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Aos nove anos, começou a sentir o gosto pela escrita, escrevendo poemas e
histórias com regularidade.
Resumo da obra:
Este livro pode ser considerado uma espécie de diário (apesar de não o ser), porque a
personagem principal escreve cartas para uma amiga que já morreu, contando-lhe tudo o
que se passa na vida dela. Trata-se de uma história de uma adolescente chamada Joana
inicialmente com apenas 13 anos, que perdeu a sua melhor amiga, Marta e Joana não soube
exatamente como lidar com este acontecimento e acabou por começar a escrever cartas
para Marta. Algo semelhante a um diário mas dirigido à amiga, sendo a forma mais fácil de
expressar os seus sentimentos e de falar sobre praticamente tudo o que se ia passando na
sua vida.
A verdade é que a protagonista não consegue perdoar Marta sem antes passar por algumas
experiências semelhantes, relacionadas com a droga. No meio do quarto de Joana há uma
lua suspensa no teto por uma corrente, um baloiço imaginário. Quando queria pensar
colocava-a em quarto crescente e quanto estava triste rodava- para quarto minguante e
sentava- se até que a tristeza passa-se.
Preocupa-se inclusive com Diogo, o irmão de Marta, que não aceita o sucedido. Tudo parece
manter a mínima normalidade, sendo algo em que a avó de Joana ajuda no dia a dia. A avó
Ju, como lhe chama a protagonista, acaba por “ser” a sua força. É quem a incentiva em
tudo, quem mais a apoia quando os próprios pais de Joana não estão presentes. É com a sua
avó que Joana mais desabafa, depois de Marta. Infelizmente, a avó Ju adoece e acaba por
morrer, fazendo com que Joana comece a entrar em rutura. Perder o seu maior apoio foi a
gota de água para seguir o mesmo caminho que Marta e Diogo, que também julgaram ver
na droga uma saída para os seus problemas.
Se uma pessoa, neste caso uma jovem – que vive com os pais e o irmão, pratica desporto,
atinge ótimos resultados na escola, destaca-se pela positiva na organização de iniciativas e
não aparenta ter qualquer tipo de problemas com os colegas -, porque razão não haveria de
ser feliz? Que tipo de problemas essa mesma jovem pode ter? Afinal de contas, não lhe falta
nada… Esta era a visão que os pais de Joana tinham da própria filha. Não teriam nenhuma
razão para se preocupar, mas também não tinham tempo para tal.
A Joana vivia com a mãe, dona de uma loja pronto a vestir, com o pai cirurgião plástico que
passava a vida trabalhar e com o seu irmão a quem ela tratava por 'pré-histórico', devido ao
vestuário e aos seus hábitos, e que mal lhe falava, sentindo-se incompreendida não apenas
pela família mas também pelo seu grupo de amigos.
Joana mostra-se forte e tenta lidar com problemas familiares ao mesmo tempo que lida com
a morte da sua amiga.
O facto da família de Joana a deixar de lado é dar toda a atenção ao seu irmão, mostra
quanto as famílias estão desatentas a comportamentos de risco.
A ironia desta história acaba por ser o próprio pai de Joana dar-lhe inúmeros relógios como
prenda, sendo que o próprio nunca tinha tempo para estar com os filhos… Não tinha a
noção do tempo que acabou por perder. Nunca lhe deu o devido valor até acontecer uma
tragédia e perceber que nunca mais poderia recuperar esse tempo com a filha. Por outro
lado, a mãe de Joana, embora estivesse um pouco mais presente na vida da filha, acabou
por cometer o mesmo erro. Nunca lhe deram a devida atenção quando Joana precisava da
sua ajuda. A protagonista morre e, na sua última carta a Marta, escreve: “Não está ninguém
em casa. Acho que vou telefonar a alguém. O Lucas é uma ótima companhia, mas não
fala… pode ser que, dentro de alguns anos, com o avanço da tecnologia, deem voz humana
aos cães. E toda a gente ficará menos só.”
A história termina com o pai de Joana a ler os relatos da filha, sentindo-se incapaz e
frustrado por não ter estado presente e por não ter evitado a sua morte. Termina com a
frase dita pelo pai: “Agora, tinha todo o tempo do mundo. Para quê?” estas são as frases
que encerram uma obra intemporal.