanalização”, enfatizou.
mento do AVC em áreas geográficas ternacionais”, com vista a promover o Mais ainda, elucidou a palestrante,
sem acesso a especialistas ou unida- “acesso ao tratamento do AVC agudo este sistema visou igualmente a “in-
des especializadas”. em locais sem profissionais ou estru- tegração com as equipas pré-hospi-
Com mais de 200 milhões de habi- turas adequadas” para o efeito, nos talares, traduzindo-se em ganhos de
tantes, o Brasil conta com um sis- países menos desenvolvidos “a in- eficiência no que concerne à transfe-
tema público de saúde que acolhe fraestrutura pobre e os recursos parcos rência dos doentes. “Os resultados
“80% dos doentes com AVC”, amea- não permitem a disseminação da tele- demonstram que o recurso ao JOIN
çado por “enormes disparidades medicina com base em equipamentos aumentou o acesso dos doentes
convencionais”. Isso mesmo corrobora à terapêutica de reperfusão, dimi-
um estudo realizado pela WSO, em 318 nuindo o tempo porta-agulha em
Dispomos hoje de hospitais a nível mundial, de acordo 17 minutos, e reduziu transferências
com o qual, “só 15% das unidades usa- desnecessárias entre hospitais em
smartphones dotados com vam a telemedicina vendo as imagens 60%”, concluiu. Finalmente, a Prof.ª
ecrãs de alta resolução em tempo real e 35% usavam a consul- Sheila Martins frisou que a experiên-
para avaliação de toria por telefone para discutir o caso”, cia acumulada neste contexto serviu
esclareceu esta especialista. de base para o lançamento de um
“imagens com excelente Graças à “tendência de migração da programa nacional de telemedicina,
qualidade”, possibilitando, tecnologia para tecnologia móvel”, o TeleStroke, que presta consultoria
deste modo, que “ao continuou a preletora, dispomos hoje a 20 hospitais brasileiros, no âmbito
de smartphones dotados com ecrãs do qual “já foram submetidos a trom-
invés de o médico ter de alta resolução para avaliação de bólise mais de 350 doentes”. Assim
de ir para o dispositivo “imagens com excelente qualidade”, como de um programa internacional
de telemedicina, a possibilitando, deste modo, que “ao de Telemedicina Sem Fronteiras, ao
invés de o médico ter de ir para o dis- abrigo do qual “especialistas de dife-
telemedicina esteja na positivo de telemedicina, a telemedi- rentes partes do mundo dão consul-
palma da sua mão” cina esteja na palma da sua mão”. Isso toria em tempo real para a Etiópia”.

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ESPECIAL 19.ª REUNIÃO ANUAL SPAVC

REGISTOS NACIONAIS DE AVC: Clique para rever a sessão:

QUE LIÇÕES?

O que temos a aprender com as experiências de registos nacionais de doen-


ça cerebrovascular de outros países, assim como com o percurso trilhado
por registos de outras patologias, em Portugal, foi sistematizado na sessão
dedicada aos “Registos nacionais de AVC” da 19.ª Reunião Anual da SPAVC.

Sob a moderação da Dr.ª Ana Paiva Nu- zer, Verificar e Agir, em português). “Estes resultados
nes, coordenadora da Unidade Cere- Enquanto numa fase inicial, em 2004,
brovascular do Centro Hospitalar Uni- foi “necessário planear a estrutura- ajudam-nos a perceber o
versitário de Lisboa Central/Hospital ção de cuidados de AVC”, entre 2005 que temos de melhorar,
de São José, e do Prof. Tiago Moreira, e 2006 importa realçar “a implemen- a darmos feedback aos
neurologista do Karolinska University tação do Sistema de Código de AVC
Hospital, em Estocolmo, na Suécia, a da Catalunha” e, no período de 2007 profissionais de saúde, a
sessão foi iniciada com a partilha da a 2009, a colheita de dados de audi- rever as recomendações
experiência do Registo Dinamarquês torias no âmbito do tratamento da clínicas e a apostar na
de AVC, apresentada pela sua presi- doença vascular cerebral, enquadrou
dente, Prof.ª Dorte Damgaard. esta oradora. Finalmente, numa fase formação para melhorar
A também neurologista do Aarhus entre 2010 e 2011, o programa de AVC estes indicadores”
University Hospital, na Dinamarca, da Catalunha voltou-se para a “im-
recapitulou o trajeto histórico deste portância pivotal de prestar feeback
registo lançado em 2003 e salientou a quem está envolvido nos cuidados
“o elevado grau de centralização do de AVC”, dado que, de outro modo, tes resultados ajudam-nos a perceber
tratamento do AVC na Dinamarca”, “coligir dados revelar-se-ia inútil”, ar- o que temos de melhorar, a darmos
ditado, em boa parte, pelos avanços gumentou a Prof.ª Sònia Abilleira. feedback aos profissionais de saúde,
conquistados no âmbito da “terapêu- Complementando a palestra condu- a rever as recomendações clínicas e
tica de reperfusão”, mas também em zida pela sua antecessora, coube a a apostar na formação para melhorar
função da “avaliação de dados sobre Natalia Pérez de la Ossa incidir mais estes indicadores”, concretizou. De
a qualidade dos cuidados de saúde detalhadamente sobre a engrena- igual modo, a Prof.ª Natalia Pérez de
prestados”. Em termos de direções gem de funcionamento do Registre la Ossa chamou a atenção para o am-
futuras deste registo, esta preletora Codi Ictus Catalunya (CICAT), o qual plo lastro de informação disponível
destacou ainda “um plano para reabi- reúne, “prospectivamente, dados de no CICAT, o que se torna “muito atra-
litação ao nível dos cuidados de saúde todos os doentes com ativação do tivo do ponto de vista da investigação
primários”, bem como a inclusão de código de AVC na Catalunha”. Em pa- clínica”, sugeriu, dando conta da “ex-
evidência sobre a “avaliação funcio- ralelo, indicou esta especialista, ou- tensa investigação e das publicações
nal pós-AVC de acordo com a Escala tras fontes de evidência deste registo já realizadas com base neste registo”.
de Ranking Modificada para todos os são as “auditorias periódicas sobre De olhos postos no futuro, a oradora
doentes após três meses” e dados re- os doentes que são admitidos a nível anunciou, por fim, o desenvolvimen-
lativos à “hemorragia subaracnoideia”. hospitalar”, assim como os “dados de to de um “sistema que faz o upload
follow-up a três meses”. automático dos dados dos hospitais
/ O exemplo catalão A atual líder do Programa de AVC da para este registo centralizado”, evitan-
Catalunha evocou também os resulta- do assim o maior tempo despendido
Já a temática da avaliação da quali- dos da última auditoria realizada. “Es- a introduzir dados manualmente.
dade nos cuidados de AVC catalães
regeu a intervenção das Prof.ªs Sònia
Abilleira e Natalia Pérez de la Ossa, / O que nos ensinam outros registos portugueses
respetivamente ex e atual presidente
do Programa de AVC da Catalunha. O programa da sessão reservou ainda espaço para dar a conhecer as
Sònia Abilleira colocou a tónica so- experiências granjeadas no âmbito do Registo Nacional de Síndro-
bre aquilo que apelidou de “Jornada mes Coronárias Agudas, pela voz da sua coordenadora, Dr.ª Sílvia
do Programa de AVC” nesta comuni- Monteiro, bem como do Registo Oncológico Nacional, através da
dade autónoma ao longo dos anos, preleção da Prof.ª Maria José Bento, responsável pelo Registo Onco-
com base na metodologia PDCA lógico Regional do Norte.
(Plan, Do, Check, Act ou Planear, Fa-

stroke.pt 23
ESPECIAL 19.ª REUNIÃO ANUAL SPAVC

IMPACTO NEUROLÓGICO DA COVID-19

As “Complicações neurológicas da COVID-19” são comuns e a sua manifes- Incidindo sobre a


tação pode prolongar-se no tempo, como ficou demonstrado na sessão su-
bordinada a este tema, no âmbito da 19.ª Reunião Anual da SPAVC.
correlação estabelecida
entre a COVID-19 e a
Debruçando-se sobre um tópico linfócitos T no sistema nervoso cen- doença cerebrovascular,
“pleno de atualidade”, como subli- tral”, descreveu a Dr.ª Cátia Carmona. esta neurologista
nhou o Prof. João Sargento Freitas, De acordo com esta especialista, a
coordenador da Unidade de AVC patogénese das complicações neu-
sustentou que “foram
do Centro Hospitalar e Universitá- rológicas da COVID-19 implica vários descritos AVC isquémicos,
rio de Coimbra e vice-presidente da fatores, entre os quais “a hipoxia e as hemorrágicos e tromboses
SPAVC, na qualidade de moderador alterações metabólicas inerentes à
da palestra em questão, a Dr.ª Cátia doença aguda”, bem como “fatores
venosas cerebrais em
Carmona, neurologista do Hospital secundários ao estado pró-inflama- associação com infeção
de Cascais Dr. José de Almeida, de- tório e pró-coagulante pela disfun- pelo vírus SARS-CoV-2”
fendeu que “as manifestações neu- ção do sistema renina-angiotensina”
rológicas da COVID-19 são comuns”. e outros que resultam da “disfunção
Ademais, continuou, estas podem imunológica” provocada pelo vírus.
mesmo “prolongar-se durante vários Seguidamente, a preletora passou a 10 dias”, explicitou. Igualmente fre-
meses após a recuperação”, o que elencar as principais manifestações quente é a “ocorrência simultânea de
deve mobilizar os especialistas a “es- neurológicas da COVID-19, as quais trombose venosa profunda e trom-
tar alerta para os sintomas e para a incluem sintomas como: “cefaleias, boembolismo pulmonar”, adiantou.
possibilidade de envolvimento neu- anosmia, mialgias e síndromes con- Segundo a Dr.ª Cátia Carmona, são
rológico” decorrente da COVID-19. fusionais”. No entanto, observou, múltiplos os mecanismos através dos
O facto de o SARS-CoV-2, betacorona- outros quadros como “AVC, síndro- quais “a COVID-19 pode contribuir
vírus causador da doença, “infetar as me de Guillain Barré e respetivas para o aumento desta incidência”,
células humanas bloqueando a fun- variantes e encefalites” também têm nomeadamente: “a resposta inflama-
ção do recetor de membrana da en- vindo a ser descritos no decorrer da tória exagerada à infeção, a resposta
zima conversora da angiotensina II”, fase aguda da doença. Mais recente- imunomediada pós-infeciosa, uma
ajuda a explicar o “envolvimento mul- mente, foi ainda “criado o termo de angeite por efeito direto viral, contri-
tiorgânico” da COVID-19, introduziu COVID longo para descrever sinto- buindo quer para a trombogénese,
a oradora. Por sua vez, acrescentou, mas que se perpetuam para além de quer para a instabilidade de placas
esse bloqueio “induz um estado pró- 12 semanas após a fase aguda e sem ateromatosas pré-existentes”. Con-
-inflamatório”, com essa “resposta in- explicação etiológica para além da comitantemente, rematou “a própria
flamatória exagerada” a potenciar um COVID-19”, os quais “parecem resul- doença respiratória grave com hipo-
estado pró-trombótico que, “associa- tar da perpetuação do estado pró-in- xia associada concorre para este au-
do a disfunção endotelial com endo- flamatório ao longo do tempo”, indi- mento, quer através do menor aporte
telite, contribui para o aumento dos cou Cátia Carmona. de oxigénio a nível cerebral, quer po-
eventos trombóticos”. Esse estado tenciando o aparecimento de cardio-
inflamatório é igualmente “responsá- / COVID-19 e AVC: que relação? patias embolígenas”.
vel pela rutura da barreira hematoen- Os AVC isquémicos associados à CO-
cefálica e consequente ativação dos Incidindo, de igual modo, sobre VID-19 tendem a ser “clinicamente
a correlação estabelecida entre a mais graves, mais incapacitantes e
COVID-19 e a doença cerebrovascu- com maior mortalidade”, frisou ain-
Reveja a conferência: lar, esta neurologista sustentou que da a palestrante. “A sua incidência é
“foram descritos AVC isquémicos, mais elevada nos doentes mais ve-
hemorrágicos e tromboses venosas lhos, com doença respiratória mais
cerebrais em associação com infe- grave e naqueles que apresentam fa-
ção pelo vírus SARS-CoV-2”. Com a tores de risco conhecidos.” Todavia,
incidência do AVC isquémico nos ressalvou, em doentes jovens e sem
doentes com COVID-19 a situar-se fatores de risco vascular, é também
“entre os 1% e os 6%”, sua instalação frequente “a oclusão de grandes va-
“é comum durante o internamento sos, o envolvimento de múltiplos
e o tempo médio entre a infeção e territórios vasculares e a associação
o diagnóstico de AVC é de cerca de a hemorragia cerebral”.

stroke.pt 24
ESPECIAL 19.ª REUNIÃO ANUAL SPAVC

PARADIGMAS INOVADORES DE REABILITAÇÃO


PARA SOBREVIVENTES DE AVC
O vídeo está disponível aqui:
A mesa-redonda que encerrou o programa científico da 19.ª Reunião Anual
da SPAVC reforçou a importância de fomentar a continuidade de cuidados
de excelência depois da fase aguda da doença vascular cerebral, dando pal-
co à discussão de “Novos modelos de organização de cuidados pós-AVC”.

Sob a presidência da Prof.ª Patrícia mecanismos de saúde eletrónicos,


Canhão, neurologista do Centro Hos- da largura de banda de telecomu-
pitalar Universitário Lisboa Norte/ nicações de que dispomos hoje em
Hospital de Santa Maria e presiden- dia, da miniaturização da tecnologia
te da Comissão Científica da SPAVC, de sensores e do acesso facilitado
e do Dr. Rui Felgueiras, neurologista a smartphones, tablets e outros dis-
do Centro Hospitalar Universitário positivos de avaliação sem fios”, de
do Porto, na qualidade de modera- utilização fácil e intuitiva. O recur- Research Institute of New Zealand.
dores, o debate centrou-se na neces- so a estes instrumentos inovadores Com vista a legitimar a premência
sidade de não descurar a qualidade tem como vantagens a promoção de programas integrados de reabi-
das estratégias de reabilitação e inte- da “melhoria da qualidade de vida”, litação pós-AVC, este neurologista
gração na comunidade dos sobrevi- o alívio da “sobrecarga dos sistemas começou por recorrer aos números
ventes de AVC. de saúde e a “redução dos custos em que traduzem o pesado impacto em
Com este propósito em mente, a saúde”, invocou o preletor. termos de morbimortalidade desta
sessão acolheu, primeiramente, a Fazendo alusão aos exemplos de patologia: “de uma população de
preleção do Dr. Fernando Alves Silva, programas de telemonitorização im- 1000 indivíduos admitidos com AVC,
neurologista do Centro Hospitalar plementados no Serviço Nacional de aos nove meses, apenas 350 a 400
Universitário de Coimbra, que versou Saúde nas áreas da doença pulmo- estarão ainda vivos e dispensarão
sobre a “incorporação de ferramentas nar obstrutiva crónica, insuficiência apoio para a realização de tarefas
de telemonitorização” no seguimento cardíaca crónica, enfarte do mio- básicas do dia a dia”, frisou.
no âmbito da consulta de doenças cárdio pós-agudo e no período de Neste contexto, Harry McNaughton
cerebrovasculares. Ressaltando que recuperação pós-COVID-19, Fernan- procedeu à apresentação da inicia-
urge “abandonarmos uma postura do Alves Silva sustentou que “estas tiva Take Charge, um programa de
mais reativa perante a doença cróni- condições não neurológicas têm-nos reabilitação pós-AVC que considera
ca”, em prol de uma “abordagem mais mostrado que a telemonitorização ter a capacidade de “fazer uma dife-
proativa e centrada no doente”, este contribui, nomeadamente, para re- rença significativa” relativamente ao
especialista abonou a favor da ado- duzir taxas de mortalidade, hospi- “número de doentes independentes
ção de “soluções digitais de saúde talizações e episódios de urgência”. no período de nove a 12 meses após
que permitem a recolha e a partilha Dado que “a recorrência do AVC” está o AVC”, sobretudo tendo em conta
de dados biométricos e outros rele- associada, em larga medida, “a fato- que “pode ser aplicado e ter bene-
vantes para o follow-up de doentes res de risco bem determinados que fícios sobre 50 a 60% da população
fora do ambiente normal de saúde”. devem ser controlados”, acrescentou com AVC”. Segundo este palestrante,
Na perspetiva deste orador, o ad- o palestrante, a telemonitorização a intervenção Take Charge consiste
vento da telemonitorização justifi- na doença vascular cerebral pode in- em “uma ou duas sessões de con-
ca-se, deste modo, em função da cidir, entre outros, sobre parâmetros versação de 60 minutos com um fa-
“crescente inovação presente nos como “pressão arterial, frequência e cilitador treinado”, levadas a cabo no
ritmo cardíaco, glucose, peso, ativi- domicílio dos sobreviventes de AVC,
dade física, adesão ao tratamento e no período de “duas a 16 semanas
Urge “abandonarmos educação para o AVC”. pós-AVC”. Procurando encorajar a
uma postura mais “autorreabilitação”, sem seguir um
/ Encorajar a autorreabilitação paradigma de “coaching, aconselha-
reativa perante a doença mento ou entrevista motivacional”, o
crónica”, em prol de Fazendo eco da sua sólida expe- programa Take Charge recorre ainda
uma “abordagem mais riência em matéria de reabilitação a uma brochura simplificada que é
de sobreviventes de AVC, juntou-se disponibilizada ao doente, estando a
proativa e centrada ainda ao painel o Prof. Harry Mc- brochura e o manual de treinamento
no doente” Naughton, investigador do Medical disponíveis para download gratuito.

stroke.pt 25
ESPECIAL DIA NACIONAL DO BOMBEIRO PROFISSIONAL

DIA NACIONAL DO BOMBEIRO PROFISSIONAL


ASSINALADO PELA SPAVC
Em parceria com a iniciativa Angels, a SPAVC assinalou o Dia Nacional do Com esta iniciativa,
Bombeiro Profissional, comemorado todos os anos a 11 de setembro, como a SPAVC e a Angels
forma de sensibilizar para a importância destes profissionais na abordagem
do AVC. No total, 11 vídeos foram partilhados ao longo de todo o dia com pretenderam, de
mensagens fundamentais para a população. forma diferente,
A campanha de homenagem a to- Com esta iniciativa, a SPAVC e a distinguir e dar os
dos os Bombeiros do nosso País de- Angels pretenderam, de forma dife- parabéns a estes
correu ao longo da efeméride, com rente, distinguir e dar os parabéns “heróis” que têm um
a partilha de declarações em vídeo a estes “heróis” que têm um papel
de 11 corporações nas várias redes essencial na resposta à emergên- papel essencial na
sociais da SPAVC (Facebook, Twitter, cia que representa o AVC. E porque resposta à emergência
LinkedIn e Instagram). tempo é cérebro, os bombeiros são que representa o AVC
Para encerrar este dia de comemora- fundamentais, quer no auxílio di-
ção e homenagem, também o Prof. reto ao doente, quer no transpor-
José Castro Lopes, presidente da te entre diferentes instituições de Clique para assistir ao vídeo
SPAVC, gravou um vídeo com palavras saúde, o que permite, não só salvar mensagem do Prof. Castro lopes
de agradecimento e de reconheci- vidas, como minimizar as conse-
mento a estes homens e mulheres de quências desta que é a principal
garra, cuja profissão é bastante “valio- causa de morte e de incapacidade
sa no auxílio à fase aguda, e não só, em Portugal. A todos os bombeiros,
do acidente vascular cerebral”. um enorme bem-haja!

GALERIA DE VÍDEOS DA CAMPANHA

#01 | Bombeiros Voluntários #02 | Bombeiros Voluntários #03 | Bombeiros Voluntários #04 | Bombeiros Voluntários
de Lamego da Praia da Vitória, Açores Câmara de Lobos, Madeira Vila de Rei

#05 | Bombeiros Voluntários #06 | Bombeiros Sapadores #07 | Bombeiros Voluntários #8.1 | Bombeiros Sapadores
de Baião de Setúbal de Leiria de Santarém

#8.2 | Bombeiros Voluntários #9 | Bombeiros Voluntários #10 | Bombeiros Voluntários #11 | Bombeiros Voluntários
de Constância, Santarém da Guarda de Azambuja do Fundão

stroke.pt 26
ESPECIAL DIA MUNDIAL DO AVC

SPAVC E BOEHRINGER INGELHEIM LANÇAM

#MINUTOSSALVAMVIDAS
CAMPANHA PARA MOSTRAR QUE GALERIA DE VÍDEOS
“MINUTOS SALVAM VIDAS” DA CAMPANHA
#MINUTOSSALVAMVIDAS

#1 | Anabela Malva

#2 | Dora Martins

Seguindo o mote internacional lançado pela World Stroke Campaign para


o Dia Mundial do AVC, a Sociedade Portuguesa do AVC promoveu a campa-
nha “Minutos Salvam Vidas”, com o apoio da Boehringer Ingelheim. Esta
iniciativa teve como objetivo partilhar cinco testemunhos de sobreviventes
de AVC, cujas histórias de superação demonstram a importância do tempo
no que toca à abordagem e tratamento desta patologia.

As cinco histórias inspiradoras grava- adequadamente tratado e as seque- #3 | Andreia Falcão


das em vídeo pelas próprias sobrevi- las minimizadas, o que significa mais
ventes foram divulgadas nas várias vida, mais mobilidade, mais memó-
redes sociais da SPAVC (Facebook, rias e mais independência.
Twitter, LinkedIn e Instagram), para
sensibilizar a população para a ne- A SPAVC felicita todas as sobrevi-
cessidade de uma rápida resposta ventes por serem um exemplo de
perante um episódio de AVC. Ou seja, superação e agradece pela corajosa
quanto mais rápido for acionado o partilha das respetivas histórias nos
#4 | Nídia Contente
112, mais depressa o doente será nossos canais digitais.

/ Presidente da SPAVC marca presença no evento TraceMe AVC

No Dia Mundial do AVC, a 29 de outubro, decorreram as Jornadas dos Téc-


nicos Superiores de Diagnóstico e Terapêutica (TSDT), este ano denomina-
das de TraceMe AVC, nas quais participou virtualmente, enquanto orador, o
Prof. Doutor José Castro Lopes, presidente da Direção da SPAVC. #5 | Natacha de Vasconcelos

“O papel da Sociedade Portuguesa O evento de carácter científico e mul-


do AVC na comunidade” foi o tema tidisciplinar decorreu ao longo do
apresentado pelo Prof. José Castro Dia Mundial do AVC no Hospital Pa-
Lopes, durante a última mesa-redon- dre Américo (Penafiel) e envolveu to-
da das Jornadas TraceMe AVC, intitu- das as áreas profissionais dos TSDT
lada “Alta hospitalar e ambulatório existentes no Centro Hospitalar do
– Diagnóstico e Terapêutica”. Tâmega e Sousa, tais como Enferma-
gem e médicos das especialidades
de Medicina Interna, Cardiologia, Para isso, além do tema da mesa na
Fisiatria e Neurologia, com o objeti- qual participou o Prof. José Castro
vo de “rastrear” todo o percurso do Lopes, foram abordados tópicos como
doente com diagnóstico de AVC e a a “Entrada no SU – Diagnóstico e Tera-
atuação dos diversos profissionais, pêutica” e o “Internamento – Diagnós-
desde a sua admissão no Serviço de tico e Terapêutica”, este último dividi-
Urgência até à alta hospitalar. do em duas mesas diferentes.

stroke.pt 27
NOTÍCIAS

/ SPAVC assinala Dia Nacional da Língua Gestual


Portuguesa com um vídeo especial
O Dia Nacional da Língua Gestual Portuguesa comemora-se anualmente a 15
de novembro. Este ano, a SPAVC aproveitou a efeméride para reforçar uma
mensagem essencial de combate ao AVC, através de uma iniciativa diferente
com um vídeo protagonizado pela Dr.ª Mariana Couto.
/ Plano de Ação para o AVC
A Dr.ª Mariana Couto é uma re-
na Europa (SAP-E) cém-médica que nasceu surda
assinado por Portugal profunda numa família de ouvin-
tes, tendo crescido a comunicar
Em cooperação com a Stroke Alliance em Língua Gestual Portuguesa
for Europe (SAFE), a European Stroke enquanto língua mãe. Concluiu
Organisation (ESO) desenvolveu um o Curso de Medicina em plena
Plano de Ação para o AVC na Europa
pandemia e aceitou o convite
(SAP-E), a aplicar entre os anos de
da SPAVC para fazer chegar mais
2018 a 2030. À semelhança de outros
países europeus, Portugal juntou-se
longe, e a mais pessoas, informa-
recentemente à união de esforços ção que pode salvar vidas.
para a melhoria dos cuidados ao AVC, Aproveitamos que esta revista se redes sociais. Por isso, se ainda não
doença que continua a ser uma das apresenta agora numa versão di- teve oportunidade de assistir, clique
principais causas de morte e incapa- gital, para fazer a divulgação des- no ícone do vídeo e ajude-nos a par-
cidade na Europa. Para isto, a Socie- te vídeo especial além das nossas tilhar esta mensagem.
dade Portuguesa do AVC e a Portugal
AVC – União de Sobreviventes, Fami-
liares e Amigos trabalharam em con- / Membros da SPAVC participam em congresso
junto, comprometendo-se, através da nacional dedicado à doença vascular cerebral
Direção-Geral da Saúde, a suportar a
implementação deste plano. O 22.º Congresso do Núcleo de Estudos da Doença Vascular Cerebral (NEDVC)
da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna decorreu de 25 a 27 de no-
“O Plano de Ação para o AVC na Euro- vembro, no Hotel Crown Plaza Porto, tendo contado com a participação de
pa estabelece objetivos para cada um vários membros da SPAVC na presidência de sessões e em várias palestras. O
dos domínios do Plano: prevenção evento contou com o patrocínio científico da SPAVC.
primária, organização de cuidados “Além de serem abordadas as cular, especificamente na diabetes e
no AVC, cuidados agudos no AVC, pre- novas guidelines, tivemos tam- na dislipidemia”, tendo sido, igualmen-
venção secundária, reabilitação, ava- bém a preocupação de englobar te, explorado “o papel dos cuidados
liação de resultados e vida pós-AVC”, todo o percurso do doente com paliativos no AVC, o que para muitos
pode ler-se no início do documento. AVC, desde o pré-hospitalar, pas- é ainda uma realidade desconhecida”.
Assim, “para 2030, foram definidos sando pela fase aguda, com par- Segundo a Dr.ª Ana Paiva Nunes,
quatro objetivos globais: reduzir em ticular ênfase na trombectomia, houve também “uma mesa-redonda
10% o número absoluto de AVC na até à reabilitação”, explicou a Dr.ª específica para as dúvidas que per-
Europa; tratar pelo menos 90% de to- Ana Paiva Nunes, elemento da sistem no tratamento de situações
dos os doentes que sofreram um AVC Comissão Organizadora do Con- cada vez diagnosticadas com maior
na Europa numa Unidade de AVC gresso, acrescentando que houve frequência, como o FOP e a rede ca-
dedicada, como primeiro nível de “uma mesa-redonda só sobre o rotídea”. “O que aprendemos com
cuidados; ter planos nacionais para tratamento do AVC em condições a pandemia” foi o tema da última
o AVC que abranjam toda a cadeia específicas, como o AVC na grávi- mesa-redonda do Congresso, ante-
de cuidados, desde a prevenção pri- da, na criança, AVC e infeção e na cedendo a sessão de entrega de pré-
mária até à vida pós-AVC; implemen- doença renal crónica terminal”. mios do NEDVC.
tar totalmente estratégias nacionais Durante o evento foi também No próximo ano, o 23.º Congresso
para intervenções multissetoriais de apresentado “o que há de novo no Nacional do NEDVC está agendado
saúde pública para promover e facili- controlo dos fatores de risco vas- para os dias 24, 25 e 26 de novembro.
tar um estilo de vida saudável e redu-
zir os fatores ambientais (incluindo a
poluição atmosférica), socioeconó-
micos e educacionais que aumen-
tam o risco de AVC”.

Saiba mais sobre o Plano de Ação


para o AVC na Europa AQUI.

stroke.pt 28
NOTÍCIAS DA CIÊNCIA

/ Candidaturas abertas para Bolsa de Investigação em Doença Vascular Cerebral da SPAVC

A Sociedade Portuguesa do AVC da SPAVC e membro do Júri da Bolsa. de para obter financiamento”, esta
anuncia a abertura de candidatu- Segundo a Prof.ª Patrícia Canhão, Bolsa “é também uma forma de
ras para a Bolsa de Investigação “um dos objetivos da SPAVC é promo- melhorar a participação de insti-
em Doença Vascular Cerebral, no ver a investigação em áreas clínicas tuições portuguesas na investiga-
valor de 5000€, até ao dia 16 de relacionadas com a doença vascular ção da doença vascular cerebral”.
janeiro de 2022. “Concorrer a esta cerebral. Para isso, todos os anos tem “Convido aqueles que estão à es-
Bolsa de investigação é uma exce- atribuído uma Bolsa de Investigação, pera de uma oportunidade para
lente oportunidade para obter fi- destinada a premiar um projeto de iniciar um projeto de investigação,
nanciamento para um projeto que investigação clínica que venha a ser que apresentem as vossas can-
de outra forma será mais difícil de desenvolvido, pelo menos parcial- didaturas”, apela a Prof.ª Patrícia
concretizar”. Quem é o afirma é a mente, em instituições portuguesas”. Canhão.
Prof.ª Doutora Patrícia Canhão, Assim, na perspetiva da especialista,
presidente da Comissão Científica além de uma “excelente oportunida-

O projeto vencedor será anunciado no 16.º Congresso Português do AVC e toda a informação sobre esta
iniciativa pode ser consultada em AQUI.

/ Artigo da autoria de membros da SPAVC publicado na Acta Médica Portuguesa


“Acesso a Tratamento Endovas- metidos a tratamento endovascular do no site oficial da Acta Médica
cular para Acidente Vascular Ce- em Portugal continental durante um Portuguesa que, de uma forma
rebral Isquémico em Portugal” período de dois anos (julho 2015 a global, evidenciou heterogenei-
é o título do artigo publicado na dades geográficas.
junho 2017)”. É possível consultar os
Revista Científica da Ordem dos
resultados e conclusões deste estu- Aceda ao trabalho AQUI.
Médicos, que reúne os resultados
de um trabalho realizado com o
apoio da SPAVC.
Pode ler-se na introdução do re-
sumo deste estudo que “a aprova-
ção do tratamento endovascular
para o acidente vascular cerebral
isquémico obrigou à reorganiza-
ção doscuidados de saúde em
Portugal”, sendo que “os nove
centros que realizam tratamento
endovascular não estão distribuí-
dos equitativamente pelo territó-
rio, o que poderá causar acesso
diferencial a tratamento”.
Assim, o principal objetivo deste
trabalho foi “realizar uma análise
descritiva da frequência e mé-
tricas temporais do tratamento
endovascular em Portugal conti-
nental e seus distritos”. Para isso,
foi analisada uma coorte nacio-
nal multicêntrica que incluiu
“todos os doentes com acidente
vascular cerebral isquémico sub-

stroke.pt 29
NOTÍCIAS DA CIÊNCIA

/ Unidade Cérebro-Vascular do Hospital de São José vence Prémios SITS


Coordenada pela Dr.ª Ana Paiva (UCV) do Hospital de São José ficou
Nunes, a Unidade Cérebro-Vascu- em primeiro lugar nos SITS World
lar do Hospital de São José – do Awards em duas categorias: protoco-
Centro Hospitalar Universitário lo IVT e protocolo TBY.
de Lisboa Central foi reconhecida Por isso, a SPAVC endereça as suas
como Centro de Topo de Trom- felicitações à UCV do Centro Hospita-
bectomia e de Trombólise pela lar Universitário de Lisboa Central, e
alta qualidade da informação re- em particular à médica internista Dr.ª
gistada na Plataforma de Imple- Ana Paiva Nunes, com votos de que
mentação Segura de Tratamentos este reconhecimento volte a acon-
no AVC (SITS), relativa ao ano de tecer já em 2022 e em todos os anos
2020. A Unidade Cérebro-Vascular seguintes. Parabéns!

/ Dr.ª Ana Gomes vence Spirit of Excellence Award 2021


Durante a European Stroke Organ- pitalar Tondela Viseu (CHTV). O Spirit tivas para reduzir a mortalidade
isation Conference (ESOC) 2021 of Excellence Award, promovido pela por AVC e o tempo porta-agulha e
foram anunciados os vencedores Iniciativa Angels, é um reconheci- aumentar as taxas de recanaliza-
do Spirit of Excellence Award, um mento pelo compromisso para com ção, e por estar ativamente envol-
reconhecimento promovido pela os cuidados de excelência na área do vida na melhoria dos recursos dos
Iniciativa Angels. Este ano, um dos AVC e pelas contribuições notáveis cuidados ao AVC no seu hospital”.
profissionais de saúde premiados para elevar o padrão de tratamento Além dos premiados, foi também
foi a Dr.ª Ana Gomes, coordenadora nos hospitais e comunidades. Este divulgada a lista de nomeados,
da Unidade de AVC do Centro Hos- ano, a excelência clínica nacional foi na qual consta o Dr. José Antó-
premiada, na pessoa da nio Franco, neurorradiologista no
Dr.ª Ana Gomes, coor- Hospital Dr. Nélio Mendonça (Fun-
denadora da Unidade chal, Madeira).
No site oficial da Angels é possível
de AVC do Centro Hos-
conhecer todos os nomes distingui-
pitalar Tondela Viseu
dos com o Spirit of Excellence Award
(CHTV), por “desempe-
2021 e assistir ao vídeo do momen-
nhar um papel funda-
to da atribuição dos prémios, decor-
mental na promoção
rido durante a ESOC 2021.
do trabalho interdisci-
plinar, por liderar inicia- Aceda AQUI.

/ CHVNG/E venceu Prémio de Boas Práticas em Saúde


O projeto “Teleconsulta na Neu- ção do Encontro do Prémio de Boas
rorradiologia de Intervenção – a Práticas em Saúde, organizado pela
encurtar distâncias e a potenciar Associação Portuguesa para o De-
conhecimento”, promovido pelo senvolvimento Hospitalar (APDH), a
Centro Hospitalar Vila Nova de Direção-Geral da Saúde (DGS), a Ad-
Gaia/Espinho, foi vencedor do ministração Central do Sistema da
Prémio de Boas Práticas em Saú- Saúde, as Administrações Regionais
de 2021. de Saúde e as Regiões Autónomas
O trabalho, apresentado pelo neu- dos Açores e da Madeira, no passado nas novas tecnologias de informa-
rorradiologista de intervenção Dr. dia 22 de novembro de 2021. ção e comunicação um pilar fun-
Manuel Ribeiro (membro SPAVC), A Sociedade Portuguesa do AVC damental na melhoria contínua
recebeu o 1.º Prémio na categoria apoiou este projeto desde o início, dos cuidados prestados aos doen-
de “Melhor Projeto” na 14.ª edi- considerando a inovação e aposta tes com AVC.

stroke.pt 30
ARTIGO DA EDIÇÃO

AVC EM PORTUGAL:
UM COMBATE A NÃO PERDER!

AVC na Europa, a Stroke Alliance for Portugal assinou um


Europe (SAFE), é uma organização sem
fins lucrativos fundada em 2004 (www.
documento de acordo
safestroke.eu) que, como a Sociedade sobre o compromisso da
Portuguesa do AVC, procura reduzir o promoção de políticas
número e consequências do AVC.
A SAFE aponta a necessidade de es-
públicas integradas
bater as diferenças entre os países para a prevenção e
Dr. Rui Cernadas europeus, quer quanto à prevalên- tratamento do AVC
Membro da Comissão Científica da SPAVC; cia, quer quanto à atenção e con-
Especialista de Medicina Geral e Familiar
trolo dos fatores de risco, definindo
na Europa
como estratégia nuclear a criação de

A
té 2035 o crescimento do nú- diretrizes europeias para as dimen- • Implementar legislações e estra-
mero de óbitos por AVC es- sões do rastreio e do tratamento da- tégias nacionais para interven-
tima-se em 45%. A previsão queles fatores. ções de saúde pública multissec-
europeia aponta para 34% e os seus Recentemente, a SAFE e a European toriais que abordem os fatores de
efeitos duradouros aumentarão em Stroke Organisation (ESO), apresen- risco do AVC (tabagismo, açúcar,
25% entre os sobreviventes desses taram, em conjunto, um Plano de Ac- sal, bebidas alcoólicas, poluição
AVC. Os custos totais do AVC irão atin- ção para o AVC na Europa. É um do- ambiental), de modo a promo-
gir os 45 biliões de euros! cumento estratégico que, apelando ver, educar e incentivar estilos de
Sendo o AVC uma emergência médica às mudanças nas políticas públicas vida saudáveis e reduzir os deter-
temível e temida, e ainda a principal da saúde, desafia os decisores polí- minantes ambientais, socioeco-
causa de morte e de incapacidade ticos a enquadrar as prioridades na nómicos e educacionais;
permanente em Portugal, sublinhe- investigação clínica e científica, na • Disponibilizar programas ba-
mos a razão de alarme: a cada hora, prevenção primária, na rede de or- seados na evidência para o ras-
3 portugueses vão sofrendo um AVC, ganização de cuidados em AVC e de treio e tratamento dos fatores
fatal para 1 deles nessa hora. cuidados agudos, na prevenção se- de risco do AVC em todos os
O dramatismo dos dados falam por si cundária, na atempada e adequada países europeus;
e a urgência de, no contexto de Pan- reabilitação, e na avaliação de resul- • Conseguir detetar e controlar a
demia se relativizar tudo quanto não tados e no foco pós-AVC. tensão arterial em 80% das pes-
parece COVID-19, torna-se assustadora Terá passado despercebido, quer soas com hipertensão.
e ignora ou minimiza o impacto conti- por causa das “férias”, quer por cul-
nuado do peso do AVC sobre os recur- pa da COVID-19, mas em finais de O Conselho Europeu criou, em Ju-
sos da saúde e a economia dos países. Agosto transato, Portugal, através da nho de 2021, um instrumento tem-
Pensemos também na demografia Diretora-Geral da Saúde, Dr.ª Graça porário de recuperação global desig-
ligada ao envelhecimento no Velho Freitas, em conjunto com represen- nado de Next Generation EU, no qual
Continente e em Portugal em parti- tantes de outros 55 países, assinou se integra o “famigerado” Plano de
cular. Calcula-se em cerca de 25% o um documento de acordo sobre o Recuperação e Resiliência tão apre-
aumento de indivíduos com idade compromisso da promoção do de- goado em Portugal!
acima de 60 anos na Europa até 2030. senvolvimento e da implementação O financiamento “colossal” tem um
Uma das vozes dos sobreviventes de de políticas públicas integradas, sus- período de execução até 2026. Na
tentáveis e baseadas na evidência verdade, um dos seus previstos in-
para a prevenção e tratamento do vestimentos é nos Cuidados Primá-
A SAFE aponta a AVC na Europa. rios. Serão 466 milhões de euros para
necessidade de esbater Os objetivos para 2030, quanto à pre- melhorar o acesso, a qualidade e a
as diferenças entre os venção primária, que os Cuidados eficiência dos cuidados prestados, a
Primários de Saúde podem e devem potenciação das respostas ditas de
países europeus, quer insistir e sistematizar, são: proximidade e a atenção às popula-
quanto à prevalência, ções de maior risco e vulnerabilidade.
quer quanto à atenção • Alcançar o acesso universal a tra-
tamentos preventivos primários Conviria que o AVC em Portugal
e controlo dos fatores através de uma previsão do risco fosse em definitivo UM COMBATE A
de risco melhorada e mais personalizada; NÃO PERDER!

stroke.pt 31
REPORTAGEM

UAVC DE MACEDO DE CAVALEIROS:


MULTIDISCIPLINARIDADE EM PROL DA MELHORIA DOS
CUIDADOS AO DOENTE COM AVC NO DISTRITO DE BRAGANÇA

A
Unidade Local de Saúde do embora atualmente a fibrinólise tam- AVC no distrito de Bragança, “uma
Nordeste (ULSNE, EPE) tem bém já se realize nas restantes Unida- nova esperança na forma como a
uma área de influência que des Hospitalares do distrito. doença é abordada por uma equipa
coincide com a área geográfica do Fisicamente, “a UAVC tem um es- multidisciplinar de profissionais mo-
distrito de Bragança, com os seus paço próprio e uma equipa de pro- tivados e que gostam do que fazem”.
12 concelhos e uma população de fissionais dedicada”, explica o Dr.
cerca de 123.000 habitantes (dados Jorge Poço, coordenador da UAVC e / Como funciona a Unidade de AVC
preliminares dos censos 2021), con- membro da SPAVC. Além do Serviço
tando com três Unidades Hospitala- de Internamento (constituído por • A UAVC admite doentes com AVC
res (Bragança, Macedo de Cavaleiros 9 camas) e ginásio de reabilitação, agudo/subagudo, de todo o dis-
e Mirandela) e 14 Centros de Saúde. dispõe também de uma consulta ex- trito de Bragança. Como dito an-
A Unidade de AVC (UAVC) da ULSNE foi terna de AVC em funcionamento se- teriormente, embora possam dar
inaugurada a 11 de janeiro de 2005 e manal (onde estão presentes o inter- entrada no Serviço de Urgência
está sediada na Unidade Hospitalar nista, a neurologista, um enfermeiro de outras Unidades Hospitalares,
de Macedo de Cavaleiros. Também da UAVC e ainda uma fisioterapeuta). poderão depois ser encaminhados
neste distrito, a Via Verde para o AVC Sendo a única UAVC do distrito de para aquela UAVC, desde que haja
foi implementada em janeiro de 2009 Bragança, recebe os doentes desta vaga disponível. Para tal, é efetua-
(Serviço de Urgência de Bragança), área geográfica que recorrem a ou- do contacto prévio, para assegurar
tras Unidades Hospitalares (Bragan- a vaga e posterior transferência.
ça e Vila Real, através da Via Verde
para o AVC) ou após Trombectomia • Até início de dezembro de 2021,
A Unidade trouxe para (provenientes essencialmente do todo o internamento do doente
Centro Hospitalar Universitário do com AVC ocorria no seio da UAVC,
os doentes vítimas Porto ou do Centro Hospitalar Uni- não havendo, portanto, trans-
de AVC no distrito versitário de São João do Porto). ferência de doentes para outras
de Bragança, “uma Desde a data de implementação des- enfermarias (Neurologia ou Me-
ta Unidade, o Dr. Jorge Poço aponta dicina Interna). Desde então, os
nova esperança como principal dificuldade sentida doentes, após estarem estabili-
na forma como a “a demora na integração dos doen- zados e efetuada a investigação
doença é abordada tes na Rede Nacional de Cuidados vascular, são transferidos para o
Continuados (RNCCI), dificultando as Serviço de Medicina Interna de
por uma equipa altas do internamento e impedindo, Macedo de Cavaleiros, aguardan-
multidisciplinar portanto, que outros doentes pos- do aí a vaga na RNCCI, mantendo
de profissionais sam ser tratados na UAVC”. Embora a continuidade de cuidados (pela
ainda haja “um longo caminho a per- mesma equipa médica), por for-
motivados e que correr”, admite o médico, a Unidade ma a manter o “fio condutor” no
gostam do que fazem” trouxe para os doentes vítimas de tratamento destes doentes.

stroke.pt 32
REPORTAGEM

“A atuação
da equipa de
Enfermagem
ocorre na fase
aguda e pós-aguda
do AVC, com base
em protocolos
bem definidos”

• Aquando da alta e com o plano o doente no seio familiar e/ou profis- Assim, “os doentes internados na
de reabilitação devidamente pro- sional, o mais rapidamente possível”, Unidade de AVC da Unidade Hos-
gramado, os doentes são referen- afirma a Enf.ª Natália Ledesma, re- pitalar de Macedo de Cavaleiros da
ciados para a Consulta de AVC que ferindo, ainda, que, “por se verificar Unidade Local de Saúde do Nordes-
ocorrerá cerca de 90 dias após o alguma descontinuidade nos cuida- te são todos avaliados pelo fisiatra
evento vascular. Esta Consulta é dos específicos de reabilitação ao e orientados conforme o seu estado
efetuada no Hospital de Macedo fim-de-semana e feriados, o enfer- clínico”. “Se não apresentarem défi-
de Cavaleiros ou no Centro de meiro especialista em Reabilitação ces que a justifiquem, não há lugar a
Saúde de Mogadouro, neste últi- passou a integrar a equipa escalada, intervenção terapêutica. Se a situa-
mo caso, sempre que o número promovendo uma melhoria na quali- ção clínica ainda não está estabili-
de doentes daquela área geográ- dade dos cuidados prestados”. zada ou se o doente não consegue
fica (Freixo de Espada-à-Cinta, colaborar, a intervenção é protela-
Miranda do Douro, Mogadouro e / A relação entre a UAVC e o Serviço da. Mas, na maioria dos casos, e de
Vimioso) assim o justifique, deslo- de Medicina Física e Reabilitação acordo com as deficiências apresen-
cando-se os profissionais àquela tadas, o fisiatra delineia o plano de
instituição (aonde é possível ace- O Dr. Abílio Silveira é o diretor do Ser- reabilitação e os doentes são trata-
der a toda a informação clínica do viço de Medicina Física e Reabilita- dos num ginásio anexo à Unidade
doente), diminuindo assim, signi- ção (SMFR), que funciona em “gran- de AVC, recebendo intervenção de
ficativamente, a necessidade de de cumplicidade” com a Unidade de fisioterapeuta, terapeuta ocupacio-
deslocação para muitos doentes. AVC da Unidade Hospitalar de Mace- nal e terapeuta da fala, conforme as
do de Cavaleiros da ULSNE. Na sua necessidades diagnosticadas”, escla-
/ O Papel da Enfermagem perspetiva, isto “permite que haja rece o Dr. Abílio Silveira.
na Unidade de AVC uma conjugação de esforços entre Porém, o médico destaca como
os dois serviços, que se alicerça na principal questão “o destino a dar
De acordo com a Enf.ª Natália Ledes- necessidade de dar resposta o mais aos doentes e a dificuldade que, fre-
ma, Enfermeira-chefe da UAVC da rapidamente possível às necessida- quentemente, surge para colocar os
Unidade Hospitalar de Macedo de des dos doentes”. doentes nas Unidades de Cuidados
Cavaleiros, “a atuação da equipa de
Enfermagem ocorre na fase aguda
e pós-aguda do AVC, com base em
protocolos bem definidos”, e tendo
“como objetivo primordial o reco-
nhecimento precoce e a prevenção
de complicações, agravamento dos
défices e a reabilitação precoce, tra-
duzindo-se num claro benefício na
recuperação do doente com AVC”.
“Desde a admissão na unidade de
AVC, são identificadas precocemen-
te as necessidades de cada doente/
família para delinear um bom plano
de cuidados, por forma a reintegrar

stroke.pt 33
REPORTAGEM

“A alteração da gestão solicitada a consulta não presencial, da gestão de camas ocorrida em de-
todas as outras foram/são efetuadas zembro de 2021 aumentará a acessi-
de camas ocorrida presencialmente (mas sem a habi- bilidade dos doentes aos cuidados
em dezembro de tual presença do Enfermeiro e da da UAVC, permitindo ganhos em saú-
2021 aumentará a Fisioterapeuta por forma a evitar a de para a população”. Isto porque,
aglomeração de pessoas no gabine- até então, a UAVC apenas tinha capa-
acessibilidade dos te da Consulta). Progressivamente a cidade para tratar cerca de 50% dos
doentes aos cuidados atividade tem regressado à normali- doentes com AVC no distrito de Bra-
da UAVC, permitindo dade e assim esperamos manter”. gança (com cerca de 400 novos casos
Para a Enf.ª Natália Ledesma, a si- por ano). “Tal alteração poderá ter
ganhos em saúde tuação pandémica veio agravar ain- aumentado a carga de trabalho para
para a população” da mais a “dificuldade em envolver alguns profissionais, mas estou con-
a família/cuidador na continuidade victo que quem corre por gosto não
de cuidados” com que a equipa de cansa”, finalizou o Dr. Jorge Poço.
Enfermagem sempre se deparou, já Por sua vez, a Enf.ª Natália Ledesma
Continuados, cronicamente lotadas que a mesma teve um impacto sig- destaca o “longo caminho a percor-
e sem capacidade para integrar em nificativo na proximidade entre os rer”, mas que não desmotiva a equi-
tempo útil os doentes com alta da profissionais de saúde, os utentes e pa no que diz respeito a um objetivo
Unidade de AVC”. “Muitas vezes, os as respetivas famílias/cuidadores. para o futuro: “Pretendemos desen-
doentes veem, por esse motivo, a sua volver um projeto de Enfermagem
estadia prolongada muito para lá do / Para além da UAVC para a continuidade dos cuidados na
que seria razoável”, salienta o diretor alta para o domicílio, que nos permi-
do SMFR, partilhando ainda a sua Os profissionais desta UAVC partici- tirá fazer mais pelos nossos doentes”.
expectativa “de que as Unidades de pam anualmente nas comemorações Para isso, está já “em curso uma reor-
Cuidados Continuados possam vir a do Dia Nacional do Doente com AVC ganização e reestruturação da dinâ-
ser financiadas de modo diferente e (31 de março), bem como em outros mica da unidade que permitirá uma
que funcionem de forma que a rotati- eventos alusivos a esta patologia (Fei- maior acessibilidade dos doentes a
vidade dos doentes aí colocados seja ra da Saúde do Nordeste Transmonta- esta unidade”.
estimulada e se torne a regra”. no e ainda na Feira de S. Pedro de Ma- “Não podemos deixar de realçar e
“A mim, agrada-me o trabalho que cedo de Cavaleiros). O Dr. Jorge Poço reconhecer a importância do papel
desenvolvo nas duas visitas semanais considera a sensibilização da popula- de cada elemento desta equipa mul-
que faço à Unidade de AVC. Os enfer- ção local “uma prioridade” para a mu- tidisciplinar, cada um na sua área de
meiros, os terapeutas e os médicos dança desejada no panorama do AVC atuação, mas com o mesmo e único
têm o conhecimento pleno da fun- que é comum a todo o País. propósito: a melhoria da qualidade
cionalidade anterior dos doentes e, dos cuidados prestados ao doen-
em conjunto, podemos serenamente / Desafios para o Futuro te com AVC”, conclui a Enf.ª Natália
estabelecer o melhor programa de Ledesma, indo ao encontro do que
reabilitação e orientação a dar a cada Quando questionado sobre desafios pensa o Dr. Abílio Silveira: “O traba-
um”, enaltece o Dr. Abílio Silveira. para o futuro, o coordenador desta lho em equipa não é tão difícil como
Unidade acredita que “a alteração parece. E dá frutos”.
/ A chegada da Pandemia

“Os anos de 2020 e 2021 foram difí-


ceis para o Serviço Nacional de Saú-
de e a UAVC da ULSNE não escapou a
este problema”, avançou o Dr. Jorge
Poço. “As reestruturações dos ser-
viços e todas as precauções que se
tornaram necessárias, vieram reduzir
em cerca de 15% o número de doen-
tes tratados na mesma.” O médico
referiu também o impacto a nível das
Consultas de AVC, nomeadamente
nas fases mais críticas da pandemia,
em que algumas consultas foram
adiadas e outras, a pedido dos doen-
tes ou das famílias, foram efetuadas
de forma não presencial. “Excetuan-
do estes poucos casos em que foi

stroke.pt 34
NOTA FINAL

Em contagem decrescente para o 16.º Congresso Português do AVC:

CELEBRAR O Prof. José Castro Lopes

“FINALMENTE” Presidente da Direção


da SPAVC e do Congresso

Finalmente chega o Grande Fórum


Nacional da Doença Vascular Cere-
bral, designação geralmente atribuí-
da ao Congresso Português do AVC.

Finalmente chegou a primeira sema-


na de fevereiro, data que é adotada
invariavelmente pela Sociedade Por-
tuguesa do Acidente Vascular Cerebral
para a realização do seu Congresso.
e congressistas, muito enriquecedor de profissionais de saúde. A compo-
dos conhecimentos a adquirir. nente virtual permite, como se viu no
Finalmente levamos ao conhecimen-
Congresso de 2021, atingir um núme-
to dos interessados a composição do
Finalmente poderemos já obter su- ro de inscrições nunca anteriormen-
Programa Científico, que, à semelhan-
gestões de temas a incluir no próximo te atingido.
ça dos anos anteriores, é recheado de
Congresso, que podem ser feitas pe-
interesse, dada a sua valia que se ali- In Introdução ao 16.º Congresso
los presentes através do secretariado.
cerça na competência científica dos in-
tervenientes nacionais e estrangeiros.
Finalmente: votos de que se inscre-
vam em grande número, não por- Consultar o programa
Finalmente, como é timbre deste
que estejamos perante um concur-
Congresso, serão conhecidas as úl- Consultar os oradores
so, mas porque desejamos que as
timas aquisições do conhecimento,
mensagens cheguem, para bem dos Efetuar inscrição
baseado em evidência científica, nas
doentes de AVC, ao maior número
áreas da prevenção, tratamento de
fase aguda e da reabilitação.

Finalmente será possível um contac-


to mais eficaz com as Indústrias Far- visitar site
macêutica e de Dispositivos e Equi-
pamentos Médicos.

Finalmente haverá possibilidade de


um contacto mútuo entre preletores

“Votos de que se
inscrevam em grande
número, não porque
estejamos perante
um concurso, mas
porque desejamos
que as mensagens
cheguem, para bem
dos doentes de AVC,
ao maior número de
profissionais de saúde”
NOTA FINAL

NOTÍCIAS

/ Estão disponíveis 4 CURSOS FORMATIVOS em diferentes áreas de intervenção


Este ano, o 16.º Congresso Português do AVC promove, no dia imediatamente antes e na tarde após o encerra-
mento, cursos práticos para consolidação de conhecimentos em diferentes áreas de interesse. Conheça as opções
formativas que temos ao seu dispor:

INSCREVA-SE JÁ!

/ A Via Verde do AVC em 9 perguntas

Quarta-feira, dia 2 de fevereiro

14h-19h30

Dirigido a médicos e internos de Neurologia, Neurocirurgia, Neurorradiologia, Medicina Interna


e Medicina Intensiva

Coordenado por Drs. Miguel Rodrigues e Liliana Pereira

Saiba mais informações AQUI.

/ A enfermagem e a Doença Cerebrovascular: o estado da arte em 2022

Quarta-feira, dia 2 de fevereiro

15h-19h00

Dirigido a enfermeiros e outros profissionais de saúde

Coordenado por Enf.º Gonçalo Vital

Saiba mais informações AQUI.

/ Técnicas ultrassonográficas para guiar decisões terapêuticas na Unidade de AVC

Sábado, dia 5 de fevereiro

15h-19h00

Médicos e internos de especialidades dedicadas ao AVC

Coordenado por Dr. Alexandre Amaral e Silva e Prof. João Sargento Freitas

Saiba mais informações AQUI.

/ Curso MIND

Sábado, dia 5 de fevereiro

15h-19h00

Saiba mais informações AQUI.

stroke.pt 36
AGENDA

2022

PRÓXIMOS EVENTOS
FEVEREIRO ABRIL OUTUBRO

01-04 9th ESO–ESMINT–ESNR 01-02 Lisbon Stroke Summit 02-05 28.º Congresso Nacional
Stroke Winter School [Lisboa] de Medicina Interna - CNMI
[Berna, Suíça] + Mais informações 2022
+ Mais informações [Centro de Congressos do
Algarve]
03-05 16.º Congresso Português + informações
do AVC MAIO
[Porto & Online] 26-29 26-29 14th World Stroke
+ Mais informações 04-06 8th European Stroke Congress
Conference (ESOC) [Singapura]
10-13 16.º Congresso de Hipertensão [Lyon, França] + informações
e Risco Cardiovascular + Mais informações
[Vilamoura & Online] 29 29 Dia Mundial do AVC
+ Mais informações [Mundial]
+ informações
JUNHO
14-15 26ª Jornadas Nacionais
Patient Care
25-28 8th Congress of the
[Lisboa & Online] European Academy NOVEMBRO
+ Mais informações of Neurology (EAN)
[Viena de Áustria & Online] 24-26 23.º Congresso do Núcleo
+ Mais informações de Estudos da Doença
MARÇO Vascular Cerebral da SPMI
[A definir]
01-04 Dia Nacional do Doente + informações
JULHO
com AVC
[Portugal] 03-07 16th World Congress of the
+ Mais informações International Society of
Physical and Rehabilitation
11 1st European Life After Medicine (ISPRM)
Stroke Forum + Mais informações
[A definir]
+ Mais informações
SETEMBRO
25-27 27.º Congresso Português
de Cardiopenumologia 05-09 25th ESO Stroke Summer
[A definir] School
+ Mais informações [Birmingham, Inglaterra]
+ Mais informações

FICHA TÉCNICA
PROPRIEDADE: Sociedade Portuguesa do EDIÇÃO: APOIOS:
Acidente Vascular Cerebral
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Rua de Cervantes 388-398 e Conteúdos da SPAVC
4050-186 Porto
Tel.: 226 168 681/2 | / Coordenação e redação:
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/ Revisão científica:
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/ Design e Paginação:
Os profissionais de saúde que colaboraram nesta edição da SPAVC não auferiram Sofia Rebelo
qualquer honorário por este motivo. [sofiavrebelo@gmail.com] stroke.pt 37
AFTER CRYPTOGENIC STROKE,
MAKE PREVENTION
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CRYPTOGENIC STROKE TREATMENT
Which of your patients can benefit from:
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