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Pero marques vai-se embora e a mãe questiona Inês sobre ele. Inês
elucida a mãe sobre o seu homem ideal (pode ser feio e pobre, mas tem
de ser bem-falante e tocar viola), a mãe chama-a à razão, dizendo que
não se pode viver apenas de folia.
Inês informa que já contratou judeus casamenteiros para a ajudar a
encontrar um marido compatível com os seus ideais e que a sua
esperança agora está neles. Entra em cena Latão e Vidal que somente se
interessam no dinheiro que que o casamento arranjado lhes pode
render, não querendo saber do bem-estar de Inês.
Os judeus contam que percorreram muitos lugares para encontrar um
homem com as características requeridas por Inês. Assim apresentam-
lhe Brás da Mata, um escudeiro, que se mostra exatamente como Inês
pretendia, apesar das desconfianças da sua mãe.
SLIDE 3:
Inês nos últimos dois versos faz um ultimato para reforça a sua decisão.
SLIDE 4:
INÊS: Que seja homem mal feito,
feo, pobre, sem feição
como tiver descrição,
nam lhe quero mais proveito.
E saiba tanger viola,
e coma eu pão e cebola.
siquer uma cantiguinha
discreto feito em farinha
porque isto me degola.
Inês reforça a ideia de que o seu homem perfeito tem de ter certas
características, como saber tocar e cantar, ser galante e charmoso, e que seja
suave como a farinha (vv. 407), o que é uma metáfora que reforça as
exigências de Inês. Além disso Inês diz que não se importa que seja um homem
feio, pobre e que até a deixe à fome, desde que tenha as características
mencionadas. Há também uma adjetivação nos versos 400 e 401.
SLIDE 5:
MÃE: Sempre tu hás de bailar
e sempre ele há de tanger?
Se nam tiveres que comer
o tanger te há de fartar?
INÊS: Cada louco com sua teima.
com uma borda de boleima
E uma vez d'água fria,
nam quero mais cada dia.
MÃE: Como às vezes isso queima.
SLIDE 6:
MÃE: E que é desses escudeiros?
INÊS: Eu falei ontem ali
que passaram por aqui
os judeus casamenteiros
e hão de vir logo aqui.
Inês revela a visita dos Judeus casamenteiros que ela contratou para lhe
arranjarem o marido perfeito e que devem estar quase a chegar.
SLIDE 7:
Aqui entram os Judeus casamenteiros chamados um Latão e o outro Vidal, e diz
Vidal:
VIDAL: Ou de cá.
INÊS: Quem está lá?
VIDAL: Nome del Deu, aqui somos.
LATÃO: Nam sabeis quão longe fomos.
VIDAL: Corremos a ira má.
Início do diálogo entre os Judeus e Inês, com os Judeus a dizerem logo que
foram muito longe para buscar o pretendente de Inês e que por isso vão ter de
ser bem pagos.
SLIDE 8:
VIDAL: Este e eu.
LATÃO: Eu, e este...
pola lama e polo pó
que era pera haver dó
com chuiva, sol e Nordeste.
Foi a coisa de maneira,
tal friúra e tal canseira,
que trago as tripas maçadas
assi me fadem boas fadas
que me saltou caganeira
Logo no início desta estrofe é utlizado um jogo de palavras para mostrar que
ambos os judeus estavam em sintonia. Depois procedem a enumerar todos os
perigos por que passaram utilizando também algumas antíteses. Eles fazem
isto também para mostrar que se esforçaram muito para encontrar o
pretendente perfeito que vai de encontro ao que Inês queria. Há ainda um
cómico de linguagem na palavra caganeira.
SLIDE 9 E 10:
SLIDE 11:
VIDAL: Vós amor quereis marido
discreto e de viola.
LATÃO: Esta moça nam é tola
que quer casar por sentido
VIDAL: Judeu queres-me leixar?
LATÃO: Deixo, não quero falar.
VIDAL: Buscámo-lo.
LATÃO: Demo foi logo.
Crede que o vosso rogo
vencera o tejo e o mar.
SLIDE 12:
Eu cuido que falo e calo
calo eu agora ou não?
Ou falo se vem à mão?
Nam digas que nam te falo.
INÊS: Jesu guarde-me ora Deos
nam falará um de vós?
Já queria saber isso.
MÃE: Que siso Inês que siso
Tens debaixo desses véus.
Os Judeus continuam com as suas discussões, mas desta vez Inês interrompe-
os pois quer mesmo saber quem é o seu possível futuro marido. A repreende-a
com uma expressão popular que mostra desagrado com a atitude de uma
pessoa. SISO=POUCO JUÍZO.
SLIDE 13:
INÊS: Diz o exemplo da velha
o que nam haveis de comer
deixai-o a outrem mexer.
MÃE: Eu nam sei quem t'aconselha...
INÊS Enfim, que novas trazeis?
VIDAL: O marido que quereis
de viola e dessa sorte,
nam no há senão na corte
que cá não no achareis.
Inês diz a mãe que apesar de ser experiente não deveria meter o nariz onde
não era chamada. E esse é o nosso último provérbio, “o que não haveis de
comer dexai-o a outrem mexer”, que é usado por Inês para dizer à mãe para
parar de se intrometer na vida pessoal dela e na sua escolha de marido ideal. A
mãe responde indignada e depois os judeus começam a dizer que um marido
como Inês queria, teria de ser da corte, com o intuito de outra vez mostrarem
a dificuldade do pedido dela e justificarem o valor que ela lhes terá de pagar.
SLIDE 14:
Falámos a Badajoz,
músico discreto solteiro.
este fora o verdadeiro,
mas soltou-se-nos da noz.
Fomos a Vilhacastim
e falou-nos em latim:
vinde cá daqui a uma hora
e trazei-me essa senhora.
INÊS: Tudo é nada enfim.
SLIDE 15:
VIDAL: Esperai, aguardai ora.
Soubemos dum escudeiro
de feição de atafoneiro
que virá logo essora,
Que fala e com' ora fala
estrogirá esta sala.
e tange e com' ora tange
alcança quanto abrange
E se preza bem da gala.
Os judeus dizem para Inês esperar pois eles tinham também encontrado um
pretendente que estava disposto a ir visitá-la, Brás da Mata, que é, segundo os
judeus, muito atarefado, que fala bem, consegue tudo o que quer e orgulha-se
de ser galante.
Inês
Instruída e procura um homem como ela
Rebelde
Desejosa de casar para se libertar da sua mãe
Sonhadora e idealista do homem perfeito
Impaciente e irrequieta para com as discussões dos judeus
Mãe de Inês
Tenta controlar a vida e os gostos de Inês porque acha que isso é o
melhor para ela
Tenta educar a filha
É irónica e por vezes autoritária
Aconselha a filha com a sua experiência
Prefere um homem rico e bondoso a um culto que seja pobre