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FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS DE SERGIPE

Brendha Laryssa Rocha Rodrigues

Proposta do Anteprojeto de Requalificação da Casa De Apoio O Bom


Samaritano em Aracaju-SE

ARACAJU-SE
2021
BRENDHA LARYSSA ROCHA RODRIGUES

Proposta do Anteprojeto de Requalificação da Casa De Apoio O Bom


Samaritano em Aracaju-SE

Trabalho Final de Graduação apresentado


à FANESE como um dos pré-requisitos
para a obtenção do grau de bacharel em
Arquitetura e Urbanismo.

Orientador (a): Profª Eduardo Rodrigues dos Santos

ARACAJU-SE
2021
BRENDHA LARYSSA ROCHA RODRIGUES

Proposta do Anteprojeto de Requalificação da Casa De Apoio O Bom


Samaritano em Aracaju-SE

Trabalho Final de Graduação apresentado à


Faculdade de Administração e Negócios de
Sergipe como um dos pré-requisitos para a
obtenção do grau de bacharel em
Arquitetura e Urbanismo.

Aprovada em ____/____/____

PROF. EDUARDO RODRIGUES DOS SANTOS


ORIENTADOR – FANESE

PROF. ITALO SERGIO BARROS LIMA MOTTA


ORIENTADOR– FANESE

ANNE KAROLINE MACHADO ANDRADE


AVALIADORA EXTERNA
RESUMO

Este Trabalho Final de graduação aborda a importância e necessidade das


casas de apoio para portadores de HIV e AIDS e apresenta uma nova proposta
arquitetônica para Casa de Apoio O Bom Samaritano, visto que a estrutura atual,
traz limitações tanto físicas como sociais para aqueles que ali residem. Ao serem
abrigados nesse tipo de instituição, muitos portadores são esquecidos por suas
famílias e tem sua rotina completamente modificada, deixando de realizar atividades
que promoviam seu bem-estar. O estudo preliminar proposto para a nova estrutura
da casa de apoio busca atender não só os portadores institucionalizados, como
também a comunidade em seu entorno. Além disso, pretende-se integrar áreas, de
forma a resgatar as relações físico-sociais desses portadores, e a partir da nova
estrutura possibilitar novas e diferentes atividades dentro da Instituição, além da
convivência com diferentes pessoas, independente de faixa etária, e que essas
atividades sejam realizadas de forma prazerosa.

Palavras-chave: Arquitetura; Casa de Apoio; HIV e AIDS.


ABSTRACT

This Final Graduation Paper highlights the importance and need for support homes
for people with HIV and AIDS and presents a new architectural proposal for Support
Home O Bom Samaritano, as the current structure brings both physical and social
limitations for those who live there. When they are sheltered in this type of institution,
many carriers are forgotten by their families and have their routine completely
changed, failing to carry out activities that promote their well-being. The draft
proposed for a new structure of the support house will seek to serve not only
institutionalized patients, but also the surrounding community. In addition, it is
intended to integrate areas, in order to rescue the physical-social relationships of
these patients, and from the new structure, new and different activities within the
Institution, in addition to living with different people, regardless of age, and that these
possibilities activities are performed in a pleasurable way.

Keywords : Architecture; Support House; HIV e AIDS


LISTA DE IMAGENS

Imagem 1 – HIV ........................................................................................................ 12


Imagem 2 – Aumento de Casos ................................................................................ 13
Imagem 3 – HIV/AIDS ............................................................................................... 16
Imagem 4 – Remédios para Tratamentos ................................................................. 18
Imagem 5 – Preconceito ........................................................................................... 20
Imagem 6 – Casa de Apoio O Bom Samaritano........................................................ 22
Imagem 7 – Muro Lateral da Casa de Apoio O Bom Samaritano.............................. 24
Imagem 8 – Fachada da Casa de Apoio O Bom Samaritano .................................... 24
Imagem 9 – Banheiro dos Dormitórios ...................................................................... 25
Imagem 10 – Corredor .............................................................................................. 25
Imagem 11 – Área Descoberta.................................................................................. 26
Imagem 12 – Implantação e Setorização atual da Casa de Apoio ........................... 26
Imagem 13 – Dormitórios ......................................................................................... 27
Imagem 14 – Áreas Descobertas .............................................................................. 27
Imagem 15 – Imagem Áera ...................................................................................... 29
Imagem 16 – Fachada .............................................................................................. 29
Imagem 17 – Planta Baixa ........................................................................................ 30
Imagem 18 – Sala de Espera .................................................................................... 30
Imagem 19 – Corte A ................................................................................................ 31
Imagem 20 – Espaço da Piscina ............................................................................... 31
Imagem 21 – Corredor Interno .................................................................................. 32
Imagem 22 – Corredor Interno .................................................................................. 32
Imagem 23 – Área Externa........................................................................................ 33
Imagem 24 – Piscina Externa.................................................................................... 33
Imagem 25 – Área Externa........................................................................................ 34
Imagem 26 – Corredor Externo ................................................................................. 34
Imagem 27 – Divisórias ............................................................................................. 35
Imagem 28 – Refeitório ............................................................................................. 35
Imagem 29 – Fachada .............................................................................................. 36
Imagem 30 – Planta Baixa ........................................................................................ 37
Imagem 31 – Espaço Interno .................................................................................... 37
Imagem 32 – Espaço Interno .................................................................................... 38
Imagem 33 – Fachada .............................................................................................. 38
Imagem 34 – Fachada .............................................................................................. 39
Imagem 35 – Fachada .............................................................................................. 40
Imagem 36 – Planta Baixa ........................................................................................ 40
Imagem 37 – Espaço Interno .................................................................................... 41
Imagem 38 – Refeitório ............................................................................................. 41
Imagem 39 – Diagrama ............................................................................................. 42
Imagem 40 – Corredor da Fachada Sudeste ............................................................ 42
Imagem 41 – Bairro 18 do Forte................................................................................ 44
Imagem 42 – Fachada ............................................................................................. 45

Imagem 43 – Refeitório e Lavanderia ....................................................................... 46

Imagem 44 – Área Externa........................................................................................ 46

Imagem 45 – Pontos de referência no bairro ........................................................... 47

Imagem 46 – Planta de Localização e delimitação da Casa de Apoio e entorno ..... 47

Imagem 47 – Critérios de Ocupação do solo ........................................................... 48

Imagem 48 – Coeficiente máximo de aproveitamento ............................................. 49

Imagem 49 – Mapa ilustrativo da predominância dos ventos e posicionamento do sol


.................................................................................................................................. 49

Imagem 50 – Mapa de classificação das vias ........................................................... 50

Imagem 51 – Planta de Uso e Ocupação do solo ..................................................... 51

Imagem 52 – Fluxograma.......................................................................................... 54

Imagem 53 – Comparação: nova setorização e pré-existente .................................. 55

Imagem 54 – Nova Proposta .................................................................................... 56

Imagem 55 – Perspectiva acesso principal .............................................................. 57

Imagem 56 – Nova Proposta da Entrada Lateral ..................................................... 57

Imagem 57 – Corredor Lateral ................................................................................. 58

Imagem 58 – Planta Demolir/Construir ..................................................................... 58


Imagem 59 – Nova Proposta, Identificando Aumento do Muro Lateral no Lote ....... 59

Imagem 60 – Estacionamento e Espaço de Lazer ................................................... 60

Imagem 61 – Espaço de Lazer ................................................................................. 60

Imagem 62 – Escritório e Porta de Acesso a Sala do Médico .................................. 61

Imagem 63 – Dormitório ........................................................................................... 62

Imagem 64 – Sala de Fisioterapia ........................................................................... 62

Imagem 65 – Refeitório ............................................................................................. 63

Imagem 66 – Comparação da Atual e Nova Proposta ............................................. 54

Imagem 67 – Paisagismo .......................................................................................... 65

Imagem 68 – Perspectiva da Horta ........................................................................... 66

Imagem 69 – Perspectiva Espaço de Lazer .............................................................. 66

Imagem 70 – Maquete 3D ......................................................................................... 67


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 11
1.1 APRESENTAÇÃO .............................................................................................. 12
1.2 JUSTIFICATIVA .................................................................................................. 12
1.3 OBJETIVO .......................................................................................................... 14
1.3.1 Objetivo Geral ...................................................................................... 14
1.3.2 Objetivos Específicos ......................................................................... 14
1.4 METODOLOGIA ................................................................................................. 15
2 HIV E AIDS ......................................................................................................... 15
2.1 CONCEITO E CAUSAS ...................................................................................... 15
2.2 TRATAMENTOS ................................................................................................. 17
2.3 PESSOAS SOROPOSITIVAS NO ESTADO DE SERGIPE................................ 18
2.4 O APOIO DA FAMÍLIA E A INTEGRAÇÃO SOCIAL .......................................... 19
3 HISTÓRICO DAS CASAS DE APOIO PARA PESSOAS COM HIV NO BRASIL
21
3.1 PRIMEIRAS CASAS DE APOIO ......................................................................... 21
3.2 SITUAÇÃO ATUAL DAS CASAS DE APOIO EM SERGIPE .............................. 21
3.3 CASA DE APOIO O BOM SAMARITANO .......................................................... 22
4 ESTUDOS DE CASO E REFERENCIAIS PROJETUAIS .................................. 28
4.1 REFERENCIAL HOSPITAL SARAH ................................................................... 28
4.2 REFERENCIAL CENTRO MAGGIE DE LEEDS ................................................. 36
4.3 REFERENCIAL CENTRO MÉDICO PSICOPEDAGÓGICO ............................... 39
5 DIAGÓSTICO DA ÁREA EM ESTUDO.............................................................. 43
5.1 ANÁLISE DA ÁREA E CARACTERIZAÇÃO DO OBJETO DE ESTUDO ........... 43
5.2 SISTEMA VIÁRIO ............................................................................................... 50
5.3 USO DO SOLO E INFRAESTRUTURA .............................................................. 51
6 ANTEPROJETO DE REQUALIFICAÇÃO PARA A CASA DE APOIO O BOM
SAMARITANO EM ARACAJU-SE ........................................................................... 51
6.1 PROGRAMA DE NECESSIDADES E DIRETRIZES PROJETUAIS ................... 52
6.2 FLUXOGRAMA E SETORIZAÇÃO ..................................................................... 53
6.3 PROPOSTA ........................................................................................................ 55
7 CONCLUSÃO ..................................................................................................... 68
REFERÊNCIAS..........................................................................................................69
11

1 INTRODUÇÃO

Este trabalho representa a proposta de elaboração do anteprojeto de


requalificação da Casa de Apoio O Bom Samaritano na cidade de Aracaju-SE. O
tema surgiu a partir da reflexão a respeito do aumento de casos de pessoas vivendo
com HIV no estado de Sergipe, e a qualidade de vida dos seus moradores.
A AIDS é uma doença infectocontagiosa sem cura, causada pelo vírus HIV,
que ataca o sistema imunológico, responsável por defender o organismo contra
doenças, assim os portadores ficam mais vulneráveis a contrair infecções, como
tuberculose e meningite. Embora o tratamento de HIV tenha avançado muito, todo
ano, cerca de 690 mil pessoas morrem por complicações geradas pelo vírus e 1,7
milhão de novas contaminações são registradas, segundo análise do Programa
Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS), (STARLLES, 2020).
De acordo com Boletim Epidemiológico de 2020,

920 mil pessoas vivem com o HIV no Brasil. O Ministério da Saúde revela
que a maior concentração de casos está entre jovens de 25 a 39 anos, de
ambos os sexos (52,4% são homens e 48,4% são do sexo feminino).

No estado de Sergipe a assistência oferecida às pessoas com AIDS também


é efetuada pela Casa de apoio O Bom Samaritano, a casa acomoda pessoas que
vivem com HIV e AIDS, também chamadas de soropositivo.
As casas de apoio além de serem ambientes que oferecem moradia e
cuidados em favor a saúde dos seus moradores, atuam também na convivência
social saudável. Muitas dessas pessoas são maltratadas e abandonadas pelos seus
familiares, e por esse e outros motivos de natureza social acabam precisando de
cuidados e moradia provisória ou permanente. Existe a necessidade de melhoria
desses locais, para assim poder oferecer cuidados à saúde e moradia adequada.
A arquitetura é essencial para auxiliar no tratamento dessas pessoas podendo
proporcionar moradia adequada e melhor conforto ambiental, colaborando no
tratamento dos pacientes e com isso possibilitando uma melhor qualidade de vida
aos portadores que habitam a edificação.
12

Imagem 1: HIV

Fonte: VivaBemUOL, 2020.

1.1 APRESENTAÇÃO

Este trabalho de conclusão de curso se estrutura em sete capítulos.


No capítulo 1 são indicadas as considerações iniciais e apresentado o tema a
ser abordado no decorrer do trabalho.
Os capítulos 2 e 3 trazem fundamentações teóricas referentes ao HIV e a
casas de apoio destinadas as pessoas que vivem com o HIV e AIDS. Neste capítulo
são apresentadas diferentes fontes referentes ao assunto.
O capítulo 4 é composto por referenciais projetuais de edificações com o
mesmo tema a ser proposto. Sendo um no Brasil e dois fora do país.
No capítulo 5 é apresentada a análise da área na qual será proposto o
projeto, enquanto o capítulo 6 é mostrado o partido geral referente ao mesmo.
Por fim, no capítulo 7 têm-se a conclusão. Nela exposta a importância da
realização deste trabalho e como os objetivos foram atingidos.

1.2 JUSTIFICATIVA

De acordo com a assembléia legislativa do estado de Sergipe, o estado vem


registrando uma média de 300 novos casos por ano de AIDS, de acordo com dados
13

do coordenador do Programa DST/AIDS da Secretaria de Estado da Saúde, Dr.


Almir Santana. Há também aumento no número de casos de HIV. A deputada Maria
Mendonça tem feito alerta através dos dados da Organização das Nações Unidas
(ONU), mostrando que em 10 anos os casos dobraram entre os brasileiros de 20 a
24 anos, também afetando a população com mais de 60 anos (ALESE, 2021). Sobre
o tema a deputada acrescenta,

“Fiquei apavorada ao ler o Boletim Epidemiológico HIV/AIDS 2020, com os


dados consolidados do ano de 2019, pois os apontam para cerca de 920 mil
brasileiros com HIV. Desses infectados, 89% foram diagnosticadas com a
doença; 77% fazem tratamento com antirretroviral e 94% deles estão em
tratamento e não transmitem o HIV por via sexual, por terem atingido carga
viral indetectável”, alerta defendendo mais ações voltadas para os jovens e
os idosos. (ALESE, 2021).

Imagem 2: Aumento de Casos

Fonte: Ministério da Saúde ,2019.

Os serviços de cuidado para os portadoras do vírus HIV são disponibilizados,


atualmente, junto à rede assistencial do Sistema Único de Saúde (SUS), através de
programas governamentais (Programa Nacional de Combate à AIDS, Centros de
Testagem e Aconselhamento - CTA) e iniciativas organizadas e mantidas pela
sociedade civil, como Organizações Não Governamentais (ONG) e as denominadas
Casas de Apoio (SOARES, 2008).
As casas de apoio funcionam para muitas pessoas como um lar, pois muitos
moram e dependem delas, e as pessoas soropositivas necessitam de cuidados
14

apropriados e na maioria dos casos esses espaços não oferecem uma estrutura
adequada para receber essas pessoas.
No entanto, é necessário ir além da atuação sobre a doença, sendo
importante incentivar a convivência saudável entre os indivíduos e a busca por um
ambiente agradável para se viver (LUZ, 1997 apud SOARES, 2008).
A arquitetura proporciona varias emoções e desperta sentimentos quando
bem projetada e através disso auxilia no tratamento e melhora a condição de vida da
pessoa que habita o local.
Na situação da casa de apoio, a funcionalidade, o bem-estar e a integração
com espaço são fundamentais. Para atingir o bem-estar, as pessoas que moram no
local têm que se sentir integrantes do ambiente, sendo assim o espaço deve
apresentar uma melhor qualidade na sua estrutura e ter acessibilidade adequada, é
importante entender as limitações e necessidades que a doença traz e projetar um
ambiente saudável. Assim,

as casas de apoio, constituem uma alternativa válida (muitas vezes a


única possível) para uma esperança de sobrevida física e de saúde
psíquica para essas pessoas. (ANDRADE apud SANCHES, 1999,
p.57).

1.3 OBJETIVO

1.3.1 Objetivo Geral

Desenvolver projeto de requalificação para Casa de O Apoio Bom Samaritano


em Aracaju-SE, com foco na acessibilidade e conforto ambiental dos moradores.

1.3.2 Objetivos Específicos

- Realizar Mapeamento de dados dos portadores de HIV e AIDS no Brasil e


na cidade de Aracaju;
- Reunir dados sobre as principais necessidades e dificuldades dos
portadores de HIV e AIDS;
- Pesquisar as estratégias de melhorias e bem estar para projetos de
arquitetura voltados para pacientes com HIV e AIDS;
15

- Estudar referências que possibilitem melhor compreensão do tema;

1.4 METODOLOGIA

A metodologia que será utilizada para alcançar os objetivos deste trabalho de


conclusão de curso consiste em:
1. Serão feitas pesquisas bibliográficas referentes as casas de apoio e
normas referentes ao tema;
2. Será realizada visita de campo a casa de apoio onde será elaborado o
projeto de requalificação;
4. Serão levantados referenciais arquitetônicos de edificações com a função
de centros de apoio;
5. Elaboração de um estudo volumétrico avaliando as condicionantes do
terreno e clima, visando o bem-estar dos moradores;
6. Elaboração do partido arquitetônico a partir de estudos conceituais em
diagramas, zoneamento, croquis e desenvolvimento da implantação, plantas, cortes,
perspectivas e demais estudos necessários para o entendimento da proposta.

2 HIV E AIDS

No Brasil os primeiros casos de AIDS notificados sugiram em 1980,


principalmente na região sudeste do país, nas cidades do Rio de Janeiro e de São
Paulo. O ministério da saúde em 2019 apresentou dados que mostram que existe
cerca de 900 mil pessoas vivendo com a doença no Brasil.

2.1 CONCEITO E CAUSAS

A AIDS é uma doença causada pelo Vírus da Imunodeficiência Humana


(VIH), sendo seu termo em inglês HIV (Human Immunodeficiency Virus). O HIV é um
vírus que ataca o sistema imunológico, destruindo as células de defesa do
organismo, sendo que a pessoa infectada fica bem mais vulnerável a adquirir
doenças que, para pessoas não portadoras do vírus, não apresentaria tanta ameaça
a sua saúde. Segundo Cunico, Gomes e Júnior,
16

a doença compromete o funcionamento do sistema imunológico,


impedindo-o de executar sua tarefa de proteger o organismo contra
agressões externas (por bactérias, outros vírus e parasitas) e contra células
cancerígenas. Com o progressivo comprometimento do sistema
imunológico, o corpo humano torna-se cada vez mais susceptível a doenças
oportunistas (CARVALHO, SANTOS E NASCIMENTO, 2011 apud CUNICO,
GOMES E JÚNIOR 2008, p. 2111).

O HIV entra no corpo humano através do contato com as pessoas infectadas


por meio de relações sexuais sem uso de preservativo, utilização de sangue
infectado, compartilhamento de objetos perfuro cortantes, bem como a transmissão
vertical, passada de mãe para filho.

Imagem 3: HIV/AIDS

Fonte: InfoEscola, 2020.

A AIDS é uma doença do tempo e uma vez atingida certa densidade de


sintomas, o desenvolvimento da doença pode ser rápida, causando sofrimentos
atrozes. Além das doenças inicias mais comuns, existe uma variedade de sintomas
que incapacitam, desfigura, e humilham o paciente, tornando-o cada vez mais fraco,
indefeso e incapaz de controlar suas funções e atender a suas próprias
necessidades básicas (CARVALHO, SANTOS e NASCIMENTO, 2011 apud
SONTAG 1989, p. 93).
É importante destacar que ter o HIV não é a mesma coisa que ter AIDS. Há
muitos soropositivos que vivem durante anos sem apresentar sintomas e sem
17

desenvolver a doença. Mas podem transmitir o vírus a outros pelas relações sexuais
desprotegidas, pelo compartilhamento de seringas contaminadas ou de mãe para
filho durante a gravidez, pela amamentação e ao receber sangue ou derivados
contaminados, como foi citado.

2.2 TRATAMENTOS

A AIDS não tem cura, mas já existem muitos estudos com o objetivo de
descobrir a cura da infecção pelo HIV, no entanto ainda não existem resultados
conclusivos. Porém existe tratamento, que através dele pode retardar o progresso
da doença e prevenir infecções e outras complicações.
O tratamento é feito por meio do uso de medicamentos, antivirais, que impede
a multiplicação do vírus no organismo, assim ajudando a combater a doença e a
fortalecer o sistema imunológico, mesmo não sendo capaz de eliminar o vírus do
organismo. Quando o tratamento é seguido de forma correta, e melhora da
qualidade de vida do paciente e diminuição da chance de desenvolver algumas
doenças que podem ser relacionadas à AIDS, como tuberculose, criptosporidiose,
aspergilose, doenças de pele e problemas no coração (Hinrichsen, 2021).

Imagem 04: Remédio para Tratamentos

Fonte: Projeto Colabora, 2020.


18

O tratamento deve ser iniciado assim que a pessoa for diagnosticada, é feito
através de exames que devem ser recomendados pelo clínico geral, infectologista,
urologista, no caso dos homens ou ginecologista, no caso das mulheres. Os
medicamentos para o tratamento é fornecido gratuitamente pelo SUS (Sistema
Único de Saúde), só sendo necessário apenas que a recolha do medicamento seja
feita com a prescrição médica.
Conforme aponta Soares, Forster e Santos (2008, p.170)

os serviços de cuidado às pessoas portadoras do vírus HIV são oferecidos,


atualmente, junto à rede assistencial do Sistema Único de Saúde (SUS), por
meio de programas governamentais (Programa Nacional de Combate à
Aids, Centros de Testagem e Aconselhamento - CTA, entre outros) e
iniciativas organizadas e mantidas pela sociedade civil, como Organizações
Não Governamentais (ONG) e as denominadas Casas de Apoio.

2.3 PESSOAS SOROPOSITIVAS NO ESTADO DE SERGIPE

O primeiro caso de AIDS notificado em Sergipe ocorreu no ano 1987, na


cidade de Santa Luzia do Itanhy, e não foi advindo do estado, mas de uma pessoa
sergipana, que morava em São Paulo, e retornou para a região quando contraiu a
infecção. Muitas pessoas saiam a procura de emprego, alguns deles eram
homossexuais e a família não aceitava a homossexualidade deles, com isso eles
iam embora pra São Paulo. Então eles se infectavam, ficavam doentes, não tinha
quem cuidasse, e voltavam pra terra natal. Isso não aconteceu só no estado de
Sergipe, mas em vários estados foram chegando, tudo migrando de São Paulo
(ALMIR SANTANA, 2011 apud CARVALHO, SANTOS E NASCIMENTO, 2011).
Ainda conforme Almir Santana,

ao chegar infectado no estado de Sergipe pouco se sabia sobre o


diagnóstico da infecção pelo HIV, por conta disso, esta pessoa sofreu uma
serie de preconceitos, desde a rejeição das pessoas e dos princípios
familiares, até o atendimento na unidade de saúde de seu município. O
portador foi fortemente rejeitado, o prefeito queria expulsar ele de lá, onde
ele sentou pra ser atendido no posto de saúde tocaram fogo na cadeira,
então foi uma coisa cruel.

Percebe-se que São Paulo foi o foco inicial dos casos de AIDS, ainda hoje, as
regiões com maior número de casos notificados, são provenientes dos estados do
eixo sul-sudeste.
19

A partir da circulação do vírus HIV no próprio estado, a infecção foi se


disseminando, e a Secretaria Municipal de Saúde, na pessoa do Dr. Almir Santana,
passou a acompanhá-los. Desta forma, em 1987, mesmo ano em que se
diagnosticou o primeiro caso de AIDS em Sergipe, a Secretaria cria o Programa
Municipal de DST/AIDS, fruto do programa Nacional de DST/AIDS, criado no ano
anterior (CARVALHO, SANTOS E NASCIMENTO, 2011).
Porém, é necessário destacar, que a criação dos programas de combate á
AIDS, não foram “dadas’’pelos órgãos públicos. Estes foram frutos das pressões
sociais que os movimentos de combate a epidemia forçaram diante do quadro de
expansão da doença.
Com o aumento do número de casos de HIV no Estado, o médico Almir
Santana, em 1991 fundou em Aracaju o Grupo de Apoio á Prevenção a AIDS
(GAPA) do estado de Sergipe. O grupo buscava diminuir os impactos da AIDS
através da prevenção e do atendimento as pessoas vivendo com AIDS, por meio de
visitas domiciliares, visitas hospitalares, terapia ocupacional, trabalhos de geração
de renda, distribuição de cestas básicas, e uma série de outras ações.
Porém, com a saída de alguns integrantes da coordenação, em que outros
grupos de pessoas começaram a assumir, surgiram algumas dissidências internas
que fizeram emergir alguns problemas de situação financeira. Além disso, a
divulgação na imprensa de escândalos do Grupo fez com que a maioria dos
colaboradores deixasse de contribuir com o GAPA/SE. A partir de então, o Grupo foi
enfraquecendo, e em 2007, por ordem do Ministério Público Estadual, a instituição
foi fechada.
A partir dessas considerações, Almir Santana destaca que

o movimento [de luta contra AIDS], o ativismo caiu! Isso se remete a vários
motivos. O câncer [por exemplo], tem uma estrutura melhor, a sociedade
tem pena, a sociedade se sensibiliza, e a AIDS não. A AIDS a sociedade diz
assim: “ele pegou, pegou, problema é dele”. A culpa [...] não é como o
câncer. [...] A AIDS as pessoas acham que nunca vão ter, acha que não é
vulnerável: “não, não é problema meu, eu sei com quem eu ando”. Ai eu
pergunto: sim, você sabe com quem você anda, né? Mas você usa
camisinha? “Não!”. E ai?
(ALMIR SANTANA, 2011 apud CARVALHO, SANTOS E NASCIMENTO,
2011).

2.4 O APOIO DA FAMÍLIA E A INTEGRAÇÃO SOCIAL


20

Atualmente o maior desafio para os portadores não é só viver com a doença,


mas nos dias atuais, se enfrenta mais do que tratar a doença, os soropositivos
passam por muitas dificuldades ao tentar alcançar uma qualidade de vida, levando a
mudanças que podem ser bastante desafiadoras, e como conseqüência levando
muita das vezes o isolamento social, problemas com a sexualidade e relações
sociais, os quais podem comprometer sua saúde mental e física, impedindo o
desenvolvimento pessoal e profissional.
Assim, percebe-se que,

a qualidade de vida é o eixo central desta classe, e os elementos que a


compõe são variados e mostram uma pluralidade de subitens que podem
compor esse constructo, variando desde representações concretas
(alimentos, exercícios físicos e grupo de adesão) a abstratas (saúde,
companhia, orientação e ajuda), (VALLE, 2002, p. 179-210).

Existem organizações governamentais e não governamentais que podem


ajudar os portadores a enfrentar suas dificuldades e a lidar com situações de
estresse por conta da doença e a falta de apoio social e familiar, esses locais
oferecem duas formas de apoio, o afetivo- emocional e o operacional. Ambos fazem
com que a pessoa se sinta cuidada, pertencendo a uma rede social. O suporte social
pode ser dado por familiares, amigos, pessoas de grupo religioso ou integrantes de
instituições, profissionais de serviços de saúde e pessoas de organizações da
sociedade civil (OSC) (GIV, 2020?).

Imagem 5: Preconceito
21

Fonte: Boa Vontade, 2016.

Essa realidade é bem presente na Casa de apoio O Bom Samaritano, antes


de a vizinhança saber o objetivo da casa, muitos vizinhos colaboravam com a
mesma, participando de missas e colaborando com doações, mas ao descobrir o
objetivo da Casa de apoio pararam de participar das missas e ajudar por meio de
doações. Os moradores da casa de apoio também sofrem com a falta de apoio dos
familiares.

3 HISTÓRICO DAS CASAS DE APOIO PARA PESSOAS COM HIV NO BRASIL

3.1 PRIMEIRAS CASAS DE APOIO

De acordo o Ministério da Saúde, em conjunto com o Centro de Vigilância


Sanitária (CVS) e o Centro de Referência e Treinamento em DST/Aids
(CRT/DST/Aids) definiu 'casa de apoio': Um estabelecimento de interesse à saúde,
que está destinado a abrigar crianças e adolescentes portadores assintomáticos do
HIV e que tenham apresentado os primeiros sintomas e sinais da AIDS, com
ausência ou pequena dificuldade de se locomover, que precisem de assistência
psicossocial, o uso de equipamentos terapêuticas (inalador portátil e/ou
equipamento de complexidade tecnológica assemelhada) e cuidados especiais.
(Brasil, 2001)
A maioria dessas casas de apoio tem a sua origem através de trabalhos
desenvolvidos por organizações de cunho religioso. As casas de apoio refletem um
delicado e precário sistema de saúde, a falta de cuidado e atenção social e a
ineficácia do Sistema de serviços sociais disponibilizado aos que precisam de algum
tipo de tratamento disponibilizado pelo estado.

3.2 SITUAÇÃO ATUAL DAS CASAS DE APOIO EM SERGIPE

Atualmente só tem uma Casa de Apoio que oferece assistência aos


portadores, que é a Casa de Apoio “O Bom Samaritano”, uma organização não-
governamental com apoio financeiro da Cáritas, instituição da igreja católica, e a
22

Casa de Apoio Janaina Dutra, que tem uma atuação um pouco menor, e trabalha
principalmente com travestis. Além dessas organizações, existe a Rede Nacional de
Pessoas Vivendo com HIV/AIDS, criada em 2011 e a Rede de Mulheres Cidadãs
Positivas.

3.3 CASA DE APOIO O BOM SAMARITANO

Tendo em vista a dificuldade em encontrar documentos escritos que


pudessem nortear os aspectos relevantes sobre a Casa de Apoio O Bom
Samaritano, como histórico, ações, entre outros, foi realizado uma entrevista com a
Dona Fátima, voluntária da casa de apoio, no dia 10 de Abril de 2021.

Imagem 6: Casa de Apoio O Bom Samaritano

Fonte: Facebook, 2021.

Conforme o conhecimento de Dona Fátima, a Associação foi fundada em


2002, pelo Grupo de Apoio a Prevenção a AIDS (GAPA), em seguida a igreja
católica assumiu a casa de apoio durante aproximadamente dezesseis anos, logo
após a igreja católica deixar de se responsabilizar pela Associação, o Centro de
Integração Raio de Sol (CIRAS) assume durante quase um ano e meio, e depois
desse período eles tomaram a decisão que teve como finalidade tirar seus
funcionários da casa de apoio, assim deixando os pacientes da Associação, o que
23

levou a quase fechar o local. Segundo Fátima, o grupo que já freqüentava o local,
resolveu fundar a Associação o Bom Samaritano, pra não deixar os pacientes no
hospital, como as famílias não os queriam e muitos não tinham famílias,
permaneceram na Casa de Apoio que já era praticamente a casa deles. E em 2018
o grupo fundou a Associação o Bom Samaritano.
A casa da suporte a oito moradores, e também acompanha e ajuda crianças e
suas famílias, através do projeto crianças em casa. Atualmente são quarenta e cinco
crianças cadastradas, mas a casa de apoio tem ajudado 50 crianças, e também tem
os recém nascidos que ainda não estão cadastrados.
Segundo dona Fátima as crianças não residem na casa de apoio, mas uma
vez por mês eles reúnem essas crianças na casa de apoio pra fazer uma roda de
conversa com as mães, assim acompanhando o desenvolvimento e dando suporte
as crianças e suas mães. Nas reuniões geralmente conseguem ter a participação de
45 crianças, porque cinco delas são do interior e nem todas às vezes é possível
estar presente por dependerem do transporte da prefeitura, sendo que nem sempre
o carro está disponível para levá-los ás reuniões.
Assim percebe-se que,

a Casa de Apoio Bom Samaritano é uma entidade que oferece assistência


social e religiosa às pessoas vivendo com HIV/Aids que não têm família ou
que foram rejeitadas pela sociedade, além daquelas que vivem em situação
de pobreza (MÉRICI, 2016).

A Casa de Apoio O Bom Samaritano passou por adaptações durante os anos,


regulamentadas por órgãos. Sua fachada diz muito sobre o local. O acesso a
instituição, que é feito pela Avenida Maranhão, tem uma fachada simples e que
pouco destaca sua entrada principal (Imagem 8), além disso o extenso muro que
limita a área traz barreiras em relação a comunicação da instituição com seu
entorno, eliminando a visão da vizinhança para o interior do local e vice-versa.
Segundo a Coordenadora, o muro foi construído para a prevenção e segurança dos
portadores.
24

Imagem 7: Muro Lateral da Casa de Apoio O Bom Samaritano

Fonte: Maps, 2021.

Imagem 8: Fachada da Casa de Apoio O Bom Samaritano

Fonte: Maps, 2021.

Em questões de acessibilidade, a instituição passa por adaptações que não


são totalmente compatíveis (imagem 8, 9 e 10) com a Norma Brasileira NBR 9050, a
mesma, determina certas especificações que possibilitam melhor adaptação dos
indivíduos ao ambiente em questões de mobilidade, diminuindo assim, os riscos de
acidentes e lesões, promovendo a melhoria da qualidade de vida. Considerando
essas limitações é que esses órgãos estabelecem normas para que áreas de uso
25

comum possam tornar-se acessíveis, fazendo com que todos possam transitar
livremente sem barreiras.

Imagem 9: Banheiro dos Dormitórios

Fonte: Autora, 2021.

Imagem 10: Corredor

Fonte: Autora, 2021.


26

Imagem 11: Área Descoberta

Fonte: Autora, 2021.

A Casa de Apoio é composta por os seguintes ambientes:

• Estacionamento em sua entrada; com acesso pela Avenida Maranhão;


• 1 escritório para parte administrativa;
• Espaço para farmácia que também é utilizado para atendimentos com o médico;
• 1 dormitório feminino;
• 1 sala de oração;
• 1 dormitório masculino;
• 1 sala para a fisioterapia;
• 1 lavanderia;
• 1 espaço para o refeitório,
• 1 dispensa onde é colocado todas as doações que a casa de apoio recebe;
• 1 cozinha;
• 1 espaço para vestiário dos funcionários;
• 4 banheiros: 2 banheiros para os funcionários e 2 banheiros para os moradores
(masculino e femenino);

Como pode ser observado na imagem abaixo:


27

Imagem 12 – Implantação e Setorização atual da Casa de Apoio

Fonte: Autora, 2021.

A partir da implantação no terreno, pode-se analisar o mau aproveitamento do


espaço, percebendo-se a falta de planejamento na divisão dos ambientes,
ocasionando o desconforto nos ambientes como também a falta de acessibilidade.
.

Imagem 13: Dormitórios

Fonte: Autora, 2021.


28

Imagem 14: Áreas Descobertas

Fonte: Autora, 2021.

4 ESTUDOS DE CASO E REFERENCIAIS PROJETUAIS

4.1 REFERENCIAL HOSPITAL SARAH

Ficha Técnica

Arquitetos: João Filgueiras Lima (Lelé)


Localização: Salvador, Brasil
Tipo: Hospitalar
Ano do projeto: 1994

O Hospital Sarah utiliza a natureza e a arte como instrumento na reabilitação


de seus pacientes, a Rede SARAH incentiva os seus pacientes a superarem cada
dificuldade, pois é um lugar aconchegante, que envolve arte na arquitetura, trazendo
uma sensação de bem-estar.
Segundo a Rede Sarah as atividades médicas prestadas, têm como objetivo,
reabilitar com excelência de forma gratuita nas áreas neurológica e ortopédica e
desenvolver programas de formação e qualificação para estudantes e profissionais
de outras instituições e manter programas de educação continuada para
29

profissionais. Também exerce ação educacional na sociedade visando prevenir a


ocorrência das principais doenças atendidas na Rede SARAH, além de desenvolver
pesquisas cientifica.
O projeto do Hospital Sarah, tem um único elemento que dá forma ao projeto.
Um shed metálico curvo, de grandes e diferentes extensões, e repetidos em
dezenas de linhas paralelas.

Imagem 15: Imagem Áera

Fonte: Archdaily (2012)

Imagem 16: Fachada

Fonte: Archdaily (2012)


30

Imagem 17: Planta Baixa

Fonte: Archdaily (2012)

As únicas variações, além do formato padrão, são geradas por um maior vão
da estrutura de aço que o sustenta, repercutindo na maior dimensão do shed; e
outra criada pelo fechamento do shed a partir da continuidade da sua curva, quando
não há a necessidade de ventilação.
A sala de espera do Sarah possui um grande jardim verde. Esse elemento
tem o potencial de tranqüilizar os visitantes.
31

Imagem 18: Sala de Espera

Fonte: Autora, 2019.

Imagem 19: Corte A

Fonte: Archdaily, 2012.

As aberturas dos sheds são acrescentadas a cada certa distância testeiras


verticais, que prolongam a coberta curva, e entre elas existem fileiras paralelas de
brises horizontais. Desse modo, os ambientes internos ficam resguardados dos raios
diretos do sol.
32

Imagem 20: Espaço da Piscina

Fonte: Archdaily, 2012.

Imagem 21: Corredor Interno

Fonte: Autora, 2019.

O fechamento interno da abertura é feito por dois módulos verticais de


esquadrias: o inferior é, em geral, uma veneziana metálica, e o superior, uma
basculante de vidro. Porém, em certos ambientes, ambos módulos são basculantes
de vidro, permitindo a completa interrupção da ventilação, mas sem privar o espaço
de iluminação.
33

Imagem 22: Corredor Interno

Fonte: Archdaily, 2012.

Os ambientes internos estão conectados aos jardins externos assim rodeando


o edifício. Ora se abre exterior em grandes panos de vidro, ora em corredores
externos, ora os jardins adentram e recortam sua volumetria, e ora os leitos se
estendem em pequenas varandas.

Imagem 23: Área Externa

Fonte: Archdaily, 2012.


34

Imagem 24: Piscina Externa

Fonte: Autora, 2019.

Imagem 25: Área externa

Fonte: Archdaily, 2012.


35

Imagem 26: Corredor Externo

Fonte: Archdaily, 2012.

Além de envolvido pela natureza de fato, o hospital está situado numa área de
Mata Atlântica nativa, o edifício é permeado pela arte.

Imagem 27: Divisórias

Fonte: Autora, 2019.


36

Imagem 28: Refeitório

Fonte: Archdaily, 2012.

4.2 REFERENCIAL CENTRO MAGGIE DE LEEDS

Ficha Técnica

Arquitetos: Heatherwick Studio


Localização: HarehillsPaís, Reino Unido
Tipo: Hospitalar
Ano do projeto: 2020
Fotografias: Hufton+Crow

O Centro Maggie de Leeds foi Projetado pelo Heatherwick Studio, o Centro de


Leeds é o primeiro projeto de infraestrutura hospitalar construído pelo estúdio em
seus quase trinta anos de experiência.
37

Imagem 29: Fachada

Fonte: Archdaily, 2020.

A edificação foi projetada a partir de um conjunto de três jardineiras gigantes,


delicadamente encaixadas em um terreno de inclinação suave. Cada um destes
“canteiros,” por sua vez, abriga uma sala técnica, espaços fechados que acomodam
todas as instalações necessárias para o funcionamento e operação do centro de
apoio à pacientes em tratamento de câncer.

Imagem 30: Planta Baixa

Fonte: Archdaily, 2020.


38

Imagem 31: Espaço Interno

Fonte: Archdaily, 2020.

Imagem 32: Espaço Interno

Fonte: Archdaily, 2020.

A estrutura do edifício foi construída a partir de sistemas pré-fabricados


em madeira. Materiais porosos foram utilizados como opção de revestimento,
colaborando com a manutenção da umidade no interior de um edifício naturalmente
ventilado e que dispensa a necessidade de sistemas mecânicos de condicionamento
de ar.
39

Imagem 33: Fachada

Fonte: Archdaily, 2020.

4.3 REFERENCIAL CENTRO MÉDICO PSICOPEDAGÓGICO

Ficha Técnica

Arquitetos: Comas-Pont arquitectos


Localização: Vic, Espanha
Fotografias: Adrià Goula
Tipo: Hospitalar
Ano do projeto: 2015

O projeto está localizado na cidade de Vic na Espanha, a edificação é


rodeada por um parque. Seu programa se desenvolve basicamente em um
pavimento único para facilitar a mobilidade de seus usuários.
40

Imagem 34: Fachada

Fonte: Archdaily, 2020.

Imagem 35: Fachada

Fonte: Archdaily, 2020.

O edifício é composto a partir da repetição de um módulo espacial de 6


metros de largura. Tem um sistema de construção econômico e energicamente
sustentável, em uma escala doméstica com o acolhimento dos espaços internos
somados à relação entre edifício e natureza, convertem o local em um edifício
saudável.
41

Imagem 36: Planta Baixa

Fonte: Archdaily, 2020.

A Edificação apresenta austeridade produzida pela opção de utilizar um único


revestimento para a fachada e coberturas, assim contrasta com a aparição de
estufas nas fachadas sul como um sistema bioclimático passivo e o uso da madeira
como elemento principal nos espaços internos.

Imagem 37: Espaço Interno

Fonte: Archdaily, 2020.


42

Imagem 38: Refeitório

Fonte: Archdaily, 2020.

O edifício conta com um sistema energético econômico, modular e de alta


eficiência que permite adaptar a demanda energética segundo a ocupação interna e
o clima externo.

Imagem 39: Diagrama

Fonte: Archdaily, 2020.

Sobre uma estrutura metálica abobadada propõe-se uma cobertura leve e


ventilada. A secção da cobertura permite ventilar a câmara de ar no verão e fecha-la
43

no inverno conserva o calor e irradia o mesmo ao interior com mecanismos


automatizados.

Imagem 40: Corredor da Fachada Sudeste

Fonte: Archdaily, 2020.

Ainda na fachada sudeste, encontra-se uma varanda linear de 1,5 metros de


profundidade que tem a função de colchão térmico. Esses espaços possuem um
sistema de fechamento baseado em cortinas de PVC que podem ser fechadas no
inverno para acumular calor (introduzido no interior através do sistema de
ventilação) ou abertas no verão deixando a varanda como elemento de proteção
solar. A vegetação nesses espaços é cultivada pelos próprios pacientes como
terapia de reabilitação.

5 DIAGÓSTICO DA ÁREA EM ESTUDO

O levantamento de dados e informações relevantes da área em estudo é um


fator essencial para a proposta, além de fornecer maior compreensão espacial, a fim
de atender o público alvo. Para conhecer as características do terreno e de seu
entorno serão analisados e apresentados a seguir, diversos aspectos. Entre eles
destacam-se: localização, entorno, aspectos legais e climáticos.

5.1 ANÁLISE DA ÁREA E CARACTERIZAÇÃO DO OBJETO DE ESTUDO


44

Sendo inicialmente conhecido como bairro Joaquim Távora e logo depois


como 18 do Forte como é conhecido nos dias atuais, recebeu esse nome seis anos
após o 28° batalhão de caçadores - 28° BC – do exercito Brasileiro ser transferido
para o bairro. Uma homenagem aos 18 oficiais que resistiram na base militar de
Copacabana, mas que foram alvejados durante a Primeira Revolução Tenentista,
em 1992, no Rio de Janeiro. (SERGIPE, 2013 apud IBGE, 2010). O bairro foi se
desenvolvendo através de doações de terrenos de associações beneficentes.

Imagem 41: Bairro 18 do Forte

Fonte: Sergipe, 2021.

O objeto de estudo, Casa de Apoio O Bom Samaritano, localiza-se no estado


de Sergipe, em Aracaju, mais especificamente no bairro 18 do forte, considerado um
dos bairros mais antigos da cidade. Este está distante do centro da cidade cerca de
5km.
No bairro encontram-se, o Hospital Municipal da região Norte da cidade
Doutor Nestor Piva, o Hospital da Policia Militar, o Hospital Santa Isabel, a Praça
Maria Quitéria de Jesus, a Vila Militar do 28BC, o 28 Batalhão de Caçadores e no
mesmo lote encontra-se o Centro de Apoio ao Migrante conhecido nos dias atuais
por Albergue Municipal.
45

O Albergue que é do estilo arquitetônico Neocolonial foi construído em 1953,


por Darcy Vargas, como objetivo de ajudar as famílias dos soldados enviados à
Segunda Guerra Mundial, contando como apoio da Federação das Associações
Comerciais e da Confederação Nacional da Indústria. Diante disso o espaço foi
voltado para ação social e nos dias atuais é utilizado como unidade de acolhimento
para famílias e indivíduos em situação de rua, utilizando de suas instalações como
moradia provisória buscando promover aos acolhidos a oportunidade de retornar à
sua família de origem ou, quando for o caso, encaminhada para família substituta ou
até que tenha condições de se manter por conta própria.

Imagem 42: Fachada

Fonte: Manoela Valença, 2021.


46

Imagem 43: Refeitório e Lavanderia

Fonte: Manoela Valença, 2021.

Imagem 44: Área Externa

Fonte: Manoela Valença, 2021.


47

Imagem 45: Pontos de referência no bairro

Fonte: Google Earth - adaptado pela autora, 2021.

Imagem 46: Planta de Localização e delimitação da Casa de Apoio e entorno

Fonte: Recorte do Mapa de Aracaju, adaptado pela autora, 2021.

O terreno possui em média 681,67 m², tendo seu acesso pela Av. Maranhão,
além das residências em seu entorno, a edificação conta com a presença de um
albergue localizado no mesmo lote. O estudo de seu entorno torna-se primordial
para entender como ocorre seu funcionamento, fluxos e as inúmeras condicionantes
que interferem no local.
48

De acordo com o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano - PDDU (2000)


de Aracaju, a área do bairro 18 do forte é classificada como Zona de Adensamento
Básico 1 (ZAB 1). No Título V, referente a estruturação urbana, o Art. 134 apresenta
diretrizes para esta zona de adensamento básico, sendo elas:

I- adensar, de forma controlada, o uso e a ocupação do solo, a fim de


aproveitar o potencial de urbanização existente, diminuindo a necessidade de novos
investimentos públicos em infraestrutura;
II- ordenar e estimular a implantação de atividades de comércio e serviços,
apoiando o desenvolvimento de subcentros;
III- assegurar espaços suficientes para estacionamento de veículos;
IV- promover e monitorar a implantação de equipamentos e espaços públicos,
compatibilizando-os com a intensidade do adensamento proposto;
V- articular a implantação de infraestrutura, junto a outras esferas de governo
e iniciativa privada, priorizando obras de esgotos sanitários e complementação do
sistema viário básico

Imagem 47: Critérios de Ocupação do solo

Fonte: PDDU, Anexo III, 2000.

Em relação ao coeficiente máximo de aproveitamento, a estrutura deverá


atender os critérios estabelecidos no Anexo IV do PDDU quanto a infraestrutura
básica necessária para cada coeficiente.
49

Imagem 48: Coeficiente máximo de aproveitamento

Fonte: PDDU, Anexo IV, 2000.

Segundo a Lei 042/200, no Art.170 do PDDU, referente a ocupação do solo,


se a taxa de ocupação não ultrapassar a 30% da área do lote, o proprietário terá
uma redução de 50%, sobre o valor de alvará de construção. A estrutura presente
no terreno, destinada ao Lar para idosos Nossa Senhora da Conceição, já possui
uma área construída em média de 2.700,00m², utilizando de 23% do terreno, sendo
beneficiada de acordo com o Art. 170.
Com relação às ações bioclimáticas, por ser uma ampla área e não ter
edificações de muitos pavimentos em seu entorno, a área recebe incidência dos
ventos e posicionamento do sol por todas as suas faces, interferindo individualmente
nos ambientes internos. Na imagem a seguir é possível observar essas incidências
no terreno:

Imagem 49: Mapa ilustrativo da predominância dos ventos e posicionamento do sol

Fonte: Mapa de Aracaju, adaptado pela autora, 2021.


50

Este estudo possibilita a percepção sobre as condições climáticas existentes


e de que forma interferem na implantação existente e nas posteriores modificações e
acréscimos feitos no anteprojeto de intervenção, para obtenção de conforto nos
ambientes e consequentemente melhor qualidade de vida dos moradores da casa
de apoio.

5.2 SISTEMA VIÁRIO

O fluxo proveniente do bairro se aglomera na Avenida Maranhão, dando


acesso a outros bairros. A Avenida é bastante movimentada, cortando vários bairros
e fazendo conexão entre o centro e algumas localidades da cidade. Ela apresenta a
função de via principal, apresenta um fluxo de pedestres intenso, porém, as faixas
para travessia são poucas.
O acesso a casa de apoio se dá pela própria Avenida Maranhão que se
caracteriza como uma via coletora. Esta distribui o fluxo para as vias locais.
No mapa abaixo é possível verificar a classificação das vias:

Imagem 50: Mapa de classificação das vias

Fonte: Mapa de Aracaju, adaptado pela da autora, 2021.

Nas proximidades da casa de apoio há várias linhas de ônibus com horários


diversos durante todo o dia e semana, atendendo a demanda do bairro. As maiorias
das linhas percorrem a Avenida Maranhão, oferecendo acesso a edificação.
51

5.3 USO DO SOLO E INFRAESTRUTURA

O bairro é configurado em sua grande parte por residências, pontos


comerciais e serviços. Ao redor do terreno nota-se a predominância do uso
residencial. Distribuída ao longo da Avenida Maranhão percebe-se uma linha de
comércios e serviços, pelo fato deste ser um trecho de conexão movimentado, na
região encontra-se também edifícios de uso institucional.
Para o estudo de intervenção que será apresentado neste trabalho, foi de
extrema importância conhecer e analisar o entorno da área trabalhada, de modo a
entender sua configuração e como a população faz a apropriação do local e de que
modo esse desenho urbano interfere nas relações físico-sociais. Na imagem a
seguir é possível observar a disposição dos lotes próximo ao terreno e seus usos:

Imagem 51: Planta de Uso e Ocupação do solo

Fonte: Mapa de Aracaju, adaptado pela autora, 2021

6 ANTEPROJETO DE REQUALIFICAÇÃO PARA A CASA DE APOIO O BOM


SAMARITANO EM ARACAJU-SE

A vida é marcada por diversos acontecimentos, sendo que alguns não são
esperados, como a descoberta de uma doença como a HIV e a AIDS, por ser uma
52

doença que muda totalmente a vida da pessoa, afetando a saúde mental e física.
Ainda que a Arquitetura não possa solucionar todas as dificuldades enfrentadas
pelos portadores, como o abandono, pequenos detalhes construtivos podem se
tornar grandes soluções para aspectos não só físicos como também sociais, a partir
da criação de espaços mais confortáveis e acolhedores, de modo que esses
moradores possam realmente sentir-se em um “Lar”.
Após diagnóstico feito na área em estudo, o anteprojeto de requalificação na
casa de apoio O Bom Samaritano, tem como finalidade oferecer melhores condições
que viabilizem o conforto e o bem-estar dos moradores com melhorias estruturais. A
proposta trará ambientes mais acessíveis para a realização das atividades, com
mais conforto através da melhoria na iluminação e ventilação natural.

6.1 PROGRAMA DE NECESSIDADES E DIRETRIZES PROJETUAIS

Com o intuito de ser um “Lar” aos portadores de HIV e AIDS, a edificação


inclui em seu programa ambientes com seus devidos suportes. O anteprojeto levou
três pontos em consideração: a relação do sujeito com o espaço, o entorno e a
forma pertinente. A relação do sujeito com o espaço construído determina seus usos
e a apropriação do mesmo por seus usuários. É possível observar abaixo o
programa de necessidades.

Quadro 1 – Programa de necessidades

Ambientes Atividades / Necessidades

Escritório Sala destinada a todas as atividades


administrativas e financeiras.

Sala do Médico Espaço para atendimento e armazenamento de


medicamentos.

Dormitórios Ambientes com capacidade para 9 moradores

WC Dormitórios Banheiros com Acessibilidade.


53

Lavabos Destinados aos funcionários

Lavanderia Ambiente para higienização de vestimentas e


demais objetos.

Oratório Ambiente destinado à oração.

Sala de Fisioterapia Armazenar os equipamentos da fisioterapia.

Despensa Espaço para armazenamento em âmbito geral.

Cozinha Preparo de refeições com equipamentos e


mobiliários adequados a essa função.

Refeitório Ambiente para realização de refeições, com


mobiliário adequado.

Vestiários Funcionários Ambiente para armazenamento de objetos, com


armário adequado.

Área verde/descoberta Parquinho infantil; Horta; Estacionamento.

A importância da biofilia como auxilio para tratamentos, é uma das diretrizes


do projeto, as quais abrangem:

• Criar ambientes que possibilitem o contato com a natureza;


• Proporcionar relação entre espaços internos e externos, por meio de
aberturas que permitam a permeabilidade visual;
• Oferecer acessibilidade em toda edificação;
• Espaço para confraternização com o público externo;
• Proporcionar ambientes com maior aproveitamento de iluminação e
ventilação naturais, contribuindo com a qualidade dos ambientes;
• Utilização de materiais naturais

6.2 FLUXOGRAMA E SETORIZAÇÃO


54

Para facilitar a disposição dos ambientes na edificação, foi feito um


fluxograma para melhor entendimento do espaço mostrado no programa de
necessidades, situando-os de acordo com as suas funções e fluxos como mostra na
imagem a seguir:

Imagem 52: Fluxograma

Lavabo WC 1

Farmácia
Escritório Dormitório 1 WC 2

Vestiário Dormitório 2
Área Verde
Sala de Oração
Lavabo Refeitório

Lavanderia

Despensa Cozinha

Fonte: Autora, 2021.

Por ser uma edificação existente, o estudo referente à setorização de local foi
de extrema importância para entender seu funcionamento e propor possíveis
reajustes para sua melhoria. Na imagem abaixo pode-se comparar o estudo com a
nova setorização do local e a atual:
55

Imagem 53: Comparação: nova setorização e pré-existente

Fonte: Autora, 2021.

Em análise a proposta existente pode-se observar que a disposição dos


ambienteis atuais é feita sem a existência de um estudo prévio referente a sua
setorização, delimitando suas áreas.
Após entender o funcionamento da instituição, foi proposta uma nova
setorização (imagem 50), ampliando os ambientes e trazendo a relação entre o
interno e externo, à área privada e social, favorecendo a melhoria dos fluxos e
conforto dos seus moradores.

6.3 PROPOSTA

Conforme foi apresentado anteriormente, a nova estrutura da casa de apoio


atenderá a demanda de aproximadamente 18 moradores. De acordo com as
necessidades identificadas, será apresentado a seguir a nova setorização e usos de
cada ambiente, e no decorrer da seção será apresentado o anteprojeto.
56

Imagem 54: Nova Proposta

Fonte: Autora, 2021.

O acesso a casa de apoio e sua fachada são o primeiro contato dos


indivíduos que estão no exterior da edificação. Sendo assim entende-se que sua
estrutura deve chamar a atenção daqueles que transitam em sua proximidade.
Pensando nisso, foram propostas soluções para tornar a área mais convidativa e
que pudesse ser usada para o lazer, começando por sua setorização. (Imagem 51).
O acesso principal à edificação foi dividido de modo a separar o espaço para
estacionamento e o espaço para lazer. Além do acesso principal, foi criado um
acesso secundário de serviço, sendo esse acesso localizado na rua lateral, para que
seja feita não só a entrada de funcionários como também trazer maior facilidade no
abastecimento da casa de apoio.
57

Imagem 55: Perspectiva acesso principal

Fonte: Autora, 2021.

Toda a fachada principal e a lateral sofreram modificações, o extenso muro foi


trocado por grade em toda sua delimitação, permitindo a visão não só de quem
passa pela rua e observa o local, como também tornando o ambiente mais leve para
seus moradores, proporcionando o contato, por meio da visão, com o meio externo.

Imagem 56: Nova Proposta da Entrada Lateral

Fonte: Autora, 2021.


58

Imagem 57: Corredor Lateral

Fonte: Autora, 2021.

Para atender ao programa de necessidades, foi preciso realocar a sala do


medico, banheiro e o vestiário dos funcionários, e ampliar os ambientes (imagens
55). Durante o processo projetual da requalificação foi proposto o aumento do muro
lateral e a retirada da porta e janelas que dava acesso ao albergue que fica no
mesmo lote, para preservar a privacidade e segurança da casa de apoio (imagem
56).

Imagem 58: Planta Demolir/Construir

Fonte: Autora, 2021


59

Imagem 59: Nova Proposta, identificando aumento do muro lateral no lote

Fonte: Autora, 2021

O estacionamento permanece localizado no mesmo ambiente, porém


com a nova proposta apresentada, em uma divisão do espaço, será utilizado parte
dele como ambiente de lazer destinado as crianças e moradores proporcionando um
espaço de diversão e convivência.
60

Imagem 60: Estacionamento e Espaço de Lazer

Fonte: Autora, 2021.

Imagem 61: Espaço de Lazer

Fonte: Autora, 2021.


61

No espaço a seguir, encontra-se o escritório e a sala do médico que


diante do remanejamento sofreram algumas alterações, como por exemplo a
redução da área do banheiro tornando estrutura de lavabo, além da ampliação do
espaço destinado ao médico que ganhou mais espaço, proporcionando mais
conforto e atendendo melhor suas necessidades, destacando o seu novo acesso a
sala através do escritório e não mais uma entrada independente.

Imagem 62: Escritório e Porta de Acesso a Sala do Médico

Fonte: Autora, 2021.

Os dormitórios foram ampliados para atender o programa de


necessidades, com a capacidade de 9 macas servindo também como camas,
produzindo uma mudança no layout do ambiente, com o objetivo de promover uma
melhor circulação e conforto, além da expansão e realocação dos banheiros, se
adequando aos protocolos de acessibilidade que produziu comodidade para os
moradores. Para ajudar na proposta de ampliação dos espaços, foi retirada a sala
de oração, sendo substituído por um oratório, localizado na área da varanda.
62

Imagem 63: Dormitório

Fonte: Autora, 2021.

Vale salientar a redução da sala destinada a fisioterapia que serve


para armazenamento dos equipamentos e local dos profissionais da área. A
expansão dos ambientes de refeitório e cozinha, assim como a realocação e
extensão da despensa aumentará a capacidade de depósito da casa de
acolhimento.

Imagem 64: Sala de Fisioterapia

Fonte: Autora, 2021.


63

Com a ampliação da capacidade de ocupação dos dormitórios, se fez


necessária a expansão da área do refeitório, para melhorar a acomodação dos
moradores, mantendo uma relação entre ambiente interno e externo. A cozinha
também foi ampliada para atender melhor às necessidades. E a realocação do
ambiente de vestiário e banheiro que foi reestruturado como lavabo, além disso,
houve o reposicionamento da lavanderia liberando mais espaço para as demais
áreas.

Imagem 65: Refeitório

Fonte: Autora, 2021.


64

Imagem 66: Comparação da Atual e Nova Proposta

Fonte: Autora, 2021.

Na proposta de requalificação foi pensada a aplicação da biofilia, em


destaque no ambiente externo trazendo uma harmonização com meio ambiente,
com isso produzir um espaço mais terapêutico e humanizado.
Buscando uma melhor interação dos moradores com a natureza, foi
idealizada uma área destinada à horta, que será cuidada pelos próprios portadores,
estimulando um ambiente que auxilia efetivamente no tratamento.
65

Imagem 67: Paisagismo

Fonte: Autora, 2021.

Aplicando algumas diretrizes da biofilia, foram utilizados materiais como


pedras, madeiras e tons neutros, além da utilização das vegetações, como grama,
árvore e arbustos e com isso produzindo um ambiente totalmente harmonioso entre
os moradores e o paisagismo.
66

Imagem 68: Perspectiva da Horta

Fonte: Autora, 2021.

Imagem 69: Perspectiva Espaço de Lazer

Fonte: Autora, 2021.


67

Imagem 70: Maquete 3D

Fonte: Autora, 2021.


68

7 CONCLUSÃO

A elaboração deste Trabalho de Conclusão de Curso aborda a importância


das casas de apoio, e enfatiza a relevância da Arquitetura como elemento de
melhoria na qualidade de vida dos seus usuários.
A partir dos estudos, percebe-se que a Casa de Apoio O Bom Samaritano
além dos seus moradores, recebe crianças e mães que vivem com o virus do HIV,
sendo de extrema importância a casa de apoio, para atender pessoas de todo o
estado de Sergipe que necessitam de um suporte e apoio não somente físico, mas
também psicológico, sendo estes estudados e aplicados na elaboração da proposta
do anteprojeto da edificação aqui apresentado.
Com a análise de referenciais e estudos de caso foi possível observar
soluções arquitetônicas e construtivas de edificações com uso semelhante ao tema
abordado. A análise da área e do terreno foram fundamentais para o entendimento
do local e seu entorno. Todos esses fatores auxiliaram no lançamento da proposta e
embasam a elaboração do trabalho.
O anteprojeto de requalificação modifica a imagem negativa passada por este
tipo de instituição, proporcionando espaços mais confortáveis e convidativos não só
para os moradores como também para seu entorno e visitantes, com ambientes
mais acessíveis, independente do grau de dependência e liberdade em sua
locomoção. Foram criadas áreas onde possam ocupar o tempo de maneira
prazerosa, de modo a esquecerem os prováveis motivos ruins pelo qual chegaram
ali, e poderem viver com qualidade, tendo na casa de apoio seu novo lar.
69

REFERÊNCIAS

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