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GUIÃO: ENTREVISTA

L: Olá, sejam muito bem-vindos ao programa GeoDescobertas de hoje onde vamos entrevistar
dois grandes geólogos. Uma grande salva de palmas para John Wilson

John Wilson desce as escadas a dizer obrigado e olá e cai na última escada

L: Algum de vocês conhece algum geólogo português? E quero mais uma salva de palmas,
pois vão agora conhecer o mais influente geólogo português, o incrível João Duarte

John Wilson faz cara de triste, João Duarte entra todo pimpão, com uma camisinha muito
bonita azul e umas calcinhas bege.

L: O que se passa senhor John Wilson?

T: Estou a lembrar-me de quando ainda era da idade do João Duarte e não tinha todas estas
ferramentas para descobrir mais sobre geologia.

M: E mesmo assim conseguiste ser um dos maiores geólogos e descobrir a formação dos
oceanos.

L: Com isto percebemos que apesar de o senhor John Wilson não ter todas estas ferramentas,
também conseguiu descobrir muitas coisas para a época onde viveu.

Antes de começarmos com a nossa entrevista pedia para se apresentarem aos nossos
telespectadores. Podemos começar aqui pelo senhor John Wilson.

T: Olá, o meu nome é John Tuzo Wilson e nasci no dia 24 de outubro de 1908, em Ottawa, e
faleci no dia 15 de abril de 1993, em Toronto. Eu, para vir fazer esta entrevista, tive de tomar
uma poção da vida, e voltar aos meus melhores dias, ou seja, enquanto ainda era um dos mais
importantes geólogos e geofísicos canadenses. Enquanto era vivo, recebi muitos prémios e
até criaram uns com o meu nome. Iniciei os meus estudos na Universidade de Toronto e
terminei com a aquisição do grau de doutor em geologia. Depois de completar os meus
estudos, juntei-me às forças armadas canadianas, tendo servido na Segunda Guerra Mundial.
Uma das minhas contribuições mais notáveis para a geologia foi a proposta do "Ciclo de
Wilson" ou da "teoria da tectónica de placas".
L: OWWW impressionante, e temos todos de agradecer por conseguir através da sua poção
mágica estar aqui connosco. Agora vamos saber mais sobre o senhor João Duarte, conte-nos
tudo sobre si.

M: Eu sempre vivi em Portugal, nasci em Torres Vedras em 1984 onde dei aulas e fiz um
doutoramento, mestrado e muitas coisas mais. Fui investigador na Universidade de Monash,
em Melbourne, na Austrália onde trabalhei com grandes especialistas em zonas de subducção
e publiquei cerca de 40 artigos e editei quatro livros.

Apresentei uma nova perspetiva para o início das zonas de subducção, contribuindo dessa
forma para um maior conhecimento da teoria da tectónica de placas.

L: Uma apresentadora também tem de fazer o seu trabalho de casa e eu pesquisei sobre o
senhor John Wilson e sobre a teoria da tectónica de placas.

Alguém sabe alguma coisa sobre isto? … Ninguém, então eu vou dizer-vos o que descobri.

Descobri que as camadas externas rígidas da Terra (crosta e parte do manto superior), a
litosfera, são divididas em cerca de 13 pedaços ou "placas" que se movem
independentemente sobre a astenosfera mais fraca.

T: E fez um bom trabalho de casa, mas tenho uma coisa a acrescentar. Esta teoria ainda não
explicava o porquê de os vulcões ativos serem encontrados a muitos milhares de quilómetros
do limite mais próximo da placa. Então eu descobri que estas placas poderiam mover-se sobre
“pontos quentes” fixos no manto, formando cadeias de ilhas vulcânicas como o Havai.

M: Mas eu também ouvi dizer que descobriu um terceiro tipo de falhas nos limites das placas,
também conhecidas como limites conservadores de placas.

T: Sim, estas falhas deslizam horizontalmente, conectando dorsais oceânicas (limites


divergentes) a fossas oceânicas (limites convergentes). Permite também que as placas
deslizem umas sobre as outras sem que nenhuma crosta oceânica seja criada ou destruída.

M: Ah eu já falei e estudei sobre isso, mas antes demais:

Alguém sabe um exemplo deste tipo de falhas? O exemplo mais famoso é provavelmente a
falha de Santo André entre as placas da América do Norte e do Pacífico. As falhas
transformantes foram consideradas a peça que faltava no quebra-cabeça da teoria das placas
tectónicas.

L: Ah também ouvi falar sobre o ciclo de Wilson que é um conceito na geologia que descreve
a evolução das placas tectónicas e que também explica a abertura e o fecho dos oceanos da
Terra ao longo de milhões de anos e que é uma parte fundamental da teoria da tectónica de
placas.

Consegue nos explicar mais sobre o que descobriu?

T: Então vamos lá... o ciclo é composto por várias fases em que começa com a formação de
um rifte continental, ou seja, uma fenda na litosfera da Terra, onde a crusta terrestre se divide
e começa-se a afastar. Isto cria uma fossa oceânica, com consequente formação de um
oceano. Nesta zona acontecem sismos e aparecem vulcões.

L: ok vamos ver se os nossos telespectadores perceberam. Alguém sabe dizer um exemplo de


um oceano que se tenha formado assim?

M: Oceano Atlântico, que se formou a partir da fenda que separava a América do Norte e a
Eurásia.

L: Agora vamos passar para a segunda fase deste ciclo.

T: Com o aumento de tamanho da placa, esta pesará cada vez mais, o que provocará uma
subducção sob uma placa continental vizinha. Nesta zona criar-se-á uma fossa oceânica e
aparecerão arcos insulares, como é o caso do Japão.

M: Ah, mas com o passar do tempo, estes arcos insulares acabarão por formar uma cordilheira
no limite da placa continental. Vão surgir vulcões e atividade sísimica relevante. Nesta
situação encontra-se a placa de Nazca que está a sofrer subducção da placa sul-americana,
criando-se a cordilheira dos Andes.

L: sei que outro exemplo é os Himalaias, que se formaram devido à colisão da placa indiana
com a placa euro-asiática.
L: Como os tempos vão mudando e vão havendo evoluções e com a ajuda da tecnologia o
nosso grande geólogo português foi descobrindo novas teorias e acrescentando novas
informações sobre a teoria da tectónica de placas. Consegue-nos falar e explicar o que
descobriu nas suas investigações.

John Wilson cai para o lado, pois não bebeu a poção da vida

M: Então eu juntamente com equipa de investigadores do Instituto Dom Luiz da Ciências


ULisboa em parceria com cientistas da Universidade Johannes Gutenberg, em Mainz, na
Alemanha, apresentamos uma nova perspetiva para o início das zonas de subducção. As zonas
de subducção são também os locais onde ocorrem sismos de grande magnitude, como é o
caso do Anel de Fogo do Pacífico, o maior sistema de zonas de subducção do mundo.

L: Agora um à parte, estes dias fui a uma livraria e por acaso encontrei um livro com o seu
nome, acho que era sobre dinâmica da tectónica de placas e convecção do manto. Quer-nos
falar mais sobre este assunto?

M: As placas estão a andar no sentido das zonas de subducção, e as que estão a subductar
mais estão também a mover-se mais rápido.

Por exemplo, a placa do Pacífico, que está a subductar numa parte significativa do seu
perímetro, está a andar 6 a 8 vezes mais rápido do que a placa Euroasiática, que praticamente
não está a subductar em lado nenhum.

L: Ouvi dizer que as correntes de convecção ascendentes têm pouco ou quase nenhum papel
no movimento das placas. Será isto verdade?

M: Primeiro as zonas de ascensão de material profundo não correspondem, em geral, às


dorsais oceânicas, como tinha sido proposto por Harry Hess. Além disso, uma das duas
maiores zonas ascendentes está por baixo da placa africana, que está a mover-se a uma
velocidade muito baixa.

L: Então se as correntes de convecção ascendentes fossem o motor da tectónica de placas, a


placa africana não deveria estar a andar muito mais rápido?

M: Sim, mas não está. Pois as correntes de convecção não são o motor do movimento das
placas.
L: Então porque é que as correntes de convecção continuam a constar erradamente nos
programas e nos manuais escolares como o motor da tectónica de placas?

M: Imagino que existam várias explicações, mas penso que a principal é alguma confusão
histórica e, eventualmente, alguma falta de compreensão dos processos em causa.

L: Ah então, com a descoberta da tectónica de placas percebeu-se que não eram as correntes
de convecção ascendentes que faziam mover as placas.

M: E o mais importante é que se percebeu que é o próprio afundar das placas que gera a
maior parte da convecção do manto. Contudo, não posso deixar de referir que ainda temos
muitas dúvidas acerca dos detalhes da teoria dinâmica da tectónica de placas e que ainda
temos muito a explorar.

L: John Wilson já dorme, mas espero que os espectadores ainda estejam atentos. Vamos
todos chamar por ele para ver se ele acorda.

3, 2, 1 ... John Wilson (a gritar)

T: Eu estive sempre atento e reparei que o João Duarte ainda não falou da escala do tempo

geológico.

L: Afinal o senhor John Wilson esteve sempre atento e nunca lhe escapou uma única coisa.
Então João Duarte, o que nos tem a falar sobre a escala do tempo geológico.

M: Não lhe escapa mesmo nada ao meu velho amigo John Wilson. Alguém sabe o que é a
escala do tempo geológico?

Então vou vos falar um pouco sobre a escala do tempo geológico

L: Eu sei algumas coisas sobre isso, corresponde à representação de uma linha de tempo
baseada no registo geológico da Terra e foi um processo lento.

M: A escala de tempo geológico está organizada em Éons, Eras, Períodos e Épocas.


L: Isso faz me lembrar alguma coisa a vocês não? É muito semelhante a um calendário humano
organizado em anos, meses, semanas e dias

M.OWW boa comparação, mas as principais divisões correspondem geralmente a grandes


mudanças nas formas de vida, muitas vezes extinções em massa, que na maior parte dos casos
se relacionam com grandes processos globais, como mudanças climáticas, impactos de
meteoritos, erupções vulcânicas, glaciações e formação ou rutura de supercontinentes.

T: é mesmo impressionante como as tecnologias conseguem influenciar as grandes


descobertas e como o João Duarte está a conseguir aprofundar cada bocado da geologia.

L: Como a minha professora sempre disse a geologia é uma ciência sem fim.

Agora temos o nosso JACKPOT do dia com umas pequenas perguntas.

Como isto gostaria de agradecer a presença do John Wilson e do Joao Duarte no programa de
hoje que nos ensinaram muito sobre a geologia. Uma salva de palmas para estes grandes
geólogos. Com isto encerro o programa de hoje obrigada pela vossa atenção e por terem
assistido até ao fim. Voltamos na próxima segunda com mais um programa de
GeoDescobertas.

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