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" o samba é o pai do prazer, o samba é filho da dor" - Desde que o samba é samba ( Caetano Veloso e
Gilberto Gil)
"O morro foi feito de samba, samba pra gente sambar" Não deixa o samba morrer ( Alcione)
O samba surge no contexto periférico do Rio de Janeiro e logo recebe uma grande adesão
popular, em especial das pessoas negras. Logo, como dito anteriormente o samba começa a ser
visado pelas autoridades da época. Dá-se início então um processo de resistência e luta que ao
defender esse estilo musical, defendia de forma mais ampla a cultura e a vida das pessoas
negras( DE ARAÚJO TEIXEIRA, 2018).
Nesse sentido podemos observar que várias músicas do período já tratam de temáticas como
resistência e a identidade desse grupo, músicos como Noel Rosa em sua música “Não tem
tradução” enaltece a cultura do samba colocando até acima das culturas ditas civilizadas, as
culturas europeias(DE ARAÚJO TEIXEIRA, 2018 , pág 312).
Outros músicos reforçam e celebram a figura do malandro como uma forma de afirmação
social. Nesse processo eles celebram também os locais de origem dos músicos e do samba, os
morros do Rio (DE ARAÚJO TEIXEIRA, 2018 , pág 312).
Como exemplo dessa exaltação da figura do malandro temos a música “Lenço no pescoço” de
Wilson Batista (DE ARAÚJO TEIXEIRA, 2018, pág 313). Há dessa forma um processo de
apropriação e de ressignificação por parte da periferia daquela política de etiquetamento. É
feito uma positivação desses termos, fazendo com que se tornem motivo de orgulho e
identificação.
Um outro elemento interessante do samba da época, e até do atual,diz respeito ao uso de gírias
e expressões. Essa prática além de ir ao encontro da linguagem e vivência dessa população,
também é uma forma de excluir do samba as grandes elites que sempre os excluíram da
sociedade, dado que essas elites não tinham familiaridade com as expressões do cotidiano das
periferias(DE ARAÚJO TEIXEIRA, 2018 , pág 316).
Esse uso das expressões também era muito interessante para se passar mensagens que somente
as pessoas daquele contexto conseguiriam entender, ou seja, era possível se comunicar, criticar
de forma que as elites não compreendessem totalmente( DE ARAÚJO TEIXEIRA, 2018, pág
316).
Para retomar a letra do início dessa seção “ o samba é o pai do prazer, o samba é filho da dor”,
ela resume bem o que vem sendo discutido nesse artigo dado a dualidade dessa história, uma
história de luta de resistência, mas também uma história do prazer, da diversão que esse povo
necessitava.
“A música é uma denúncia das condições em que vivem as pessoas dos morros e as situações
que elas enfrentam diariamente”(DE ARAÚJO TEIXEIRA, 2018 , pág 316), ou seja, o samba
é resistência.
Referências
FERREIRA, Marieta de Moraes; PINTO, Surama Conde Sá. Estado e oligarquias na Primeira
República: um balanço das principais tendências historiográficas. Tempo [online]. 2017, v. 23,
n. 3, pp. 422-442.
SERAFIM, Jhonata Goulart; DE AZEREDO, Jeferson Luiz. A (des) criminalização da cultura
negra nos Códigos de 1890 e 1940. Revista Amicus Curiae, v. 6, p. 1-17, 2009.
SILVA, Karla Leal Luz de Souza. A atuação da justiça e dos políticos contra a prática da
vadiagem: as colônias correcionais agrícolas em Minas Gerais (1890-1940). 2006.