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no Piauí
Marcus Pierre de Carvalho
Baptista (UFPI)
Introdução
Que fontes permitem que
01 reflitamos sobre este contexto?
Simplício de Sousa
Mendes
A criação das ligas
“Aplaudimos, de certo, desde que êsse momento
camponesas no Piauí
salutar não seja desvirtuado pelos fatores negativos
sempre alertas, quanto ao desvio dos bons e justos
propósitos pela demagogia partidária ou excesso de
ideologias esquerdistas, que se dissimulam e, com
todos os disfarces, penetram e tentam inutilizar ou
transviar as melhores iniciativas, como está, visando a
recuperação do ruralismo piauiense [...]. Temos, apenas,
a impugnar – essa expressão: - “Operários e
camponeses” – que não é nacional, mas alienígena,
dando-nos a impressão e a mente da revolução
comunista da Rússia ou da Polônia, donde é originária
e vem de lá pela propaganda tendo por mira a
sovietização do mundo, até o encontro das “Ligas
Camponesas”, que veneram, com Chico Julião4 , as
efígies de Nikita Krutschev e Fidel Castro, - o barbudo
Cubano” (MENDES, Simplício. Congresso de operários e
camponeses. Folha da Manhã. Teresina, ano IV, n 964,
Simplício de p. 6, 30 abr. 1961).
Sousa Mendes
Por que é importante pensar a atuação
de outros setores civis neste contexto?
01 Comerciantes 03 Bacharéis
02 Jornalistas 04 Intelectuais
Como deram sentido a este momento e
como se inseriram nesta nova ordem?
O apoio ao golpe de “Como reafirmação da minha participação no combate ao
1964 comunismo desde há muito definida, ainda mesmo
quando exercia liderança da classe universitária no Piauí, é
com o máximo prazer que me dirijo ao povo piauiense com
essa palestra sobre o comunismo e sua atuaçao para a
tomada de poder no Brasil. Faço questão de ressaltar que
essa minha posição anticomunista implicava
necessariamente a luta pelo aperteiçoamento de nossa
democracia, visando estruturá-la entre nós, com base na
verdade, na justiça, no amor e na liberdade, de que aliás, já
nos falou o Papa joáo XVIIl, em sua encíclica Paz na Terra.
Com a experiência dos meus ternpos de estudante
universitário, atuando no plano nacional dentro da UNE e
em decorrência das leituras sobre as técnicas de infiltração
e expansão do comunismo internacional, com mais
decisão e firmeza procurei alertar a opiniào pública,
fazendo coro a outras vozes esparsas para o perigo cada
vez mais intenso do comunismo no Brasil" (TAJRA, Jesus
Elias. O comunismo e sua atuação no Brasil. Jornal 0 Dia, p.
. 1-2, 11 abr 1964).
Jesus Elias
Tajra
Ainda que não seja possível
identificar nesses setores ações
diretas ligadas a repressão, é
inegável os modos como certos
sujeitos se beneficiaram do regime
e atuaram no sentido de legitimar a
nova conjuntura política.
Deve-se ainda realizar outro
questionamento: Por que
certos setores apoiaram uma
“solução” autoritária?
Como e por que os setores civis
piauienses apoiaram o novo regime?
Tajra
Sustentava-se a ideia de
garantir o desenvolvimento do
estado por meio da realização
de obras ao tempo que se
desarticulava os movimentos
sociais
“As entidades das classes produtoras, reunidas em Assembleia Nacional,
após examinarem a presente conjuntura revolucionária resolveram: 1 -
manifestar seu aplauso e solidariedade às Forças Armadas e aos governos
estaduais, que interpretando os anseios e angústias do povo brasileiro
insurgiram-se contra os desmandos do governo federal e a comunização
do país, implantando clima de tranquilidade, indispensável ao
desenvolvimento econômico e ao bem-estar social. 2 - Apoiar os
propósitos do alto comando revolucionário no sentido de erradicar o
comunismo da vida do país e eliminar o perigo de sua rearticulação. 3 -
Salientar a imperiosa necessidade de estender o saneamento aos demais
setores da vida brasileira, consoante aos princípios da moral, combatendo
em particular a corruptos, corruptores e negocistas, assegurada a
colaboração das classes produtoras nesse sentido” (Classes produtoras
adotam decisão. Jornal O Dia, p. 6, 12 abr. 1964).
Almejava-se uma conjuntura
sem contestação por parte dos
trabalhadores, adaptando-se
ao novo modelo autoritário
que se descortinava
As famílias tradicionais
“No momento em que o povo piauiense rende merecido
tributo glorioso ao Exército Brasileiro pelo motivo de
reconstrução de nossa pátria, ordem democrática e cristã,
o Rotary Club de Teresina deseja expressar a Vossa
Excelência e toda valorosa guarnição federal nossos mais
vivos aplausos pela patriótica, firme e serena atuação, sob
chefia de Vossa Excelência. Saudações atenciosas.
Raimundo Mendes de Carvalho, presidente do Rotary Club
de Teresina” (Jornal O Dia, p. 6, 17 abr. 1964).
Receavam um descenso social
e a perda de seus privilégios,
bem como um suposto
protagonismo das classes
menos abastadas
A imprensa e a “salvaguarda da democracia”
“O Brasil não esteve em guerra, nem mesmo derramou o sangue
dos seus fiIhos, por ocasião da recente revolução legalista que
irrompeu, promovida pelas Forças Armadas para preservação do
regime democrático. Há muito tempo, porém, vimos sentindo
árduas consequências de um país em luta, desorganizado e sofrido
pelas garras gigantescas de um plano diabólico e infeliz que nos
tiraria completamente a felicidade. Queremos nos referir a
premeditada onda inflacionária, à influência dos agentes de
Moscou, China e Cuba, em todas as nossas instituições
administrativas com o objetivo de alcançar o auge do desespero,
minando-as de males ou tentáculos comunistas, para influenciar os
elementos sadios e perverter a ordem” (Jornal O Dia, p. 7, 1964).
A “revolução” era
percebida ainda enquanto
necessário e justificada
tendo em vista a
necessidade de salvação
da economia
A imprensa e as ações do governo
Reproduzia-se na mídia da época as ações repressivas, as
prisões, as ações da polícia contra os sindicatos - Buscava-
se com isso legitimar o regime perante a população.