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Classificação dos direitos de personalidade

● Classifica-se com base na tricotomia: Corpo (integridade física)/ espírito (integridade moral)/ mente (integridade
psíquica).

1) Direito a vida a) capacidade civil plena, excluído o suprimento pelo


representante ou assistente;
↳ Inerente a pessoa humana. b) manifestação de vontade livre, consciente e
↳ Assegurado a todo e qualquer humano, informada;
inclusive o nascituro. c) oposição que diga respeito exclusivamente à própria
↳ Implica o reconhecimento estatal e o pessoa do declarante.
dever de combater todas as ameaças a
qualidade de vida. Obs.: Caso não haja tempo de recusa do paciente,
Obs.: Aborto → crime devido emergência, o médico deve realizar o
↳ Exceções: para salvar a gestante ou em caso de procedimento independente de vontade.
estupro. Obs.: Ninguém está autorizado a atentar contra a
vida própria.
Obs.: Embrião in vitro. ↳ Exceto nos casos de esportes lícitos e alguns
↳ Não é aborto. tipos de trabalho.
↳ pesquisas são permitidas, sem violação aos
direitos de personalidade.
2.1- Direito ao corpo
Obs.: Eutanásia ativa. a) Direito ao corpo vivo!
↳ Emprego de recursos químicos ou mecanismos → Art. 13. Salvo por exigência médica, é defeso o ato
que culminem na supressão da vida do enfermo de disposição do próprio corpo, quando importar
incurável. diminuição permanente da integridade física, ou
↳ É crime. contrariar os bons costumes.
Parágrafo único. O ato previsto neste artigo será
Obs.: Eutanásia passiva. admitido para fins de transplante, na forma
↳ Omissão do médico que deixa de empregar estabelecida em lei especial.
recursos clínicos disponíveis, objetivando apressar → É permitido transplante Inter vivos
o falecimento do doente incurável. ↳ Órgãos duplos
↳ Não é crime no caso do Art. 121, §4 do CP. ↳ Partes de órgãos que se regeneram
↳ vedada disposição onerosa.
2) Direito à integridade física. OBS.: É permitido troca de sexo em caso de
↳ Busca a higidez do humano no sentido mais transexualidade
amplo. ↳ Princípio da dignidade da pessoa humana.
↳ Repele qualquer lesão ao funcionamento do
corpo. b) Ao cadáver (corpo morto)!
→ Art. 14. É válida, com objetivo científico, ou
→ Vontade individual X necessidade de altruístico, a disposição gratuita do próprio corpo,
intervenção medica. no todo ou em parte, para depois da morte.
“ Art. 15. Ninguém pode ser constrangido a Parágrafo único. O ato de disposição pode ser
submeter-se, com risco de vida, a tratamento livremente revogado a qualquer tempo.
médico ou a intervenção cirúrgica.” → Há direitos ainda depois da morte.
↳ A pessoa deve ter plena consciência dos ↳ Direito a prova e integridade moral.
riscos. ↳ direito de disposição do corpo, gratuita,
↳ O profissional registra por escrito a expressa pela parte.
vontade do paciente. 2.2- Direito à voz
JDC403 O Direito à inviolabilidade de consciência e ↳ Direitos autorais
de crença, previsto no art. 5º, VI, da Constituição ↳ Direitos dos radialistas
Federal, aplica-se também à pessoa que se nega a ↳ Protegido constitucionalmente (Art. 5. XXVIII,
tratamento médico, inclusive transfusão de sangue, CF)
com ou sem risco de morte, em razão do tratamento ou
da falta dele, desde que observados os seguintes
critérios: 3) Direito a integridade psíquica
→ Protege a incolumidade da mente humana. adotará as providências necessárias para impedir
→ Direito a liberdade, inclui o direito de ou fazer cessar ato contrário a esta norma.
pensamento, à intimidade, à privacidade, ao
segredo, à criação intelectual, etc. ● Elementos: Lar, família, correspondência etc.
→ Direito a integridade mental. Obs.: Pessoas públicas tem esse direito.
3.1- Direito à liberdade 3.5- Direito ao segredo pessoal,
→ Art. 5º da CF é um monumento a esse direito profissional e doméstico
garantindo-a em todas as formas. a) Segredo de comunicações: inviolabilidade das
→ Liberdade civil, politica, religiosa, sexual, correspondências, mensagens, telefone etc.
liberdade de locomoção de trabalho, de exercício b) Segredo doméstico: Inviolabilidade do
de atividade, de comercio, de culto, de domicílio; impõe-se também à parentes.
organização sindical, de imprensa, entre outros. Ex.: Irmão não pode invadir quarto da irmã
● Liberdade → Faculdade que tem cada um de agir Obs.: Esse direito não exclui o direito dos pais de
em obediência a sua vontade. saberem sobre a vida privada do filho menor.
↳ Encontra justa medida de contenção na esfera c) Segredo profissional: Proíbe a divulgação da
jurídica do outro. vida intima de terceiro, consultado por esse
“Meu direito (liberdade) termina quando o do profissional.
outro começa” (um direito limita o outro) ↳ Conduta típica: Art. 153 e 154 CP.

3.2- Direito à liberdade de pensamento 4) Direito à integralidade moral


“ É livre a manifestação de pensamento sendo 4.1- Direito à honra
vedado o anonimato” Art. 5º Obs.: Acompanha o individuo do nascimento até
“ Manifestação de pensamento, a criação, a após a morte.
expressão e a informação, sob qualquer forma, a) Objetiva: Corresponde à reputação da pessoa:
processo ou veículo não sofrerão qualquer seu bom nome e fama.
restrição” Art. 220 da CF b) Subjetivo: Sentimento pessoal de estima ou
consciência da própria dignidade.
a) Liberdade do foro íntimo: ninguém pode ser Art. 5º, X – são invioláveis a intimidade, a vida
constrangido a pensar deste ou daquele modo. privada, a honra e a imagem das pessoas,
b) Liberdade de consciência e crença: Consagra-se assegurado o direito a indenização pelo dano
a liberdade de opção quanto às convicções material ou moral decorrente de sua violação;
políticas, filosóficas e religiosas, devendo a lei Obs.: Tutela penal → Tipifica crimes: calunia,
resguarda também os locais de culto. difamação e injuria.

3.3- Direito as criações intelectuais 4.2- Direito a imagem (forma plástica da


→ Manifestação direta da liberdade de pessoa natural)
pensamento. a) Imagem retrato→ Aspectos físicos da pessoa.
→ Resultado cultural do gênero humano nas b) Imagem atrito → Exteriorização da
diversas áreas do conhecimento. personalidade, forma como ele é visto
socialmente.
Art. 5º CF: XXVII, XXVIII, XXIX.
Obs.: Art. 20. CC. Salvo se autorizadas, ou se
● Tipos necessárias à administração da justiça ou à manutenção
↳ Morais: parte da personalidade da ordem pública, a divulgação de escritos, a
↳ Patrimoniais transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição
ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser
3.4- Direitos à privacidade proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da
indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a
→ Art. 5º X, CF, Vida da pessoa natural.
boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a
→ Manifestação do direito de personalidade no fins comerciais.
tocante ao direito de intimidade. Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de
→ Manifestação através do direito de intimidade ausente, são partes legítimas para requerer essa
correlato a honra e imagem. proteção o cônjuge, os ascendentes ou os
Art. 21. A vida privada da pessoa natural é descendentes.
inviolável, e o juiz, a requerimento do interessado,
JDC279 A proteção à imagem deve ser ponderada com
outros interesses constitucionalmente tutelados, JDC399 Os poderes conferidos aos legitimados
especialmente em face do direito de amplo acesso à
informação e da liberdade de imprensa. Em caso de colisão,
para a tutela post mortem dos direitos da
levar-se-á em conta a notoriedade do retratado e dos fatos personalidade, nos termos dos arts. 12, parágrafo
abordados, bem como a veracida de destes e, ainda, as único, e 20, parágrafo único, do CC, não
características de sua utilização (comercial, informativa, compreendem a faculdade de limitação voluntária.
biográfica), privilegiando-se medidas que não restrinjam a
divulgação de informações.

● Ferir o direito
↳ Uso não autorizado
↳ Desvio de finalidade

- A cessão para o uso da imagem deve ser


expressa.

4.3- Direito à identidade


→ Proteção jurídica aos elementos distintivos da
pessoa natural ou jurídico.
Relembrar:
Art. 16. Toda pessoa tem direito ao nome, nele
compreendidos o prenome e o sobrenome.
Art. 17. O nome da pessoa não pode ser
empregado por outrem em publicações ou
representações que a exponham ao desprezo
público, ainda quando não haja intenção
difamatória.
Art. 18. Sem autorização, não se pode usar o nome
alheio em propaganda comercial.
Art. 19. O pseudônimo adotado para atividades
lícitas goza da proteção que se dá ao nome.

5) Proteção dos D. personalidade


a) Preventiva → Ajuizamento de ação cautelar ou
ordinária com multa, para evitar ameaça de lesão.
b) Repressiva → Imposição de sanção civil ou
penal.

Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão,


a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos,
sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.
Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá
legitimação para requerer a medida prevista neste
artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em
linha reta, ou colateral até o quarto grau.

DC398 As medidas previstas no art. 12, parágrafo


único, do Código Civil podem ser invocadas por
qualquer uma das pessoas ali mencionadas de
forma concorrente e autônoma.

JDC140 A primeira parte do art. 12 do Código


Civil refere-se às técnicas de tutela específica,
aplicáveis de ofício, enunciadas no art. 461 do
Código de Processo Civil, devendo ser
interpretada com resultado extensivo.
gera dano moral in re ipsa.
10) A tutela da dignidade da pessoa humana na
sociedade da informação inclui o direito ao
esquecimento, ou seja, o direito de não ser lembrado
contra sua vontade, especificamente no tocante a fatos
desabonadores à honra.
7) JURISPRUDÊNCIA EM TESES DO STJ P2
1) O dano moral extrapatrimonial atinge direitos de
personalidade do grupo ou da coletividade como
realidade massificada, não sendo necessária a
demonstração de da dor, da repulsa, da indignação, tal
6) JURISPRUDÊNCIA EM TESES DO STJ qual fosse um indivíduo isolado.
1) O exercício dos direitos da personalidade pode 2) A imunidade conferida ao advogado para o pleno
sofrer limitação voluntária, DESDE QUE NÃO SEJA exercício de suas funções não possui caráter absoluto,
PERMANENTE NEM GERAL. (Enunciado n. 4 da I devendo observar os parâmetros da legalidade e da
Jornada de Direito Civil do CJF)
razoabilidade, não abarcando violações de direitos da
2) A pretensão de reconhecimento de ofensa a direito personalidade, notadamente da honra e da imagem de
da personalidade é IMPRESCRITÍVEL. outras partes ou de profissionais que atuem no
processo.
3) A ampla liberdade de informação, opinião e crítica
3) A voz humana encontra proteção nos direitos da
jornalística reconhecida constitucionalmente à
personalidade, seja como direito autônomo ou como
imprensa não é um direito absoluto, encontrando
parte integrante do direito à imagem ou do direito à
limitações, tais como a preservação dos direitos da
identidade pessoal.
personalidade.
4) O reconhecimento do estado de filiação é DIREITO
4) No tocante às pessoas públicas, apesar de o grau de
PERSONALÍSSIMO, INDISPONÍVEL E
resguardo e de tutela da imagem não ter a mesma
IMPRESCRITÍVEL, assentado no princípio da
extensão daquela conferida aos particulares, já que
dignidade da pessoa humana.
comprometidos com a publicidade, restará configurado
o abuso do direito de uso da imagem quando se 5) A regra no ordenamento jurídico é a imutabilidade
constatar a vulneração da intimidade ou da vida do prenome, um direito da personalidade que designa o
privada. indivíduo e o identifica perante a sociedade, cuja
modificação revela-se possível, no entanto, nas
5) Independe de prova do prejuízo a indenização
hipóteses previstas em lei, bem como em determinados
pela publicação não autorizada de imagem de
casos admitidos pela jurisprudência.
pessoa com fins econômicos ou comerciais. (Súmula
n. 403/STJ) 6) O transgênero tem direito fundamental subjetivo à
alteração de seu prenome e de sua classificação de
6) A divulgação de fotografia em periódico (impresso
gênero no registro civil, exigindo-se, para tanto, nada
ou digital) para ilustrar matéria acerca de manifestação
além da manifestação de vontade do indivíduo, em
popular de cunho político-ideológico ocorrida em local
respeito aos princípios da identidade e da dignidade da
público não tem intuito econômico ou comercial, mas
pessoa humana, inerentes à personalidade.
tão-somente informativo, ainda que se trate de
sociedade empresária, não sendo o caso 7) É possível a modificação do nome civil em
de aplicação da Súmula n. 403/STJ. decorrência do direito à dupla cidadania, de forma a
unificar os registros à luz dos princípios da verdade
7) A publicidade que divulgar, sem autorização,
real e da simetria.
qualidades inerentes a determinada pessoa, ainda que
sem mencionar seu nome, mas sendo capaz de 8) A continuidade do uso do sobrenome do ex-
identificá-la, constitui violação a direito da cônjuge, à exceção dos impedimentos elencados pela
personalidade. (Enunciado n. 278 da IV Jornada de legislação civil, afirma-se como direito inerente à
Direito Civil do CJF) personalidade, integrando-se à identidade civil da
pessoa e identificando-a em seu entorno social e
8) O uso e a divulgação, por sociedade empresária, de
familiar.
imagem de pessoa física fotografada isoladamente em
local público, em meio a cenário destacado, sem 9) O direito ao nome, enquanto atributo dos direitos da
nenhuma conotação ofensiva ou vexaminosa, personalidade, torna possível o restabelecimento do
configuram dano moral decorrente de violação do nome de solteiro após a dissolução do vínculo conjugal
direito à imagem por ausência de autorização do em decorrência da morte.
titular.
10) Em caso de uso indevido do nome da pessoa com
9) O uso não autorizado da imagem de menores de intuito comercial, o dano moral é in re ipsa.
idade
11) Não se exige a prova inequívoca da má-fé da
publicação (actual malice), para ensejar a indenização
pela ofensa ao nome ou à imagem de alguém.
12) Os pedidos de remoção de conteúdo de natureza
ofensiva a direitos da personalidade das páginas de
internet, seja por meio de notificação do particular ou
de ordem judicial, dependem da localização
inequívoca da publicação (Universal Resource Locator
- URL), correspondente ao material que se pretende
remover.

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