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UNIDADE 4:

FUNDAMENTOS DA ED. ESPECIAL


INCLUSIVA COM BASE NAS
DIRETRIZES NACIONAIS PARA ED.
ESPECIAL NA EDUCAÇÃO BÁSICA

Caro(a) Aluno(a)

Seja bem-vindo(a)!

Nesta quarta unidade, nosso foco será as diretrizes que di-


recionam o trabalho inclusivo na educação básica.

Bons estudos!!!

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Conteúdos da Unidade
Acompanhe os conteúdos desta unidade. Se preferir, vá assina-
lando os assuntos, à medida que for estudando.
9 História da inclusão;
9 Leis que sedimentaram a inclusão no Brasil;
9 Diretrizes Nacionais da Educação Básica;
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POR UMA EDUCAÇÃO INCLUSIVA

CAPÍTULO 7:
POR UMA EDUCAÇÃO INCLUSIVA

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POR UMA EDUCAÇÃO INCLUSIVA

A fim de que entendamos as transformações na Educação


Especial é imperativo um breve relato do processo histórico pelo
qual ela passou. São três os momentos: pré-história da Educação
Especial, a era das instituições e o período atual
A história nos revela que as pessoas ‘diferentes’ sempre exis-
tiram, desde os tempos mais remotos da civilização, mas são pou-
cos os documentos que abordam ou relatam o assunto. Na Antigui-
dade, havia duas posturas em relação às pessoas doentes, idosas ou
deficientes: a primeira seria a de aceitação, tolerância; e a segunda
de eliminação, menosprezo ou destruição. Um período marcado
pela ignorância e não aceitação do ser deficiente.
Há relatos de que os Esquimós, entre os séculos XVII e
XVII, abandonavam os velhos e deficientes em locais estrategica-
mente escolhidos para que fossem devorados pelos ursos brancos.
Os índios Ajores eliminavam seus recém nascidos deficientes, as-
sim como as crianças não desejadas, sobretudo as do sexo femini-
no. Para os velhos e as pessoas que ficassem deficientes lhes era
reservado um final cruel: eram enterrados vivos; afirmavam que
receberiam a proteção da terra contra os inimigos. Para o povo he-
breu doenças crônicas ou deficiência era sinal de impureza ou pe-
cado (SHIMAZAKI). Segundo Mantoan (1997):

O Cristianismo modificou a postura diante da deficiência in-


cluindo seu portador entre as “criaturas de Deus”, assim ele não
poderia ser abandonado, já que possui alma. Sob a influência
do Cristianismo os portadores de deficiência passam a ser as-
sistidos em suas necessidades básicas de alimentação e abrigo,
mas não havia a preocupação com seu desenvolvimento e edu-
cação. (p. 215).

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“ Com o advento do Renascimento, quando a


cultura e os valores se voltaram para o homem,
ocorre a mudança dessa fase de ignorância e re-
jeição do indivíduo deficiente e começa a falar em


direitos e deveres dos deficientes

(SHIMAZAKI)

O segundo momento da história da Educação Especial, co-


nhecido como a era das instituições ou fase de segregação insti-
tucional, abrange o final do século XVIII e início do século XIX.
É nesse período que a Educação Especial realmente iniciou, pois
parte da sociedade passa a compreender a necessidade de oferecer
alguma assistência às pessoas com deficiências. Apesar de continu-
arem a serem discriminados, marginalizados e excluídos pela so-
ciedade e atendidos por instituições assistencialistas, filantrópicas
e segregacionistas, a preocupação era mais assistencial, mas não
educativa (CARMO, 1991, apud SHIMAZAKI).
Apesar de ainda haver pontos negativos, se-
gundo Shimazaki:

“ foi um avanço para a Educação Especial, que


foi beneficiada em alguns aspectos com o desen-
volvimento científico e técnico. Nesse período, era
das instituições, os fatos que marcaram foram:
a criação de escolas para deficientes; a tentati-
va de encontrar métodos de tratamento e com o
desenvolvimento científico e técnico, a Educação

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Especial passou a contar com métodos de avalia-


ção e tratamento.

No Brasil, a Constituição de 1988 é tida como o marco no es-
tabelecimento do direito à educação inclusiva. Em 1990 esse direito
foi ratificado na Declaração Mundial sobre Educação Para Todos,
independentemente das diferenças particulares, e alentado pelas
declarações das Nações Unidas, que culminaram na Declaração de
Igualdade de Oportunidades para as Pessoas com Deficiência, assi-
nado em 1993 e publicado em 1994, garantindo que a educação de
pessoas deficientes fosse parte integrante do sistema educativo. A
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN (BRA-
SIL, 1996) instituiu igualdade no tratamento social e educacional
de crianças e adolescentes, no que diz respeito à garantia de educa-
ção, acesso e permanência na escola, além de recursos e métodos
especiais de ensino (PEREIRA; DOMINGUES, 2017).
Essas leis instituídas trouxeram mudanças para a educação
que vem se transformando a partir de então. Como afirma Bites
(2003) a sistemática de atendimento, antes segregadora, e que
permitia a educação dos alunos em escolas especiais segundo
cada tipo de deficiência, foi mudada. Para a proposta da educa-
ção inclusiva:

As pessoas com necessidades especiais devem participar em


condições de iguais do processo educativo das escolas regula-
res, juntamente com as demais. A escola de qualquer nível ou
modalidade passa a ser uma só para todos, sem qualquer dis-
criminação. (BITES, 2003, p. 1).

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Em junho de 1994, ocorreu uma conferência mundial reali-


zada pelo governo espanhol e a UNESCO, somavam-se mais de
300 representantes de 92 governos e de 25 organismos internacio-
nais, o objetivo era de promover uma educação para todos, garan-
tida pelos Estados e integrante do sistema educativo, deu-se então
a Declaração de Salamanca, um documento de princípios, política
e prática para as necessidades educativas especiais. A partir deste
documento, principiou uma discussão sobre a integração e a in-
serção. Professores, pesquisadores e pais têm buscado a mudança
na concepção a respeito da educação de pessoas com necessidades
especiais. Objetivam oferecer uma educação que reconhece e con-
vive com a diversidade, promovendo a aprendizagem e atendendo
às necessidades da criança individualmente.
Bites (2003) assevera que “o princípio norteador da De-
claração de Salamanca é o de que cabe às escolas adaptarem-se,
criarem as condições materiais e de aprendizagem para que to-
das as crianças, independente de suas condições físicas, sociais,
linguísticas ou outras possam se educar” (BITES, 2003, p.4). A
Declaração de Salamanca apregoa que:

Todas as crianças possuem suas características, seus inte-


resses, habilidades e necessidades que são únicas e, portanto,
tem direito à educação e à oportunidade de atingir e manter o
nível adequado de aprendizagem e que aqueles com necessida-
des educacionais especiais devem ter acesso à escola regular,
que deveria acomodá-los dentro de uma pedagogia centrada na
criança, capaz de satisfazer a tais necessidades. (ROMERO;
SOUZA, 2008, p. 3097)

A integração e inclusão aparecem na contextualização da


legislação na Constituição de 1988; no Estatuto da Criança e do
Adolescente, de 13 de julho de 1990; na Lei de Diretrizes e Bases,

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nº 9394, de 20 de dezembro de 1996, e na lei Federal 7.853, de 24


de outubro de 1989.
Na Constituição Federal, no artigo 208, inciso III, prescreve
que o dever do Estado com a educação será efetivado mediante a
garantia de atendimento educacional especializado aos portadores
de deficiências, preferencialmente na rede regular de ensino.
Na Lei de Diretrizes e Bases nº 9394/96, no artigo 4º, inci-
so III, corrobora a Constituição Federal, quando aborda o atendi-
mento educacional especializado gratuito aos estudantes com ne-
cessidades especiais, preferencialmente na rede regular de ensino.
A Lei Federal 7.853, de 24 de outubro de 1989 ratifica a ofer-
ta obrigatória e gratuita de Educação Especial em escolas públicas
e ainda criminaliza a discriminação da pessoa com deficiência no
que se refere ao acesso e permanência na escola. O Estatuto da
Criança e do Adolescente garante o direito do deficiente à saúde,
à educação e à profissionalização e proteção no trabalho. Algo im-
portante na Lei de Diretrizes e Bases, nº 9394/96, transcrita por
Souza e Silva (1997), encontramos o processo integração e inclu-
são garantidos, na rede regular de ensino, pela legislação, quando
diz em seus artigos e incisos:

Artigo 58 – Entende-se por educação especial, para efeitos


desta Lei, a modalidade de educação escolar, oferecida pre-
ferencialmente na rede regular de ensino, para educandos
com necessidades especiais.
§ 1º – Haverá, quando necessário, serviços de apoio especia-
lizado, na escola regular, para atender às peculiaridades da
clientela de educação especial
§ 2º – O atendimento educacional será feito em classes, es-
colas ou serviços especializados, sempre que, em função das

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condições específicas dos alunos, não for possível a sua inte-


gração nas classes comuns de ensino regular.
§ 3º – A oferta de educação especial, dever constitucional do
Estado, tem início na faixa etária de zero a seis anos, durante
a educação infantil.
Artigo 59 – Os sistemas de ensino assegurados aos
educandos com necessidades especiais:
III – professores com especialização adequada em nível mé-
dio ou superior, para atendimento especializado, bem como
professores do ensino regular, capacitados para a integração
desses educandos nas classes comuns.
Artigo 60 – parágrafo único:
O Poder Público adotará, como alternativa preferencial, a
ampliação do atendimento aos educandos com necessidades
especiais na própria rede pública regular de ensino, indepen-
dentemente do apoio às instituições previstas neste artigo.

A resolução CNE/CEB Nº 2, de 11 de setembro de 2001


institui Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educa-
ção Básica.
Art. 1º A presente Resolução institui as Diretrizes Nacio-
nais para a educação de alunos que apresentem necessidades
educacionais especiais, na Educação Básica, em todas as suas eta-
pas e modalidades.
Parágrafo único. O atendimento escolar desses alunos terá
início na educação infantil, nas creches e pré-escolas, asseguran-
do-lhes os serviços de educação especial sempre que se evidencie,
mediante avaliação e interação com a família e a comunidade, a
necessidade de atendimento educacional especializado.

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Art 2º Os sistemas de ensino devem matricular todos os alu-


nos, cabendo às escolas organizar-se para o atendimento aos edu-
candos com necessidades educacionais especiais, assegurando as
condições necessárias para uma educação de qualidade para todos.
Art. 3º Por educação especial, modalidade da educação esco-
lar, entende-se um processo educacional definido por uma propos-
ta pedagógica que assegure recursos e serviços educacionais espe-
ciais, organizados institucionalmente para apoiar, complementar,
suplementar e, em alguns casos, substituir os serviços educacio-
nais comuns, de modo a garantir a educação escolar e promover
o desenvolvimento das potencialidades dos educandos que apre-
sentam necessidades educacionais especiais, em todas as etapas e
modalidades da educação básica.
A resolução continua e regulamenta como alguns
aspectos devem funcionar:

Art. 8o As escolas da rede regular de ensino de-


vem prever e prover na organização de suas clas-
ses comuns:
I - professores das classes comuns e da educação especial
capacitados e especializados, respectivamente, para o aten-
dimento às necessidades educacionais dos alunos;
II - distribuição dos alunos com necessidades educacio-
nais especiais pelas várias classes do ano escolar em que
forem classificados, de modo que essas classes comuns se
beneficiem das diferenças e ampliem positivamente as ex-
periências de todos os alunos, dentro do princípio de educar
para a diversidade;
III – flexibilizações e adaptações curriculares que con-
siderem o significado prático e instrumental dos conteú-
dos básicos, metodologias de ensino e recursos didáticos

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diferenciados e processos de avaliação adequados ao desen-


volvimento dos alunos que apresentam necessidades educa-
cionais especiais, em consonância com o projeto pedagógico
da escola, respeitada a frequência obrigatória;

Uma lei de grande importância para os nossos estudos é a de


número 12.764 de 27 de dezembro de 2012, pois institui a Política
Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do
Espectro Autista; e altera o § 3º do art. 98 da Lei nº 8.112, de 11 de
dezembro de 1990.
Em 2007, foi apresentado o Plano de Desenvolvimento da
Educação – PDE, reafirmado pela Agenda Social, cujos eixos eram
a formação de professores para a educação especial, a implanta-
ção de salas de recursos multifuncionais, a acessibilidade arquite-
tônica dos prédios escolares, acesso e a permanência das pessoas
com deficiência na educação superior e o monitoramento do aces-
so à escola dos favorecidos pelo Beneficio de Prestação Continua-
da – BPC.

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