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Quando foi lançada nos veículos da FCA, a transmissão 9HP48 tinha vários pontos falhos sobre
qualidade de mudança, mudanças ascendentes e reduções ásperas, demora nos engates das
marchas, códigos de falhas relativos à patinação, códigos de falhas relativos à travamento de
marchas e vários outros. Muitas destas reclamações foram resolvidas através da reprogramação
do módulo de controle TCM, assim, quando diagnosticamos esta transmissão, é importante
revisar os boletins técnicos emitidos para ela e verificar se existe recall da mesma. Quando
revermos os boletins técnicos da FCA, veremos que para cada modelo e cada ano existem
Boletins Técnicos alertando o técnico a executar uma atualização no TCM. Conforme esperado,
sempre que uma transmissão é lançada, existem várias reclamações que necessitam ser sanadas
ao longo de sua vida útil.
A história se repete também com esta transmissão, visto que ela é uma reminiscente da
transmissão 41TE quando foi inicialmente lançada em 1989 e então através da primeira metade
dos anos 90. Estas primeiras unidades mantiveram as concessionárias muito ocupadas porque
suas falhas aconteciam muito antes de findar o período de garantia dos veículos. Então, o que
salvou a 41TE? Uma das principais mudanças foi o software, junto com melhorias de hardware
do módulo. As mesmas transmissões 41TE básicas que antes não conseguiam percorrer 50.000
quilômetros lá pelos anos 1990, ainda continuam em produção em 2019 (Dodge Journey e
Fiat Fremont), porém hoje são dificilmente vistas nas oficinas, por causa de sua confiabilidade,
que melhorou consideravelmente. Muitas destas melhorias feitas na transmissão 41TE foram
realizadas através de atualizações do software e a utilização de computadores que podiam
ser reprogramados.
Quando se revê os Boletins Técnicos da FCA sobre a transmissão ZF 9HP48, percebemos que
existem várias atualizações de software especificamente para os modelos 2014-2016, e estas
atualizações cobrem uma grande variedade de reclamações, e atualmente os modelos mais
recentes ainda possuem atualizações disponíveis, porém atendem muito menos reclamações.
No decorrer dos anos, o software tem melhorado até o ponto onde esta transmissão tem se
tornado mais suave nas mudanças de marcha, e mais confiável. Como nota complementar, a
ZF fornece software básico para os fabricantes utilizando a transmissão ZF 9HP48, porém cabe
aos fabricantes providenciar um programa para controlar suas características específicas de
mudanças. Esta pode ser uma razão porque a Honda/Acura não liberou nenhuma atualização de
software como a FCA fez, por exemplo. Neste artigo vamos mergulhar um pouco na construção
e operação da transmissão ZF 9HP48 e destacar algumas particularidades de reforma.
Figura 1
CONSTRUÇÃO
A transmissão ZF 9HP48 possui quatro conjuntos multidiscos e duas embreagens DOG. O conjunto
de engrenagens é dividido em três seções: a seção de engrenagens frontal, intermediária e
traseira. O diagrama em bloco na figura 1 mostra como o conjunto de engrenagens é constituído.
Note que os itens que possuem a mesma cor estão conectados uns aos outros. Compare o
diagrama em bloco ao conjunto completo de engrenagens na figura 2 para se ter uma referência
das engrenagens, tambores e eixos.
Figura 2
LIGAÇÕES COMUNS
Figura 3: Engrenagem anelar intermediária e carregador duplo traseiro. Note que a engrenagem
solar maior é também a engrenagem anelar menor para o conjunto planetário menor.
PARTICULARIDADES DE REFORMA
A transmissão ZF 9HP48 não é uma transmissão complicada para se reformar. Para desmontagem,
os tubos de alimentação por trás do corpo de válvulas fornecem uma pequena resistência para
remoção do corpo. Os tubos de alimentação possuem localização óbvia, e são responsáveis
por fornecer pressão hidráulica às embreagens, TCC, bomba de óleo e circuitos de lubrificação.
É uma boa ideia inspecionar com ar comprimido as embreagens por ocasião da desmontagem.
A figura 6 identifica as passagens de aplicação das embreagens na carcaça. A embreagem DOG
F vaza bastante até que o pistão da embreagem seja acionado, ficando então bem vedado.
A embreagem DOG F nas unidades utilizadas para este artigo não se movem facilmente a
menos que a pressão de ar atinja 60 psi ou mais. Isto é devido à que as unidades não estiveram
em uso e são novas. Após aplicar algumas vezes, a embreagem DOG F viaja corretamente para
frente e para trás ao se aplicar ar comprimido nas passagens de aplicação e desaplicação. O
circuito de aplicação da embreagem DOG A também vaza um pouquinho, mas uma vez que ele
aplique, ele se estabiliza. É uma boa prática inspecionar com ar comprimido estas embreagens
antes da desmontagem, para termos certeza do que podemos esperar ao se testar com ar a
transmissão após sua montagem.
Como muitas transmissões, existem várias ferramentas especiais para reforma da ZF 9HP48. O
compressor Miller 8901a junto com a extensão 10428a são projetadas para comprimir a carcaça
da embreagem permitindo que o anel trava seja removido e também que possamos medir a
folga do conjunto. O custo elevado destas ferramentas pode representar um ônus no preço da
reforma da caixa, porém ele deve ser encarado como um bom investimento.
O anel trava pode ser difícil de remover (figura 9), porém com um pouco de paciência e habilidade
faremos o serviço. Uma vez que o anel trava seja removido, podemos remover o conjunto da
mola de retorno. Removemos a seguir o anel O-ring ao redor da carcaça, que poderá cair dentro
do rasgo do anel trava, dificultando um pouco sua remoção. Use um pouquinho de criatividade
(figura 10). Como podemos imaginar, ao instalar de volta a carcaça aplique uma boa porção
de vaselina neutra ao anel O-ring e comprima a carcaça tão igualmente quanto possível para
evitar danificar o vedador.
Este processo é necessário para remoção do pistão da embreagem C para limpeza, inspeção
e substituição dos vedadores.
Figura 9
BOMBA DE ÓLEO
A bomba de óleo é uma bomba de dupla saída, tipo palheta e sofre uma pré carga na própria
carcaça. Para remover a bomba, utilize um jogo de alicates de pressão de funilaria, para
compressão do eixo da bomba na carcaça. Isto vai liberar a tensão do anel trava (figura 12).
Uma vez removida a bomba e desmontada, percebemos a placa de reação cônica que aplica
uma pré carga da bomba na carcaça. Marque os componentes da bomba à medida que eles
são desmontados para se certificar de sua correta posição durante posterior remontagem.
A bomba não é a prova de erros e seus componentes podem facilmente ser trocados. Se
observarmos atentamente a figura 13, existe um lábio levantado em que o corpo da bomba
serve perfeitamente. Se a bomba for girada 180 graus, o lábio ressaltado não acompanhará
o corpo da bomba, conforme indicado pela figura 14. Os kits da Precision fornecem um clipe
“E” para a bomba em caso de perda do original ou danos ao mesmo. Utilize uma prensa de
bancada e um soquete do sensor de oxigênio para comprimir a placa de reação cônica o
bastante para instalação do clipe. Ao instalar a bomba de volta na carcaça, ela deverá ser
novamente comprimida com alicate de pressão para que haja folga suficiente para instalar e
assentar o anel trava.
O manual de serviço indica a ferramenta Miller 10429A como medidora de força, medindo a
carga aplicada ao pacote de embreagem ao se verificar a folga dos mesmos. (figura 15).
Devido ao projeto da placa de reação, a embreagem E não tem espaço para um calibre de
laminas na verificação de folga do conjunto. Neste caso utilize um relógio comparador com
um prolongador apropriado (pode ser utilizado um raio de bicicleta, que possui a mesma rosca
do relógio) para mais precisão. Com uma chave de fenda ou um ponteiro apropriado, acione
o conjunto de discos para cima e para baixo e meça a folga do pacote. Anote esta medida. No
exemplo mostrado na figura 19, a medida foi de 0,86 mm.
Esta medição representa a folga total do conjunto de embreagem sem nenhuma força aplicada.
A seguir, posicione a ferramenta de aplicação de força em um dispositivo apropriado forçando
o conjunto para baixo com 45 lbs, e meça novamente o resultado do relógio comparador na
embreagem E. no exemplo mostrado na figura 20, o comparador mediu uma diferença de 0,43
mm após a compressão do pacote pela ferramenta. (O relógio se moveu – 0,43 mm desde o
ponto zero). Para chegar na folga total, adicione os dois valores (0,43mm mais 0,86mm = 1,29
mm) A especificação de folga para a embreagem E está entre 1,27 mm e 1,78 mm e é ajustada
através de uma anel trava seletivo.
Figura 20: Medição do movimento livre da embreagem E com aplicação de força (45 lbs).