Você está na página 1de 20

Á ANÁLISEDO COMPORTAMENTO 65

64 CIÊNCIA E COMPORTAMENTO HUMANO

algum efeito no mundo ao redor. Este comportamento origina


a maioria dos problemas práticos nos assuntoshumanos e é
também de um interesse teórico especial por suascaracterísti-
cas singulares. As consequências do comportamento podem
retroagir sobreo organismo. Quando isto acontece,podem al-
terar a probabilidade de o comportamento ocorrer novamente.
A língua portuguesacontém muitas palavras, tais como "re-
respostas podem se extinguir. A terapia consiste apenas no en- compensa" e "punição", que se referem a esteefeito, mas só
corajamento da conversaçãode modo que o estímulo assim au- através da análise experimental será possível formar uma no-
tomahcamente gerado possaocorrer sem ser reforçado. ção mais clara.
Se o estímulo condicionadoalicia respostas.
muito fortes,
pode ser necessário apresenta-lo em doses gradativas. Se alma
Canas de aprendizagem

Uma das primeiras tentativas sérias de estudar as mudan-


ças ocasionadas pelas conseqüências do comportamento foi
feita por E. L. Thomdike em 1898. Seusexperimentougeraram
uma controvérsia que foi de considerável interesse naquele tem-
po. Darwin, ao insistir na continuidade das espécies,abalou a
crença de que o homem, com sua habilidade de pensar, era úni-

sn ::!: m 81il
co entre os animais. Narrativas em que animais pareciam exibir
"poder de raciocínio" foram publicadasem grandenúmero.
estímulos Masquando certos termos que até então tinham sido aplicados
distantes de bombas explodindo. Apresentam-se os só ao comportamento humano lhes foram atribuídos, surgiram
visuais em filmes, sem os sons que os acompanham no comba- algumas questões em relação ao seu significado. Os fatos ob-
te real. À medida que a extinção ocorre, a semelhança com :s- servadosindicariam processosmentais, ou deveriamos teste-
tímulos verdadehos aumenta. Finalmente, se o tratamento for munhos de aparente raciocínio ser explicados por outros meios?
bem-sucedido nenhuma ou quase nenhuma resposta será eli- Mais tarde viu-se claramente que não era necessáriopresumir
ciada pelos estímulos reais. processos interiores de pensamento. Mas passaram-semuitos
anos antes que a mesma questão fosse levantada com relação ao
comportamento humano, e os experimentou de Thomdike e a
Capítulo V alternativa de explicação que deram para o raciocínio dos ani-
Comportamento operante mais constituíram-se em passos importantes nessa direção.
Se um gato for colocado em um alçapãodo qual só pode
As consequênciasdo comportamento escapar abrindo uma porta, exibirá muitos tipos diferentes de
comportamento, alguns dos quais serão eficazes no abrir a por-
Os reflexos, condicionados ou não, referem-se principal-
ta. Thomdike verificou que, quando o gato já tinha sido colo-
mente à fisiologia interna do organismo. Muitas vezes estamos
cado no alçapão repelidas vezes, o comportamento que o leva-
mais interessados, entretanto, no comportamento que produz
À ANÁLISE DO COMPORTAMENTO 65
64 CIÊNCIA E COMPORTAMENTO HUh4ANO

algum efeito no mundo ao redor. Este comportamento origina


a maioria dos problemas práticos nos assuntoshumanos e é
também de um interesse teórico especial por suascaracterísti-
cas singulares. As conseqüências do comportamento podem
retroagir sobreo organismo. Quando isto acontece,podem al-

E91iâl!!vüi:=:s;T
::ln:sn;;
respostas podem se extinguir. A terapia consiste apenasno en-
terar a probabilidade de o comportamento ocorrer novamente.
A língua portuguesacontém muitas palavras, tais como "re-
compensa" e "punição", que se referem a este efeito, mas só
-"'-'''' ' da conversa.$o de modo que o estímulo
corajamento . .. ,.assim au- através da análise experimental será possível formar uma no-
tomaticamente gerado possaocorrer sem ser reforçado. ção mais clara.
Se o estímulo condicionadoalicia respostas.muito fortes,
pode ser necessário apresenta-lo em doses gmdativas. Se aluna
Camas de aprendizagem

Uma das primeiras tentativas sérias de estudar as mudan-


ças ocasionadas pelas conseqüências do comportamento foi
feita por E. L. Thomdike em 1898. Seusexperimentasgeraram
uma controvérsia que foi de considerável interesse naquele tem-
po Darwin, ao insistir na continuidade das espécies,abalou a
crença de que o homem, com sua habilidade de pensar, era úni-
co entre os animais. Narrativas em que animais pareciam exibir
A extinção começa com estímulos que eram a princípio apenas "poder de raciocínio" foram publicadasem grandenúmero.
um pouco perturbadores -- ruídos vagos, sirenes â'abas, ou sons Mas quando certos tempos que até então tinham sido aplicados
estímulos
distantes de bombas explodindo. Apresentam-se os só ao comportamento humano lhes foram atribuídos, surgiram
visuais em filmes, sem os sons que os acompanham no comba- algumasquestõesem relação ao seu significado. Os fatos ob-
te real À medida que a extinção ocorre, a semelhança com es- servados indicariam processos mentais, ou deveriam os teste-
tímulos verdadeiros aumenta. Finalmente, se o tratamento for munhos de aparente raciocínio ser explicados por outros meios?
bem-sucedido nenhuma ou quase nenhuma resposta será eli- Mais tarde viu-se claramente que não era necessáüopresumir
ciada pelos estímulos reais. processos interiores de pensamento. Mas passaram-semuitos
anos antes que a mesma questão fosse levantada com relação ao
comportamento humano, e os experimentou de Thomdike e a
Capítulo V alternativa de explicação que deram para o raciocínio dos ani-
Comportamento operante mais constituíram-se em passosimportantes nessadireção.
Seum gato for colocadoem um alçapãodo qual sópode
As conseqilências do comportamento escapar abrindo uma porta, exibirá muitos tipos diferentes de
comportamento, alguns dos quais serão eficazes no abrir a por-
Os reflexos, condicionados ou não, referem-se principal-
ta. Thomdike verificou que, quando o gato já tinha sido colo-
mente à fisiologia interna do organismo. Muitas vezes estamos
cado no alçapão repetidas vezes, o comportamento que o leva-
mais interessados, entretanto, no comportamento que produz
A ANÀLISEDO COMPORTAMENTO 67
KG CIÊNCIA E COMPORTAMENTO HUMANO
ca para muitos outros recursos que foram desenvolvidos para o
estudo da aprendizagem. Os vários labirintos que ratos brancos

g
e outros animais aprenderama percorrer, as "caixas de esco-
lha" nas quais os animais aprendem a discriminar entre pro-
priedadesou padrõesde estímulos,os dispositivosque apre-
sentam seqüências de material a ser aprendido no estudo da
memória humana cada um destes produz seu próprio tipo de
curva de aprendizagem.
Tomando a média de muitos casos individuais podemos
sempre seguido pela abertura da porta. obter curvas tão regulares quanto quisermos em todos estes
A este fato, que o comportamento se estabelece quando
casos.Além disso, curvas obtidas em muitas circunstâncias di-
seguido de certas conseqüências,Thomdike chamou Lei do ferentes podem-se assemelhar e apresentar certas propriedades
Efeito". O que observou foi que certo comportamento ocorreu gerais. Por exemplo, quando, medida desta forma, a aprendiza-
cada vez mais prontamente em comparação com outras carac- gem é em geral "negativamente acelerada", as melhorias no
terísticas da conduta na mesma situação. Ao anotar as sucessi- desempenhoocorrem mais e mais lentamente à medida que se
vas demoras em sair da caixa, e projetá-las num.gráfico, .cons- aproxima o ponto em que é impossível ulterior melhoria. Mas
à" 'uma "curva de aprendizagem';. Esta primeira tentativa de
isto não quer dizer que a aceleraçãonegativa sda característica
do processo básico. Suponhamos, por analogia, que, ao encher-
=EH=,=.===::S=::1=':::.::1=ql===.=; mos umjarro de vidro com pedregulhos, estes estejam tão mis-
como um avanço importante. Revelou um processo que se turados que seus diferentes tamanhos se distribuam igualmente.
Se agitamlos o jano cuidadosamente, observaremos que os pe-
dregulhos se redistribuem. Os maiores vão para cima, os meno-
res para o fundo. Este processo, também, é negativamenteace-
curvas semelhantes foram registradas e tornaram-se a substân-
lerado. No começo, a mistura se separa rapidamente, mas, à
cia de capítulos inteiros sobre a aprendizagemnos textos de medida que a separaçãose processa, aproxima-se mais e mais
lentamente o ponto além do qual já não haverá mudança.A
Entretanto, as curvas de aprendizagem não descrevem o
curva resultante poderá ser muito regular e passível de reprodu-
cesso básico pelo qual os comportamentos se estabelece- ção, mas este fato, isoladamente, não tem grande significação.
ram. A medida de Thomdike, o tempo levado para escapar, m' A curva é resultado de um determinado processo fimdamental
=ll.';;ilih;,ã. d. «".; "mp'''m'-'.;, ' ' 'w"? ''p'"' que inclui o contato de esferas de diferentes tamanhos e a resul-
dia do número de coisas diferentes que o gato pudesse fazer em tante das forças originadas da agitação entre outras coisas, mas
um alçapão determinado. Dependia também do comportamen- não é, de maneira alguma, o registro direto do processo.
to selecionadocomo "bem-sucedido" pelo experimentadorou As curvas de aprendizagem mostram como os vários tipos
pelas características do aparelho, e de se este comportamento, de comportamento evocados em situações complexas se sepa-
no alçapão, comparado a outros comportamentos apresenta- ram, se afirmam e se reordenam. O processo básico da fixação
dos, em comum ou raro. Poder-se-iadizer que uma curva de de um determinado ato acarreta esta mudança, mas não é dire-
aprendizagem assim obtida reílete as propriedades da caixa- tamente descrito por çla.
problema, e não do comportamento do gato. O mesmo se apli-
CIÊNCIA E COMPORTAMENTO HUMANO A ÁNÁLISEDO COMPORTAMENTO 69
68

Condicionamento operante deve poder executare repetir determinado ato, sem que outro
comportamentointerfira de forma apreciável.Não se pode
saber até onde vai o interesse de uma pessoa pela música, por
exemplo, se por necessidadetiver de se ocupar com outras coi-
sas. Quando é preciso refinar a noção de probabilidade de res-
posta, para uso científico, vê-se que também aqui os dados são
i:==:.:='ft.:.==:'='"1=«:H:::?":ri..;=
teorias
as freqüências e que devem ser especificadas as condições sob
as quais são observados. O maior problema técnico no planea-
comportar-se de determinada maneira. Quas.etodas as
do comportamento usam termos como "potencial de excita- mento de um experimento controlado é conseguir condições
para a observação e interpretação de õ'eqtiências. Qualquer
ção", "força do hábito", ou "tendênciadetemiinante'. Mas
como se observauma tendência? E como se pode medi-la? condição que estimule comportamentos que concorram com o
Se uma dada amostra de comportamento fosse encontrá- comportamentoem estudodeve ser eliminada, ou pelo menos
vel somente em dois estados,um em que sempre e outro em mantida constante. Coloca-se um organismo em um comparti-
mento isolado em que seu comportamento pode ser observado
que nunca ocorresse, estaríamos quase impo?s.lbilitados de
continuar o programa de análise funcional. Um assunto que se através de um espelho falso ou registrado mecanicamente. Isto
não é, de modo algum, um vácuo ambiental, pois o organismo
possa ser descrito em.tempos de tudo-ou-nada só se presta a reagirá de várias maneiras às características da câmara; mas o
formas primitivas de descrição. Há uma grande vantagem em
seucomportamentofinalmente alcançaráum nível razoavel-
supor que, em vez disso, aprobabl/idade de ocorrência de uma
mente estável, ao qual se possa contrapor a freqüência da res-
respostavarie continuamenteao longo do.sextremostudo-ou
nada Poderemos assim lidar com variáveis que, diversamente posta selecionada a ser investigada.
Para estudar o processo que Thorndike chamou de fixa-
do estímulo eliciador, não "causam a ocorrência de um deter-
ção, precisamos ter uma "conseqüência". Dar alimento a um
minado comportamento", mas simplesmente tornam a ocor-
rência mais provável. Poderemos então lidar, por exemplo, organismo faminto pode servir. E possível alimentar conve-
com efeito combinado de muitas destasvariáveis. nientemente o sujeito experimental através de um pequeno
recipiente operadoeleüicamente. Quando o recipiente se abrir
As expressões do uso diário impregnadas da noção de:pro-
babilidade, tendência ou predisposição, descrevem a assidui- pela primeira vez, provavelmente o organismo reagirá de ma-
dade de ocorrência de tipos de comportamentos. Não podemos neira que interfira com o processo que planejamos observar.
nunca observar a probabilidade como tal. Diz-se que alguém é Finalmente, depois de obter repetidas vezesalimento no reci-
um "entusiasta" do bridge quando se observa que joga e fala piente, já comera rapidamente, e será então possível fazer que
esta conseqüência soja contingente ao comportamento e obser-

ÜliiliÜ'=nlH:H
encontrado tirando retratos, revelando-os e olhando fotos por
var o resultado.
Seleciona-seum comportamentorelativamentesimples
que possa ser livre e rapidamente repetido, facilmente obser-
vado e registrado. Se o sujeito experimental for um pombo,
ele e por outros obtidas. O "erotâmano' é aquele que com õ'e-
por exemplo, o comportamento de levantar a cabeçaacima de
qüência excessiva enceta comportamento sexual. O "dipsoma-
níaco" é o que bebe com freqüência. . uma determinada altura será conveniente. Pode ser observado
uma ao se olhar a cabeçado pombo através de uma escalafixada
Pressupõe-se, ao caracterizar o comportamento de
ssoa em termos de õ'eqüência, certas condições-padrão: em uma das paredes da caixa.!Primeiramente se verifica a al-
A ÀNÀLISEDO COMPORTAMENTO 71
CIÊNCIA E COMPORTAMENTO HUMANO
70
gente a um comportamento, sem identificam.,ou sem que se
tura em que a cabeça se mantém naturalmente e depois esco- possaidentificar, um estímulo anterior. O meio ambientedo
lhe-se uma linha na escala que raramente sela atingida. Olhan- pombo não foi alterado para e//cear o movimento de levantar a
do para a escala, podemos começar a abrir o recipiente com cabeça.É provavelmente impossível demonstrar que um deter-
alimento, assim que a cabeçase erguer acima da linha. Se o minado estímulo precede invariavelmenteeste movimento.
experimento for conduzido de acordo com as especifl:ações, Comportamento destetipo pode vir a ser colocado sob o contro-
o resultado é invariável: observamosuma mudança imediata le de estímulos, mas não o será a relação de eliciação. O termo
escolhida.
na õeqüência com a qual a cabeçacruz.aa linha 'resposta" não é por isso inteiramente apropriado, mas está tão
Também observamos, e isto tem certa importância teónca, bem estabelecido que o usaremos nas discussões frituras.
que linhas ainda mais altas estão sendo agora também alcan Uma resposta que já ocorreu não pode, é claro, ser previs-
çadas. E possível avançar quase que imediatamente pam u=a ta ou controlada. Apenas podemos prever a ocorrência futura
ilha mais alta ao determinar a condição para apresentação.do de respostas serre//zan/es. Desta fomla, a unidade de uma ciên-
alimento. Em um ou dois minutos a postura do pássaro mudou cia preditiva não é uma resposta,mas sim uma classede res-
tanto que raramente o topo da cabeça fica abaixo da linha ini- postas. Para descrever-se esta classe usar-se-á a palavra "ope-
cialmente escolhida. . .. rante". O termo dá ênfase ao fato de que o comportamento
Vemos, quando demonstramos o processo de fixação as- opera sobre o ambiente para gerar conseqüências. As conse-
sim tão simplesmente, que são supérfluas e comuns certas in- qüências definem as propriedades que servem de base para a
terpretações do experimento de Thorndike. Aqui a expreslno definição da semelhança de respostas. O termo será usado tan-
aprendizagem por ensaio e erro ' frequentemente associada à to como adjetivo(comportamento operante) quanto como
Lei do Efeito fica claramente desbocada. Estar-se-á dando uma substantivo para designar o comportamento definido para uma
interpretação ao que foi observado se denominarmos ' ensaio determinada conseqüência.
"-'-'r'''-'''
' i cima da cabeçado pássaro, e não há
qualquermovimentopar . . . . :... Cada ocasião singular em que um pombo levanta a cabe-
razão para chamar de "erro" todos os movimentos que não le- ça é uma raspas/a. Ê um segmento de história que pode ser
vem a conseqüência especificada. Mesmo o.termo "aprendiza- relatado usando qualquer sistema de referência que se queira.
gem" está mal-empregado.A afimlação de que um pássaro O comportamento denominado "levantar a cabeça", não im-
"aprende que obterá alimento estendendo o pescoço será um porta em que circunstânciasespecíficas ocorra, é um opera/z-
relato descurado do que aconteceu. Dizer que adquiriu o ' hábi- fe. Pode ser descrito, não como um ato acabado,mas como um
to" de estirar o pescoço é meramenterecorrer a uma ficção conjunto de ates definidos pela propriedade que a altura, até
explanatória,pois o único indício do hábito é a tendência ad- onde a cabeça for levantada, representa. Neste sentido um
quirida de realizar o ato. A maneira mais simples de enunclm o operante se define por um efeito que pode ser especificado em
determinada conse-
processo é a que segue: tornou-se uma termos físicos; a "craveira" a uma certa altura é propriedade
qüência contingente a certas propriedades físicas do rompo:a' do comportamento.
mento (o estirar a cabeça),e verificou-se um aumento na õ'e- O termo "aprendizagem"pode ser mantido proveitosa-
qüência do comportamento. mente no seu sentido tradicional para descrever a redisposição
' É costume o referir-se a qualquer movimento como uma de respostas em uma situação complexa. Tempos para o proces-
"resposta". A palavra foi emprestada do campo da ação reflexa so de aquisição podem ser tomados da análise pavloviana dos
e sugere um ato que, por assim dizer, responde a um evento reflexos condicionados. O próprio Pavlov denominou "refor-
anterior -- o estímulo. Mas é possível tomar um evento contin-
CIÊNCIA E COMPORTAMENTO HUMANO A ANÀLISEDO COMPORTAMENTO 73
72

que o reforço operante faz mais que modelar um repertório


ços" todos os eventos que fortaleciam um comportamento e comportamental. Aumenta a eficiência do comportamento e o
condicionamento" todas as mudanças resultantes. No experi-
mantém fortalecido muito tempo, depois que a aquisição ou a
mento de Pavlov. contudo, um reforço é associado a um es/ímz/-
eficiênciajá tenham perdido o interesse.
/o, enquanto no comportamento operante é contingente a uma

Propriedades quantitativas

adequadamente chamado "condicionamento". No condiciona-


Não é fácil obter uma curva para o condicionamento ope-
rante. Não sepode isolar completamente um operante, nem se
pode eliminar todos os pormenoresarbitrários. No exemplo
aumentar a magnitude da respostaeliciada pelo estímulo condi- citado podemosproletar uma curva mostrandocomo a ü'e-
qüência, com a qual a cabeça do pombo se levanta a uma deter-
cionado e diminuir o tempo que decorreenfie o estímulo e a
minada altura, altera-se com o tempo ou com o número de re-
resposta.(Note-se, incidentalmente, que os dois casos esgotam
forços, mas o efeito total é nitidamente mais amplo do que isso.
as possibilidades: um organismo é condicionado quando um
Há modificações maiores no padrão de comportamento e para
reforço (1) acompanha outro estímulo ou (2) segue-se ao pro'

ujm n: : l =nml
descrevê-lascompletamente seria preciso seguir todos os mo-
vimentos da cabeça. Mesmo assim, o relato não seria comple-

H$n#:n#w
to. A altura até a qual a cabeça deve ser levantada foi escolhida
arbitrariamente, e o efeito do reforço depende desta escolha. Se
reforçarmos uma altura que foi raramente atingida, a mudança
no padrão será bem maior do que se tivéssemos escolhido uma
definido pela propriedade à qual o reforço for contingente -- a
altura mais acessível. Para um relato adequado necessitaríamos
altura até onde a cabeça for levantada. A mudança da.íteqüên-
de um conjunto de curvas cobrindo todas as possibilidades.
ciaxom que a cabeça for levantada à altura detemnnada consti-
Ainda outro elementoarbitrário aparecese forçarmos a cabeça
tui o processo de copzdícío/lume/z/o
opera/zfe.
a posições cada vez mais altas, pois poderemos seguir esque-
Enquanto estamos despertos, agimos constantemente so-
bre o ambiente, e muitas das conseqüências de nossas ações sao mas diferentes quando elevámos a linha selecionada para re-
forço. Cada esquemaproduz sua própria curva, e o quadro só
reforçadoras.Através do condicionamento operante, o meio
estaria completo quando tivéssemos abrangido todos os esque-
ambiente modela o repertório básico com o qual mantemos o
mas possíveis.
equilíbrio, andamos, praticamos esporte, mandamos mTrumen-
ramentas, falamos, escrevemos,velqamos um barco, Não se podem evitar estes problemas pela simples escolha
de uma respostamais rigorosamente definida por características
dirigimos um automóvel ou pilotamos um avião. Uma modifi.
do ambiente por exemplo, o comportamento de operar o ü.hco
cação no ambiente -- um novo automóvel, um novo amigo, um
de uma porta. Indicadores mecânicos do comportamento têm, é
novo campo de interesse, um novo emprego, uma nova residên-
claro,.suas vantagens por exemplo, ao nos ajudar a reforçar de
cia -- pode nos encontrar despreparados?mas o comportamento
forma consistente. Podemos registrar a altura da cabeça de um
ajusta-se rapidamente assim que adquirirmos novas respostas.e
pombo atravésde um dispositivo fotossensível, mas é mais sim-
deixarmos de lado as antigas. Veremos no capítulo seguinte
A ANÁLISEDO COMPORTAMENTO 75
74 CIÊNCIA E COMPORTAMENTO HUMANO

único operante. A freqüência aumentada pode ser interpretada


pies selecionar uma resposta que ocasiona uma mudança no com relação a outros comportamentos característicos da situa-
ambiente mais facilmente registrável. Se o pássaro estiver condi-
ção. O fato de que o condicionamento possa ser tão rápido em
cionado a bisar um pequeno disco na parede de uma caixa expe' um organismotão "inferior" como o rato ou o pombo traz
rimental, pode-se usar o movimento do disco para fechar um cir-
implicações interessantes. As diferenças naquilo que é comu-
cuito elétrico tanto para operar o mecanismo alimentador,
mente denominado inteligência são atribuídas em parte a dife-
quanto para contar ou regisü'ar respostas.Esta resposta pareJce renças na velocidade de aprendizagem. Mas não pode haver
diferir do movimento de esticar o pescoço pelo caráter de tudo-
aprendizagem mais rápida que um aumento instantâneo na
ou-nada. Mas veremos daqui a pouco que as características
probabilidade de resposta. A superioridade do comportamento
mecânicas ligadas ao golpear o disco não definem uma "respos'
humano, portanto, é de alguma outra natureza.
ta" que seja menos arbitral-ia que o "esticar o pescoço
Um arranjo experimental não precisa ser perfeito para que
proporcione dados quantitativos importantes no condiciona- O cotttrole do comportamento operante
mento operante. Já atingimos uma posição que possibilita ava-
liar muitos fatores. É clara a importânciada retroação.Para
O procedimento experimental do condicionamento ope-
que o condicionamento se efetue é necessário que o organismo
rante é simples e direto. Dispõe-se uma contingência de refor-
seja estimulado pelas conseqüênciasde seu comportamento. ço e expõe-sea ela o organismopor um dado período.Ex-
Ao aprender a mexer as próprias orelhas, por exemplo, é preci-
plicamos então a freqüente emissão da resposta referindo-nos,a
so saber quando as orelhas se movem, para que as respostas estahistória. Mas que aperfeiçoamento foi feito na previsão e
que produzem o movimento sejam reforçadas e as outras não. no controle do comportamento no futuro? Quais as variáveis
Ao reeducar um paciente no uso de um membro parcialmente
que nos capacitam a prever se o organismo vai responderou
paralisado, será de grande ajuda amplificar a retroação dos me- não? Que variáveis devem ser agora controladas para induzi-lo
nores movimentos através de instrumentos ou do relato de um
aresponder?
instrutor. O surdo-mudo só aprende a falar quando recebe a
Viemos experimentando com um pombolamín/o. Como
retroação de seu próprio comportamento, que pode ser campa'
severá no capítulo IX, isto quer dizer que o pombo foi privado
rada com a estimulação que recebe dos outros locutores. IJma
de alimento por um certo tempo ou até que o seu peso normal
das funções do educador é fornecer conseqüências arbitrárias
tenha sido ligeiramente reduzido. Ao contrário do que se po-
(às vezes espúrias) para servir de retroação. O condicionamen- deria esperar, os estudos experimentais têm mostrado que a
to depende também da espécie, do total e da presteza dos refor-
magnitude do efeito reforçador do alimento pode não depen-
ços, assim como de muitos outros fatores.
der do grau da privação. Mas a freqüência da resposta que
Um único reforço pode ter um efeito considerável.Em resulta do reforço depende do grau de privação no momento
condições ótimas a freqüência de uma resposta eleva-se de um
em que a resposta for observada. Mesmo que tenhamos condi-
valor prevalecente baixo para outro alto e constante, em um se cionado um pombo a estirar o pescoço, ele não fará isso quan-
passo abrupto. Na maioria das vezes observamosum aumento do não estiver com fome. Destarte,temos um novo tipo de
substancialprovocado por um único reforço, e aumentosadi: controle sobre o comportamento para fazer o pombo esticar o
cionais resultantes de reforços posteriores. A observaçãonão é
pescoço: simplesmente fazemos com que fique com fome.
incompatível com a suposiçãode mudançainstantâneapara Adicionou-se um operante pré-selecionado a todas aquelas
uma probabilidade máxima, pois não se consegueisolar um
Á ANÁLiSEDO COMPORTAMENTO 77
76 CIÊNCIA E COMPORTAMENTO HUMANO

somente a uma extinção operante, mas também a uma reação


coisas que um pombo faminto faz. O controle sobre a resposta comumente denominada ilustração ou cólera. Um pombo que
foi somado ao controle sobre a privação de alimento. Veremos não recebeu os reforços costumeiros dá voltas defronte ao dis-
no capítulo Vll que um operante pode também ser mantido co, arrulhando, batendo as asase apresentandooutros compor-
sob controle de um estímulo externo, que é outra variável a ser
tamentos emocionais(capítulo X). O organismo humano mos-
usada na previsão e no controle do comportamento. Note-se, tra um duplo efeito semelhante. Se o triciclo de uma criança não
contudo, que estas duas variáveis são distintas do reforço ope' responde às pedaladas, ela não apenas pára de pedalar como
unte propriamente dito. também exibe, possivelmente, um violento comportamento emo-
cional. O adulto que encontra a gaveta de uma mesa trancada
pode parar logo de puxar, mas pode também golpear o tampo da
Extinção operante
mesa,exclamando "Diachol", ou exibir outros sinais de cólera.
Assim como a criança finalmente volta ao triciclo e o adulto à
Quando o reforço já não estiver sendo dado, a resposta
toma-se menos e menos freqüente, o que se denomina "extin- mesa, também o pombo retomará ao disco quando a resposta
emocional tiver se esvaído. A medida que outras respostas não
ção operante". Se o alimento for sustado, o pombo finalmente
forem sendo reforçadas,outros episódios emocionaispoderão
irá parar de levantar a cabeça. Em geral, quando nos empenha-
ocorrer. As curvas de extinção sob tais circunstâncias mostram
mos em comportamentos que "não compensam" encontramo-
nos menosinclinados a comportamentossemelhantesno futu- uma oscilação cíclica, na qual a resposta emocional surge, desa-
ro. Se perdemos uma caneta-tinteiro, passamos a procura:la parece,e torna a voltar. Se eliminarmos a comoção atravésde
cada vez menos no bolso em que costumeiramente era guarda- repetidas exposições à extinção, ou de outras maneiras, a curva
da. Se não obtivermos respostasa ligações teleíõnicas, final- emergira em uma forma mais simples.
mente deixamos de telefonar. Se o piano está desafinado, toca- O comportamento durante a extinção é o resultado do con-
mos cada vez menos. Se o rádio torna-se barulhento ou se os dicionamento que o precedeu, e neste sentido a curva de extin-
programas pioram, paramos de ouvir. ção fornece uma medida adicional do efeito do reforço. Se ape-
Como a extinção operantetem lugar muito mais lenta- nas algumas respostas foram reforçadas, a extinção ocorre
mente que o condicionamento operante,o processo pode ser rapidamente. A uma longa história de reforço, segue-seuma
anhado mais facilmente. Sob condições adequadas pode- extinção procrastinada. A resistência à extinção não pode ser
se obter curvas regulares nas quais a frequência de resposta prevista a partir da probabilidade de resposta observada em um
aparececom um declínio muito lento, talvez por um período de dado momento. E preciso conhecer a história de reforçamento.
muitas horas. As curvas revelam propriedades que possivel- Por exemplo, ainda que tenhamos sido reforçados por uma ex-
mente não poderiam ser observadaspor uma inspeção casual. l celente refeição em um novo restaurante, uma refeição ruim
Podemos "ter a impressão" de que um organismo esta respon- pode reduzir nossa preferência a zero; mas se encontrarmos
dendo cada vez menos, mas a ordenação (regularidade) da mu- excelente comida em um restaurante por muitos anos, muitas
dança apenas pode ser vista quando o comportamento for re- refeições ruins precisarão ser digeridas antes que, pennanecen-
gistrado. As curvas sugerem que há um processo razoavelmen- do tudo o mais constante,venhamos a perder a inclinação de
te uniforme detemiinando a emissão do comportamento duran- õ'eqüentar o mesmo restaurante novamente.
te aextinção. Não há uma relação simples entre o número de respostas
Sob certas circunstâncias a curva pode ser perturbada por
reforçadas e o número que aparece na extinção. Como veremos
um efeito emocional. O não-reforço de uma respostaleva nãa
nq CIÊNCIA E COMPORTAMENTO huMANO
Á ÁNÁLISEDO COMPORTAMENTO 79

longo tempo. Muitos casosde esquecimento supõem compor-


tamento operante sob o controle de estímulos específicos e não
podem ser discutidos adequadamente enquanto este controle
não for examinado no capítulo VII.
l
Os (:áef/osda exff/zção. A condição na qual a extinção está
mais ou menos completa é comum, ainda que â'eqüentemente
mal-entendida. A extinção extrema às vezes é denominada
'abulia". Defina-ja como uma "falta de vontade" não resolve,
pois a presença ou ausência de vontade é inferida da presença
ou ausênciado comportamento. Contudo, o termo parece ser
útil ao sugerir que o comportamentoestáem falta por uma
razão especial, e é possível fazer a mesma distinção de outro
modo. O comportamento será forte ou õ'aco em consequência
de muitas variáveis diferentes, sendo a tarefa de uma ciência do
comportamentoidentifica-las e classifica-las. Definimos qual-
quer caso dado em tempos da variável. A condição que resulta
de extinção prolongada parece-se superficialmente com a ina-
tividade resultante de outras causas.A diferença estána histó-
ria do organismo. Um aspirante a escritor que tenha submetido
originais à apreciaçãode editores e os vê de todo rejeitados
poderá dizer que "não consegue escrever nem mais uma pala-
wa". Pode ser que estala parcialmente paralisado pelo que se
denomina "câímbra de escritor". Pode ser que ainda insista em
que "deseja escrever", e poderemos concordar com ele na pará-
frase: sua possibilidade de resposta extremamente baixa deve-
seprincipalmente à extinção. Há ainda outras variáveis operan-
do, as quais, se não houvesse ocorrido extinção, poderiam ter
produzido uma alta probabilidade.
A condição de pouca força de um operante como resulta-
do de extinção muitas vezes requer tratamento. Algumas for-
mas de psicoterapia são sistemas de reforço destinados a res-
taurar o comportamento que se perdeu através da extinção. O
terapeuta poderá fornecer o reforço, ou providenciar condições
de vida nas quais o comportamento sqa reforçado. Na terapia
ocupacional, por exemplo, o paciente é encorajado a assumir
formas simples de comportamento que recebem reforço ime-
diato e razoavelmente.consistente. Não traz vantagem alguma
A ANÁLISEDO COMPORTAMENTO 81
qn CIÊNCIA E COMPORTAMENTO HUMANO

tido realizamos uma pesquisa informal; medimos o efeito re-


forçador de um estímulo sobre nós mesmos e presumimos que
tem o mesmo efeito sobre os outros. Seremosbem-sucedidos
quando nos parecermos ao organismo em estudo e quando in-
vestigarmos corretamente nosso próprio comportamento.
Os eventos que se verifica serem reforçadores são de dois
tipos. Alguns reforços consistem na arrasa/zfação dé estímu-
los, no acréscimo de alguma coisa, por exemplo, alimento,
água, ou contato sexual à situação. Estes são denominados
reforços posa/avos.Outros consistem na remoção de alguma
coisa por exemplo, de muito barulho, de uma luz muito bri-
lhante, de calor ou de ítio extremos, ou de um choque elétrico
da situação. Estes se denominam reforços negafívos. Em am-
bos os casos o efeito do reforço é o mesmo: a probabilidade da
Quewen tossãoreforçadores?
resposta será aumentada. Não podemos evitar esta distinção
com o argumento de que o que é reforçador no caso negativo é
a azzséncfada luz brilhante, do som estrondoso,e assim por
diante; pois a ausênciasó é eficaz depois da presença,e isto
não é senão outra maneira de dizer que o estímulo foi removi-
do. A diferença entre os dois casos será mais clara quando con-
siderarmos a apresentação de um reforço negafívo ou a remo-
ção de umposífívo. São conseqüências que denominamos pu-
nição (capítulo Xll).
A aplicação prática do condicionamento operante requer
õeqüentemente um levantamento dos eventos que reforçam um
dado indivíduo. Em todos os campos em que o comportamento
humano figura com proeminência educação, governo, família,
clínica, indústria, arte, literatura, e assim por diante estamos
constantemente mudando probabilidades de resposta ao arranjar
as conseqüêócias reforçadoras. O indusüial que deseja seus em-
pregados trabalhando de acordo com as suas especificações e
sem absenteísmoprecisa certificar-se de que o comportamento
deles estala sendo reforçado convenientemente, não somente
com salários, mas com adequadas condições de trabalho. A ga-
rota que deseja um novo encontro deve assegurar-sede que o
comportamento de seu namorado convidando-a e comparecendo
ao encontro soja apropriadamente reforçado. Para ensinar uma
CIÊNCIA E COMPORTAMENTO HUMANO A ANÁLISEDO COMPORTAMENTO 83
82
Literatura, arte e divertimento são reforçadoresinventa-
dos. Se o público compra ou não livros, entradaspara o teatro
ou concertos, e obras de arte, depende de se os livros, concer-
tos, peças ou quadros são reforçadores ou não. Com õ'eqüência
o artista se confina a uma exploração do que é reforçados para
ele mesmo. Quando assim o faz, seu trabalho "reflete sua pró-
al Avaliamos a força de eventos reforçadores quando se tenta pria individualidade", é pois um acidente (ou uma medida de
sua universalidade) que o seu livro, peça, partitura, quadm,
seja reforçador para outros. Na medida em que o sucessoco-
mercial for importante, o artista deve fazer um estudo direto do
comportamento de outros.(A interpretação da atividade do
escritor e do artista como uma exploração dos poderes reforça-
dores de certos meios de comunicação será discutida no capí-
tulo XVI.)
Não podemos nos livrar deste levantamento simplesmente
perguntando a uma pessoa o que a reforça. A resposta pode ter
algum valor, mas de modo algum será necessariamentedigna de
confiança. Uma conexão reforçadora não precisa ser óbvia para
o indivíduo reforçado. Muitas vezes é apenas em retrospecto que
a tendência das pessoas em se comportarem de detemlinadas
maneiras aparece como o resultado de certas conseqüências, e,
como veremos no capítulo XVlll, a relação poderá não ser nun-
ca por nós percebida, ainda que seja evidente para outros.
Há, é lógico, amplas diferenças entre indivíduos, quanto
aos eventos que se provam reforçadores. As diferenças entre
espécies são grandes demais para despertar interesse; eviden-
temente o que é reforçador para um cavalo não precisa ser
reforçador para um cão ou homem. Entre os membros de uma
guém vê em um amtgoliação pode ser,melhorada para uso na espécie, as diferenças extensas parecem menos ser devidas a
dons hereditários, e podem ser retraçadas devido a circunstân-
cias na história do indivíduo. O fato de que o organismo evi-
dentemente herda a capacidade de ser reforçado por certos
tipos de eventos, não nos buda na previsão do efeito reforça-
dor de um estímulo não experimentado. Nem a relação entre o
eventoreforçador e a privação ou outra qualquer condição do
organismo dota o evento reforçador de uma propriedade física
particular. E muito pouco provável que eventos que adguírl-
mento do cliente ou do sujeito experimental.
CIÊNCIA E COMPORTAMENTO HUMANO A ANÀLISEDO COMPORTAMENTO 85
84
alimento do prato à boca, com êxito, precisamoschegaraté o
ram seu poder de reforço soam marcados de um modo espe- prato, e todo comportamentoque nos aproxima do mesmo
cial qualquer. Contudo, estes eventos são um tipo importante será automaticamente reforçado. Destarte, o comportamento
dereforçadores.
precorrente será mantido em â'eqüência.Isto é muito impor-
tante por se saber que apenas uma pequena parte do comporta-
mento é imediatamente reforçada com alimento, água, contato
Reforçadores condicionados sexual, ou outros eventos de óbvia importância biológica.
Ainda que o fato de os reforçadoresprimários conseguirem
Um estímulo que sqa apresentadono reforçamento ope-
condicionamento ser eficazes depois de longa demora sda característicodo
rante pode ser emparelhado com outro no comportamento humano, isto acontece, presumivelmente,
respondente. No capítulo IV consideramos a aquisição do po- apenas porque eventos intervenientes tornam-se reforçadores
condicionados. Quando um homem colocajanelas de tempes-
tade em outubro porque um comportamento semelhanteno
outubro passado foi seguido por um ambiente confortável na
casa,emjaneiro necessitamossuprir a lacuna entre o compor-
alimento a um organismo faminto, o prato vazio eliciará saliva- tamento em outubro e o efeito em janeiro. Entre os reforçado-
ção. Até um certo ponto o prato vazio também reforçará um res condicionados responsáveis pelo fortalecimento desse
comportamento estão certas conseqüências verbais fornecidas
opor:l:ofli os demonstraro reforço condicionadomais rapida- pelo próprio homem ou por seus vizinhos. Muitas vezes é
mente com estímulos que possam ser melhor controlados. Se a importante, para controlar o comportamento com finalidades
cada vez que atendermos uma luz dermos alimento a um pom' práticas, encontrar uma série de eventos que preencham o
bo faminto, a luz finalmente se tornará um reforço condiciona- espaçoentre um ato e o reforço primário final. Na educação,
do. Poderá ser usada para condicionar um operante do mesmo na indústria, na psicoterapia e em muitos outros campos,en-
modo que o alimento. Conhecemosalgo a respeito.je como a contramos técnicas que se destinam a criar reforçadores condi-
luz adquire esta propriedade: quanto mais vezes a luz for em- cionados apropriados. O efeito de providenciar consequências
parelhado com o alimento, mais reforçadora se toma, o alimen imediatas e eficazes em que as conseqüências finais tardam é
pa'-'"'" '" vir com um intervalo de tempo muito
to não deve .. grande de-
.. o de "melhorar o moral", "aumentar o interesse", "evitar o
pois da luz; e o poder reforçador perde-se rapidamente se o ali- desânimo" ou corrigir a condição de baixa freqüência do ope-
mento não for apresentado por muito tempo. Todas estas coisas rante, que denominamos abulia, e assim por diante. Mais con-
seriam de esperar na base do nosso conhecimento do condicio- cretamente, é induzir os estudantes a estudar, os empregados a
namento de estímulos. . ... irem ao trabalho, os pacientesa se comportarem de modo so-
Os reforçadores condicionados são, com õ'eqüência, o pro' cialmente aceitável, etc.
duto de contingências naturais. Geralmente,alimento e agua
R(:áorçosgenexa/içados.Um reforçador condicionado será
são recebidos apenasdepois de o organismo ter-se ocupado de
generalizado quando for emparelhado com mais de um refor-
comportamentos"precorrentes", depois de operar sobre o çador primário. O reforçador generalizado é útil por não Ihe ser
meio a fim de criar a oportunidade de comer e beber. Os estí-
importante a condição momentânea do organismo. A força do
mulos gerados por essecomportamento precorrente tornaram
operante gerado por~um único reforço só se observa sob uma
se então reforçadores. Assim, antes que possamos transferir o
CIÊNCIA E COMPO]WÀMENTO HUMANO A ANÀLISEDO COMPORTAMENTO 87
86

pessoasque atentam para nós reforçam nosso comportamento.


condição de privação adequada -- quando se reforça.com ali-
A atenção de alguém que poderá com certa probabilidade nos
mento, obtém-se controle sobre o homem faminto. Mas se um
reforçar os pais, o professor, alguém que amamos é um re-
reli)rçador condicionado foi emparelhado com. reforçadores
forçador generalizadoespecialmentebom e produz um com-
apropriados a muitas condições? pelo menos um dos estados de
portamento de atrair atenção extremamente forte. Muitas res-
privação adequados tem probabilidade de prevalecer em uma postas verbais demandam, especificamente, a atenção -- por
ocasião futura. Assim, é mais provável que uma resposta ocor-
exemplo: "Olhe", "Veja", ou o uso vocativo de um nome. Ou-
ra. Quando reforçamos com dinheiro, por exemplo: nosso con-
tras formas características de comportamento comumente for-
sole subseqüente é relativamente independente de privações
tes porque recebem atenção são fingir doença, ser inoportuno e
momentâneas. Um dos tipos de reforçador generalizado apare'
ser conspícuo(exibicionismo).
ce porque muitos reforçadores primários são recebidos somente Muitas vezes a atenção não basta. Outra pessoa provavel-
depois que o ambiente físico tenha sido eficientemente mani- mente reforçará apenasaquela parte de nosso comportamento
pulado. Uma forma de comportamento precorrente pode pre- que aprova e qualquer sinal de sua aprovação toma-se assim
ceder diferentes espécies de reforçadores em diferentes oca-
por si próprio reforçador. O comportamento que evoca um sor-
siões. A estimulação imediata proveniente de tal comportamento riso ou a respostaverbal "Está certo" ou "Bom" ou qualquer
tornar-se-á, então, um reforçador generalizado. Somos reforça- outro elogio seráfortalecido. Usamos estesreforçadoresgene-
dos automaticamente, independente de qualquer privação par- ralizados para estabelecere moldar o comportamentodos ou-
ticular, quando controlamos o mundo físico com sucesso. Isto tros, particulannente na educação. Por exemplo, ensinamos
tarefas
pode explicar a tendência de nos empenharmos em crianças e adultos a falar corretamentedizendo "Está certo",
manuais, na criação artística e em esportes tais como boliche, quando o comportamento apropriado for emitido.
bilhar e tênis. . . Outro reforçador generalizado ainda mais forte é o (!Áefo.
Entretanto, é possível que parte do efeito réforçador do Pode estar especialmenterelacionado com o contato sexual
feedback sensorial "seja incondicionado". Um bebê parece ser como um reforçador primário, mas quando alguém que de-
reforçado pela estimulaçãodo ambienteque ainda não foi se- monstra afeição fornece igualmente outros tipos de reforços, o
guida por reforço primário. O chocalho é um exemplo :A capa- efeito é generalizado.
cidade de ser reforçado desta maneira pode ter sua origem no E difícil definir, observar e medir a atenção, a aprovação e
processo evolutivo e pode ter um paralelo no reforço que reco o abeto. Não são coisas, mas aspectos do comportamento de
bemos simplesmente "fazendo com que as coisas andem outros. Suas dimensões Hisicas sutis oferecem dificuldades não
Qualquer organismo que seja reforçado por seu sucesso na ma- apenaspara o cientista que precisa estuda-las, mas também ao
nipulação da natureza, independente de consequências mo- indivíduo que por elas é reforçado. Se não podemos facilmente
mentâneas, estará em uma posição favorecida quando conse- constatar que alguém está prestando atenção ou que aprova ou
qiiências importantes se seguirem. tem abeto, nosso comportamento não será consistentemente
Diversos reforçadores generalizados importantes origi- reforçado. Pode, assim, ser õ'aco, tender a ocorrer em ocasiões
nam-se em ocasiões em que o comportamento é reforçado por erradas, etc. Não sabe "o que fazer para conseguir a atenção ou
outra pessoa. Um caso simples é a aferição O da criança que se abeto,ou quando fazê-lo". A criança lutando para obter atenção,
o namorado por um sinal de abeto e o artista pela aprovação pro-
comporta mal "para chamar a atenção" é bem conhecido. A
fissional mostram o comportamento perseveranteque, como
atenção das pessoas é reforçadora por ser condição necessária
veremos no capítulo VI, resulta do reforço apenasintermitente.
ara os outros reforços que delas provêm. Em geral, apenas
CIÊNCIAE COMPORTAMENTOHUMANO A ANÁLISEDO COMPORTAMENTO 89
88

rios, mas as dimensões Hisicas definidas dessas recompensas


Outro reforçador generalizado é a szzbmissãode outros.
são vantajosas ao se dispor contingências. Geralmente o refor-
Quando alguém foi coagido a.fomecer vários reforços, qual- ço final é semelhante ao do prestígio ou da estima.
quer indicação de sua aquiescênciavem a se tornar um refor- É fácil esquecer as origens dos reforçadores generalizados e
çados genemlizado. O fanfarrão.é reforçado por sinais de co-
encara-los como reforçadores por si mesmos. Falamos da
vardia e os membros da classe dominante por sinais de defe-
'necessidade de atenção, aprovação ou abeto", da "necessidade
rência. Prestígio e estima são reforços generalizadosapenas
do domínio", e do "amor ao dinheiro" como se fossem condi-
na medida em que garantemque as outras pessoasagirão de
determinada maneira. Que "fazer como bem entende" é refor- ções primárias de privação. Mas uma capacidade de ser assim
reforçada dificilmente poderia ter evoluído no curto período de
çado, vê-se no comportamento daqueles que controlam pelo
controle. As dimensões físicas da submissão geralmente não tempo durante o qual as condições requeridas prevaleceram.
são tão sutis quanto aquelas da atenção, aprovação ou abeto: O Atenção, aprovação, abeto e submissão, presumivelmente, só
existem na sociedade humana há um curto período de tempo,
fanfarrão pode insistir em um sinal bem claro de sua dominân-
enquanto o processo de evolução se desenvolvia. Além disso,
cia e práticas rituais dão ênfase.àdeferência e ao respeito:
Um reforçados generalizado que se distingue por suas es- não representam formas fixas de estimulação, pois dependem
das idiossincrasias de cada grupo particular. Na medida em
pecificações físicas é o limbo/o. .O exemplo mais comum ê o
dinheiro. E um reforçador generalizado por excelência porque, que o abetoé principalmente sexual, pode ser relacionado com
embora o "dinheiro não compre todas as coisas"?pode ser per' uma condição de privação primária, que é até certo ponto, in-
dependente da história do indivíduo, mas os "sinais de afeição:
mutado por reforçadores primários os mais. variados.. O. com-
que se tornam reforçadorespor sua associaçãocom o contado
portamento reforçado com.dinheiro é relativamente indepen sexual ou com outros reforçadores dificilmente poderiam ser
dente da privação momentânea do organismo, e sua utilidade
reforçadores por razões genéticas. Os símbolos são dç origem
gemi como reforçador dependeem parte destefato. Sua eficá-
cia deve-se também às suas dimensões üisicas. Estas pennitem ainda mais recente, e quase nunca se sugere seriamente que a
necessidade que deles temos sqa herdada. Pode-se acompa-
uma contingência mais nítida entre comportamento e conse-
nhar, não poucas vezes, o processo pelo qual uma criança vem
qüência: quando somos pagos em dinheiro, sabemos o que nos-
so comportamento conseguiu e qual o comportamento que o a ser reforçada por dinheiro. Não obstante, o "amor pelo di-
nheiro" muitas vezesparece ser tão autónomo quanto a "neces-
conseguiu O efeito reforçados pode também ser condicionado
com maior eficácia: o valor de troca do dinheiro é mais óbvio sidade de aprovação", e se nos confinamos à eficácia observa-
da desses reforçadores generalizados, teremos igual razão para
que o da atenção, aprovação, abeto ou mesmo submissão
' O dinheiro não é o único símbolo. Na educação,por exem- supor uma necessidadehereditária de dinheiro, do mesmo mo-
plo, o indivíduo comporta-se em parte por :aul;a das notas, do que de atenção,aprovação,afeição ou dominação.Final-
mente os reforçadores generalizados continuam eficazes mes-
graus e diplomas que recebeu.Estesnão são facilmente trocá-
mo quando os reforçadores primários já há muito não os acom-
vels por reforços primários como o dinheiro o é, mas a possibi-
panham. Dedicamo-nos ajogos de habilidade pelo simples pra-
lidade de troca aí existe. Os símbolos educacionais constituem
uma série na qual cada um pode ser trocado pelo seguinte, e o zer de jogar. Obtemos atenção e aprovação pelo que são em si.
valor comercial ou de prestígio do símbolo final, o diploma, é O abeto nem sempre é seguido por um reforço sexual mais
explícito. A submissão de outros é reforçadora mesmo quando
geralmente claro. Em regra, prêmios, medalhas e bolsas de es-
não a usamos.Um avaro pode ser tão reforçado por dinheiro
tudos por notas altas ou habilidades especializadas ou realiza-
que morrerá de fome antes de se desfazer dele. Estes fatos ob-
ções não são associadosexplicitamente com reforços primá-
A ANÁLISEDO COMPORTAMENTO 91
90 CIÊNCIA E COMPORTAMENTO HUMANO

poder reforçador. Daí, se dissermos que um estímulo é reforça-


serváveis precisam ter o seu lugar em quaisquer considerações
dorporgue é agradável, o que se pretende que seja uma expli-
teóricas ou práticas. Não significam que os reforços generali-
cação em termos de dois efeitos é na realidade uma descrição
zados soam algo mais que as propriedades.físicas dos estímu- redundante.
los observadosem cadacaso,nem que soam entidadesnão-
Hisicas a se levar em consideração. Uma alternativa consiste em definir "agradável" e "de-
sagradável" (ou "satisfatório" e "insatisfatório") perguntan-
do ao sujeito como ele se "sente" em relação a certos even-
Por que um rejorçador reforça ? tos. Isto pressupõeque o reforço tenha dois efeitos aumen-
tar a freqüência do comportamento e gerar "sensações" e
A Lei do Efeito não é uma teoria. É simplesmente uma re- que um é função do outro. Mas a relação funcional pode bem
gra para fortalecer o comportamento. Quando reforçamos uma ser na outra direção. Quando alguém diz que um evento é
resposta e observamos uma mudança.na sua õ'eqüência, pode- agradável, pode estar meramente dizendo que é o tipo de
mos relatar facilmente e em termos objetivos o que aconteceu. evento que o reforça, ou para o qual ele tende a se movimen-
Mas ao explicarmospor que aconteceuestaremosprovavel- tar porque o evento reforçará este movimento. Ver-se-á no
mente recorrendo à teoria. Por que o reforço reforça? Uma teo- capítulo XVll que provavelmente ninguém poderia adquirir
ria é que um organismo repete uma respol;ta porque acha sua respostas verbais referentes ao aprazível como um fato pura-
conseqüência "agradável" ou "satisfatória' . Mas em que senti- mente privado semque algo assim tivesse lugar. Em todo ca-
do esta explicação se enquadra entre aquelas próprias de uma so, o próprio sujeito não está em posição particularmente
ciência natural? Aparentemente "agradável" ou "satisfatória" adequada para fazer estas observações. "Juízos subjetivos"
nao se referem a propriedades Hisicasde eventos reforçadores, do prazer ou da satisfação proporcionados por estímulos são
desde que as ciências naturais não usam nem estes tempos, nem em geral inconsistentes e não merecem confiança. Como a
quaisquer equivalentes. Os tentos devem conter referência a doutrina do inconsciente frisou, é possível que não sdamos
um certo efeito sobre o organismo, mas será possível definir capazesde relatar tudo sobre os eventosque comprovada-
isso de maneira que seja de utilidade na explicação do reforço?. mente nos reforçam, ou que façamos um relato que esteja em
Argumenta-se algumas vezes que uma coisa é agradável conflito direto com observaçõesobjetivas; é possível que
seum organismo dela se aproxima ou com ela mantém contato, descrevamos como desagradável um certo tipo de evento que
ou que é desagradável seo organismo a evita ou rapidamente a pode ser demonstrado como reforçador. Exemplos desta ano-
elimina. Há muitas variações nesta tentativa de encontrar uma malia vão do masoquismo ao martírio.
definição objetiva, mas todas estão sujeitas à mesma crítica: o Sugere-se às vezes que o reforço é eficaz porque reduz um
ortamento especificado pode meramente ser um outro estado de privação. Aqui pelo menos há um efeito colateral que
produto do efeito reforçador. Dizer que um estímulo e agradá- não precisa serconfundido com o reforço propriamentedito. E
vel no sentido que um organismo tende a aproximar-se ou a óbvio que a püvação é importante no condicionamento operan-
prolonga-lo será apenasoutro modo de dizer que o estímulo re- te. Precisamos de um pombojamin/o em nosso experimento e
forçou o comportamento de aproximação ou contato demora-
do. No lugar de definir um efeito reforçador em termos do efei- l não poderíamos demonstrar o condicionamento operante de
outra maneira. Quanto mais faminto o pássaro, mais vezes res-
to sobre o comportamento geral, simplesmente especificamos
ponde como resultado do reforço. Mas, a despeito desta con-
um comportamento familiar que é quase inevitavelmente refor-
cessão,não é verdade que o reforço sempre reduz a privação. O
çado, e por isso de modo geral útil como um indicador do
CIÊNCIA E COMPORTAMENTO HUlvÍANO A ANÁLISE DO COMPORTAMENTO 93
92

nismo gera umleedóack tátil, como ao apalpar a textura de um


condicionamento pode ocorrer antes que uma mudança subs-
tecido ou da superHicie de uma peça de escultura, o condiciona-
tancial possa ter lugar na privação medida de outras maneiras.
mento é comumente encaradocomo resultante de reforço se-
Tudo o que podemos dizer é que o f@o de evento que reduz a
xual, mesmo quando a área estimulada não tem fiação sexual
privação é também reforçador. primária. A suposição de que outras formas de estimulação pro-
A conexão entre reforço e saciação deve ser procurada no
duzidas pelo comportamento estejam semelhantemente rela-
processo de evolução. Dificilmente se poderá deixar de reco- cionadas a eventos biologicamente importantes é uma suposi-
nhecer a grande significação biológica dos reforçadores primá-
ção atraente.
rios. Alimento, água,contato sexual, assimcomo a fuga de con-
Quando o meio ambiente muda, a capacidade de ser refor-
dições incómodas(capítulo XI), estãoevidentementeligados ao çado por um dado evento pode vir a ser desvantagem biológica.
bem-estar do organismo. Um indivíduo prontamente reforçado O açúcaré altamentereforçador para a maioria dos membros
por esseseventos adquirirá um comportamento altamente efi- da espécie humana, como o demonstra a ubiqüidade das con-
ciente. Será também biologicamente vantajoso que o comporta- feitarias. A esterespeito, seu efeito excede de muito os requisi-
mento atribuível a um dado reforço tenhamaior probabilidade tos biológicos corriqueiros. Isto não aconteciaantes de o açú-
de ocorrer no estado de privação apropriado. Assim, é impor- car ser cultivado e refinado em grandeescala.Até algumas
tante, não apenasque cada comportamento que leve ao recebi- centenas de anos atrás, o grande efeito reforçador do açúcar de-
mento de alimento possa se tomar uma parte importante de um via representar uma grande vantagem biológica. O ambiente
repertório, mas que o comportamento sqa particularmente for- mudou, mas a bagagem genética do organismo não o acompa-
te quando o organismo estiver faminto. Presumivelmente estas nhou. O sexo fornece outro exemplo. Já não há uma vantagem
duas vantagens são responsáveis pelo fato de que um organismo biológica no grande efeito reforçador do contato sexual, mas
possa ser reforçado de modos específicos e que o resultado seja não é preciso voltar atrás muitas centenas de anos para encon-
observado em condições relevantes de privação. trar condições epidêmicas de fome e peste sob as quais o poder
Algumas formas de estimulaçãosãopositivamente refor- do reforço sexual oferecia uma vantagem decisiva.
çadoras, embora não pareçam aliciar comportamentos biologi- Uma explanação biológica do poder reforçados serátalvez
camente significativos. Um bebê é reforçado, não apenas por o mais longe que se possa ir, ao dizer porque um evento é refor-
comida, mas pelo som de um guizo ou pela cintilação de um çador. Semelhante explanação é provavelmente de pouca ajuda
objeto luminoso. O comportamento que for consistentemente parauma análise fiincional, pois não nos proporcionanenhum
seguido por essesestímulos mostrará um aumento na probabi- meio de identificar um estímulo reforçador como tal antes de
lidade de ocorrência. É diHicil, senãoimpossível, retraçar esses testarmos seu poder reforçador sobre um dado organismo. Te-
efeitos reforçadorespara fins de uma história de condiciona- mos, portanto, de contentar-nos com um levantamento em ter-
mento. Mais tarde sepoderá encontrar o mesmo indivíduo sen- mos dos efeitos dos estímulos sobre o comportamento.
do reforçadopor uma orquestraou um espetáculocolorido:
Aqui é mais diHicil ter certeza de que o efeito reforçador não é
condicionado. Contudo, pode-se argumentar, plausivelmente, Contingências acidentais e comportamento "supersticioso
que uma capacidade de ser reforçado por qualquer "retroação''
do ambiente será biologicamente vantajosa, pois preparará o Tem-seaftmtado que o experimentode Thorndike não se-
ria típico do processo de aprendizagem porque o gato não pode
organismo para manipular o meio com sucessoantes que um
determinado estado de privação se desenvolva. Quando o orga- "perceber a conexão?' entre mover a tramela e escapar do com-
CIÊNCIAE COMPORTAMENTOHUMANO A ANÁLISE DO COMPORTAMENTO 95
94

partimento. Mas perceber a conexão não é essencial no condi- dado aspectodo comportamento alcança uma freqüência tal
cionamento operante. Tanto durante quanto depois do processo que é reforçado muitas vezes. Vem a se tomar uma parte penna-
de condicionamento, os sujeitos experimentais humanos fre- nente do repertório do pássaro, mesmo que o alimento tenha
quentementefalam sobre seu comportamento em relação.ao sido dado por um relógio sem qualquer relação com o compor-
seu ambiente(capítulo XVll). Estes relatos podem ser úteis tamento do pombo. Respostas conspícuas que foram estabeleci-
para as explicações científicas e a reaçãoante o próprio com- das desta maneira incluem girar rapidamente para um lado, sal-
portamento deles pode mesmo ser um elo importante em certos titar de um pé para outro e para trás, inclinar-se e arrastar a asa,
processos complexos. Mas esses relatos e reações não são exi- girar ao redor de si mesmo e levantar a cabeça. A topografia do
gências nos processos simples de condicionamento operante. comportamento pode continuar a modificar-se com outros re-
Isto se demonstra pelo fato de que alguém pode não ser capaz forços, pois pequenasmodificações na fomla de responderpo-
de descrever uma contingência que nitidamente teve um efeito. dem coincidir com o recebimento da comida.
Nem é necessário que haja uma conexão pemtanente entre Na produção do comportamento supersticioso, os interva-
respostae reforço. Fazemoscom que a recepçãodo alimento los nos quais o alimento é fornecido são importantes.Em ses-
seja contingente à resposta do nosso pombo arranjando uma senta segundos o efeito de um reforço em grande parte se perde
ligação mecânica e eléüica. Fora do laboratório vários sistemas antes que outro possa ocorrer, e há maior probabilidade de que
Hisicossão responsáveis por contingências entre os comporta- outro comportamento apareça. Destarte, o comportamento su-
mentos e suas conseqüências. Mas estes não precisam afetar, e persticioso tem menos probablidade de emergir, ainda que pos-
geralmente não afetam, o organismo de nenhum outro modo. sa ocorrer se o experimento for continuado por longo tempo.
No que diz respeito ao organismo, a única propriedade impor- Aos quinze segundos o efeito é geralmente quase imediato.
tante da contingência é a temporal. O reforçados simplesmente Quando uma resposta supersticiosa estiver estabelecida, sobre-
sz/cedeà resposta. Como isso acontecenão importa. viverá mesmo quando só esporadicamente reforçada.
Devemos presumir que a apresentaçãode um reforçador O pombo não é excepcionalmente crédulo. O comporta-
sempre reforça alguma coisa, pois coincide necessariamente mento humano também é altamente supersticioso. Apenas uma
com algum comportamento.Vimos tambémque um único re- pequenaparte do comportamento que é reforçado por contin-
forço pode ter um efeito substancial. Se só uma conexão aciden- gênciasacidentaisevolui para os procedimentosrituais que
tal existe entre a resposta e a apresentaçãode um reforçados, o nós denominamos "superstições", mas o mesmo princípio está
comportamento é chamado "supersticioso". Isto pode ser de- presente. Suponha que encontramos uma nota de quinhentos
monstrado no pombo acumulando-se o efeito de diversas con- cruzeiros ao passearpelo parque (e suponha que este evento
tingências acidentais. Suponha que se dê a um pombo uma pe- tem um efeito reforçador considerável). O que quer que este-
quena quantidade de comida a cada quinze segundos, indepen- jamos fazendo ou acabandode fazer no momento em que
dentemente do que esteja fazendo. Quando o alimento for dado encontramos a nota, é preciso supor, foi reforçado. Seria difí-
pela primeira vez, o pombo estará se comportando de determi- cil provar isto de uma maneira rigorosa, é claro, mas é prová-
nada maneira -- mesmo que apenas fique parado -- e o condicio- vel que voltemos a passear,de preferênciano mesmoou em
namento acontecerá.Será então mais provável que o mesmo parque semelhante, provavelmente com os olhos no chão, como
comportamento estqa em curso quando o alimento for dado quandoachamoso dinheiro, e assim por diante. Este compor-
novamente. Se isto acontecer,o "operante" serámais reforçado. tamento variará com qualquer estado de privação para o qual
Se não, algum outro comportamentoo será. Finalmente um dinheiro sda importante. Não chamaríamos a isso supersti-
CIÊNCIA E COMPORTAMENTO HUMANO A ANÁLISE DO COMPORTAMENTO 97
96

Objetivos, propósitos e outras causas$nais


ção, mas é gerado por uma contingência que só muito rara-
mente será "funcional
Não é correto dizer que o reforçamento operante "refor-
Algumas contingências que produzem comportamento su-
ça a resposta que o precede". A resposta já ocorreu e não
;tl:l=;;iã.;ã.Ú.i:,m.Ú.ll!.nü;À;yf=.E==!:: pode ser mudada.O que muda é a probabilidadefutura de
a uma resposta sucede uma conseqüência que, não obstante, não
resposta da mesma c/asse. E o operante como classe de com-
é por ela "produzida". Os melhores exemplos englobam o tipo portamento e não a resposta como caso particular, o que é
de estímulo que é reforçador quando remoMdo(capítulo XI). O
condicionado. Desta forma, não há violação do princípio fun-
témlino deum estímulobrevedestetipo podeocorrer exatamen-
damental da ciência que exclui as "causas finais". Mas este
te a tempo de reforçar o comportamento gerado pelo seu apare'
princípio é violado quando se afirma que o comportamento
cimento. O estímulo aversivo aparecee o organismo toma-se
está sob o controle de um "incentivo" ou "objetivo" que o
ativo; o estímulo termina e isto reforça alguma parte do compor'
organismo ainda não alcançou ou um "propósito" que ainda
tamento C ei'tas doenças, achaques, ou reações alér©cas são de
não se cumpriu. Afirmações que usam palavras como "incen-
duração tal que qua/quer medida tomada para "cura" será prova-
medida tivo" ou "propósito" geralmente se reduzem a afirmações a
velmente reforçada quando a condição desaparece.A
respeito de condicionamento operante e se requer apenasuma
não precisa, de fato, ser responsávelpela cura. Os complicados
pequena mudança para trazê-las ao quadro de referências de
rituais da medicina não-científica talvez se expliquem por esta
uma ciência natural. No lugar de dizer que um homem se com-
característica de muitas formas de doenças.
porta por causa das consequências que seguem o seu compor-
No comportamento operante supersticioso, como nos re-
tamento, diremos simplesmente que ele se comporta por cau-
flexos condicionadossupersticiososdiscutidos no capítulo 1'%
sa das consequências que sega/írum um comportamento se-
o processo de condicionamento malogrou. O condicionamento melhante no passado. Isto, naturalmente, é a Lei do Efeito ou
oferece tremendas vantagens ao equipar o organismo com com-
condicionamento operante.
portamento eficaz em novos ambientes, mas parece não haver Por vezes defende-se que uma resposta não estará inteira-
meio de evitar a aquisição de comportamentos inúteis aciden-
mente descrita até que seu propósito seja mencionado como uma
talmente O curioso é que estadificuldade deve ter aumentado
propriedade corrente. Mas o que é que se quer dizer com "descre-
assim que o processo de condicionamento foi acelerado no cur-
ver"? Se observamos alguém passeando pela calçada, poderemos
so do processo da evolução. Se, por exemplo, três reforços fos-
relatar este evento em linguagem das ciências físicas. Se depois
sem sempre requeridos para mudar a probabilidade de uma res- acrescentamlosque o "seu propósito é levar uma carta ao cor-
posta o comportamento
supersticioso
seriaimprovável E só reio", teremos dito algo que já não estivessecontido no primeiro
porque alcançaram o ponto em que uma única contmgêncla relato? Evidentemente sim, pois um homem pode andar pela rua
provoca uma mudança substancial, é que os organismos sao
"com muitos propósitos", e de modo físico igual em todos os
vulneráveis às coincidências. .
casos.Mas a distinção que se deve fazer não é entre exemplos de
Os ritos supersticiosos na sociedade humana geralmente
comportamento, mas sim entre val.iáveis das quais o comporta-
incluem fómulas verbais e são transmitidos como parte da
mento é uma fiação. O propósito é uma propriedade do compor-
cultura. Nesse ponto diferem do efeito simples de um reforço
tamento em si; é uma maneira de se fazer referência a variáveis
operante acidental. Mas devem ter tido sua origem no mesmo controladoras.Sefizermos o relato depoisde termosvisto o su-
processo e são provavelmente mantidos por contingências oca- jeito enviar a carta e voltar, atribuir-lhe-emos o "propósito" a par-
sionais que obedecem ao mesmo padrão
A ÁNÁLISEDO COMPORTAMENTO 99
98 CIÊNCIA E COMPORTAMENTO HUMANO

rante estiver bem estabelecido, removemos o ponto. O pombo


tir do evento que põs fim ao ir pela rua. Este evento "dá significa-
agora vai para o lugar usual deâ'onte à parede. Levanta a cabe-
do" ao desempeiúo, não pela ampliação da descrição do compor=
ça, fixa os olhos na direção usual e pode mesmoemitir uma
tamento propriamente dito, mas pela indicação de uma variável
fraca bicada no lugar costumeiro. Antes que a extinção esteja
independenteda qual o comportamento pode ter sido uma filn- muito avançada, volta ao mesmo lugar repetidas vezes, com
ção. Não podemos ver o "propósito" antes de vê-lo enúar a carta
comportamento semelhante. Deveremos dizer que o pombo
a menos que tenhamos observado semelhante comportamento e
está "procurando o ponto"? Deveremos considerar o ponto
semdhantes conseqüênciasanteriormente. Se tivéssemos feito
"procurado" na explicação do comportamento?
isso, usaríamos o tento para simplesmente prever que nesta oca-
Não é difícil interpretar este exemplo em termos de refor-
siãoeleirádepositarcartasnoconeio. . .
çamento operante. Desde que a estimulação visual do ponto
Nem pode o sujeito ver seupróprio propósito semreferis- precedeu regularmente o alimento recebido, o ponto tornou-se
se a eventos semelhantes. Se perguntarmos porque está des-
um reforçador condicionado. Reforça o comportamento de
cendo a rua ou qual é seu propósito e ele disser "Estou indo
olhar em direções determinadas, de determinadas posições.
envlm uma carta", não teremos aprendido nada de novo sobre
Não obstante tenhamos resolvido condicionar apenas a respos-
seu comportamento, mas apenas algo sobre suas possíveis ta bisar, realmente condicionamos muitas e diferentes espécies
O sujeito mesmo, é claro, pode estar em uma postçao
de comportamento precorrente que levam o pombo a posições
privilegiada para descrever essasvariáveis porque tem tido um das quais olha o ponto e bica-o. Estas respostascontinuam a
amplo contato com o seu próprio comportamento há muitos aparecer,mesmo que tenhamos removido o ponto, até que a
anos. Mas apesar disso sua afirmação não é de classe diferente
extinção sobrevenha.O ponto que está"sendo procurado" é o
daquelas feitas por outros que observaram seu comportamento ponto que ocorreu no passadocomo um reforço imediato do
em menos ocasiões. Como veremos no capítulo XVll, ele ape-
comportamento de olhar. Em geral, procurar alguma coisa sig-
nas está fazendo uma previsão plausível em termos de suas
nifica emitir respostasque no passadoproduziram"alguma
expenencias consigo mesmo..Ademais, pode estar errado. coisa'' como consequência.
Pode dizer que está "indo enviar uma carta", e pode na verda
A mesma interpretação aplica-se ao comportamento hu-
de estar levando uma carta endereçada em suas mãos, pode
mano. Quando vemos um homem movimentar-se em um quar-
mesmo coloca-la na caixa do correio; mas ainda poderá ser
to abrindo gavetas,procurando embaixo de revistas e assim
possível mostrar que o comportamento foi principalmente de por diante, podemos descrever seu comportamento em termos
terminado pelo fato de que em ocasiões anteriores encontrou
absolutamente objetivos: "Agora está em determinada parte
alguém pam ele muito importante durante uma caminhada. O do quarto: segurou um livro entre o polegar e o indicador da
seu jeito pode não se "aperceber deste propósito" no sentido
mão direita; está erguendo o livro e inclinando a cabeça de
de não ser capaz de dizer que seu comportamento é freqüente
modo a ver qualquer objeto que esteja sob o livro." Podemos
oorestarazão. ,...
também "interpretar" seu comportamento ou "ver um signifi-
O fato de que o comportamento operante parece estar "di-
cado nele" dizendo que o homem "procura alguma coisa" ou,
rigido pam o futuro" é equívoco. Considere, por exemplo, o mais especificamente,que "procura seusóculos". O que adi-
caso de se procurar "alguma coisa". Em que sentido essa al-
relevante para o cionamos não é uma descrição mais completa do comporta-
guma coisa" que ainda não foi encontradaé mento, mas uma inferência a respeito de algumas das variá-
comportamento? Suponha que condicionamos um pombo a bi-
veis responsáveispor ele. Não há um objetivo, incentivo ou
casum ponto na parede de uma caixa e depois, quando o ope-
A ÁNAL]SE DO COMPORTAMENTO 101
100 CIÊNCIA E COMPORTAMENTO HUMANO

Capítulo VI
significado presente a ser levado em conta. Isto é verdadeiro Modelagem e manutenção do comportamento operante
mesmo que perguntámos o que está fazendo e ele responda
.'Estou procurando meus óculos". Esta não é uma descrição do A contintlidade do comportamento
comportamento melhor que a anterior, mas uma descrição.das
variáveis das quais seu comportamento é função; é equivalen-
O condicionamento operante modela o comportamento
te a "Perdi meus óculos", "Pararei com o que estou fazendo
assim no como o escultor modela a argila. Ainda que algumasvezeso
quando encontrar os meus óculos", ou "Quando agi escultor pareça ter produzido um objeto inteiramentenovo, é
passado, encontrei meus óculos". Estas expressões podem pa- sempre possível seguir o processo retroativamente até a massa
recer desnecessariamenteredundantes, mas apenas porque as
original indiferenciada e fazer que os estágios sucessivos, atra-
expressõesque envolvem obletivos e propósitos não passam vés dos quais retomamos a essa condição sejam tão pequenos
deabreviações.
quanto quisermos. Em nenhum ponto emerge algo que seja
Muito frequentementeatribuímos um propósito ao com- muito diferente do que o precedeu.O produto final pareceter
portamento como outro meio de descreversuaadaptabilidade
mas uma especialunidade ou integridade de planejamento, mas não
biológica. Este tópico já foi suficientemente discutido,
condicionamento sepode encontrar o ponto em que ela repentinamente apareça.
podemos incluir mais um ponto- .Tanto no No mesmo sentido, um operante não é algo que surja totalmen-
operante, quanto na seleção evolutiva de características do te desenvolvido no comportamento do organismo. É o resulta-
comportamento, as conseqüênciasalteram as probabilidades do de um contínuo processo de modelagem.
futuras. Os reflexos e outros padrões inatos de comportamento
Isto fica demonstradoclaramenteno experimentocom o
desenvolvem-se porque aumentam as oportunidades de sobre-
pombo. "Levantar a cabeça" não é uma unidade do comporta-
vivência da espécie. Os operantes se fortalecem porque são
mento discreta. Não surge, por assim dizer, em um compar-
seguidos por conseqüências importantes na vida do í/zdívídzzo. timento separado. Reforçamos aspectos apenas levemente di-
Ambos os processosdão lugar à questãodo propósito pelo ferentes do comportamento observado, enquanto o pombo está
mesmo motivo, e os dois apelos às causas últimas podem.ser
de pé ou se move. Mudamos sucessivamente a altura até onde a
rdeitados da mesma maneira. Uma aranha não possui o elabo- cabeça devia ser levantada, mas não há nada que possa acura-
rado repertório comportamentalcom o qual constrói uma tela damente ser descrito como uma nova "resposta". Uma resposta
porque a teia a tornará capaz de capturar o alimento de que ne- como girar um trinco em uma caixa-problema pareceser uma
cessitapara sobreviver.Possuio comportamentoporque com unidade mais discreta,mas apenasporque a continuidadecom
portamentos semelhantes da parte das aranhas que viveram no
outros comportamentos é de observação mais difícil. No pom-
passado capacitaram-nas a capturar o alimento de que necessi
bo, a resposta de bicas um ponto na parede da caixa experimen-
tavam para sobreviver.Muitos eventosforam relevantesao tal parece diferir de estirar o pescoço porque não há outro com-
comportamento de construçãoda teia em suahistória evoluti-
observamos o portamento do pombo que lembre este. Se para reforçar essa
va primitiva. Estaremoserrados ao dizer que resposta simplesmente esperarmos que ela ocorra e podemos
"proposito" da teia quando observarmos eventos semelhantes ter que esperar muitas horas, ou dias, ou semanas a unidade
na vida de um indivíduo.
integral parecerá emergir em sua forma final e como tal ser
reforçada. Pode não haver nenhum comportamento apreciável
que se possa descrever como "quase bisar o ponto"

B IB L 10 T E C A

Você também pode gostar