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REVISÃO ECONOMIA COMPORTAMENTAL.

Daniel Kahneman, em seu livro "Rápido e Devagar: Duas Formas de Pensar

1. Sistema 1 (Pensamento Rápido)

- Este sistema de pensamento é rápido, automático e intuitivo.

- Requer poucos recursos cognitivos e é usado para tomar decisões instantâneas e enfrentar
situações cotidianas.

- É influenciado por emoções, experiências anteriores e atalhos mentais.

- Tende a operar de forma subconsciente e é mais propenso a erros de julgamento.

- Exemplos:

- Quando você instintivamente freia o carro ao ver uma criança correndo para a rua.

- Reconhecer que 2 + 2 = 4 sem a necessidade de cálculos mentais.

- Avaliar se uma pessoa está feliz ou triste com base nas expressões faciais.

2. Sistema 2 (Pensamento Devagar)

- Este sistema de pensamento é deliberado, lento e exigente em termos de esforço cognitivo.

- É usado para resolver problemas complexos, realizar cálculos, analisar informações


detalhadas e tomar decisões ponderadas.

- Requer atenção consciente e é menos suscetível a vieses emocionais.

- Exige um esforço consciente para aplicar a lógica e a razão.

- Exemplos:

- Resolver um quebra-cabeça matemático.

- Avaliar prós e contras antes de tomar uma decisão financeira importante, como investir
em ações ou comprar uma casa.

- Planejar estratégias para resolver um problema de trabalho complexo.

A predominância de cada sistema depende do contexto e das demandas da situação:

- Em situações de alto estresse ou urgência, o Sistema 1 é predominante, pois é mais rápido e


pode ajudar a tomar decisões instantâneas para garantir a sobrevivência.

- Em situações que exigem análise cuidadosa e raciocínio crítico, o Sistema 2 é necessário para
evitar erros e tomar decisões informadas.

- Muitas vezes, os dois sistemas trabalham em conjunto. O Sistema 1 faz uma primeira
avaliação rápida da situação e o Sistema 2 é chamado quando é necessário um pensamento
mais profundo.
A compreensão desses dois sistemas de pensamento é fundamental para reconhecer como
nossas decisões são influenciadas por nossas reações automáticas e intuições, bem como
pela análise lógica. Isso pode ajudar a melhorar a tomada de decisões, minimizando erros
causados por vieses cognitivos e aplicando o pensamento crítico quando necessário.

HEURISTICAS

Heurísticas são atalhos mentais ou regras práticas simplificadas que as pessoas usam para
tomar decisões mais rapidamente e com menos esforço cognitivo. Elas são estratégias de
tomada de decisão que muitas vezes simplificam a complexidade do mundo em situações em
que a análise completa e detalhada seria demorada ou difícil.

Vamos examinar os prós e contras do uso de heurísticas em nossas decisões cotidianas:

• Prós das heurísticas

1. Eficiência Cognitiva: As heurísticas permitem que as pessoas tomem decisões mais


rapidamente, economizando tempo e recursos mentais. Isso é particularmente útil em
situações de alta pressão ou em que a análise detalhada não é prática.

2. Simplificação: Heurísticas simplificam a complexidade do mundo, tornando-o mais


compreensível e gerenciável. Isso pode tornar as decisões mais acessíveis para um público
mais amplo.

3. Tomada de Decisão Razoável: Em muitos casos, as heurísticas produzem resultados


razoáveis e precisos, especialmente em situações cotidianas em que as decisões não têm
implicações significativas.

• Contras das heurísticas

1. Erro e Viés: As heurísticas podem levar a erros sistemáticos de julgamento devido à


simplificação excessiva. Por exemplo, o uso do viés de disponibilidade (dar mais peso a
informações prontamente disponíveis) pode resultar em julgamentos distorcidos.

2. Subjetividade: Heurísticas frequentemente dependem da intuição pessoal e da experiência


individual, o que pode levar a resultados subjetivos e não objetivos.
3. Inadequação em Decisões Complexas Em situações complexas e importantes, como
decisões financeiras de grande escala ou questões de saúde críticas, as heurísticas podem ser
inadequadas, levando a escolhas subótimas ou arriscadas.

4. Resistência à Mudança: Uma vez que as pessoas se acostumam a usar determinadas


heurísticas, podem resistir a considerar informações adicionais ou a alterar seu modo de
pensar, mesmo quando necessário.

Em resumo, as heurísticas são ferramentas mentais que desempenham um papel importante


em nossas decisões cotidianas, tornando-as mais eficientes e práticas. No entanto, também
têm limitações significativas, incluindo a propensão a erros e vieses. A chave para tomar
decisões informadas é reconhecer quando o uso de heurísticas é apropriado e quando uma
análise mais profunda é necessária. A conscientização sobre os possíveis vieses das heurísticas
pode ajudar as pessoas a tomar decisões mais equilibradas e melhores em situações
complexas e importantes.

VIÉSES

Os vieses cognitivos são padrões sistemáticos e previsíveis de desvios do pensamento lógico


e racional que afetam as decisões e julgamentos humanos. Eles são um componente central da
Economia Comportamental e desempenham um papel importante na compreensão de como
as pessoas tomam decisões econômicas na prática. Abaixo estão alguns exemplos de vieses
cognitivos e como eles podem afetar decisões econômicas:

1. Viés de Confirmação

- O que é: É a tendência de dar mais peso ou atenção a informações que confirmam nossas
crenças pré-existentes e ignorar ou minimizar informações que as desafiam.

- Como afeta as decisões econômicas: Pode levar as pessoas a ignorar dados econômicos
contrapontos e a manter investimentos em ativos que já possuem, mesmo quando evidências
sugerem que isso não é mais vantajoso.

2. Viés de Ancoragem

- O que é: É a tendência de dar muito peso à primeira informação que recebemos (a âncora)
ao tomar decisões, mesmo que essa informação seja irrelevante.

- Como afeta as decisões econômicas: Se um vendedor define um preço inicial alto para um
produto, os compradores podem ancorar sua avaliação nesse preço, tornando-se relutantes
em aceitar preços mais baixos, mesmo que sejam mais justos de acordo com o mercado.
3. Efeito de Disponibilidade

- O que é: É a tendência de dar mais importância a informações prontamente disponíveis ou


facilmente recuperáveis da memória.

- Como afeta as decisões econômicas: Pode levar a decisões financeiras com base em
eventos recentes ou notícias emocionais, em vez de análises racionais. Por exemplo, as
pessoas podem superestimar o risco de investir em ações após um mercado de ações em
queda.

4. Viés de Aversão à Perda

- O que é: É a tendência de valorizar mais evitar perdas do que ganhar benefícios


equivalentes. As pessoas são mais sensíveis à dor de perder do que à alegria de ganhar.

- Como afeta as decisões econômicas: Isso pode levar a comportamentos conservadores em


relação ao risco financeiro. As pessoas podem ser relutantes em vender investimentos com
perdas, mesmo que seja a decisão financeiramente sensata.

5. Viés de Endowment (Viés do proprietário):

- O que é: É a tendência de atribuir um valor mais alto a um bem ou ativo simplesmente


porque o possuímos.

- Como afeta as decisões econômicas: Isso pode levar a precificações irracionais de ativos,
como casas ou ações, simplesmente porque os proprietários os valorizam mais do que
compradores em potencial.

6. Overconfidence Bias(Viés de Superconfiança):

- O que é: É a tendência de as pessoas superestimarem suas próprias habilidades,


conhecimento e previsões.

- Como afeta as decisões econômicas: Isso pode levar a investimentos arriscados ou decisões
financeiras imprudentes, uma vez que as pessoas acreditam erroneamente que estão menos
expostas a riscos do que realmente estão.

Esses são apenas alguns exemplos de vieses cognitivos na Economia Comportamental. Eles
demonstram como nossas decisões econômicas podem ser influenciadas por processos
mentais que muitas vezes divergem da lógica pura e do raciocínio econômico tradicional. O
entendimento desses vieses é crucial para tomar decisões financeiras mais informadas e para a
formulação de políticas públicas mais eficazes.
SUBSTITUIÇÃO DE PERGUNTAS DIFICEIS

A ideia de "substituição de perguntas difíceis" se relaciona com a heurística e o julgamento


intuitivo porque reflete uma tendência comum das pessoas de simplificar uma pergunta ou
problema difícil, substituindo-a por uma pergunta mais fácil e mais acessível, mesmo que as
duas não sejam exatamente iguais. Isso é uma forma de uso de heurísticas e contribui para o
julgamento intuitivo.

Quando as pessoas se deparam com uma pergunta complexa ou difícil de responder, em vez
de realizar uma análise detalhada e demorada, elas frequentemente recorrem a atalhos
mentais, como a substituição de perguntas difíceis. Eles formulam uma pergunta mais simples,
que é mais fácil de responder, e usam a resposta a essa pergunta mais simples como um
substituto para a resposta à pergunta originalmente proposta.

Aqui estão exemplos para ilustrar como a substituição de perguntas difíceis se relaciona com
heurísticas e julgamento intuitivo:

1. Exemplo: Compra de um carro

- Pergunta difícil: "Qual é o valor presente líquido de todos os fluxos de caixa futuros que
espero receber deste carro, levando em consideração depreciação, manutenção, custos de
combustível, seguro, etc.?"

- Substituição da pergunta: "Eu gosto deste carro? Ele parece adequado às minhas
necessidades e orçamento?"

Neste caso, a substituição da pergunta difícil envolve simplificar a decisão de compra do


carro para uma avaliação mais intuitiva e emocional, em vez de realizar uma análise financeira
detalhada.

2. Exemplo: Seleção de um candidato a emprego

-Pergunta difícil: "Qual é a probabilidade de que esse candidato seja o melhor ajuste para a
empresa com base em uma análise detalhada de suas habilidades, experiência e histórico?"

- Substituição da pergunta: "A primeira impressão que tive deste candidato foi positiva?"

Aqui, a substituição da pergunta difícil ocorre quando o entrevistador confia em sua intuição
e julgamento inicial para tomar uma decisão sobre o candidato, em vez de realizar uma
avaliação mais profunda.

3. Exemplo: Investimento em ações

- Pergunta difícil: "Qual é o potencial de crescimento desta empresa com base em uma
análise abrangente de seus fundamentos financeiros, concorrência e tendências de mercado?"
- Substituição da pergunta: "As notícias recentes sobre esta empresa são positivas ou
negativas?"

Neste caso, os investidores podem substituir a análise aprofundada por uma avaliação
baseada em notícias recentes, que é uma forma de heurística conhecida como o "efeito de
disponibilidade".

A substituição de perguntas difíceis pode ser eficaz em situações cotidianas em que a


análise aprofundada não é necessária ou prática. No entanto, também pode levar a decisões
precipitadas ou enviesadas, uma vez que dependem de intuições e atalhos mentais que
podem não refletir completamente a realidade. Portanto, é importante reconhecer quando a
substituição de perguntas difíceis está ocorrendo e, em situações críticas, considerar uma
análise mais completa e detalhada.

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