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FICHAMENTO

EMPIRISMO – JOHN LOCKE

INTRODUÇÃO

Investigação do entendimento, agradável e útil: o entendimento do


homem em relação aos seres sensíveis é superior, e isso é objeto de
investigação. Como um olhar que tudo ver, mesmo que em pontos distantes,
diversas rotas de como o conhecimento pode sobressair é vantajoso, já que os
demais seres não possuem o domínio e entendimento da situação.
Desígnio: o propósito é investigar a origem, certeza e extensão do
conhecimento humano, junto com as bases de crença, opinião e assentimento.
Estudar o homem e o objeto na forma como se integram e se relacionam,
mesmo que as divergências sejam visíveis, tornarão a reflexão com certezas
dessa investigação. As opiniões entrelaçadas da humanidade permite refletir
sobre que não existe verdade ou que não existe um conhecimento certo, haja
visto que essa junção de saberes coletivos não dão segurança.
Método: primeiro averiguar a origem dos fatos observacionais do
homem; segundo destacar a extensão da relação conhecimento e
entendimento; e terceiro investigar a natureza e fé/opinião, pois assim é
possível analisar os graus e razoes do assentimento dos fatos.
É útil saber a extensão de nossa compreensão: chegar nas profundezas
do conhecimento, onde não exista déficits de dúvidas, supõe-se que em
determinadas situações, existem cautelas nos assuntos que não são possíveis
dominar. Saber a hora de parar e se manter em silencio, evitando a ignorância
do ser. Agindo assim, evitaria os excessos que muitas pessoas causam com
sua presunção de que tudo é conhecimento universal, falta noção e percepção
que nem tudo é disputa e para todos. Saber até onde nossa mente conhece o
real valor, tornaria ao homem um maior contentamento diante das ações que
ali os cercam.
Nossa capacidade adequada para nossa situação e assuntos: os
homens podem estar satisfeitos com as obras que Deus lhe deu, pois nada lhe
falta segundo os ditos bíblicos. E mesmo com possíveis restrições do
conhecimento, o individuo pode deter o conhecimento de seu criador e ter sua
autonomia de dever. Existem afazeres que vão além do alcance que podem
serem conquistados, e a partir do momento que o ser reconhece que pode
seguir superando as barreiras e sair de sua zona de conforto, seu mundo se
torna mais confiável. É fundamental tomar voos para ampliar os horizontes.
O conhecimento de nossa capacidade, uma cura para o ceticismo e a
ociosidade: sabendo de nossas forças, projetamos até onde irmos; e quando
avaliarmos nossos pensamentos, a inatividade não se faz presente, a dúvida e
questionamentos serão uma forma de explorar o que não se pode ser
compreendido por completo.
O saber não é para todos, mas agindo racionalmente, as nossas ações e
opiniões se tornam dependentes no mundo, é sabido que sempre haverá fatos
que não estão ao nosso alcance, logo não se deve sofrer por isso, apenas
respeitar e compreender.
Motivo deste ensaio: para satisfazer as várias indagações, as quais a
mente do homem estava bem apta para tender, seria o de investigar nossos
próprios entendimentos, examinar nossos próprios poderes e ver para que
coisas eles estão adaptados.
O que significa “ideia”: na cabeça do homem existem diversas ideias,
cada qual tem consciência disso, suas palavras e ações repercutirão sob os
demais pelo poder da persuasão.

LIVRO I - CAPÍTULO I

A maneira pela qual adquirimos qualquer conhecimento constitui


suficiente prova de que não é inato: é uma opinião de que o homem já nasce
com conhecimento primários, sua alma já traz consigo estes saberes e coloca
no mundo para ser o princípio das descobertas.
O assentimento geral consiste no argumento mais importante: existem
princípios universais, quando colocados em convivências são reais e
necessários para o bem-estar.
O acordo universal não prova o inatismo: se for acordado entre os
homens certas verdades, essa ideologia torna-se inata.
“O que é, é” e “É impossível para uma mesma coisa ser e não ser” não
são universalmente aceitas: princípios inatos deixam de existir, a partir do
momento que o homem interfere e não aceita que outros discordem da
colocação que foi acordada com a maioria.
Não se encontram naturalmente impressas na mente porque não são
conhecidas pelas crianças, idiotas etc.: é contraditório afirmar que as verdades
impressas pela alma não podem serem percebidas. A suposição é meio que
inteligível. Não se pode afirmar que qualquer proposição está na mente sem
ser jamais conhecida e que jamais se tem disso consciência. O autor afirma
que a capacidade é inata e o conhecimento é adquirido.
Encontram resposta dizendo que os homens sabem quando chegam ao
uso da razão: o homem sabe e para usufruir a razão cedem, tornando inatas
suficientes.
Esta resposta deve significar uma de duas coisas: assim que os homens
usam a razão, as ideias nativas começam a serem observadas, uma
descoberta ressurge.
Se a razão os descobre, não é uma prova de que são inatos: qualquer
verdade revelada pela razão, logo elas estarão na mente.
É falso que a razão os descobre: consideremos inatas todas as
verdades infalíveis que a razão nos ensina. O homem tem razão, porém as
vezes conhece ou desconhece.
Na matemática precisa de provas para sua provação, diferente do
conhecimento que mesmo sem comprovação é aceita.
A posse do uso da razão não corresponde ao instante em que
chegamos a conhecer estas máximas: mesmo após terem atingido o uso da
razão, as ideias gerais abstratas não estão formadas na mente, consideradas
equivocadamente como inatas. Mas são descobertas e introduzidas na mente,
conforme a veracidade e pelos mesmos meios que se adquiriu o conhecimento.
Os passos pelos quais a mente alcança várias verdades: é alimentando
a mente aos poucos que as ideias irão se alinhando e reproduzindo a razão
sobre determinada coisa.
O assentimento dado tão logo as ideias sejam propostas e entendidas
não as provas inatas: os homens têm tentado assegurar um assentimento
universal às que denominam máximas, afirmando que são geralmente aceitas
logo que propostas, e os termos por eles propostos são entendidos por todos
sem distinção.

CAPÍTULO II

Nem todo princípio prático é de domínio universal dos homens. A fé e a


justiça não é compreendida por todos os seres. Essa constituição de princípios
abrange somente aqueles que desejam seguir.
Várias regras de moralidade são aprovadas pelos homens, sem
saberem a profundidade dos reais valores, já que aproveitam de sua vontade e
da base de Deus.
As ações surgem conforme seus pensamentos, mesmo que não se
tenham certezas de tais regras e obrigações. Na história da humanidade, a
diversidade de valores, ações e princípios tornam as práticas opostas, haja
visto que os homens que determinam as leis.
A nação de homens rejeitam diversas moralidades, sendo que as leis
deveriam serem cumpridas, a fim de evitar repúdio.
Mesmo com tanta contradição de ideias, várias proposições são
afastadas da razão, tornando em determinados momentos sagradas pelos
homens, essas dúvidas são colocadas em confrontos, haja visto que muitos
princípios são de base do ser, mesmo que de diferentes regiões.
Se atinge os princípios em algumas situações através da religião ou
moral. É raro alguém ser superficial em seu entendimento, pois o contato com
as proposições é frequente no meio coletivo. Mesmo que a ignorância e o
medo não deixem o indivíduo questionar e aprofundar suas dúvidas.
Não há princípio prático com os quais todos os homens concordam e,
portanto, nenhum é inato.

CAPÍTULO III

Os princípios não são inatos, haja visto que os indivíduos adquirem de


forma coletiva as ideias.
Se tratando de crianças, percebe-se por graus posteriores, de como as
ideias chegam na mente, elas não são adquiridas, são fornecidas por
experiencias e observação dos fatos que estão ao seu redor. Sendo assim,
isso é suficiente para convencer que não existe ideias originais na mente
humana.
A ideia de Deus não é inata, pois ela surge de princípios maiores do que
o homem pode explicar.
Seja qual for a ideia que nunca foi percebida pela mente, nunca esteve
na mente. E o que estar na mente pode ser modificado devido as novas
percepções.
Examinando as maneiras de como o homem adquire o conhecimento
das verdades universais, descobre-se que elas são resultantes da própria
mente dos homens mediante o ser das coisas, quando devidamente
consideradas; e que elas foram descobertas pela aplicação destas faculdades
que são adequadas por natureza para recebê-las e julgá-las, quando
devidamente empregadas.

LIVRO II – CAPÍTULO I

Todo homem tem consciência de que pensa, e quando pensa sua mente
se ocupa de ideias. É da experiencia esse pensamento consciente de ideias.
Os sentidos levam para a mente, as percepções dos objetos externos. Logo, a
maioria dos sentidos se manifestam nas ideias, encaminhando para um
entendimento que o autor cita como sensação.
As operações na mente são oriundas de ideias já formuladas na mente,
o tal do sentido interno, que o autor chama de reflexão. A reflexão significa a
mente observando suas próprias operações, como elas se formam, e como
elas se tornam as ideias dessas operações no entendimento.
Os objetos externos suprem a mente com ideias de qualidades
sensíveis, que são diferentes percepções produzidas em nós, e a mente supre
o entendimento com ideias através de suas próprias operações.
É só com a idade adulta que os homens refletem sobre o que ocorre
com eles, voltando o entendimento para si mesmo e tornando as operações
mentais o objeto de sua própria contemplação. Segundo o autor, alguns jamais
chegam a tal reflexão.
Dessa forma, Locke conclui que a alma começa a ter ideias quando começa a
perceber, pois dá no mesmo dizer ter ideias ou ter percepção.
Este Ensaio sobre o entendimento humano por Locke, faz uma espécie
de mapeamento de como em nossa mente se produzem as ideias. As ideias
derivam das sensações. Não existe pensamento puro sobre conceitos
meramente inteligíveis, mas pensar é sempre pensar em algo recebido pelas
sensações impresso em nossa mente.
LOCKE, John. Ensaio acerca do entendimento humano. Trad. Anoar Aiex.
São Paulo: Editora Nova Cultural Ltda, 1999. ISBN: 85- 13-00906-7 (Introdução
/ Livro I / Livro II – pp. 29 – 62).

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