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Organizadoras
CIDADE, HISTÓRIA
E PATRIMÔNIO
1ª Edição
ANAP
Tupã/SP
2019
2
EDITORA ANAP
Associação Amigos da Natureza da Alta Paulista
Pessoa de Direito Privado Sem Fins Lucrativos, fundada em 14 de setembro de 2003.
Rua Bolívia, nº 88, Jardim América, Cidade de Tupã, São Paulo. CEP 17.605-310.
Contato: (14) 99808-5947 e 99102-2522
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Ficha Catalográfica
CDD: 710
CDU: 710/49
CONSELHO DE EDITORIAL
ORGANIZADORAS DA OBRA
SUMÁRIO
PREFÁCIO 11
Vladimir Benincasa
Capítulo 1
EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO PRESERVACIONISTA 15
ATRAVÉS DAS CARTAS PATRIMONIAIS INTERNACIONAIS
Rosio Fernández Baca Salcedo
Capítulo 2
A CONSTRUÇÃO DA CIDADE DE SÃO PAULO NA PRIMEIRA 41
REPÚBLICA ATRAVÉS DA ATUAÇÃO DO CONSELHEIRO
ANTÔNIO PRADO E DE VICTOR DA SILVA FREIRE: OS
PRIMÓRDIOS DO URBANISMO PAULISTA
Luiz Augusto Maia Costa; Alessandra Salvador Alexandre Strassa
Capítulo 3
OS PRIMEIROS ANOS DE IMPLANTAÇÃO DO HORTO 59
BOTÂNICO DO MUSEU PAULISTA (1898 A 1917)
Rafaella Neves Goes; Marta Enokibara
Capítulo 4
OS BAIRROS RURAIS E A ECONOMIA MISTA NA REDE 79
URBANA POLARIZADA PELA VILA DE NOVA BRAGANÇA NA
PROVÍNCIA DE SÃO PAULO
Carolina Gonçalves Nunes; Ivone Salgado
8
Capítulo 5
O PROJETO DA COLÔNIA MILITAR DO AVANHANDAVA 105
NO ENSAIO DA OCUPAÇÃO TERRITORIAL PAULISTA
(1858-1878)
Nilson Ghirardello; Daniel Candeloro Ferrari
Capítulo 6
CIDADE COMO PEÇA-CHAVE PARA O DESENVOLVIMENTO 123
REGIONAL: O PLANEJAMENTO PARANAENSE NOS
ANOS 1960
Gislaine Elizete Beloto
Capítulo 7
CONSTRUÇÃO DA IGREJA MATRIZ NOSSA SENHORA DAS 143
DORES E DA CAPELA NOSSA SENHORA DA
BOA MORTE DE LIMEIRA
Renan Alex Treft; Ivone Salgado
Capítulo 8
METODOLOGIA DE ANÁLISE ESPACIAL PARA REABILITAÇÃO 163
DE EDIFÍCIOS DO PATRIMÔNIO FERROVIÁRIO
Samir Hernandes Tenório Gomes
Capítulo 9
CIDADE E FERROVIA: 179
DESENVOLVIMENTO E MEMÓRIA URBANA
Antonio Busnardo Filho; Antonio Soukef Júnior
Cidade, História e Patrimônio - 9
Capítulo 10
PATRIMÔNIO, MARGINALDADE E GENTRIFICAÇÃO AO 189
LONGO DO ANTIGO LEITO FÉRREO DE BAURU-SP:
A VILA ANTÁRTICA
Evandro Fiorin; Lucas do Nascimento Souza
PREFÁCIO
1
Vladimir Benincasa
1
Graduado em Arquitetura e Urbanismo pelo Departamento de Arquitetura e Planejamento da
Escola de Engenharia de São Carlos, da Universidade de São Paulo (1989), fez mestrado (1998)
e doutorado (2008) em Arquitetura e Urbanismo no Departamento de Arquitetura e Urbanismo
da Escola de Engenharia de São Carlos, pela Universidade de São Paulo. Atualmente é professor
na Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação da UNESP. Tem experiência na área de
projetos e docência, com ênfase em Teoria e História da Arquitetura e do Urbanismo.
Cidade, História e Patrimônio - 15
Capítulo 1
2
Rosio Fernández Baca Salcedo
1 INTRODUÇÃO
2
Professora doutora, UNESP, Brasil. E-mail: rosio.fb.salcedo@unesp.br
16
social são ações para a salvação dos centros históricos. A função residencial
tem uso 24 horas, mantém o edifício, além dos moradores serem os olhos
na rua como fator de segurança.
O Conselho da Europa (através da Declaração de Amsterdã, 1975),
que considera o “patrimônio arquitetônico da Europa como parte
integrante do patrimônio cultural do mundo inteiro”, também considera
que:
[...]
b) Esse patrimônio compreende não só as construções isoladas de
um valor excepcional e seu entorno, mas também os conjuntos e
bairros de cidades e aldeias com interesse histórico e cultural.
[...]
d) A conservação do patrimônio arquitetônico deve ser considerada
não como um problema marginal, mas dentro de um objetivo maior
de planejamento das áreas urbanas e de planejamento físico-
territorial. (CONSELHO DA EUROPA, 1975, p. 200).
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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Editorial, 2003.
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BRASÍLIA. Carta de Brasília: Documento regional do Cone Sul sobre autenticidade, 1995. In:
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(Org.). Cartas patrimoniais. 3. ed. rev. aum. Rio de Janeiro: IPHAN, 2004. p. 21-68.
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Mercosul. Carta del Mar del Plata sobre patrimônio intangível, 1997. In: CURY, I. (Org.).
Cartas patrimoniais. 3. ed. rev. aum. Rio de Janeiro: IPHAN, 2004. p. 359-365.
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Liberdade: Editora da UNESP, 2001.
CONSELHO DA EUROPA. Declaração de Amsterdã de 1975. In: CURY, I. (Org.). Cartas
patrimoniais. 3. ed. rev. aum. Rio de Janeiro: IPHAN, 2004. p. 199-210.
______. Recomendação nº R (95). Sobre a conservação integrada das áreas de paisagens
culturais como integrantes das políticas paisagísticas. In: CURY, I. (Org.). Cartas
patrimoniais. 3. ed. rev. aum. Rio de Janeiro: IPHAN, 2004. p. 329-346.
COMITÊ DE MINISTROS DO CONSELHO DA EUROPA. Manifesto de Amsterdã de 1975. In: CURY,
I. (Org.). Cartas patrimoniais. 3. ed. rev. aum. Rio de Janeiro: IPHAN, 2004. p. 211-216.
ICOMOS. Carta de Burra, 1980. In: CURY, I. (Org.). Cartas patrimoniais. 3. ed. rev. aum. Rio de
Janeiro: IPHAN, 2004. p. 247-252.
38
______. Carta de Florença, 1981. In: CURY, I. (Org.). Cartas patrimoniais. 3. ed. rev. aum. Rio de
Janeiro: IPHAN, 2004. p. 253-258.
___. Carta de Veneza de 1964. In: CURY, I. (Org.). Cartas patrimoniais. 3. ed. rev. aum. Rio de
Janeiro: IPHAN, 2004. p. 91-96.
ICOMOS. Carta de Washington, 1986. In: CURY, I. (Org.). Cartas patrimoniais. 3. ed. rev. aum.
Rio de Janeiro: IPHAN, 2004. p. 281-284.
______. Declaração de São Paulo, 1987.
ICOMOS. Declaração de Tlaxcala, 1982. São Domingos de 1974. In: CURY, I. (Org.). Cartas
patrimoniais. 3. ed. rev. aum. Rio de Janeiro: IPHAN, 2004. p. 265-270.
GIOVANNONI, G. Gustavo Giovannoni: Textos escolhidos. Trad. Renata Campello Cabral, Carlos
Roberto M. de Andrade, Beatriz Mugayar KÜhl. Cotia, SP: Ateliê Editorial, 2013.
GOVERNO DA ITÁLIA. Carta de Restauro de 1972. In: CURY, I. (Org.). Cartas patrimoniais. 3. ed.
rev. aum. Rio de Janeiro: IPHAN, 2004. p. 147-170.
MARICATO, E Brasil, cidades: alternativas para a crise urbana. Petrópolis, RJ: Vozes, 2001.
MEC – Ministério de Educação. Compromisso de Salvador de 1971. In: CURY, I. (Org.). Cartas
patrimoniais. 3. ed. rev. aum. Rio de Janeiro: IPHAN, 2004. p. 143-146.
OEA – Organização dos Estados Americanos. Normas de Quito de 1967. In: CURY, I. (Org.).
Cartas patrimoniais. 3. ed. rev. aum. Rio de Janeiro: IPHAN, 2004. p. 105-122.
______. Resolução de São Domingos, 1974. In: CURY, I. (Org.). Cartas patrimoniais. 3. ed. rev.
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PETRÓPOLIS. Carta de Petrópolis. 1º Seminário brasileiro para a preservação e revitalização de
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Janeiro: IPHAN, 2004. p. 285-288.
RUSKIN, J. 1819-1900. A lâmpada da memória. Tradução e apresentação Maria Lucia Bressan
Pinheiro. Cotia, SP: Ateliê Editorial, 2008.
SALCEDO, R. F. B. A reabilitação das residências nos centros históricos da América Latina: Cusco
(Peru) e Ouro Preto (Brasil). São Paulo: Editora UNESP, 2007.
______. Teoria e métodos na restauração arquitetônica. In: MAGAGNIN, R. C.; SALCEDO, R. F.
B.; CONSTANTINO, N. R. T. (Org.). Arquitetura, urbanismo e paisagismo: contexto
contemporâneo e desafios. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2013. p. 25-44.
SOCIEDADE DAS NAÇÕES. Carta de Atenas, 1931. In: CURY, I. (Org.). Cartas patrimoniais. 3. ed.
rev. aum. Rio de Janeiro: IPHAN, 2004. p. 13-20.
TICCIH – The International Committee for the Conservation of the Industrial Heritage. Carta de
Nizhny, em julho de 2003.
UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura.
Recomendação relativa à salvaguarda de paisagens e sítios, 1962. In: CURY, I. (Org.). Cartas
patrimoniais. 3. ed. rev. aum. Rio de Janeiro: IPHAN, 2004. p. 81-90.
Cidade, História e Patrimônio - 39
Capítulo 2
3
Luiz Augusto Maia Costa
4
Alessandra Salvador Alexandre Strassa
1 INTRODUÇÃO
3
Professor doutor, PUC-Campinas, Brasil. E-mail: luiz.augusto@puc-campinas.edu.br
4
Professora mestre, Unimogi, Brasil. Doutoranda, PUC-Campinas, Brasil. E-mail:
alestrassa@gmail.com
42
interesses. Esta opção mostra que esta burguesia cafeicultora não quis forjar
um modelo de sociedade e de cidade que expressasse sua verdadeira face e
consolidasse a sua, nem melhor nem pior, real identidade. Aqui não emergiu
uma “Escola” urbanística amplamente aceita e respeitada como poderia ter
ocorrido, se uma “vontade” política tivesse sido construída. Não que com
isso queiramos negar as ações que existiram nesse sentido. Muito menos
negligenciar o muito que foi feito. Contudo, no período em tela, isso foi
insuficiente (COSTA, 2005).
Foi nessas circunstâncias que uma série de bairros novos foram
criados, e que núcleos coloniais cada vez mais distantes do centro da cidade
surgiram sem que isso impedisse que os bairros já existentes se adensassem
ainda mais. A Light exercia papel preponderante nesta expansão urbana, a
qual, obviamente, era movida por interesses capitalistas quase nunca
declarados. Assim sendo, a franja da cidade era empurrada para áreas cada
vez mais distantes. Contudo, é inegável houvesse sim um planejamento em
curso. Planejamento esse que nos EUA recebeu o nome de corporate
planning, o qual era empreendido e movia-se segundo os interesses dos
grandes empresários e destinava-se à reprodução e acúmulo do capital ao
longo do processo de produção do espaço construído.
Acreditamos ser desnecessário frisar que nada fora feito para,
efetivamente, resolver a questão da habitação do proletariado, a despeito
das leis promulgadas durante a gestão de Antônio Prado. Nem seria
possível, visto a visão limitada dos “capitalistas” paulistas de então, que não
viam nesta questão uma forma rápida e direta de perceberem lucros. Mais
uma vez, parece-nos que aqui o problema era a falta de compreensão mais
ampla das engrenagens que a sociedade estava a pôr em movimento.
Facilmente depreende-se que desde a década de 1880 são empresas
privadas com seus interesses voltados para o capital que, em sua maioria,
estão a produzir o espaço construído da capital e começando a moldar a sua
futura forma. Obviamente que aqui não está em movimento ainda, com
aquela opulência e voracidade, a especulação da década de 1910, que será
comentada a seguir. Entretanto, é inegável que o germe daquela dinâmica já
se manifestava e contribuía marcadamente para a produção do espaço
construído da cidade de São Paulo. Partindo dessas observações,
constatamos que, entre as décadas de 1880 e 1910, deu-se um
Cidade, História e Patrimônio - 45
capital paulista. Exemplo disso é o embate que teve lugar em 1909 entre o
prefeito e as pretensões da Light, então concessionária dos serviços públicos
de transporte por bonde. A empresa pretendia garantir o monopólio do
fornecimento de energia da cidade, ao que o prefeito se contrapunha.
Antônio Prado sai vencido desse embate, tendo a municipalidade de aceitar
os termos impostos pela Light, cujos interesses alcançavam grande
influência na esfera do município de São Paulo. Nas eleições do ano
seguinte, Antônio Prado não se candidata e após doze anos à frente das
profundas transformações porque a cidade passou, transfere (via eleição na
Câmara Municipal) o cargo para Raymundo Duprat, dedicando-se desde
então às suas atividades empresariais.
5
É neste contexto que Victor da Silva Freire escreveu seu O futuro
regime das concessões municipais na cidade de São Paulo, o qual foi
publicado na Revista Politécnica, em 1919. Deste longo e importante texto,
faremos aqui apenas os comentários necessários aos nossos intuitos
imediatos. O autor ao publicar tal texto visa a discutir a questão das
“futuras” renovações das concessões de serviços a empresas pela
municipalidade de São Paulo à época, como visto, gestão central para a
Administração Pública e objeto de infindas leis. Freire cita, unicamente,
exemplos norte-americanos para expressar suas ideias. É assim que, ao
discutir o item “Da liberdade de concorrência à intervenção” e, após
mencionar uma sentença proferida pela “U. S. Supreme Court” que versa
sobre o tema em tela, afirma: “não nos achamos nos Estados Unidos, nem
somos feitoria norte-americana. Por isso mesmo é que não devemos olhar
para a sentença em si, mas voltarmo-nos agora para os seus fundamentos”
(p. 265). O interessante e relevante desta passagem é que aqui fica claro
como Freire está se apropriando das experiências norte-americanas. Ele não
5
Engenheiro civil português, formado na Civil na Politécnica de Lisboa e completou sua
formação na École National des Ponts et Chaussées, de Paris. Chegou a São Paulo em 1895,
indo trabalhar na Superintendência de Obras Públicas. A referida Superintendência foi criada
em 1889 a partir da Repartição de Obras Públicas.
Cidade, História e Patrimônio - 53
pretende “copiar” a forma, mas sim a essência do que lá foi feito. É nítida a
intenção de adaptar, transformar o que lá foi feito para aqui aplicar.
Nesse sentido, com esse texto e cotejando-o com os demais textos
de Freire, temos o entendimento das experiências realizadas nos EUA
apresentadas, no pensamento de nosso engenheiro, como “modelo”, de
uma forma ou de outra, a ser adaptado. No seu pensamento, “modelo” é
uma abstração (geralmente construída a posteriori) que se presta à reflexão,
mas não à aplicação, à reprodução imediata. Esta se dá mediada por uma
reconstrução intelectiva que incorpora as idiossincrasias da cultura –
civilização em que busca intervir. Em suma, Freire está desempenhando o
papel do teórico, do intelectual que faz sua síntese e cria algo novo e
próprio. Essa teoria que ele elabora tem fim claro: a prática! A atuação do
Poder Público frente às necessidades e exigências tanto do privado quanto
do bem comum.
É procedendo assim que Freire, pouco a pouco, vai construindo um
repertório de ideias, soluções e práticas singulares que contribuíram de
forma indelével para a constituição do que veio a ser conhecido como o
“urbanismo moderno paulista”. Note-se que isso se dá ainda nas duas
primeiras décadas do século passado. Logo, o que ele está produzindo não
só é único como inovador e, de certa forma, revolucionário (se tomado o
campo técnico – acadêmico), para a sociedade paulistana de então.
Nesse contexto, outro aspecto da questão urbana paulista de então é
introduzido, trata-se da relação sempre conflituosa entre a esfera pública e
a esfera privada. Freire busca com seu artigo construir um modelo teórico-
legal que geste os conflitos inerentes a tal relação. Aqui são os aspectos
referentes à Administração municipal que é posto no centro do debate. Em
outra perspectiva, é a questão da relação: público X privado, a qual é
indissolúvel de sua vida pessoal e profissional. Exemplar disso é a sua
relação com Barry Parker. Ambos mantiveram uma relação próxima, tendo
este influenciado aquele. Andrade (1998) afirma que Parker chegou a
influenciar a legislação paulistana da época. Do que nos foi possível apurar,
sabemos que nos documentos de Barry Parker arquivados na Cia. City existe
uma lei, em inglês, que versa sobre São Paulo. De início lê-se:
54
6
Documento pertencente ao acervo do Prof. Dr. Carlos Roberto Monteiro de Andrade a quem
agradecemos a cessão do mesmo.
Cidade, História e Patrimônio - 55
4 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
COSTA, L.A.M.C. O moderno planejamento territorial e urbano em São Paulo. A presença norte-
americana no debate de formação do pensamento urbanístico paulista. 1886-1919. 2005.
Tese (doutorado) – FAU-USP, São Paulo, 2005.
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questões territoriais e urbanas modernas em São Paulo (1886-1903). São Paulo:
RiMa/FAPESP, 2003.
FREIRE, V.S. O futuro regimen das concessões municipaes. Revista da Escola Politécnica de São
Paulo, São Paulo, n. 60, 1919.
GITAHY, M.L.C. Adaptando e inovando: o Laboratório de Ensaio de Materiais da Escola
Politécnica e Tecnologia do Concreto em São Paulo, 1926-1934. História, Ciência, Saúde,
Manguinhos, v. vii, nov. 2000/fev. 2001.
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1873-1934. In: RIBEIRO, M. A. R. Trabalhadores urbanos e ensino profissional. Campinas:
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políticas urbanas e dimensão cultural. São Paulo: USP/IEB, 1998.
JUCÁ, J. Reforma & Utopia no contexto do Segundo Império: quem possui a terra possui o
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São Paulo: Departamento de Patrimônio Histórico da Eletropaulo, 1986.
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(1899-1917). São Paulo: Eletropaulo – Departamento de Patrimônio Histórico, 1996.
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1995.
Cidade, História e Patrimônio - 57
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sua história administrativa. In: Instituto de Investigaciones Dr. José Maria Luis Mora.
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TOLEDO, B.L. A “segunda fundação” da cidade. In: São Paulo, metrópole em trânsito: percursos
urbanos e culturais. São Paulo: Editora Senac, 2004.
58
Cidade, História e Patrimônio - 59
Capítulo 3
7
Rafaella Neves Goes
8
Marta Enokibara
1 INTRODUÇÃO
7
Mestranda do Programa de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo da UNESP-Campus
Bauru. E-mail: rafaellanevesg@gmail.com
8
Pós-doutorado em História das Ciências e da Saúde na Casa de Oswaldo Cruz (Fiocruz-RJ).
Doutora pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP).
Docente do Programa de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo da UNESP-campus Bauru.
E-mail: marta.enokibara@unesp.br
9
Sobre Alberto Löfgren (1854-1918) ver ENOKIBARA, M.; ROMERO, L. B. Alberto Löfgren e o
estudo sobre os nomes populares das plantas "indígenas" do estado de São Paulo (1894). In:
CONSTANTINO, N.R.T.; ROSIN, J.A.R.G.; BENINI, S.M. (Org.). Paisagem: natureza, cultura e o
imaginário. Tupã: ANAP, 2017, v. 1, p. 89-112.
60
10
Os Museus de Ciências Naturais são caracterizados por sua vinculação aos projetos científicos
de coleta, pesquisa e classificação da natureza, exibindo as coleções de ciências naturais e
possuindo, fundamentalmente, as seguintes Divisões Técnico-Científicas: Antropologia,
Geologia e Mineralogia, Botânica, Zoologia e Extensão Cultural ou Educação, com seus
respectivos anexos: Biblioteca, Taxidermia, Desenho, Fotografia, Horto botânico isolado ou
associado com animais vivos, áreas de campo para pesquisa e experimentação (CARVALHO,
1988; LOUREIRO, 2007).
Cidade, História e Patrimônio - 61
11
Apesar de inaugurado em 1895, a direção do primeiro diretor teve início no ano anterior,
quando é aprovado o Regulamento do Museu pelo Decreto nº 249, de 26 de julho de 1894.
Neste ano, Ihering já passa a compor o corpo administrativo do Museu, auxiliando em sua
organização.
12
O Conjunto do Ipiranga encontra-se tombado pelos três níveis de proteção: municipal,
estadual e federal. Sendo primeiramente tombado a nível estadual, em 1971, pelo Conselho de
Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico (CONDEPHAAT) e
denominado “Parque da Independência – Ipiranga”. Do mesmo modo ocorreu a nível
municipal, 1991, pelo Conselho do Patrimônio da Cidade de São Paulo (CONPRESP), seguindo
assim o mesmo nome atribuído pelo CONDEPHAAT. E por último foi tombado a nível federal,
em 1998, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), com a
denominação de “Conjunto do Ipiranga”, compreendendo o Museu Paulista, o Monumento à
Independência, a Casa do Grito e o Parque da Independência (que inclui o Jardim, o Bosque e o
eixo que segue até o Monumento).
62
2 OBJETIVO
3 MATERIAIS E MÉTODOS
13
Logo no início do próximo século, esta foi substituída pela linha de bonde elétrica da Light.
Cidade, História e Patrimônio - 65
Figura 2 (esquerda acima): Linha de bonde próxima ao Museu Paulista (ao fundo)
Figura 3 (esquerda abaixo): Vista do Horto Botânico aos fundos do Museu Paulista
Figura 4 (direita): Recorte do mapa da cidade de São Paulo (1905), identificando o trajeto da
linha de bonde da área central ao Museu Paulista
Por motivo da sua situação alta, descoberta, quase plana e por falta
completa de aguas naturaes, bem como de logares húmidos, o
terreno não está bem appropriado a um horto botânico, que exige
campo, matta, prados, lagoas, vales e collinas pedregosas. Taes
14
4 hectares de área equivalem a 40.000 metros quadrados.
66
15
Em casos excepcional urgência, segundo Luederwaldt, o Governo concedia um auxiliar
(LUEDERWALDT, 1918).
16
IHERING, Hermann von apud HOEHNE, Frederico C. Album da Secção de Botânica do Museu
Paulista e suas Dependências, etc. Contendo 218 Photogravuras e Zincographias e 5
Trichromias. S. Paulo: Imprensa Methodista, 1925. p. 128.
Cidade, História e Patrimônio - 67
17
O jardim foi concluído em 1909 e precede ao que será executado em 1922 por ocasião do
centenário da Independência, com projeto de E. F. Cochet e ajardinamento de Reynaldo
Dierberger. Arsène Puttemans (1873-1937), na época, era responsável pelos Campos de Cultura
do Curso de Engenharia Agronômica da Escola Politécnica (SIGUEMOTO, 2012) e da Escola
Agrícola Prática Luiz de Queiroz (MORYAMA, 2012).
70
Nº Espécie 1 2 Nº Espécie 1 2
01 Aegiphila sellowiana X 13 Genipa americana X
02 Araucaria braziliana X 14 Gynerium argenteum X
03 Bauhinia pruinosa X 15 Gynerium sagittatum X
04 Cactaceas aquosas 16 Lantana camara X
05 Calliandra axillaris X 17 Lantana sellowiana X
06 Calliandra santipauli X 18 Mimosa paludosa X
07 Cecropia adenopus X 19 Mimosa sepiaria X
08 Cedrela fissilis X 20 Psidium guayava
09 Cocos eriospatha X 21 Schinus terebinthifolius X
10 Cocos romanzoffiana X 22 Schizolobium excelsum X
11 Euterpe edulis X 23 Solanum auricalatum X
12 Fourcroia gigantea X 24 Trema micrantha X
1 – Espécies que não foram afetadas pela geada.
2 – Espécies que foram afetadas pela geada.
Fonte: Luederwaldt (1918). Elaborado pelas autoras (2019).
Uma vez que a ideia era que as plantas cultivadas no Horto Botânico
fossem uma representação viva daquelas exsicatas presente no Herbário, o
Horto continuou sob os cuidados de Luederwaldt e sob a supervisão de
18
Sobre Frederico Carlos Hoehne (1882-1959) ver CARVALHO; ENOKIBARA (2018).
74
19
Hoehne ingressa como responsável pela Seção Botânica do Museu Paulista em 1917, mas
não sabemos dizer, até o momento, se foi neste ano que mandou executar a planta do Horto
Botânico. Esta consta no Álbum do Museu Paulista, publicada por Hoehne em 1925.
Cidade, História e Patrimônio - 75
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
CARVALHO, José Cândido de Melo Carvalho. Museu Nacional de História Natural. Revista
Brasileira de Zoologia, Rio de Janeiro, vol.5 (4), 1988.
CONSELHO DE DEFESA DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO, ARQUEOLOGICO, ARTÍSTICO E TURÍSTICO
(CONDEPHAAT). Parque da Independência – Ipiranga.
Processo 08486/69, inscrição nº 95, p. 12, 04/04/1975.
FIOCRUZ, Casa de Oswaldo Cruz. Museu do Estado. In: Dicionário Histórico-Biográfico das
Ciências da Saúde no Brasil (1832-1930). Rio de Janeiro, 2004. Disponível em:
http://www.dichistoriasaude.coc.fiocruz.br. Acesso em: 14 mar. 2018.
GUARALDO, E. Repertório e identidade. Espaços públicos em São Paulo, 1890-1930. 2002. Tese
(doutorado) – FAU-USP, São Paulo, SP, 2002.
HOEHNE, F. C. Álbum da seção botânica do Museu Paulista e suas dependências, etc. São Paulo:
Imprensa Methodista, 1925.
IHERING, H. v. O fim e a disposição de um Museu Botanico pelo Dr. P. Taubert. Revista do
Museu Paulista, São Paulo, p. 161-164, 1895.
INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NATURAL (IPHAN). Conjunto do Ipiranga:
Museu Paulista, Monumento à Independência, Casa do Grito e Parque da Independência.
Processo 1348-T-95, v. 01, ofício 349/94, de 18 de novembro de 1994.
LOPES, M. M. O Brasil descobre a pesquisa científica: os museus e as ciências naturais no século
XIX. São Paulo: Hucitec, 2009.
LOUREIRO, José Mauro Matheus. Entre “natureza morta” e cultura viva: os museus de história
natural. Revista da SBHC, Rio de Janeiro, v. 5, n 2, p.159-172, jul, dez 2007.
LUEDERWALDT, h. O Herbario e o Horto Botanico do Museu Paulista. Revista do Museu
Paulista, São Paulo, p. 285 a 312, 1918.
78
Capítulo 4
20
Carolina Gonçalves Nunes
21
Ivone Salgado
20
Mestre em Urbanismo; doutoranda no POSURB-ARQ da Pontifícia Universidade Católica de
Campinas. arq.carolina@carolinanunes.com.br
21
Doutora em Urbanismo; Professora da Pontifícia Universidade Católica de Campinas.
salgadoivone@puc-campinas.edu.br
80
22
Bairro é a forma que encontramos na nomenclatura nos “maços de população”, documento
primário usado como fonte estruturadora da análise da população, documento censitário que
vigorou na Capitania de São Paulo entre 1765 e 1850. O termo rural é nomenclatura nossa, para
diferenciar o núcleo urbano dos outros bairros que se formavam.
Cidade, História e Patrimônio - 81
Fonte: Arquivo Público do Estado de São Paulo, imagem desenvolvida pela autora.
Tabela 1: Relação de fogos e habitantes (brancos e negros) da Freguesia do Jaguari nos anos de
1767, 1775, 1785 e 1796.
Fonte: “Maços de População”. Atibaia e Nazaré. Arquivo Público do Estado de São Paulo.
Cidade, História e Patrimônio - 83
A cidade de São Paulo, que não tinha terras muito férteis e seus
vizinhos diretos estavam todos dedicados à monocultura do açúcar,
necessitava de abastecimento de gêneros diferenciados para a
sobrevivência. A população estava aumentando e os grandes engenhos
tinham elevados números de escravos trabalhando nas plantações de cana.
Nesse contexto, a Freguesia do Jaguari se insere na economia mista que
envolve a criação de porcos e o cultivo de feijão e milho. A economia mista
ganha força, regida por ordens da coroa. A passagem de economia de
subsistência, para economia mista, é lenta e faz parte de um conjunto de
interesses da coroa e de uma pequena elite produtora local.
Segundo esclarece Diogo Borsoi:
23
Entende-se aqui vilas do oeste, não como oeste do estado de São Paulo atual e sim, a região
oeste ao porto de Paraty, oeste colonial.
84
Figura 4: Cópia do mapa original encontrado no Centro de Apoio a Pesquisa em História- USF
Campus Bragança.
Gráfico 1: Relação de Bairros da Vila de Nova Bragança, ente 1854 e 1856, a partir das solicitações de terras.
Tabela 2: Relação de Bairros e número de moradores que declararam sua propriedade na Vila
de Nova Bragança entre os anos de 1854 a 1856.
Figura 6: Mapa Elaborado e Publicado pela Secção Cartográfica da Companhia Lith- Hartmann –
Reichenbach, São Paulo e Rio com hipótese de localização dos bairros existentes no território
Figura 7: Foto do bairro do Taboão, antigo Canivete, onde aparece a Estação de Trem- Taboão e
ao fundo a Capela de Santa Cruz – São José. Data: início do século XX.
Figura 8: Recorte do mapa de 1909 núcleo urbano de Bragança, elaborado e publicado pela
Secção Cartográfica da Companhia Lith-Hartmann – Reichenbach, São Paulo e Rio, onde em
vermelho está demarcando o Bairro Rural do Canivete.
Figura 9: Recorte do mapa de 1909 núcleo urbano de Bragança, elaborado e publicado pela
Secção Cartográfica da Companhia Lith-Hartmann – Reichenbach, São Paulo e Rio, onde em
vermelho está demarcando a fazenda Caetê.
Figura 10 e 11: Fazenda Caetê, Casa Sede da Fazenda, foto do início do século XX e 2019.
24
Fonte: IBGE- CIDADES- site visitado em 28 de setembro de 2018.
98
Figura 13: Recorte do mapa de 1909 (São João do Curralinho), elaborado e publicado pela
Secção Cartográfica da Companhia Lith-Hartmann – Reichenbach, São Paulo e Rio.
Figura 15: Doação feita pelo Sr. Joaquim de Lima Bueno permitiu a construção da Praça Major
Felício. Praça Major Felício, Tuiutí- SP
No bairro rural do Pinhal tem-se que seu nome foi derivado das
matas de pinheiros que cobriam a região, (fonte IBGE- Cidade) foi fundada
em 1840 pelas famílias de João Domingues Siqueira e Generoso de Godoi
Bueno. O povoamento de Pinhalzinho deu-se principalmente por imigrantes
italianos, entre eles Antônio Fornari e filhos, que fundaram a primeira casa
comercial.
Cidade, História e Patrimônio - 101
Figura 18: Recorte do mapa de 1909 (Atual território de Pinhalzinho.), elaborado e publicado
pela Secção Cartográfica da Companhia Lith- Hartmann – Reichenbach, São Paulo e Rio
6 CONCLUSÃO.
REFERENCIAL
ARQUIVO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO. Maços de População da Vila de São João do
Atibaia. São Paulo.
________. Folha de Bragança Paulista; Comissão Geográfica e Geológica do Estado de S. Paulo;
Cidades, vilas, distritos de paz, bairros, fronteiras do Estado (Acordo de 6 de Outubro de
1909) e fazendas da região. Edição provisória 1909. Impresso cor. Tamanho 60x66, escala:
1:100000.
________. Registro de Terras da Província de São Paulo, volume 28, Bragança. Organizado em
1985. Fonte arquivo Público do Estado de São Paulo.
ANDRADE, Adriano Bittencourt. O outro lado da Baia: a gênese de uma Rede Urbana Colonial.
Ed. UFBA. Salvador, 2013.
BORSOI, Diogo Fonseca. Nos traços do Cotidiano: Cunha entre Vilas de Serra Acima e os
Portos da Marinha (1776 – 1817). Dissertação de Mestrado em Urbanismo de Faculdade de
Urbanismo de São Paulo – FAU USP. São Paulo, 2013.
BUENO, Beatriz Piccolotto Siqueira. “Dilatação dos confins: caminhos, vilas e cidades na
formação da Capitania de São Paulo (1532-1822)”, Anais do Museu Paulista, vol.17, n.2,
São Paulo, 2009.
FONSECA, Claudia Damasceno, Arraiais e Villas d’el Rei. Espaço e poder nas Minas setentistas.
Belo Horizonte, Ed. UFMG, 2011.
FUNDAÇÃO SEADE. Tabelas, Quadros e Figurativos. São Paulo, 2014. End. Disponível em:
<www.cidades.ibge.gov.br/painel/historico> Acesso em 26 nov. de 2019.
NOZOE, Nelson. Sesmarias e Apossamento de Terras no Brasil Colônia. ANPEC. 2005.
MARX, Murillo (1991). Cidade no Brasil Terra de Quem? Campinas: Ed. Unicamp, 1989.
NUNES, Carolina Gonçalves. Formação do Território e Espaço Urbano de Bragança Paulista: dos
Primórdios a 1830. Dissertação de mestrado em Urbanismo da Pontifícia Universidade
Católica de Campinas, FAU – PUCAMP, Campinas, 2017.
104
Cidade, História e Patrimônio - 105
Capítulo 5
26
Nilson Ghirardello
27
Daniel Candeloro Ferrari
25
Este trabalho foi apresentado preliminarmente no IV Simpósio Nacional de História Militar,
promovido através do Programa de Pós-Graduação em História Social da Universidade Estadual
de Londrina, entre 27 e 30 de agosto de 2019, em Londrina-PR; e será publicado nos anais do
respectivo evento.
26
Doutor em Arquitetura e Urbanismo pela FAU-USP; Docente do Programa de Pós-Graduação
em Arquitetura e Urbanismo, Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação (FAAC),
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP, Campus de Bauru. E-mail:
nilson.ghirardello@unesp.br
27
Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo, Faculdade de
Arquitetura, Artes e Comunicação (FAAC), Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita
Filho” – UNESP, Campus de Bauru. E-mail: dcanferrari@gmail.com
106
28
SOUSA NETO, Manoel Fernandes de. Planos para o Império: Os planos de viação do Segundo
Reinado (1869-1889). São Paulo: Alameda, 2012, p. 24.
29
Idem.
Cidade, História e Patrimônio - 107
30
do Capital” que apenas se iniciava: a expansão da economia capitalista
pelo mundo anunciando profundas modificações.
Ao se afastarem da pretensão de que o Império do Brasil deveria
possuir domínios territoriais ilimitados, os dirigentes imperiais exerceram
outro tipo de expansão: uma expansão para o interior, em direção aos seus
imensos fundos territoriais, considerados não explorados pelo homem
branco. Expandir-se sobre os sertões era fundamental no processo de
negociação dos limites do império com as repúblicas vizinhas, garantindo
31
assim a soberania do Estado imperial. É através da apropriação física e
política que os dirigentes imperiais tentavam superar os obstáculos que se
32
apresentavam para a formação da nação. Nas palavras de Mattos, “O
Estado imperial deveria empreender uma expansão para dentro, de modo
33
permanente e constante, indo ao encontro dos brasileiros que forjava.” E
era em tal expansão que residia o traço mais significativo na construção de
uma unidade. Com base nestas reflexões, propõe-se posicionar os planos de
colonização militar dentro deste panorama, tendo como foco a consolidação
do Estado territorial a partir de meados dos Oitocentos, além da busca
constante de inserção no mundo capitalista global.
30
HOBSBAWM, Eric J. A Era do Capital, 1848-1875. Rio de Janeiro/São Paulo: Paz e Terra, 2018.
31
Cf. JANKE, Leandro Macedo. Território, Nação e Soberania no Império do Brasil. In: Anais do
XXVI Simpósio Nacional de História – ANPUH. São Paulo, julho 2011.
32
Idem.
33
MATTOS, Ilmar Rohloff de. Do Império do Brasil ao Império do Brasil. In: Faculdade de Letras
da Universidade do Porto. (Org.). Porto: Universidade do Porto, 2004, v. 2.
108
34
MELLO, Raul Silveira de. A Epopéia de Antônio João. Aos 100 anos da epopéia militar dos
Dourados. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército, 1969 (Coleção General Benício, v. 71, publ.
393).
35
Idem.
36
Idem, ibidem, p. 70, grifo nosso.
37
D’OLIVEIRA, José Joaquim Machado. Plano de uma Colonia Militar no Brasil. In: Revista
Trimensal de Historia e Geographia ou Jornal do IHGB. Rio de Janeiro: Imprensa Americana de I.
P. da Costa. Tomo sétimo. nº 26, julho de 1846, p. 239-255.
Cidade, História e Patrimônio - 109
38
OURIQUE, Jacques. Colônias e Estradas militares. In: Revista do Exército Brasileiro. Anno
Quarto. Rio de Janeiro: Typ. da Revista do Exercito Brasileiro, 1885, p. 97-101.
39
VASCONCELLOS, José R. R.. Colônias Militares – Memoria. In: BRASIL. Relatório apresentado à
Assembleia Geral Legislativa pelo Ministro e Secretário de Estado dos Negócios da Guerra. Rio
de Janeiro: Typographia Nacional, 1867.
110
40
No Paraná, por exemplo, a colônia de Jatahy foi promovida por um sistema de colonização do
oeste paranaense juntamente com apoio a um aldeamento maior e quatro menores. Cf.
OLIVEIRA, Maria Luiza Ferreira de.,2015, p. 2.
41
Em Minas Gerais a colônia daria apoio aos aldeamentos e à nova cidade de Philadelphia,
parte do ambicioso projeto de Teófilo Ottoni. Cf. OLIVEIRA, 2015, opus cit.
42
MARTINS, Romário – Documentos comprobatórios dos direitos do Paraná – na questão de
limites com Santa Catarina collecionados por ordem do Governo do Estado do Paraná. SC,
Cidade, História e Patrimônio - 111
Figura 1: Mappa Chorographico da Provincia de São Paulo, 1841, por Daniel Pedro Müller.
Observar expressão “Sertão Desconhecido” em destaque; e círculos vermelhos com a
localização das futuras colônias militares - 1: Salto do Itapura e 2: Salto do Avanhandava.
Fonte: BEIER, 201343 – Arquivo Público do Estado de São Paulo, editado pelo autor, 2019.
Jornal do Commércio, 1915, p.82 In: SILVA, M. A., Itapura – Estabelecimento Naval e Colônia
Militar (1858-1870). Tese de Doutoramento apresentada ao Departamento de História da
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP. São Paulo, 1972, p. 3.
43
BEIER, José Rogério. Biografia de um mapa: A trajetória do primeiro mapa impresso da
província de São Paulo (1835-1842). In: Anais do V Simpósio Luso-Brasileiro de cartografia
histórica. Petrópolis, RJ, nov./2013.
112
44
AZEVEDO, Antonio Mariano de. Relatório do primeiro tenente d’armada sobre os exames de
que foi incumbido no interior da província de S. Paulo. Rio de Janeiro: Typografia Peixoto, 1858.
Cidade, História e Patrimônio - 113
Figura 01: “Planta Topographica do Arraial da Colonia militar Avanhandava”, 5 de julho de 1861
As ruas tem 100 palmos de largura. As quadras para casas tem 400
palmos em cada face. O Ribeirão Ferreira que mais ou menos corre
de Norte a Sul, e a Estrada da Cidade da Constituição ao Itapura e
porto do Taboado no Rio Paraná que leva a direção de [Leste] a
45
BRASIL. Collecção das Leis do Imperio do Brasil de 1858. Tomo XIX. Parte II. Rio de Janeiro:
Typographia Nacional, 1858, p. 161.
114
46
AVANHANDAVA, Officios Diversos. C0820, 1861, (manuscrito), Arquivo Público do Estado de
S.P.
47
SEGAUD, Marion. Antropologia do espaço: habitar, fundar, distribuir, transformar. São Paulo:
Edições Sesc São Paulo, 2016, p. 138-141.
48
MACAULAY, David. Construção de uma cidade romana.São Paulo: Martins Fontes. 1989, p.
10-15.
Cidade, História e Patrimônio - 115
Ter estabelecido essas novas cidades foi um feito social mais valioso
do que quaisquer benefícios conferidos por Roma a si mesma por
seus rapaces monopólios. O que faltava em tamanho às cidades
49
Verbonia é uma cidade fictícia: típica cidade romana formada a partir da colonização militar;
foi criada pelo autor (Macaulay) para descrever tal processo.
50
MUMFORD, Lewis. A cidade na história: suas origens, desenvolvimento e perspectivas. São
Paulo: Martins Fontes, 2ª ed., 1982, p. 229-230.
116
51
Id., ibid., p.231.
52
AVANHANDAVA. Officios Diversos. Caixa C0820, 1859-64, manuscrito, Arquivo Público do
Estado de São Paulo, 5 de julho de 1861.
Cidade, História e Patrimônio - 117
53
Caso utilizarmos a medida linear de 0,22m ou 22cm equivalente a 1 palmo: o quartel teria
88x88m (medida inteira da quadra) por 8,8m de largura. A rua (100 palmos) teria
aproximadamente 22m.
54
AVANHANDAVA, Officios Diversos, opus cit. - Planta do Quartel, 5 de julho de 1861.
55
Idem.
118
56
MASTROMAURO, Giovana C. Surtos epidêmicos, teoria miasmática e teoria bacteriológica. In:
Anais do XXVI Simpósio Nacional de História, São Paulo, jul. 2011, p. 3.
57
MATRAGNOLO, Breno H. S. Formas de morrer bem em São Paulo. Dissertação (Mestrado) –
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo (FFLCH-USP) São
Paulo, 2013.
58
Este é o tempo que leva o diretor e seu comboio, “que tendo sahido da Cidade da
Constituição na tarde de 8 do corrente mes cheguei a este lugar na manhã de hoje, tendo sido a
viagem mais longa do que do costume por causa [das chuvas].” In: AVANHANDAVA, Officios
Diversos, opus cit., 20/02/1860.
120
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERENCIAL
MELLO, Raul Silveira de. A Epopéia de Antônio João. Aos 100 anos da epopéia militar dos
Dourados. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército, 1969.
MUMFORD, Lewis. A cidade na história: suas origens, desenvolvimento e perspectivas. São
Paulo: Martins Fontes, 2ª ed., 1982.
OLIVEIRA, Maria Luiza Ferreira de. O Exército, a circulação e a ocupação.. In: Anais do 39º
Encontro Anual da ANPOCS, Caxambu, Minas Gerais, G17, 2015.
OURIQUE, Jacques. Colônias e Estradas militares. In: Revista do Exército Brasileiro. Anno
Quarto. Rio de Janeiro: Typ. da Revista do Exercito Brasileiro, 1885.
SEGAUD, Marion. Antropologia do espaço: habitar, fundar, distribuir, transformar. São Paulo:
Edições Sesc São Paulo, 2016.
SILVA, M. A., Itapura – Estabelecimento Naval e Colônia Militar (1858-1870). Tese de
Doutoramento, FFLCH-USP. São Paulo, 1972.
SOUSA NETO, Manoel F. Planos para o Império: Os planos de viação do Segundo Reinado (1869-
1889). São Paulo: Alameda, 2012.
VASCONCELLOS, José R. Colônias Militares – Memoria. In: BRASIL. Relatório de Estado dos
Negócios da Guerra – João L.C. Paranaguá. Rio de Janeiro: Typ. Nacional, 1867.
Cidade, História e Patrimônio - 123
Capítulo 6
59
Gislaine Elizete Beloto
60
1 INTRODUÇÃO
59
Professora Doutora do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Estadual
de Maringá. E-mail: gebeloto@uem.br
60
Texto originalmente apresentado no XIV Seminário de História da Cidade e do Urbanismo
(2016).
124
61
LEBRET, L J. Pesquisa sobre os níveis de vida das zonas rurais do estado do Paraná. Curitiba:
Fundação de Assistência ao Trabalhador Rural, 1955.
126
62
Cf. entrevista concedida pelo arquiteto Francisco Whitaker Ferreira em Cestaro, L.
Urbanismo e Humanismo: a SAGMACS e o estudo da “Estrutura Urbana da Aglomeração
Paulistana”. São Carlos: Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo), Escola de
Engenharia de São Carlos/USP, 2009.
Cidade, História e Patrimônio - 131
REFERENCIAL
Capítulo 7
63
Trabalho apresentado e publicado nos anais do III Simpósio Científico do ICOMOS Brasil com
o título: De Capela a Catedral: As transformações da Igreja Nossa Senhora das Dores de Limeira,
revisto e adaptado para esta publicação.
64
Arquiteto pela FAU PUC Campinas, Mestrando da FAUUSP. E-mail: renan.treft@usp.br
65
Doutor, Professora Titular da PUC Campinas. E-mail: salgadoivone@puc-campinas.edu.br
144
Figura 1: Fachada da Igreja da Boa Morte no desenho de Júlio Arouche para a Revista Archivo
Pittoresco sobre a versão do projeto de Aurélio Civatti
Fonte: Biblioteca FAU USP - Setor de Plantas Fonte: Biblioteca FAU USP - Setor de Plantas
Figura 5: Projeto de Agostino Balmes Odisio para a Matriz de Limeira de 1928, que não fora
executado totalmente, apenas a parte das capelas e sacristia. Desenho do Roberto Capri,
publicado na Revista São Paulo de 1928.
66
Mario de Camargo Penteado (Campinas, 1905 – 1984). Possuía dupla formação (engenheiro-
arquiteto) pela ENBA (Escola Nacional de Belas Artes), quando Lúcio Costa era o diretor. Após
se formar em 1931, fixa escritório em 1934 na cidade de Campinas, onde realiza diversas obras
do segmento moderno, art deco e especialmente neocolonial. Construiu inúmeras residências
para a elite no Bairro Cambuí e inúmeros edifícios públicos na região.
154
Fonte: Acervo Mario Penteado - CAD Fonte: Acervo Mario Penteado - CAD PUC Campinas
PUC Campinas
67
Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico e Arquitetônico de Limeira
158
5 CONCLUSÃO
REFERENCIAL
AROUCHE, Júlio de. A Igreja Nossa Senhora da Boa Morte, na cidade de Limeira, Provincia de
São Paulo, In. Archivo Pitoresco, Semanario ilustrado.9º anno. V.9, Lisboa: Editores Castro
Irmãos e Cª, 1866, p. 207-8.
ATIQUE, Fernando. Arquitetando “A boa vizinhaça”: arquitetura, cidade e cultura nas relações
Brasil-Estados Unidos – 1876-1945. Pontes Editora, Fapesp, São Paulo, 2010.
BUSCH, Reynaldo Kuntz. (2007). História de Limeira. 3 ed. Limeira: Sociedade Pró-Memória
CARITÁ, Wilson José. (1998ª). A Igreja Nossa Senhora das Dores de Limeira. Limeira: Sociedade
Pró Memoria de Limeira
CARITÁ, Wilson José. (1998ª). Breve histórico da Confraria de Nossa Senhora da Boa Morte de
Limeira. Limeira: Sociedade Pró Memoria de Limeira
LIMEIRA, Câmara Municipal de. Livro de Vendas de Terras da Câmara. (1875). Limeira: Câmara
Municipal
PARÓQUIA, Nossa Senhora das Dores. Livro Tombo II (1870-1903), Livro Tombo III (1905 –
1914), Livro Tombo IV (1914 -1921), Livro Tombo V (1921 – 1949), Livro Tombo VI (1949 -).
Limeira
PENTEADO, Mario. Carta ao Bispo Diocesano de Campinas. Cúria de Campinas, Campinas, 1952.
ROSADA, Mateus. Igrejas paulistas da colônia e do império – arquitetura e ornamentação. Tese
de Doutorado, Instituto de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São
Carlos, 2016.
ROSADA, Mateus. Sob o signo da cruz: Igreja, Estado e secularização (Campinas e Limeira 1774
– 1939). Dissertação de Mestrado em Arquitetura e Urbanismo, Escola de Engenharia de
São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2010, 293 p.
Cidade, História e Patrimônio - 161
Capítulo 8
1 INTRODUÇÃO
68
Professor Assistente Doutor, Unesp Bauru. samir.hernandes@unesp.br
164
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Apesar de ter sofrido uma profunda evolução desde os anos 1960 até
aos nossos dias, no que refere à suas intenções e metodologia, o conceito
de reabilitação tem como base noções de utilidade ou função, que emerge
da política de conservação do patrimônio arquitetônico, em reposta a novos
desafios de natureza social, econômica, ambiental e cultural. Tais estímulos,
conforme a visão Mascaró (2010), estão vinculados ao desejo de produzir
espaços de qualidade e com menor custo que com a construção nova. Nesse
sentido, a reabilitação do patrimônio parte da ideia de intervenção em
edifícios subutilizados ou abandonados com o objetivo de estabelecer uma
adequada qualidade construtiva, especialmente na organização dos espaços
existentes e na melhoria do desempenho funcional.
As discussões relacionadas ao tema da preservação dos monumentos
históricos no contexto da reabilitação são tratadas de forma particular por
Jesus (2011). O autor observa que o edifício, enquanto monumento
histórico é um bem que deve ser conservado como testemunho de uma
determinada época. Por tudo isso, o processo de reabilitação visa
necessariamente resgatar importantes valores para a cidade, além de
conservar a memória de um povo ou nação. Trata-se de produzir projetos de
reabilitação do edificado, baseados em uma abordagem que procura lidar
com a passagem do tempo e com as transformações daí decorrentes,
aceitando os desafios de caráter público, social e multifuncional.
Procurando elucidar questões relacionadas ao tema, Fragner (2012,
p. 113) pondera que, a atuação da reabilitação do patrimônio industrial,
incluso o ferroviário, não deve ser executada de forma radical, de forma que
o valor histórico e a atração do lugar se mantenham e cresçam ao longo dos
anos. O autor relata que, quando um lugar se submete a uma transformação
estrutural radical, a memória do mesmo torna-se um lembrete isolado ou
mesmo fragmentado da extinta atividade humana. Nesta possibilidade, o
patrimônio ferroviário reconvertido continua, assim, a existir como um
símbolo ou uma referência, apesar da informação que transmitem já estar
desligada do seu contexto histórico.
168
3 A METODOLOGIA
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERENCIAL
Capítulo 9
CIDADE E FERROVIA:
DESENVOLVIMENTO E MEMÓRIA URBANA
69
Antonio Busnardo Filho
70
Antonio Soukef Júnior
1 MEMÓRIA URBANA
69
Professor Doutor, do Programa de Mestrado em Arquitetura e Urbanismo do Centro
Universitário UNIVAG. E-mail: antonio.busnardo@univag.edu.br
70
Professor Doutor, do Programa de Mestrado em Arquitetura e Urbanismo do Centro
Universitário UNIVAG. E-mail: antonio.soukef@univag.edu.br
180
moradores mais antigos ao dizerem "no meu tempo, o trem...". Sem dúvida
as cidades retrocederam e perderam parte de um imaginário extremamente
positivo, para se constituir um imaginário negativo, que recai no
esquecimento, no desconhecimento ou, pior, na negação da importância da
ferrovia e da estação diante do que restou como "fato urbano".
Solà-Morales (2002) identifica esse terrain vague como parte de uma
cultura urbana, já que os vazios fazem parte da memória e da identidade da
cidade antiga, revelada não como ícone coletivo, mas como em uma série de
"indícios territoriais" que, ao serem descontextualizado, representam a
ausência desse mesmo coletivo; como uma "esquizoidia" urbana, tomando
o sentido grego da palavra (σχιζω – esquizo) – fender, separar - e não
considerando o seu conteúdo dado pela psicologia; talvez, em um recorte,
somente o sentido de tendência à solidão, autismo; para representar um
espaço esvaziado de uma vida mais dinâmica, um espaço fechado em seus
próprios acontecimentos; como se seu desenvolvimento fosse separado do
desenvolvimento da cidade, tornando-se um território à parte do contexto
urbano geral.
Uma das principais funções desses vazios urbanos é o fato de serem a
ligação entre as áreas adensadas da cidade, espaços que unem em vez de
separar. Nesses espaços deveriam acontecer eventos que unissem a
comunidade local, que propiciassem ações congratulatórias, enfim, que
permitissem rituais comunitários de sociabilidade com a finalidade de
formar um corpo social sólido que tivesse os interesses da comunidade
como princípio de cidadania. No entanto, os espaços livres que resultaram
do abandono das estações não são outra coisa senão áreas esquecidas da
cidade, por onde os cidadãos não querem nem se aproximar; tornam-se um
espaço proscrito na cidade. O que resultou de uma falha de política
desenvolvimentista, tornou-se um problema para o planejamento urbano.
A orla ferroviária, em consequência do seu desenvolvimento e
seguido de sua desestruturação, deixou marcas que comprovam a
esquizoidia urbana; do seu patrimônio latente – estações e galpões -, à
consolidação e edificações, no entorno da orla, como sinal de
desenvolvimento e crescimento das cidades; no seu desuso, tornou-se uma
barreira física e um marco de segregação – uma cisão urbana.
Cidade, História e Patrimônio - 185
2 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
ASCHER, François. Os novos princípios do Urbanismo. São Paulo: Romano Guerra, 2010. IBGE.
Normas de apresentação tabular. 3. ed. 1993.
BORJA, Jordi. La ciudad conquistada. Madrid: Alianza Editorial, 2005.
DEBORD, Guy. A sociedade do espetáculo: comentários sobre a sociedade do espetáculo. 1ª
reimpressão Rio de Janeiro: Contraponto, 1998. LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de
Andrade. Fundamentos de metodologia científica. 3. ed. rev. e ampl. São Paulo: Atlas, 1991.
270 p.
HALBWACHS, Maurice – A Memória Coletiva. Tradução: Beatriz Sidou. São Paulo: Centauro,
2006. LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de metodologia
científica. 3. ed. rev. e ampl. São Paulo: Atlas, 1991. 270 p.
KOOLHAAS, Rem. Rem Koolhaas: três textos sobre a cidade. Barcelona: G. Gili, 2010.
LAMAS, José M. Ressano Garcia. Morfologia urbana e desenho da cidade. 3. ed. Lisboa:
Fundação Calouste Gulbenkian, 2004 LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade.
Fundamentos de metodologia científica. 3. ed. rev. e ampl. São Paulo: Atlas, 1991. 270 p.
188
Capítulo 10
71
Evandro Fiorin
72
Lucas do Nascimento Souza
1 INTRODUÇÃO
71
Doutor em Arquitetura e Urbanismo, Docente do Programa de Pós-Graduação em
Arquitetura e Urbanismo FAAC-UNESP. E-mail: evandrofiorin@gmail.com
72
Mestrando em Arquitetura e Urbanismo, FAAC-UNESP. E-mail: lucas.nascimento-
souza@unesp.br
190
Tão grande é o peso das atividades industriais nesta zona, que a Vila
Antártica, recebe este nome por conta da instalação da fábrica da Cervejaria
Antártica que, em 1924, passa a produzir cerveja, guaraná e gelo. Em suas
adjacências, também se instalaram outras indústrias, tais como: a
algodoeira Sanbra, no Jd. Guadalajara e as Indústrias Anderson Clayton.
Figuras 01, 02 e 03: Indústria Anderson Clayton, Galpões da Matarazzo e Complexo da Sanbra.
Figura 04: Mapa das antigas indústrias da Vila Antártica. 1.Leito férreo, 2. Estação Ferroviária, 3.
Cia. Antarctica, 4. IRF Matarazzo, 5. Tilibra e 6. Complexo da Sanbra.
Figuras 05, 06 e 07: Situação do prédio IRF Matarazzo, Área pós-demolição e vazio gerado.
3 MARGINALIDADE
Por meio de uma deriva urbana sobre o antigo leito férreo contiguo à
área da Vila Antártica foi possível observar que esses espaços residuais são
muito bem delimitados por barreiras físicas, sociais e pelo domínio de
grupos, em uma espécie de comum acordo: produzir e comunicar o medo,
como um artifício para a segregação. Os sinais expressos pelos grafites nos
muros que separam os trilhos do restante da cidade, revelam um aparente
estado de abandono. Ao mesmo tempo, são produto da expressão marginal
que dita as regras dessas áreas, demarcando microterritorialidades. Essas
espacialidades não estão vazias, ao contrário, incitam uma outra ordem dos
espaços. Nelas habitam as subjetividades subalternas e os “outros” –
aqueles que não têm lugar na cidade formal.
“Eu já cansei de falar que aqui não é lugar pra jogar entulho. Eles (os
vizinhos) jogam de tudo aqui. Durante a noite que ninguém fica nas
ruas eles jogam lixo, toda a sujeira do quintal que eles tiram eles
jogam aqui, e a Prefeitura não faz nada. Quando eu vejo eu falo que
aqui não é depósito de lixo não. Já estou cansada disso”. (Informação
verbal).73
73
Informação verbal obtida através de uma conversa informal iniciada com moradora residente
defronte ao cemitério de vagões. De acordo com sua fala, há 25 anos que acompanha o
processo de decadência do transporte ferroviário na cidade.
Cidade, História e Patrimônio - 197
Figura 14: Mapa do percurso realizado – deriva sobre o leito férreo de Bauru. Nela, cada
número corresponde a uma parada, em ordem crescente.
4 GENTRIFICAÇÃO
Figura 15, 16 e 17: Chaminé e Shopping, Shopping e leito férreo e Paisagem Atual da Vila
Antártica.
5 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
REFERÊNCIAS
BASTOS, Irineu Azevedo. A violência na história de Bauru. Bauru: EDUSC, 1996. 198 p.
CARERI, Francesco. Walkscapes: o caminhar como prática estética. São Paulo, G. Gili, 2013. 144
p.
CASTRO, Ellen Beatriz Santos Fonseca de. Genocídio Velado: trajetória da EFNOB e perspectivas
para o patrimônio industrial ferroviário. 2016. Dissertação (Mestrado) – Universidade
Estadual Paulista. Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação, Bauru, 2016. Disponível
em: <
https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/144973/castro_ebsf_me_bauru.pdf?
sequence=3&isAllowed=y> Acesso em: 02 abr. 2019.
FIORIN, Evandro. (coord). Cidades do Noroeste Paulista: patrimônio e marginalidade ao longo
dos antigos leitos férreos. Tupã: ANAP, 2018. E-book. Disponível em: <
https://www.amigosdanatureza.org.br/biblioteca/livros/item/cod/171> Acesso em: 28
mar. 2019.
Cidade, História e Patrimônio - 201
FONTES, Maria Solange Gurgel de Castro; GHIRARDELLO, Nilson. Olhares sobre Bauru. Bauru:
Canal 6, 2008. 204 p.
GHIRARDELLO, Nilson. À Beira da linha - Formações urbanas da Noroeste paulista. Bauru:
Unesp, 2002. 235 p.
MERLEAU-PONTY, Maurice. Fenomenologia da Percepção. São Paulo, Martins Fontes, 1999. 466
p.
SOUZA, Lucas do Nascimento; CARVALHO, Tatiana Ribeiro. Identidade e lugar: impactos da
implantação de equipamento comunitário de grande porte em área histórica na cidade de
Bauru-SP. 2018. In: 8º CONGRESSO LUSO-BRASILEIRO para o Planeamento Urbano,
Regional, Integrado e Sustentável – PLURIS, 8., 2018, Coimbra. Atas [...] Coimbra,
Departamento de Engenharia Civil da Universidade de Coimbra, 2018. pp 607-616. ISSN
2555-7390, versão online. Tema: Acessibilidade e mobilidade urbana. Disponível em:
<https://www.dec.uc.pt/pluris2018/Paper1368.pdf>. Acesso em: 03 abr. 2019.
TOLEDO, Eli Fernando Tavano. Industrialização de Bauru: a atividade industrial e o espaço
geográfico, das origens à situação atual. Disponível em:
<http://www.athena.biblioteca.unesp.br/exlibris/bd/brc/33004137004P0/2009/toledo_eft
_me_rcla.pdf>. Acesso em 04 abr. 2019.
202
Cidade, História e Patrimônio - 203
ÍNDICE REMISSIVO
E L
empreendimentos imobiliários, 191 leito férreo, 15, 194, 195, 196, 198, 200,
empresas férreas, 168 201, 202, 203, 204, 205, 206
espaço construído, 45, 46, 47, 51 lojas-armazém, 204
204
paisagem natural, 12
T
patrimônio arquitetônico, 26, 27, 28, 171,
178 transformações urbanas, 17
patrimônio cultural, 12, 17, 21, 25, 26, 31, transporte rodoviário, 197, 198
33, 35, 36, 37, 38, 39, 42, 181
patrimônio cultural imaterial, 35, 36, 39
patrimônio digital, 36
U
patrimônio ferroviário, 14, 167, 168, 169, urbanismo, 13, 18, 19, 22, 24, 38, 41, 52,
171, 173, 174, 175, 176, 177, 179, 180 56, 59, 60, 121
patrimônio intangível, 34, 35, 38, 39, 40
patrimônio urbano, 194
pensamento preservacionista, 13, 17, 37
V
percepção ambiental, 195, 200 vilas operárias, 53
permanência, 26, 172, 190
planejamento territorial, 14, 45, 58, 59,
127, 130, 138, 141, 143
planos econômicos, 129