Você está na página 1de 12

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ

JOÃO VITOR RODRIGUES DE ARAUJO

Primeira avaliação Economia Regional e Urbana I


Prova I da disciplina ERU I

Teresina – PI

Novembro/2023
JOÃO VITOR RODRIGUES DE ARAUJO

Prova I da disciplina Economia


Regional e Urbana I

Universidade Federal do Piauí

Prof. Francisco Evandro de Sousa


Santos

Teresina – PI

Novembro/2023
Sumário

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 4
2 AS TEORIAS CLÁSSICAS DA LOCALIZAÇÃO .............................................. 4
2.1 O Estado Isolado – Von Thunen (1826) .................................................... 4
2.1.2 O modelo de uso do solo agrícola; ..................................................... 4
2.1.3 A renda do solo agrícola. .................................................................... 5
2.2 A Teoria da Localização Industrial – Alfred Weber (1909) ........................ 5
2.2.1 O modelo de localização da indústria ................................................. 6
2.2.2 Os fatores locacionais;........................................................................ 6
2.2.3 A orientação pelo transporte; .............................................................. 6
2.2.4 A orientação pela mão de obra; .......................................................... 6
2.2.5 Os fatores de aglomeração e desaglomeração; ................................. 7
2.3 A Teoria do Lugar Central – Walter Christaller (1933) .............................. 7
2.3.1 A hierarquia dos centros urbanos; ...................................................... 8
2.3.2 Redes urbanas e áreas de influência.................................................. 9
2.4 A Ordem Espacial da Economia – August Losch (1940); ......................... 9
2.4.1 A teoria geral do equilíbrio locacional; ................................................ 9
2.5 Economia Espacial e Localização – Walter Isard (1956). ....................... 10
2.5.1 O modelo de Isard como aperfeiçoamento ao de Weber; ................. 10
2.5.2 A teoria do equilíbrio regional; .......................................................... 11
2.5.3 A síntese de Isard. ........................................................................... 11
3 CONCLUSÃO................................................................................................ 11
4 BIBLIOGRAFIA ............................................................................................. 12
1 INTRODUÇÃO

O desenvolvimento regional está intimamente ligado aos fatores de produção


de que dispõe cada região além de atributos ambientais naturalmente
impostos. Dado o nível de relevância, estes são elementos que foram o centro
da análise de diferentes modelos de localização espacial das atividades
econômicas, como os apresentados por Von Thuner, Alfred Weber, Walter
Christaller, August Losch e Walter Isard. O surgimento de diferentes modelos
permite uma maior compreensão da dinâmica espacial das atividades
econômicas. Apesar da existência de modelos mais modernos, a produção
teórica antecedente continua viva na forma de interpretar a dinâmica das
atividades econômicas no espaço. Essas obras deram mais clareza aos
autores modernos na criação dos seus modelos. O objetivo do trabalho é então
apresentar de forma breve as teorias clássicas de localização que evoluíram de
forma sequenciada de Von Thunen (1826) a Isard (1956).

2 AS TEORIAS CLÁSSICAS DA LOCALIZAÇÃO

2.1 O Estado Isolado – Von Thunen (1826)

A teoria do Estado Isolado foi a primeira contribuição para Teoria Geral da


localização. Segundo P. Habbett, para além dos fundamentos que dispusera
para uma análise mais refinada da localização da agricultura, o autor estimulou
uma análise mais profunda em torno da análise locacional. Sua teoria foi
pautada em uma ampla análise e interpretação de uma série de informações e
dados contábeis. Seu modelo é definido em uma região isolada do resto do
mundo, de forma circular, tendo como principais pressupostos: I – condições
naturais semelhantes, que resultariam nos mesmos custos de produção; II –
um único mercado localizado no centro, onde os agricultores vendiam sua
produção e compravam mercadorias industrializadas; III – outro fator que
repercutia nos mesmos custos de produção era a igualdade de condições
socioculturais, que implicava na mesma tecnologia e utilização de recursos; IV
– custos de transporte das mercadorias agrícolas padronizados, dada a
existência de um só transporte.

2.1.2 O modelo de uso do solo agrícola;

O modelo de Von Thuner conseguiu demonstrar alguns fatos fundamentais no


que diz respeito aos padrões de produção agrícola. Ao considerar que o
mercado paga o mesmo preço às mercadorias independente da região que
elas venham e considerando os mesmos custos de produção, o autor admitiu
que os custos de produção seriam uma função dos custos de transporte. Desse
modo, regiões mais próximas ao mercado têm maior vantagem locacional
enquanto que ela diminui conforme aumentam as distâncias do mercado. Sua
lógica se aproxima daquela apresentada pela teoria da renda ricardiana, tendo
como chave não mais a fertilidade do solo, mas a sua distância em relação ao
centro. Seu ponto de partida é a existência de um produto agrícola homogêneo.
Os agricultores localizados nas regiões centrais possuem vantagens em
relação aos demais e lucros extraordinários. Não existindo barreiras à entrada,
as terras são disputadas por novos agricultores, elevando o preço dos alugueis.
Os preços dos alugueis sobrem até que os lucros sejam zerados. Donos de
terras mais centrais recebem rendas maiores do que os demais.

2.1.3 A renda do solo agrícola.

O autor fala em renda da terra, que leva o mesmo sentido da renda


locacional, no qual corresponde ao excedente produzido por unidade de terra.
Conforme aponta Lloyd e Dicken, no mundo real, as causas das vantagens da
terra são muitas, mas dada a simplificação do modelo a única vantagem se
torna a distância locacional em relação ao mercado central. Por esse motivo
alguns autores argumentam uma maior adequação da utilização do termo
renda locacional. A renda locacional distingue então as zonas de uso da terra,
dada a não uniformidade da produção agrícola.

Dada as condições da Europa no início do século XXI, Von Thuner


propôs seis zonas concêntricas em torno do mercado central. Tem-se ainda
que os menores custos de transporte, permitirão ao agricultor um
redirecionamento dos recursos advindo da economia no transporte para
emprego de mais mão de obra e insumos, resultando em crescimento de
renda. A distância influencia, portanto, não somente na escolha de produtos,
mas ainda nos sistemas de produção a serem empregados.

Segundo E. S Dunn, a renda locacional de qualquer produto, em


qualquer localização, pode ser obtida pela fórmula L = Y(P-C)-YD(F), onde L =
rendalocacional ($jkm2:);Y = produtividade(tjkm2); P = preçodemercado($/t); C
= custodeprodução ($jt); D = distânciaparaomercadocentral(km); F =
custodetransporte($jt/km). Desse modo, é possível escolher entre a produção
de dois produtos i e j pela relação 1 < Y(P-C)i / Y (P – C)j < Yi/Yj, formando
duas zonas distintas de produção, onde o produto i domina uma área circular
adjacente ao mercado consumidor e o produto j uma área imediatamente
posterior.

Essa teoria continua a ser testada em diferentes partes do globo, como


trabalhos realizados recentemente nos EUA e Uruguai que concluíram para
sua validade. No brasil a teoria foi introduzida por Leo Waibel.

2.2 A Teoria da Localização Industrial – Alfred Weber (1909)

A publicação de Alfred Weber pode ser considerada uma das primeiras teorias
gerais da localização. O autor argumenta no seu trabalho que a escolha da
localização de uma indústria é pautada na ponderação de três importantes
fatores: i) custos de transporte; ii) custo de mão de obra; e iii) um “fator local”
que advêm das forças de aglomeração e “desaglomeração”.

2.2.1 O modelo de localização da indústria

Albert Weber teve importante contribuição à teoria da localização das


atividades econômicas com sua proposição sobre a localização das indústrias.
Para o autor, supondo a existência de custos uniformes de produção sobre um
espaço considerado, a indústria se localizaria em um ponto onde os custos de
transporte sejam minimizados.

2.2.2 Os fatores locacionais;

O custo de transporte seria uma função de dois fatores: o peso dos materiais
localizados e do produto envolvido, relacionado com a distância a ser
percorrida, permitindo estabelecer um índice de custo t/km. O modelo seria
então o da procura do melhor local de produção minimizando a relação t/km, no
processo de relações e entrada/saída de uma empresa industrial. Os materiais
são classificados em dois tipos: os ubíquos ou não localizados,
correspondendo àqueles que são encontrados em toda parte, não exercendo
nenhuma força locacional, e os localizados, ou seja, aqueles que têm uma
distribuição universal, emitindo importantes forças locacionais.

2.2.3 A orientação pelo transporte;

Os materiais localizados são analisados quanto ao peso, sendo classificados


quanto a dois tipos: os que entram com peso total na constituição do produto e
aqueles que perdem parte do peso durante o processo industrial. Quando há
perda de peso, a localização será orientada para a localização junto aos
recursos, caso contrário, a localização será orientada junto ao mercado
consumidor. O problema da localização da produção industrial seria, portanto,
“uma função dos custos diferenciais de transporte decorrentes do
deslocamento de uma variedade de materiais localizados e do produto final
sobre o espaço”. Weber valoriza, então, a análise dos custos de transporte na
orientação da localização da indústria.

2.2.4 A orientação pela mão de obra;

A influência dos custos de mão de obra e de outros custos de produção seria


vista na análise weberiana em termos da possibilidade de alteração da
localização, determinada pelos custos mínimos de transporte.
2.2.5 Os fatores de aglomeração e desaglomeração;

Os fatores de aglomeração tendem a reunir as indústrias em alguns pontos do


espaço geográfico e os fatores de desaglomerarão tendem a dispersá-los. As
economias de custos básicos tendem a se localizar em regiões do espaço
geográfico próximas a outras indústrias auxiliares e com melhores
comunicações com o mercado. O principal fator “desaglomerativo” é a renda da
terra, que tende a aumentar conforme o aumento da concentração de
indústrias.

Observando sob uma perspectiva mais ampla, F. Mota (1968, p. 6) resume-o


como uma relação funcional entre o custo total da atividade industrial, o custo
de transporte e os custos de beneficiamento ou transformação. Assim, temos
algebricamente CTa,i = f(Ct, Cp) onde: CTa,i = custo toal da atividade
industrial; Ct = somatório dos custos de transporte; Cp = somatório dos custos
do processo industrial.

A Teoria da Localização Industrial de Weber, parece não apresentar grandes


resistências aos geógrafos brasileiros. Por outro lado, novas proposições
surgem quanto o fato de as firmas possuírem todos os dados relevantes que
possibilitem a esta identificarem a localização ótima de sua indústria ou, ainda,
o fato de que as variações regionais nos custos de transporte não seriam tão
relevantes em algumas indústrias. Essa ótica propõe uma valorização dos
fatores psicológicos ligados ao processo de tomada de decisões dessas
empresas. Nesse sentido, é dados ênfase em fatores intangíveis como o bem
estar social, atitudes das comunidades ou preferências dos empresários.

2.3 A Teoria do Lugar Central – Walter Christaller (1933)

A teoria do lugar central é uma contribuição de um geógrafo, Walter Christaller,


ressaltando sua importante contribuição à geografia, além de incorporar a
teoria geral da localização. Chirstaller procurou uma teoria de localização que
correspondesse a Teoria de Localização da Produção Agrícola, de Von Thuner
e à Teoria da Localização da Indústria, de Alfredo Weber.

W. Christalen parte de uma perspectiva observada no mundo orgâico e


inorgânico, onde a centralidade é o princípio da ordem. Esse fenômeno é
observado então na esfera humana, particularmente observada na distribuição
do povoamento, tendo as cidades como centro de uma região. Esse passou a
ser o objeto de investigação de Christalen, que passou a buscar leis que
determinam o número, tamanhos e a distribuição das cidades. O autor
argumenta que nem sempre os lugares centrais serão as cidades. A função
principal da cidade é a da distribuição de bens e serviços a uma região em
torno, desse modo, existem alguns centros populacionais que não exercem
esse papel, como no caso de centros agrícolas, mineradores e industriais. Os
bens e serviços são produzidos e oferecidos, necessariamente, em alguns
pontos centrais e distribuídos em alguns pontos dispersos.
Dentro dessa lógica, existem dois conceitos importantes, o limiar e o alcance.
O limiar corresponde ao nível mínimo de demanda que assegura a produção
de um bem. Acima desse valor, as receitas provenientes da distribuição de
bens e serviços serão crescentes. O alcance corresponde à maior distância
que uma população dispersa está disposta a percorrer para consumir um bem
ou serviço. Os valores de limiar e alcance variam bastante a depender do bem
ou serviço adquirido. O nível necessário de alcance ou limiar necessário para
produção varia de acordo com o bem. No caso de um pão, o alcance acaba
sendo mais baixo se comparado a o serviço de um médio especializado.
Segundo W. Christaller, o fato decisivo da constituição dos lugares centrais não
é o consumo dos bens centrais, mas a receita adquirida pela venda desses
bens.

2.3.1 A hierarquia dos centros urbanos;

Segundo o autor, os lugares centrais não produzem apenas bens relativos à


sua importância, mas das regiões localizadas em posição inferior. Nesse
sentido, fica claro a ideia de hierarquia das localidades centrais, sendo
necessário retomar o conceito de limiar e alcance. Em função do primeiro
conceito, limiar, não é possível que todos os bens e serviços sejam oferecidos
em todas as localidades centrais, onde os produtos com limiares e alcance
maiores irão ser oferecidos em poucos centros. No caso de bens e sérvios com
alcance e limiares menores, serão oferecidos em um maior número de centros.

A hierarquia é completa com aqueles bens e serviços intermediários,


oferecendo uma correspondente gama de bens e serviços. Três fatores
importantes devem ser ressaltados na constituição do sistema de localidades
centrais: i) o mercado como princípio básico, que diz que a distribuição espacial
de bens centrais por um número mínimo de centros; ii) o princípio do tráfego ou
da circulação, que corresponde a satisfazer o máximo da demanda de
transporte com o mínimo de custo; iii) o terceiro princípio é o da administração,
cujo objetivo central é o de criar uma estrutura administrativa hierarquizada
atendido em grande parte de acordo com o princípio de mercado. O princípio
do tráfego explica o maior desenvolvimento linear das localidades centrais em
torno das principais vias de transporte e o da administração explicaria as
modificações do sistema que decorriam de barreiras político-administrativas ou
de estruturas administrativas fortemente centralizadas.

Boventer compara a abordagem proposta por Chistaller e por A. Losch,


enquanto o primeiro partia das cidades centrais, de nível hierárquico máximo,
para aquelas com áreas de mercado menores, o segundo começa por áreas
menores introduzindo sucessivamente áreas de mercados maiores.
2.3.2 Redes urbanas e áreas de influência.

As grandes regiões se caracterizam como sendo aquelas que exigem um


grande volume de população para que manter todas suas funções em
funcionamento e seus respectivos níveis de demanda. Essas regiões ofertam
funções de ordem superior, ou seja, aquelas que são constituídas de atividades
especializadas, complexas e sofisticadas. Essas funções exigem grandes
níveis de demanda para que se mantenham em determinado local. A área de
influência se caracteriza por aquela que compõe todo o espaço que está sob
seu controle econômico, social e político. Essa área de influência dependerá do
tamanho do espaço e das funções dos locais circunvizinhos ao lugar central.

2.4 A Ordem Espacial da Economia – August Losch (1940);

As cidades são, de forma geral, heterogêneas possuindo diferenças quanto ao


tamanho, função e posição espacial relativa. A atração do centro urbano de
aglomeração pode ser entendida como uma síntese do seu entorno de
crescimento. Nesse sentido, as teorias da centralidade, como a de August
Losch, mostra que cidades centrais são prestadoras de serviços para
populações do seu entorno. Essas regiões são especializadas dentro de um
padrão hierárquico, com base nos bens que elas podem oferecer.

2.4.1 A teoria geral do equilíbrio locacional;

Losch mudou a noção de que cada empresa abrange uma área de mercado,
identificando que uma mesma região pode ter várias plantas produtivas,
diminuindo os custos de transporte e aumentando as externalidades positivas
da região, mantendo o mercado consumidor na mesma área de atuação. Lorch
foi o primeiro autor que relacionou no mesmo modelo, a interação entre
demanda, preço final, distância e elasticidade de preços com a receita final da
empresa.

O autor corrobora com a proposições de Von Thunem e Chistaller quanto a


relação entre preços finais e custos de transporte. Desse modo, o aumento de
preços e a quantidade demanda se tornam inversamente proporcionais ao
reduzir a demanda à medida que os preços sobem. Para o autor, a demanda
máxima se encontra no ponto de origem do produto, reduzindo conforme se
afasta dele e tornando-se nula em um ponto extremo. A área entre a
quantidade demandada e a distância máxima por ela percorrida representa o
total de vendas da empresa em quantidade. Quando rotacionada, representa
a receita total da empresa.

Losch enumera algumas condições que são necessárias para o funcionamento


do modelo, em relação ao espaço geográfico, o mercado, os consumidores e
as empresas. i) Para a empresa: distribuição uniforme da matéria-prima, do
trabalho e do capital. Infraestrutura e custos de transporte proporcionais à
distância percorrida; ii) Para o mercado: Mercado homogêneo, concorrência
monopolística e a demanda dada pela acessibilidade e densidade da
população. A demanda do produto gera a demanda do transporte. Os custos
de transporte definem a área ótima do mercado. Um excedente de produção
cria economias de escala, que abrangem até o ponto máximo de custos de
transporte. iii) Firmas e consumidores: os consumidores devem se distribuir de
maneira uniforme, de igual forma às suas preferências e rendimentos. Sua
otimização de escolha ocorre na maior proximidade da produção e de acordo
com a utilidade do produto. Para as firmas são uniformes as tecnologias de
produção e a estrutura de custos, sendo orientadas para maximização dos
lucros.

2.5 Economia Espacial e Localização – Walter Isard (1956).

Isard foi o primeiro teórico a desenvolver uma obra relevante sobre a


localização das atividades econômicas, fora do idioma alemão. O autor propõe
a incorporação de modelos teóricos-econômicos para analisar o espaço
geográfico e as localizações das indústrias, instituindo a linha de pensamento
da ciência regional. Seus estudos abordaram o comportamento da economia
com influência da variação espacial.

2.5.1 O modelo de Isard como aperfeiçoamento ao de Weber;

Isard considerou as principais teorias em sua análise, porém, foi de Weber que
o autor mais se aproximou, ao normatizar um modelo de minimização de
custos, analisando como ocorrem as trocas de elementos conforme ocorrem
variações nos preços dos insumos. A aproximação entre as duas teorias ocorre
nos elementos considerados como fator central para escolha da localização,
sendo eles os custos de transporte e de produção, que acabam por determinar
a distribuição espacial das atividades econômicas.

O modelo de Isard pode ser considerado como um aperfeiçoamento do modelo


de Weber, isso ocorre porque ambos adotaram o custo de transporte como
principal elemento para escolha locacional e para o padrão de distribuição das
atividades econômicas. Para Isard, se existe algum sentido no estudo da
economia da localização, isso ocorre do fato de existirem certas regularidades
nas variações de preços e custos no espaço. Isso ocorre porque o custo de
transporte é uma função da distância. Caso não ocorresse dessa forma, a
formação do padrão de distribuição espacial da indústria, dos centros de
consumo e da produção de matérias primas seria decorrente de escolhas
arbitrárias.
2.5.2 A teoria do equilíbrio regional;

Abordagens marginalistas com base em suposições clássicas de flexibilidade


de preços e perfeita mobilidade de recursos, não são capazes de explicar
desequilíbrios, pois a partir desses pressupostos, as diferenças entre regiões,
preços e renda não são capazes de persistir. Dentre as principais teorias que
explicam as diferenças entre regiões no crescimento, emprego e estrutura de
produção, os conceitos tratados pela teoria neoclássica, são usadas para
analisar o crescimento regional pelo lado da oferta de bens e serviços. Desse
modo, a teoria neoclássica negligencia o fato de que o crescimento econômico
no sistema espacial aberto acaba sendo determinado por outros fatores de
demanda, diminuindo a importância do comércio como fator determinante.

2.5.3 A síntese de Isard.

O autor, ao notar a necessidade de incorporar novas disciplinas para análise,


propôs uma nova disciplina chamada Ciência Regional. Após constituídas, os
novos autores passaram a propor novos fatores de localização com o objetivo
de aumentar o grau de adequação à realidade. Dentro dos estudos brasileiros,
este é o que se apresenta no estudo de Motta (1960), ao definir cinco fatores
de orientação da indústria: i) orientação para as matérias primas; ii) orientação
para o mercado; iii) orientação para a mão de obra; iv) orientação para a
energia; v) orientação não especificamente definida. Conforme aponta Azzoni
(1982), ao buscar comprovações empíricas quanto a teoria da localização,
apesar dos processos não serem “racionais” como apontam os modelos
clássicos, os fatores apresentados por esses autores não podem ser
descartados quanto a compreensão das decisões empresariais.

3 CONCLUSÃO

As teorias clássicas de localização, apesar de pressuporem um “racionalismo”


não tão presente na realidade, contribuem de forma importante para o
entendimento dos mecanismos de tomadas de decisão locacionais dos agentes
econômicos que tem como resultado uma tendência geral à concentração das
atividades econômicas proporcionando diferenciais de crescimento regionais.
Outro elemento que é possível observar durante a exposição dessas teorias
está no fato delas se concentrarem em entender, essencialmente, as decisões
quanto a localização ótima das empresas. Essa análise não leva em
consideração, portanto, as externalidades negativas que podem estar
associadas à coexistência de várias empresas em uma única região, ou seja,
aquelas decorrentes dos fatores de aglomeração. Essa abordagem pode ser
encontrada nos estudos das teorias do desenvolvimento regional.
4 BIBLIOGRAFIA

CAVALCANTE, Luiz Ricardo Mattos Teixeira. Produção teórica em economia


regional: uma proposta de sistematização. Revista brasileira de estudos
regionais e urbanos, v. 2, n. 1, 2008.

CRUZ, Bruno de Oliveira Organizador et al. Economia regional e urbana:


teorias e métodos com ênfase no Brasil. 2011.

DE MELO, Sylvio Carlos Bandeira et al. Teorias de localização e de


desenvolvimento regional. Geografia, p. 1-23, 1976.

KNOB, Anderson Miguel; SALOMÃO, Ivan Colangelo. Desenvolvimento


regional e localização industrial: uma sistematização das teorias
clássicas. Geosul, v. 35, n. 75, p. 139-167, 2020.

SILVA, Sylvio C.B. de M e. Teoria de localização e de desenvolvimento


regional, in: Revista Geografia, Vol. 1, n. 02. Rio Claro: Unesp, outubro de
1976.

Você também pode gostar