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Estratégias e Trading Systems

Estratégias e Trading Systems

Estratégias Operacionais

Estratégias Seguidora de Tendência e Contra a Tendência


É aconselhável que a análise técnica seja utilizada no âmbito de uma estratégia planejada, que
contemple não apenas o gerenciamento de risco, mas que também considere a propensão do analista
em assumir riscos.

Estratégia Seguidora de Tendência


A estratégia mais adotada pelos analistas, certamente por ser a de menor risco, é a denominada
Seguidora de Tendência, ou Trend-Follower, que consiste na abertura de posições sempre a favor
da tendência principal.

Se a tendência for de alta, o seguidor de tendência só admite abrir posições


compradas, enquanto que, para abrir posições vendidas, o pressuposto necessário
é que a tendência principal seja de baixa.

Tal estratégia se ampara na crença, bastante difundida entre os adeptos da Teoria de Dow, de que “a
tendência é a melhor amiga do analista técnico”.

Entretanto, como um seguidor de tendência requer a confirmação para iniciar posições, a entrada
geralmente é atrasada, pois, quando esta acontece, a tendência já está em curso. Assim também
procede com a saída, pois, quando esta ocorre, é porque a tendência já reverteu. Dessa forma, a
maior segurança dessa estratégia cobra seu preço por meio da redução da lucratividade em razão
dos atrasos, tanto na entrada, como na saída das operações.

Ao serem confrontados com tal desvantagem, muitos seguidores de tendência fazem referência a um
provérbio oriental, o qual preconiza que “o melhor do peixe não inclui a cabeça e o rabo”.

A partir dele é possível deduzir que quanto maior for a extensão da tendência principal, ou, por
analogia, do corpo do peixe, menor será a representatividade dos atrasos na entrada e na saída das
posições, ou, na metáfora, das partes descartáveis do peixe. Sendo assim, a validade desse adágio
credencia a estratégia seguidora de tendência como mais indicada para horizontes de investimento
de médio ou longo prazos.

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Estratégia Contra a Tendência


Posições assumidas Contra a Tendência, ou Conter-Trend Trades, consistem em tentativas de acertar
o início ou o final de uma tendência, operando reversões nos níveis de suportes e de resistências.

Apesar de ser uma estratégia bem mais arriscada que a seguidora de tendência, ela pode gerar
retornos adicionais consideráveis em horizontes de curto prazo.

Deve-se considerar que posições contra a tendência costumam ter níveis de Stop Loss
mais curtos que nas operações seguidoras de tendência, o que permite ao analista
“contrário” incorrer em menores perdas quando suas operações são “stopadas”.

Entretanto, tais perdas ganham relevância na medida em que se tornam recorrentes, o que pode
acontecer tanto pela possibilidade de realização de um maior número de operações, como também
pela necessidade de reabrir posições anteriormente “stopadas” em função da exatidão exigida
na estratégia.

A estratégia contra a tendência costuma apresentar melhores resultados quando os mercados estão
em tendência lateral, pois os suportes e as resistência estão mais resilientes.

Ademais, a opção por uma estratégia contra a tendência em mercados sem direção é reforçada
em razão da grande incidência de falsos rompimentos, o que remete uma estratégia seguidora de
tendência a não funcionar bem em tal contexto.

Estratégias de Longo, Médio, Curto e Curtíssimo Prazos


A definição da estratégia deve prever os prazos das operações e a disponibilidade de tempo do
analista para acompanhá-las. Em função de tais aspectos, as estratégias operacionais se distinguem
em quatro modalidades, tanto em função dos prazos das operações, como também em face do perfil
e das preferências do analista.

A estratégia de Longo Prazo, ou Position-Trade, é uma modalidade que dura meses


ou anos, por isso deve ser necessariamente seguidora de tendência, pois é aberta
sempre a favor da tendência principal.

Os adeptos dessa estratégia costumam usar a periodicidade gráfica semanal para análise e a
periodicidade diária para abertura e fechamento de posições.

A modalidade de Médio Prazo conhecida como Swing-Trade é a mais comum entre


os analistas técnicos.

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A denominação Swing ou oscilação decorre da prática de operar os impulsos e as correções, isto é,


os movimentos sucessivos de alta e de baixa, geralmente a favor, mas também muitas vezes contra
a tendência principal.

A periodicidade gráfica predominante é a diária, podendo também serem utilizados gráficos com
periodicidade entre 15 e 120 minutos para entrada e saída das operações.

A estratégia de Curto Prazo, denominada Day-Trade, ocorre quando as posições


são iniciadas e encerradas no mesmo pregão.

É uma modalidade que, devido à sua complexidade, requer do analista um alto nível de especialização,
além de disciplina e controle emocional.

São utilizadas periodicidades gráficas de 1 a 30 minutos, tanto para análise quanto para entrada e
saída das operações.

Existe ainda uma modalidade de Curtíssimo Prazo, conhecida como Scalper-Trade,


que visa o lucro sobre pequenas variações de preço.

É caracterizada por grande quantidade de operações de compra e venda, cujas posições são abertas
e encerradas em intervalos que podem corresponder a uma fração de segundo.

Em vez de gráficos, os adeptos da estratégia analisam o livro de ofertas de compra e venda, ou book
do ativo, para, por meio dele, realizar suas operações.

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Combinação de Diversas Técnicas


A utilização combinada de elementos do gráfico de preços com os gráficos dos indicadores pode
resultar em um sistema decisório bastante útil para a análise e a execução das operações.

O objetivo é definir configurações que ajudem o analista a identificar e aproveitar


sinais advindos do gráfico de preços que também sejam reforçados pelos
indicadores, e vice-versa.

Entretanto, há ocasiões em que o comportamento dos diversos indicadores pode produzir sinais
contraditórios entre si e, eventualmente, divergir do gráfico de preços.

Sendo assim, a escala de relevância e de prioridade dos sinais é definida pelo analista em função do
seu perfil.

Em situações conflitantes, os mais intuitivos dão preferência ao gráfico de preços, por considerarem
que a conduta dos indicadores é consequência dos preços.

Já os analistas mais técnicos priorizam os indicadores, notadamente os antecedentes, partindo da


crença de que estes tendem a prenunciar o comportamento futuro dos preços.

Diferentes estratégias operacionais podem ser definidas e adotadas por meio da combinação das
ferramentas da análise técnica apresentadas, tais como: Teoria de Dow, Tendências, Volumes, Suportes
e Resistências, Candlesticks, Figuras Gráficas, Ondas de Elliott, Razões de Fibonacci, Rastreadores,
Osciladores e Gestão do Risco.

Algumas das estratégias mais conhecidas e utilizadas, resultantes das combinações de indicadores
com o gráfico de preços, serão apresentadas a seguir.

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Rompimento de Suportes e Resistências combinada com Candles e


Indicadores
Operar rompimentos de suportes e resistências é uma das estratégias mais antigas e praticadas
pelos analistas técnicos, bem como das mais complexas.

Sua confiabilidade aumenta quando uma resistência é rompida por meio de um


candle de corpo longo que fecha perto do preço máximo, enquanto que para
rompimentos de suportes tal reforço é representado por um candle de corpo longo
que fecha perto de seu preço mínimo.

É importante que os indicadores antecedentes, tais como OBV e Histograma MACD, estejam
apontando na direção do rompimento.

Entrada em Seguidora de Tendência a partir de Candles de Reversão


em Correções
A abertura de posições a favor da tendência por meio de suportes, resistência, candles e indicadores é
o objetivo principal dessa estratégia.

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Em tendências de alta, a compra é realizada quando os preços atingem o suporte após uma correção,
enquanto que, em tendências de baixa, a venda ocorre quando os preços alcançam uma resistência.

O sinal de entrada é gerado a partir da confirmação de um candle de reversão, com o Stop Loss
colocado abaixo da mínima ou acima da máxima do padrão, conforme o caso.

O reforço do sinal de entrada ocorre com a mudança de direção do Histograma MACD e com saída
dos Osciladores das regiões de sobrecompra ou sobrevenda.

Rompimentos de LTA e LTB em Correções de Tendência com Sinais


Antecipados pelos Indicadores
Essa estratégia consiste em operar a partir do traçado de Linha de Tendência de Baixa – LTB de
curta duração em correções de tendências principais de alta e Linhas de Tendência de Alta – LTA em
correções de tendências principais de baixa.

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O sinal antecipado para abertura de posição a favor da tendência principal, isto é, antes da confirmação
do pivô, ocorre a partir do rompimento dessas linhas de tendência.

O sinal antecipado é confirmado com o rompimento da linha de tendência traçada no gráfico do IFR
e com a mudança de direção do Histograma MACD.

Compra e Venda dentro de Consolidações a partir de Candles de


Reversão e Sinais dos Osciladores
As Áreas de Congestão ou Consolidações, com grandes amplitudes, oferecem oportunidades de
compra e de venda, respectivamente, nas regiões próximas do suporte e da resistência, sendo tais
sinais gerados a partir da confirmação de candles de reversão.

O Stop Loss da compra é definido abaixo do suporte ou da mínima do padrão de reversão altista,
enquanto que o da venda é acima da resistência ou da máxima do padrão de reversão baixista.

O objetivo das posições compradas é a resistência da consolidação, enquanto


que o suporte é o alvo das posições vendidas.

A saída dos Osciladores das regiões de sobrecompra e sobrevenda reforça a confiabilidade dos
candles de reversão.

Expansão das Bandas de Bollinger


O estreitamento das Bandas de Bollinger evidencia baixa volatilidade, o que muitas vezes antecede
fortes movimentos direcionais.

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A estratégia que visa operar tais movimentos consiste na abertura de posições a partir do candle que
dá início à abertura das bandas.

O Stop Loss pode ser definido, a depender do caso, abaixo da mínima ou acima da máxima do referido
candle.

O objetivo de ganho pode ser definido a partir da extensão de Fibonacci de 1,618, ou até mesmo de
2,618, tendo em vista a expectativa de um forte movimento direcional em face do alargamento.

Candles de Reversão Fora das Bandas de Bollinger


É uma estratégia voltada para abertura de posições contra a tendência, o que a torna,
consequentemente, revestida de alto risco. Seus sinais de entrada resultam da confirmação de
candles de reversão surgidos fora dos limites das Bandas de Bollinger.

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As operações de venda contra a tendência de alta são iniciadas a partir do rompimento da mínima do
candle de reversão baixista e o Stop Loss colocado acima da sua máxima.

Em tendências de baixa, as compras são realizadas a partir do rompimento da máxima do candle de


reversão altista e o Stop Loss colocado abaixo da sua mínima.

Padrão de Candle Fechou Fora, Fechou Dentro das Bandas de Bollinger


Assim como a anterior, essa estratégia visa abrir posições contra a tendência utilizando as Bandas
de Bollinger.

Seu sinal é disparado com o fechamento de um candle dentro da banda, desde que o anterior, ou
uma sequência deles, tenha fechado fora.

Essa lógica se ampara na observação de que fechamentos fora das bandas indicam força da
tendência, até que a ocorrência de um fechamento dentro demonstre fraqueza e a possibilidade de
uma reversão.

A combinação dessa estratégia com sinais advindos do Índice de Força Relativa – IFR, tais como
indicação de divergências ou proximidade das regiões de sobrecompra ou sobrevenda, aumenta sua
confiabilidade.

Agulhada do Didi
Trata-se de uma estratégia desenvolvida pelo brasileiro Odir Aguiar, que combina a utilização de
candles com três médias móveis aritméticas – MMA de 3, 8 e 20 períodos.

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Ela se inicia a partir de uma consolidação em que as três médias se encontram bastantes próximas
até que a passagem delas por dentro do corpo de um único candle, o que se convencionou chamar de
“agulhada” por alusão a uma linha passando pelo buraco de uma agulha, resulte em um afastamento
considerável entre as médias.

O sinal de entrada ocorre a partir do candle subsequente ao da agulhada, permanecendo a posição


em aberto até que uma das médias volte a cruzar com outra.

Trading Systems

Fundamentos dos Sistemas Mecânicos


Os Sistemas Mecânicos de Operações, também conhecidos como Mechanical Trading Systems,
ou simplesmente Robôs, são estratégias operacionais programadas em computador, por meio da
codificação de regras para entrada e saída de operações.

O sistema monitora a movimentação dos preços e, a partir da aplicação das regras


previamente definidas, gera mecanicamente sinais de compra e venda, podendo o
analista optar por executar as ordens automaticamente ou não.

Os Trading Systems são bastante flexíveis, pois podem ser concebidos para trabalhar
com qualquer tipo de critério, tanto amparados nas ferramentas da análise técnica
como em estratégias de origem fundamentalista.

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Podem ainda ser destinados para operar unicamente com um ativo ou em determinados cenários,
independentemente do ativo escolhido.

No processo de concepção de um Trading System baseado na análise técnica, além


da escolha da ferramenta e da destinação, deve-se ter em mente qual o prazo dos
movimentos que se pretende operar, ou seja, se a estratégia será aplicada em longo,
médio, curto ou curtíssimo prazos, bem como os tipos de stops a serem utilizados
na gestão do risco.

Após tais definições, poderá o analista iniciar o trabalho de construção do sistema, obedecendo as
etapas sequenciais de parametrização e de testes.

Ao finalizar todas essas etapas, o trabalho do analista se restringirá a executar as ordens sinalizadas
pelo sistema, ou nem mesmo isso, caso opte por automatizar a execução.

Apesar de tal comodidade, o principal benefício visado pelos analistas, quando decidem pela
automatização da execução de ordens, é o de evitar improvisos ou decisões influenciadas por
aspectos emocionais.

O fluxograma a seguir apresenta as etapas necessárias para construção de um Trade System.

Escolha do Tempo Gráfico


A escolha do Tempo Gráfico ou Time Frame, compatível com o prazo da estratégia, é de fundamental
importância para a qualidade da análise técnica, pressuposto que também é válido para os Trading
Systems.

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Essa escolha também deve considerar o ativo a ser operado, pois, no caso de ativos com baixa
liquidez, ordens podem ser disparadas e não executadas por ausência de contraparte.

Tais situações geralmente remetem o analista a optar por periodicidades mais longas e,
consequentemente, mais adequadas ao perfil gráfico exibido por esse tipo de ativo.

Regras de Entradas e Saídas


Os analistas técnicos normalmente observam as mesmas ferramentas que utilizam de forma manual
para definição das regras de um Trading System.

São bastante comuns as regras de entrada e saída que utilizam as relações entre
preços máximo, mínimo, de abertura e de fechamento, como também combinações
de preços e volumes, tais como indicadores, padrões de candles, rompimentos,
cruzamentos, perdas máximas admitidas, dentre outros.

As condições de entrada são estabelecidas de forma a obter aquilo que se deseja capturar, podendo
ser, a título de exemplo, um rompimento a favor da tendência principal.

Nesse caso, a fim de impedir o disparo de sinais em uma acumulação, em que normalmente ocorrem
diversos falsos rompimentos, o analista pode adicionar filtros que visam evitar o início de operações
em tais contextos gráficos.

Assim também ocorre com as regras de saída, que podem observar cruzamentos ou perdas máximas
admitidas, desde que determinadas condições sejam satisfeitas.

Entretanto, a inserção de muitos filtros nas regras pode ensejar em uma redução considerável no
número de sinais de entrada e saída emitido.

Eventuais bons resultados advindos de um Trade System com muitos filtros podem ser
caracterizados como reflexo do conservadorismo do sistema ou, mais provavelmente,
decorrer de uma situação incomum que tende a não se sustentar ao longo do tempo.

Outra consequência dos ajustes em excesso, ou overfitting, ocorre quando o analista insere filtros
verificando se o resultado melhorou ou piorou, por meio do processo de tentativa e erro.

Tal prática torna o sistema relativamente adequado para um determinado ativo em um contexto
gráfico específico, mas incapaz de reproduzir tais resultados em períodos futuros ou quando aplicado
em outros ativos.

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Gerenciamento de Risco
São diversos os conceitos e as ferramentas imprescindíveis à Gestão do Risco, dentre as quais o Stop
Loss e o Stop Móvel, ambas aplicáveis aos Trading Systems. Normalmente, tais stops são instruções
combinadas com alguma outra regra de saída, sendo acionada a que ocorrer primeiro.

Por exemplo, a regra de saída para uma posição comprada é “liquidar a operação quando a média
móvel mais rápida cruzar a mais lenta de cima para baixo”, enquanto que a condição do Stop Loss é
“liquidar a posição se a operação estiver com perda de 5%”.

Essas duas instruções deverão estar combinadas como regra de saída, o que
significa que será acionada aquela que for primeiramente atendida.

Entretanto, a adoção da regra do Stop Loss não elimina totalmente o risco de perdas superiores
à admitida, pois, principalmente em ativos com baixa liquidez e com muitos gaps, é possível uma
ordem Stop Loss ser “saltada” ou “furada”, o que significa que a ordem, apesar de ter sido disparada,
ficou impossibilitada de ser executada por inexistência momentânea de contraparte.

Esse tipo de imprevisibilidade, em vez de desqualificar a aplicabilidade de stops em Trading Systems,


reforça a necessidade do seu uso, sendo inclusive recomendada sua combinação com técnicas para
dimensionamento racional de posições e diversificação eficiente de ativos.

Simulação Histórica
Executar e analisar os resultados da Simulação Histórica ou Backtesting se constituem na etapa
que geralmente demanda a maior parcela de tempo gasto no desenvolvimento de um Trade System.

Como seu nome sugere, nesta etapa são simulados os resultados advindos com a aplicação das
regras de entrada e saída durante uma série histórica de preços.

Obtém-se assim um relatório estatístico sobre o desempenho do sistema, o que permite ao analista
proceder as alterações necessárias, caso o resultado apresentado seja considerado inadequado.

É fundamental que a série histórica sobre a qual se realiza a simulação seja


suficientemente extensa a abranger o comportamento dos preços em mercados de
alta e de baixa, assim como em tendências laterais.

Quanto maior for a série histórica, mais confiável e realista será a simulação, pois maiores são
as chances de estarem ali representadas condições extremas com que o Trading System poderá
se deparar.

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É muito comum os analistas concluírem que, quanto maior for a extensão dos dados utilizados nas
simulações, maiores serão os riscos e menores os ganhos refletidos por elas.

A série histórica costuma ser dividida em pelo menos duas partes:

―― Na primeira, denominada base de testes, as regras são aplicadas para a avaliação


do desempenho passado.

―― A segunda parte, conhecida como base futura, é utilizada para testar a estratégia
em um conjunto de preços ainda desconhecido pelo robô.

As simulações nesta última, denominadas testes do futuro ou forward testing, servem para avaliar
se os resultados produzidos na primeira parte foram influenciados ou não pelo armazenamento, no
âmbito do sistema, dos movimentos conhecidos de preços.

Validação
O relatório de performance de uma simulação histórica ou Backtesting Report permite ao
analista verificar:

―― o lucro ou prejuízo acumulado no período de simulação;

―― o percentual de acerto do sistema;

―― o número e a média das operações ganhadoras e perdedoras;

―― o fator de ganho ou a razão lucro x prejuízo;

―― o máximo de acumulação de lucros, ou Run-up, e o máximo de acumulação de perdas, ou


Drawdown, observados no Trading System.

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A partir de tais estatísticas, é possível o analista verificar se, durante o período da simulação,
o Trading System:

―― teve ou não um bom desempenho;

―― superou ou não a alternativa de comprar os ativos no início do período abrangido com


uma única saída no final – estratégia conhecida como Comprar e Manter, ou Buy & Hold;

―― conseguiu ou não anular os efeitos adversos que esperava evitar;

―― capturou os movimentos para os quais foi desenhado, bem como os determinantes para
seu desempenho;

―― apresentou ou não eficiência de entradas e de saídas;

―― obteve ou não uma Relação Retorno x Risco compatível com o perfil da


estratégia escolhida.

Nos casos em que as verificações remeterem o analista a considerar insatisfatória


a performance apresentada pelo sistema, ele deverá redefinir as regras de entrada,
de saída e as ferramentas de gestão de risco, para em seguida executar nova
simulação sobre a base de testes.

É recomendável que a simulação sobre a segunda parte da série histórica, isto é, sobre a base futura,
só seja aplicada após o relatório do Backtesting da primeira parte apresentar resultados
considerados satisfatórios.

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Caso os resultados dos testes na base futura também se mostrem compatíveis com os objetivos do
analista, a etapa de Validação estará finalizada e o Trading System poderá ser operacionalizado em
tempo real.

Ferramentas de Otimização e Backtesting


A descrição sobre os fundamentos de Risco e Retorno relata que sequências de operações podem
resultar em ganho, mesmo que a taxa de erro do analista seja maior que a sua taxa de acerto.

Por outro lado, podem ser adotadas práticas nas quais, apesar de predominarem operações exitosas,
a relação Retorno x Risco não se mostre compensadora.

Nos Trading Systems, tais situações são muito comuns, pois estratégias
presumivelmente consistentes, mas com performance aquém da esperada, podem
necessitar de apenas alguns ajustes de parâmetros para apresentar resultados
desejados em face de uma Relação Retorno x Risco satisfatória.

A Otimização é uma ferramenta disponível nos softwares de Backtesting que adéqua os parâmetros
dos indicadores e dos níveis de stops, por meio da avaliação de uma série de combinações entre eles,
dentro da série histórica.

Esta ferramenta permite escolher, dentre uma infinidade de combinações, a


parametrização dos indicadores e dos níveis de stops que resultam no melhor
resultado para o Trading System.

Ao utilizar a Otimização, o analista tem como objetivos:

―― maximizar o lucro líquido apresentado;

―― aumentar a razão de ganhos sobre perdas;

―― incrementar o percentual de operações ganhadoras sobre o número total de operações


realizadas.

Assim como no Backtesting, é indicado ao analista executar a Otimização inicialmente na primeira


parte da série histórica e, caso o resultado se mostre satisfatório, testar a parametrização otimizada
sobre a base futura.

Entretanto, o uso da Otimização é indicado apenas como um ajuste da calibração das regras de
entrada e saída consideradas potencialmente vencedoras.

Sendo assim, é fundamental que o analista não se apegue a um único modelo operacional.

E se, mesmo com sucessivas revisões e otimizações, o Trading System não se mostrar apropriado, é
aconselhável buscar novas ideias e testar diferentes estratégias.

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