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Rachel r Pires | | rachelromaniello@gmail.com | CPF: 070.201.

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CPF: 070.201.426-56

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SUMÁRIO

GRUPO I (CONSTITUCIONAL, ADM., ELEITORAL, TRIBUTÁRIO E FINANCEIRO) ................ 3


GRUPO II (PENAL, CRIMINOLOGIA E PROCESSO PENAL) ................................................ 34
GRUPO III (CIVIL E PROCESSO CIVIL) ............................................................................... 68
GRUPO IV (DIREITO MATERIAL E PROCESSUAL COLETIVO)............................................ 81

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PROVA MP-MG (2021)

GRUPO I
(CONSTITUCIONAL, ADMINISTRATIVO, ELEITORAL, TRIBUTÁRIO E FINANCEIRO)

QUESTÃO 1

Assinale a alternativa CORRETA:

A) O “estado de coisas inconstitucional”, lido pela doutrina pátria como princípio da


proibição de proteção deficiente, indica uma situação fática de desídia estatal diante de
determinado direito fundamental.

B) O realismo jurídico, movimento teórico que superou o formalismo, ressalta a estrita


vinculação das decisões judiciais ao comando legal, importando mais a lei em si do que
as consequências fáticas de sua aplicação.

C) A ideia da “desconstitucionalização” reconhece a recepção de preceitos


constitucionais anteriores, porém na condição de direito ordinário, e desde que
compatíveis com a nova ordem constitucional.
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D) O conceito de efetividade da norma jurídica, distinto da mera ideia de eficácia, não 3
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se aplica às normas constitucionais, naturalmente dependentes da ação política e da
realidade social vivenciada, circunstâncias limitadoras da materialização concreta do RMAT 2
preceito legal.

RESPOSTA: C CPF: 070.201.426-56


COMENTÁRIOS

A) INCORRETA. O primeiro ponto a ser questionado nesta questão diz respeito à origem
da discussão a respeito do Estado de Coisas Inconstitucional. Segundo Márcio André
Lopes Cavalcante, a ideia de que pode existir um Estado de Coisas Inconstitucional e que
a Suprema Corte do país pode atuar para corrigir essa situação surgiu na Corte
Constitucional Colombiana, em 1997, com a chamada “Sentencia de Unificación (SU).
Segundo a doutrina nacional, pacífica, foi a primeira vez que se usou essa expressão.
Proibição de Proteção Deficiente (Untermassverbot), por sua vez, é um termo da
doutrina alemã, de cunho constitucional, que significa uma atuação positiva por parte
das Cortes Constitucionais em casos explícitos de descumprimento do papel de legislar
em matéria de norma constitucional de eficácia limitada. Nos termos do HC
102.087/MG, p. 94, [...] O ato não será adequado caso não proteja o direito fundamental
de maneira ótima; não será necessário na hipótese de existirem medidas alternativas
que favoreçam ainda mais a realização do direito fundamental; e violará o subprincípio

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da proporcionalidade em sentido estrito se o grau de satisfação do fim legislativo for


inferior ao grau em que não se realiza o direito fundamental de proteção. BERNAL
PULIDO, Carlos. El principio de proporcionalidad y los derechos fundamentales. Madrid:
Centro de Estudios Políticos y Constitucionales; 2003, p. 798 e segs. Alfim, um caso atual
envolvendo esse conceito é veiculado no Info 944, ADO 26 e MI 4.733/DF, pelo Supremo
Tribunal Federal.

B) INCORRETA. É exatamente o contrário. Vamos nos embasar nos ensinamentos de


Norberto Bobbio para um melhor entendimento. Para ele, formalismo jurídico é uma
certa teoria da justiça, em particular a teoria segundo a qual justo é aquele que é
conforme a lei, e injusto, aquele que está em desacordo com ela. Para Bobbio, esse
formalismo deveria ser chamado de formalismo ético, concepção muito mais comum
entre os juristas.

C) CORRETA. De acordo com a teoria da desconstitucionalização, as normas


constitucionais que não sejam materialmente constitucionais e que tenham
compatibilidade com a nova ordem vigente podem ser mantidas com natureza de lei,
desconstitucionalizando-se (lei ordinária - CF/88, art. 59, III; por exemplo) . Em regra,
não é admitida no direito brasileiro. A título de aprofundamento, é importante frisar
que essa teoria tem previsão expressa na Constituição de Portugal - art. 292. No Brasil,
por sua vez, o art. 147 da Constituição de 1967 do Estado de São Paulo previa tal PAGE \*
viabilidade. 4
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D) INCORRETA. Já salta aos olhos o extremismo da afirmação: não se aplica às normas RMAT 2
constitucionais. Temos que sempre ter cuidado com essas expressões em provas, e aqui
não foi diferente. Segundo Luís Roberto Barroso, efetividade é a própria realização do
direito, o desempenho concreto de sua função social.
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QUESTÃO 2

Assinale a alternativa CORRETA:

A) Os Estados, titulares de competências legislativas concorrentes, só poderão


disciplinar a forma de funcionamento de bingos e loterias diante da omissão legislativa
da União.

B) Os Municípios, com base no princípio do interesse, podem legislar sobre gratuidade


no uso de estacionamento em estabelecimentos comerciais privados (shopping centers,
supermercados, etc.), sediados nos limites de seu território.

C) Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais de intervenção no


domínio econômico, exigíveis no mesmo ano em que criadas, desde que observada a
anterioridade nonagesimal,

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D) No âmbito da competência concorrente, a superveniência de lei federal que disponha


sobre normas gerais não revoga a lei estadual anteriormente editada, mas suspende a
eficácia dos dispositivos que lhe forem contrários.

RESPOSTA: D

COMENTÁRIOS

A) INCORRETA. De acordo com a Súmula Vinculante n. 2: É inconstitucional a lei ou ato


normativo Estadual ou Distrital que disponha sobre sistemas de consórcios e sorteios,
inclusive bingos e loterias. Ademais, nos parâmetros da CF/88, art. 22, XX: Compete
privativamente à União legislar sobre sistemas de consórcios e sorteios.

B) INCORRETA. Vamos a alguns julgados em que o Supremo Tribunal Federal enfrentou


a matéria. “AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI ESTADUAL.
ESTACIONAMENTO EM LOCAIS PRIVADOS. COBRANÇA. IMPOSSIBILIDADE. OFENSA
AO ART. 22, I DA CONSTITUIÇÃO. Esta Corte, em diversas ocasiões, firmou
entendimento no sentido de que invade a competência da União para legislar sobre
direito civil (art. 22, I da CF/88) a norma estadual que veda a cobrança de qualquer
quantia ao usuário pela utilização de estabelecimento em local privado (ADI 1.918, rel.
min. Maurício Corrêa; ADI 2.448, rel. Min. Sydney Sanches; ADI 1.472, rel. min. Ilmar PAGE \*
Galvão). Ação direta de inconstitucionalidade julgada procedente” (RT 909/337). “AÇÃO
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DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ART. 1.º DA LEI N.º 1.094/96, DO DISTRITO RMAT 2


FEDERAL. ALEGADA VIOLAÇÃO AOS ARTS. 5.º, XXII; E 22, I, DA CONSTITUIÇÃO
FEDERAL. Norma que, dispondo sobre o direito de propriedade, regula matéria de
direito civil, caracterizando evidente invasão de competência legislativa da União.
Precedente. Ação julgada procedente, para declarar a inconstitucionalidade da
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expressão ‘privadas ou’, contida no art. 1.º da lei distrital sob enfoque” (STF, ADI 1.472-
DF, Tribunal Pleno, Rel. Min. Ilmar Galvão, 05-09-2002, v.u., DJ 25-10-2002, p. 24).

Sendo mais específico quanto em matéria de jurisprudência, segundo a ADI 4.862/PR: É


inconstitucional lei estadual que estabelece regras para a cobrança de estacionamento
de veículos.

C) INCORRETA. Nos termos do art. 149 da CF/88: Compete exclusivamente à União


instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das
categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas
respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do
previsto no art. 195, §6º, relativamente às contribuições a que alude o dispositivo. Ainda
na dicção do art. 150, I e III: Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao
contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios exigir
ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça, cobrar tributos em relação a fatos
geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou

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aumentado; no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os
instituiu ou aumentou; e, antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido
publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b. Dessa
forma, é necessário observar tanto o princípio da anterioridade ordinária quanto a
anterioridade nonagesimal.

D) CORRETA. Não há revogação, mas suspensão da Lei Estadual, em caso de


competência concorrente. Segundo o art. 24, §4º da CF/88: Compete à União, aos
Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre [...] A superveniência de
lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for
contrário.

QUESTÃO 3

Sobre a interpretação das normas constitucionais, é INCORRETO afirmar que:

A) O princípio da justeza, ou da conformidade funcional, exige do intérprete a busca da


maior efetividade social possível na aplicação da norma constitucional.

B) O princípio da concordância prática, ou da harmonização, pressupõe a ideia de


unidade da Constituição e de inexistência hierárquica entre as normas nela consagradas, PAGE \*
de modo a evitar-se o sacrifício de valores constitucionais igualmente relevantes. 6
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C) O método histórico de interpretação constitucional, embora próprio dos países do RMAT 2


chamado common law, é admitido pelo Supremo Tribunal Federal em situações
específicas, notadamente quando necessário para revelar o sentido da norma na
conjuntura social em que foi promulgada.
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D) Dentro do juízo de proporcionalidade, o subprincípio da adequação julga se as
medidas de intervenção no direito fundamental são razoáveis e aptas para se alcançar
o fim almejado.

RESPOSTA: A

COMENTÁRIOS

A) CORRETA. De acordo com Hesse (1998), citado por Marcelo Novelino, o princípio da
conformidade funcional orienta os órgãos encarregados de interpretar a constituição a
agirem dentro de seus respectivos limites funcionais, evitando decisões capazes de
subverter ou perturbar o esquema organizatório-funcional constitucionalmente
estabelecido. Dessa forma, trata-se de diretriz voltada, sobretudo, à atuação dos
tribunais constitucionais em suas relações com os poderes públicos, sendo atualmente
considerada mais como princípio autônomo de competência do que propriamente de
interpretação constitucional, isso nas lições de J.J Gomes Canotilho (2000). Importante

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frisar que esse princípio também é sinônimo de exatidão funcional ou correção funcional
- são nomes que podem aparecer em provas.

B) INCORRETA. Vamos usar um trecho do julgado, MS 26.750/DF - Luis Fux, para


entender claramente o princípio da alternativa. [...] Ambas essas garantias, que
constituem cláusulas elementares do princípio constitucional do justo processo da lei
(due process of law), devem ser interpretadas sob a luz do critério da chamada
concordância prática, que, como se sabe, consiste numa recomendação para que o
aplicador das normas constitucionais, em se deparando com situações de concorrência
entre bens constitucionalmente protegidos, adote a solução que otimize a realização de
todos eles, mas, ao mesmo tempo, não acarrete a negação de nenhum. A título de
informação complementar é importante destacar que Friedrich Muller se inclina em
uma diretriz que entende contraditória a existência deste princípio com a lógica do
sopesamento de bens, ponderação de valores constitucionais. Noutra monta, dando
força ao alinhamento do STF e da Corte Alemã Constitucional, Robert Alexy pensa que
o modelo de sopesamento (Teoria dos Direitos Fundamentais) é equivalente à
concordância prática, não havendo que falar em contradição no mundo prático.

C) INCORRETA. Pelo método histórico devem ser sempre observadas as origem da


produção de uma norma, todas as realidades envolvidas que estavam presente em sua
gênese, o momento moral, ético e social que o legislador estava inserido, exatamente PAGE \*
para se chegar à sua vontade quando do exercício hermenêutico. 7
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D) INCORRETA. O princípio da proporcionalidade como concebido no Brasil, por vezes, RMAT 2


é confundido com o princípio da razoabilidade - até os Tribunais Superiores costumam
fazer essa equiparação em seus julgados. Contudo há que se fazer uma distinção inicial
quanto à origem de cada um para destacar os subconceitos da proporcionalidade.
Razoabilidade como princípio nasce dentro de uma discussão jurisprudencial-
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doutrinária nos Estados Unidos (Ronald Dworkin), enquanto proporcionalidade tem
como gênese o Tribunal Constitucional Alemão pelos trabalhos do já citado Robert
Alexy. Este, ademais, se subdivide em adequação (compatibilidade do meio com o fim
almejado pelo intérprete), necessidade (meio menos gravoso em respeito à finalidade
do bem envolvido), e proporcionalidade em sentido estrito (juízo de análise entre
vantagens e desvantagens quanto ao objeto final de análise).

QUESTÃO 4

Analise as assertivas abaixo e, conforme sejam verdadeiras (V) ou falsas (F), assinale a
alternativa CORRETA:

I. A livre concorrência, expressamente consagrada na Constituição Federal, impede que


incentivos fiscais não extensivos às empresas privadas sejam concedidos às empresas
públicas e sociedades de economia mista, prestadoras de serviço público.

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II. Ao contrário dos serviços de saúde e educação, o serviço postal é considerado


“privilégio” estatal, não podendo ser prestado direta e livremente pela iniciativa
privada.

III. Não ofende o princípio da isonomia norma legal que concede tratamento tributário
especial e diferenciado às microempresas e empresas nacionais de pequeno porte.

IV. O Supremo Tribunal Federal não reconhece o direito de “desaposentação” e


“reaposentação”, devendo o aposentado que permanece empregado no mercado de
trabalho contribuir para a previdência social, em razão do princípio da solidariedade que
rege o sistema.

A) V-V-V-F

B) F-V-V-V

C) F-F-F-V

D) V-F-V-F

RESPOSTA: B

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I - FALSO. No RE 596.729, AgR ano 2010: Este Tribunal possui entendimento no sentido
de que o art. 173, §2º da CF/88 não se aplica às empresas públicas prestadoras de RMAT 2
serviços públicos. Dessa afirmação, porém, não se pode inferir que a Constituição tenha
garantido a essas entidades a isenção de custas processuais ou o privilégio do prazo em
dobro para a interposição de recursos. Segundo o art. 173, §2º - As empresas públicas e
CPF:
as sociedades de economia mista não 070.201.426-56
poderão gozar de privilégios fiscais não extensíveis
às do setor privado.

II - VERDADEIRO. Na ADPF 46, 2010, o Ministro Eros Graus já havia se posicionado a


respeito do tema: A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos deve atuar em regime
de exclusividade na prestação dos serviços que lhe incumbem em situação de privilégio,
o privilégio postal. Os regimes jurídicos sob os quais em regra são prestados os serviços
públicos importam em que essa atividade seja desenvolvida sob privilégio, inclusive, em
regra, o da exclusividade.

III - VERDADEIRO. Vamos à ADI 1.643 para melhor compreensão: [...] 3. Por disposição
constitucional (CF, artigo 179), as microempresas e as empresas de pequeno porte
devem ser beneficiadas, nos termos da lei , pela "simplificação de suas obrigações
administrativas, tributárias, previdenciárias e creditícias, ou pela eliminação ou redução
destas" (CF, artigo 179). 4. Não há ofensa ao princípio da isonomia tributária se a lei, por
motivos extrafiscais, imprime tratamento desigual a microempresas e empresas de
pequeno porte de capacidade contributiva distinta, afastando do regime do SIMPLES

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aquelas cujos sócios têm condição de disputar o mercado de trabalho sem assistência
do Estado. Ação direta de inconstitucionalidade julgada improcedente.

IV - VERDADEIRO. Por fim, ao analisar o RE 381.367/RS e o RE 827.833, veiculados no


Info 965, temos a fundamentação: No âmbito do Regime Geral de Previdência Social -
RGPS, somente lei pode criar benefícios e vantagens previdenciárias, não havendo, por
ora, previsão legal do direito à 'desaposentação' ou à ‘reaposentação’, sendo
constitucional a regra do art. 18, § 2º, da Lei nº 8.213/1991. STF. Plenário. RE 381367
ED/RS e RE 827833 ED/SC, rel. orig. Min. Dias Toffoli, red. p/ o ac. Min. Alexandre de
Moraes, julgado em 6/2/2020 (repercussão geral).

QUESTÃO 5

I . A liberdade de expressão, mesmo ocupando posição de destaque no rol dos direitos


fundamentais, não se traduz em direito absoluto, razão por que o Supremo Tribunal
Federal vedou a publicação de biografias não autorizadas, especialmente em casos de
ofensa direta a direitos de personalidade do biografado.

II. Consoante entendimento do STF, a liberdade de reunião prescinde de autorização da


autoridade competente, mas a prévia comunicação é requisito condicionante do
exercício do direito, sob pena de ilegalidade do ato público realizado. PAGE \*
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III. A jurisprudência majoritária nega aplicação, aos direitos sociais, do “princípio da
proibição do retrocesso”, notadamente em razão das constantes transformações RMAT 2
econômicas da realidade social, que exigem contínua revisão jurisprudencial e legislativa
sobre o alcance e extensão desses direitos.

IV. O direito de greve do servidor público não é absoluto, só podendo ser exercido por
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policiais civis nos estritos limites estabelecidos em lei específica, em razão dos
imperativos da continuidade do serviço público essencial.

Assinale a alternativa CORRETA:

A) As assertivas I, II, III e IV são incorretas.

B) Apenas as assertivas I e III são incorretas.

C) Apenas as assertivas II e IV são incorretas.

D) Apenas a assertiva III é incorreta.

RESPOSTA: A

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COMENTÁRIOS

I - INCORRETA. No gancho do explicitado por Márcio André Lopes Cavalcante - Dizer o


Direito: Para que seja publicada uma biografia não é necessária autorização prévia do
indivíduo biografado, das demais pessoas retratadas, nem de seus familiares. Essa
autorização prévia seria uma forma de censura, não sendo compatível com a liberdade
de expressão consagrada pela CF/88. Caso o biografado ou qualquer outra pessoa
retratada na biografia entenda que seus direitos foram violados pela publicação, ele terá
direito à reparação, que poderá ser feita não apenas por meio de indenização
pecuniária, como também por outras formas, tais como a publicação de ressalva, de
nova edição com correção, de direito de resposta etc. STF. Plenário. ADI 4.815, Rel. Min.
Cármen Lúcia, julgado em 10/06/2015.

II - INCORRETA. A exigência constitucional de aviso prévio relativamente ao direito de


reunião é satisfeita com a veiculação de informação que permita ao poder público zelar
para que seu exercício se dê de forma pacífica ou para que não frustre outra reunião no
mesmo local. STF. Plenário. RE 806339/SE, Rel. Min. Marco Aurélio, redator do acórdão
Min. Edson Fachin, julgado em 14/12/2020 (Repercussão Geral – Tema 855) (Info 1003).

III - INCORRETA. Em matéria de Direitos Sociais (considerados de segunda dimensão -


Flávia Piovesan), na verdade, há a aplicação da teoria da vedação ao retrocesso.
Também chamado de efeito cliquet, expressão francesa, significa, em linhas gerais: “não PAGE \*
voltar para trás”. Tem como seu nascedouro de debate a jurisprudência alemã em um
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MERGEFO

caso emblemático envolvendo o direito à educação. RMAT2


IV - INCORRETA. Vamos ao julgado que explica a afirmação: A atividade policial é
carreira de Estado imprescindível a manutenção da normalidade democrática, sendo
impossível sua complementação ou substituição pela atividade privada. A carreira
policial é o braço armado doCPF:
Estado,070.201.426-56
responsável pela garantia da segurança interna,
ordem pública e paz social. E o Estado não faz greve. O Estado em greve é anárquico. A
Constituição Federal não permite. Aparente colisão de direitos. Prevalência do interesse
público e social na manutenção da segurança interna, da ordem pública e da paz social
sobre o interesse individual de determinada categoria de servidores públicos.
Impossibilidade absoluta do exercício do direito de greve às carreiras policiais.
Interpretação teleológica do texto constitucional, em especial dos artigos 9º, § 1º, 37,
VII e 144. Recurso provido, com afirmação de tese de repercussão geral: “1 - O exercício
do direito de greve, sob qualquer forma ou modalidade, é vedado aos policiais civis e a
todos os servidores públicos que atuem diretamente na área de segurança pública. 2 -
É obrigatória a participação do Poder Público em mediação instaurada pelos órgãos
classistas das carreiras de segurança pública, nos termos do art. 165 do Código de
Processo Civil, para vocalização dos interesses da categoria. (ARE 654432, Relator(a):
Min. EDSON FACHIN, Relator(a) p/ Acórdão: Min. ALEXANDRE DE MORAES, Tribunal
Pleno, julgado em 05/04/2017, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-114 DIVULG 08-06-2018
PUBLIC 11-06-2018)

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QUESTÃO 6

Sobre o controle de constitucionalidade das leis, é CORRETO afirmar que:

A) O Governador de Estado possui legitimidade para propor ação direta contra lei
estadual interna, não podendo questionar a constitucionalidade de normas emanadas
de outras unidades da federação.

B) Tratados e convenções internacionais que versem, exclusivamente, sobre direitos


humanos constituem-se em parâmetro de controle de constitucionalidade, ainda que
pendentes de ratificação pelo Congresso Nacional.

C) Por meio de arguição de descumprimento de preceito fundamental, o Supremo


Tribunal Federal pode realizar o controle abstrato de uma lei municipal em face da
Constituição Federal.

D) No entendimento do Supremo Tribunal Federal, as resoluções editadas pelo Conselho


Nacional do Ministério Público, enquanto atos administrativos normativos, não podem
ser objeto de controle concentrado de constitucionalidade.

PAGE \*
RESPOSTA: C 11
MERGEFO

COMENTÁRIOS RMAT2
A) FALSO. Vamos nos furtar do segmentado na ADO 31 AgR/DF: Alegação de omissão
legislativa na implementação de imposto de competência da União – Imposto sobre
Grandes Fortunas (IGF). Ausência de previsão constitucional de repartição de receitas
desse tributo com os demaisCPF: 070.201.426-56
entes federados. A jurisprudência desta CORTE é pacífica
no sentido de que a legitimidade para a propositura das ações de controle concentrado
de constitucionalidade, em face de ato normativo oriundo de ente federativo diverso,
por governadores de Estado, exige a demonstração de pertinência temática, ou seja, a
repercussão do ato, considerados os interesses do Estado. Precedentes. Ausência de
pertinência temática. Ilegitimidade ativa do Governador do Estado do Maranhão para
propor Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão com o objetivo de instituir
imposto de competência da União.

B) FALSO. A fundamentação pode ser extraída do art. 5º, §3º da CF/88: Os tratados e
convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados em cada Casa
do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos
membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.

C) VERDADEIRO. Lei n. 9.882/99, art. 1º - A arguição prevista no §1º do art. 102 da


Constituição Federal será proposta perante o Supremo Tribunal Federal, e terá por
objeto evitar ou reparar lesão a preceito fundamental, resultante de ato do Poder

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Público. Parágrafo único - Caberá também arguição de descumprimento de preceito


fundamental quando for relevante o fundamento da controvérsia constitucional sobre
lei ou ato normativo federal, estadual ou municipal, incluídos os anteriores à
Constituição.

D) FALSO. Segundo a ADI 4.263/DF: Resolução editada pelo CNMP no exercício de sua
competência constitucional, em caráter geral e abstrato, não constitui ato normativo
secundário. Ausentes outros vícios na petição inicial, as questões preliminares devem
ser rejeitadas e ação direta conhecida.

QUESTÃO 7

Assinale a alternativa CORRETA:

A) O custeio dos serviços de iluminação pública se dará por meio de taxa, obedecidos os
critérios de proporcionalidade em relação ao uso dos serviços por parte de cada um dos
contribuintes.

B) A obrigação tributária nasce com a ocorrência do fato gerador, mas a lei pode atribuir
ao sujeito passivo a responsabilidade pelo pagamento antecipado do tributo, antes de
concretizada a hipótese de incidência. PAGE \*
C) Isenções, anistias e imunidades, relativas a impostos, taxas e contribuições, só
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MERGEFO

poderão ser concedidas mediante lei específica federal, estadual ou municipal. RMAT2
D) De acordo com a Constituição Federal, a repartição da receita tributária é definida
pela respectiva competência, cabendo ao ente tributante a totalidade do produto de
sua arrecadação.
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RESPOSTA: B

COMENTÁRIOS

A) INCORRETA. De acordo com a súmula vinculante 41: “O serviço de iluminação pública


não pode ser remunerado mediante taxa”. Não se trata de serviço específico e divisível,
umas vez que não seria possível mensurar com clareza o benefício de cada contribuinte
por contar com a iluminação pública em si.

B) CORRETA. De acordo com o artigo 113, § 1º do CTN, “A obrigação principal surge com
a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade
pecuniária e extingue-se juntamente com o crédito dela decorrente.” No entanto, é
importante que se verifique a redação do art. 150, do §7º da CF/88, o qual informa que
“A lei poderá atribuir a sujeito passivo de obrigação tributária a condição de responsável
pelo pagamento de imposto ou contribuição, cujo fato gerador deva ocorrer

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posteriormente, assegurada a imediata e preferencial restituição da quantia paga, caso


não se realize o fato gerador presumido.” A análise dos dois dispositivos representa o
teor da letra B, que deve ser assinalada como correta.

C) INCORRETA. As imunidades são tratadas na CF/88, e não concedidas mediante lei


específica. Portanto, não podem ser tratadas como as demais hipóteses citadas.

D) INCORRETA. Podemos citar os arts. 157 a 162, CF para exemplificarmos divisões de


arrecadações de seus tributos. Logo, em nosso modelo, não é uma premissa correta
afirmar que cabe ente tributante a totalidade do produto de sua arrecadação. Seguem
exemplos de repartições de valores arrecadados.

Art. 157. Pertencem aos Estados e ao Distrito Federal:

I - o produto da arrecadação do imposto da União sobre renda e


proventos de qualquer natureza, incidente na fonte, sobre
rendimentos pagos, a qualquer título, por eles, suas autarquias
e pelas fundações que instituírem e mantiverem;

II - vinte por cento do produto da arrecadação do imposto que a


União instituir no exercício da competência que lhe é atribuída
pelo art. 154, I.
PAGE \*
Art. 162. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios 13
MERGEFO
divulgarão, até o último dia do mês subseqüente ao da
arrecadação, os montantes de cada um dos tributos RMAT2
arrecadados, os recursos recebidos, os valores de origem
tributária entregues e a entregar e a expressão numérica dos
critérios de rateio.
CPF: 070.201.426-56

QUESTÃO 8

Sobre o tema da responsabilidade civil do poder público, analise as assertivas abaixo e


assinale a alternativa CORRETA:

I. A responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito público e das pessoas jurídicas
de direito privado prestadoras de serviço público pelos danos causados à vítima,
conforme previsto na Constituição Federal, subsume-se à teoria do risco administrativo,
podendo ser excluída somente quando comprovada a existência de caso fortuito ou
força maior.

II. Ao apreciar o Tema nº 362, da repercussão geral, o Supremo Tribunal Federal


assentou que a responsabilidade civil do Estado por omissão no dever de vigilância,
pelos danos decorrentes de crime praticado por pessoa foragida do sistema prisional, é

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objetiva, sendo desnecessária a demonstração do nexo causal direto entre o momento


da fuga e a conduta praticada.

III. Conforme decidido pelo Supremo Tribunal Federal, em regime de repercussão geral,
Tema nº 246, o inadimplemento dos encargos trabalhistas dos empregados do
contratado transfere automaticamente ao poder público contratante a
responsabilidade pelo pagamento, em razão da responsabilidade solidária do Estado,
nos termos da Lei nº 8.666/93.

IV. O Estado possui o dever, imposto pelo sistema normativo, de manter em seus
presídios os padrões mínimos de humanidade previstos no ordenamento jurídico,
devendo ressarcir os danos, inclusive morais, comprovadamente causados aos detentos
pela falta ou insuficiência das condições legais de encarceramento, nos termos do art.
37, § 6º, da CF/88.

A) As assertivas I, II, III e IV estão corretas.

B) As assertivas I, II, III e IV estão incorretas.

C) Apenas a assertiva I está correta.

D) Apenas a assertiva IV está correta.


PAGE \*
14
MERGEFO
RESPOSTA: D
RMAT2
COMENTÁRIOS

I - INCORRETO. Segundo Renério de Castro Júnior, o direito brasileira adota, em regra,


a responsabilidade objetiva do Estado na modalidade fundada na Teoria do Risco
CPF:
Administrativo. Isso quer dizer que o 070.201.426-56
Poder Público poderá valer-se, em sua defesa, de
causas excludentes da responsabilidade, o que não seria possível no caso de adoção da
teoria do risco integral. Segundo o mesmo autor, e seguindo a doutrina pacífica, são
excludentes de responsabilidade: culpa exclusiva da vítima (exclusiva ou concorrente),
caso fortuito ou força maior, fato exclusivo de terceiros (exemplo: danos causados por
multidões).

II - INCORRETO. De acordo com o RE 608.880/MT: [...] Entretanto, o princípio da


responsabilidade objetiva não se reveste de caráter absoluto, eis que admite o
abrandamento e, até mesmo, a exclusão da própria responsabilidade civil do Estado, nas
hipóteses excepcionais configuradoras de situações liberatórias como o caso fortuito e
a força maior ou evidências de ocorrência de culpa atribuível à própria vítima. A fuga de
presidiário e o cometimento de crime, sem qualquer relação lógica com sua evasão,
extirpa o elemento normativo, segundo o qual a responsabilidade civil só se estabelece
em relação aos efeitos diretos e imediatos causados pela conduta do agente. Nesse
cenário, em que não há causalidade direta para fins de atribuição de responsabilidade

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civil extracontratual do Poder Público, não se apresentam os requisitos necessários para


a imputação da responsabilidade objetiva prevista na Constituição Federal - em especial,
como já citado, por ausência do nexo causal. Recurso Extraordinário a que se dá
provimento para julgar improcedentes os pedidos iniciais. Tema 362, fixada a seguinte
tese de repercussão geral: “Nos termos do artigo 37, § 6º, da Constituição Federal, não
se caracteriza a responsabilidade civil objetiva do Estado por danos decorrentes de
crime praticado por pessoa foragida do sistema prisional, quando não demonstrado o
nexo causal direto entre o momento da fuga e a conduta praticada”.

III - INCORRETO. Essa transferência não ocorre de forma automática, como citado na
afirmativa, vejamos o julgado: [...] A Administração Pública, pautada pelo dever de
eficiência (art. 37, caput, da Constituição), deve empregar as soluções de mercado
adequadas à prestação de serviços de excelência à população com os recursos
disponíveis, mormente quando demonstrado, pela teoria e pela prática internacional,
que a terceirização não importa precarização às condições dos trabalhadores. O art. 71,
§ 1º, da Lei nº 8.666/93, ao definir que a inadimplência do contratado, com referência
aos encargos trabalhistas, não transfere à Administração Pública a responsabilidade
por seu pagamento, representa legítima escolha do legislador, máxime porque a Lei
nº 9.032/95 incluiu no dispositivo exceção à regra de não responsabilização com
referência a encargos trabalhistas. [...] Recurso Extraordinário parcialmente conhecido
PAGE \*
e, na parte admitida, julgado procedente para fixar a seguinte tese para casos
semelhantes: “O inadimplemento dos encargos trabalhistas dos empregados do
15
MERGEFO

contratado não transfere automaticamente ao Poder Público contratante a RMAT2


responsabilidade pelo seu pagamento, seja em caráter solidário ou subsidiário, nos
termos do art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93”. (RE 760931, Relator(a): Min. ROSA WEBER,
Relator(a) p/ Acórdão: Min. LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em 26/04/2017,
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-206 CPF: DIVULG 11-09-2017 PUBLIC 12-09-2017)
070.201.426-56
IV - CORRETO. Esse tema, de alto conhecimento no mundo jurisprudencial, já tinha sido
noticiado pelo MPMG em 10/02/2020. RE 580.252/MS: Considerando que é dever do
Estado, imposto pelo sistema normativo, manter em seus presídios os padrões mínimos
de humanidade previstos no art. 37, §6º, da Constituição, a obrigação de ressarcir os
danos, inclusive morais, comprovadamente causados aos detentos em decorrência da
falta ou da insuficiência das condições legais de encarceramento.

QUESTÃO 9

Sobre o tema do controle da administração pública, analise as assertivas abaixo e


assinale a alternativa CORRETA:

I. Conforme Súmula n° 473, do Supremo Tribunal Federal, os atos administrativos podem


ser anulados, quando eivados de vícios que os tornem ilegais, bem como revogados, por

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motivo de conveniência e oportunidade, tanto na esfera administrativa, como na


judicial, respeitados os direitos adquiridos.

II. Considerando-se que o ato administrativo tem presunção de legitimidade, pode-se


dizer que, interposto recurso pelo administrado, somente haverá efeito suspensivo se
houver previsão legal, caso em que ficará suspenso o prazo prescricional.

III. Tendo em conta a independência de instâncias, ainda que recebido no efeito


suspensivo o recurso interposto na via administrativa, poderá o interessado recorrer à
via judicial para a defesa de seu direito, visto que nenhuma lesão ou ameaça de lesão
será excluída da apreciação do Poder Judiciário.

IV. Constitui exceção à independência de instâncias a absolvição levada a efeito no juízo


criminal, qualquer que seja o fundamento, caso em que a responsabilidade do servidor
será afastada na esfera administrativa.

A) As assertivas I, II, III e IV estão corretas.

B) As assertivas I, II, III e IV estão incorretas.

C) Apenas as assertivas III e IV estão corretas.

D) Apenas a assertiva III está correta.


PAGE \*
16
MERGEFO
RESPOSTA: B RMAT2
COMENTÁRIOS

I - INCORRETA. Essa questão entra em um ponto exatamente polêmico envolvendo a


intervenção do Poder Judiciário nos atos administrativos, sobretudo os discricionários.
CPF: 070.201.426-56
Há que se observar que o mérito administrativo não pode ser alterado pelo Poder
Judiciário, isso se contradiz com a separação de poderes e com doutrina tradicionalista
administrativista. Segundo REsp 1.271.057/PR: 1. Consoante entendimento
consolidado nesta Corte Superior, a intervenção do Poder Judiciário nos atos
administrativos cinge-se à defesa dos parâmetros da legalidade, permitindo-se a
reavaliação do mérito administrativo tão somente nas hipóteses de comprovada
violação aos princípios da legalidade, razoabilidade e proporcionalidade, sob pena de
invasão à competência reservada ao Poder Executivo. 2. Na hipótese dos autos,
declarada a nulidade do auto de infração pela ilegalidade da apreensão e decretação de
perdimento de mercadorias, por malferimento à proporcionalidade, é defeso ao Poder
Judiciário imiscuir-se no mérito administrativo, para o fim de substituir aquelas
penalidades contidas no Auto de Infração, lavrado pela Autoridade Alfandegária, por
multa prevista na legislação aduaneira, sob pena de o provimento jurisdicional substituir
o próprio Administrador Público, a quem compete a aplicação e mensuração da sanção
administrativa. Precedente: RMS 20.631/PR, Rel. 3. Agravo Interno da Fazenda Nacional

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desprovido. (AgInt no REsp 1271057/PR, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO,
PRIMEIRA TURMA, julgado em 18/05/2017, DJe 25/05/2017)

II - INCORRETA. Fundamenta-se no art. 61, parágrafo único da Lei n. 9.784/99: Havendo


justo receio de prejuízo de difícil ou incerta reparação decorrente da execução, a
autoridade recorrida ou a imediatamente superior poderá, de ofício ou a pedido, dar
efeito suspensivo ao recurso.

III - INCORRETA. Essa afirmação é bastante polêmica, sobretudo porque a alternativa D


poderia ser uma possível resposta. Contudo, ousamos discordar de contradições e
reafirmar o gabarito, uma vez que há exceções: justiça desportiva; ato administrativo
contrário à súmula vinculante; habeas data; ações previdenciárias administrativas (RE
631.240).

IV - INCORRETA. A sentença proferida no âmbito criminal somente repercute na esfera


administrativa quando reconhecida a inexistência material do fato ou a negativa de sua
autoria. Assim, se a absolvição ocorreu por ausência de provas, a administração não está
vinculada à decisão proferida na esfera penal (STJ, REsp 1.323.123, 2013).

QUESTÃO 10
PAGE \*
Quanto ao tema da administração pública, assinale a alternativa CORRETA: 17
MERGEFO

A) Pelo princípio da imputação volitiva, característica da teoria do órgão, a atividade RMAT2


exercida por agente que não tenha investidura legítima não pode ser imputada à pessoa
jurídica de direito público.

B) O órgão, por ser despersonalizado, apenas integra a pessoa jurídica de direito público,
razão pela qual não pode, emCPF:
nenhuma 070.201.426-56
hipótese, figurar em qualquer dos polos de uma
relação processual.

C) As decisões prolatadas pelas agências reguladoras, a despeito da autonomia decisória


no exercício da função do controle de determinadas atividades públicas e privadas de
interesse social, devem indicar os motivos de fato e de direito que as determinam,
inclusive quanto à edição ou não de atos normativos.

D) As autarquias, conquanto dotadas de personalidade jurídica de direito público,


praticam atos administrativos de direito privado, os quais são considerados atos de
autoridade para fins de controle de legalidade por mandado de segurança.

RESPOSTA: C

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COMENTÁRIOS

A) INCORRETA. Segundo Renério de Castro Júnior (2021), a teoria do órgão consegue


justificar a validade dos atos praticados pelo servidor de fato (aquele cuja investidura
foi irregular, mas cuja situação tem aparência de legalidade). Ainda de acordo com Celso
Antônio Bandeira de Mello, em nome do princípio da aparência, da boa-fé dos
administrados, da segurança jurídica e do princípio da presunção de legalidade dos atos
administrativos, reputam-se válidos os atos praticados pelo servidor de fato, se por outra
razão não forem viciados.

B) INCORRETA. A exceção fica a cargo dos órgãos independentes e autônomos. Segundo


a Súmula n. 525 do STJ: Câmara de Vereadores não possui personalidade jurídica,
somente podendo demandar em juízo para defender os seus direitos institucionais.

C) CORRETA. O fundamento é aquele previsto na Lei n. 13.848/19, art. 5º: A agência


reguladora deverá indicar os pressupostos de fato e de direito que determinarem suas
decisões, inclusive a respeito da edição ou não de atos normativos.

D) INCORRETA. As autarquias compõem a Administração Pública indireta, e conforme


doutrina majoritária praticam atos administrativos públicos, ou seja, diferente daquelas
praticados pelas associações e partidos políticos, por exemplo, regidos pelo CC/02.
PAGE \*
18
MERGEFO
QUESTÃO 11
RMAT2
No tocante aos atos administrativos, analise as assertivas abaixo e marque a alternativa
CORRETA:

I. Tratando-se de parecer obrigatório, mas não vinculante, a autoridade competente


CPF:
para proferir a decisão poderá deixar070.201.426-56
de acolhê-lo, sendo-lhe dispensável explicitar os
motivos da recusa.

II. O ato administrativo praticado no uso do poder discricionário que nega, limita ou
afeta direitos ou interesses dos administrados, deve ser devidamente motivado, sendo
suficiente indicar que se trata de interesse público.

III. Considerando que os decretos regulamentadores, de competência do Chefe do


Executivo, são atos administrativos que estabelecem normas gerais com a finalidade de
explicitar o teor das leis – completando-as, se for o caso –, podem, no intuito de
possibilitar a execução da lei, restringir ou ampliar seus preceitos.

IV. Tratando-se de ato discricionário em que se permite ao agente maior liberdade de


aferição da conduta, segundo critérios de conveniência e oportunidade, tem-se que,
explicitada a motivação do ato, essa não pode ser revista pelo Poder Judiciário em
nenhuma hipótese, visto não ser possível o controle judicial do mérito do ato
administrativo discricionário.

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A) As assertivas I, II, III e IV são corretas.

B) Apenas a assertiva IV está correta.

C) As assertivas I, II, III e IV são incorretas.

D) Apenas a assertiva I é correta.

RESPOSTA: C

COMENTÁRIOS

I - INCORRETA. De acordo com um julgado do ano de 2012 (Info 680): É possível a


responsabilização de advogado público pela emissão de parecer de natureza opinativa,
desde que reste configurada a existência de culpa ou erro grosseiro. MS 27.867 AgR/DF.
Em importante oportunidade no julgamento do MS 24.631/DF, o Ministro Joaquim
Barbosa apresentou a seguinte conceituação:

PARECER

FACULTATIVO OBRIGATÓRIO VINCULANTE


PAGE \*
O administrador não é O administrador é O administrador é obrigado
19
MERGEFO

obrigado a solicitar o obrigado a solicitar o a solicitar o parecer do RMAT2


parecer do órgão jurídico. parecer ao órgão jurídico. órgão jurídico.

O administrador pode O administrador pode A administração não pode


discordar da conclusãoCPF: discordar da conclusão discordar da conclusão
070.201.426-56
exposta no parecer, desde exposta pelo parecer, exposta pelo parecer. O
que o faça desde que o faça administrador decide nos
fundamentadamente. fundamentadamente termos da conclusão do
como base em novo parecer, ou então, não
parecer. decide.

Em regra, o parecerista não Em regra o parecerista Há uma partilha do poder


tem responsabilidade pelo não tem de decisão entre o
ato administrativo, contudo, responsabilidade pelo administrador e o
pode ser responsabilizado, ato administrativo, parecerista, já que a
se ficar configurada a contudo, pode ser decisão do administrador
existência de culpa ou erro responsabilizado, se ficar deve ser de acordo com o
grosseiro. configurada a existência parecer. Logo, o
de culpa ou erro parecerista responde

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grosseiro. solidariamente com o


administrador pela prática
do ato, não sendo
necessário demonstrar
culpa ou erro grosseiro.

QUESTÃO 12

Sobre o tema do servidor público, assinale a alternativa INCORRETA:

A) Cargos em comissão, ou de confiança, destinam-se somente a funções de chefia,


direção e assessoramento, e podem ser ocupados por pessoas que não pertencem aos
quadros funcionais da administração, ao passo que as funções de confiança, ou
gratificadas, são reservadas exclusivamente aos servidores ocupantes de cargo efetivo.

B) O servidor público não tem direito à imutabilidade do estatuto; no entanto,


preenchidos os requisitos previstos em lei, passa a ter direito adquirido ao benefício ou
vantagem que o favorece, ainda que tal direito venha a ser exercido após mudança na
PAGE \*
lei instituidora. 20
MERGEFO
C) Os agentes comunitários de saúde e os agentes de combate às endemias podem ser
RMAT2
recrutados pelos gestores locais do Sistema Único de Saúde por meio de processo
seletivo público, de acordo com a natureza e a complexidade de suas atribuições e
requisitos para seu desempenho.

D) A investidura em cargo efetivo,


CPF:após aprovação em concurso público, gera para o
070.201.426-56
servidor a efetividade e a estabilidade.

RESPOSTA: D

COMENTÁRIOS

A) INCORRETA. CF/88, art. 37, V: As funções de confiança exercidas exclusivamente por


servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a serem preenchidos
por servidores de carreira nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em lei,
destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento.

B) INCORRETA. RE 594.296 - Conforme entendimento consolidado do Supremo Tribunal


Federal, a revogação de ato administrativo que já gerou efeitos concretos exige regular
processo administrativo em que se oportunize a manifestação do interessado, sob pena
de infringência às garantias do contraditório e da ampla defesa.

É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
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C) INCORRETA. CF/88, art. 198, §4º: Os gestores locais do sistema único de saúde
poderão admitir agentes comunitários de saúde e agentes de combate às endemias por
meio de processo seletivo público, de acordo com a natureza e complexidade de suas
atribuições e requisitos específicos para sua atuação.

D) CORRETA. Esta alternativa está correta por estar incorreta, uma vez que não há essa
estabilidade automática no ato de investidura. A estabilidade, conforme previsão da
CF/88, ocorre somente após 3 anos de efetivo exercício.

QUESTÃO 13

Quanto à responsabilidade do poder público em caso de posse em cargo público


determinada por decisão judicial, à luz do que foi decidido pelo Supremo Tribunal
Federal no julgamento do RE 724.347/DF, em regime de repercussão geral (Tema nº
671), é CORRETO afirmar que:

A) Comprovados o ato ilícito da administração (ausência de nomeação), reconhecido por


decisão judicial transitada em julgado; o dano causado (nomeação e posse tardias), e o
nexo de causalidade entre esses elementos, a indenização é devida, com fundamento
na responsabilidade civil objetiva do Estado, conforme artigo 37, § 6º, da CF/88.
PAGE \*
B) Apenas em situação de flagrante arbitrariedade o servidor faz jus a indenização, com 21
MERGEFO
o fundamento de que deveria ter sido investido em momento anterior.
RMAT2
C) A anulação judicial de qualquer ato administrativo praticado em concurso público
atrairá a incidência do art. 37, § 6º, da CF/88, sendo, portanto, devida a indenização pelo
tempo em que o candidato aguardou solução judicial definitiva sobre sua participação e
aprovação em concurso público.
CPF: 070.201.426-56
D) Não é possível haver mitigação da responsabilidade civil objetiva do poder público,
em nenhuma hipótese, em se tratando de investidura em cargo público determinada
por decisão judicial.

RESPOSTA: B

COMENTÁRIOS

A) INCORRETA. A nomeação tardia de candidatos aprovados em concurso público, por


meio de ato judicial, à qual atribuída eficácia retroativa, não gera direito às promoções
ou progressões funcionais que alcançariam se houvesse ocorrido, a tempo e modo, a
nomeação. STF. Plenário. RE 629392 RG/MT, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em
8/6/2017 (repercussão geral) (Info 868).

É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
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B) CORRETA. Na hipótese de posse em cargo público determinada por decisão judicial,


o servidor não faz jus a indenização, sob fundamento de que deveria ter sido investido
em momento anterior, salvo situação de arbitrariedade flagrante. [Tese definida no RE
724.347, rel. min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. min. Roberto Barroso, P, j. 26-2-2015, DJE
88 de 13-5-2015, Tema 671.]

C) INCORRETA. A nomeação tardia de candidatos aprovados em concurso público não


gera direito à indenização, ainda que a demora tenha origem em erro reconhecido pela
própria Administração Pública (...). Além disso, determinar o pagamento de valores
retroativos nessa hipótese desencorajaria o exercício do poder-dever da Administração
Pública para corrigir seus próprios equívocos, estimulando-se, na mão inversa, a
indesejada judicialização de demandas desse feitio. REsp 1.353.602-RS, Rel. Min.
Napoleão Nunes Maia Filho, por unanimidade, julgado em 30/11/2017, DJe 07/12/2017.

D) INCORRETA. Na hipótese de posse em cargo público determinada por decisão


judicial, o servidor não faz jus a indenização, sob fundamento de que deveria ter sido
investido em momento anterior, salvo situação de arbitrariedade flagrante. [Tese
definida no RE 724.347, rel. min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. min. Roberto Barroso, P, j.
26-2-2015, DJE 88 de 13-5-2015, Tema 671.]

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QUESTÃO 14 22
MERGEFO

Compete ao Procon-MG, órgão de administração do Ministério Público, exercer, no RMAT2


Estado, a coordenação da política do Sistema Estadual de Defesa do Consumidor – SEDC,
EXCETO:

A) Processar reclamações e denúncias que noticiarem lesão ou ameaça de lesão a


interesses individuais. CPF: 070.201.426-56
B) Dar orientação permanente aos consumidores sobre seus direitos e deveres.

C) Fiscalizar as relações de consumo e aplicar as sanções e penalidades administrativas


previstas na Lei Federal nº 8.078/1990 e em outras normas relativas à defesa do
consumidor.

D) Atuar, no processo administrativo, como instância de instrução e julgamento, no


âmbito de sua competência, observado o disposto na Lei Federal nº 8.078/1190 e na
legislação complementar.

RESPOSTA: A

COMENTÁRIOS

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A) INCORRETA. Não se trata de competência atribuída ao Procon-MG, nos termos da


LC 61/2001, que dispõe sobre a organização do Ministério Público do Estado de Minas
Gerais. Ocorreu uma tentativa de confundir o candidato com a leitura do inciso II do art.
23 da lei: “II – receber, analisar, avaliar e apurar consultas, reclamações e denúncias
apresentadas por entidades representativas, por grupo, categoria ou classe de pessoas,
por pessoas jurídicas de direito público ou privado ou por consumidores individuais,
processando aquelas que noticiarem lesão ou ameaça de lesão a interesses ou direitos
difusos, coletivos ou individuais homogêneos”;

A ausência da hipótese de “processar” constitui o erro na assertiva da prova no


comparativo com o teor do dispositivo citado.

B) CORRETA. Art. 23, inciso III da LC 61/2001 que dispõe sobre a organização do
Ministério Público do Estado de Minas Gerais.

C) CORRETA. Art. 23, inciso V da LC 61/2001 que dispõe sobre a organização do


Ministério Público do Estado de Minas Gerais.

D) CORRETA. Art. 23, inciso VI da LC 61/2001 que dispõe sobre a organização do


Ministério Público do Estado de Minas Gerais.

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QUESTÃO 15 23
MERGEFO

No tocante à novel Lei nº 14.133/2021 (Lei de Licitações e Contratos Administrativos), RMAT2


assinale a alternativa CORRETA:

A) A par de extinguir as modalidades de convite e de tomada de preços, criar a


modalidade de diálogos competitivos e incorporar os institutos RDC e pregão, a Lei nº
CPF:
14.133/2021 permitiu ao gestor, 070.201.426-56
no prazo de 2 (dois) anos, decidir pela aplicação das
leis por ela revogadas, ainda que a opção escolhida não conste do edital, do aviso ou do
instrumento de contratação direta.

B) Foi inserida, na comissão de licitação, a figura do agente de contratação, bem como


estabelecido o princípio do segregamento de funções.

C) Foi criado o Portal Nacional das Contratações Públicas, destinado à divulgação


centralizada e obrigatória dos atos exigidos na Lei nº 14.133/2021, além de terem sido
inseridos diversos princípios, entre os quais o do planejamento e o da transparência.

D) A Lei nº 14.133/2021 abrange os órgãos do Poder Legislativo dos Municípios, quando


no desempenho de função administrativa, bem como as empresas públicas, as
sociedades de economia mista e as suas subsidiárias, regidas pela Lei nº 13.303/2016.

RESPOSTA: C

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COMENTÁRIOS

A) INCORRETA. Na verdade, a nova lei de licitações e contratos exige que o instrumento


convocatório preveja antecipadamente o regime a ser adotado. Pode ocorrer a
aplicação de uma legislação ou outra, em sua inteireza, nunca de forma complementar.

B) INCORRETA. A Lei n. 8.666/93 já trazia a figura do agente de contratação: comissão


de licitação. Trata-se de uma comissão responsável para a realização de cada processo
licitatório.

C) CORRETA. O art. 174 da Lei n. 14.133/21 afirma que foi criado o PNCP (Portal Nacional
de Contratações Públicas).

D) INCORRETA. A lei n. 13.303/16 continua a reger as licitações e contratos envolvendo


as empresas públicas e sociedades de economia mista.

QUESTÃO 16

I. A base de cálculo do ICMS é o valor da transação, desconsiderados os descontos


concedidos pelo fornecedor. Todavia, caso o contribuinte seja optante pelo Simples
Nacional, a base de cálculo se altera e passa a ser a receita bruta dos últimos doze meses,
excluindo o sistema de débito e crédito para cálculo do imposto. PAGE \*
24
MERGEFO
II. Segundo o Supremo Tribunal Federal, nas hipóteses de substituição tributária “para
trás” ou regressiva, o eventual pagamento do ICMS referente a fato gerador que não se RMAT2
consumou, ou que se realizou com base de cálculo a menor, poderá importar em
compensação tributária ou repetição do indébito.

III. Constitui um dos fatos geradores do ICMS a entrada de bem ou mercadoria


CPF: 070.201.426-56
importados do exterior por pessoa física ou jurídica, ainda que não seja contribuinte
habitual do imposto, qualquer que seja a sua finalidade, cabendo o imposto ao Estado
onde estiver situado o domicílio ou o estabelecimento do destinatário da mercadoria,
bem ou serviço.

IV. Compete ao Senado Federal fixar, por resolução, as alíquotas do ICMS nas operações
interestaduais. Também é facultado ao Senado Federal regular as alíquotas mínimas do
ICMS nas operações internas e as alíquotas máximas nas mesmas operações para
resolver conflito específico que envolva interesse de Estados.

Assinale a alternativa CORRETA:

A) As assertivas I, II, III e IV estão corretas.

B) Apenas as assertivas I, III e IV estão corretas.

C) Apenas as assertivas II, III e IV estão corretas.

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D) Apenas as assertivas I, II e III estão corretas.

RESPOSTA: B

COMENTÁRIOS

Apenas os itens I, III e IV estão corretos.

ITEM I – CORRETO. De acordo com a Lei Complementar 87/96 (que trata do ICMS):

Art. 13. A base de cálculo do imposto é:

I - na saída de mercadoria prevista nos incisos I, III e IV do art. 12,


o valor da operação;

§ 1º Integra a base de cálculo do imposto, inclusive na hipótese


do inciso V do caput deste artigo:

II - o valor correspondente a:

a) seguros, juros e demais importâncias pagas, recebidas ou


debitadas, bem como descontos concedidos sob condição;

Descontos concedidos pelo fornecedor, sem nenhuma condição, não integra a base de PAGE \*
cálculo do ICMS. 25
MERGEFO

Segundo a Lei Complementar 123/06 (Simples Nacional): RMAT2

Art. 18. (...)

§ 1º Para efeito de determinação da alíquota nominal, o sujeito passivo utilizará a


receita bruta acumulada nosCPF: 070.201.426-56
doze meses anteriores ao do período de apuração.

ITEM II - INCORRETO. Há duas situações a serem verificadas, tidas no item como de


mesmo fim (mas que importam em soluções distintas):

1. Se o fato gerador que não se consumou (pode ocorrer compensação)

2. Se o fato gerador se realizou com base de cálculo a menor (não seria caso de
compensação).

O STF pronunciou-se sobre o caso no RECURSO EXTRAORDINÁRIO 593.849 (MG):

MANDADO DE SEGURANÇA PREVENTIVO - SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA PROGRESSIVA –


DIFERENÇA APURADA ENTRE A BASE DE CÁLCULO PRESUMIDA E A BASE DE CÁLCULO
DO REAL VALOR DE VENDA DO PRODUTO – COMPENSAÇÃO DE CRÉDITOS DE ICMS –
POSSIBILIDADE APENAS NO CASO DO FATO GERADOR NÃO SE REALIZAR. Só é devida a
restituição ou complementação do imposto pago na hipótese de não realização do fato
gerador, no caso de substituição tributária progressiva, possuindo a base de cálculo do
ICMS caráter definitivo, não sendo devida quando apurada diferença entre a base de

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cálculo presumida e a base de cálculo do real valor de venda do produto ao consumidor


final”.

III. CORRETO. Item em acordo com a CF/88, art. 155, §2º):

IX - incidirá também:

a) sobre a entrada de bem ou mercadoria importados do exterior por pessoa física ou


jurídica, ainda que não seja contribuinte habitual do imposto, qualquer que seja a sua
finalidade, assim como sobre o serviço prestado no exterior, cabendo o imposto ao
Estado onde estiver situado o domicílio ou o estabelecimento do destinatário da
mercadoria, bem ou serviço; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 33, de
2001).

IV. CORRETO. De acordo com a CF/88, (CF Art. 155 §2º, IV e V):

IV - resolução do Senado Federal, de iniciativa do Presidente da


República ou de um terço dos Senadores, aprovada pela maioria
absoluta de seus membros, estabelecerá as alíquotas aplicáveis
às operações e prestações, interestaduais e de exportação;

V - é facultado ao Senado Federal:

a) estabelecer alíquotas mínimas nas operações internas, PAGE \*


mediante resolução de iniciativa de um terço e aprovada pela 26
MERGEFO

RMAT2
maioria absoluta de seus membros;

b) fixar alíquotas máximas nas mesmas operações para resolver


conflito específico que envolva interesse de Estados, mediante
resolução de iniciativa da maioria absoluta e aprovada por dois
terçosCPF:
de seus070.201.426-56
membros;

QUESTÃO 17

Sobre os crimes contra a ordem tributária, assinale a alternativa CORRETA:

A) O pagamento integral do débito tributário, incluindo todos os acessórios, extingue a


punibilidade do agente, mesmo se realizado após o oferecimento da denúncia.

B) O crime de apropriação indébita tributária não se aplica à omissão de recolhimento


de ICMS próprio.

C) É cabível a tipificação da tentativa de sonegação fiscal com base no art. 1º, incisos I a
IV, da Lei nº 8.137/90.

D) As modalidades culposas dos crimes contra a ordem tributária não dependem da


prévia constituição do crédito tributário.

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RESPOSTA: A

COMENTÁRIOS

A) CORRETA.

Importante o conhecimento do artigo 83 da lei 9.430/1996:

Art. 83. A representação fiscal para fins penais relativa aos


crimes contra a ordem tributária previstos nos arts. 1o e 2o da Lei
no 8.137, de 27 de dezembro de 1990, e aos crimes contra a
Previdência Social, previstos nos arts. 168-A e 337-A do Decreto-
Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), será
encaminhada ao Ministério Público depois de proferida a
decisão final, na esfera administrativa, sobre a exigência fiscal do
crédito tributário correspondente. (Redação
dada pela Lei nº 12.350, de 2010)

§ 4o Extingue-se a punibilidade dos crimes referidos


no caput quando a pessoa física ou a pessoa jurídica relacionada
com o agente efetuar o pagamento integral dos débitos PAGE \*
oriundos de tributos, inclusive acessórios, que tiverem sido 27
MERGEFO
objeto de concessão de
parcelamento. (Incluído pela Lei nº 12.382, de RMAT2
2011).

No entanto, ainda não havia um posicionamento na lei acerca da extinção


mesmo após o recebimento da denúncia. O que foi firmado pela jurisprudência.
CPF: 070.201.426-56
AÇÃO PENAL. EX-PREFEITO E ATUAL DEPUTADO FEDERAL.
DENÚNCIA DE INFRAÇÃO AO DECRETO-LEI 201/1967, ART. 1º, III
E IX. APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA. EMENDATIO
LIBELLI. ABSOLVIÇÃO EM RELAÇÃO A PARCELA DA
APROPRIAÇÃO, EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE PELO
PAGAMENTO, EM RELAÇÃO AO MAIS. 1. A apropriação indébita
previdenciária (art. 168-A do Código Penal) prevalece sobre o
tipo previsto no art. 1º, XIV, do Decreto-Lei 201/1967, quando a
hipótese versa descumprimento de lei municipal atinente a
recolhimento a autarquia previdenciária. 2. Ausência de
descrição própria de desvio de renda pública, independente da
suposta apropriação indébita, leva à absolvição, sobretudo
quando a prova dos autos evidencia não ter havido o suposto
fato. Improcedência da denúncia, no ponto. 3. Incide, no caso, o
entendimento de que o pagamento do tributo, a qualquer

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tempo, extingue a punibilidade do crime tributário.


Precedente. (AP 450, Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI, Segunda
Turma, julgado em 18/11/2014, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-028
DIVULG 10-02-2015 PUBLIC 11-02-2015)

PENAL. RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. CRIME


CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA. PAGAMENTO INTEGRAL DO
TRIBUTO. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE. CONSTRANGIMENTO
ILEGAL EVIDENCIADO. TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL.

1. É possível o reconhecimento da extinção de punibilidade,


mesmo após o recebimento da denúncia, quando existe prova
convergente e pré-constituída no sentido da ocorrência do
pagamento integral dos tributos devidos. Precedentes.

2. No caso, as informações prestadas pelo Chefe do Núcleo Fiscal


de Cobrança de Marília/SP indicam que, após a inscrição do
débito em dívida ativa, foram realizados três recolhimentos, em
13/6/2016, 11/7/2016 e 22/7/2016, suficientes para liquidar
integralmente o valor devido.

3. Recurso provido para trancar a ação penal na origem. PAGE \*


(RHC 98.508/SP, Rel. Ministro ANTONIO SALDANHA PALHEIRO,
28
MERGEFO
SEXTA TURMA, julgado em 23/10/2018, DJe 13/11/2018) RMAT2
B) INCORRETA. Após o julgamento do HC 399.109, a 3ª Seção do STJ entendeu que
também configura crime de apropriação indébita tributária o destaque do ICMS na nota
fiscal sem o respectivo recolhimento do imposto devido em operações próprias cujo
CPF:
“ônus financeiro” foi repassado 070.201.426-56
no preço pago pelo consumidor final. O fator distintivo
entre o mero inadimplemento de tributo — que é um fato atípico — e a apropriação
indébita tributária, seria o dolo do contribuinte de manter sob sua posse a parcela do
preço produto que se refere ao ICMS devido ao Estado.

O tema foi submetido ao STF, o qual analisou a questão nos autos do Recurso em Habeas
Corpus 163.334, onde entendeu que configura crime contra a ordem tributária, com
fundamento no artigo 2º, II, da Lei 8.137/1990, o não pagamento do ICMS-próprio
destacado na nota fiscal e declarado ao Fisco.

C) INCORRETA. O crime não envolve tentativa, pois até o final do prazo para que se
cumpra a obrigação acessória, ela não produzirá efeitos.

De acordo com a SV 24: “Não se tipifica crime material contra a ordem tributária,
previsto no artigo 1º incisos I a IV da lei 8.137/90, antes do lançamento definitivo do
tributo”.

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A súmula cita o artigo 1º, inciso I a IV da Lei 8.137/90. Nos crimes do artigo 1º, inciso I,
II, III e IV da Lei 8.137/90 que são crimes materiais contra a ordem tributária, não se
tipifica o crime antes do lançamento definitivo do tributo. Logo, fica inviável falarmos
em tentativa neste caso.

D) INCORRETA. No que toca aos crimes contra a ordem tributária, a figura do dolo é
indispensável, já que as condutas tipificadas nos artigos da Lei n. 8.137/90 são puníveis,
meramente, na modalidade dolosa por inexistir previsão da punibilidade na modalidade
culposa devido à intenção do agente de fraudar a Fazenda Pública, através da prática de
atos abalizados para tanto, não caracterizando o delito penal o simples fato de abster-
se de honrar com seu débito fiscal, evento que corrobora para a aplicação de infrações
tributárias anteriormente distinguidas.

Os tipos inseridos na lei de crimes contra a ordem tributária são, em regra, dolosos, ou
seja, determinam uma vontade livre e consciente de produzir um crime contra a ordem
tributária. A exceção de delito culposo que se tem na Lei 8.137/90 compreende-se a
tipos referente aos crimes contra a relação de consumo, existente no art. 7º, parágrafo
único.

Como a alternativa refere-se exclusivamente aos crimes contra a ordem tributária, (e


não de consumo (embora tratados pela mesma lei neste caso), encontra-se equivocada.
PAGE \*
29
MERGEFO

QUESTÃO 18 RMAT2
A pandemia da Covid-19 impôs desafios aos gestores públicos. Em razão disso, o Poder
Legislativo federal promoveu relativizações na Lei de Responsabilidade Fiscal. As
alternativas a seguir correspondem a uma dessas relativizações, EXCETO:
CPF: 070.201.426-56
A) A concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de natureza tributária da qual
decorra renúncia de receita independe de estimativa do impacto orçamentário-
financeiro no exercício em que deva iniciar sua vigência e nos dois seguintes, quando
decretado estado de calamidade pública e desde que o incentivo ou benefício, a criação
ou o aumento da despesa sejam destinados ao combate à calamidade pública.

B) Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão realizar aditamento contratual


que suspenda os pagamentos devidos no exercício financeiro de 2020, incluindo o
principal e quaisquer outros encargos de operações de crédito interno e externo
celebradas com o sistema financeiro e instituições multilaterais de crédito, desde que
os aditamentos sejam firmados no exercício financeiro de 2020.

C) A criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação governamental que acarrete


aumento da despesa durante a vigência de estado de calamidade pública decretado pelo
Chefe do Poder Executivo independe de estimativa do impacto orçamentário-financeiro
no exercício em que devam entrar em vigor e nos dois subsequentes.

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D) A suspensão, na forma do regulamento, dos pagamentos dos refinanciamentos de


dívidas dos Municípios com a Previdência Social com vencimento entre 1º de março e
31 de dezembro de 2020.

RESPOSTA: C

COMENTÁRIOS

A alternativa C, a ser marcada, encontra-se em desacordo com a LC 101/2000, por força


do artigo 16 da LC 101/2000, logo deveria ser marcada em prova.

Art. 16. A criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação governamental que acarrete


aumento da despesa será acompanhado de:

I - estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva entrar em


vigor e nos dois subsequentes;

QUESTÃO 19

Sobre as garantias e vedações dos membros do Ministério Público, analise as assertivas


abaixo e assinale a alternativa CORRETA: PAGE \*
30
MERGEFO
I. É vedado aos membros do Ministério Público que ingressaram na instituição após a
Constituição de 1988 o exercício de cargos comissionados no Poder Executivo, ainda que RMAT2
com funções inerentes às funções institucionais do Parquet.

II. A filiação político-partidária de membros do Ministério Público é vedada, ressalvada


a hipótese de prévio licenciamento, exoneração ou aposentadoria.
CPF: 070.201.426-56
III. As garantias da inamovibilidade e independência funcional impedem que o
Procurador-Geral de Justiça realize designações, ainda que excepcionais, de membro do
Ministério Público para acompanhar inquérito policial ou diligência investigatória.

IV. Os dois primeiros anos de efetivo exercício na carreira são considerados de estágio
probatório, durante os quais será examinada pelo Conselho Superior do Ministério
Público, pela Corregedoria-Geral do Ministério Público e pelo Centro de Estudos e
Aperfeiçoamento Funcional a conveniência da permanência na carreira e do
vitaliciamento do membro da instituição.

A) As assertivas I e II estão corretas.

B) As assertivas II e IV estão corretas.

C) As assertivas I e IV estão corretas.

D) As assertivas I e III estão corretas.

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RESPOSTA: C

COMENTÁRIOS

Alternativas I e IV estão corretas.

Os itens II e III estão equivocados pelos motivos abaixo:

Item II - A filiação político-partidária de membros do Ministério Público é vedada por


força do art. 128, § 5º, II, e), sem exceção feita à prévio licenciamento, o que só poderia
ser entendido como correto se o examinador especificasse a condição dos membros do
MP que ingressaram antes da CF/88, o art. 29, § 3º, do ADCT, em que se permitiu a
opção pelo regime jurídico anterior, o que lhes acabou facultando, em consequência, o
exercício da atividade político-partidária, ainda que sem licença do cargo.

Item III - Esse caso não ofende o princípio do promotor natural, que combate
designações casuísticas de membros, em nítido caráter de perseguição (STF, HC
136.503), o que não fica claro no enunciado. Não há ilegalidade nas designações de
membro do Ministério Público para acompanhar inquérito policial ou diligência
investigatória.
PAGE \*
31
MERGEFO
QUESTÃO 20
RMAT2
Correspondem a hipóteses de crime eleitoral, EXCETO:

A) Divulgar pesquisa eleitoral fraudulenta.

B) Publicar novos conteúdos ou impulsionamento de conteúdos através da internet, no


CPF: 070.201.426-56
dia da eleição.

C) Manter, movimentar ou utilizar qualquer recurso ou valor paralelamente à


contabilidade exigida pela legislação eleitoral.

D) Usar, na propaganda eleitoral, símbolos, frases ou imagens, associados ou


semelhantes às empregadas por órgão de governo.

RESPOSTA: C

COMENTÁRIOS

É importante destacar ao aluno que os crimes eleitorais não estão exclusivamente


elencados no código eleitoral. As alterna

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A) INCORRETA. A conduta é tida por crime de acordo com o art. 33, § 4º da Lei das
Eleições: “A divulgação de pesquisa fraudulenta constitui crime, punível com detenção
de seis meses a um ano e multa no valor de cinqüenta mil a cem mil UFIR”.

B) INCORRETA. De acordo com o art. 39, § 5º, da Lei das Eleições: “Constituem crimes,
no dia da eleição, puníveis com detenção, de seis meses a um ano, com a alternativa de
prestação de serviços à comunidade pelo mesmo período, e multa no valor de cinco mil
a quinze mil UFIR: (...)

IV - a publicação de novos conteúdos ou o impulsionamento de conteúdos nas aplicações


de internet de que trata o art. 57-B desta Lei, podendo ser mantidos em funcionamento
as aplicações e os conteúdos publicados anteriormente. (Incluído dada pela Lei
nº 13.488, de 2017)”.

C) CORRETA (pois se trata da exceção). A questão é polêmica e a redação um tanto


confusa (entendemos que, inclusive, deveria ser anulada). De acordo com a resposta
da banca, a conduta de caixa 2 não teria um crime eleitoral correspondente de forma
imediata. Ocorre que o TSE posição consolidada que a conduta pode ser caracterizadas
como o crime de “falsidade ideológica eleitoral”, conforme abaixo:

Art. 350. Omitir, em documento público ou particular, declaração


que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração PAGE \*
falsa ou diversa da que devia ser escrita, para fins eleitorais: 32
MERGEFO
Pena - reclusão até cinco anos e pagamento de 5 a 15 dias-multa, RMAT2
se o documento é público, e reclusão até três anos e pagamento
de 3 a 10 dias-multa se o documento é particular.

Segue, inclusive, julgado do TSE sobre o tema:


CPF: 070.201.426-56
“[...] 5. Esta Corte Superior já decidiu que a doação eleitoral por meio de caixa dois e a
omissão de recursos na prestação de contas de campanha eleitoral podem configurar
o crime previsto no art. 350 do CE, não sendo exigido que a conduta ilícita tenha sido
cometida necessariamente durante o período eleitoral, porquanto a caracterização da
finalidade eleitoral está relacionada ao potencial dano às atividades–fins desta Justiça
especializada. 6. O tipo penal da falsidade ideológica eleitoral objetiva proteger a fé
pública eleitoral do falso conteúdo posto em documento verdadeiro, consumando–se
com a simples potencialidade do dano, de natureza eleitoral, visado pelo agente, não
sendo imprescindível, para a sua configuração, a efetiva ocorrência de prejuízo. É delito
formal, cuja consumação independe de qualquer resultado naturalístico ou efetiva lesão
à administração eleitoral. 7. No caso, a potencialidade lesiva do ilícito de falsidade
ideológica eleitoral surgiu quando foi instrumentalizada a intenção de prejudicar a
regularidade da prestação de contas pelo candidato que participou da disputa eleitoral.
A investigação [...] está relacionada à inserção de declaração ideologicamente falsa no

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conjunto da prestação de contas de campanha, composta por diversos documentos


(idôneos e inidôneos), apresentada à Justiça Eleitoral. [...]”

(Ac. de 2.6.2020 no CC nº 060073781, rel. Min. Og Fernandes.)

É importante mencionar que este assunto caiu na prova oral do MP-MG 2020 e que foi
comentado no vídeo abaixo pelo professor Arnaldo Bruno, quando analisou algumas
questões de direito eleitoral exigidas no concurso:

Link: https://youtu.be/Sm4BV12OBs0

Para considerar esta a assertiva a ser marcada em prova, só podemos imaginar que o
examinador quis questionar se havia um crime específico de caixa 2 com a redação das
condutas como ele elencou na alternativa, o que (até o momento) realmente não
existe. Mas a conduta é sim tida como crime e pode ser tipificada no artigo 350 do
Código eleitoral, o que nos soa uma redação e intenção um tanto polêmicas como
posta ao candidato do concurso, que precisa de total clareza do enunciado para
compreender como direcionar sua resposta. Registramos, portanto, críticas à essa
questão, que com boa vontade poderia ter sido melhor apresentada para o mesmo
fim.

D) INCORRETA. A conduta é tida como crime, de acordo com o art. 40 da Lei das
Eleições: PAGE \*
33
MERGEFO
“O uso, na propaganda eleitoral, de símbolos, frases ou imagens, associadas ou
semelhantes às empregadas por órgão de governo, empresa pública ou sociedade de RMAT2
economia mista constitui crime, punível com detenção, de seis meses a um ano, com a
alternativa de prestação de serviços à comunidade pelo mesmo período, e multa no valor
de dez mil a vinte mil UFIR”.
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GRUPO II
(PENAL, CRIMINOLOGIA E PROCESSO PENAL)

QUESTÃO 21

Acerca da relação de causalidade e da teoria da imputação objetiva, é INCORRETO


afirmar:

A) Para a denominada “teoria da equivalência”, é causal, no sentido jurídico-penal, toda


e qualquer condição que não possa ser suprimida mentalmente, em um juízo hipotético
de eliminação, sem que o resultado seja excluído.

B) A “teoria da conditio sine qua non” não faz distinção entre causa e condição.

C) As denominadas concausas preexistentes relativamente independentes não afastam


a imputação do resultado.

D) De acordo com a denominada “teoria do aumento ou incremento do risco”, ainda


que haja certeza - em um juízo ex post -, sobre a ineficácia do comportamento lícito
alternativo, a imputação do resultado não deve ser excluída.

PAGE \*
RESPOSTA D 34
MERGEFO
COMENTÁRIOS RMAT2
A) CORRETA. A teoria da equivalência das condições equipara causa e condição, de
forma que todo e qualquer evento que faça parte da cadeia causal é considerado causa
para a teoria.
CPF: 070.201.426-56
B) CORRETA. A teoria da equivalência das condições equipara causa e condição, de
forma que todo e qualquer evento que faça parte da cadeia causal é considerado causa
para a teoria.

C) CORRETA. As concausas preexistentes, quanto relativamente independentes, aderem


a um curso causal posteriormente deflagrado, unindo forças para produzir o resultado,
motivo pelo qual não afastam a imputação do resultado.

D) INCORRETA. No segundo nível de imputação, trabalha com as condutas alternativas


conforme ao direito, partindo da premissa que se o agente eleva o risco, mas o
comportamento exigido não alteraria o resultado, há exclusão da imputação.

Em exemplo, citado por Roxin e Jakobs, o diretor de uma fábrica de pincéis entrega
às suas trabalhadoras pelo de cabra-china para confecção de pincéis, sem esterilizá-
los previamente conforme dispõe a norma, causando a morte de quatro
trabalhadoras que foram infectadas com bacilos de carbunco. Posteriormente, a
investigação realizada comprova que ainda que tivesse sido utilizado o desinfetante

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prescrito, esse seria ineficaz contra o bacilo.


No exemplo, não há dúvidas quanto a omissão do diretor da fábrica, mas o resultado
morte não lhe pode ser imputado porque o risco criado não produziu reflexos no
resultado. Dessarte, comparando-se a conduta conforme o Direito, confrontando-se
a conduta praticada e a conduta adequada, ainda assim o resultado teria ocorrido
(Direito Penal para concursos, Fernando Abreu).

QUESTÃO 22

No que se refere aos delitos de roubo e de extorsão mediante sequestro, é CORRETO


afirmar:

A) No delito de roubo, a pena aumenta-se de 2/3 (dois terços) se ocorre destruição de


obstáculo, em qualquer caso.

B) No delito de roubo, a pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade caso haja
emprego de arma de fogo.

C) Na extorsão mediante sequestro, o resultado morte pode derivar do emprego de


grave ameaça.

D) O delito de extorsão, que é de natureza formal, não admite a modalidade tentada. PAGE \*
35
MERGEFO

RMAT2
RESPOSTA: C

COMENTÁRIOS

A) INCORRETA. Consoante dispõe o Art. 157, § 2º-A do Código Penal, com redação dada
CPF: 070.201.426-56
pelo Lei 13.654/18, a pena aumenta de 2/3 (dois terços) nos seguintes casos:

I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo;

II – se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego de explosivo


ou de artefato análogo que cause perigo comum.

Assim, verifica-se que a causa de aumento não recai sobre qualquer conduta que
acarrete destruição ou rompimento de obstáculo, mas tão somente naquela em que é
praticada mediante emprego de explosivo ou artefato análogo e que cause perigo
comum.

B)INCORRETA. Consoante exposto alhures, aduz o art. 157, § 2º-A do Código Penal que
a pena aumenta de 2/3 (dois terços):

I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo;

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ATENÇÃO! Se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma de fogo de


uso restrito ou proibido, aplica-se em dobro a pena prevista no caput do art. 157 do
CP.

C)CORRETA. O núcleo do tipo é a ação de constranger, que se traduz em uma obrigação,


em uma imposição, realizada sob forma de grave ameaça ou violência à pessoa.
Consoante a melhor doutrina, é um crime de forma vinculada, já que exige mecanismos
específicos e para a produção do constrangimento: ameaça ou violência. Ademais, não
há limites para a forma de ameaça prevista como meio de realização do
constrangimento. Apenas é certo que ela deve ser grave, ou seja, revestir-se de
importância. Os objetos da ameaça, inclusive, não se restringem à promessa do mal
físico, podendo consistir em “promessa de revelar fatos escandalosos ou difamatórios,
segredos e etc... A violência, por sua vez, pode ser qualquer forma de agressão, desde
as lesões corporais até as vias de fato.

D) INCORRETA. De fato, trata-se de crime formal ou de consumação antecipada, uma


vez que, presente o constrangimento que leva alguém a fazer, tolerar que se faça ou
deixar de fazer alguma coisa, o crime está consumado antes da obtenção da pretendida
vantagem econômica.

O tema foi sumulado pelo Superior Tribunal de Justiça (Súmula 96) que, corretamente,
entendeu que: “O crime de extorsão consuma-se independentemente da obtenção da PAGE \*
vantagem indevida”.
36
MERGEFO

Não obstante, a tentativa é possível, já que pode ser que o agente empregue a violência RMAT2
ou a grave ameaça contra pessoa, e não consiga produzir o resultado pretendido de que
esta faça, tolere que se faça, ou deixe de fazer alguma coisa.

CPF: 070.201.426-56
QUESTÃO 23

Quanto ao dolo, é INCORRETO afirmar:

A) No dolo direto de segundo grau, o agente representa que o resultado ilícito colateral
seguramente ocorrerá, mesmo que o resultado principal, por ele buscado, não se
concretize.

B) Segundo a doutrina majoritária, no dolo eventual, o agente representa o resultado


ilícito como possível e leva a sério a possibilidade de sua realização, conformando-se
com ele. Já na culpa consciente, o agente representa o resultado ilícito como possível,
mas confia seriamente que não ocorrerá, e não se põe de acordo com ele.

C) No dolo direto de primeiro grau, o resultado buscado pode ser uma etapa
intermediária (meio) para a obtenção do objetivo final.

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D) Embora se exija a coincidência entre o dolo e o fato (princípio da simultaneidade), e


ainda que, por tal razão, sejam inadmissíveis o dolus antecedens e o dolus subsequens,
a presença do dolo no transcorrer de toda a fase executiva é dispensável, bastando que
o agente ponha em marcha o processo de causação do resultado, mesmo que abandone
o curso causal à própria sorte.

RESPOSTA: A

COMENTÁRIOS

A) Incorreta. Havendo a segurança de que o resulto colateral ocorrerá, o dolo deixa de


ser de segundo grau ser de primeiro grau. O dolo indireto ou indeterminado, por outro
lado, é aquele no qual a vontade do agente engloba, além do resultado desejado – matar
a vítima – as consequências necessárias advindas dos meios escolhidos ou forma de
utilização desses para realização do resultado, isto é, o efeito intencionalmente
perseguido pelo autor (...) ainda mais desejado que a evitação da consequência
necessariamente a ele unida, e, por isso, se lhe imputa como querida a consequência
necessária.

B) CORRETA. A distinção tradicional entre dolo eventual e culpa consciente, não


obstante receber construções diversas na doutrina, pauta-se, precipuamente, na teoria PAGE \*
de Stratenwerth, de tomar a sério o perigo.
37
MERGEFO

C) CORRETA. O fenômeno pode ser verificado nos crimes de intenção. RMAT2

D) CORRETA. A construção deriva da teoria da imputação objetiva, especialmente da


criação ou incremento do risco proibido, em paralelo com o dever jurídico de impedir o
resultado em razão do risco criado. Em síntese, após ter deflagrado o risco, o agente,
CPF: 070.201.426-56
mesmo não querendo mais o resultado, responderá por esse se não afastá-lo.

QUESTÃO 24

A respeito do delito de lavagem de dinheiro, é INCORRETO afirmar:

A) A condenação pelo delito de lavagem de dinheiro não pressupõe a determinação da


autoria do delito antecedente.

B) O delito de lavagem de dinheiro pode ter por antecedente uma contravenção penal,
pois o sistema brasileiro opera com o chamado rol aberto de infrações anteriores.

C) Se o agente participa do delito principal antecedente, a subsequente lavagem de


dinheiro configura um post factum impunível.

D) Na legislação brasileira, o delito de lavagem de dinheiro não é punível na modalidade


culposa, sendo exigível o dolo em todas as modalidades típicas.

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RESPOSTA: C

COMENTÁRIOS

A) CORRETA. Dispõe o art. 2º, § 1º, da Lei de Lavagem de Capitais: “a denúncia será
instruída com indícios suficientes da existência da infração penal antecedente, sendo
puníveis os fatos previstos nesta Lei, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor,
ou extinta a punibilidade da infração penal antecedente”.

B) CORRETA. Com a publicação da Lei nº 12.683/12, todo e qualquer crime ou


contravenção penal que gere bens ou valores ilícitos pode ser considerado infração
penal antecedente ao delito de lavagem.

A esse respeito, aduz o professor Renato Brasileiro:

“para além de revogar os incisos I a VIII do art. 1° da Lei n° 9.613/98, pondo fim ao rol
taxativo de infrações antecedentes, a Lei n° 12.683/12 alterou a redação do caput do
art. 1°, que passou a prever que a lavagem de capitais estará caracterizada quando
houver a ocultação ou dissimulação de bens, direitos ou valores, provenientes, direta
ou indiretamente, de infração penal, o que significa dizer que, doravante, toda e
qualquer infração penal - crime ou contravenção penal - poderá figurar como PAGE \*
antecedente da lavagem de capitais. (Lima, Renato Brasileiro de. Legislação criminal 38
MERGEFO
especial comentada: volume único I. 4. ed. rev., atual. e ampl.- Salvador: JusPODIVM,
2016). RMAT2

C) INCORRETA. Devendo ser assinalada. O delito de Lavagem de Dinheiro não constitui


post factum impunível em relação à infração penal antecedente. Embora o delito de
Lavagem de Dinheiro seja um crime acessório, ele não configura post factum impunível
CPF: 070.201.426-56
em relação à infração penal antecedente, havendo concurso de crimes. STJ. (...) Por
definição legal, a lavagem de dinheiro constitui crime acessório e derivado, mas
autônomo em relação ao crime antecedente, não constituindo post factum impunível,
nem dependendo da comprovação da participação do agente no crime antecedente
para restar caracterizado (...). REsp 1342710/PR, Rel. Min. Maria Tereza de Assis Moura,
julgado em 22/04/2014.

D) CORRETA. Três situações são discutidas pela jurisprudência. A primeira delas ocorre
quando o acusado conhece a origem ilícita do dinheiro e age com dolo (intenção) de
ocultá-lo. A segunda é definida como lavagem culposa, quando o acusado não faz ideia
de que os valores recebidos são ilícitos. Por último, a lavagem com dolo eventual -
quando o acusado assume o risco de receber o dinheiro diante da desconfiança de que
ele tenha origem ilícita.

Para o Supremo Tribunal Federal, não há dúvidas quanto à possibilidade de


condenação quando há provas de que o acusado recebeu valores cuja origem ilícita

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ele conhecia e atuou para ocultá-la. Foi essa intenção de esconder a origem do
dinheiro sujo que baseou as condenações por lavagem em relação a outros réus do
mensalão, por exemplo. Em relação à lavagem culposa os ministros já demonstraram
haver consenso de que ela não é passível de punição, na medida em que o acusado
não tinha como saber da origem ilícita do dinheiro recebido.

Não obstante, é a lavagem de dinheiro com dolo eventual que causa debate entre os
Ministros da Corte. No julgamento da AP 470/MG (conhecido como "Mensalão"), o
STF utilizou como argumento para condenações por lavagem de dinheiro, a título de
dolo eventual, com fulcro na teoria da cegueira deliberada.

Nesse sentido, o professor Renato Brasileiro de Lima aduz que, “por força da teoria da
cegueira deliberada, aquele que renuncia a adquirir um conhecimento hábil a subsidiar
a imputação dolosa de um crime responde por ele como se tivesse conhecimento. Basta
pensar no exemplo de comerciante de joias, que suspeita que alguns clientes possam
estar lhe entregando dinheiro sujo para a compra de pedras preciosas com o objetivo
de ocultar a origem espúria do numerário, optando, mesmo assim, por criar barreiras
para não tomar ciência de informações mais precisas aceca dos usuários de seus
serviços.

PAGE \*
QUESTÃO 25 39
MERGEFO

Segundo a “teoria limitada da culpabilidade”, é INCORRETO afirmar: RMAT2


A) O erro inevitável sobre a existência ou sobre os limites legais de uma causa de
justificação exclui a culpabilidade, mas mantém intacto o dolo do tipo.

B) Conforme a “teoria da acessoriedade limitada”, o erro de proibição indireto ou


CPF: 070.201.426-56
permissivo, por parte do autor, não exclui a responsabilidade penal do partícipe.

C) O denominado erro de proibição mandamental ou erro de mandato ocorre nos delitos


omissivos, incidindo sobre a norma que obriga o agente a atuar para a evitação do
resultado, seja como garante (art.13, §2°, do CP), seja em face do dever geral de socorro
(art. 135 do CP). Se invencível, o erro de mandato exclui a culpabilidade.

D) O erro de tipo permissivo afasta o dolo típico, exceto se derivar de motivos


censuráveis, tais como a indiferença ou a hostilidade ao direito.

RESPOSTA D

COMENTÁRIOS

A) CORRETA. Referido erro ataca a culpabilidade e não o tipo penal;

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B) CORRETA. A teoria da acessoriedade da culpabilidade afasta a necessidade da


presença da culpabilidade fins de imputação do resultado, de forma que erro do autor,
que gera o afastamento da culpabilidade, não afasta a responsabilidade do partícipe.

C) CORRETA. Teor do art. 21 do CP. A hipótese trata do erro de proibição, vez que incide
sobre a norma/dever e não sobre as circunstâncias de fato.

D) INCORRETA. O erro de tipo permissivo só afasta o dolo típico no caso de erro sobre
os pressupostos de uma causa de justificação. Nos demais casos, erro sobre os limites e
existência, o dolo permanece intacto.

QUESTÃO 26

Acerca do concurso de agentes, é CORRETO afirmar:

A) É possível a autoria mediata em crimes de mão própria.

B) De acordo com a perspectiva unitária-formal, pode haver participação em delito


culposo, mas não pode haver coautoria.

C) Na autoria mediata, a punibilidade do homem de trás exige, ao menos, o início de


execução do crime pelo agente-instrumento. PAGE \*
D) Na autoria colateral, os agentes atuam subjetivamente vinculados, mas não se 40
MERGEFO
consegue determinar qual das condutas (exemplo: disparos de arma de fogo contra a RMAT2
vítima) produziu o resultado (morte ou lesões). Neste caso, ocorrendo consumação,
ambos os agentes respondem pelo resultado.

CPF: 070.201.426-56
RESPOSTA C

COMENTÁRIOS

A) INCORRETA. Segundo o entendimento dominante, não cabe autoria mediata nos


crimes de mão própria, vez que o autor mediato, por não reunir os atributos pessoais
para realização do tipo, não pode se valer de alguém para tanto. Somente o próprio
agente pode realizar o tipo penal.

B) INCORRETA. Segundo entendimento dominante, é perfeitamente possível a


coautoria nos crimes culposos, quando ambos os agentes violam o dever objetivo de
cuidado.

C) CORRETA. De fato, se o próprio autor/executor não pode ser punido se o crime não
for ao menos tentado, com maior razão se exige o início dos atos de execução para
responsabilização do autor mediato.

D) INCORRETA. Na autoria colateral não há vinculação subjetiva.

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QUESTÃO 27

Sobre a tentativa, é INCORRETO afirmar:

A) João desfere, com necandi animo, disparos de arma de fogo contra Pedro, atingindo-
o no abdômen, e acredita que o resultado morte almejado ocorrerá, por força das lesões
provocadas. João deixa, por tal razão, de desferir disparos adicionais, embora pudesse
fazê-lo, mas o resultado morte não ocorre, em virtude do socorro médico recebido pela
vítima. Configura-se, neste caso, uma tentativa perfeita ou acabada.

B) No delito de loteamento clandestino ou desautorizado, se o agente dá início ao


desmembramento do solo para fins urbanos, sem autorização do órgão público
competente, a infração desde logo se consuma.

C) Para efeitos da redução da pena, na tentativa, o juiz deve levar em consideração o


iter criminis percorrido, além da intensidade do dolo e de outros fatores subjetivos
relevantes, tais como os antecedentes do agente.

D) João ministra veneno a Pedro e, em seguida, arrependido, lhe oferece o antídoto,


cuja ingestão é recusada pelo ofendido, que acredita tratar-se de mais veneno. Nesta
situação, ocorrendo o resultado morte, o arrependimento eficaz não se configura. PAGE \*
41
MERGEFO

RESPOSTA: C RMAT2

COMENTÁRIOS

A) CORRETO. Na tentativa perfeita, o agente esgota todos os meios executórios que


CPF:
estavam à disposição, e mesmo assim070.201.426-56
não sobrevém a consumação por circunstâncias
alheias à vontade do agente. Pode ser cruenta, quando atinge o objeto material, como
no caso narrado na questão, ou incruenta quando não o atinge.

B) CORRETO. A prática de qualquer núcleo do art. 50, I da Lei n° 6.766/79, que


contempla crime formal contra a Administração Pública, já implica consumação do
crime e prosseguimento de atos de implantação e alienação do loteamento não
constituem prolongamento da ação delitiva, mas mero exaurimento da conduta antes
perpetrada.

ATENÇÃO! O crime de parcelamento do solo urbano é instantâneo de efeitos


permanentes e não crime permanente, conforme Jurisprudência dominante no STF e
STJ.

C) INCORRETA. Devendo ser assinalada. “O juiz deve levar em consideração apenas e


tão somente o iter criminis percorrido, ou seja, tanto maior será a diminuição quanto
mais distante ficar o agente da consumação, bem como tanto menor será a diminuição

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quanto mais se aproximar o agente da consumação do delito. Não se leva em conta


qualquer circunstancia – objetiva ou subjetiva – tais como crueldade no cometimento
do delito ou péssimos antecedentes do agente. Trata-se de uma causa de diminuição
obrigatória, tendo em vista que se leva em conta o perigo que o bem jurídico sofreu,
sempre diferente na tentativa se confrontando com o crime consumado.” (NUCCI,
Guilherme de Souza. Código Penal Comentado. 11ª ed. São Paulo: RT, 2012, p. 192).

Nesse mesmo sentido decidiu o Supremo Tribunal Federal no HC 118203 / MT.

D) CORRETA. O arrependimento eficaz ocorre quando, esgotados os meios de execução,


o agente atua no sentido de impedir a consumação do crime (art. 15 do CP). Neste caso,
por razões de política criminais, o autor da conduta não será punido pela tentativa, mas
tão somente pelos atos até então praticados.

Ocorre que, no caso em tela, embora o João quisesse evitar a morte de Pedro, o
resultado anteriormente querido se consumou. Assim, não há falar em arrependimento
eficaz quando há consumação do delito. Em outras palavras, para que João se
beneficiasse do instituto, necessário seria evitar a consumação.

QUESTÃO 28
PAGE \*
Sobre a legítima defesa, é INCORRETO afirmar: 42
MERGEFO

A) No excesso intensivo, o agente repele uma agressão existente, mas ultrapassa os RMAT2
limites do necessário para a defesa.

B) As denominadas restrições ético-sociais da legítima defesa relacionam-se, em termos


de proporcionalidade, à necessidade dos meios empregados, não se vinculando à
CPF:do070.201.426-56
ponderação entre os bens jurídicos agressor e do agredido.

C) Como regra geral, considera-se que na legítima defesa não é exigível a fuga do
agredido, pois o direito não deve ceder ao ilícito.

D) É admissível a legítima defesa sucessiva por parte do agressor original contra o


excesso doloso do defendente

RESPOSTA B

COMENTÁRIOS

A) CORRETA. ocorre o excesso intensivo ou próprio quando, presentes os requisitos de


fato de uma causa de justificação, o agente falha na ponderação entre agressão e
reação, fazendo uso de meios desnecessários ou desmoderados na repulsa, isto é, o
excesso ocorre nos meios, na ação ou reação.

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B) INCORRETA. A repulsa à agressão também deve levar em consideração a


proporcionalidade entre os bens jurídicos, de forma que não se admite a legítima defesa
em situações desproporcionais, como na hipótese de “A” matar “B” porque esse o
ofendeu verbalmente.
C) CORRETA. De forma distinta do estado de necessidade, não prepondera, na legítima
defesa, o commodus discessus, a saída mais cômoda, de forma que havendo a
possibilidade de fuga a lei não impõe ao agente que assim o faça para evitar lesão ao
bem jurídico de seu agressor. Ao contrário, assegura-se o direito de defesa como
fundamento de defesa da própria norma jurídica, violada diante da agressão injusta.
D) CORRETA. Ocorre a legítima defesa sucessiva quanto o agente, incialmente agressor,
passa a se defender do excesso da legítima defesa praticado pela vítima original, que se
transforma em agressor. Na hipótese, o agente dá início a uma agressão, prontamente
repelida pela vítima em legítima defesa. Contudo, a então vítima excede-se em seu
comportamento e, mesmo cessada a agressão contra seu bem jurídico, continua a
agredir o ofensor original, agora vítima. Nesse caso, admite-se a chamada legítima
defesa sucessiva.

QUESTÃO 29
PAGE \*
Quanto ao delito de estupro, é INCORRETO afirmar:
43
MERGEFO
A) Ocorrendo lesão corporal grave consumada e conjunção carnal tentada, configura-se
o delito de estupro qualificado pelo resultado lesão grave, na forma tentada. RMAT2

B) A respeito do dissenso da vítima, basta, para a configuração do crime de estupro, que


o agente atue com dolo eventual.
CPF:com
C) O delito de estupro se consuma 070.201.426-56
a prática da conjunção carnal ou de qualquer
outro ato libidinoso dela diverso. Caso ocorram ambas as condutas, trata-se de crime
único.

D) A circunstância de a vítima ser maior de 14 e menor de 18 anos configura uma


qualificadora do tipo-base.

RESPOSTA: A

COMENTÁRIOS

A) INCORRETA. Luiz Regis Prado, advoga pela consumação. Porquanto, tratando-se de


crime preterdoloso, não se admite a tentativa. Para ele, a tentativa qualificada traz o
inconveniente de se prever para o caso de crime sexual do qual resulta morte da vítima
pena mínima inferior àquela abstratamente cominada para o delito de lesões corporais
seguidas de morte (art. 129, §3º, CP), fato por sem dúvida menos gravoso do que o

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primeiro. O melhor entendimento, destarte, é aquele que prima pelo reconhecimento


de que haverá, nessas hipóteses, crime qualificado consumado, não obstante ter o delito
sexual permanecido na forma tentada.

B) CORRETA. O dissenso da vítima deve manter-se do início ao fim em relação à conduta


delituosa. Cabe ressalvar que o dissenso da vítima não requer atitudes heroicas, não é
necessário ferir-se ou até mesmo colocar sua vida em risco.

Ademais, no que diz respeito ao dolo eventual, age assim, por exemplo, quem mantém
conjunção carnal com menor de 14 anos, supondo ter a ofendida idade superior a esta,
atuando em estado de dúvida quanto a tal circunstância.

C) CORRETA. Dispõe o art. 213 do CP que se configura o crime de estupro com


constrangimento, mediante violência ou grave ameaça, ter conjunção carnal ou a
praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso. Ademais, quando o
sujeito, no mesmo contexto fático, constrange a mesma vítima, mediante grave ameaça,
e mantém com ela tanto conjunção carnal como qualquer outro ato libidinoso, como
coito anal, por exemplo, haverá crime único.

D)CORRETA. Trata-se de qualificadora. O § 1º do art. 213 do CP aduz que, “se da conduta


resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor de 18 (dezoito) ou maior
de 14 (catorze) anos”, a pena será de reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos. PAGE \*
44
MERGEFO

QUESTÃO 30 RMAT2

Acerca do delito de tráfico de drogas, é INCORRETO afirmar:

A) A elevada quantidade da droga, por si só, não inibe a incidência do privilégio previsto
CPF: 070.201.426-56
no art. 33, §4°, da Lei 11.343/06.

B) O quantum do redutor previsto no §4° do artigo 33 da Lei de Drogas pode ser


calculado levando se em consideração, dentre outros fatores objetivos, a espécie da
droga apreendida, conforme sua maior ou menor nocividade.

C) É possível a substituição da pena privativa de liberdade por penas restritivas de


direitos no delito de “tráfico privilegiado” (art. 33, §4° da Lei 11.343/06), caso a pena
privativa de liberdade imposta não exceda 4 (quatro) anos e estejam presentes os
demais requisitos subjetivos exigidos na lei.

D) Há bis in idem caso o redutor previsto no §4°do artigo 33 da Lei de Drogas seja
afastado em razão da reincidência e a pena-base seja exasperada por força da referida
agravante genérica.

RESPOSTA: D

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COMENTÁRIOS

A) CORRETA. a quantidade de drogas encontrada não constitui, isoladamente,


fundamento idôneo para negar o benefício da redução da pena previsto no art. 33, § 4º,
da Lei nº 11.343/2006 (HC 138138/SP, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em
29/11/2016. Info 849). STF. 2ª Turma. RHC 138715/MS, Rel. Min. Ricardo Lewandowski,
julgado em 23/5/2017 (Info 866). STF. 2ª Turma. RHC 148579 AgR, Rel. Min. Ricardo
Lewandowski, julgado em 09/03/2018. STJ. 5ª Turma. AgRg-AREsp 1.292.877, Rel. Min.
Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 16/08/2018. STJ. 6ª Turma. AgRg-REsp
1.763.113, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 27/11/2018.

Nesse mesmo sentido, decidiu 3ª Seção do Superior Tribunal de Justiça, no REsp


1.887.511, julgado no ano corrente, que a natureza e a quantidade de drogas são
fatores a serem necessariamente considerados na fixação da pena-base do delito de
tráfico de drogas, conforme o artigo 42 da Lei de Drogas (Lei 11.343/2006). Não
obstante, utilização supletiva na terceira fase da dosimetria, para afastar o redutor do
chamado tráfico privilegiado, só pode ocorrer quando for conjugada com outras
circunstâncias, que, juntas, caracterizam a dedicação do agente à atividade criminosa.
Nesse sentido, a conclusão foi de que quantidade de drogas, por si só, não deve impedir
redutor de pena.

B) CORRETA. ‘‘Esta Corte Superior tem decidido que a quantidade, a variedade e a PAGE \*
nocividade da droga apreendida evidenciam a dedicação à atividade criminosa e, em
45
MERGEFO

decorrência, podem embasar o não reconhecimento da minorante do § 4º do art. 33 RMAT2


da Lei n. 11.343/2006. [...] Deve ser mantida a fração redutora de 1/6, pelo
reconhecimento da causa de diminuição do § 4º do art. 33 da Lei n. 11.343/2006,
quando o acórdão recorrido, dentro da discricionariedade permitida por lei,
fundamenta o patamar escolhido, concretamente, na quantidade, variedade e
CPF: 070.201.426-56
nocividade das drogas apreendidas (cocaína, crack e maconha)’’ (HC 322.414/SP, Rel.
Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 12/04/2016,
DJe 19/04/2016)

C) CORRETA. ‘‘Ordem parcialmente concedida tão-somente para remover o óbice da


parte final do art. 44 da Lei 11.343/2006, assim como da expressão análoga “vedada a
conversão em penas restritivas de direitos”, constante do § 4º do art. 33 do mesmo
diploma legal. Declaração incidental de inconstitucionalidade, com efeito ex nunc, da
proibição de substituição da pena privativa de liberdade pela pena restritiva de direitos;
determinando-se ao Juízo da execução penal que faça a avaliação das condições
objetivas e subjetivas da convolação em causa, na concreta situação do paciente (HC
97256, Relator(a): Min. AYRES BRITTO, Tribunal Pleno, julgado em 01/09/2010).

Em outras palavras, a parte final do art. 44 da Lei nº 11.343/2006 não mais existe no
mundo jurídico. Ou seja, não mais existe na legislação brasileira qualquer vedação para
que o juiz, ao condenar o réu pelos crimes da Lei de Drogas, substitua a pena privativa

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de liberdade por restritivas de direitos, devendo essa circunstância ser ponderada com
os requisitos necessários para a concessão do benefício (Info 536).

D) INCORRETA. Devendo ser assinalada. “A reincidência, específica ou não, não se


compatibiliza com a causa especial de diminuição de pena prevista § 4.º do art. 33 da
Lei n.º 11.343/2006, dado que necessário, dentre outros requisitos, seja o agente
primário. Tal óbice e a exasperação da pena, na segunda fase, não importam em bis in
idem, mas em consequências jurídico-legais distintas de um mesmo instituto.
Precedentes.” (AgRg no HC 468.578/MG, j. 19/02/2019).

Nesse sentido é a jurisprudência em tese do STJ acerca da Lei de Drogas que assim aduz:
‘‘a utilização da reincidência como agravante genérica e circunstância que afasta a
causa especial de diminuição da pena do crime de tráfico não caracteriza bis in idem .’’

QUESTÃO 31

Sobre os princípios constitucionais penais e processuais penais, é INCORRETO afirmar:

A) O Princípio da Legalidade veda a criação judicial de tipos penais por decisão judicial,
salvo na hipótese em que há mandado expresso de criminalização.

B) Ao lado de direitos e garantias em favor dos acusados, o art. 5º da Constituição da PAGE \*


República de 1988 traz mandados expressos de criminalização, conferindo legitimidade
46
MERGEFO

à tutela penal. RMAT2


C) O flagrante de crime permanente permite o ingresso não autorizado em casa alheia,
afastando a garantia de inviolabilidade do domicílio, mesmo no período noturno.

D) Textualmente, a Constituição da República de 1988 não dispõe sobre a garantia de


CPF: 070.201.426-56
não autoincriminação, mas apenas sobre o direito ao silêncio.

RESPOSTA: A

COMENTÁRIOS

A) INCORRETA. Se fosse admitida a criação de tipos penais por decisão judicial, o Poder
Judiciário atuaria como verdadeiro legislador positivo, o que viola a separação dos
poderes (art. 2º, da CF/88). Assim, não é permitida a criação de tipos por decisão judicial
nem mesmo para beneficiar o réu, sob pena de violação aos princípios da legalidade, da
anterioridade da lei penal (art. 1º do Código Penal) e da separação de poderes, como
exposto alhures.

Nesse sentido, um exemplo da vedação é a Súmula 501 do STJ que aduz: ‘‘é cabível a
aplicação retroativa da Lei 11.343/06, desde que o resultado da incidência das suas

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disposições, na íntegra, seja mais favorável ao réu do que o advindo da aplicação da Lei
6.368/76, sendo vedada a combinação de leis’’.

B) CORRETA. ‘‘(...)O direito penal não é só conformado e limitado pelas Constituições e


seu rol de direitos, mas, em algumas situações ele é invocado como instrumento
essencial de proteção de bens jurídicos. É uma nova faceta, agora amistosa, na relação
entre os direitos humanos e o direito penal. Surgem os mandados constitucionais de
criminalização, que são os dispositivos constitucionais que ordenam a tipificação penal
de determinada conduta, a imposição de determinada pena, a vedação de
determinados benefícios ou até tratamento prisional específico. Como sustentam Streck
e Feldens, "(...) mais que um limite, deveremos entender a Constituição como
fundamento da pena e do Direito Penal, verificando hipóteses em que a criminalização
de determinadas condutas demonstra-se constitucionalmente requerida".

A nossa Constituição possui diversos mandados de criminalização expressos, como os


previstos nos art. 5.º, XLII, XLIII e XLIV, da CF/1988. Além dos mandados expressos de
criminalização, a doutrina e a jurisprudência de algumas Cortes Constitucionais do
mundo extraíram pela via hermenêutica o chamado mandado implícito de
criminalização, que seria a ordem de utilização do direito penal para proteger
determinados bens jurídicos, que, sem o instrumento penal, ficariam insuficientemente
protegidos. Ou seja, ao mesmo tempo em que o Estado não pode se exceder no campo PAGE \*
penal (proibição do excesso ou Übermassverbot), também não pode se omitir ou agir 47
MERGEFO
de modo insuficiente (proibição da insuficiência ou Untermassverbot). Assim, o Estado,
ao descriminalizar graves ofensas a direitos fundamentais (por exemplo, o direito à vida) RMAT2
agiria contra a Constituição, pois a tutela penal seria considerada essencial para a
adequada proteção desses bens jurídicos graças ao seu efeito dissuasório geral e
específico.’’ (André de Carvalho Ramos, MANDADOS DE CRIMINALIZAÇÃO NO DIREITO
INTERNACIONAL DOS DIREITOS CPF: 070.201.426-56
HUMANOS: NOVOS PARADIGMAS DA PROTEÇÃO DAS
VÍTIMAS DE VIOLAÇÕES DE DIREITOS HUMANOS. Revista Brasileira de Ciências
Criminais).

C) CORRETA.

A CF/88 prevê, em seu art. 5º, a seguinte garantia:

XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem


consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para
prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial;

A inviolabilidade do domicílio é uma das expressões do direito à intimidade do


indivíduo.

Entendendo o inciso XI:

Só se pode entrar na casa de alguém sem o consentimento do morador nas seguintes


hipóteses:

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Durante o DIA Durante a NOITE


• Em caso de flagrante delito; • Em caso de flagrante delito;
• Em caso de desastre; • Em caso de desastre;
• Para prestar socorro; • Para prestar socorro.
• Para cumprir determinação judicial (ex:
busca e apreensão; cumprimento de
prisão preventiva).

Assim, não se pode invadir a casa de alguém durante a noite para cumprir ordem
judicial.

Vimos acima que, havendo flagrante delito, é possível ingressar na casa mesmo sem
consentimento do morador, seja de dia ou de noite.

Um exemplo comum no cotidiano é o caso do tráfico de drogas. Diversos verbos do art.


33 da Lei nº 11.343/2006 fazem com que este delito seja permanente:

Assim, se a casa do traficante funciona como boca-de-fumo, onde ele armazena e vende
drogas, a todo momento estará ocorrendo o crime, considerando que ele está
praticando os verbos “ter em depósito” e “guardar”.

CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Na hipótese de suspeita de flagrância delitiva, qual PAGE \*
a exigência, em termos de standard probatório, para que policiais ingressem no
48
MERGEFO

domicílio do suspeito sem mandado judicial?. Buscador Dizer o Direito, Manaus. RMAT2
Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/de5eeca522e12f
d5c9ff9077408dcf17>.

Diante exposto, por exemplo,CPF:


havendo 070.201.426-56
suspeitas de que existe droga em determinada
casa, será possível que os policiais invadam a residência mesmo sem ordem judicial e
ainda que contra o consentimento do morador, uma vez que trata-se de crime
permanente, a consumação se protrai no tempo (remanesce a ofensa ao bem jurídico
protegido). No entanto, no caso concreto, devem existir fundadas razões que indiquem
que ali está sendo cometido um crime (flagrante delito).

D) CORRETA. O direito a não autoincriminação é concebido pela doutrina pátria como


desdobramento do direito ao silêncio. Vejamos:

‘‘O direito ao silêncio, previsto na Carta Magna como direito de permanecer calado,
apresenta-se apenas como uma das várias decorrências do nemo tenetur se detegere,
segundo o qual ninguém é obrigado a produzir prova contra si mesmo. Além da
Constituição Federal, o princípio do nemo tenetur se detegere também se encontra
previsto no Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos (art. 14.3, “g”), e na
Convenção Americana sobre Direitos Humanos (art. 8º, § 2º, “g”).” (DE LIMA, Renato
Brasileiro de. Manual de Processo Penal. 8. Ed. Salvador/BA: Juspodivm, 2020. pág. 71.)’’

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QUESTÃO 32

Assinale a alternativa CORRETA:

A) Ainda que relatado o Inquérito Policial com indiciamento, o Ministério Público poderá
devolvê-lo à autoridade policial para quaisquer diligências que reputar cabíveis para
formar a opinio delicti.

B) É possível ao juiz determinar a destruição das drogas apreendidas antes da confecção


do laudo definitivo.

C) É permitido às partes requererem a oitiva dos peritos que subscrevem os laudos


contidos nos autos, devendo incluir os experts no rol de testemunhas, inclusive para fins
de computo do seu número máximo.

D) A ação controlada de que trata a Lei das Organizações Criminosas submete-se à


cláusula de reserva de jurisdição.

RESPOSTA: B

COMENTÁRIOS PAGE \*
49
MERGEFO
A) INCORRETA. O pedido ministerial de retorno do inquérito não pode servir à busca de
mais elementos indiciários sobre um caso penal cuja probabilidade delitiva já restou RMAT2
configurada, inclusive na avaliação do próprio órgão do Ministério Público. Nesse
sentido, o art. 16 do CPP dispõe que O Ministério Público não poderá requerer a
devolução do inquérito à autoridade policial, senão para novas diligências,
CPF:
imprescindíveis ao oferecimento 070.201.426-56
da denúncia.

B) CORRETA. Conforme o art. 50, § 3° da Lei de Drogas recebida cópia do auto de prisão
em flagrante, o juiz, no prazo de 10 (dez) dias, certificará a regularidade formal do laudo
de constatação e determinará a destruição das drogas apreendidas, guardando-se
amostra necessária à realização do laudo definitivo.

C) INCORRETA. De fato dispõe o § 5o, inciso I do artigo 159 do CPP que durante o curso
do processo judicial, é permitido às partes, quanto à perícia equerer a oitiva dos peritos
para esclarecerem a prova ou para responderem a quesitos, desde que o mandado de
intimação e os quesitos ou questões a serem esclarecidas sejam encaminhados
com antecedência mínima de 10 (dez) dias. Ocorre que os peritos não se incluem no
computo máximo do rol de testemunhas.

D )INCORRETA. Vejamos a tabela abaixo. AÇÃO CONTROLADA:

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Lei nº 11.343/2006 (Lei de Lei nº 9.613/98 (Lei de Lei nº 12.850 (Lei do


Drogas) Lavagem de Capitais): Crime Organizado):

Art. 53. Em qualquer fase da Art. 4º-B. A ordem de Art. 8º Consiste a ação
persecução criminal relativa prisão de pessoas ou as controlada em retardar
aos crimes previstos nesta Lei, medidas assecuratórias de a intervenção policial
são permitidos, além dos bens, direitos ou valores ou administrativa
previstos em lei, mediante poderão ser suspensas relativa à ação
autorização judicial e ouvido pelo juiz, ouvido o praticada por
o Ministério Público, os Ministério Público, quando organização criminosa
seguintes procedimentos a sua execução imediata ou a ela vinculada,
investigatórios: II - a não- puder comprometer as desde que mantida sob
atuação policial sobre os investigações. (Incluído observação e
portadores de drogas, seus pela Lei nº 12.683/2012) A acompanhamento para
precursores químicos ou Lei nº 13.964/2019 (pacote que a medida legal se
outros produtos utilizados em anticrime) acrescentou um concretize no momento
sua produção, que se parágrafo ao art. 1º a lei de mais eficaz à formação
encontrem no território Lavagem: § 6º Para a de provas e obtenção
brasileiro, com a finalidade de apuração do crime de que de informações.
identificar e responsabilizar trata este artigo, admite-se
PAGE \*
maior número de integrantes a utilização da ação
de operações de tráfico e controlada e da infiltração § 1º O retardamento da
50
MERGEFO

distribuição, sem prejuízo da de agentes. intervenção policial ou RMAT2


ação penal cabível. Parágrafo administrativa será
único. Na hipótese do inciso II previamente
deste artigo, a autorização comunicado ao juiz
será concedida desde queCPF: 070.201.426-56 competente que, se for
sejam conhecidos o itinerário o caso, estabelecerá os
provável e a identificação dos seus limites e
agentes do delito ou de comunicará ao
colaboradores. Ministério Público.

Será necessária prévia Será necessária prévia Neste caso será


autorização judicial por força autorização judicial, necessário apenas que
do art. 52, II, da Lei nº porquanto o art. art. 4ºB a autoridade (policial
11.343/2006. da Lei nº 9.613/98 exige. ou administrativa)
AVISE/COMUNIQUE
PREVIAMENTE o juiz
que irá realização ação
controlada.

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QUESTÃO 33

Acerca do regramento legal do acordo de não persecução penal - ANPP, é INCORRETO


afirmar:

A) O art. 28-A do CPP condiciona a celebração do ANPP à confissão do indiciado, que


deverá ser não apenas formal, como circunstanciada, mas não define o momento de sua
realização ou a autoridade com atribuição ou competência para colhê-la.

B) Não se exige a presença do membro do Ministério Público na audiência de


homologação do acordo de não persecução penal.

C) Nos termos da Lei, a execução do ANPP processa-se perante o juízo da execução


penal, competindo-lhe rescindi-lo na hipótese de seu descumprimento ou declarar a
extinção da punibilidade do indiciado que cumpri-lo regularmente.

D) Não há previsão de controle interno do Ministério Público quanto às cláusulas do


acordo, mas apenas quanto à recusa do órgão de execução em propô-lo.

RESPOSTA: C

COMENTÁRIOS PAGE \*
A) CORRETA. Dispõe o art. 28-A do CPP que não sendo caso de arquivamento e tendo o 51
MERGEFO
investigado confessado formal e circunstancialmente a prática de infração penal sem RMAT2
violência ou grave ameaça e com pena mínima inferior a 4 (quatro) anos, o Ministério
Público poderá propor acordo de não persecução penal, desde que necessário e
suficiente para reprovação e prevenção do crime, mediante as seguintes condições
ajustadas cumulativa e alternativamente. Não obstante, de fato, não define o CPP o
CPF: 070.201.426-56
momento da realização.

B) CORRETA. Consoante § 4º e § 5º do art. 28-A para a homologação do acordo de não


persecução penal, será realizada audiência na qual o juiz deverá verificar a sua
voluntariedade, por meio da oitiva do investigado na presença do seu defensor, e sua
legalidade. No entanto, se o juiz considerar inadequadas, insuficientes ou abusivas as
condições dispostas no acordo de não persecução penal, devolverá os autos ao
Ministério Público para que seja reformulada a proposta de acordo, com concordância
do investigado e seu defensor. Assim, nada aduz o CPP a respeito da obrigatoriedade do
membro do Ministério Público na referida audiência.

C) INCORRETA. Devendo ser assinalada. Consoante ENUNCIADO 28 (ART. 28-A, § 13)


GRUPO NACIONAL DE COORDENADORES DE CENTRO DE APOIO CRIMINAL (GNCCRIM)
COMISSÃO ESPECIAL, ENUNCIADOS INTERPRETATIVOS DA LEI ANTICRIME (Lei nº
13.964/2019), caberá ao juízo competente para a homologação rescindir o acordo de
não persecução penal, a requerimento do Ministério Público, por eventual

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descumprimento das condições pactuadas, e decretar a extinção da punibilidade em


razão do cumprimento integral do acordo de não persecução penal.

D) CORRETA. Dispõe o art. 28-A, § 14 do CPP que no caso de recusa, por parte do
Ministério Público, em propor o acordo de não persecução penal, o investigado poderá
requerer a remessa dos autos a órgão superior, na forma do art. 28 do mesmo diploma.

QUESTÃO 34

Quanto à doutrina majoritária e à jurisprudência já firmada em matéria de acordo de


não persecução penal - ANPP, é INCORRETO afirmar:

A) Segundo entendimento do Superior Tribunal Militar, o alcance normativo do acordo


de não persecução penal não está circunscrito ao âmbito do processo penal comum,
sendo possível invocá-lo subsidiariamente ao Código de Processo Penal Militar.

B) A despeito da dicção legal, é cabível a celebração de acordo de não persecução penal


nos crimes com resultado violento, se esse componente (violência) não se manifesta na
conduta.

C) O Supremo Tribunal Federal firmou tese de retroatividade do acordo de não


persecução penal a fatos anteriores à Lei 13.964/19, desde que não recebida a denúncia. PAGE \*
52
MERGEFO
D) As decisões do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça têm sido
no sentido de negar a existência de direito subjetivo do indiciado à celebração do RMAT2
acordo, ainda que preenchidos os requisitos, reforçando seu caráter negocial e de
estratégia político-criminal.

CPF: 070.201.426-56
RESPOSTA: A

COMENTÁRIOS

A) INCORRETA. O instituto do acordo de não persecução penal, previsto no art. 28-A


do CPP, não se aplica aos crimes militares previstos na legislação penal militar, tendo
em vista sua evidente incompatibilidade com a Lei Adjetiva castrense, opção que foi
adotada pelo legislador ordinário, ao editar a Lei nº 13.964, de 2019, e propor a sua
incidência tão somente em relação ao Código de Processo Penal comum. (STM, HC
7000374-06.2020.7.00.0000, Rel. Min. José Coelho Ferreira, Plenário, j. 26.08.2020)

Res. 181/17 do CNMP vedava o ANPP nos crimes militares que afetassem a hierarquia
e a disciplina. Nos demais, autorizava. A Lei 13.964/19 não trata do assunto. Uma
primeira corrente aduz que o silêncio permite concluir que o ANPP está autorizado
para qualquer crime militar. Ao revés, uma segunda corrente advoga no sentido de
que o silêncio indica que o legislador julgou o ANPP incompatível com os crimes

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militares, próprios ou impróprios. Isso porque a Lei 13.964/19 fez algumas alterações
no CPPM, buscando, em tese, espelhar seus dispositivos com os do CPP comum, e
nele não tratou do ANPP. Seria, portanto, um silêncio eloquente.

B) CORRETA. São pressupostos do acordo de não persecução penal, dentre outros,


infração penal cuja pena mínima seja inferior a 4 (quatro) anos, cometida sem violência
ou grave ameaça à pessoa. A violência inibidora do ajuste é aquela presente na conduta,
e não no resultado. Logo, homicídio culposo, por exemplo, admite o ANPP. Nestes
termos, o Enunciado nº 23, da PGJ/CaoCrim, no sentido de que: “É cabível acordo de
não persecução penal em infrações cometidas com violência contra a coisa, devendo-se
interpretar a restrição do caput do art. 28- A do CPP como relativa a infrações penais
praticadas com grave ameaça ou violência contra a pessoa (lex minus dixit quan voluit).”

Como reforço, o Enunciado 24 do GNCCRIM (Grupo Nacional de Coordenadores de


Centro de Apoio Criminal): “É cabível o acordo de não persecução penal nos crimes
culposos com resultado violento, uma vez que nos delitos desta natureza a conduta
consiste na violação de um dever de cuidado objetivo por negligência, imperícia ou
imprudência, cujo resultado é involuntário, não desejado e nem aceito pela agente,
apesar de previsível”
PAGE \*
C) CORRETO. A Lei nº 13.964/2019 (“Pacote Anticrime”) inseriu o art. 28-A ao CPP, 53
MERGEFO
criando, no ordenamento jurídico pátrio, o instituto do acordo de não persecução penal
(ANPP). A Lei nº 13.964/2019, no ponto em que institui o ANPP, é considerada lei penal RMAT2
de natureza híbrida, admitindo conformação entre a retroatividade penal benéfica e o
tempus regit actum. O ANPP se esgota na etapa pré-processual, sobretudo porque a
consequência da sua recusa, sua não homologação ou seu descumprimento é inaugurar
a fase de oferecimento e deCPF: 070.201.426-56
recebimento da denúncia. O recebimento da denúncia
encerra a etapa pré-processual, devendo ser considerados válidos os atos praticados em
conformidade com a lei então vigente. Dessa forma, a retroatividade penal benéfica
incide para permitir que o ANPP seja viabilizado a fatos anteriores à Lei nº 13.964/2019,
desde que não recebida a denúncia. Assim, mostra-se impossível realizar o ANPP quando
já recebida a denúncia em data anterior à entrada em vigor da Lei nº 13.964/2019. STJ.
5ª Turma. HC 607003-SC, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 24/11/2020
(Info 683). STF. 1ª Turma. HC 191464 AgR, Rel. Roberto Barroso, julgado em 11/11/2020.

D) CORRETO. A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que a


proposta de acordo de não persecução penal não é direito subjetivo do réu, mesmo se
preenchidos os requisitos legais, de modo que o MP pode, fundamentadamente, deixar
de propor o acordo.

Assim, se estiverem presentes os requisitos descritos em lei, esse novo sistema


acusatório de discricionariedade mitigada não obriga o Ministério Público ao
oferecimento do acordo de não persecução penal, nem tampouco garante ao acusado

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verdadeiro direito subjetivo em realizá-lo. Simplesmente, permite ao Parquet a opção,


devidamente fundamentada, entre denunciar ou realizar o acordo de não persecução
penal, a partir da estratégia de política criminal adotada pela Instituição. HC 191124
AgR)

Nesse mesmo sentido a Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), no AgRg no
RHC 130.587/SP.

QUESTÃO 35

Sobre jurisdição e competência, é CORRETO afirmar:

A) O entendimento restritivo adotado pelo Supremo Tribunal Federal acerca do foro por
prerrogativa de função não dispensa o Tribunal mais graduado de decidir sobre a própria
competência, apreciando, ainda que em cognição não exauriente, o vínculo entre o
crime praticado e o exercício das funções.

B) No concurso entre a jurisdição comum e a militar, a separação dos processos é


obrigatória, exceto nas hipóteses de conexão intersubjetiva.

C) Havendo conexão entre crimes comuns e crimes eleitorais, a Justiça Eleitoral tem
competência para processar e julgar apenas os últimos, sendo, portanto, hipótese de PAGE \*
separação obrigatória de processos.
54
MERGEFO

D) A “Teoria do Juízo Aparente” foi desenvolvida para validar atos decisórios proferidos RMAT2
por juízo incompetente, não sendo aplicável às hipóteses de incompetência absoluta.

RESPOSTA: A CPF: 070.201.426-56


COMENTÁRIOS

A) CORRETA. As normas da Constituição de 1988 que estabelecem as hipóteses de foro


por prerrogativa de função devem ser interpretadas restritivamente, aplicando-se
apenas aos crimes que tenham sido praticados durante o exercício do cargo e em razão
dele. Além disso, mesmo que o crime tenha sido cometido após a investidura no
mandato, se o delito não apresentar relação direta com as funções exercidas, também
não haverá foro privilegiado. Foi fixada, portanto, a seguinte tese, pelo Supremo
Tribunal Federal: o foro por prerrogativa de função aplica-se apenas aos crimes
cometidos durante o exercício do cargo e relacionados às funções desempenhadas.

Se o parlamentar federal está respondendo a uma ação penal no STF e, antes de ser
julgado, ele deixe de ocupar o cargo, o STF definiu que:

a) Se o réu deixou de ocupar o cargo antes de a instrução terminar: cessa a


competência do STF e o processo deve ser remetido para a 1ª instância.

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b) Se o réu deixou de ocupar o cargo depois de a instrução se encerrar: o STF


permanece sendo competente para julgar a ação penal.

Assim, o Tribunal Excelso estabeleceu um marco temporal a partir do qual a


competência para processar e julgar ações penais – seja do STF ou de qualquer outro
órgão jurisdicional – não será mais afetada em razão de o agente deixar o cargo que
ocupava, qualquer que seja o motivo.

Nesse sentido, considera-se encerrada a instrução processual com a publicação do


despacho de intimação para apresentação de alegações finais. Nesse momento, fica
prorrogada a competência do juízo para julgar a ação penal mesmo que ocorra alguma
mudança no cargo ocupado pelo réu. Desse modo, mesmo que o agente público venha
a ocupar outro cargo ou deixe o cargo que ocupava, qualquer que seja o motivo, isso
não acarretará modificação de competência.

Por conseguinte o Tribunal mais graduado decide sobre a própria competência,


apreciando, ainda que em cognição sumária (mero de juízo de probabilidade, cognição
não exauriente), o vínculo entre o crime praticado e o exercício das funções. STF .
Plenário. AP 937 QO/RJ, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 03/05/2018.

B) INCORRETA. Em regra, no caso de conexão e continência haverá unidade processual.


Em outras palavras, os processos serão reunidos para julgamento conjunto. No entanto, PAGE \*
o art. 79, II do CPP, excepciona essa regra, aduzindo que no concurso entre jurisdição 55
MERGEFO
comum e militar haverá separação.
RMAT2
Vamos relembrar os tipos de conexão e continência.

CONEXÃO

INTERSUBJETIVA a) POR SIMULTANEIDADE : se, ocorrendo


CPF: 070.201.426-56
76, I do CPP duas ou mais infrações, houverem sido
praticadas, ao mesmo tempo, por várias
pessoas reunidas;

b) CONCURSAL: por várias pessoas em


concurso, embora diverso o tempo e o
lugar
c) RECIPROCIDADE : por várias pessoas,
umas contra as outras.
OBJETIVA
76, II do CPP a) MATERIAL: se, no mesmo caso,
houverem
sido umas praticadas para facilitar ou
ocultar as outras;

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b) TELEOLÓGICA/LÓGICA: ou para
conseguir
impunidade ou vantagem em relação a
qualquer delas.
PROBATÓRIA/INSTRUMENTAL/PR Quando a prova de uma infração ou de
OCESSUAL qualquer
76, III do CPP de suas circunstâncias elementares influir
NA prova de outra infração.
CONTINÊNCIA

Art. 77, I, CPP → CONTINÊNCIA duas ou mais pessoas forem acusadas


POR CUMULAÇÃO SUBJETIVA pela
mesma infração;

Art 77, II, CPP → CONTINÊNCIA no caso de infração cometida nas


POR CUMULAÇÃO OBJETIVA condições
previstas nos arts. 51, § 1 o , 53, segunda
parte , e 54 do Código Penal .

C) INCORRETA. A competência criminal da Justiça Eleitoral estende-se aos crimes


PAGE \*
conexos aos crimes eleitorais, nos termos dos arts. 78, inciso IV, e 81 do Código de
Processo Penal. O Supremo Tribunal Federal reafirmou, em julgado recente, a
56
MERGEFO

competência da Justiça Eleitoral para julgar os crimes conexos, conforme acórdão do RMAT2
Inq. nº 4435, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 14.3.2019.

Art. 78. Na determinação da competência por conexão ou continência, serão


observadas as seguintes regras:
CPF: 070.201.426-56
IV - no concurso entre a jurisdição comum e a especial, prevalecerá
esta. (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)

D) INCORRETA. Dadas as nuances das regras de repartição de competência penal, são


frequentes os casos em que, na etapa preliminar da investigação, o fato investigado é,
ao menos aparentemente, de competência de um Juízo, mas, posteriormente, com o
avanço da apuração, há descoberta de elementos que alteram a competência
inicialmente fixada. Se isso eventualmente ocorrer, não haverá nulidade nas provas
colhidas pelo Juízo que, para firmar sua competência, levou em conta o “fato
suspeitado”. Essa é a chamada teoria do juízo aparente, amplamente reconhecida pela
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. Segundo essa teoria, não há nulidade na
medida investigativa deferida por magistrado que, posteriormente, vem a declinar da
competência por motivo superveniente e desconhecido à época da autorização judicial.
Nesse sentido, decidiu o STF que as provas colhidas ou autorizadas por juízo

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aparentemente competente à época da autorização ou produção podem ser ratificadas


a posteriori, mesmo que venha aquele a ser considerado incompetente, ante a aplicação
no processo investigativo da teoria do juízo aparente. Precedentes: HC 120.027,
Primeira Turma, Rel. p/ Acórdão, Min. Edson Fachin, DJe de 18/02/2016 e HC 121.719,
Segunda Turma, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJe de 27/06/2016.

QUESTÃO 36

Sobre provas e medidas cautelares, é INCORRETO afirmar:

A) A “Doutrina da Plena Vista” (plain view doctrine) se presta a justificar a validade da


apreensão de objetos não contemplados pelo Mandado de Busca e Apreensão,
subordinando-se sua aplicabilidade a requisitos como a presença legítima do policial no
local, a autorização judicial ou legal para acessar o objeto e o caráter criminoso do objeto
ser imediatamente aparente.

B) Para aferir o caráter ilícito de uma prova produzida a partir de busca pessoal, deve-se
considerar que a validade da busca é testada com base no que se sabia antes de sua
realização, não depois.

C) O controle externo exercido pelo Judiciário sobre o acordo de colaboração premiada PAGE \*
restringe-se à regularidade, legalidade e voluntariedade. 57
MERGEFO

D) A denominada “regra do esgotamento” exige que, antes da admissão da RMAT2


interceptação das comunicações telefônicas, seja concretamente tentada a produção da
prova por todos os outros meios disponíveis.

CPF: 070.201.426-56
RESPOSTA: D

COMENTÁRIOS

A) CORRETA. Também denominada teoria da doutrina da visão aberta, com esteio no


princípio da razoabilidade, aduz que deve ser considerada legítima a apreensão de
elementos probatórios do fato investigado e de outro crime quando, a despeito de não
se tratar da finalidade gizada no mandado de busca e apreensão, no momento da
diligência, o objeto ou documento é encontrado por ser encontrar visível ou ao alcance
de todos. No Brasil a teoria é de pouca utilidade prática, haja vista a adoção da teoria
do encontro fortuito de provas.

ATENÇÃO! Essa teoria foi objeto de cobrança no 58º Concurso Público para Promotor
de Justiça Substituto do MPGO na prova subjetiva aplicada em 23/01/2015.

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B) CORRETA. O Ministro Gilmar Mendes defende, a proteção contra a busca


arbitrária exige que a diligência seja avaliada com base no que se sabia antes de sua
realização, não depois. Vejamos:

‘‘Entende-se que a exigência de um mandado judicial autorizando a interferência no


domicílio é importante para evitar abusos e arbítrios. No entanto, em situações
exigentes, “a ausência de mandado judicial prévio pode ser contrabalançada pela
disponibilidade de um controle ex post factum”. Assim, as buscas sem autorização
judicial deverão ser passíveis de rigoroso escrutínio a posteriori por magistrado –
nesse sentido, Heino contra Finlândia (caso n. 56720/09), decisão de 15.2.2011;
Smirnov contra Rússia (caso 71362/01), decisão de 7.6.2007 (BRASIL, 2015, p. 20-
21)’’.

C) CORRETA. Em que pese alterações legislativas recentes que, em tese, ampliam a


análise do acordo pelo magistrado, a banca examinadora manteve o gabarito. Abaixo
colacionamos um dos principais fundamentos:

"(...) Cabem duas observações. Primeira, a alternativa exigia do candidato uma


compreensão conceitual e não a literalidade do texto legal (em todos os casos em que
a questão tratava de tal literalidade, isso foi apresentado de forma explícita no
enunciado ou na assertiva). E isso exatamente porque, nesse tema, sucessivas
alterações legislativas têm sido promovidas com o propósito de adequar as normas PAGE \*
vigentes aos entendimentos doutrinários e jurisprudenciais. Segunda, o tema do controle
58
MERGEFO

externo sobre o acordo diz respeito aos elementos passíveis de análise judicial no RMAT2
momento de sua homologação, nada vinculado à análise que se faz na sentença de
mérito que não é do acordo, mas do conteúdo das declarações e provas apresentadas
pelo colaborador, para fins de decidir sobre o mérito das imputações, incluindo a
responsabilidade penal do próprio colaborador (e as sanções premiais, conforme a
CPF: 070.201.426-56
eficácia da colaboração) e dos demais acusados (...)".

D) INCORRETA. Deve ser assinalada. Em que pese a subsidiariedade desse meio de


obtenção de prova, não há necessidade de esgotamento de todas os outros meios, a
exigência é que a decisão do juízo processante autorizando o procedimento seja
devidamente fundamentada. Vejamos:

Precedentes. Nulidade das interceptações telefônicas pelo não esgotamento prévio de


todas as possibilidades de produção da prova. Não ocorrência. Procedimento
devidamente fundamentado. Demonstração inequívoca da necessidade da medida.
Utilização de terminal telefônico como meio de comunicação entre integrantes da
organização presos e em liberdade para fomentar o tráfico. Alegações de não
observância do prazo do § 2º do art. 4º da Lei nº 9.626/96 para a análise do pedido de
interceptação telefônica, de supostos vícios formais no mandado de prisão e de
excessos em seu cumprimento. Temas não analisados pelas instâncias antecedentes.
Dupla supressão de instância configurada, o que impede sua análise de forma originária

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pelo Supremo Tribunal Federal. Precedentes. Conhecimento parcial do habeas corpus.


Ordem denegada.

(...)

9. Não procede a tese de nulidade das interceptações telefônicas levadas a cabo por
não ter havido o esgotamento prévio de todas as possibilidades de produção da prova
na espécie. 10. A decisão do juízo processante autorizando o procedimento em
questão foi devidamente fundamentada, indicando com clareza a situação objeto da
investigação e a necessidade da medida, mormente se levada em conta a notícia de
que um dos investigados, de dentro da unidade prisional, utilizava terminal telefônico
para se comunicar com os integrantes da organização criminosa e fomentar o tráfico de
drogas, atendendo, portanto, a exigência prevista na lei de regência (art. 4º da Lei nº
9.296/96). HC 128650 / PE

QUESTÃO 37

Sobre medidas cautelares previstas na Legislação Especial, é INCORRETO afirmar:

A) O sequestro de bens de pessoa indiciada por crime de que resulta prejuízo para a
fazenda pública (Decreto Lei 3.240/41) é espécie de tutela de evidência, não exigindo, PAGE \*
para sua decretação, qualquer prova de dilapidação patrimonial ou periculum in mora. 59
MERGEFO

B) A suspensão cautelar da permissão para dirigir ou da carteira de habilitação, prevista RMAT2


no art. 294 do Código de Trânsito Brasileiro, não pode ser decretada se a suspensão ou
a proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir não estiver prevista no
preceito secundário do crime de trânsito imputado ao réu.
CPF:
C) A restrição ao porte de armas, 070.201.426-56
previsto no art. 22, I, da Lei 11.340/06 (Lei Maria da
Penha), não pode incidir nos casos de porte funcional.

D) O depoimento especial, também chamado “depoimento sem dano”, segue o rito


cautelar de antecipação de provas e é obrigatório quando a criança tiver menos de 7
(sete) anos ou em casos de violência sexual.

RESPOSTA: C

COMENTÁRIOS

A) CORRETA. Foi considera correta pela banca, porém encontra-se em dissonância com
o entendimento do Superior Tribunal de Justiça. Vejamos.

A assertiva baseia-se no caso concreto em que o Ministério Público de Minas Gerais


aduziu no Agravo em Recurso Especial (1.087.874/MG) que, no Decreto lei 3.240/41, o

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fumus boni iuris consiste na constituição definitiva do crédito e inscrição do débito em


dívida ativa, em razão da supressão de pagamento de tributo devida à Fazenda Estadual.

Já o periculum in mora, consiste no risco da ineficácia do provimento jurisdicional na


ação penal pelo decurso do tempo, tornando necessária a utilização de medidas que
impeçam que os denunciados se desfaçam da quantia locupletada ilicitamente dos bens.

Por conseguinte, o Ministério Público ressaltou na oportunidade que a exigência da


Turma julgadora, no sentido de que a ausência de indícios da dilapidação patrimonial
impede a concessão da cautelar, vai de encontro à própria natureza do pedido que visa
justamente evitar a dilapidação.

Não obstante, o STJ entendeu que para a decretação de medidas cautelares reais,
necessária a "configuração do fumus comissi deliciti, consistente na existência de
materialidade delitiva e de indícios de autoria, e do periculum in mora, relativo à
probabilidade de que, durante o curso do processo, os bens se deteriorem ou se
percam, impossibilitando, dessa forma, eventual ressarcimento dos danos advindos
do ilícito penal.

B) CORRETA. Não é possível a suspensão cautelar da permissão para dirigir ou da


carteira de habilitação não pode ser decretada se não estiver prevista no preceito
secundário do crime de trânsito imputado ao réu pela própria natureza da medida PAGE \*
cautelar. Com fulcro no princípio da homogeneidade, afigura-se desproporcional 60
MERGEFO
manter o indivíduo submetido a determinada medida cautelar que, ao final do processo-
crime e já com base em um título definitivo, não se converterá em sanção penal. RMAT2

C) INCORRETA. Devendo ser assinalada.

Lei 11.340/06, art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e familiar contra a
mulher, nos termos desta Lei,CPF: 070.201.426-56
o juiz poderá aplicar, de imediato, ao agressor, em
conjunto ou separadamente, as seguintes medidas protetivas de urgência, entre outras:

I - suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com comunicação ao órgão


competente, nos termos da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003 ;

(...)

§ 2º Na hipótese de aplicação do inciso I, encontrando-se o agressor nas condições


mencionadas no caput e incisos do art. 6º da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de
2003, o juiz comunicará ao respectivo órgão, corporação ou instituição as medidas
protetivas de urgência concedidas e determinará a restrição do porte de armas, ficando
o superior imediato do agressor responsável pelo cumprimento da determinação
judicial, sob pena de incorrer nos crimes de prevaricação ou de desobediência, conforme
o caso.

Não é outro o entendimento do exarado no HC 455.232/RJ. Senão vejamos:

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A manutenção de medida protetiva prevista no art. 22, inciso III, da Lei n. 11.340/06,
consistente em restrição ao porte de arma de fogo de uso funcional, imposta em
desfavor do paciente, policial militar, se justifica pelo fato de que estaria agredindo
psicologicamente a vítima mediante o emprego do referido instrumento bélico.
Dessarte, não vislumbro, na hipótese e por ora, qualquer desproporcionalidade da
medida. Habeas corpus não conhecido. (HC 455.232/RJ, Rel. Ministro FELIX FISCHER,
QUINTA TURMA, julgado em 06/11/2018, DJe 13/11/2018)

D) CORRETO. Dispõe o art. 11 da Lei nº 13.431/2017 que o depoimento especial reger-


se-á por protocolos e, sempre que possível, será realizado uma única vez, em sede de
produção antecipada de prova judicial, garantida a ampla defesa do investigado. § 1º O
depoimento especial seguirá o rito cautelar de antecipação de prova: I - quando a
criança ou o adolescente tiver menos de 7 (sete) anos.

O depoimento sem dano consiste na oitiva judicial de crianças e adolescentes que


foram supostamente vítimas de crimes contra a dignidade sexual por meio de um
procedimento especial, que consiste no seguinte: a criança ou o adolescente fica em
uma sala reservada, sendo o depoimento colhido por um técnico (psicólogo ou
assistente social), que faz as perguntas de forma indireta, por meio de uma conversa
em tom mais informal e gradual, à medida que vai se estabelecendo uma relação de
confiança entre ele e a vítima. O juiz, o Ministério Público, o réu e o PAGE \*
Advogado/Defensor Público acompanham, em tempo real, o depoimento em outra 61
MERGEFO
sala por meio de um sistema audiovisual que está gravando a conversa do técnico
com a vítima. RMAT2

A Lei nº 13.431/2017 trouxe regras para a realização do depoimento sem dano.

No entanto, mesmo antes desta Lei, o STJ já entendia que era válida, nos crimes
CPF: 070.201.426-56
sexuais contra criança e adolescente, a inquirição da vítima na modalidade do
“depoimento sem dano”, em respeito à sua condição especial de pessoa em
desenvolvimento, inclusive antes da deflagração da persecução penal, mediante
prova antecipada. Assim, mesmo antes da Lei nº 13.431/2017, não configurava
nulidade por cerceamento de defesa o fato de o defensor e o acusado de crime sexual
praticado contra criança ou adolescente não estarem presentes na oitiva da vítima
devido à utilização do método de inquirição denominado “depoimento sem dano”.

STJ. 5ª Turma. RHC 45.589-MT, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 24/2/2015 (Info
556).

CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Validade do depoimento sem dano. Buscador


Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/a376033f78e1
44f494bfc743c0be3330>. Acesso em: 12/09/2021

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QUESTÃO 38

Considere as afirmativas abaixo e assinale a alternativa CORRETA:

A) Comprovados os danos materiais, a sentença penal condenatória deve fixar valor


mínimo para reparação dos danos causados pela infração, independentemente de
requerimento do Ministério Público ou de seu assistente.

B) Em recurso exclusivo da defesa, respeitada a regra da non reformatio in pejus e,


portanto, sem agravamento da pena, tanto a emendatio quanto a mutatio libelli podem
ser aplicadas.

C) Cumprida a pena privativa de liberdade e eventual período de prova em livramento


condicional, o juízo da execução declarará a extinção da punibilidade
independentemente do pagamento da multa e sua eventual inadimplência será objeto
de execução fiscal.

D) A Lei de Execuções Penais prevê duas espécies distintas de autorizações de saída para
condenados, sendo elas a permissão de saída, para condenados que cumprem pena em
regime fechado ou semiaberto, e a saída temporária, apenas para os que se encontram
em regime semiaberto.

PAGE \*
RESPOSTA: D
62
MERGEFO

COMENTÁRIOS RMAT2

A) INCORRETA. Para que seja fixado na sentença valor mínimo para reparação dos danos
causados pela infração, com base no art. 387, IV, do CPP, é necessário pedido expresso
do ofendido ou do Ministério Público e a concessão de oportunidade de exercício do
CPF: 070.201.426-56
contraditório pelo réu. REsp 1.193.083-RS, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em
20/08/2013, DJe 27/8/2013 (Info 528).

B) INCORRETA. Súmula 453 do STF: não se aplicam à segunda instância o art. 384 e
parágrafo único do Código de Processo Penal, que possibilitam dar nova definição
jurídica ao fato delituoso, em virtude de circunstância elementar não contida, explícita
ou implicitamente, na denúncia ou queixa.

C) INCORRETA. O STF, ao julgar a ADI 3.150/DF, declarou que, à luz do preceito


estabelecido pelo art. 5º, XLVI, da Constituição Federal, a multa, ao lado da privação de
liberdade e de outras restrições – perda de bens, prestação social alternativa e
suspensão ou interdição de direitos –, é espécie de pena aplicável em retribuição e em
prevenção à prática de crimes, não perdendo ela sua natureza de sanção penal.

Diante da eficácia erga omnes e do vinculante dessa decisão, não se pode mais declarar
a extinção da punibilidade pelo cumprimento integral da pena privativa de liberdade

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quando pendente o pagamento da multa criminal. STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp


1850903-SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 28/04/2020 (Info 671).

D) CORRETA. Autorização de saída é gênero das quais derivam a permissão de saída e


saída temporária. Vejamos:

AUTORIZAÇÕES DE SAÍDA

PERMISSÃO DE SAÍDA SAÍDA TEMPORÁRIA

A QUEM PODE SER 1.Condenados REGIME Condenados REGIME


CONCEDIDA? FECHADO OU SEMIABERTO
SEMIABERTO;

2. PRESOS PROVISÓRIOS

VIGILÂNCIA ESCOLTA Não tem vigilância direta.


Não obstante, não impede
a utilização de
equipamento de
monitoração eletrônica
pelo condenado, quando
assim determinar o juiz da PAGE \*
execução. 63
MERGEFO

FATOS a) falecimento ou doença a) visita à família; RMAT2


grave do cônjuge,
b) frequência a curso
companheira,
supletivo
ascendente,
profissionalizante, bem
descendente ou irmão;
CPF: 070.201.426-56 como de instrução do
b) necessidade de 2º grau ou superior, na
tratamento médico. Comarca do Juízo da
Execução;

c) participação em
atividades que
concorram para o
retorno ao convívio
social.

QUEM CONCEDE? DIRETOR DO JUÍZO DA


ESTABELECIMENTO EXECUÇÃO.
PRISIONAL.

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QUESTÃO 39

Em plenário do Tribunal do Júri, o advogado de defesa, constituído, tem indeferido seu


pedido de adiamento da sessão à qual compareceu acompanhado de seu cliente,
fundamentando o pedido no fato de que este fora intimado por edital, embora, estando
solto, tenha mudado de endereço sem comunicar ao juízo. Após o sorteio dos jurados e
a formação do conselho de sentença e já proferido o juramento, o oficial de Justiça
presencia uma conversa entre os jurados sobre o bom desempenho do promotor de
Justiça em julgamento ocorrido no mês anterior. De ofício, o juiz presidente determina
o registro do fato em ata e o prosseguimento do julgamento. Ao final, o mesmo oficial
certifica a incomunicabilidade dos jurados, levando o advogado a questionar o fato em
recurso de apelação. O feito segue para a fase instrutória, para a qual o Ministério
Público arrolara 8 testemunhas, ouvindo em plenário 5 delas. A defesa, por sua vez,
ouviu todas as suas 4 testemunhas arroladas. Nos debates orais, o promotor de Justiça
dedica parte de seu tempo à leitura minuciosa da decisão que recebeu a denúncia e
decretou a prisão preventiva do réu (prisão esta revertida em habeas corpus),
ressaltando o conhecimento e a experiencia do juiz sumariante, titular do cargo há 20
anos, professor de Processo Penal e com diversos livros publicados sobre o Tribunal do
Júri, situação que provocou inconformismo imediato do advogado, que fez constar seu
protesto em ata e sustentou imediato pedido de nulidade, também indeferido.
PAGE \*
Considerando o caso narrado acima, assinale a alternativa CORRETA:
64
MERGEFO
A) A intimação da decisão de pronúncia feita por edital é causa de nulidade, sanável em
razão do comparecimento espontâneo do réu. RMAT2

B) Segundo entendimento doutrinário e jurisprudencial, a regra da incomunicabilidade


não proíbe os jurados de conversarem sobre fatos pretéritos, ainda que vinculados ao
Tribunal do Júri. Além disso, a quebra da incomunicabilidade é tese que deve ser
CPF: 070.201.426-56
sustentada nos debates, sob pena de configurar nulidade de algibeira.

C) Tendo o Magistrado deferido a oitiva de 8 testemunhas, a despeito da limitação


contida no art. 422, CPP, o princípio da indisponibilidade recomenda a oitiva de todas
elas pelo Ministério Público em plenário, salvo manifestação fundamentada quanto à
desnecessidade da prova.

D) Conforme entendimento do Superior Tribunal de Justiça, ao fazer referência à


decisão que recebeu a denúncia e decretou a prisão preventiva como argumento de
autoridade que prejudica o acusado, o Ministério Público deu causa à nulidade do
julgamento.

RESPOSTA: B

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COMENTÁRIOS

A) INCORRETA. (...) Em se tratando de decisão de pronúncia e não tendo sido o acusado


localizado para ser intimado da decisão, basta a intimação de seu defensor constituído.
Precedentes. Esta Corte Superior de Justiça já decidiu que, em se tratando de decisão
de pronúncia e não tendo sido o acusado localizado para ser intimado da decisão,
basta a intimação do defensor constituído.(...)No que concerne à alegação de que há
nulidade decorrente de não ter havido intimação pessoal do Acusado, ora Agravante,
acerca do julgamento pelo Tribunal do Júri (...) De fato, a prévia intimação do acusado
para submissão ao Conselho de Sentença é indispensável, sob pena de nulidade, pois
decorre das garantias constitucionais do contraditório e da ampla defesa. Por essa
razão, nos termos do art. 420, parágrafo único, do CPP, o acusado solto que não for
encontrado para intimação pessoal deverá ser intimado por edital. Recurso especial
provido a fim de reconhecer a nulidade absoluta dos atos praticados após a decisão de
pronúncia, haja vista a ausência de intimação do recorrente quanto a esta decisão, bem
como à data da sessão de julgamento no Conselho de Sentença, determinando, assim,
a realização de um novo Júri, após a sua devida comunicação." (REsp 1.776.472⁄MS,
Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 19⁄02⁄2019)

B) CORRETA. O que a norma proíbe é que o jurado revele opinião sobre o caso narrado
no processo. Nesse sentido: PAGE \*
Não ocorre quebra de incomunicabilidade quando o jurado se comunica ou conversa,
65
MERGEFO

ainda que durante a sessão, mesmo com os demais membros do Conselho de Sentença, RMAT2
desde que o assunto não seja a causa, as provas ou o mérito da imputação. STJ. 6ª
Turma. REsp 1440787/ES, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em
07/08/2014.
CPF: 070.201.426-56
C) INCORRETA. Conforme inteligência do § 2º do art. 401 do CPP a parte poderá desistir
da inquirição de qualquer das testemunhas arroladas, ressalvado o disposto no art. 209
deste Código. Assim, não existe obrigatoriedade da oitiva de todas as testemunhas.

D) INCORRETA. “A decisão por meio da qual a denúncia é recebida, assim como aquela
que decreta a segregação cautelar do acusado, não constam dos incisos I e II do artigo
478 da Lei Processual Penal, inexistindo óbice à sua menção por quaisquer das partes.
Aliás, o próprio caput do artigo 480 do Código de Processo Penal estabelece a
possibilidade de leitura de peças processuais pelas partes, podendo a acusação, a defesa
e os jurados, a qualquer momento e por intermédio do Juiz Presidente, pedir que o orador
indique a folha dos autos onde se encontra o trecho lido ou citado.” (HC 153.121/SP, Rel.
Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 23/08/2011, DJe 01/09/2011)

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QUESTÃO 40

Por crime de roubo, Mévio foi condenado a 6 (seis) anos e 1 (um) mês de reclusão, em
regime inicial semiaberto. Apenas 1 (um) mês após o início do cumprimento da pena, o
condenado pleiteou a concessão de dois benefícios: saídas temporárias para visita à
família e trabalho externo, ambos deferidos pelo magistrado. No gozo da primeira saída
temporária, Mévio foi preso em flagrante por outro crime de roubo. O juiz, então, após
ouvi-lo, regrediu sua pena ao regime fechado. 1 (um) ano depois da regressão, Mévio
obteve progressão ao regime semiaberto, mas antes que fossem apreciados pedidos de
novos benefícios, foi encaminhada, aos autos da execução, a notícia da segunda
condenação (referente ao roubo praticado durante a saída temporária), a 6 (seis) anos
de reclusão, juntamente com a guia de execução e a certidão de trânsito em julgado.

Considere as informações acima, verifique se as assertivas abaixo são verdadeiras (V) ou


falsas (F) e em seguida marque a alternativa CORRETA:

( ) Segundo o texto da Lei de Execuções Penais – LEP – e o entendimento majoritário dos


tribunais superiores, é indispensável o cumprimento de 1/6 (um sexto) da pena para a
obtenção de autorização para saídas temporárias sem vigilância direta, para visita à
família, mesmo que o condenado inicie o cumprimento da pena em regime semiaberto, PAGE \*
podendo a decisão judicial que deferiu o benefício ser atacada por agravo em execução, 66
MERGEFO
recurso previsto, mas não regulamentado pela LEP.
RMAT2
( ) Segundo o texto expresso da LEP, a autorização para o trabalho externo é dada pela
direção do estabelecimento e não pelo juiz, mas, respeitadas condicionantes legais, é
admissível mesmo para os presos em regime fechado.
CPF:
( ) A prática de fato definido como070.201.426-56
crime doloso determina a regressão ao regime
fechado, admissível mesmo que o regime inicial imposto na condenação tenha sido o
semiaberto, mas a decisão de regressão deve ser precedida da oitiva do condenado.

( ) A unificação das penas determinará o retorno de Mévio ao regime fechado, mesmo


que a prática do crime da segunda condenação já tenha fundamentado anterior
regressão de regime.

A) F-V-F-V

B) F-F-V-V

C) V-V-V-F

D) V-V-V-V

RESPOSTA: LETRA D

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I – CORRETO. Decidiu o Superior Tribunal de Justiça, no RHC 102.761/SC, que o ‘‘art. 123
da Lei de Execução Penal exige, como requisito objetivo para a concessão do benefício
da saída temporária, o cumprimento mínimo de 1/6 da pena, caso o reeducando seja
primário, ou de 1/4, caso seja reincidente. Tal requisito deve ser observado mesmo nos
casos de condenado em regime inicial semiaberto. (Rel. Ministra LAURITA VAZ, SEXTA
TURMA, julgado em 04/10/2018, DJe 23/10/2018).

Ademais, o agravo em execução está previsto no art. 197 da LEP, mas por ela não é
regulamentado, existindo súmula do STF dispondo acerca do prazo. Senão vejamos:

Súmula 700: É de cinco dias o prazo para interposição de agravo contra decisão do juiz
da execução penal.

Art. 197 da LEP: das decisões proferidas pelo Juiz caberá recurso de agravo, sem efeito
suspensivo.

II – CORRETO. Aduz o artigo 37 da LEP que a prestação de trabalho externo, a ser


autorizada pela direção do estabelecimento, dependerá de aptidão, disciplina e
responsabilidade, além do cumprimento mínimo de 1/6 (um sexto) da pena.

III – CORRETO. Consoante art. 118 da LEP a execução da pena privativa de liberdade
ficará sujeita à forma regressiva, com a transferência para qualquer dos regimes mais
rigorosos, quando o condenado, dentre outras hipóteses: PAGE \*
67
MERGEFO
I - praticar fato definido como crime doloso ou falta grave;
RMAT2
Ademais, dispõe o § 2º do referido artigo que na hipótese do inciso I deverá ser ouvido
previamente o condenado.

IV – CORRETO. Dispõe o 111 da LEP que quando houver condenação por mais de um
crime, no mesmo processo ou CPF: 070.201.426-56
em processos distintos, a determinação do regime de
cumprimento será feita pelo resultado da soma ou unificação das penas, observada,
quando for o caso, a detração ou remição. De mais a mais, o parágrafo único do
dispositivo preceitua que sobrevindo condenação no curso da execução, somar-se-á a
pena ao restante da que está sendo cumprida, para determinação do regime.

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GRUPO III
(CIVIL E PROCESSO CIVIL)

QUESTÃO 41

Indique abaixo a alternativa que não se insere integralmente, no âmbito da Lei


13.105/15, entre as excepcionalidades à ordem preferencial cronológica de julgamento:

A) processos criminais, nos órgãos jurisdicionais que tenham competência penal.


B) reconhecimento de perempção.
C) causas que exijam urgência no julgamento.
D) julgamento de embargos de declaração.

RESPOSTA: C

COMENTÁRIOS

A) CORRETA, artigo 12, VIII, do CPC.

B) CORRETA, artigo 12, IV c/c 485, V, do CPC. PAGE \*


C) INCORRETA, o artigo 12, V, do CPC exige fundamentação da urgência (foi uma
68
MERGEFO
pegadinha). RMAT2
D) CORRETA, artigo 12, IX.

QUESTÃO 42 CPF: 070.201.426-56


Analise as seguintes assertivas com relação cumprimento de sentença, nos termos do
Código de Processo Civil:

I. O cumprimento da sentença poderá ser promovido em face do fiador, do coobrigado


ou do corresponsável que não tiver participado da fase de conhecimento.

II. São títulos executivos judiciais a decisão homologatória de autocomposição judicial e


a decisão homologatória de autocomposição extrajudicial de qualquer natureza.

III. A autocomposição judicial pode envolver sujeito estranho ao processo e versar sobre
relação jurídica que não tenha sido deduzida em juízo.

IV. No cumprimento de sentença que reconhece a exigibilidade de obrigação de prestar


alimentos, a execução dos alimentos provisórios e o cumprimento definitivo da
obrigação de prestar alimentos se processam em autos apartados.

Assinale a alternativa CORRETA:

É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
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A) Todas as assertivas são falsas.

B) Apenas as assertivas II e III são falsas.

C) Apenas as assertivas I e IV são falsas.

D) Todas as assertivas são verdadeiras.

RESPOSTA: C

COMENTÁRIOS

Item I - INCORRETO, artigo 513, § 6º, do CPC.

Item II - CORRETO, artigo 515, II e III, do CPC.

Item III - CORRETO, artigo 515, § 2º, do CPC.

Item IV - INCORRETO, artigo 531, § 1º, do CPC - atentem-se que a assertiva fala em
cumprimento definitivo e o artigo em sentença não transitada em julgado.

PAGE \*
QUESTÃO 43 69
MERGEFO
Assinale a alternativa INCORRETA quanto à cooperação
RMAT2
internacional:

A) Cabe aos tratados internacionais disciplinar a cooperação internacional.


B) A reciprocidade pode suprir a ausência de tratados; desnecessária, contudo, na
hipótese de homologação deCPF:
sentença070.201.426-56
estrangeira.

C) Devidamente autorizada pela via diplomática, a autoridade central nacional


comunicará ou dará tramitação ao auxílio direto ativo.

D) Ao Ministério Público cabe a adoção de atos à satisfação do pedido de auxílio direto,


quando indicado como autoridade central.

RESPOSTA: C

COMENTÁRIOS

A) CORRETA, artigo 26, caput, do CPC.

B) CORRETA, artigo 26, §§ 1º e 2º, do CPC.

É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
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C ) INCORRETA, artigo 31, do CPC.

D) CORRETA, artigo 33, parágrafo único, do CPC.

QUESTÃO 44

Analise as seguintes assertivas, nos termos do Código de Processo Civil:

I. O Ministério Público intervirá, quando não for parte, nas ações de família em que
figure como parte vítima de violência doméstica e familiar, ainda que não exista
interesse de incapaz.

II. Aplica-se o benefício da contagem em dobro quando a lei estabelecer, de forma


expressa, prazo próprio para o Ministério Público.

III. Incumbe ao autor adiantar as despesas relativas a ato cuja realização o juiz
determinar de ofício ou a requerimento do Ministério Público, quando sua
intervenção ocorrer como fiscal da ordem jurídica.

IV. A requerimento do Ministério Público como fiscal da ordem jurídica, o juiz


poderá decidir novamente as questões já decididas relativas à mesma lide, salvo
se tratar de relação jurídica de trato continuado em que sobreveio modificação PAGE \*
no estado de fato ou de direito. 70
MERGEFO
Assinale a alternativa CORRETA: RMAT2
A) Todas as assertivas são falsas.
B) As assertivas II e IV são falsas.
C) Apenas a assertiva II é verdadeira.
D) CPF: 070.201.426-56
Todas as assertivas são verdadeiras.

RESPOSTA: B

COMENTÁRIOS

Item I - CORRETO, artigo 698, parágrafo único, do CPC.

Item II - INCORRETO - artigo 180, § 2º, do CPC.

Item III - CORRETO, artigo 82, § 1º, do CPC.

Item IV - INCORRETO - artigo 505, I, do CPC.

QUESTÃO 45

É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
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Concernente à multa por infração aos deveres processuais pelas partes e seus
procuradores, assinale a alternativa INCORRETA:

A) A prática de atos inúteis e procrastinatórios à declaração do direito, conduta


atentatória à dignidade da justiça, é passível de multa em até 20% do valor da causa.
B) Quando o valor da causa for irrisório ou inestimável, a multa poderá ser fixada em
até 10 vezes o valor do salário-mínimo.

C) A multa fixada em face de conduta atentatória é fixada independemente do


cumprimento definitivo da sentença de obrigação de pagar quantia certa.

D) A multa impaga será inscrita como dívida ativa da União ou do Estado após o trânsito
em julgado da decisão que a fixou.

RESPOSTA: A

COMENTÁRIOS

A) INCORRETA, os atos listados na assertiva configuram litigância de má-fé, conforme


artigo 80, VI e VII, do CPC.

B) CORRETA, artigo 80, § 2º, do CPC. PAGE \*


C) CORRETA, artigo 77, § 4º, do CPC. 71
MERGEFO

D) CORRETA, artigo 77, § 3º, do CPC. RMAT2

QUESTÃO 46
CPF: 070.201.426-56
Analise as seguintes assertivas, nos termos do Código de Processo Civil, e assinale a
alternativa INCORRETA.

O juiz dirigirá o processo, incumbindo-lhe:

a) Determinar todas as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias


necessárias para assegurar o cumprimento de ordem judicial, inclusive nas ações que
tenham por objeto prestação pecuniária.

b) Dilatar os prazos processuais e alterar a ordem de produção dos meios de prova,


adequando-os às necessidades do conflito de modo a conferir maior efetividade à tutela
do direito, inclusive após encerrado o prazo regular.

c) Determinar, a qualquer tempo, o comparecimento pessoal das partes, para inquiri-las


sobre os fatos da causa, hipótese em que não incidirá a pena de confesso.

d) Quando se deparar com diversas demandas individuais repetitivas, oficiar o


Ministério Público, a Defensoria Pública e, na medida do possível, outros legitimados a

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que se referem o art. 5o da Lei no 7.347/85, e o art. 82 da Lei no 8.078/1990, para, se


for o caso, promover a propositura da ação coletiva respectiva.

RESPOSTA: B

COMENTÁRIOS

A) CORRETA, artigo 139, IV, do CPC.

B) INCORRETA, artigo 139, VI c/c parágrafo único.

C) CORRETA, artigo 139, VII, do CPC.

D) CORRETA, artigo 139, X, do CPC.

QUESTÃO 47

A tutela cautelar requerida em caráter antecedente está corretamente afirmada:

A) A tutela cautelar antecedente não será concedida quando houver perigo de


irreversibilidade dos efeitos da decisão.
PAGE \*
B) O reconhecimento da perda do direito potestativo no pleito cautelar permite que a 72
MERGEFO
matéria respeitante à tutela principal tenha julgamento deslocado.
C) A tutela antecipada é satisfativa permitindo assegurar a tutela do direito material. RMAT2
D) A não efetivação da tutela cautelar antes da ouvida do réu elimina a necessidade de
citação.

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RESPOSTA: B

COMENTÁRIOS

A) INCORRETA, artigo 300, § 3º, do CPC.

B) CORRETA, artigo 310, do CPC.

C) INCORRETA, a tutela antecipada que é satisfativa.

D) INCORRETA, há a necessidade de citação.

QUESTÃO 48

A propósito da figura da ‘compensação por benefícios indevidos ’versados na Lei da


Segurança para Inovação Pública, Lei 13.655/2018, indique a alternativa CORRETA:

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A) A decisão do processo (nas esferas administrativa, controladora ou judicial) poderá


impor compensação por benefícios indevidos ou prejuízos anormais resultantes da
atividade estatal ou da conduta dos envolvidos.

B) A figura jurídica da compensação por benefícios indevidos toma lugar da indenização


já que a instauração de procedimentos, per se, é ato lícito.

C) O compromisso entre os envolvidos para regular ônus, poderes e faculdades tem


natureza de ato jurídico processual.

D) A fixação da compensação levará em conta o grau de reprovabilidade da conduta


dos envolvidos, a natureza do bem jurídico tutelado, bem como os reflexos pessoais e
sociais da ação ou da omissão.

RESPOSTA: B

COMENTÁRIOS

A) INCORRETA, artigo 27, da LINDB (Lei de introdução às normas do direito brasileiro).

B) CORRETA. O “caput” do artigo 27 da LINDB prevê que acaso ocorra prejuízos,


advindos dos atos por ele listados, serão compensados. Sendo assim, o próprio artigo PAGE \*
traz solução estanque. 73
MERGEFO

C) INCORRETA, artigo 27, § 2º, da LINDB. RMAT2

D) INCORRETA, artigo 27, § 1º, da LINDB.

CPF: 070.201.426-56
QUESTÃO 49

Os processos estruturais já contam com aplicação no Brasil. Sobre eles indique a


alternativa que não seja correta:

A) Podem envolver ações tipicamente de natureza individual.


B) Estão caracterizados pela coletividade, multipolaridade e complexidade.
C) São flexíveis já que ensejam fracionamento da resolução de mérito e atenuam
regras de congruência e estabilização objetiva da lide.
D) São consensuais na medida que buscam a utilização de meios atípicos de provas.

RESPOSTA: D

COMENTÁRIOS

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Questão doutrinária. A letra D está incorreta porque a atipicidade está relacionada com
a flexibilidade dos processos estruturantes e não com a consensualidade.

QUESTÃO 50

Sobre o tratamento do dano e do ilícito no CPC, assinale a alternativa é INCORRETA:

A) Nas tutelas de obrigação de fazer e não fazer, o princípio da congruência é


excepcionado.
B) Na ação inibitória, o dano não importa, mas só o ato contrário ao direito, levando-se
em consideração o ilícito ocorrido.

C) Na ação de remoção do ilícito, o que se visa é a retirada do efeito que a norma proíbe
sob o pressuposto de causar dano.

D) Na cognição sumária da ação ressarcitória, o juízo deve estar centrado sobre o dano,
sua responsabilidade e a necessidade de se evitar novos prejuízos.

RESPOSTA: D

COMENTÁRIOS PAGE \*
74
MERGEFO
A) CORRETA, atrigo 536, do CPC.
RMAT2
B) e C), CORRETAS, artigo 497, parágrafo único, do CPC.

D) INCORRETA, a ação ressarcitória refere-se a fatos passados. A ação que visa evitar
novos prejuízos é a inibitória.
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QUESTÃO 51

Sobre a desconsideração da personalidade jurídica, assinale a alternativa INCORRETA:

A) A mera existência de grupo econômico não é suficiente para permitir a


desconsideração da personalidade jurídica quando não se demonstrar o abuso da
personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão
patrimonial.
B) A mera expansão ou a alteração da finalidade original da atividade econômica
específica da pessoa jurídica não constitui desvio de finalidade.

C) A desconsideração da personalidade jurídica só poderá ser concedida em casos que


se demonstrar conjuntamente uma situação fática que identifique, ao mesmo tempo,
desvio de finalidade e confusão patrimonial.

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D) A transferência de ativos ou de passivos sem efetivas contraprestações, exceto os de


valor proporcionalmente insignificante, pode configurar confusão patrimonial
caracterizadora de uma situação de fato capaz de autorizar a desconsideração da
personalidade jurídica.

RESPOSTA: C

COMENTÁTIOS

Artigo 50, do CC. O erro da assertiva é dizer que desvio de finalidade e confusão
patrimonial são cumulativos, quando na verdade são alternativos.

QUESTÃO 52

Considerando os “defeitos dos negócios jurídicos”, analise as assertivas abaixo:

I. Nos negócios jurídicos bilaterais, o silêncio intencional de uma das partes a


respeito de fato ou qualidade que a outra parte haja ignorado constitui omissão
dolosa, provando-se que sem ela o negócio não se teria celebrado.

A coação exercida por terceiro vicia o negócio jurídico, se da coação tivesse ou PAGE \*
II.
devesse ter conhecimento a parte a que aproveite, e esta responderá
75
MERGEFO

solidariamente com o terceiro por perdas e danos. Caso a parte que aproveite RMAT2
da coação, não tivesse ou devesse ter conhecimento, o negócio jurídico
subsistirá, mas o autor da coação responderá por todas as perdas e danos que
houver causado ao coacto.

III. Configura-se o estadoCPF: 070.201.426-56


de perigo quando alguém, sob premente necessidade, ou
por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao
valor da prestação oposta.

IV. O erro de indicação da pessoa ou da coisa, a que se referir a declaração de


vontade, não viciará o negócio quando, por seu contexto e pelas circunstâncias,
se puder identificar a coisa ou pessoa cogitada.

Somente está CORRETO o que se afirma em:

A) I, II e III
B) I, II e IV
C) I, III e IV
D) II e IV

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RESPOSTA: LETRA B. O item III conceitua a lesão e não o estado de perigo - artigo 157,
do CC/02.

QUESTÃO 53

Considerando o “inadimplemento das obrigações”, assinale a alternativa INCORRETA:

A) Da inexecução contratual imputável, única e exclusivamente, àquele que recebeu as


arras, estas devem ser devolvidas mais o equivalente, com atualização monetária
segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, juros e honorários de advogado.
B) O inadimplemento da obrigação, positiva e líquida, no seu termo, constitui de pleno
direito em mora o devedor.

C) Quando os juros moratórios não forem convencionados, ou o forem sem taxa


estipulada, ou quando provierem de determinação da lei, serão fixados segundo a taxa
que estiver em vigor para a mora do pagamento de impostos devidos à Fazenda
Nacional.

D) Quando se estipular a cláusula penal para o caso de mora, ou em segurança especial


de outra cláusula determinada, terá o credor o arbítrio de escolher entre a satisfação da PAGE \*
pena cominada ou pelo desempenho da obrigação principal, um ou outro. 76
MERGEFO

RMAT2
RESPOSTA: D

COMENTÁRIOS

a letra D contraria o previstoCPF: 070.201.426-56


no artigo 411, do CC.

QUESTÃO 54

Em relação ao instituto da responsabilidade civil, assinale a alternativa INCORRETA:

A) A responsabilidade civil do incapaz é subsidiária nos casos em que as pessoas por ele
responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes.

B) A responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo questionar mais


sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se
acharem decididas no juízo criminal.

C) Aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode reaver o que houver pago
daquele por quem pagou, salvo se o causador do dano for descendente seu, absoluta
ou relativamente incapaz.

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D) O direito de exigir reparação não se transmite com a herança, ao contrário da


obrigação de prestá-la, que é transmitido com a herança.

RESPOSTA: D

COMENTÁRIOS

A) CORRETA, artigo 928, do CC.

B) CORRETA, artigo 935, do CC.

C) CORRETA, artigo 934, do CC.

D) INCORRETA, artigo 943, do CC c/c enunciado da súmula do STJ número 642.

QUESTÃO 55

Em relação ao “Direito de Empresa” e às “Sociedades”, assinale a alternativa CORRETA:

A) No caso de morte de um dos sócios de uma sociedade simples, suas quotas deverão
obrigatoriamente ser liquidadas e pagas aos seus herdeiros legítimos.
PAGE \*
B) O empresário casado sob o regime da comunhão universal de bens depende da 77
MERGEFO
outorga uxória do cônjuge para alienar bens imóveis que integrem o patrimônio da
sociedade empresária ou gravá- los de ônus real. RMAT2

C) No que a lei for omissa, aplicam-se às sociedades cooperativas as disposições


referentes à sociedade simples, desde que respeitadas as características da sociedade
cooperativa.
CPF: 070.201.426-56
D) Uma sociedade limitada deve ser constituída, obrigatoriamente, por duas ou mais
pessoas maiores e capazes ou por menores devidamente assistidos ou representados.

RESPOSTA: C

COMENTÁRIOS

Artigo 1096, do CC traz a previsão estrita da letra C.

QUESTÃO 56

Considerando as assertivas abaixo, assinale a alternativa CORRETA:

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A) O imóvel urbano que o proprietário abandonar, com a intenção de não mais o


conservar em seu patrimônio, e que se não encontrar na posse de outrem, poderá ser
arrecadado, como bem vago, e passar, decorrido o prazo legal, à propriedade do
Município ou à do Distrito Federal, se se achar nas respectivas circunscrições.

B) A propriedade do solo também abrange as jazidas, minas e demais recursos minerais


encontrados no subsolo.

C) Quem quer que ache coisa alheia perdida há de restituí-la ao dono ou legítimo
possuidor. Não conhecendo o dono ou o legítimo possuidor, o descobridor fará por
encontrá-lo e, se não o encontrar e tendo feito notícia da descoberta perante a imprensa
e inexistindo quem a procure, poderá ficar com a coisa para si diante do fato de não
descobrir o real dono ou legítimo possuidor.

D) “Aluvião” é o acréscimo paulatino de terras formado, sucessiva e


imperceptivelmente, por depósitos e aterros naturais ao longo das margens das
correntes, ou pelo desvio das águas destas, e pertence aos donos dos terrenos
marginais. A “avulsão” acontece quando, por força natural violenta, uma porção de terra
se destacar de um prédio e se juntar a outro, ocasião em que o dono deste adquirirá a
propriedade do acréscimo. Em ambos os casos, a aquisição da propriedade imóvel por
cessão ensejará dever de indenização pelo novo proprietário.
PAGE \*
78
MERGEFO

RESPOSTA: A RMAT2
COMENTÁRIOS

a letra A encontra-se no artigo 1276, do CC.


CPF: 070.201.426-56
QUESTÃO 57
A respeito da filiação, assinale a alternativa INCORRETA:

A) O filho maior não pode ser reconhecido sem o seu consentimento, e o menor pode
impugnar o reconhecimento, nos quatro anos que se seguirem à maioridade ou à
emancipação.

B) A paternidade socioafetiva, declarada ou não em registro público, não impede o


reconhecimento do vínculo de filiação concomitantemente baseado na origem
biológica, com os efeitos jurídicos próprios.

C) A recusa do réu em se submeter ao exame de código genético – DNA – gerará


presunção relativa da paternidade, a ser apreciada em conjunto com o contexto
probatório.

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D) Nas hipóteses de técnicas de reprodução humana assistida, a presunção de


paternidade somente persiste quando provado o vínculo biológico entre os genitores e
os filhos frutos das referidas técnicas.

RESPOSTA: D

COMENTÁRIOS

O artigo 1597, V, do CC trata da inseminação artificial heteróloga, ou seja, com sêmen


de doador como sendo apta a configurar filiação.

QUESTÃO 58
Sobre a adoção, assinale a alternativa CORRETA:

A) Para a adoção conjunta é necessária que os pretendentes à adoção sejam casados


ou mantenham união estável, não sendo permitida em hipótese alguma a adoção por
divorciados, separados judicialmente ou ex-companheiros.

B) A adoção internacional é caracterizada quando o pretendente possui residência


habitual em país- parte da Convenção de Haia e deseja adotar criança em outro país- PAGE \*
parte da Convenção. 79
MERGEFO

C) Entende-se por família extensa a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles RMAT2
e seus descendentes.

D) A adoção rompe todos os vínculos com a família biológica, inclusive os impedimentos


matrimoniais. E em razão desse rompimento, não pode o adotado conhecer sua origem
CPF:
biológica e ter acesso ao processo no070.201.426-56
qual a medida foi aplicada.

RESPOSTA: B

COMENTÁRIOS

De acordo com o artigo 51, do ECA.

QUESTÃO 59

Sobre o Direito das Sucessões, assinale a alternativa INCORRETA:

A) Não havendo descendentes ou ascendentes do falecido, o cônjuge sobrevivente


casado com o de cujus pelo regime da separação obrigatória de bens receberá a
integralidade do patrimônio, ainda que haja irmãos do falecido.
B) O cônjuge sobrevivente casado pelo regime da comunhão universal de bens, sem

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descendentes, concorrerá na herança com o pai e a mãe do falecido, na proporção de


1/3 (um terço) para cada.

C) Se concorrerem filhos de irmãos bilaterais com filhos de irmãos unilaterais, cada um


destes herdará a metade do que herdar cada um daqueles.

D) Havendo apenas tios e sobrinhos do falecido, a herança será dividida de forma


igualitária entre eles, considerando que são parentes do falecido em terceiro grau na
linha colateral.

RESPOSTA: D

COMENTÁRIOS

De acordo com o artigo 1843, do CC os sobrinhos preferem aos tios.

QUESTÃO 60
Assinale a alternativa INCORRETA:

A) A capacidade civil se adquire aos 18 (dezoito anos) completos e a capacidade de testar


aos 16 (dezesseis) anos, independentemente de assistência. PAGE \*
80
MERGEFO
B) O herdeiro que sonegar bens da herança, não os descrevendo no inventário quando
estejam em seu poder, ou omitindo-os da colação, perderá o direito que sobre eles lhes RMAT2
caiba.

C) Os descendentes que concorrerem à sucessão do ascendente comum não são


obrigados a conferir o valor das doações que em vida dele receberam, já que o
CPF: 070.201.426-56
patrimônio doado em vida pelo autor da herança não se confunde com o patrimônio
deixado por ele quando de sua morte.

D) Pode o testador indicar os bens e valores que devem compor os quinhões


hereditários, deliberando ele próprio a partilha, que prevalecerá, salvo se o valor dos
bens não corresponder às quotas estabelecidas.

RESPOSTA: C

COMENTÁRIOS

a letra C contraria o prevista no artigo 2002, do CC.

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GRUPO IV
(DIREITO MATERIAL E PROCESSUAL COLETIVO)

QUESTÃO 61
Marque a alternativa INCORRETA:

A) O fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade decorrentes da


disparidade nas indicações constantes da oferta ou mensagem publicitária, podendo o
consumidor exigir a reexecução dos serviços, sem custo adicional.
B) O erro grosseiro de carregamento no sistema de preços e a rápida comunicação ao
consumidor não afastam a falha na prestação do serviço e o princípio da vinculação da
oferta.

C) O fornecedor imediato será responsável perante o consumidor pelo vício de


quantidade do produto, quando fizer a pesagem ou a medição e o instrumento utilizado
não estiver aferido segundo os padrões oficiais.

D) No fornecimento de serviços que tenham por objetivo a reparação de qualquer


produto considerar-se-á implícita a obrigação do fornecedor de empregar componentes
de reposição originais adequados e novos, ou que mantenham as especificações
técnicas do fabricante, salvo, quanto a estes últimos, se houver autorização em PAGE \*
contrário do consumidor. 81
MERGEFO

RMAT2
RESPOSTA: B

COMENTÁRIOS

O STJ entendeu exatamente CPF: 070.201.426-56


ao contrário: "O erro sistêmico grosseiro no carregamento
de preços e a rápida comunicação ao consumidor podem afastar a falha na prestação
do serviço e o princípio da vinculação da oferta" (STJ. 3ª Turma. REsp 1.794.991-SE, rel.
min. Nancy Andrighi, julgado em 5/5/2020 — Info 671)”.

QUESTÃO 62

A fiscalização da segurança de barragens caberá à entidade que concede, autoriza ou


registra o uso do potencial hidráulico, quando se tratar de uso preponderante para fins
de geração hidrelétrica.

A fiscalização da segurança de barragens caberá à entidade que outorga o direito de uso


dos recursos hídricos, observado o domínio do corpo hídrico, quando o objeto for de
acumulação de água, exceto para fins de aproveitamento hidrelétrico.

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A fiscalização da segurança de barragens de disposição de resíduos industriais caberá à


entidade que concede a licença ambiental.

A fiscalização da segurança de barragens de disposição de rejeitos de mineração caberá


à Agência Nacional de Mineração, sem prejuízo da competência da entidade que regula,
licencia e fiscaliza a produção e o uso da energia nuclear.

Assinale a alternativa CORRETA:

A) Os itens I, II, III e IV estão corretos.

B) O item III está incorreto.

C) Os itens I e II estão incorretos.

D) O item IV está incorreto.

RESPOSTA: A

COMENTÁRIOS

Os itens estão no artigo 5º, I, II, IV e V, da Lei 12.334/10.


PAGE \*
82
MERGEFO
QUESTÃO 63
RMAT2
I. Os bens inventariados ou registrados gozam de proteção com vistas a evitar o seu
perecimento ou degradação, promover sua preservação e segurança e divulgar a
respectiva existência.

CPF:
II. São princípios fundamentais dos 070.201.426-56
museus: a valorização da dignidade humana; a
promoção da cidadania; o cumprimento da função social; a valorização e preservação
do patrimônio cultural e ambiental; a universalidade do acesso, o respeito e a
valorização à diversidade cultural, e o intercâmbio institucional.

III.Consideram-se bens culturais passíveis de musealização somente os bens móveis de


interesse público, portadores de referência à identidade, à cultura e à memória dos
diferentes grupos formadores da sociedade.

IV. Os depósitos fossilíferos – ou seja, contendo restos, vestígios ou resultado da


atividade de organismo que tenha mais de 11.000 anos ou, no caso de organismo
extinto, sem limite de idade, preservados em sistemas naturais, tais como rochas,
sedimentos, solos, cavidades, âmbar, gelo e outros, e que sejam destinados a museus,
estabelecimentos de ensino e outros fins científicos – são propriedade da Nação, cuja
extração depende de autorização prévia e fiscalização do poder público.

Assinale a alternativa CORRETA:

É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
Rachel r Pires | | rachelromaniello@gmail.com | CPF: 070.201.426-56

A) Os itens I, II, III e IV estão corretos.


B) Os itens II e IV estão incorretos.
C) O item III está incorreto.
D) O item I está incorreto.

RESPOSTA: C

COMENTÁRIOS

Item I - CORRETO, artigo 39, § 2º , da Lei 11.904/2009: Os bens inventariados ou


registrados gozam de proteção com vistas em evitar o seu perecimento ou degradação,
a promover sua preservação e segurança e a divulgar a respectiva existência.

Item II - CORRETO, artigo 2º, da Lei 11.904/2009: São princípios fundamentais dos
museus: I – a valorização da dignidade humana; II – a promoção da cidadania; III – o
cumprimento da função social; IV – a valorização e preservação do patrimônio cultural
e ambiental; V – a universalidade do acesso, o respeito e a valorização à diversidade
cultural; VI – o intercâmbio institucional.

Item III - INCORRETO, artigo 5º, § 1º, da Lei 11.904/2009: Consideram-se bens culturais
passíveis de musealização os bens móveis e imóveis de interesse público, de natureza
PAGE \*
material ou imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de
referência ao ambiente natural, à identidade, à cultura e à memória dos diferentes
83
MERGEFO

grupos formadores da sociedade brasileira. RMAT2

Item IV - CORRETO, Portaria nº 155 de 2016 do Departamento Nacional de Produção


Mineral, o conceito de fósseis e de depósitos fossilíferos: artigo 297. Para efeito deste
Título entende-se por: I – fóssil: resto, vestígio ou resultado da atividade de organismo
que tenha mais de 11.000 anos CPF:
ou, no070.201.426-56
caso de organismo extinto, sem limite de idade,
preservados em sistemas naturais, tais como rochas, sedimentos, solos, cavidades,
âmbar, gelo e outros, e que sejam destinados a Museus, Estabelecimentos de Ensino e
outros fins científicos; II – depósito fossilífero: qualquer sistema natural que contenha
um ou mais fósseis;

QUESTÃO 64

I. As áreas de preservação permanente são áreas protegidas, cobertas ou não por


vegetação nativa, situadas em zona urbana ou rural, com as funções ambientais de
preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade,
facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das
populações humanas.

É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
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II. As áreas verdes urbanas são os espaços públicos previstos no Plano Diretor ou nas
Leis de Zoneamento Urbano do Município, em que há o predomínio de vegetação nativa,
sendo destinadas aos propósitos de recreação, lazer, melhoria da qualidade ambiental
urbana, proteção dos recursos hídricos, manutenção ou melhoria paisagística.

III. Nascente é o afloramento natural do lençol freático, mesmo que intermitente.

IV. Para o estabelecimento de áreas verdes urbanas, o poder público municipal contará
com a transformação das Reservas Legais em áreas verdes nas expansões urbanas, entre
outros instrumentos.

Assinale a alternativa CORRETA:

A) Apenas os itens I e IV estão incorretos.


B) Apenas os itens II e III estão incorretos.
C) Apenas o item IV está incorreto.
D) Os itens I, II, III e IV estão incorretos.

RESPOSTA: B

COMENTÁRIOS
PAGE \*
Os itens estão no artigo 3º, II, XX e XVII e no artigo 25, II, todos da Lei 12.651/12 (Código 84
MERGEFO
Florestal).
RMAT2

QUESTÃO 65

Sobre o racismo, a discriminação racial e as formas correlatas de intolerância, assinale,


CPF: 070.201.426-56
nos termos da legislação vigente, a alternativa INCORRETA:

A) As medidas especiais adotadas com a finalidade de assegurar o gozo ou exercício, em


condições de igualdade, de um ou mais direitos humanos e liberdades fundamentais de
grupos que requeiram essa proteção caracterizam a prática de discriminação racial.

B) Racismo consiste em qualquer teoria, doutrina, ideologia ou conjunto de ideias que


enunciam um vínculo causal entre as características fenotípicas ou genotípicas de
indivíduos ou grupos e seus traços intelectuais, culturais e de personalidade, inclusive o
falso conceito de superioridade racial.

C) Intolerância é um ato ou conjunto de atos ou manifestações que denotam


desrespeito, rejeição ou desprezo à dignidade, características, convicções ou opiniões
de pessoas por serem diferentes ou contrárias. Pode manifestar-se como a
marginalização e a exclusão de grupos em condições de vulnerabilidade da participação
em qualquer esfera da vida pública ou privada ou como violência contra esses grupos.

É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
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D) A discriminação racial pode basear-se em raça, cor, ascendência ou origem nacional


ou étnica.

RESPOSTA: A

COMENTÁRIOS

A) INCORRETA, artigo 1º, item 5, da Convenção Interamericana Contra o Racismo: as


medidas especiais ou de ação afirmativa adotadas com a finalidade de assegurar o gozo
ou exercício, em condições de igualdade, de um ou mais direitos humanos e liberdades
fundamentais de grupos que requeiram essa proteção não constituirão discriminação
racial, desde que essas medidas não levem à manutenção de direitos separados para
grupos diferentes e não se perpetuem uma vez alcançados seus objetivos.

B) CORRETA, artigo 1º, item 4, da Convenção Interamericana Contra o Racismo: Racismo


consiste em qualquer teoria, doutrina, ideologia ou conjunto de ideias que enunciam
um vínculo causal entre as características fenotípicas ou genotípicas de indivíduos ou
grupos e seus traços intelectuais, culturais e de personalidade, inclusive o falso conceito
de superioridade racial.

C) CORRETA, artigo 1º, item 6, da Convenção Interamericana Contra o PAGE \*


Racismo: Intolerância é um ato ou conjunto de atos ou manifestações que denotam 85
MERGEFO
desrespeito, rejeição ou desprezo à dignidade, características, convicções ou opiniões
de pessoas por serem diferentes ou contrárias. Pode manifestar-se como a RMAT2
marginalização e a exclusão de grupos em condições de vulnerabilidade da participação
em qualquer esfera da vida pública ou privada ou como violência contra esses grupos.

D) CORRETA, artigo 1º, item 1, da Convenção Interamericana Contra o Racismo: a


CPF: 070.201.426-56
discriminação racial é qualquer distinção, exclusão, restrição ou preferência, em
qualquer área da vida pública ou privada, cujo propósito ou efeito seja anular ou
restringir o reconhecimento, gozo ou exercício, em condições de igualdade, de um ou
mais direitos humanos e liberdades fundamentais consagrados nos instrumentos
internacionais aplicáveis aos Estados Partes.

QUESTÃO 66

Sobre os convênios e consórcios públicos, assinale a alternativa INCORRETA:

A) O consórcio público, com personalidade jurídica de direito público ou privado,


observará as normas de direito público no que concerne à realização de licitação, à
celebração de contratos, à prestação de contas e à admissão de pessoal, que será regido
pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

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B) O consórcio público com personalidade jurídica de direito público integra a


administração direta de todos os entes da Federação consorciados.
C) A União somente participará de consórcios públicos em que também façam parte
todos os Estados em cujos territórios estejam situados os Municípios consorciados.
D) Os consórcios públicos poderão emitir documentos de cobrança e exercer atividades
de arrecadação de tarifas e outros preços públicos pela prestação de serviços ou pelo
uso ou outorga de uso de bens públicos por eles administrados ou, mediante
autorização específica, pelo ente da Federação consorciado.

RESPOSTA: B

COMENTÁRIOS

A letra B está em confronto com o artigo 6º, § 1º, da Lei 11.107/05.

QUESTÃO 67

Sobre o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização


dos Profissionais da Educação (Fundeb), assinale a alternativa INCORRETA:
PAGE \*
A) Os recursos dos Fundos, provenientes da União, dos Estados e do Distrito Federal, 86
MERGEFO
serão repassados automaticamente para contas únicas e específicas dos governos
estaduais, do Distrito Federal e municipais, vinculadas ao respectivo Fundo, instituídas RMAT2
para esse fim, e serão nelas executados, vedada a transferência para outras contas,
sendo mantidas na Caixa Econômica Federal ou no Banco do Brasil S.A.

B) Admite-se litisconsórcio facultativo entre os Ministérios Públicos da União, do


CPF: 070.201.426-56
Distrito Federal e Territórios e dos Estados para a fiscalização da aplicação dos recursos
dos Fundos que receberem complementação da União.

C) Os registros contábeis e os demonstrativos gerenciais mensais, atualizados, relativos


aos recursos repassados e recebidos à conta dos Fundos, assim como os referentes às
despesas realizadas, ficarão permanentemente à disposição dos conselhos
responsáveis, bem como dos órgãos federais, estaduais e municipais de controle interno
e externo, e ser- lhes-á dada ampla publicidade, inclusive por meio eletrônico.
D) É autorizada a utilização dos recursos dos Fundos para pagamento de aposentadorias
e de pensões dos profissionais da educação básica.

RESPOSTA: D

COMENTÁRIOS

Os artigos que seguem pertencem à Lei 14.113/2020.

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A) CORRETA, artigo 21. Os recursos dos Fundos, provenientes da União, dos Estados e
do Distrito Federal, serão repassados automaticamente para contas únicas e específicas
dos governos estaduais, do Distrito Federal e municipais, vinculadas ao respectivo
Fundo, instituídas para esse fim, e serão nelas executados, vedada a transferência para
outras contas, sendo mantidas na instituição financeira de que trata o art. 20 desta Lei.

B) CORRETA, artigo 32. A defesa da ordem jurídica, do regime democrático, dos


interesses sociais e individuais indisponíveis, relacionada ao pleno cumprimento desta
Lei, compete ao Ministério Público dos Estados e do Distrito Federal e Territórios e ao
Ministério Público Federal, especialmente quanto às transferências de recursos
federais. (...) § 2º Admitir-se-á litisconsórcio facultativo entre os Ministérios Públicos da
União, do Distrito Federal e Territórios e dos Estados para a fiscalização da aplicação dos
recursos dos Fundos que receberem complementação da União.

C) CORRETA, artigo 36. Os registros contábeis e os demonstrativos gerenciais mensais,


atualizados, relativos aos recursos repassados e recebidos à conta dos Fundos, assim
como os referentes às despesas realizadas, ficarão permanentemente à disposição dos
conselhos responsáveis, bem como dos órgãos federais, estaduais e municipais de
controle interno e externo, e ser-lhes-á dada ampla publicidade, inclusive por meio
eletrônico.

D) INCORRETA, artigo 29: É vedada a utilização dos recursos dos Fundos para: (...) II PAGE \*
- pagamento de aposentadorias e de pensões, nos termos do § 7º do art. 212 da
87
MERGEFO

Constituição Federal. RMAT2

QUESTÃO 68
Em matéria de política urbana, é INCORRETO afirmar que:
CPF: 070.201.426-56
A) Entre os instrumentos de política urbana se inclui o estudo prévio de impacto
ambiental (EIA).

B) Compete à União, entre outras atribuições de interesse da política urbana, elaborar


e executar planos nacionais e regionais de ordenação do território e de desenvolvimento
econômico e social.

C) O Plano Diretor, aprovado por lei municipal, é o instrumento básico da política de


desenvolvimento e expansão urbana, e deverá englobar o território do Município como
um todo.

D) O Plano Diretor deverá conter a delimitação das áreas rurais onde poderão ser
aplicados o parcelamento, edificação ou utilização compulsórios, considerando a
existência de infraestrutura e de demanda para utilização.

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RESPOSTA: D

COMENTÁRIOS

A) CORRETA, artigo 4º, Lei 10257/01: Para os fins desta Lei, serão utilizados, entre
outros instrumentos: VI – estudo prévio de impacto ambiental (EIA) e estudo prévio de
impacto de vizinhança (EIV).

B) CORRETA, artigo 21, CRFB: Compete à União: IX - elaborar e executar planos nacionais
e regionais de ordenação do território e de desenvolvimento econômico e social.

C) CORRETA, artigo 40, Lei 10257/01: O plano diretor, aprovado por lei municipal, é o
instrumento básico da política de desenvolvimento e expansão urbana. § 2º O plano
diretor deverá englobar o território do Município como um todo.

D) INCORRETA, artigo 42, da Lei 10257/01: o plano diretor deverá conter, no mínimo, a
delimitação das áreas urbanas onde poderá ser aplicado o parcelamento, edificação ou
utilização compulsórios, considerando a existência de infra-estrutura e de demanda
para utilização.

PAGE \*
QUESTÃO 69 88
MERGEFO
Tratando-se de direito de idosos, segundo o ordenamento jurídico pátrio, analise as RMAT2
assertivas abaixo e marque a alternativa CORRETA:

I. Ao idoso que não esteja no domínio de suas faculdades mentais é assegurado o direito
ao tratamento de saúde que lhe for mais favorável, cuja opção poderá ser feita pelo
CPF: curador
próprio médico, quando não houver 070.201.426-56
ou familiar conhecido, caso em que deverá
comunicar o fato ao Ministério Público.

II . As transações relativas a alimentos aos idosos poderão ser celebradas perante o


Promotor de Justiça, que as referendará, e passarão a ter efeito de título executivo
extrajudicial nos termos da lei processual civil.

III. Nos programas habitacionais, públicos ou subsidiados com recursos públicos, o idoso
goza de prioridade na aquisição de imóvel para moradia própria, com reserva de pelo
menos 2% (dois por cento) das unidades residenciais.

IV. É vedada a discriminação do idoso nos planos de saúde pela cobrança de valores
diferenciados em razão da idade.

A) Apenas as assertivas I, II e IV estão corretas.

B) Apenas as assertivas I, III e IV estão corretas.

C) Apenas as assertivas II, III e IV estão corretas.

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D) As assertivas I, II, III e IV estão corretas.

RESPOSTA: A

COMENTÁRIOS

Item I – CORRETO, artigo 17, Lei 10741/03: Ao idoso que esteja no domínio de suas
faculdades mentais é assegurado o direito de optar pelo tratamento de saúde que lhe
for reputado mais favorável. Não estando o idoso em condições de proceder à opção,
esta será feita: pelo CURADOR, quando o idoso for interditado; pelos FAMILIARES,
quando o idoso não tiver curador ou este não puder ser contactado em tempo hábil;
pelo MÉDICO, quando ocorrer iminente risco de vida e não houver tempo hábil para
consulta a curador ou familiar; pelo próprio MÉDIO, quando não houver curador ou
familiar conhecido, caso em que deverá comunicar o fato ao Ministério Público.

Item II – CORRETO, artigo 13, Lei 10741/03: as transações relativas a alimentos poderão
ser celebradas perante o Promotor de Justiça ou Defensor Público, que as referendará,
e passarão a ter efeito de título executivo extrajudicial nos termos da lei processual civil.

Item III – ERRADO, artigo 38, Lei 10741/03 Nos programas habitacionais, públicos ou PAGE \*
subsidiados com recursos públicos, o idoso goza de prioridade na aquisição de imóvel
89
MERGEFO

para moradia própria, observado o seguinte: I - reserva de pelo menos 3 (três por cento) RMAT2
das unidades habitacionais residenciais para atendimento aos idosos.

Item IV – CORRETO, artigo 15, § 3º: É vedada a discriminação do idoso nos planos de
saúde pela cobrança de valores diferenciados em razão da idade.
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QUESTÃO 70

A Lei Federal no 8.069/90, que instituiu o Estatuto da Criança e do Adolescente,


estabelece entre seus dispositivos:

I. Ao adolescente empregado, aprendiz, em regime familiar de trabalho, aluno de escola


técnica, assistido em entidade governamental ou não governamental, é vedado
trabalho: noturno realizado entre as vinte horas de um dia e as seis horas do dia
seguinte; perigoso, insalubre ou penoso; realizado em locais prejudiciais à sua formação
e ao seu desenvolvimento físico, psíquico, moral e social; realizado em horários e locais
que não permitam a frequência à escola.

II. A adoção de crianças brasileiras por pretendente estrangeiro só será possível se este
possuir residência habitual em país-parte da Convenção de Haia.

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III. Considera-se por família extensa ou ampliada aquela que se estende para além da
unidade pais e filhos ou da unidade do casal, formada por parentes próximos com os
quais a criança ou adolescente convive e mantém vínculos de afinidade e afetividade.

IV. A pedido do Ministério Público, a autoridade judiciária competente, em medida de


preparação para adoção, poderá deferir a guarda de criança ou adolescente a terceiros,
resguardado o exercício do direito de visitas pelos pais, assim como o dever de prestar
alimentos, que serão objeto de regulamentação específica.

É CORRETO afirmar que:

A) Apenas as assertivas I e II estão corretas.


B) Apenas as assertivas III e IV estão corretas.
C) Apenas as assertivas I e IV estão corretas.
D) Apenas as assertivas I, II e III estão corretas.

RESPOSTA: B

COMENTÁRIOS

Item I - ERRADO, artigo 67, do ECA: Ao adolescente empregado, aprendiz, em regime PAGE \*
familiar de trabalho, aluno de escola técnica, assistido em entidade governamental ou
90
MERGEFO

não-governamental, é vedado trabalho: I - noturno, realizado entre as vinte e duas horas RMAT2
de um dia e as cinco horas do dia seguinte.

Item II - ERRADO, artigo 51, do ECA: Considera-se adoção internacional aquela na qual
o pretendente possui residência habitual em país-parte da Convenção de Haia, de 29 de
CPF:das070.201.426-56
maio de 1993, Relativa à Proteção Crianças e à Cooperação em Matéria de Adoção
Internacional, promulgada pelo, e deseja adotar criança em outro país-parte da
Convenção.

Item III - CERTO, artigo 25, parágrafo único, do ECA: Entende-se por família extensa ou
ampliada aquela que se estende para além da unidade pais e filhos ou da unidade do
casal, formada por parentes próximos com os quais a criança ou adolescente convive e
mantém vínculos de afinidade e afetividade.

Item IV - CERTO, artigo 33, §4º, do ECA: Salvo expressa e fundamentada determinação
em contrário, da autoridade judiciária competente, ou quando a medida for aplicada em
preparação para adoção, o deferimento da guarda de criança ou adolescente a terceiros
não impede o exercício do direito de visitas pelos pais, assim como o dever de prestar
alimentos, que serão objeto de regulamentação específica, a pedido do interessado ou
do Ministério Público.

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QUESTÃO 71
Assinale a alternativa INCORRETA:

A) O Agravo de Instrumento é cabível no caso, não com amparo no art. 1.015 do CPC,
mas por conta da regra do art. 19, § 1°, da Lei no 4.715/65, aplicável à ação civil pública
quando esta for omissa e, cumulativamente, a solução adotada para a ação popular
guardar compatibilidade com a ratio e princípios daquela. Logo, havendo norma
expressa em regime processual especial (“Das decisões interlocutórias cabe agravo de
instrumento”), não incide o sistema do CPC/2015.

B) Da decisão que determina o sobrestamento do recurso especial, ainda não


submetido ao juízo de admissibilidade pelo Tribunal de origem, cabe medida cautelar
tendente a obter efeito suspensivo no Tribunal ad quem.

C) A ação de improbidade administrativa possui natureza civil, não havendo falar-se em


prerrogativa de foro. O dano ao erário constitui interesse coletivo, legitimando o
Ministério Público a propor a ação civil pública, tutela adequada para a reparação do ato
ímprobo. Tendo as verbas indenizatórias sido utilizadas para o ressarcimento de
despesas de caráter estritamente pessoal, não relacionadas com as atribuições legais de
vice-prefeito, a hipótese é de improbidade administrativa, sendo patente o dolo do
agente, ao utilizar as referidas verbas, sistematicamente, como complemento de seu
subsídio. PAGE \*
91
MERGEFO
D) Em razão da pandemia da Covid-19, os prazos processuais foram suspensos no
período de 19/03/2020 a 14/06/2020, conforme Resoluções no 313/2020 e no 322/2020 RMAT2
do CNJ, voltando a fluírem, para os processos físicos, em 15/06/2020. Desse modo, a
suspensão dos prazos, no Tribunal de origem, fora do período mencionado, deve ser
comprovada no momento da interposição do recurso. O STJ firmou o entendimento de
que a ocorrência de feriado CPF: 070.201.426-56
local, recesso, paralisação ou interrupção de expediente
forense deve ser demonstrada no ato de interposição do recurso, por meio de
documento oficial ou certidão expedida pelo Tribunal de origem, não bastando a mera
menção ao feriado local nas razões recursais, tampouco a apresentação de documento
não dotado de fé pública. Registre-se ainda que a Corte Especial do STJ, por maioria,
acolheu a questão de ordem para reconhecer que a tese firmada por ocasião do
julgamento do REsp 1.813.684/SP é restrita aos recursos interpostos até 17/11/2019 e
alcança apenas o feriado de segunda-feira de carnaval, ou seja, não se aplica aos demais
feriados, inclusive aos feriados locais.

RESPOSTA: B

COMENTÁRIOS

A) CORRETA, houve o reconhecimento de que se aplica à ação de improbidade


administrativa o previsto no art. 19, § 1º, da Lei da Ação Popular, segundo o qual das

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decisões interlocutórias cabem agravo de instrumento. STJ, REsp 1.925.492-RJ, Rel. Min.
Herman Benjamin, Segunda Turma, por unanimidade, julgado em 04/05/2021 (Info
695).

B) INCORRETA, Súmula 634/STF: Não compete ao Supremo Tribunal Federal conceder


medida cautelar para dar efeito suspensivo a recurso extraordinário que ainda não foi
objeto de juízo de admissibilidade na origem, e Súmula 635/STF: Cabe ao Presidente do
Tribunal de origem decidir o pedido de medida cautelar em recurso extraordinário ainda
pendente do seu juízo de admissibilidade.

C) CORRETA, STF no ARE 133155/MG.

D) CORRETA, “Em função de determinação expressa no atual Código de Processo Civil,


a jurisprudência do STJ é no sentido de que eventual suspensão do prazo recursal,
decorrente de ausência de expediente ou de recesso forense, feriados locais, entre
outros, deve ser comprovada, por ocasião da interposição do recurso, no Tribunal de
origem. 2. Na hipótese dos autos, não houve comprovação, por documento idôneo,
quando da interposição do Recurso Especial, de que foram suspensos os prazos
processuais no Tribunal de origem nas datas apontadas pela agravante, razão porque
não há como alterar a decisão agravada”. (AgInt no AREsp 1423263/SC, relator Ministro
Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe de 25/10/2019).
PAGE \*
92
MERGEFO

QUESTÃO 72 RMAT2
Dispõe o art. 7º, parágrafo único, da Lei no 8.429/1992, que a decretação de
indisponibilidade de bens objetiva garantir o resultado útil do processo e, portanto:

I. Em interpretação ao referido dispositivo, o STJ firmou o entendimento de que a


CPF: 070.201.426-56
decretação de indisponibilidade de bens em ação civil pública por improbidade
administrativa dispensa a demonstração de dilapidação ou a tentativa de dilapidação do
patrimônio para a configuração do periculum in mora.

II. Recairá sobre tantos bens quantos forem necessários para assegurar o integral
ressarcimento de danos, ou sobre o acréscimo patrimonial resultante do
enriquecimento ilícito, assim como sobre o valor da multa civil.

III. Para fins de decretação da indisponibilidade de bens, a demonstração do fumus boni


juris consiste em meros indícios de prática de atos ímprobos.

IV. Por se tratar de uma tutela de evidência, tem por finalidade conservar bens no
patrimônio do devedor, evitando que sejam subtraídos ou alienados, sem apreensão
física ou desapossamento do bem, sendo desnecessária a comprovação do periculum in
mora, o qual está implícito no comando normativo do art. 7º da Lei no 8.429/1992.
É CORRETO afirmar que:

É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
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A) Apenas as assertivas I e II estão corretas.


B) Apenas as assertivas III e IV estão corretas.
C) Apenas as assertivas I e IV estão corretas.
D) Apenas as assertivas I, II e IV estão correta

RESPOSTA: D

COMENTÁRIOS

Itens I e IV – CORRETOS, Para o STJ, a indisponibilidade de bens do agente a quem se


imputa a prática de ato de improbidade administrativa tem natureza de tutela cautelar
de EVIDÊNCIA, sendo desnecessário, para sua decretação, demonstrar o perigo de dano
ou o risco ao resultado útil do processo. Trata-se de periculum in mora implícito. REsp
1.366.721-BA, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. para acórdão Min. Og
Fernandes, julgado em 26/2/2014 (Info 547).

Itens II e III – “Conquanto dispensada a comprovação de dilapidação patrimonial para a


efetivação da medida de bloqueio, entendeu-se, no julgado em testilha, que, para a
decretação da indisponibilidade, é imperiosa a
aferição dos seguintes requisitos: (a) sejam demonstrados fortes
indícios de responsabilidade na prática de ato de improbidade que tenha causado lesão PAGE \*
ao patrimônio público ou ensejado enriquecimento ilícito; (b) seja adequadamente
93
MERGEFO

fundamentada pelo Magistrado, sob pena de nulidade (art. 93, IX da Constituição RMAT2
Federal); (c) esteja dentro do limite suficiente, podendo alcançar tantos bens quantos
forem necessários a garantir o integral ressarcimento de eventual
prejuízo ao erário, levando-se em consideração, ainda, o valor de possível multa civil
como sanção autônoma; e (d) seja resguardado o valor essencial para subsistência do
CPF: 070.201.426-56
indivíduo. (AgInt no REsp 1756370/SC, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO,
PRIMEIRA TURMA, julgado em 02/04/2019, DJe 04/04/2019).”

QUESTÃO 73

A gravidade do ato ímprobo deve ser aquilatada pelo julgador para a aplicação da sanção
de perda de cargo prevista no art. 12 da Lei no 8.429/92, visando a afastar da
administração pública aquele que exibiu inidoneidade (ou inabilidade) moral e desvio
ético para o exercício da função pública.

Em relação ao enunciado acima, assinale a alternativa CORRETA:

A) A perda da função pública, como prevista no referido artigo 12, deve alcançar o cargo
ocupado pelo condenado ao tempo do julgamento da respectiva decisão judicial de
primeiro grau.

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B) A perda da função pública, como prevista no referido artigo 12, deve alcançar o cargo
ocupado pelo condenado ao tempo do fato considerado na respectiva decisão judicial.
C) A perda da função pública, como prevista no referido artigo 12, deve alcançar o cargo
ocupado pelo condenado ao tempo do trânsito em julgado da respectiva decisão
judicial.
D) A perda da função pública, como prevista no referido artigo 12, deve alcançar o cargo
ocupado pelo condenado ao tempo do julgamento proferido por órgão colegiado.

RESPOSTA: C

COMENTÁRIOS

A Primeira e Segunda Turmas do STJ divergiam. Ao julgar o EREsp 1.701.967/RS, em


9/9/2020, a Primeira Seção do STJ pôs fim à divergência, adotando compreensão no
sentido de que a perda da função pública, indicada no artigo 12 da Lei 8.429/1992, deve
alcançar o cargo ocupado pelo condenado ao tempo do trânsito em julgado da
respectiva decisão judicial.

QUESTÃO 74 PAGE \*
Em matéria de repercussão geral de processo coletivo para a defesa dos interesses da
94
MERGEFO

sociedade, a relevância das questões postas em ações civis públicas transcende a própria RMAT2
lide, não só pelo efeito erga omnes que possuem, mas pela importância reconhecida
pela Constituição da República.

Assinale a afirmativa INCORRETA:


CPF: 070.201.426-56
A) O reconhecimento da existência de repercussão geral da questão constitucional
veiculada em recurso extraordinário implica a possibilidade de sobrestamento de
recursos que versem sobre a mesma controvérsia, efeito que atinge as ações de
competência originária do Supremo Tribunal Federal.

B) É cabível a atribuição dos efeitos da declaração de ausência de repercussão geral


quando não há matéria constitucional a ser apreciada ou quando eventual ofensa à
Carta Magna ocorra de forma indireta ou reflexa.

C) Em repercussão geral, o STF firmou a tese de que o Município é competente para


legislar sobre o meio ambiente, juntamente com a União e o Estado, no limite do seu
interesse local e desde que tal regramento seja harmônico com a disciplina estabelecida
pelos demais.

D) Apresenta repercussão geral recurso extraordinário que verse sobre necessidade de


lei complementar para autorizar o repasse do PIS e da COFINS ao consumidor, em
faturas telefônicas.

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RESPOSTA: A

COMENTÁRIOS

A) INCORRETA: O reconhecimento da existência de repercussão geral da questão


constitucional veiculada em recurso extraordinário implica a possibilidade de
sobrestamento tão somente de recursos que versem a mesma controvérsia, efeito que
não atinge as ações de competência originária do Supremo Tribunal Federal. (ACO 3191
AgR-ED, Relator(a): DIAS TOFFOLI, Tribunal Pleno, julgado em 21/12/2020).

B) CORRETA: É cabível a atribuição dos efeitos da declaração de ausência de repercussão


geral quando não há matéria constitucional a ser apreciada ou quando eventual ofensa
à Carta Magna ocorra de forma indireta ou reflexa (RE 584.608-RG, Rel. Min. ELLEN
GRACIE, DJe de 13/3/2009).

C) CORRETA: O Município é competente para legislar sobre meio ambiente com União
e Estado, no limite de seu interesse local e desde que tal regramento seja e harmônico
com a disciplina estabelecida pelos demais entes federados (art. 24, VI, c/c 30, I e II, da
CRFB). [RE 586.224, rel. min. Luiz Fux, j. 5-3-2015, P, DJE de 8-5-2015, Tema 145. PAGE \*
D) CORRETA: No ARE 954891, o STF decidiu que “Apresenta repercussão geral recurso
95
MERGEFO

extraordinário que verse sobre necessidade de Lei Complementar para autorizar o RMAT2
repasse do PIS e da COFINS ao consumidor, em faturas telefônicas.”

QUESTÃO 75
CPF: 070.201.426-56
Assinale a alternativa INCORRETA quanto à prescrição das sanções previstas na Lei de
Improbidade Administrativa, de acordo com a compreensão do Superior Tribunal de
Justiça:

A) O termo inicial do prazo prescricional da ação civil pública de responsabilidade por


ato de improbidade administrativa, no caso de reeleição de prefeito, aperfeiçoa-se após
o término do segundo mandato.

B) Caso sejam exercidos cargo efetivo e cargo comissionado, cumulativamente, ao


tempo do ato reputado ímprobo, deve prevalecer o primeiro para fins de contagem da
prescrição, em razão do vínculo mantido pelo agente com a administração pública.
C) Ao particular aplica-se o mesmo regime prescricional previsto na Lei de Improbidade
Administrativa para o agente público.

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D) A prescrição da pretensão punitiva do Estado, nos casos em que o servidor pratica


ilícito disciplinar também capitulado como crime, deve observar o disposto na legislação
penal. Nessa hipótese, o prazo prescricional a ser utilizado é o da pena em concreto.

RESPOSTA: D

COMENTÁRIOS

A) CORRETA, "O prazo prescricional em ação de improbidade administrativa movida


contra prefeito reeleito só se inicia após o término do segundo mandato, ainda que
tenha havido descontinuidade entre o primeiro e o segundo mandato em razão da
anulação de pleito eleitoral, com posse provisória do Presidente da Câmara, por
determinação da Justiça Eleitoral, antes da reeleição do prefeito em novas eleições
convocadas". REsp 1.414.757-RN, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 6/10/2015,
DJe 16/10/2015 (Info 571).

B) CORRETA: “Partindo dessa premissa, o art. 23, I, associa o início da contagem do prazo
prescricional ao término de vínculo temporário. Ao mesmo tempo, o art. 23, II, no caso
de vínculo definitivo – como o exercício de cargo de provimento efetivo ou emprego –,
não considera, para fins de aferição do prazo prescricional, o exercício de funções
intermédias – como as comissionadas – desempenhadas pelo agente, sendo PAGE \*
determinante apenas o exercício de cargo efetivo. 5. Portanto, exercendo
96
MERGEFO

cumulativamente cargo efetivo e cargo comissionado, ao tempo do ato reputado RMAT2


ímprobo, há de prevalecer o primeiro, para fins de contagem prescricional, pelo simples
fato de o vínculo entre agente e Administração pública não cessar com a exoneração do
cargo em comissão, por ser temporário. (REsp 1060529/MG, Rel. Ministro MAURO
CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 08/09/2009, DJe 18/09/2009).
CPF: 070.201.426-56
C) CORRETA, Súmula 634-STJ: Ao particular aplica-se o mesmo regime prescricional
previsto na Lei de Improbidade Administrativa para o agente público.

D) INCORRETA, STJ: "ao se adotar na instância administrativa o modelo do prazo


prescricional vigente na instância penal, devem-se aplicar os prazos prescricionais ao
processo administrativo disciplinar nos mesmos moldes que aplicados no processo
criminal, vale dizer, prescreve o poder disciplinar contra o servidor com base na pena
cominada em abstrato, nos prazos do artigo 109 do Código Penal, enquanto não houver
sentença penal condenatória com trânsito em julgado para acusação, e, após o referido
trânsito ou não provimento do recurso da acusação, com base na pena aplicada em
concreto" (AgRg no RMS 45.618/RS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA
TURMA, DJe 06/08/2015).

QUESTÃO 76

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Quanto ao mandado de segurança coletivo e aos precedentes do Supremo Tribunal


Federal acerca da matéria, assinale a alternativa INCORRETA:

A) É inconstitucional o ato normativo que vede ou condicione a concessão de medida


liminar na via mandamental; por isso, impedir ou condicionar a concessão de medida
liminar no mandado de segurança coletivo caracteriza verdadeiro obstáculo à efetiva
prestação jurisdicional e à defesa do direito líquido e certo do impetrante.
B) O mandado de segurança coletivo não induz litispendência para as ações individuais,
mas os efeitos da coisa julgada não beneficiarão o impetrante a título individual se não
requerer a desistência de seu mandado de segurança no prazo de 30 (trinta) dias a
contar da ciência comprovada da impetração da segurança coletiva.
C) É necessária a autorização expressa dos associados, a relação nominal destes, bem
como a comprovação de filiação prévia, para a cobrança de valores pretéritos de título
judicial decorrente de mandado de segurança coletivo impetrado por entidade
associativa de caráter civil.

D) O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por partido político com
representação no Congresso Nacional, na defesa de seus interesses legítimos relativos
a seus integrantes ou à finalidade partidária, ou por organização sindical, entidade de
classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há, pelo menos, 1 (um)
ano, em defesa de direitos líquidos e certos da totalidade, ou de parte, dos seus PAGE \*
membros ou associados, na forma dos seus estatutos e desde que pertinentes às suas 97
MERGEFO
finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial.
RMAT2
RESPOSTA: LETRA C.

A) CORRETA, de acordo com o STF: É inconstitucional ato normativo que vede ou


condicione a concessão de medida liminar na via mandamental. STF, ADI 4296/DF,
CPF:do
relator Min. Marco Aurélio, redator 070.201.426-56
acórdão Min. Alexandre de Moraes, julgamento
em 9.6.2021 (Info 1.021).

B) CORRETA, artigo 22, § 1º, da Lei 12016/09.

C) INCORRETA, Súmula 629/STF: A impetração de mandado de segurança coletivo por


entidade de classe em favor dos associados independe da autorização destes.

D) CORRETA, artigo 21, Lei 12.016/09.

QUESTÃO 77

Sobre a liquidação e a execução da sentença proferida em ação coletiva, assinale a


alternativa INCORRETA:

A) Em ação civil pública proposta por associação, na condição de substituta processual


de consumidores, possuem legitimidade para a liquidação e execução da sentença todos

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os beneficiados pela procedência do pedido, independentemente de serem filiados à


associação promovente.

B) A condenação oriunda da sentença coletiva proferida na defesa de direitos


individuais homogêneos é certa e precisa, porém não se reveste da liquidez necessária
ao cumprimento espontâneo da decisão, devendo ainda ser apurados em liquidação os
destinatários e a extensão da reparação.

C) É devida a condenação em honorários advocatícios nas execuções individuais de


sentença proferida em ação coletiva, exceto se proveniente de mandado de segurança
coletivo.

D) Não é possível propor nos Juizados Especiais da Fazenda Pública a execução de título
executivo formado em ação coletiva que tramitou sob o rito ordinário, assim como
impor o rito sumaríssimo da Lei no 12.153/2009 ao juízo comum da execução.

RESPOSTA: C

COMENTÁRIOS

A) CORRETA: “Em ação civil pública proposta por associação, na condição de substituta
processual, possuem legitimidade para a liquidação e execução da sentença todos os PAGE \*
beneficiados pela procedência do pedido, independentemente de serem filiados à
98
MERGEFO

associação promovente. STJ. 2ª Seção. REsp 1438263/SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, RMAT2
julgado em 24/03/2021 (Recurso Repetitivo – Tema 948) (Info 694).”

B) CORRETA, artigo 95, do CDC.

C) INCORRETA, em sentido contrário ao da assertiva: STJ, REsp 1.740.156/SP, Rel.


CPF: 070.201.426-56
Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, DJe de 11/10/2019; AgInt no AREsp
933.746/SP, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, DJe de
31/10/2018; AgInt no AREsp 1.105.381/SP, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES,
SEGUNDA TURMA, DJe de 27/11/2017; AgInt no AREsp 1.350.736/SP, Rel. Ministra
ASSUSETE MAGALHÃES, SEGUNDA TURMA, DJe de 12/12/2019.

D) CORRETA, Não é possível ajuizar cumprimento de sentença no Juizado Especial da


Fazenda Pública para executar individualmente título judicial oriundo de ação coletiva,
ainda que o valor individual cobrado seja inferior a 60 SM. STJ. 1ª Seção. REsp 1804186-
SC, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 12/08/2020 (Recurso Repetitivo – Tema
1029) (Info 679).

QUESTÃO 78
Assinale a alternativa INCORRETA:

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A) A Recomendação possui natureza de ato administrativo enunciativo, imanente à


atuação extrajudicial do Ministério Público, não vinculando o destinatário à prática dos
atos recomendados, o qual, no entanto, deve providenciar a adequada e imediata
divulgação do ato, quando requisitado a fazê-lo.

B) A omissão da autoridade destinatária em atender ao que lhe foi recomendado pelo


Ministério Público tem como um de seus efeitos a caracterização do dolo para viabilizar
futura responsabilização em sede de ação penal pela prática de condutas que
encontrem adequação típica na legislação criminal.

C) A efetividade perseguida na atuação extrajudicial, que busca a escorreita prestação


dos serviços públicos e de relevância pública, autoriza o Ministério Público a estipular
multa em Recomendação, sempre que fixado prazo razoável para cumprimento das
providências recomendadas e cuja exigibilidade estará subordinada ao trânsito em
julgado de decisão em ação civil pública a ser ajuizada.

D) No exercício do controle extrajudicial da constitucionalidade, é possível que o


Ministério Público expeça Recomendação objetivando provocar perante o Poder
Legislativo o autocontrole de constitucionalidade de leis e demais atos normativos em
tramitação.

PAGE \*
RESPOSTA: C
99
MERGEFO

COMENTÁRIOS RMAT2

A recomendação mostra-se como relevante instrumento de diálogo interinstitucional,


no sentido de clarear a posição do Ministério Público sobre uma situação
potencialmente controvertida e indicar de forma expressa qual é a postura jurídica
CPF: 070.201.426-56
esperada pelo Ministério Público como lícita. Apesar da ausência expressa da figura da
recomendação na Carta da República, há de se reconhecer sua decorrência lógica das
atribuições do Parquet, enquanto um dos poderes implícitos da instituição. No plano
infraconstitucional, está disciplinada no inciso XX do art. 6º da Lei Complementar n.
75/1993, que se aplica aos estados por força do art. 80 da Lei n. 8.625/1993, e no art.
15 da Resolução n. 23/2007 do CNMP. Há ainda uma previsão genérica no art. 27,
parágrafo único, inciso IV, da Lei n. 8.625/1993. O objetivo da recomendação é facilitar
que este cumpra com suas funções institucionais de fiscalização da ordem jurídica,
exarado de forma unilateral, não tendo natureza de título executivo extrajudicial, bem
como não possuindo característica de ato jurisdicional. Em regra, a recomendação é
expedida em procedimento administrativo ou inquérito civil, o que permite a
constatação de que a natureza jurídica da recomendação é de ato administrativo
enunciativo de efeitos concretos. Após a expedição da recomendação ou celebração do
termo de ajustamento de conduta, será necessário um procedimento de
acompanhamento do acatamento da recomendação ou cumprimento do acordado no

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TAC. Essa atribuição do Ministério Público possui paralelo no Direito estrangeiro com a
figura de origem sueca do Ombudsman, a quem compete “supervisionar a observância
da ordem jurídica pelos agentes públicos” (GARCIA, 2014, p. 563), ou seja, cabe a este
receber as denúncias de irregularidades ligadas ao Poder Público, realizar as diligências
que se fizerem necessárias, a fim de esclarecer a veracidade dos fatos, bem como buscar
judicialmente a responsabilização dos agentes públicos. A recomendação legal é, pois,
um dos instrumentos típicos de atuação do Ombudsmen, conferida pelo constituinte ao
Ministério Público, e consiste numa tomada de postura da instituição em favor da
adequação da prestação de um serviço público, ou da implementação de uma política
pública ou da observância de condutas mais consentâneas pelos particulares ou pelo
Poder Público com a efetivação de determinados direitos dos cidadãos. Sua autoridade
reside na autoridade constitucional da função de Ombudsmen e, embora lhe falte
eficácia impositiva em decorrência de sua lógica intrínseca e pela dificuldade de o
Ministério Público impor condutas unilateralmente sem recorrer ao Poder Judiciário,
estabelece para o destinatário o dever de justificar seu não atendimento […]. Fonte:
Boletim Científico ESMPU

QUESTÃO 79
PAGE \*
A composição extrajudicial do conflito não afasta a apuração de responsabilidade do
agente público, quando se verificar que sua ação ou omissão constitui, em tese, infração
100
MERGEFO

disciplinar. RMAT2
I. Na transação por adesão perante a administração pública, quando o interessado for
parte em processo judicial inaugurado por ação coletiva, a adesão implicará renúncia
tácita a direito sobre o qual se fundamenta a ação ou o recurso, independentemente de
CPF: 070.201.426-56
petição do interessado ao juízo.

II. A instauração de procedimento administrativo para a resolução consensual de


conflito no âmbito da administração pública suspende a prescrição.

III. Toda e qualquer informação relativa ao procedimento de mediação será confidencial


em relação a terceiros, salvo se a informação for relativa à ocorrência de crime.

Assinale a alternativa CORRETA:

A) Os itens I e II estão incorretos.


B) Os itens III e IV estão incorretos.
C) Os itens II e IV estão incorretos.
D) Os itens I, II, III e IV estão corretos.

RESPOSTA: C

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COMENTÁRIOS

Item I – CORRETO, artigo 35, § 3º, da Lei nº 13.140/15 A composição extrajudicial do


conflito não afasta a apuração de responsabilidade do agente público que deu causa à
dívida, sempre que se verificar que sua ação ou omissão constitui, em tese, infração
disciplinar.

Item II – INCORRETO, artigo 35, § 6º, da Lei nº 13.140/15 A formalização de resolução


administrativa destinada à transação por adesão não implica a renúncia tácita à
prescrição nem sua interrupção ou suspensão.

Item III - CORRETO, artigo 34. A instauração de procedimento administrativo para a


resolução consensual de conflito no âmbito da administração pública suspende a
prescrição.

IV – INCORRETA, artigo 30. Toda e qualquer informação relativa ao procedimento de


mediação será confidencial em relação a terceiros, não podendo ser revelada sequer em
processo arbitral ou judicial salvo se as partes expressamente decidirem de forma
diversa ou quando sua divulgação for exigida por lei ou necessária para cumprimento de
acordo obtido pela mediação. § 3º Não está abrigada pela regra de confidencialidade a
informação relativa à ocorrência de crime de ação pública.
PAGE \*
101
MERGEFO
QUESTÃO 80
RMAT2
Considerando a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, assinale a alternativa
INCORRETA:

A) Por via de regra, em ação civil pública não é cabível a condenação da parte vencida
ao pagamento de honorários CPF:advocatícios
070.201.426-56
em favor do Ministério Público.
B) Ajuizada ação coletiva atinente à macrolide geradora de processos multitudinários,
suspendem-se as ações individuais até o julgamento da ação coletiva.
C) A abrangência nacional expressamente declarada na sentença coletiva não pode ser
alterada na fase de execução, sob pena de ofensa à coisa julgada.
D) Com a execução coletiva contra a Fazenda Pública, suspende-se o prazo prescricional
para o ajuizamento da pretensão executória individual, o qual voltará a fluir com a
decisão que puser termo à execução coletiva.

RESPOSTA: D

COMENTÁRIOS

A) CORRETA - Tese 01, Edição 25, Juris em Teses STJ: 1) Por critério de simetria, não é
cabível a condenação da parte vencida ao pagamento de honorários advocatícios em
favor do Ministério Público nos autos de ação civil pública, salvo comprovada má-fé.

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B) CORRETA - Tese 13, Edição 25, Juris em Teses STJ: 13) Ajuizada ação coletiva atinente
a macrolide geradora de processos multitudinários, suspendem-se as ações individuais,
no aguardo do julgamento da ação coletiva. Le

C) CORRETA, Tese 09, Edição 25, Juris em Teses STJ: 9) A abrangência nacional
expressamente declarada na sentença coletiva não pode ser alterada na fase de
execução, sob pena de ofensa à coisa julgada.

D) INCORRETA, Tese 04, Edição 25, Juris em Teses STJ: 4) Na execução individual de
sentença coletiva contra a Fazenda Pública, quando já iniciada a execução coletiva, o
prazo quinquenal para a propositura do título individual, nos termos da Súmula n.
150/STF, interrompe-se com a propositura da execução coletiva, voltando a correr, após
essa data, pela metade.

PAGE \*
102
MERGEFO

RMAT2

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