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1ª PROVA – DIREITO DAS COISAS

Mévio, domiciliado em São Paulo, adquire de Caio grande imóvel rural na cidade de
São Desidério/BA, para o plantio de algodão.

Registro (arts. 1.245 a 1.247)

Título translativo do imóvel deve ser registrado no Cartório de Registro de Imóveis da


sede do imóvel: em São Desidério/BA, portanto, e não em São Paulo, a despeito de lá estar
domiciliado o alienatário (art. 169, Lei nº 6.015/73)

Falar sobre a aquisição de propriedade, quando chegar em casa.

Art. 169. Todos os atos enumerados no art. 167 desta Lei são obrigatórios e serão
efetuados na serventia da situação do imóvel, observado o seguinte: (Redação dada pela Lei
nº 14.382, de 2022) I - as averbações serão efetuadas na matrícula ou à margem do registro a
que se referirem, ainda que o imóvel tenha passado a pertencer a outra circunscrição,
observado o disposto no inciso I do § 1º e no § 18 do art. 176 desta Lei;

Função social da propriedade

A função social da propriedade rural, que implica o cumprimento de requisitos de


aproveitamento racional e adequado, utilização adequada dos recursos naturais, preservação
do meio ambiente, observância das disposições legais que regulam as relações de trabalho e
exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores (art. 186 da CF).

Após o cumprimento de todas as obrigações contratuais, viaja até o novo


estabelecimento rural com equipamentos agrícolas e mão de obra.

- Possível pergunta de aquisição de coisa móvel a imóvel (Arts. 1.253 a 1.258)


- Possível pergunta sobre usucapião de bem móvel (Art. 1.260)

Porém, ao tentar adentrar o imóvel, deparou-se com todas as porteiras fechadas e os


caminhos obstados. Ao conversar com vizinhos, soube que Caio (o vendedor) estava fora e o
seu caseiro, João, recusava-se a sair do imóvel (e, portanto, entregá-lo) antes que o patrão
voltasse.

Condição jurídica de Caio (vendedor) e de João (caseiro)

Segundo o art. 1.196, considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício,
pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade.
João, na condição de caseiro do imóvel, figura como mero detentor, uma vez que
conserva a posse em nome de Caio, com quem mantém relação de dependência e de quem
cumpre ordens ou instruções, na forma do art. 1.198.
Através de João, Caio exerce diversos poderes de domínio sobre o imóvel, como o
direito de usar e o direito de fruir.

Possibilidade de proteção da posse contra Mévio

O ordenamento jurídico confere tutela jurídica não somente à posse justa, mas
também à posse injusta, caracterizada como aquela que é violenta, clandestina ou precária.
Assim, ainda que Caio, através de João, mantenha a posse sobre o imóvel
injustamente (explicar por quê), Caio poderia se valer da ação de manutenção da posse (em
caso de turbação por parte de Mévio) ou de interdito proibitório, para fazer cessar as ameaças
de turbação ou esbulho (“Mévio disse a todos que “entrará a todo custo”. Aliás, a alegação de
Mévio de que seria o proprietário do imóvel não possuiria o condão de obstar a propositura
das referidas medidas judiciais, por força do art. 1.210, § 2º, do CC.
Por fim, vale lembrar que na relação de dependência, o detentor (João) pode defender
a posse contra ameaças ou agressões (art. 1.198), mas não é tutelado por ações
possessórias.

Mévio, furioso, passa a dizer a todos que “entrará a todo custo”.

Desforço (autotutela contra esbulho) → podemos aplicar o art 1.210 por analogia, uma
vez que se trata de imissão?

A lei autoriza a autotutela, mas com condições:

Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído
no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado.

§ 1º - O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria


força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do
indispensável à manutenção, ou restituição da posse.

A invasão promovida caracteriza esbulho da posse. Há esbulho possessório quando o


direito de posse de um bem é retirado do possuidor contra a vontade deste.

Caso Mévio já ainda não houvesse se imitido na posse antes do esbulho → ação de
imissão na posse (medida judicial cabível para fazer cessar o esbulho)

Fundamento:

Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no
de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado.
Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de
reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.

Art. 538, CPC. Não cumprida a obrigação de entregar coisa no prazo estabelecido na
sentença, será expedido mandado de busca e apreensão ou de imissão na posse em favor do
credor, conforme se tratar de coisa móvel ou imóvel

Mévio não exerce posse indireta, pois não há posse direta:

Luciano Penteado

Orlando Gomes
Caio Mário

Caso Mévio já houvesse se imitido na posse antes do esbulho → ação de reintegração de


posse (medida judicial cabível para fazer cessar o esbulho)

A invasão promovida por Caio caracteriza o esbulho da posse. Há esbulho possessório


quando o direito de posse de um bem é retirado do possuidor contra a vontade deste.
Para retomar o imóvel invadido injustamente, o possuidor poderia recorrer à ação de
reintegração de posse, nos termos do art. 560 e 561 do CPC.

Art 108 CC - registro é essencial

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