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O Superior Tribunal de Justiça, por intermédio de sua Terceira Seção, decidiu que o acúmulo
de férias não gozadas por servidor público, por mais de dois períodos, não acarreta a perda ao
direito de usufruí-las. Vejamos a jurisprudência, constante no Informativo n.º 0470:
A Seção, ao consignar que o art. 77 da Lei n. 8.112/1990 busca preservar a saúde do servidor
público, decidiu que o acúmulo de mais de dois períodos de férias não gozadas não resulta em
perda do direito de usufruí-los. Ressaltou-se, ainda, que o gozo das férias está condicionado à
conveniência e interesse da Administração Pública, mesmo que haja mais de dois períodos
acumulados. Precedente citado: REsp 865.355-RS, DJe 16/6/2008. MS 13.391-DF, Rel. Min.
Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 27/4/2011.
O acúmulo de mais de dois períodos de férias não gozados pelo servidor não implica na perda
automática desse direito. A decisão é da Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ),
em um mandado de segurança em que foi concedido a uma servidora o direito de gozo de
férias relativas ao ano de 2002. Ela passou cinco períodos consecutivos sem usufruir férias, de
2002 a 2007, segundo ela, a pedido da chefia, mas não tinha documento escrito do acordo.
A servidora é do quadro do Ministério das Relações Exteriores e só trouxe a comprovação, no
mandado de segurança, da negativa do órgão em conceder as férias relativas ao ano de 2002,
publicada, em 2007, em Boletim de Serviço. Por isso, o STJ determinou o gozo somente desse
período.
O órgão sustentou que o mandado de segurança teria sido impetrado fora do prazo legal
(decadência da impetração) e que o artigo 77 da Lei n. 8.112/90 vedaria o acúmulo por mais
de dois períodos consecutivos, motivo pelo qual não seria possível a concessão de férias
relativas aos anos de 2002 a 2006.
Segundo a relatora, ministra Maria Thereza de Assis Moura, a melhor interpretação do artigo
77 da Lei n. 8.112/90 é no sentido de que o limite imposto não implica na perda do direito
para o servidor, especialmente levando-se em conta que o objetivo da norma é resguardar a
saúde do profissional e não inspirar um cuidado com os interesses da Administração. O
descanso seria essencial para repor as energias e o equilíbrio psicológico. No caso, só houve
comprovação do indeferimento do pedido relativo à 2002.
Nossos Comentários:
Mediante a inteligência da Constituição Federal de 1988, em seu artigo 7º inciso XVII, acerca
dos Direitos Sociais, assim confere:
“São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem a melhoria de sua
condição social”
XVII – “gozo de férias anuais remuneradas, pelo menos, um terço a mais do que o salário
normal”.
“Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o disposto no art. 7º, (...), XVII, (...),
podendo a lei estabelecer requisitos diferenciados de admissão quando a natureza do cargo o
exigir”.
No caso em tela o principio que devemos mirar será o da Legalidade onde, conforme o autor
Hely Lopes Meirelles (2008).
A legalidade, como princípio da administração (CF, art. 37, caput), significa que o
administrador público esta, em toda a sua atividade funcional, sujeito ao mandamento da lei e
as exigências do bem comum, e deles não se pode afastar, ou desviar, sob pena de praticar ato
invalida e expor-se a responsabilidade disciplinar, civil, criminal, conforme o caso.”
Dessa feita, percebemos que, invariavelmente, as disposições constitucionais não podem ser
contrariadas, correndo o risco de se cometer ato defeso em lei.
Ao analisar o artigo 77 da Lei n. 8.112/90, in fine, “O servidor fará jus a 30 (trinta) dias de
férias, que podem ser acumuladas, até o máximo de 2 (dois) períodos, no caso de necessidade
do serviço, ressalvadas as hipóteses em que haja legislação específica.”
Deve-se considerar, na interpretação desse instituto, outro importante princípio da
Administração Pública, que seja a Supremacia do interesse público sobre o interesse privado,
neste caso, o interesse particular do servidor público, este que é assim definido pelo Douto
Celso Antônio Bandeira de Mello, (apud Hely Lopes Meirelles, 2008, p. 105):