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Deficiência Física e Deficiências

Múltiplas / comunicação alternativa e


tecnologias assistivas aplicadas
Sumário

I- INTRODUÇÃO.............................................................................. 3

UNIDADE I - DEFICIÊNCIA FÍSICA ................................................. 9

UNIDADE II – DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA ....................................... 16

UNIDADE III – TECNOLOGIAS ASSISTIVAS APLICADAS E

COMUNICAÇÃO AUMENTATIVA E ALTERNATIVA ..................... 27

BIBLIOGRAFIA .............................................................................. 37
I- INTRODUÇÃO

Falar em Educação Inclusiva na atualidade é pensar sob a perspectiva


da diversidade, levando em consideração que a Escola é um espaço destinado
à Educação Formal do indivíduo, obrigatória às crianças e adolescentes com
idade entre 4 a 17 anos. Mas este espaço não se constitui apenas e
exclusivamente ao processo ensino aprendizagem. É na Escola que
acontecem diversas manifestações biológicas, sociais e psicológicas que
acompanham o indivíduo, necessários ao seu desenvolvimento, com
expressões culturais diversas e significativas. A esse processo dá-se o nome
de Pluriculturalismo, definido pelos mais dignos princípios básicos da vida, pela
liberdade de expressão e pensamento, respeitando a diversidade de fé, de
origem, de gênero e de convicções ideológicas, garantindo ao sujeito ser
protagonismo de suas escolhas. Assim, de acordo com o PCN / MEC (p. 121).

A temática da Pluralidade Cultural diz respeito ao


conhecimento e à valorização de características étnicas e
culturais dos diferentes grupos sociais que convivem no
território nacional, às desigualdades socioeconômicas e à
crítica às relações sociais discriminatórias e excludentes que
permeiam a sociedade brasileira, oferecendo ao aluno a
possibilidade de conhecer o Brasil como um país complexo,
multifacetado e algumas vezes paradoxal.

Neste contexto, englobam-se aí não somente as pessoas com


Deficiência (Intelectual, Física e Sensorial) e/ou com Transtorno do Espectro
Autista, mas também todas as pessoas pertencentes a um grupo étnico e
cultural cujos não lhe são oportunizadas a igualdade de direitos.
Frente a esta realidade, pensar em Educação Inclusiva perpassa os
muros da deficiência e da não-deficiência. Devemos compreender que todos,
de alguma forma, possuímos alguma característica que se destoa daquilo que
é considerado normal.
É de suma importância que a escola inclusiva reconheça que as
diferenças das pessoas são o que as coloca num lugar de únicos. Dessa
forma, precisamos compreender, em situação escolar, que a aprendizagem
precisa ser centrada nas potencialidades do sujeito, priorizando o que o
indivíduo é capaz de fazer, afastando as imposições de rituais pedagógicos
preestabelecidos.
Assim, para os alunos que possuem uma necessidade educativa
especial, a prática de um trabalho diferenciado se faz importante na condução
da escolarização deste sujeito, levando em consideração que a educação
inclusiva apresenta por finalidade a promoção do desenvolvimento das
potencialidades dos alunos, pautando-se em referenciais teóricos e práticos,
levando em consideração o tipo de necessidade de cada aluno, fazendo as
adequações necessárias para que o processo ensino aprendizagem deste
aluno ocorra de acordo com seu potencial.
Assim, se faz necessário entender o conceito de educação especial. De
acordo com a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da
Educação Inclusiva (MEC/2008), a educação especial

É definida como uma modalidade transversal a todos os níveis,


etapas e modalidades, que atua de forma complementar ou
suplementar ao ensino regular, disponibilizando serviços e
recursos para as atividades de AEE e a promoção da
acessibilidade nos ambientes educacionais.

Mediante este conceito que hoje trabalhamos, a educação especial


inclusiva é, relativamente, uma temática nova. A partir do final da década de 80
e início da década de 90, começou-se a refletir sobre o processo de
escolarização de pessoas que até então viviam “à margem da sociedade”. Ou
seja, pessoas que eram negados o direito de conviver e se desenvolver junto
ao outro, por uma razão de não se enquadrar em um estereotipo dito normal.
Dessa forma, a Declaração de Salamanca (1994), em um dos seus
princípios, declara que “sistemas educacionais deveriam ser designados e
programas educacionais deveriam ser implementados no sentido de se levar
em conta a vasta diversidade de tais características e necessidades”.
No Brasil, o tema educação especial inclusiva, em particular a inclusão
de pessoas com necessidades educativas especiais, está em seu auge. Nunca
antes se discutiu como se tem discutido ao longo destas décadas sobre essa
problemática. Isto se deve à aplicabilidade legislativa da nova Lei que rege a
Educação no Brasil, LDB 9394/96 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional, que dedica três artigos sobre essa questão, que são os artigos 58, 59
e 60.
Assim, de acordo com o artigo 58 da LDB 9394/96 “Entende-se por
educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação
escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para
educandos portadores de necessidades especiais”.
Já no artigo 59, inciso I, da LDB 9394/96, que rege sobre os sistemas de
ensino, dispõe que está assegurado aos educandos com necessidades
especiais “currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organizações
específicos, para atender as suas necessidades”.
Segundo o Plano Nacional de Educação, na categoria Educação
Especial, esta “se destina às pessoas com necessidades especiais no campo
da aprendizagem, originadas quer de deficiência física, sensorial, mental ou
múltipla, quer de características como altas habilidades, superdotação ou
talentos”.
A educação especial passa por mudanças significativas no que tange a
inclusão de pessoas com necessidades educativas especiais. Essas mudanças
começaram a ser oportunizadas na concretização da Constituição Federal do
Brasil (1988), no qual foram dedicados quatro artigos a esta temática.
No que se refere à Educação, a Constituição Federal do Brasil de 1988
assegura, no seu artigo 205 “A educação, direito de todos e dever do Estado e
da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade,
visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da
cidadania e sua qualificação para o trabalho”. Mais adiante, no artigo 208,
inciso III, da Constituição Federal do Brasil (1988) garante “atendimento
educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na
rede regular de ensino”. O que está em concordância com o artigo 4º, inciso III
da LDB 9394/96, no qual é garantido “atendimento educacional especializado
gratuito aos portadores de necessidades especiais, preferencialmente na rede
regular de ensino”. Isto vem comprovar a garantia, em Lei (as supracitadas), de
uma educação para as pessoas com necessidades educativas especiais.
Já o Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA – 8069/90, no artigo
53, incisos I e III, corrobora com a Constituição Federal do Brasil (1988) e com
a LDB 9394/96, quando expõe que

A criança e o adolescente têm direito à educação, visando o


pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o
exercício da cidadania e qualificação para o trabalho
assegurando-lhes: I - igualdade de condições para o acesso e
permanência na escola; III - atendimento educacional
especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente
na rede regular de ensino.

Na mesma vertente, tem-se a Declaração de Jomtien (1990), que


evidencia que a “... aprendizagem das pessoas portadoras de deficiências
requerem atenção especial. É preciso tomar medidas que garantam a
igualdade de acesso à educação aos portadores de todo e qualquer tipo de
deficiência, como parte integrante do sistema educativo”.
A Declaração de Salamanca (1994) esclarece e confirma todas as Leis
acima citadas, no qual garante que “toda criança tem direito fundamental à
educação, e deve ser dada a oportunidade de atingir e manter o nível
adequado de aprendizagem; toda criança possui características, interesses,
habilidades e necessidades de aprendizagem que são únicas”.
Mas a efetivação de um lugar à pessoa com necessidades educativas
especiais só foi oportunizada devido à aprovação da LDB 9394/96. Assim, a
partir desta data, começou-se a dar importância às pessoas com algum tipo de
deficiência. Ou seja, começou-se a pensar sobre como incluir os mesmos, a
colocá-los num espaço cujo qual nunca deveriam ter saído: a sociedade.
A educação, como um todo, é também assegurada pela LDB 9394/96,
no seu artigo 2º. Consta que “A educação, dever da família e do Estado,
inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana,
tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o
exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. Quando se refere ao
“pleno desenvolvimento do educando”, este diz respeito a todas as pessoas,
sem distinção de credo, raça, cor ou incapacidades.
É um dos princípios da LDB 9394/96 o direito de "igualdade e condições
para o acesso e permanência na escola", adotando-se, pela primeira vez, uma
modalidade dentro desta Lei, que possibilita uma educação de qualidade para
"educandos com necessidades especiais".
Inúmeros trabalhados foram produzidos desde a aprovação desta Lei, o
que possibilitou um novo olhar aos deficientes, com o intento de se estar
discutindo uma inclusão mais digna.
UNIDADE I - DEFICIÊNCIA FÍSICA

Por deficiência entende-se que é “qualquer pessoa incapaz de assegurar


por si mesma, total ou parcialmente, as necessidades de uma vida individual ou
social normal, em decorrência de uma deficiência, congênita ou não, em suas
capacidades físicas ou mentais” (DECLARAÇÃO DOS DIREITOS DAS
PESSOAS COM DEFICIÊNCIA).
De acordo com o Decreto nº. 5.296, no artigo 1º, inciso 1º, considera-se
deficiência física a

Alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo


humano, acarretando o comprometimento da função física,
apresentando-se sob a forma de paraplegia, paraparesia,
monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia,
triparesia, hemiplegia, hemiparesia, ostomia, amputação ou ausência
de membro, paralisia cerebral, nanismo, membros com deformidade
congênita ou adquirida, exceto as deformidades estéticas e as que
não produzam dificuldades para o desempenho de funções.

De uma forma mais ampla, encontramos no Decreto nª 3.298 de 1999


da legislação brasileira, nos artigos 3 e 4, o conceito de deficiência e
deficiência física:

Art. 3…: - Para os efeitos deste Decreto, considera-se:


I - Deficiência – toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou
função psicológica, fisiológica ou anatômica que gere incapacidade
para o desempenho de atividade, dentro do padrão considerado
normal para o ser humano;

Art. 4…: - Deficiência Física – alteração completa ou parcial de um


ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o
comprometimento da função física, apresentando-se sob a forma de
paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia,
tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, amputação
ou ausência de membro, paralisia cerebral, membros com
deformidade congênita ou adquirida, exceto as deformidades
estéticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho de
funções.

É importante ressaltar que para uma pessoa ser considerado deficiente


físico se faz necessário haver um comprometimento da função física,
acarretando-lhe incapacidade na sua locomoção permanente ou provisória,
tendo, em sua grande maioria, a necessidade do uso de um acessório que o
auxilie nas atividades de vida diária.
Assim, podemos definir a deficiência física como uma alteração no corpo
que leva o indivíduo a dificuldades no seu desempenho motor, impedindo-lhe
de participar da vida de uma forma independente, ou seja, dificultando sua
atividade de vida diária.
Por atividade de vida diária entende-se aquelas atividades necessárias a
melhor condução dos aspectos diários, como atividades da comunicação, do
autocuidado, das habilidades sociais, da vida familiar, do uso comunitário, da
autonomia, da saúde, da segurança, da funcionalidade acadêmica, do lazer e
trabalho.
As causas da deficiência física estão ligadas a fatores pré, peri e pós-
natais, dentre os quais listamos:
• Causas pré-natais – problemas durante a gestação: remédios tomados
pela mãe, tentativas de aborto malsucedidas, perdas de sangue durante
a gestação, crises maternas de hipertensão, problemas genéticos,
rubéola, toxoplasmose e outras;
• Causas perinatais – problema respiratório na hora do nascimento,
prematuridade, bebê que entra em sofrimento na hora do nascimento
por ter passado da hora, cordão umbilical enrolado no pescoço, e outras;
• Causas pós-natais – parada cardíaca, infecção hospitalar, meningite ou
outra doença infecto-contagiosa ou quando o sangue do bebê não
combina com o da mãe (se esta for Rh negativo), traumatismo craniano
ocasionado por uma queda muito forte e outras;
Dentro do conceito de deficiência física, há que se levar em conta o tipo
de lesão. Quanto a sua natureza, há que se investigar o tipo de distúrbio.
Assim, há dois tipos de distúrbios que são integradores à deficiência física: os
distúrbios ortopédicos ou origem muscular e os distúrbios neurológicos.
Por distúrbios ortopédicos entende-se que são aqueles problemas
originados nos músculos, ossos e/ou articulações. Como exemplo temos a
Amputação, a Distrofia Muscular, Artrite, Nanismo, entre outros.
Por distúrbios neurológicos entende-se que são aqueles problemas
concernentes à deterioração ou lesão do sistema nervoso. Como exemplo,
temos a Paralisia Cerebral, a Hidrocefalia, o Acidente Vascular Cerebral –
AVC, a Lesão Medular, Espinha Bífida, entre outros.

Distúrbios Ortopédicos

• Amputação
Definida como ausência congênita ou retirada de um ou mais membros. Pode
ser congênita – amielia, dismielia ou focomielia – ou adquirida - cirurgias,
traumas, entre outras. A amputação pode ser ocasionada por problemas
vasculares, traumas, má formação congênita, causas metabólicas, entre
outras.

• Distrofia Muscular
É caracterizada pela deteriorizacao progressiva da musculatura esquelética
voluntária, levando à incapacitação pela dificuldade ou ausência da contração
muscular. Há diversos tipos de distrofias musculares, e em sua maioria
acompanha um quadro de síndrome, sendo a mais conhecida a Síndrome de
Duchenne. Segue as principais distrofias musculares:
a) Síndrome de Duchenne → A distrofia muscular de Duchenne costuma
ter início nos quatro primeiros anos de vida. Os sintomas iniciais são de
debilidade dos músculos da cintura pélvica e mais tarde dos músculos
da cintura escapular. À medida que a afecção evolui, o doente apresenta
dificuldade para subir escadas e para levantar-se do chão. Nesta
síndrome, a pessoa apresenta expectativa de vida curta, não chegando
à idade adulta, devido ao acometimento da atrofia da musculatura
respiratória.
b) Síndrome de Becker → distrofia muscular progressiva. Costuma ter
início numa fase mais avançada da vida, a partir dos 12 anos de idade, e
evolui de modo mais lento. As pessoas apresentam debilidade e atrofia
dos músculos da cintura pélvica, condição que determina a marcha e a
capacidade de levantar-se. Esta síndrome apresenta maior expectativa
de vida ao indivíduo do que a de Duchenne.
c) Cintura-membros → tem início na região da cintura escapular e pélvica,
envolvendo posteriormente a musculatura paraespinhal. A pessoa não
apresenta problemas na musculatura respiratória, podendo adquirir
deformidades pélvicas.
d) Ocular → é uma manifestação que se inicia pelos olhos e se espalha
pela face, levando a diminuição da mímica facial.
e) Escápulo-peroneal → há a manifestação na musculatura proximal dos
membros superiores (braços e mãos) como também na musculatura
distal dos membros inferiores (pernas e pés), causando diversas
deformidades ortopédicas.

• Artrite → é uma inflamação de uma articulação. Pode ser de caráter


aguda, com alta intensidade e curta duração, ou caráter crônico, que é
de intensidade moderada, mas que se estende por um período longo de
tempo (longa duração). Geralmente o indivíduo apresenta dores nas
articulações que não desaparecem mesmo quando em repouso e
aumenta com o movimento do membro, inchaço, aumento do volume da
articulação, hipertemia, vermelhidão e, como consequência de tudo isso,
impotência funcional das articulações afetadas. A artrite pode ser
classificada como:
a) Infecciosa (vírus ou bactéria);
b) Metabólica (gota, condrocalcinose);
c) Mecânica (lesões, tumores);
d) Degenerativas (primárias e secundárias);
e) Idiopático (artrite reumatóide);
f) Associado a outras doenças (síndromes, alergia);
g) Doenças do tecido conjuntivo (lúpus eritematosos).

• Nanismo → é o crescimento retardado do desenvolvimento do corpo,


havendo uma desproporção entre tronco, membros e cabeça. É
considerado uma pequenez anormal da estrutura média do indivíduo na
mesma idade e mesma etnia. Geralmente, o nanismo acompanha
diversas síndromes como a Síndrome de Pierre Robin, Síndrome de
Rud, Síndrome de Seckel, entre outras.
Distúrbios Neurológicos

• Paralisia Cerebral (PC) → é um distúrbio não progressivo da


motricidade, que se evidencia na movimentação e na postura. Esse
distúrbio é causado por uma lesão ou um mau funcionamento do
cérebro, que ocorre antes dos três anos de idade. A paralisia cerebral
pode ocorre por múltiplos fatores, entre eles a prematuridade, anoxia
perinatal, desnutrição materna durante a gestação, rubéola,
toxoplasmose, trauma durante o parto, entre outras. Torna-se relevante
ressaltar que 86% das causas da PC são provenientes de fatores pré e
perinatais.
As pessoas com PC apresentam problemas como sialorréia (secreção
abundante da saliva), dificuldade para engolir, permanência de reflexos
primitivos, como também estar associados outros distúrbios como distúrbio da
fala, distúrbios sensoriais (visão, audição, táteis), convulsões, deficiência
intelectual, distúrbios percepto-motores, entre outros.
A PC pode ser considerada, quanto ao seu acometimento, de grau leve,
moderada ou grave. Quanto a sua topografia, pode ser classificada como
monoplegia/monoparesia (acometimento de um único membro);
hemiplegia/hemiparesia (acometimento de um lado do corpo);
paraplegia/paraparesia (acometimento do tronco e membros inferiores);
diplegia/diparesia (acometimento em ambos os membros, sendo que os
membros superiores são mais afetados que os inferiores);
quadriplegia/quadriaresia (acometimento de forma igual dos quatro membros);
dupla hemiplegia / dupla hemiparesia (acometimento dos quatro membros
afetados, sendo que um lado do corpo é mais evidente que o outro). Ressalta-
se que a PC, quanto ao tônus muscular, pode ser classificada:
a) Rigidez → os músculos dos membros são tensos e se contraem
fortemente quando se tenta movimentá-los ou alonga-los, onde mesmo
os reflexos exacerbados são inibidos. É uma forma severa de
espasticidade.
b) Espasticidade → o termo espástico é utilizado para descrever o grau de
tonicidade do músculo (tônus muscular muito alto ou tenso). As pessoas
com PC apresentam movimentos desajeitados e rígidos porque seus
músculos são muito tensos. Por isso, é muito comum as pessoas com
PC apresentarem contração muscular involuntária.
c) Atetose → se caracteriza por movimentos involuntários e variações do
tônus muscular, ou seja, o tônus muscular flutua gerando movimentos
involuntários e os movimentos voluntários se deformam ficando
retorcidos.
d) Ataxia → se caracteriza por uma diminuição do tônus muscular,
incoordenações dos movimentos e deficiência no equilíbrio; as pessoas
com ataxia são instáveis e tremulas.
e) Tremor → conhecido também por tremor intencional caracteriza-se pelo
aparecimento somente nos movimentos involuntários.
f) Hipotonia → é uma baixa no tônus muscular. Também comumente
conhecida como atonia ou flacidez.
g) Mista → caracterizada pelo aparecimento, em diversos grupos
musculares diferentes, de baixa e alta tonicidade muscular.

• Hidrocefalia → relacionada a um distúrbio neurológico de origem


encefálica, a hidrocefalia é o aumento da quantidade de líquido céfalo
raquidiano dentro do neurocrânio (caixa craniana), podendo levar à
compressão do cérebro ocasionando lesões, que podem ser
caracterizadas como deficiências motoras, sensoriais e/ou cognitivas,
além de distúrbios comportamentais.

• Acidente Vascular Cerebral – AVC → é considerado um distúrbio


neurológico de origem encefálica, ocasionando lesões permanentes e
com sequelas motoras e/ou sensoriais.

• Lesão Medular → é caracterizada como um distúrbio neurológico de


origem espinhal. A lesão medular é adquirida, resultante de um trauma,
tumores, lesão ou problema de crescimento. Há perdas parciais ou totais
dos movimentos dos membros afetados, ocasionando uma deficiência
motora e perda da sensibilidade dos membros afetados.
• Espinha Bífida → é caracterizada como um defeito congênito no qual um
ou mais arcos vertebrais não se fecham completamente durante o
desenvolvimento fetal, onde o tubo neural não se desenvolve
completamente, fechando-se antes do tempo previsto. É um distúrbio
neurológico de origem espinhal. A espinha bífida ocasiona lesões
caracterizadas como deficiências motoras, sensoriais e/ou cognitivas.
Existem três tipos, a saber:
a) Oculta → é a mais branda manifestação, podendo não acarretar em um
distúrbio neurológico. É perceptível pelo aparecimento de um sinal ou
tufo de pelos.
b) Meningocele → é caracterizada por uma forma tumoral com protrusão
sacular junto a coluna vertebral que contém líquido, porém tanto a
medulo quanto as raízes nervosas não sofrem danos. Sua retirada se
recomenda ao nascer ou ainda na primeira infância, não deixando
sequelas.
c) Mielomeningocele → é caracterizada por haver uma protrusão sacular
junto a coluna vertebral que contém líquido, porções medulares e fibras
nervosas. É o tipo mais comum e também mais severo, acometendo a
pessoa com distúrbios neurológicos, motores – paralisia total ou parcial
dos membros inferiores com distúrbios esfincterianos e ausência de
sensibilidade nos membros afetados, hidrocefalia e deficiência
intelectual.
UNIDADE II – DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA

A Deficiência Múltipla é uma condição onde há a ocorrência de duas ou


mais deficiências, simultaneamente, em um único indivíduo, sejam elas física,
cognitiva, sensorial. Ou seja, numa mesma pessoa há a combinação de uma
deficiência com outra ou outras

O termo deficiência múltipla tem sido utilizado, com frequência, para


caracterizar o conjunto de duas ou mais deficiências associadas, de
ordem física, sensorial, mental, emocional ou de comportamento
social. No entanto, não é o somatório dessas alterações que
caracterizam a múltipla deficiência, mas sim o nível de
desenvolvimento, as possibilidades funcionais, de comunicação,
interação social e de aprendizagem que determinam as necessidades
educacionais dessas pessoas. (BRASIL, 2006, p. 11)

Na pessoa com Deficiência Múltipla há a combinação de uma deficiência


com outra ou outras, acarretando comprometimentos graves em uma ou mais
área do seu desenvolvimento. As deficiências que podem estar associadas se
classificam como Física que é a alteração completa ou parcial de um ou mais
segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da função física
(conforme vimos acima); Sensorial que é caracterizado pelo não
funcionamento, seja total ou parcial, de algum dos cinco sentidos; a surdez e a
cegueira são os mais comuns; Psíquica ou Intelectual que é caracterizado por
um comprometimento, durante o período de desenvolvimento, das faculdades
que determinam o nível global de inteligência, isto é, das funções cognitivas, de
linguagem, da motricidade e do comportamento social. Assim, numa mesma
pessoa, pode ocorrer a combinação de duas ou mais deficiências, que
destacamos as principais como:
• Deficiência Física e Sensorial, como exemplo podemos citar a
deficiência auditiva ou surdez associada à deficiência física; deficiência
visual ou cegueira associada à deficiência física.
• Deficiência Física e Psíquica ou Intelectual, como exemplo podemos
citar a deficiência física associada à deficiência intelectual; deficiência
física associada a transtorno mental.
• Deficiência Sensorial e Psíquica ou Intelectual, como exemplos podemos
citar a deficiência auditiva ou surdez associada à deficiência intelectual;
deficiência visual ou cegueira associada à deficiência intelectual;
deficiência auditiva ou surdez associada a transtorno mental.
• Deficiência Física, Sensorial e Psíquica ou Intelectual, como exemplos
podemos citar a deficiência física associada à deficiência visual ou
cegueira e à deficiência intelectual; deficiência física associada à
deficiência auditiva ou surdez e à deficiência intelectual; deficiência
física associada à deficiência visual ou cegueira e à deficiência auditiva
ou surdez.
Mas engana-se que somente a ocorrência de duas ou mais deficiências
já limita o diagnóstico da Deficiência Múltipla. Há que se averiguar o grau de
comprometimento no desenvolvimento da pessoa, pois assim estará
assegurando a efetivação de uma qualidade no desenvolvimento de suas
capacidades e potencialidades. Também há que se vislumbrar quais os efeitos
da Deficiência mediante ao ambiente físico e social. Para tanto, é necessário
considerar:

• Os tipos e quantidades de deficiências primárias associadas;


• A amplitude ou abrangência dos aspectos comprometidos;
• A idade de aquisição das deficiências;
• Os fatores ambientais relacionados – familiares, comunitários,
escolares;
• A eficiência das intervenções educacionais e de saúde.
(BRASIL, 2000, p. 60)

Dessa forma, conhecer o universo da deficiência múltipla permite “evitar


maior interferência adversa na vida da pessoa e reduzir seus efeitos sobre ela”
(BRASIL, 2000, p. 60), auxiliando também na estimulação correta nas
deficiências existentes, como também significar a deficiência múltipla nos
espaços os quais o indivíduo ocupa. Salienta-se que a família, a escola e a
comunidade apresenta papel crucial nesse processo.
Assim, apresentar uma condição diferente das demais pessoas;
aprender de forma diferente e com auxílio de recursos e estratégias; estar
atrelado a um instrumento por toda a vida; necessitar do auxílio de outras
pessoas. Essas são algumas afirmativas pelas quais a pessoa com
Deficiências Múltiplas convivem durante toda a sua vida. Não somente a
própria pessoa, mas todos os sujeitos que com ela vive diretamente.
As causas da ocorrência da deficiência múltipla estão ligadas a fatores
pré, peri e pós-natais, dentre os quais destacamos como mais recorrentes:
• Má-formação congênita;
• Hipotireoidismo;
• Síndrome de Rett;
• Infecções virais como Síndrome da rubéola congênita e a toxoplasmose;
• Doenças sexualmente transmissíveis, como a sífilis, o HPV (Papiloma
vírus humano);
• Icterícia;
• Infecção de ouvido recorrente;
• Falta de oxigênio no cérebro;
• Doença infecciosa grave na infância como sarampo,
• Glaucoma,
• Catarata congênita
Também pode estar associada a fatores ambientais como a irradiações,
acidentes e traumatismos cranianos, intoxicação química, tumores cerebrais
entre outras. Há que se destacar ainda o fator comportamental de risco que é o
casamento consanguíneo (casamentos entre parentes próximos), que pode ser
fator de desenvolvimento da deficiência múltipla.
As crianças com deficiência múltipla apresentam características
peculiares que a diferem das outras crianças, sejam com deficiências ou não,
que são elas:

• Dificuldade na abstração das rotinas diárias, nos gestos ou na


comunicação;
• Dificuldades no reconhecimento de pessoas do seu cotidiano;
• Movimentos corporais involuntários;
• Respostas mínimas a estímulos causados por barulhos, toques,
entre outros (BRASIL, 2006, p.11)

Também apresentam comportamentos repetitivos e estereotipados;


apresentam resistência ao contato físico; podem não apresentar funcionalidade
ao brinquedo ou a brincadeira, utilizando os brinquedos, em sua grande
maioria, de forma inadequada; muitas não se comunicam sob a forma
convencional – modalidade oral, necessitando de recursos não verbais para se
comunicarem; apresentam dificuldades acentuadas em reter informações,
tendendo a esquecer o que não for praticado; a aprendizagem se configura
mais lenta, apresentando por ora dificuldade na aprendizagem formal
institucionalizada; apresentam necessidade de as instruções serem de forma
sistematizada e organizadas; entre outras.
Assim, crianças que apresentam deficiência múltipla assim o é
considerado, pois além dos comprometimentos clinicamente observáveis, como
a associação de deficiência visual e auditiva, também apresentam
comprometimentos em condições de comportamento em outras áreas, sejam
elas na área intelectual ou emocional, dificuldades na aprendizagem e na área
física.
Sabemos que as áreas de sentidos são a entrada de percepção do
mundo externo em nosso mundo interior, ou seja, percebemos o mundo
através dos nossos órgãos dos sentidos. Quando esses canais estão
comprometidos, nossa percepção de mundo se modifica e há uma ruptura
nessa compreensão. Assim, pessoas com múltipla deficiência sensorial, no
caso da surdocegueria, apresentam também dificuldades em outros sistemas
além daqueles lhes apetece – canais visual e auditivo, como o sistema tátil
(sensação de toque), sistema olfativo (odores e aromas), sistema gustativo
(sabores), sistema vestibular (equilíbrio), sistema proprioceptivo (posição
corporal), ocasionando limitações no desenvolvimento global da pessoa.
Dessa forma, pessoas com condição de múltipla deficiência sensorial
apresentam dificuldades em ambientar-se, pois têm dificuldades em
compreender rotinas diárias; dificuldades na comunicação verbal e não-verbal;
dificuldades em reconhecer pessoas significativas em seu ambiente;
dificuldades com estímulos ambientais intensos como barulhos, movimentos,
toques, odores, sabores, entre outros.
Crianças com múltipla deficiência sensorial se assemelham a crianças
surdocegas, tanto quanto as características, como às potencialidades e aos
cuidados. Por surdocegueira, entende-se que é um comprometimento nos
canais visual e auditivo num mesmo individuo, ocasionando dificuldades nas
esferas sociais, emocionais e psíquicas.
A criança surdocega é portadora de características únicas, que
resultam do efeito combinado das deficiências auditiva e visual. As
características clínicas que definem a criança, do ponto de vista
oftalmológico e audiológico, são insuficientes para prever o quanto
poderá se desenvolver quando imersa num ambiente que proporcione
uma estimulação adequada às suas necessidades. (BRASIL, 2006, p.
14)

A síndrome de Down, descrita como “condição como um conjunto


distinto de características”. (Stray-Gundersen, 2007, p. 36) por se manifestar
em um único individuo diversos aspectos que comprometem o
desenvolvimento, também é considerada na gama da deficiência múltipla. De
acordo com Saad (2003, p. 29) “A síndrome de Down (SD) é caracterizada por
atraso do desenvolvimento físico, funcional e mental”.
Foi descoberta em 1866 pelo médico inglês John Langdon Down. Por
isso ela recebe este nome, em homenagem ao seu descobridor. (STRAY-
GUNDERSEN, 2007; SAAD, 2003; MILANI, 2006).
Desde a sua descoberta até os dias atuais, a SD recebeu diversos
termos, dentre os mais comuns, mongolismo – por apresentarem
características comuns com o povo do país da Mongólia, como cabelos lisos e
finos; idiota mongolóide; imbecilidade mongolóide; cretinismo furfuráceo;
criança malacabada; criança inacabada (SAAD, 2003).
A concepção de que a pessoa com SD não constitui uma “raça” à parte,
mas que apresenta, como qualquer outro representante da espécie humana,
peculiaridades individuais de personalidade e no curso de seu desenvolvimento
neuropsicomotor, vem ganhando espaço; e é de fundamental importância
quando se pensa na influência que essa mudança de concepção tem na
elaboração de estratégias de ensino, de programas de reabilitação, de
orientação profissional, dentre outros. Conforme Stray-Gundersen (2007, p.
15).

Em vez de 46, ele [SD] tem 47 cromossomos. (...). Essa síndrome


ocorre igualmente em meninos e meninas. É um dos defeitos
congênitos mais comuns, apresentando-se em todas as raças, grupos
étnicos, classes socioeconômicas e nacionalidades. Pode acontecer
a qualquer pessoa.

De acordo com Alves, (2007, p. 27-28), a SD é caracterizada por se


apresentar como um acidente genético, podendo
... ocorrer na primeira divisão celular, formando um cromossomo a
mais no par 21 e resultando em uma trissomia simples sem
translocação. Em uma porcentagem pequena, a formação desse
cromossomo extra também pode ocorrer na segunda ou terceira
divisão da concepção, (...), o excesso de material genético
proveniente do cromossomo 21, pode ocorrer de três formas
diferentes: trissomia livre em todas as células do indivíduo;
translocação cromossômica; mosaicismo do cromossomo 21.

Segundo Stray-Gundersen (2007, p. 22), a trissomia do 21 por não-


disjunção ocorre em cerca de 95% das pessoas com SD e é resultante da
“...falha na disjunção dos cromossomos do par 21 ou na divisão adequada no
óvulo ou no espermatozoide”. Os outros 5% da população com SD dividem-se
nos dois outros tipos da síndrome: translocação e mosaicismo. No primeiro
caso, em conformidade com a autora (2007, p/ 23) “... o cromossomo extra está
conectado a outro cromossomo, geralmente o cromossomo 14, ou a outro
cromossomo 21. Estima-se que entre 3 a 4% dos bebês com síndrome de
Down têm trissomia do 21 por translocação”.
Já o mosaicismo, que é a forma mais rara da síndrome, acomete cerca
de 1% das pessoas com SD. Ainda de acordo com Stray-Gundersen (2007, p.
24)
No mosaicismo, ocorre uma divisão celular imperfeita, em uma das
primeiras divisões celulares após a fertilização. (...).
Consequentemente, nem todas as células apresentam esse
cromossomo e o bebê pode ter menos características físicas usuais
da síndrome de Down, bem como maior capacidade intelectual.

De acordo com Leal (2006, p. 14-15), a SD

... é usualmente causada pela trissomia simples, também conhecida


como não-disjunção do cromossomo de número 21. (...). Entretanto,
há dois tipos de comprometimento genético [além da trissomia do 21]
denominados de translocação e mosaicismo. No primeiro caso
observa-se a trissomia, mas nem todos os cromossomos trissômicos
estão no par 21. Podem ser encontrados em outros pares, sendo que
um dos pais (pai ou mãe) é portador da translocação. Já o
mosaicismo ocorre quando, na divisão do óvulo fecundado, algumas
células apresentam-se com 47 cromossomos e outras com 46.

Já Bissoto (2005, p. 2) ressalta que

Em 96% dos casos, essa trissomia [do 21] se apresenta por uma não-
disjunção cromossômica total: conforme o feto se desenvolve, todas
as células acabam por assumir um cromossomo 21 extra. Em cerca
de 4% dos casos, entretanto, ou os portadores não têm todas as
células afetadas pela trissomia, sendo denominados como casos
“mosaico” (entre 0,5 – 1%), ou desenvolvem a síndrome de Down por
translocação gênica (entre 3,0 – 3,5%), caso em que parte ou todo o
cromossomo 21 extra se encontra ligado a um outro cromossomo,
geralmente o cromossomo 14.

Conforme Smith (1989) apud Milani (2006, p. 25) “... a trissomia 21 é a


principal incidência da síndrome, ocorrendo em 94% dos casos. Já a
translocação ocuparia 3,3% das ocorrências e o mosaicismo, 2,4%”.
Mais adiante, Milani (2006, p. 26) apoiada em Pueschel (1995), explicita
que “... não é o cromossomo 21 extra inteiro, e sim, um pequeno segmento do
braço longo, que é responsável pela síndrome de Down”.
Uma das possíveis causas da SD é relativa à idade materna. Segundo
Milani (2006, p. 29), “Os riscos de ocorrência da síndrome são: gestantes com
menos de 25 anos, 1:600; de 25 a 29 anos, 1:350; de 30 a 34 anos, 1:800; de
35 a 39 anos, 1:260; de 40 a 44 anos, 1:100 e de 45 a 49 anos, 1:50
(Gonzalez, 1992) ”.
Já Stray-Gundersen (2007, p. 26), “Até o momento, sua causa exata – o
que faz os cromossomos 21 se manterem unidos – ainda não foi descoberta.
(...), a idade da mãe (idade materna) é o único fator relacionado à
probabilidade de ter um bebê com síndrome de Down que foi comprovado”.
Ambas as autoras estão em conformidade com Saad (2003, p. 35), no qual
aponta que

Há uma relação de causalidade entre a idade materna e a geração de


um filho com síndrome de Down. Pelo fato de a mulher já ter consigo
desde o nascimento todos os óvulos que farão parte de sua vida, eles
envelhecem com ela. Sendo assim, as mulheres mais velhas têm
mais possibilidades de terem filhos com síndrome de Down
(SCHWARTZMAN, 1999A, p. 20). (...). A frequência aumenta de 0,1%
em mães com menos de 35 anos, para 4% em mães com idade
acima de 45 anos.

Em conformidade com o que relata Pueschel (2000, p. 2) apud Saad


(2003, p. 34) “... há relatos de pesquisas em que pais idosos podem também,
ter risco de ter filhos com síndrome de Down. Afirma também que mais de 85%
dos bebês com síndrome de Down nascem de mães com idade abaixo de 35
anos”.
Segundo Bee (2003), além da deficiência cognitiva, a síndrome de Down
se caracteriza por ser uma anomalia genética no cromossomo 21, no qual o
mesmo não se separa adequadamente na divisão celular. Ainda segundo a
autora, esta síndrome se caracteriza pela criança apresentar desde o
nascimento pregas nas pálpebras e mãos, dedos mínimos curtos e curvados,
nariz e face achatados, o que lhes dá uma aparência similar. As complicações
clínicas são as malformações cardíacas, cataratas, epilepsia, leucemia,
alterações sensoriais, particularmente aquelas relacionadas a visão e a
audição.
De acordo com Bissoto (2005, p. 2) “a síndrome de Down
frequentemente acarreta complicações clínicas que acabam por interferir no
desenvolvimento global da criança portadora (...)”. Está associado também a
demência senil, tendo sido encontrado em estudos mais recentes, de acordo
com Devenney e colaboradores (1992) apud Bissoto (2005, p. 3) associações
destas com a doença de Alzheimer.
Silva & Kleinhans (2006, p. 3), apoiada na publicação da Pediatric
Database (1994), ressalta as características da pessoa com SD como

um conjunto de alterações que necessita de exames mais específicos


para ser detectado, como: anomalias de audição (em cerca de 80%
dos casos), alterações ortodônticas (80%), anomalias da visão (50%),
anomalias cardíacas (40 a 50%), alterações endocrinológicas (15 a
25%), anomalias do aparelho locomotor (15%), anomalias do
aparelho digestivo (12%), alterações neurológicas (8%), alterações
hematológicas (3%), dentre muitas outras que, se não detectadas e
tratadas, vão interferir no desenvolvimento da criança.

Conforme Schwartzman (1999, p. 26) apud Saad (2003, p. 30), as


características evidentes da pessoa com SD são

• Peso e tamanho de nascimento inferiores ao normal;


• Hipotonia (músculos flácidos);
• Pescoço curto;
• Língua protusa, isto é, posicionada para fora da boca em virtude da
hipotonia;
• Base nasal achatada;
• Doenças cardíacas congênitas;
• Mãos e pés pequenos;
• Espaço aumentado entre o 1º e 2º dedos dos pés;
• Orelhas pequenas, arredondadas e dismórficas, de implantação
baixa;
• Prega da pálpebra superior no canto interno dos olhos;
• Prega palmar transversa, que consiste numa única linha que
atravessa as mãos curtas, de lado a lado.

De acordo com Milani (2006, p. 38-42),

O crânio é encurtado no diâmetro antero-posterior. (...). De um modo


geral, apresentam atraso no fechamento das fontanelas e suas
paredes cranianas são finas. (...), os cabelos são finos, sedoso e
escassos e os pêlos pubianos são lisos. O nariz é, em geral, pequeno
com achatamento na base. Já os olhos apresentam manchas na íris
(Manchas de Brushfield, discretas opacificações do cristalino e erros
de refração). As orelhas são de implantação baixa. (...) a língua é
protusa porque há uma diminuição da cavidade oral, hipoplasia
mandibular e hipotonia de órgão. Sua superfície pode ficar fissurada e
com sulcos, devido à respiração oral e sucção. (...). Os pescoços são
curtos (Smith, 1989), largos e com excesso de pele (Gonzalez, 1992).
As mãos são curtas, largas e pode haver um encurtamento ou
encurvamento do quinto dedo. (...). Os pés são, de um modo geral,
curtos, largos e grossos. (...). A pele do recém-nascido pode
apresentar acrocianose (é azulada nas extremidades). (...). Em
pessoas mais velhas é áspera, seca e enruga prematuramente
(Gonzalez, 1992). Costuma ser frouxa na região da nuca (Smith,
1989). (...). Os pacientes masculinos da síndrome de Down têm
criptorquidia e são inférteis. Já as mulheres geralmente têm a
menarca tardia e a menopausa precoce. (...). Os homens são
considerados estéreis, pois apresentam baixos níveis de
testosterona. (...). A sexualidade é expressa através da sensualidade.
Os portadores podem usar os sentidos para explorar, receber e dar
prazer, dentro de programas individualizados que devem fazer parte
do currículo escolar, pois a sexualidade deve visar a uma habilidade
adaptativa. (...). Podem ocorrer (...) convulsões (menos de 5% dos
casos); criptorquidia (27% antes dos 9 anos e 17% após os 15 anos
de idade); presença de 11 costelas; leucemias em quase 1% dos
casos e distúrbios da tireóide. (...). O desenvolvimento psicomotor é,
em geral, mais lento e apático durante a primeira infância, seguido de
hiperatividade no período pré-escolar.

Stray-Gundersen (2007, p. 28-31) salienta que as características da


pessoa com SD são

Nariz. A face (...) pode ser levemente mais alargada e sua ponte
nasal mais plana do que o usual. (...), possuem narizes menores do
que das outras crianças. As vias nasais também podem ser menores
e tornar-se congestionadas mais rapidamente.
Olhos. Os olhos (...) podem parecer inclinados para cima; (...)
fissuras palpebrais oblíquas. Os olhos também podem ter pequenas
dobras de pele, chamadas de pregas epicânticas, nos seus cantos
internos. A parte externa da íris (ou parte colorida) de cada olho pode
apresentar manchas claras chamadas de manchas de Brushfield.
Boca. A boca (...) pode ser pequena, e o céu da boca pode ser pouco
profundo. (...), a língua pode projetar-se ou parecer grande em
relação à boca.
Dentes. Os dentes (...) podem nascer com atraso e fora da ordem
usual. (...), podem ser pequenos, de formas incomuns e fora de lugar.
Orelhas. As orelhas podem ser pequenas e suas pontas podem
dobrar-se. (...), têm localização levemente inferior na cabeça. As vias
auditivas também tendem a ser menores, (...). Podem tornar-se
bloqueadas, causando perda auditiva.
Forma da cabeça. As crianças com SD têm cabeças menores do
que as normais. Em geral, seu tamanho cefálico situa-se entre os 3%
inferiores, (...), microcefalia. (...). A parte posterior da cabeça pode ser
mais achatada (braquicefalia). (...). As áreas moles da cabeça
(fontículos), que estão presentes em todos os bebês, podem ser
maiores nos bebês com SD e podem levar mais tempo para se
fechar, durante o curso normal de desenvolvimento.
Estatura. Os bebês com SD geralmente têm peso e comprimento
médio ao nascerem, porém, não crescem com a mesma rapidez das
outras crianças. (...). Os adolescentes com SD alcançam sua estatura
final em torno dos 15 anos. A altura média adulta para os homens é
de aproximadamente 1,57m e para as mulheres, aproximadamente
1,37m.
Mãos e pés. As mãos (...) podem ser menores e seus dedos podem
ser mais curtos do que os de outras crianças. A palma de cada mão
pode ter apenas uma linha atravessando-a (prega palmar transversal
ou linha simiesca), e o quinto dedo da mão pode curvar-se levemente
para dentro, apresentando apenas uma linha de flexão (clinodactilia).
Geralmente, os pés (...) pode existir um grande espaço entre o
primeiro e o segundo dedos, (...). No qual, (...), há um sulco profundo
nas plantas dos pés.
Tórax. O tórax (...) pode ser um tanto afunilado (quando o esterno,
osso do tórax, é achatado) ou como o peito de pombo (quando o
esterno é proeminente). Nenhuma dessas diferenças morfológicas
resulta em problemas clínicos.
Pele. A pele (...). Pode ser mosqueada (manchada, clara e sensível a
irritações.
Cabelos. As crianças com SD têm, tipicamente, cabelos finos, lisos e
às vezes esparsos.

Ao que se refere ao Sistema Nervoso Central, Milani (2006, p. 37)


ressalta que

A massa encefálica dos portadores de síndrome de Down ao


nascimento é praticamente normal e durante a infância atinge
somente ¾ do seu peso esperado. Schwartzman (1997) afirma que o
SNC é sempre comprometido na SD, pois há manifestações
convulsivas, retardo mental, distúrbios do comportamento, hipotonia
muscular e quadros demenciais causados pela anormalidade
cromossômica.

Saad (2003, p. 67), por sua, destaca que

... a alteração no desenvolvimento do sistema nervoso é


generalizada, porque atinge a todos os neurônios em suas funções
internas e externas, (...). O cérebro, (...), apresenta volume e peso
menores do que o esperado em pessoas normais e há também
diminuição das circunvoluções secundárias. O número de neurônios
apresenta-se reduzido em diversas áreas do córtex cerebral,
hipocampo e cerebelo (FLÖREZ, 1997b, p. 38).
Alves (2007, p. 35), deixa claro que o mais importante na conduta da
criança com SD é “estabelecer uma relação mais positiva entre os pais e o
bebê, o que será fundamental para o desenvolvimento geral da criança. (...),
que (...) será o mesmo que uma criança dita normal. Haverá uma lentidão em
todos os aspectos até porque não se sabe qual será o seu limite”.
UNIDADE III – TECNOLOGIAS ASSISTIVAS APLICADAS
E COMUNICAÇÃO AUMENTATIVA E ALTERNATIVA

Sujeitos com deficiência necessitam de algum tipo de recurso para


auxilia-los nas atividades de vida diária, que incluem também, as atividades
escolares.
A Tecnologia Assistiva (TA) é um recurso e um serviço que permite o
aluno com deficiência se tornar parte integrante do meio ao qual está inserido.
Recurso, pois, o aluno com deficiência estará utilizando ferramentas para
melhor compreensão e adequação à realidade escolar. Serviço, pois, a escola
procurará desenvolver estratégias que visam a resolver os problemas
funcionais deste aluno no espaço escolar, que vai desde a adequação do
espaço físico até formas de adequação curriculares, permitindo assim melhor
efetivação da participação da criança nos diversos segmentos escolares,
buscando alternativas para que a criança participe das diversas atividades no
contexto escolar de forma positiva. Assim, entende-se a TA como

Resolução de problemas funcionais, em uma perspectiva de


desenvolvimento das potencialidades humanas, valorização de
desejos, habilidades, expectativas positivas e da qualidade de vida,
as quais incluem recursos de comunicação alternativa, de
acessibilidade ao computador, de atividades de vida diárias, de
orientação e mobilidade, de adequação postural, de adaptação de
veículos, órteses e próteses, entre outros. (BRASIL, 2007, p. 31)

Não podemos perder de vista que o uso da TA no espaço educacional


se faz pertinente e importante para que a efetivação da inclusão ocorra. A TA
foi organizada em modalidades para assim melhor permitir a compreensão da
gama de diversidade de deficiências, como também para melhor uso de acordo
com a deficiência específica de determinada criança, contribuindo para o
melhor desenvolvimento de recursos, organizações de serviços, pesquisas e
especializações dos profissionais, além de melhor manejo com a criança com
deficiência. São as modalidades da TA:
• Auxílios para a vida diária e vida prática.
• Comunicação Aumentativa e Alternativa.
• Recursos de acessibilidade ao computador.
• Adequação Postural (posicionamento para função).
• Auxílios de mobilidade.
• Sistemas de controle de ambiente.
• Projetos arquitetônicos para acessibilidade.
• Recursos para cegos ou para pessoas com visão subnormal.
• Recursos para surdos ou pessoas com déficits auditivos.
• Adaptações em veículos.

III.I – COMUNICAÇÃO AUMENTATIVA E ALTERNATIVA

O ser humano é incrível. Somos os únicos animais que desenvolvem um


sistema complexo de comunicação. Nossa linguagem é constituída de sinais e
símbolos com o objetivo principal de promover a comunicação entre os
indivíduos. Portanto, a nossa linguagem é antes de tudo uma linguagem social,
como afirma Marta Kohl de Oliveira (1992, p. 24)

Na sua relação com o mundo, mediada pelos instrumentos e


símbolos desenvolvidos culturalmente, o ser humano cria as formas
de ação que o distinguem de outros animais. Sendo assim, s
compreensão do desenvolvimento psicológico não pode ser buscada
em propriedades naturais no sistema nervoso.

Dessa forma, tornar-se sujeito é estabelecer uma comunicação com o


outro, entendendo-o e fazendo-se entender pelo outro.
Mas é sabido que a linguagem se expressa não somente na sua forma
verbal. Há meios de comunicar-se por sistemas de signos e símbolos não
verbais, que efetiva o processo de comunicação. A esse sistema chamamos de
Comunicação Aumentativa e Alternativa.
Por Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA) entendemos como
uma das áreas da Tecnologia Assistiva que busca atender sujeitos que não
possuem comunicação verbal ou escrita funcional, apresentando uma
defasagem em sua habilidade de falar e/ou escrever. Apresenta como objetivo
fundamental buscar

Através da valorização de todas as formas expressivas do sujeito e


da construção de recursos próprios desta metodologia, construir e
ampliar sua via de expressão e compreensão. Recursos como as
pranchas de comunicação, construídas com simbologia gráfica
(desenhos representativos de ideias), letras ou palavras escritas, são
utilizados pelo usuário da CAA para expressar seus questionamentos,
desejos, sentimentos e entendimentos. A alta tecnologia nos permite
também a utilização de vocalizadores (pranchas com produção de
voz) ou do computador, com softwares específicos, garantindo
grande eficiência na função comunicativa. Dessa forma, o aluno com
deficiência, passa de uma situação de passividade para outra, a de
ator ou de sujeito do seu processo de desenvolvimento. (BRASIL,
2007, p. 58).

Dessa forma, procura evidenciar todos os sinais que o sujeito apresenta


para se comunicar, valorizando sua forma de expressão, garantindo a
autonomia e independência do sujeito com deficiência, procurando o
estabelecimento de uma comunicação rápida e eficiente.
A CAA vai além da modalidade da fala oral. Procura desenvolver o meio
de expressão através de estratégias que não somente o uso da fala,
priorizando as diversas expressões da linguagem: o uso de gestos, língua de
sinais, expressões faciais, o uso de pranchas de alfabeto, símbolos
pictográficos, uso de sistemas sofisticados de computador com voz sintetizada,
dentre outros.
A CAA destina-se ao aluno que não possui os componentes básicos
para uma comunicação verbal, porém todos os envolvidos no processo se
beneficiam deste recurso.
Adaptar uma brincadeira e/ou um brinquedo a uma criança com
deficiência não é um feito difícil. Primeiro, há que se conhecer qual ou quais os
tipos de deficiências o indivíduo apresenta e a partir de então aprofundar-se
sobre essa deficiência, adquirindo não somente conhecimentos teóricos como
também observar a criança deficiente em seus aspectos, procurando
estabelecer um contato afetivo e inter-relacional com ela. A partir de então, o
material adaptativo poderá ser construído.
Para tanto, há algumas dicas que são premissas na confecção de
brinquedos e/ou brincadeiras inclusivos:
• Respeite o tempo de cada um para a realização das atividades.
• Respeite o tempo de aprendizado de cada pessoa.
• Reconheça e respeite a individualidade de cada um. Cada pessoa tem o
seu jeito, as suas qualidades e os seus desafios. Não use a deficiência
como rótulo.
• Ofereça ajuda sempre que achar que a pessoa precisa, mas respeite se
a ajuda for recusada.
• Quando for ajudar, pergunte para a pessoa qual é a melhor forma de
ajudá-la.
• Nunca subestime as capacidades de uma pessoa e nem superestime as
suas dificuldades (lembre-se que as dificuldades são provocadas pelas
barreiras que existem no meio ambiente e pela falta de apoio ou
recursos adequados).
• Não trate a pessoa com deficiência como um doente. A pessoa com
deficiência pode ficar doente como qualquer pessoa e pode também ter
uma saúde tão boa ou melhor do que a sua.
• Qualquer tipo de limitação para realizar atividades pode ser minimizado
ou até eliminado com a disponibilização dos recursos ou apoios
adequados.
• Dê a oportunidade de a pessoa dar sua opinião. Quando quiser
perguntar alguma coisa, pergunte diretamente para a própria pessoa.
• Trate a pessoa conforme sua idade. Crianças devem ser tratadas como
crianças, mas adultos devem ser tratados como adultos.
• Estimule as capacidades e qualidades que a pessoa possui. Lembre-se
que todo mundo tem seu talento, suas afinidades e seu potencial de
desenvolvimento em determinadas áreas de interesse e atividades.
• Nas brincadeiras, estimule os próprios participantes a buscarem
soluções para que a brincadeira seja inclusiva. Pare a brincadeira
quando tiver alguém excluído e procure, junto com a pessoa e com os
participantes, maneiras para que todos participem.
• Perguntar sempre para a pessoa e para a família se existe alguma
restrição para brincar (isso vale para qualquer pessoa).

Ao promover um material adaptativo para uma criança com deficiência,


priorize que este material atenda à deficiência específica dela; mas também,
oportunize que este material possa ser utilizado não somente com a criança
com deficiência, mas por todas as crianças que relacionam diretamente com
ela, oportunizando o verdadeiro sentido da palavra inclusão, ou seja, não
somente incluindo o sujeito com deficiência na sociedade, mas também,
incluindo a sociedade na deficiência, valorizando os princípios da diversidade e
pluriculturalidade.
Como no estudo específico sobre a Deficiência Física, sugere-se
algumas dicas de cuidados ao escolher uma brincadeira sobre deficiência
física:
• Os locais das brincadeiras devem ser acessíveis, livres de quaisquer
barreiras físicas.
• Nunca movimente a cadeira de rodas sem pedir permissão para a
pessoa.
• Olho no olho na hora de conversar. Em conversas mais longas com
pessoas em cadeira de rodas, procure sentar e ficar na mesma altura
que a pessoa.
• Quando a pessoa tiver dificuldade em tocar a cadeira, lembre-se de virá-
la para que fique de frente para a roda de conversas.
• Se for ajudar uma pessoa em cadeira de rodas a subir ou descer um
degrau, a dica é subir de frente e descer com a pessoa de costas, para
que esteja sempre com a coluna apoiada no encosto da cadeira.
• Não tenha receio em usar termos como “correr”, “andar”, “ir a pé”, etc.
As pessoas com deficiência também usam esses verbos normalmente
no seu dia a dia.
• Sempre que não conseguir compreender o que a pessoa falou,
pergunte. Algumas deficiências, como paralisia cerebral ou aquelas
provocadas por doenças degenerativas (Escleroses, Distrofias, etc.)
podem gerar dificuldade na fala. No entanto, não afetam o seu raciocínio
e a sua capacidade de entendimento. Se necessário, peça que repita.
• Respeite os recursos que as pessoas utilizam para locomover-se. Não
fique apoiado ou pendure bolsas e sacolas em cadeira de rodas. E, no
caso de muletas, jamais as retire do lugar sem avisar o seu dono.

Para o estudo específico sobre as Deficiências Múltiplas, sugere-se algumas


dicas de cuidados ao escolher uma brincadeira sobre deficiência múltipla:
• Além das deficiências apontadas, existe a deficiência múltipla, que
envolve a associação de duas ou mais deficiências.
• Para lidar com uma pessoa que tenha deficiência múltipla, observe-a,
verifique qual sua forma de comunicação, avalie possibilidades de
eliminar as barreiras e pergunte qual é a melhor forma de ajudá-la.
• Também tem a surdocegueira, considerada uma deficiência única, pois a
soma dos recursos para pessoas surdas e para pessoas cegas não
atende as suas necessidades.
• Para lidar com uma pessoa surdocega primeiro identifique o nível da
deficiência, pois a pessoa pode enxergar pouco e não ouvir nada, ouvir
um pouco e não enxergar nada, ou não enxergar nem ouvir nada.
• Depois identifique a sua forma de comunicação, que é bastante
particular. Alguns se comunicam por meio de Libras tátil, outros tocando
o rosto do interlocutor (método Tadoma), outros são oralizados e
escutam com o uso de um aparelho, etc. Se for necessário, pergunte
como se comunicar ao seu guia-intérprete ou acompanhante, quando
houver.
• Utilize recursos táteis e estimule a leitura e escrita em braile para
aprenderem as letras e as palavras.

III-II – ADEQUAÇÕES

a) Pranchas de Comunicação:
b) Vocalizador
c) Locomoção

d) Alimentação

e) Recursos de acessibilidade ao computador


Estabilizador de Punho

Colmeia para teclado

f) Adaptadores escolares
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