Você está na página 1de 3

Protocolo de cuidados pós-operatórios para reimplantes do membro superior

1. Cuidado pós-operatório imediato (primeiras 24 a 48 horas)

O paciente após o reimplante requer uma sala de recuperação aquecida e cuidados intensivos
de enfermagem nas primeiras 24-48 horas, enquanto a reperfusão inicial bem-sucedida se
estabeleça.

O paciente deve ser mantido aquecido, bem hidratado e sem dor durante esse período, para
minimizar a vasoconstrição. Agentes vasoconstritores como cafeína, nicotina ou inotrópicos
são contra-indicados.

Observações e informações inadequadas nesta fase colocam em risco o sucesso da cirurgia.


Portanto, é necessário combinar a experiência cirúrgica com o suporte de enfermagem
adequado.

Claramente, como o reimplante é um procedimento cirúrgico relativamente incomum, não se


espera que enfermeiras individuais estejam imediatamente familiarizadas com como avaliar o
dedo. A equipe de cirurgia da mão fornecerá suporte e treinamento para cada caso e estará
fortemente envolvida nas primeiras horas e dias críticos.

Aspirina e Heparina de baixo peso molecular (HBPM) devem ser iniciados.

Obs: O uso de medicação anticoagulante na cirurgia de reimplante é controverso e as


evidências são limitadas e muitas vezes contraditórias. A HBPM para profilaxia de TVP é uma
boa prática médica e a adição de aspirina pode ser benéfica, com efeitos prejudiciais
significativos improváveis.

Cobertor de aquecimento deve ser aplicado por pelo menos 24 horas no pós-operatório,
mesmo se o paciente estiver suando e sentir um leve desconforto.

Em hipótese alguma o paciente pode deixar a enfermaria/apartamento no período inicial de


48 horas.

Os fumantes podem achar este período estressante, mas deixar a enfermaria para fumar um
único cigarro, mesmo em clima quente, pode causar a perda do dedo.

Hidratação: fluidos orais em abundância devem ser encorajados (e cristaloide intravenoso, se


necessário) para manter um débito urinário de pelo menos 50ml / hora e a PA sistólica de pelo
menos 100mmHg. Os diuréticos devem ser evitados.

Dieta: preferencialmente optar por dieta exclusiva de líquidos claros até 12 horas de pós-
operatório, devido à possibilidade de retorno ao centro cirúrgico. Após este período, dieta leve
deve ser implementada para minimizar a náusea.
Observações de dedo(s) reimplantado(s): deve ser mantido um quadro de observações de
dedo(s). A mesma fonte de luz deve ser usada para iluminar o dedo para observações todas as
vezes.

Avaliações invasivas, como o uso de agulha para avaliar o sangramento só deve ser realizada
pela equipe cirúrgica.

A temperatura digital não é a melhor indicação de perfusão, pois a manta de aquecimento


pode aquecer até tecidos inviáveis. Por isso, a cor, o calor e o enchimento capilar devem ser
avaliados e anotados, normalmente a cada meia hora durante as primeiras 12 horas, depois a
cada hora por mais 12 horas e a seguir por 2 horas até a transferência para a
enfermaria/apartamento. A comparação deve ser feita com os dedos não lesionados
adjacentes, se disponíveis.

A observação também deve ser feita a cada passagem de plantão de enfermagem.

Quaisquer alterações nas observações digitais devem ser comunicadas imediatamente à


equipe cirúrgica, que deve revisar a situação pessoalmente com urgência.

Curativos encharcados de sangue devem ser trocados regularmente para evitar constrição do
dedo.

2- Cuidados após 24 a 48 horas de pós-operatório

O paciente deve ser encorajado a se manter aquecido e não deve sair da enfermaria /
apartamento

O acesso venoso pode ser removido e os fluidos intravenosos descontinuados de acordo com
as instruções da equipe cirúrgica.

As observações digitais agora podem ser estendidas para 2 horas.

Trocas freqüentes de curativos ainda podem ser necessárias.

Ainda podem ser necessários antibióticos e hemoderivados.

A equipe de Terapia da Mão pode visitar o paciente na enfermaria/apartamento nesta fase,


para conhecer o paciente e explicar o processo de reabilitação.

O paciente pode ser capaz de fazer exercícios limitados, se apropriado.


3- Cuidados pós-operatórios como paciente ambulatorial

O paciente recebe alta para casa quando a perfusão da parte reimplantada é considerada
estável e quando o próprio paciente não mais precisa de cuidados intensivos de enfermagem,
observações e intervenções, como hemoderivados, fluidos intravenosos ou antibióticos.

Ainda é o início da fase de cura, o suprimento de sangue para o replantio pode ser facilmente
interrompido por trauma, fumo ou baixa temperaturas: o paciente passa a ter mais
responsabilidade por isso.

O paciente será inicialmente visto semanalmente pela equipe cirúrgica e seu terapeuta, muitas
vezes em consultas separadas para maximizar o suporte que recebem. Isso pode ser árduo
para o paciente, especialmente porque, no início, ele ainda não conseguirá dirigir. É necessário
muito incentivo para o paciente que chegou até aqui com seu reimplante, já que o empenho
em sua reabilitação nesta fase se refletirá em melhor função a longo prazo.

A aspirina é geralmente continuada (se tolerada) por 30 dias após o reimplante

Você também pode gostar