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Presidente:

Ademir Valério da Silva

1° Vice-Presidente Tesoureiro
Ivan da Gama Teixeira Adolfo Moacir Cabral Filho

2° Vice-Presidente 2ª Tesoureira
Carlos Alberto P. Oliveira Márcia Aparecida Gutierrez
3° Vice-Presidente
Antonio Geraldo Ribeiro S. Júnior Conselho Fiscal
Ana Lúcia Mendes dos Santos Povreslo
Secretário-Geral Marcos Antonio Costa Oliveira
Marcelo Brasil do Couto Marina Sayuri M. Hashimoto
2ª Secretária
Rejane Alves G. Hoffmann

Elaboração:
Maria Aparecida Ferreira Soares – Gerente de Assuntos Regulatórios

Equipe Técnica de Revisão:


Vagner Miguel – Gerente Técnico e de Assuntos Regulatórios

Farmacêuticas do Serviço de Atendimento ao Associado (SAA):


Adriana Paula de Mello Alves
Jaqueline Tiemi Watanabe
Lúcia Helena Gonzaga Pinto
Luciane Bresciane Quirino
Valéria Faggion
MANUALDE
TREINAMENTO
paraFARMÁCIAS

Este manual tem como objetivo fornecer orientações para as farmácias desenvolverem o
seu próprio Programa de Treinamento (treinamentos internos) visando à harmonização
com as diretrizes da Anfarmag e as normas vigentes, a contínua capacitação dos recursos
humanos e o fortalecimento do setor magistral. Nesse contexto, não se pode assegurar
que o desenvolvimento tão somente com o conteúdo deste Manual seja automaticamente
aceito pela autoridade fiscalizadora.

1ª edição – 2015

ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE FARMACÊUTICOS MAGISTRAIS


Manual de Treinamento – 1ª edição (2015) - Brasil, São Paulo. 52 págs.

1. Metodologia. 2. Programa. 3. Treinamento e Registro


I. Fundação Biblioteca Nacional.

A Anfarmag possui direitos reservados de acordo com a Lei no 9.610, de 19/02/1998.


Nenhuma parte pode ser reproduzida ou copiada por qualquer meio (eletrônico ou outro)
sem a expressa autorização por escrito da entidade.
Prefácio

As Boas Práticas de Manipulação em Farmácia – conjunto de regras


que auxiliam as farmácias magistrais na elaboração de preparações
com qualidade, segurança e eficácia – têm nos recursos humanos
a principal arma.

Os colaboradores fazem parte do processo de gestão do estabelecimento


farmacêutico, sendo o principal recurso para seu desenvolvimento.
Precisam se manter qualificados e comprometidos com a missão
de zelar pela saúde dos pacientes/clientes. As organizações, por sua
vez, são o principal agente de desenvolvimento desses profissionais,
devendo aplicar programas para o desenvolvimento de competências
técnicas e habilidades comportamentais.

Nesse âmbito, a Anfarmag traz mais uma contribuição prática.


O Manual de Treinamento para Farmácias foi elaborado para
orientar e facilitar a elaboração de programas de qualificação
das equipes, contribuindo, de forma simples e econômica para o
crescimento da sua farmácia.

É a Anfarmag atuando para a perpetuação do segmento magistral.

Equipe Anfarmag
SUMÁRIO
1. Introdução
2. Objetivo
3. Desafios e Impactos
4. Metodologias
5. Processos: Montagem e Recursos
5.1. Processos
5.2. Montagem
5.3. Recursos
6. Programa
6.1. Treinamento e Desenvolvimento
6.2. Procedimentos
6.3. Programas
6.4. Planejamento e Execução
7. Avaliação
7.1. Resultado
8. Conclusão
9. Sugestão de Temas
9.1. Boas Práticas (BPMF)
9.2. Higiene e Conduta
9.3. Atendimento ao Cliente (SAC)
9.4. Boas Práticas de Manipulação (manipulador)
9.5. Responsabilidade como Gestor
9.6. Visitação Médica
9.7. Armazenamento e Rastreabilidade
9.8. Processo de Limpeza
9.9. Controle da Qualidade
9.10. Reclamação (queixas)
9.11. Avaliação de Receituário
9.12. Avaliação de Fornecedores (Distribuidores de Insumos/Embalagens)
9.13. Avaliação de Transportadoras
9.14. Preenchimento de Documentos: Ordem de Manipulação e outros
10. Sugestão de Temas
11. ANEXOS
Anexo I – Ficha para Registro – Programa de Treinamento
Anexo II – Histórico de Revisão
Anexo III – Calendário de Treinamento
Anexo IV – Convocação de Funcionários
Anexo V – Certificado de Treinamento
Anexo VI – Declaração de Serviço de Designação para Aplicação
Anexo VII – Registro da Aplicação de Injetáveis
12. Referências Bibliográficas
1. Introdução
A proposta deste manual é orientar e informar os profissionais farmacêuticos que
atuam na área magistral acerca da grande importância dos treinamentos a serem
aplicados pelas farmácias a todos os funcionários. É por meio de treinamentos que os
recursos humanos serão cada vez mais qualificados e se tornarão comprometidos com
o estabelecimento onde atuam, bem como com seus clientes, tornando-os capacitados
às atividades diárias para as quais foram contratados.

É importante ainda que a farmácia divulgue aos que visitam a farmácia, aos seus clientes
e prescritores que possui um programa intensivo e contínuo de profissionalização de
colaboradores, proporcionando maior credibilidade do estabelecimento.

Treinar é “o ato intencional de fornecer os meios para proporcionar a aprendizagem”


(CHIAVENATO, 1994, p. 126), é educar, ensinar, mudar o comportamento, fazer
com que as pessoas adquiram novos conhecimentos, novas habilidades, ensiná-las
a mudar de atitude. Treinar no sentido mais profundo é ensinar a pensar, a criar e
a aprender a aprender.

Treinamento é o processo de desenvolver qualidades nos recursos humanos para


habilitá-los a serem mais produtivos e contribuírem mais para o alcance dos objetivos
organizacionais. O propósito do treinamento é aumentar a produtividade dos indivíduos
em seus cargos, influenciando seus comportamentos. (Chiavenato, 2004, p. 339)

Basicamente, as atividades dentro da empresa podem ser agrupadas em três funções:

1. Manutenção do sistema da empresa: dentro deste grupo estão, entre outras


atividades, as de:

• planejamento das necessidades de pessoal;


• treinamento;
• informações de pessoal;
• higiene e segurança do trabalho.

6 MANUAL DE TREINAMENTO para FARMÁCIAS


2. Exigências legais: a existência dessas atividades se dá por imposição da ordem
legal, sendo que sua ampliação ou redução depende exclusivamente de tal ordem.

Estão incluídas, nessas atividades, as exigências de registros, documentação, relações


trabalhistas, relatórios legais e outros. O posicionamento nesta categoria da atividade
de segurança e medicina do trabalho, ou na de manutenção, dependerá do enfoque da
empresa, que poderá considerá-la como uma obrigação ou necessidade.

3. Desenvolvimento de recursos humanos: as atividades que compõem essa


função correspondem ao momento mais atual da administração de recursos
humanos. O desenvolvimento pessoal é o elemento facilitador e estimulador para
se obter eficácia organizacional.

2. Objetivo
O objetivo essencial é o de prepará-los para gerenciar o processo desenvolvido em treinamento
e também atender as normas vigentes, sejam elas de ordem sanitária, trabalhista, ambiental,
de gestão da qualidade ou de competências técnicas e administrativas.

Este compêndio visa promover orientação simples e prática para a elaboração e a execução
do Programa de Treinamento para Farmácia, inicial e contínuo, visando melhoria e
uniformização das ações executadas e visa fornecer informações sobre os cuidados e
prevenção de acidentes e incidentes, riscos no desenvolvimento das atividades, saúde e
organização, atendendo as exigências das autoridades fiscalizadoras (ética e sanitária).

Ainda, no caso dos estabelecimentos farmacêuticos, em especial as farmácias


magistrais, os treinamentos servem também para ensinar os colaboradores a
executarem os procedimentos técnicos de forma correta e responsável.

Apresenta requisitos necessários para promover e registrar os treinamentos em serviço


(operacionais) e de educação continuada, do conteúdo programático e das características
dos funcionários. O farmacêutico, responsável técnico, em conjunto com outros
profissionais deve definir um cronograma que atenda às necessidades e disponibilidade
dos funcionários e, principalmente, que esteja de acordo com o próprio cronograma das
atividades necessárias ao atendimento das Boas Práticas de Manipulação.

O Programa de Treinamento deve ser elaborado não só porque é exigido pela


Resolução RDC nº 67, de 08 de outubro de 2007, que institui as Boas Praticas de

MANUAL DE TREINAMENTO para FARMÁCIAS 7


Manipulação em Farmácias, ou outra que venha substituí-la, mas também para
cumprir com a legislação trabalhista. Tem este a finalidade de obter funcionários
conscientes da importância da qualidade dos produtos/medicamentos manipulados
e o que isso representa na saúde da população. Aplica-se também às necessidades
de cumprimento do Sistema de Garantia da Qualidade, devendo permanecer à
disposição das autoridades fiscalizadoras toda documentação dos treinamentos e
inclusive comprovantes de cursos obtidos através de formação inicial/continuada,
requerida para as atividades pretendidas.

Estes cursos podem ser inclusive realizados em instituições ou associações de classe,


sejam presenciais ou online e, ainda, por empresas privadas especializadas.

O Programa de Treinamento visa orientar o atendimento ao item 15.8 e subitens do


ANEXO VII – Roteiro de inspeção da Resolução RDC nº 67, de 2007 ou outra que vier
a substituí-la. Este é considerado Item Necessário (N) e que deve ser cumprido, pois
em uma segunda inspeção sanitária torna-se Imprescindível (I), conforme item 5.20.8.

3. Desafios e Impactos
DESAFIOS:
1. Obter a aceitação do programa por parte dos funcionários ou dos agentes fiscalizadores.
2. Obter a aceitação da mudança da cultura dos funcionários e melhorias do processo
de manipulação.
3. Aplicar o conhecimento no trabalho diário.
4. Conseguir ampliação de conhecimentos em diversos assuntos.
5. Visualizar melhorias no desempenho das atividades dos funcionários, buscando
obter preparações magistrais seguras.

IMPACTOS:
1. Mudança da cultura, procedimentos e vícios na execução das atividades.
2. Aprendizado obtido através de cursos compatíveis com a atividade proposta.
3. Funcionários capacitados para o desenvolvimento das atividades práticas
e até mesmo burocráticas da verificação e supervisão dos procedimentos de
manipulação/dispensação.
4. Permitir que executem a análise e a decisão de modificação das estruturas do
processo de manipulação, em suas diversas instâncias, bem como a adoção de novas
atitudes/ações e registros.

8 MANUAL DE TREINAMENTO para FARMÁCIAS


O QUE DEVE
CONTER O
MANUAL DE
TREINAMENTO
4. Metodologias
Metodologia: é a forma utilizada para aplicar o desenvolvimento do Programa de
Treinamento. Deve visar as necessidades estabelecidas pela farmácia, adaptando o
método às atividades e permitindo aos participantes aumentar a confiança pessoal
e demonstrar que sabem trabalhar em equipe, bem como a motivação pessoal e o
aumento da produtividade.

No Programa de Treinamento podem ser utilizadas várias metodologias, como:

a) Cursos e palestras para indicar/demonstrar a prática em serviço


(executada no local de trabalho);
b) Palestras ou cursos em sala de aula (auditório próprio ou contratado);

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c) Treinamento à distância: online ou Internet (via tablet, celular e computadores).

O Treinamento online é um conjunto de cursos administrados por meio eletrônico


por um sistema que possibilita à farmácia administrar, acompanhar e avaliar o
treinamento de seus funcionários/colaboradores participantes.

MANUAL DE TREINAMENTO para FARMÁCIAS 11


5. Processos: Montagem e Recursos
5.1. Processos

Diagnosticar Planejar Executar Avaliar

Levantamento Organização do Seleção dos


dos assuntos conteúdo métodos

Operacionalização Criação das aulas

Conjunto de atos pelos quais se realiza uma operação qualquer (ex.: processo de
elaboração de uma formulação magistral). Sequência contínua de fatos que apresentam
certa unidade, ou que se reproduzem com certa regularidade. Mudanças ocorridas no
comportamento dos funcionários durante o treinamento;

Métodos e técnicas mais utilizados para os Processos de Treinamento:

“Vários fatores do treinamento podem influir na escolha da técnica, tais como nível do
treinando, forma do treinamento, tipo de necessidades, duração dos cursos, recursos
humanos e materiais, condições físicas e ambientais” (FONTES, p. 64).

Treinamento de integração de novos colaboradores: é a preparação de funcionários


recém-admitidos. Poderá fazer com que o funcionário aumente a motivação,
evitando a rotatividade.

12 MANUAL DE TREINAMENTO para FARMÁCIAS


Rotatividade no trabalho: método de preparação de profissionais com vistas à
evolução em sua carreira e no desenvolvimento das atividades. Deve ser planejado,
ter duração de no mínimo seis meses – ou o tempo que a farmácia julgar apropriado
– para tornar confiável a competência do colaborador e tornar possível aos envolvidos
assumir novas funções.

Para obter as melhorias poderão ser utilizadas ainda: dinâmicas de grupo e atividades
práticas para fixação das informações: Dramatizações; Estudos de caso e Apresentações
eletrônicas de todo o conteúdo.

Palestras: são indicadas para a atualização profissional, no caso de eventos externos, e


para a disseminação de conhecimentos e boas práticas, no caso de eventos internos. As
palestras internas, além de servirem como treinamento, são poderosos instrumentos
de integração e melhoria do processo de comunicação.

MANUAL DE TREINAMENTO para FARMÁCIAS 13


Dramatizações: destinadas a treinamento com base e foco comportamentais,
normalmente utilizadas para dar forma a um conhecimento ou aprendizado
teórico anteriormente ministrado, ou seja, são uma técnica essencialmente para
uso combinado. Podem ser aplicadas normalmente a grupos e, em alguns casos,
individualmente.

Dinâmica de grupo: técnica que utiliza o envolvimento do grupo na preparação de


pessoas. As dinâmicas são aplicadas a vários públicos, normalmente como atividade
complementar ou de reforço.

14 MANUAL DE TREINAMENTO para FARMÁCIAS


Atividade prática: utilização do método de ensino utilizando o local de trabalho para
que os funcionários/colaboradores possam aprender técnicas de preparação de fórmulas.
Permite troca de informações/experiências para o aprendizado e a atualização.

5.2. Montagem Do Programa

O farmacêutico deve descrever o Programa de Treinamento objetivando uma


programação para cada treinamento aplicável aos funcionários recém-admitidos e
aos que estão na farmácia, a fim de obter melhorias no desenvolvimento do trabalho
e conhecimento atualizado sobre as Boas Práticas de Manipulação na Farmácia.

O Programa de Treinamento pode ser descrito com o objetivo de ambientar os


novos funcionários; fornecer aos mesmos novos conhecimentos; desenvolver
comportamentos necessários para o bom andamento do trabalho e, ainda,
conscientizar os funcionários da importância de se autodesenvolver, além de buscar
o aperfeiçoamento contínuo.

O treinamento deve proporcionar ao funcionário o sentimento de obter sua


valorização e sentir-se prestigiado perante a empresa, pois desta forma ela demonstra
sua preocupação em dar oportunidade de crescimento pessoal e profissional.

O treinamento é de responsabilidade do farmacêutico encarregado pelo Sistema


de Garantia da Qualidade (gerencial) conforme as Boas Práticas de Manipulação
em Farmácias (BPMF). O farmacêutico como gerente deve se preocupar com a
capacitação de sua equipe, cuidando para que ela receba treinamento adequado e de
forma continuada com possibilidade de melhoria do processo magistral.

MANUAL DE TREINAMENTO para FARMÁCIAS 15


Além do treinamento inicial, os funcionários devem passar por treinamentos
periódicos, considerando:

• Os funcionários devem passar por treinamentos, no mínimo, com uma


periodicidade anual;
• Caso aconteçam falhas nos processos, deve ser feito treinamento de reciclagem
imediatamente, no mínimo, com os funcionários envolvidos;
• Os treinamentos periódicos devem conter todas as informações necessárias para a
execução do procedimento, mesmo que isso já tenha sido passado no treinamento
inicial e nos demais treinamentos periódicos;
• Cada vez que ocorrer alteração em um procedimento, deve ser feita alteração nos
procedimentos escritos;
• Neste caso, todos os funcionários envolvidos devem passar por novo treinamento.

Pode ser assim entendido:

Estratégia

Desenvolvimento Diagnóstico
de Equipe Situacional

Avaliação de Elaboração de
Resultados Soluções

Fonte: http://www.reisner.com.br/Metodologia.htm

16 MANUAL DE TREINAMENTO para FARMÁCIAS


O Programa de Treinamento para Farmácia deve enfatizar o trabalho e a conscientização
da segurança pessoal e do produto manipulado ou dispensado. Deve ser inicial e
continuado.

O programa deve ensinar aos funcionários a forma de redução de erros críticos,


ajudando-os a reduzir a probabilidade de que erros ocorram. As técnicas que ajudam
a evitar erros são:

• Centrar-se no que faz – para prevenir ou evitar o erro;


• Analisar incidentes e pequenos acidentes – para prevenir os grandes.

Centrar-se no que faz – para Analisar os incidentes e


prevenir ou evitar o erro pequenos acidentes – para
prevenir os grandes

MANUAL DE TREINAMENTO PARA FARMÁCIAS 17


3. Recursos

Deverá escolher aqueles mais adequados para o evento, sendo os mais conhecidos
e utilizados para o treinamento: Vídeo-filmes/telev isor ; Gravador/Aparelho
de som; Car tazes; Retroprojetor/ Transparência; Apostilas; Quadro negro;
Flip-char t; Computador.

18 MANUAL DE TREINAMENTO para FARMÁCIAS


PROGRAMA DE
TREINAMENTO
6. Programa de Treinamento
6.1. Treinamento e Desenvolvimento

CAPACITAÇÃO / TREINAMENTO EQUIPE


• de novos funcionários • entrosamento
• para empresas franqueadas • ajuda mútua
• de funcionários da unidade matriz e • reuniões
suas filiais • confraternizações
• específico (Ex.: Supervisores,
Gerentes, Farmacêuticos)
HABILIDADES
• paciência
CLIENTE
• administração de tempo
• treinamento voltado para obter
• desenvolvimento de tarefas
satisfação do cliente

20 MANUAL DE TREINAMENTO para FARMÁCIAS


6.2. Procedimentos

PROCEDIMENTOS: documento detalhado contendo a descrição/etapas dos


treinamentos e a organização que a farmácia precisa executar ou outros que venham
a ser contratados.

O farmacêutico deve ter um Procedimento Operacional Padrão (POP) detalhado e


recomenda-se fazer constar os seguintes itens:

• Data da elaboração;
• Data das revisões;
• Data de validade: recomenda-se que seja revisado anualmente;
• Considerações gerais: apresentar a política da empresa e as formas de
funcionamento;
• Definições: apresentar a definição de cada termo específico utilizado; para isso,
deve-se utilizar como padrão a legislação sanitária;
• Controle, distribuição e revisão: deve estar especificado de que forma serão
distribuídas e controladas as cópias, a periodicidade de revisões;
• Responsabilidade/Autorização: indicar o(s) responsável(eis) pela elaboração e o
responsável que irá proceder a autorização para execução do treinamento;
• Responsabilidade técnica: apresentar as funções e responsabilidades do
responsável técnico;
• Organograma: ter a descrição visando demonstrá-la no processo de admissão e
periodicamente;
• Descrição de cargos e funções: detalhar o máximo possível cada função e a
responsabilidade de cada cargo;
• Documentação: escolher os modelos ideais para registro de avaliações.

MANUAL DE TREINAMENTO para FARMÁCIAS 21


6.3. Programa

MODELO DE PROGRAMA: deverá conter pelo menos os seguintes itens:

• Responsável/Gestor: (nome)
• Equipe Responsável: (Nomear)
• Descrição do(s) treinamento(s)
1. Nome do treinamento
2. Objetivo
3. Conteúdo [Descrever o conteúdo programático do treinamento]
4. Setor Envolvido
5. Data [Prevista]
6. Requisitos [Necessários]
7. Monitor [Nome e minicurrículo]
8. Funcionários [Descrever o setor]
9. Carga Horária
10. Local [Descrever]

• Assinaturas

Observação – Relação das assinaturas que estão de acordo com o conteúdo deste documento.
1. Elaborador do treinamento
2. Coordenador do treinamento
3. Gestor do projeto
4. Divulgação Interna

22 MANUAL DE TREINAMENTO para FARMÁCIAS


• Recursos

Deve incluir no Programa de Treinamento:


• Pessoal habilitado;
• Equipamentos (workstations, servidores, visual/display, vídeos, filmes, TV);
• Materiais didáticos: apostilas ou arquivos que possam ser utilizados em computador,
celular ou tablet.

• Localizações e Instalações

Descrever onde o treinamento será entregue e as instalações específicas e salas de aula


envolvidas. Identifique as exigências para o seguinte:
• Equipamento da sala de aula (quadro, flip-charts, bloco de anotação, canetas);
• Descrição da sala de aula (tamanho e forma);
• Mobiliário;
• Energia.

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6.4. Planejamento e Execução

O farmacêutico ou o gestor deve estabelecer os pontos que devem constar


do treinamento:

Identificar o(s) funcionário(s): este é o ponto de partida para a elaboração do


programa. Para a identificação, pergunte: Quais são as suas necessidades? E que
resultados deverão ser alcançados?

Levantamento de necessidades (LN): para que um Programa de Treinamento tenha


o resultado esperado, devem ser ajustadas as ações da área de treinamento com as
necessidades da farmácia. O levantamento de necessidades deve ser cuidadosamente
avaliado para que o gerente ou superior possa prever e prover os recursos financeiros,
humanos e materiais necessários ao funcionamento do estabelecimento.

Para realizar o LN podem ser utilizados os seguintes instrumentos: Questionário;


Avaliação de desempenho; Discussão em grupo; Reuniões entre setores; Pesquisa de
satisfação dos funcionários, entre outros.

Diagnosticar o problema: nesta etapa, o profissional de treinamento irá analisar


o desvio encontrado e concluir se o problema é solucionável através de um
Programa de Treinamento.

Elaborando um Programa de Treinamento: a elaboração de um Programa de


Treinamento sempre será realizada para atender as normas legais e com base na
identificação e interpretação das necessidades reais de treinamento.

Para definir o que deve ser oferecido no treinamento, é fundamental identificar os


seguintes pontos:

Público-alvo: identificação dos funcionários e gerentes que serão atingidos pelo


programa, o que garantirá um percentual de sucesso no treinamento. Um treinamento
para os técnicos não poderá ser o mesmo utilizado para os gerentes e vice-versa.

Objetivos: são o que se pretende alcançar com um Programa de Treinamento. Os


resultados obtidos em um Programa de Treinamento nem sempre são fáceis de
alcançar e de demonstrar. Quando se tem objetivos definidos, estes são mais facilmente
atingidos com a realização do treinamento.

24 MANUAL DE TREINAMENTO para FARMÁCIAS


Definição dos temas: os temas devem estar sempre ligados aos objetivos a
serem alcançados e integrados aos interesses da farmácia para melhor atingir os
resultados necessários.

Plano de aula: este é um instrumento que irá auxiliar o instrutor na realização do


treinamento. No plano devem conter as seguintes informações: tema do treinamento,
assuntos a serem abordados, horários, técnicas e recursos didáticos.

Tempo e custo: o tempo deve ser determinado a partir das necessidades e de acordo
com a atividade do funcionário. O custo deve ser avaliado mostrando os benefícios
que o treinamento irá proporcionar ao funcionário e à farmácia. Alguns itens podem
ser considerados como custo: valor pela aula dos instrutores ou consultores externos,
despesa com local, refeições, passagens, estadias, materiais, entre outros. Quando a
aula for ministrada por um funcionário interno da farmácia ou se forem utilizadas
áreas internas como o auditório, o custo sempre será um pouco mais baixo.

Executando um Programa de Treinamento:

Terminada a fase de elaboração do Programa de Treinamento, inicia-se a fase de


execução, que envolve a convocação dos funcionários (treinandos) e a execução do
treinamento propriamente dito.

Convocação dos funcionários a serem treinados:

É importante que o funcionário receba ou tome conhecimento da convocação, com a


colocação em mural, em lugar visível pelos funcionários, ou por meio de comunicação
direta (documento).

MANUAL DE TREINAMENTO para FARMÁCIAS 25


Pessoa(s) que irá(ao) transmitir os conteúdos teóricos e práticos do(s)
Programa(s) de Treinamento:

Para que um Programa de Treinamento tenha sucesso, o instrutor deverá estar


preparado e adequado para atuar como um verdadeiro agente de mudança e para
cumprir com o programa.

A atuação deste é que poderá garantir o alcance dos objetivos estabelecidos e o sucesso
do treinamento. Somente a partir das análises a seguir é que se convocam os instrutores.

O instrutor deve possuir algumas características, como:


a) personalidade indicando que transmite segurança;
b) conhecimento do assunto;
c) habilidade para lidar com diferentes situações;
d) motivação e facilidade para motivar os funcionários;
e) liderança: habilidade com ideias; ser criativo;
f) empatia: colocar-se no lugar do outro;
g) ser ético nos procedimentos.

Ao se investir em treinamento, espera-se que haja “aumento de produtividade,


mudanças de comportamento, melhoria do clima humano na organização, redução
de custos e de acidentes, rotação de pessoal, além de outros resultados” (TOLEDO e
MILIONI, p. 89).

26 MANUAL DE TREINAMENTO para FARMÁCIAS


AVALIAÇÃO DOS
TREINAMENTOS
7. Avaliação
Tem por objetivo verificar o bom aproveitamento/aprendizado obtido através
do treinamento ou de curso de aprimoramento pela educação continuada para o
desempenho do funcionário na atividade em que irá ou está executando na farmácia.

A farmácia deve, através dos responsáveis e em conjunto com sua equipe, definir os
indicadores para avaliação do treinamento e desenvolvimento, sempre voltados aos
objetivos da empresa, assim como a expectativa de melhorias e/ou adoção de medidas
para alcançar os objetivos, com o intuito de obter um medicamento manipulado
seguro e eficaz em benefício da saúde da população.

Para Hamblin (1978), avaliação “é o ato de julgar se o treinamento valeu a pena ou


não em termos de algum critério de valor à luz da informação disponível”. O objetivo
geral de fornecer informações contínuas e fidedignas sobre a eficiência e a eficácia das
ações educacionais realizadas e/ou contratadas pela empresa.

Tem os seguintes objetivos específicos:

1. Avaliar a aprendizagem das competências adquiridas (conhecimentos, habilidades


e atitudes) pela avaliação de aprendizagem;
2. Avaliar o impacto do treinamento no trabalho, que pode considerar e averiguar
a transferência dos conhecimentos, habilidades e atitudes adquiridas na ação
educacional, a melhoria do desempenho no trabalho;
3. Avaliar a eficiência dos treinamentos realizados e/ou adquiridos pela Educação
Continuada da associação de classe;
4. Avaliar o aprendizado adquirido em palestras/cursos realizados fora da farmácia.

Avaliação em Forma de Questionário e Emissão de Relatório:

Pode ser utilizado “Questionário para proceder a Avaliação” com itens estabelecidos
pelo monitor. Os questionários devem ser preenchidos pelos funcionários treinados.
A partir dos resultados obtidos, o farmacêutico deve consolidar as informações
analisadas e emitir o respectivo relatório. O relatório deve ser encaminhado aos
gerentes envolvidos na empresa. Caso identifique a necessidade de novo treinamento
ou reforço, deve-se repeti-lo e uma nova avaliação deve ser adotada. É importante

28 MANUAL DE TREINAMENTO para FARMÁCIAS


divulgar aos funcionários o resultado obtido.

Toda documentação relativa aos treinamentos deve ser mantida em arquivo (físico ou
eletrônico) pelo prazo de 1 (um) ano.

Avaliação dos resultados

O resultado será conferido com o desempenho, organização, melhoria na atividade


que exerce o funcionário e com os benefícios que irão trazer para a empresa e também
para os produtos e pacientes/clientes.

Portanto, ao terminar um treinamento devemos avaliá-lo e assim registrar se houve


ou não benefícios.

7.1. Resultado

RESULTADOS: indicam o sucesso imediato ou o fracasso dos treinamentos, que são


os indicadores de aprendizagem. No caso do insucesso, ações corretivas/preventivas
devem ser adotadas.

Personalidade/identidade

Liderança Talento

Desempenho Ação para melhorias

TREINAMENTO

Modalidade do Trabalho

MANUAL DE TREINAMENTO para FARMÁCIAS 29


8. Conclusão
A competitividade e o avanço tecnológico são itens que devem ser aceitos para que
se invista em treinamentos. Deve-se lembrar que este é um processo contínuo. O
Programa de Treinamento não funciona sozinho, deve envolver todos da empresa.

O responsável pelo programa deve empenhar-se ao máximo para fazer com que o
treinamento se torne um investimento feito pela empresa e que, após o seu término,
traga reais benefícios para a organização e seus funcionários.

O envolvimento do funcionário que se capacita ou se desenvolve será capaz de


intervir na organização e no processo magistral. A empresa com a política de ter
funcionários capacitados e sem muita rotatividade é capaz de obter bons resultados,
minimizando os custos e otimizando os recursos humanos disponíveis, tornando-
os mais eficientes e mais eficazes.

No momento da admissão, os funcionários devem passar por treinamento inicial


onde deve ser apresentada a documentação da empresa e os manuais e procedimentos
operacionais escritos. O treinamento inicial, preferencialmente, deve ser feito pelo
farmacêutico responsável técnico. Neste caso, o funcionário deve demonstrar ter
entendido e se comprometer a seguir as normas da empresa.

Após o treinamento inicial, o funcionário ainda deve ter o acompanhamento do


farmacêutico e de um funcionário que desempenha a função há mais de um ano, se
assim for a política da farmácia.

O objetivo é que cada processo seja entendido da melhor forma possível. Desta
maneira, também aumentam as possibilidades de avaliação dos procedimentos. O
novo funcionário deve ser encorajado a expor suas dúvidas.

30 MANUAL DE TREINAMENTO para FARMÁCIAS


SUGESTÃO
DE TEMAS
9. Sugestões de temas que poderão ser abordados
nos treinamentos
9.1. Discussão da Resolução das Boas Práticas de Manipulação (BPMF)

Definições e Conceitos Gerais

Sistema da Qualidade

Registros e Documentação

Controle em Processo
Resolução RDC nº 67, de 20071
Controle de Qualidade

Manipulação

Reclamações e Ações Corretivas

Assistência e Atenção Farmacêutica

1
ou outra que vier a substituir

9.2. Higiene, Sanitização, Vestuário e Conduta

• Exames Médicos – Prestar esclarecimentos sobre a exigência legal dos funcionários


passarem por exames médicos no momento de sua admissão, quando retornam de
férias, quando há troca de função e também no momento da demissão.

• Saúde – No caso de suspeita ou confirmação de qualquer enfermidade ou lesão,


o funcionário é remanejado dentro do quadro de funcionários, afastado de suas
atividades temporária ou definitivamente, de acordo com as recomendações médicas.

32 MANUAL DE TREINAMENTO para FARMÁCIAS


Todos os funcionários têm a obrigação de informar ao seu superior qualquer condição
de risco relativa ao produto, ambiente, equipamento ou pessoal.

Qualquer acidente de trabalho deve ser imediatamente comunicado ao farmacêutico


responsável, para que sejam tomadas as devidas providências. A farmácia deve mante,
dentro da área de paramentação ou outra área indicada, uma caixa com materiais de
primeiros socorros.

• Higiene Pessoal – Todos os funcionários recebem orientações quanto às práticas de


higiene pessoal, devendo obedecê-las.

• Adornos – Esclarecer a questão de não ser permitido o uso de cosméticos, esmalte,


joias e acessórios na área de manipulação.

• Pessoal – Os manipuladores do sexo masculino devem estar sempre com barba e


bigode feitos.

• Uniformes e Equipamento de Proteção Individual (EPI) – Todos os funcionários,


independente de sua função, devem estar corretamente uniformizados para a
execução de suas funções, assegurando a sua proteção individual e a do produto
contra contaminação. Os uniformes devem ser trocados sempre que necessário para
garantir a higiene adequada.

Os procedimentos de higiene pessoal e paramentação são obrigatórios para todos


aqueles que adentrarem na área de manipulação, sejam eles funcionários, visitantes,
administradores ou autoridades.

• Alimentação – O lanche deve ser feito na copa ou fora das dependências da empresa,
nos horários predeterminados pela Administração.

• Conduta – Os manipuladores devem manter uma atitude tranquila e concentrada


na tarefa. Todos os funcionários devem manter sigilo sobre os produtos manipulados
para os clientes.

Os funcionários devem ser atenciosos e gentis com os clientes e colegas.

MANUAL DE TREINAMENTO para FARMÁCIAS 33


9.3. Atendimento ao Cliente (Balcão a SAC)

O treinamento deve abranger minimamente os seguintes aspectos: como lidar com o


cliente, execução do orçamento, gerenciamento de quantidade de manipulações do
dia (prazo de entrega), avaliação da receita para evitar erros no seu encaminhamento,
atendimento na entrega da fórmula manipulada, com orientações sobre o uso correto
do produto, conservação adequada, prazo de validade, cuidados especiais, observância
da rotulagem (indicações especiais). Perfil para atender.

9.4. Boas Práticas de Manipulação (Manipuladores)

Seu treinamento deve abranger: higiene pessoal, limpeza e sanitização das instalações,
conscientização da importância de se evitar contaminações, forma correta de
observar os POPs, compreensão das técnicas de manipulação das diferentes formas
farmacêuticas, onde encontrar a informação, a importância da padronização,
como preencher a documentação de controle, a importância dos registros, ordem
de manipulação e fórmula padrão, em caso de dúvidas, consultar o farmacêutico
responsável (nunca executar uma fórmula quando se tem dúvida), a importância da
supervisão do farmacêutico, a escolha dos equipamentos e utensílios adequados a cada
tipo de manipulação e a importância das condições de limpeza destes equipamentos,
controle de estoque de materiais de laboratórios, no sentido de nunca deixar faltar
nada para não prejudicar a manipulação, e sua importância na garantia da qualidade
do produto manipulado. Outros itens devem ser incorporados.

Ordem de Manipulação

Controle de Embalagem

Controle em Processo Controle de Rotulagem

Análises e Registros

Documentação

34 MANUAL DE TREINAMENTO para FARMÁCIAS


9.5. Responsabilidade como Gestor (Farmacêutico)

Deve receber treinamento sobre como proceder a Autoinspeção e supervisionar


constantemente todas as atividades executadas pelos funcionários; desenvolvimento
de espírito de liderança e espírito inovador para promover as mudanças necessárias
para a melhoria da qualidade na farmácia. Entender e estabelecer procedimentos para
auditar fornecedores de insumos ou outros fornecedores que assim a farmácia definir.
Estabelecer roteiros e relatórios de auditorias.

Documentação; Monitoramento e Controle;


Liberação para início do processo de manipulação

Limpeza e Sanitização
Controle de Manipulação
Controle Saúde e Higiene Pessoal
Ambiental
Instruções Gerais Controle de Contaminação

Remoção de Lixo e Resíduos

Segurança no Trabalho

Qualificação de Equipamentos

Programa de Manutenção

9.6. Visitador Médico (Farmacêutico)

Deve receber treinamento sobre a política de relacionamento profissional farmácia x


médico e outros profissionais habilitados; a forma de transmitir a política da qualidade
das preparações manipuladas na farmácia; a demonstração de conhecimento a
respeito dos ativos e veículos utilizados na farmácia; o estímulo para relatar problemas
ocorridos entre o profissional, o visitador, o paciente e a farmácia.

MANUAL DE TREINAMENTO para FARMÁCIAS 35


9.7. Armazenamento e Rastreabilidade

Deve receber treinamento de como manter todos os produtos organizados e


devidamente identificados e mantidos em temperatura e umidade adequadas;
como fracionar matérias-primas de forma correta para uso na manipulação;
relatar qualquer anormalidade percebida no momento da recepção dos insumos;
importância de gerenciar corretamente o estoque de materiais; observar o nome de
produtos homônimos; utilização de etiquetas (quarentena, aprovado, reprovado);
elaborar listas de compras; observar a classificação das matérias-primas e colocá-las
nos devidos lugares identificados.

POP para assegurar a integridade

Manuseio POP para política de validade

Garantir FIFO

Manuseio, Armazenamento POP para assegurar o armazenamento


Armazenamento, de acordo com os insumos ou outros
Pesagem e
Rastreabilidade Pesagem POP para assegurar dados corretos

Rastreabilidade POP para o estabelecimento de


documentos que irão permitir a
rastreabilidade dos insumos ou de
outros produtos.

9.8. Processo de Limpeza

Seu treinamento abrange a necessidade de executar bem suas tarefas para o conjunto
do programa da qualidade da farmácia; forma correta de aplicação de produtos
utilizados na limpeza e sanitização das dependências da farmácia conforme POP;
manter organizado e dentro do prazo de validade os produtos utilizados na limpeza.

36 MANUAL DE TREINAMENTO para FARMÁCIAS


9.9. Controle da Qualidade

Deverá focar a importância do laboratório de controle da qualidade capacitado para


realizar os testes de controle do processo e da preparação manipulada.

Deve ainda instruir sobre os testes analíticos a serem efetuados sejam eles farmacopeicos
ou não. Alguns testes devem ser efetuados, entre outros, como características
organolépticas, pH, peso médio, dureza, desintegração, grau ou teor alcoólico,
densidade, volume, viscosidade, teor de princípio ativo e pureza microbiológica,
sendo que os últimos podem ser terceirizados.

Ainda deve focar no preenchimento correto do documento padronizado pela farmácia


como Certificado ou Laudo de Análise do Controle da Qualidade.

Dessa forma, confirma-se que “o controle da qualidade constitui uma ferramenta


importante para assegurar a eficácia e a segurança do medicamento manipulado,
contribuindo na conquista da credibilidade e solidez da instituição Farmácia
Magistral”. (ANFARMAG, 2006)

9.10. Reclamação (Queixas)

O treinamento deverá ter início ao estabelecer que as reclamações devem ser aceitas e
registradas, com a finalidade, se necessário, de decidir pela adoção de ações corretivas.
Deverá envolver os funcionários, do atendimento até o farmacêutico responsável ou
aquele por ele indicado para esta atividade.

O treinamento deverá envolver o rastreamento das reclamações através da verificação


dos registros da fórmula objeto de reclamação. Deverá ainda envolver no treinamento
a forma de preenchimento e entendimento do formulário específico para registro
das reclamações. O documento deverá conter pelo menos: nome e dados pessoais
do paciente, prescritor, nome do produto, número de registro da formulação no
computador, natureza da reclamação, responsável pela reclamação, espaço para
registro das medidas corretivas e retorno ao cliente.

Após a conclusão da investigação, definidas as ações corretivas necessárias, o


responsável deverá apresentar no treinamento como foi o fechamento do documento
objeto da reclamação.

MANUAL DE TREINAMENTO para FARMÁCIAS 37


9.11. Avaliação De Receituário

O treinamento deverá abordar os campos que o prescritor habilitado precisará


preencher corretamente na prescrição: identificação do emitente, identificação
e endereço do paciente e carimbo do prescritor com o número do CRM (este é
dispensado quando os dados do emitente forem do próprio prescritor), aposto
abaixo da assinatura. À farmácia cabe o preenchimento da identificação completa do
comprador e do fornecedor.

Deverá abordar os problemas relacionados à prescrição médica e dos demais


profissionais habilitados. Alguns itens descritos abaixo são muito importantes:

• Prescrições ilegíveis;
• Dados incompletos;
• Interação medicamentosa;
• Sem via de administração;
• Sem dose;
• Sem ou com posologia alterada;
• Substância proibida ou sem constar de literatura reconhecida;
• Em código ou forma secreta.

Exemplo de Receita para


prescrição do farmacêutico

38 MANUAL DE TREINAMENTO para FARMÁCIAS


Exemplo de Receita de
Controle Especial

MANUAL DE TREINAMENTO para FARMÁCIAS 39


O farmacêutico responsável deverá estabelecer um modelo de controle de receituário
para efeito de treinamento dos funcionários envolvidos. Segue abaixo um modelo:

AVALIAÇÃO DE RECEITUÁRIO
MÉDICO/ODONTOLÓGICO/OUTRO PROFISSIONAL HABILITADO

Nº DE REGISTRO INTERNO: 0001/03/2015


DATA TIPO DE NÃO PRESCRITOR PACIENTE PROVIDÊNCIAS
CONFORMIDADE
Ilegível Médico Nome: Contato com prescritor
Dosagem inexistente Odontólogo Prescritor não
Incompatibilidade entre Outro encontrado
fármacos Serviço Público Idade: Prescritor não recebeu
Tipo de receita inadequada farmacêutico
Particular
Outros_______________ Outro

RESULTADO DA AVALIAÇÃO COMENTÁRIOS


1 - Não dispensado
2 - Dispensado após
esclarecimentos

Assinatura do Farmacêutico:

9.12. Avaliação de Fornecedores (Distribuidores de Insumos/Embalagens)

Normalmente deverá treinar os funcionários para entender o processo de compra


até o recebimento, devolução e outros itens. Este treinamento deverá fornecer
conhecimento para a “Qualificação do Fornecedor de Insumos”. É importante ver a
adoção de qualificar outros fornecedores a exemplo de Material de Embalagem.

Capacitar ainda o farmacêutico para que possa realizar “auditoria em fornecedor


de insumos”, bem como emissão do Relatório de Auditoria, para atender a RDC nº
67/2007, Anexo I, item 7.1.7 e suas alíneas.

40 MANUAL DE TREINAMENTO para FARMÁCIAS


9.13. Avaliação de Transportadoras

O treinamento para “avaliação de transportadoras” deverá ser voltado aos funcionários


internos da farmácia e aos contratados (empresas terceirizadas) para que possam
seguir as regras do acondicionamento e do transporte de forma adequada para
garantir a conservação e a integridade do produto manipulado.

Recomenda-se buscar em literaturas oficiais ou reconhecidas dados relativos às condições


de acondicionamento e transporte e aplicar no treinamento, bem como ter material
ilustrativo ou para aula prática, principalmente aos que exigem controle de temperatura.

9.14. Preenchimento de Documentos: Ordem de Manipulação e Outros

Orientação aos colaboradores para atendimento ao preenchimento dos diversos


formulários/fichas e outros que sejam necessários ao atendimento às normas legais e/
ou instruções internas da farmácia. Estes não podem conter rasuras.

Exemplos:
• Formulários: Ordem de Manipulação;
• Carimbos de atendimento às receitas de insumos sujeitos ao controle especial e
antimicrobiano.

MANUAL DE TREINAMENTO para FARMÁCIAS 41


10. Sugestão de Outros Temas Complementares
• Marketing e Propaganda
• Técnicas de Manipulação (farmacotécnica)
• Boas Práticas de Manipulação – BPM
• Qualificação, Verificação e Manutenção de Equipamentos
• Gestão da Qualidade
• Gerenciamento de Estoque
• Planejamento Estratégico
• Qualidade Total
• Motivação Humana
• Relações interpessoais e Comunicação Eficaz
• Mudando a cultura com os 5S
• Farmacologia básica
• Outros conhecimentos técnicos

42 MANUAL DE TREINAMENTO para FARMÁCIAS


ANEXOS
11. Anexos
Anexo I – Ficha para Registro – Programa de Treinamento

Data Tipo* Descrição Responsável


Boas Práticas de Manipulação

Higiene e Saúde

Limpeza de áreas e local de trabalho

Limpeza de utensílios e equipamentos

Resíduo sólido gerado na farmácia

Análises laboratoriais

Amostragem de insumos e de água

Arquivamento de documentação

Recebimento de insumo e material de


embalagem

Recebimento de reclamações e dúvidas

Outros

Tipo*: (I) – Inicial (R) – Reforço (P) – Periódico: (A) Anual (S) Semestral

OBSERVAÇÃO: Outros Títulos ou Temas de Treinamento dependerão da necessidade


e da atividade da Farmácia. Como exemplos há as Farmácias que manipulam Injetáveis
ou Farmácias Homeopáticas.

44 MANUAL DE TREINAMENTO para FARMÁCIAS


Anexo II – Histórico de Revisão

Data Versão Descrição Responsável

MANUAL DE TREINAMENTO para FARMÁCIAS 45


Anexo III – Calendário de Treinamento

Neste documento deverão constar os treinamentos previstos para o ano. Deverão ser
inseridos outros cursos ou eventos que farão parte do Programa de Treinamento da
farmácia que ajudarão na melhoria dos funcionários.

(Folha de papel timbrado da Farmácia)

Setor: ....................................................................................................................................
Nome do Monitor: ................................................................................................................
Nível de Formação: ..............................................................................................................
Cargo/Função: .....................................................................................................................

Nº DE
FUNCIONÁRIOS/ MINISTRANTES E
TEMAS PERÍODOS SITUAÇÃO
SETOR ENTIDADES

Noções
Básicas sobre
Farmacotécnica

Controle da
Qualidade

Autoinspeção

Qualificação de
Fornecedores
de Insumos

Sistema de
Garantia

Outros

Observações

46 MANUAL DE TREINAMENTO para FARMÁCIAS


Anexo IV – Convocação de Funcionários

Este documento é destinado a fornecer conhecimento ao funcionário que terá um


compromisso inadiável e que é de importância para seu aprendizado e melhoria dos
processos de acordo com as atividades da farmácia.

No caso de não comparecer, deverá apresentar comprovante de acordo com as


normas trabalhistas.

(Logo da Farmácia)
EMPRESA
Endereço
CNPJ:

São Paulo, de de 20___.

De: Garantia da Qualidade


Para: (nome do funcionário)
Assunto: Treinamento sobre a aplicação do Manual de Boas Práticas de
Manipulação (BPM)
Prezado Colaborador,
Para melhoria e aprimoramento das atividades dentro do processo de organização,
você está convocado a participar do curso de treinamento conforme programa
em anexo.
Data ou Período: .....
Horário: das 00h00 às 00h00
Local: Sala de Treinamento ou auditório
Conforme determina a legislação em vigor, a presença é obrigatória

Atenciosamente,
________________________ _____________________________
(nome do gerente) (nome do farmacêutico)

MANUAL DE TREINAMENTO para FARMÁCIAS 47


Anexo V – Certificado ou Declaração de Treinamento

A declaração de comparecimento é o documento por meio do qual fica registrado que


uma pessoa esteve presente em determinado local para realização de alguma atividade
durante um período específico de tempo.

Segue um modelo de declaração de comparecimento:

(Logo da Farmácia ou da empresa que realizou o evento)

CERTIFICADO ou DECLARAÇÃO

Declaramos para os devidos fins, que (nome completo) concluiu o Curso ou


Palestra (nome completo).

Carga horária: ...... horas em ..../.../.....

____________________________ ______________________
Nome e assinatura do ministrante Assinatura do funcionário

No verso devem constar os dados do conteúdo programático aplicado.

48 MANUAL DE TREINAMENTO para FARMÁCIAS


Anexo VI – Declaração de Serviço de Designação para Aplicação

O treinamento se destina ao correto preenchimento do documento para designar um


ou mais funcionários que irão proceder à aplicação de injeção em pacientes. Este
documento deve estar fixado em local visível.

O estabelecimento dever possuir livro de receituário destinado aos registros das


injeções efetuadas.

APLICAÇÃO DE INJETÁVEIS

Eu, XXX, autorizo os(as) funcionários(as) XXX e XXX a realizarem as


aplicações de injetáveis, restritas às vias Intradérmica (ID), Intramuscular
(IM) e Subcutânea (SC).
As aplicações serão registradas no Livro de Registro, localizado na 2ª gaveta
do balcão da sala de aplicação de injetáveis.
Em caso de reações adversas, proceder da seguinte maneira:
- Nas reações adversas dependentes de dose elevada e/ou uso prolongado,
reduzir a dose ou suspender o medicamento e administrar medidas sintomáticas.
- Nas reações alérgicas leves, administrar anti-histamínicos.
- As reações anafiláticas graves requerem tratamento de emergência com
adrenalina (subcutânea ou endovenosa) e corticoides endovenosos, reposição
hídrica e alcalinização com bicarbonato de sódio.

Data:

Assinaturas dos participantes:


1
2

Responsável Técnico: ______________________

MANUAL DE TREINAMENTO para FARMÁCIAS 49


Anexo VII – Registro da Aplicação de Injetáveis

Pode ser na forma de um livro informatizado ou em papel timbrado da farmácia que


posteriormente possa ser arquivado de forma organizada.

Os itens registrados são:


• Data;
• Nome do paciente;
• Endereço;
• Nome do medicamento administrado, concentração, via de administração, lote, data
de validade e fabricante;
• Nome do médico prescritor e o respectivo CRM;
• Nome e assinatura do profissional responsável pela aplicação.

Modelo da Planilha de Controle de Aplicação de Injetáveis:

Receita Medicamento
Nome/
Data Endereço do Via de
Concentração Lote Funcionário
(dd/mm/aa) Paciente Administração

50 MANUAL DE TREINAMENTO para FARMÁCIAS


REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
12. Referências Bibliográficas
É interessante indicar no Programa de Treinamento da farmácia as referências
bibliográficas consultadas para que tenham conhecimento e possibilidade de leitura
sempre que necessitarem e outras que sejam importantes para o assunto do programa.

Neste Manual de Treinamento para Farmácias indicamos a seguir algumas das mais
interessantes referências que a farmácia pode utilizar, mantendo-as descritas em seu
próprio manual ou programa.

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RDC nº 67 de 08 de outubro


de 2007. Dispõe sobre Boas Práticas de Manipulação de Preparações Magistrais e
Oficinas para Uso Humano em farmácias. Diário Oficial da República Federativa do
Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 09 de outubro de 2007, Seção 1.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO. Manual


de treinamento e desenvolvimento. 2ª edição, São Paulo: Makron Books, 1994.

CHIAVENATO, I. Gerenciando pessoas. 2ª edição. São Paulo: Makron Books, 1994.

FARIA, H. M. N. Treinamento de recursos humanos como fator ou produtividade. In:


Caderno Cândido Mendes, 1992.

FERREIRA, P. P. Administração de pessoas: relações industriais. São Paulo: Atlas,


1992.

FEUILLETTE, I. Recursos Humanos, o novo perfil do treinador. São Paulo: Nobel,


1991.

FONTES, L. B. Manual de treinamento na empresa. São Paulo: Atlas, 1975.

TOLEDO, F. e MILIONI, B. Dicionário de Recursos Humanos. 3ª edição. São Paulo:


Atlas, 1986.

WULF, K. “Tecnologias multiplicam as formas do aprendizado”. RH em Síntese. N.


18, set/out. 1998.

Ministério do Trabalho. Normas Regulamentadoras. NR, relativas a Segurança e


Medicina do Trabalho.

52 MANUAL DE TREINAMENTO para FARMÁCIAS


PORTAL EDUCAÇÃO. Cursos Online: Mais de 1000 cursos online com certificado
http://www.portaleducacao.com.br/farmacia/artigos/23657/treinamento-de-
pessoal#ixzz3Q1BcV0Nf

PORTAL EDUCAÇÃO. Cursos Online: Mais de 1000 cursos online com certificado
http://www.portaleducacao.com.br/farmacia/artigos/55623/controle-de-qualidade-
de-medicamentos-manipulados#ixzz3cDGZC5jD

REVISTA TÉCNICA DO FARMACÊUTICO. Anfarmag. Nota Técnica. Revisão da


Qualidade na Farmácia Magistral.
http://www.anfarmag.org.br/files/artigo-tecnico/20130725_111837_02519.pdf

FDA:
http://www.fda.gov/downloads/food/guidanceregulation/fsma/ucm378046.ppt#404,34

Guia do Instrutor em Práticas da Boa Prescrição Médica. Organização Mundial da


Saúde Departamento de Medicamentos Essenciais e Políticas de Medicamentos,
Genebra. Suíça.
http://apps.who.int/medicinedocs/documents/s19180pt/s19180pt.pdf

PORTAL EDUCAÇÃO. Cursos Online: Mais de 1000 cursos online com certificado
http://www.portaleducacao.com.br/farmacia/artigos/23657/treinamento-de-
pessoal#ixzz3Q1BwJarp
http://www.portaleducacao.com.br/farmacia/artigos/23657/treinamento-de-
pessoal#ixzz3Q1CAS5S0

Guia de Avaliação:
http://www.bago.com.br/web/cgi/avaliacao/Guia_explicativo.pdf
http://fgh.escoladenegocios.info/revistaalumni/artigos/edEspecialMaio2012/vol2_
noespecial_artigo_29.pdf
http://www.novomilenio.br/foco/1/artigo/4_Artigo_TreinamentoANDRE.pdf
http://www.bago.com.br/web/cgi/avaliacao/Guia_explicativo.pdf

Blog do Farmacêutico Gaúcho:


http://farmaceuticogaucho.blogspot.com/
http://www.farmaceuticogaucho.pro.br/page_1195781208812.html

MANUAL DE TREINAMENTO para FARMÁCIAS 53


Criada em 1986, a Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais (Anfarmag),
entidade sem fins lucrativos, representa farmácias e profissionais farmacêuticos
magistrais do país. Tem entre seus objetivos promover e defender os interesses do
setor magistral e, sobretudo, da saúde pública do Brasil.

A evolução do setor passa necessariamente pela aquisição e aperfeiçoamento de


conhecimentos dos profissionais farmacêuticos, possibilitando o surgimento de novas
tecnologias, disseminação de informações sobre insumos farmacêuticos, fórmulas e
procedimentos que propiciam a qualidade e a cientificidade dos produtos magistrais.

Este Guia se insere no contexto do conhecimento como ferramenta de apoio à Gestão


da Qualidade.

ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE FARMACÊUTICOS MAGISTRAIS


www.anfarmag.org.br
anfarmag@anfarmag.org.br
Rua Vergueiro, 1855 – 12º andar – Vila Mariana
CEP 04101-000 São Paulo - Brasil
Fone (11) 2199-3499 Fax (11) 5572-0132

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