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Campus Universitário de Viana

UNIVERSIDADE JEAN PIAGET DE ANGOLA


(Criada pelo decreto Nº 44/01 de Julho de 2001)

BIÓPSIA: IMPORTÂNCIA, INDICAÇÃO E CONTRAINDICAÇÃO

Docente
___________________________
Dr. Matecadi José

Viana, Novembro de 2023

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Campus Universitário de Viana
UNIVERSIDADE JEAN PIAGET DE ANGOLA
(Criada pelo decreto Nº 44/01 de Julho de 2001)

BIÓPSIA: IMPORTÂNCIA, INDICAÇÕES E CONTRAINDICAÇÕES

Integrantes Do Grupo
1. Adriana Filipe Agostinho;
2. Arcelinda Muandala Carvalho;
3. Ayrton Carlos Dias Bragança;
4. Cleidi Lukeny Avelino das Neves;
5. Dalva Karina Miguel Mateus;
6. Geraldine Margarida Daniel de Castro;
7. Idaleth Estefânia Miguel do Nascimento;
8. Nikita Leodmila Fernandes Valente;
9. Quinaia Bento;
10. Weza Almeida.

Docente
___________________________
Dr. Matecadi José

Viana, Novembro de 2023

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RESUMO

A biópsia é um exame de grande importância para estudo histológico, através da


remoção de um fragmento de tecido vivo, com a finalidade de diagnóstico, de tecidos
alterados pela mais variada gama de lesões, feitas no ato cirúrgico. Além do mais, a
biopsia é o procedimento mais preciso e exato de diagnóstico de lesões teciduais e deve
ser realizada sempre que um diagnóstico definitivo não puder ser obtido com
procedimentos menos invasivos. Pois é também um método complementar,
extremamente importante, onde juntamente com a avaliação clínica e anamnese, auxilia
no correto diagnóstico de patologias bucais. A biópsia deve ser realizada sempre que
houver suspeita de malignidade, persistência ou recorrência de lesões, ou quando o
tratamento conservador não for eficaz. A biópsia deve ser evitada em casos de lesões
infeciosas, hemorrágicas ou com risco de disseminação. A escolha do tipo e da técnica de
biópsia depende de vários fatores, como o tamanho, a localização, a forma e a consistência
da lesão. O cirurgião-dentista deve estar familiarizado com os princípios e as indicações
da biópsia, bem como com os cuidados pré e pós-operatórios, para garantir a segurança e
o conforto do paciente, além da qualidade da amostra obtida.

Palavras-chaves: Biopsia, procedimento, cirúrgico, diagnóstico

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ABSTRACT

Biopsy is an examination of great importance for histological study, through the


removal of a fragment of living tissue, for the purpose of diagnosis, of tissues altered by
the most varied range of injuries, made during surgery. Furthermore, biopsy is the most
precise and accurate procedure for diagnosing tissue injuries and should be performed
whenever a definitive diagnosis cannot be obtained with less invasive procedures. It is
also an extremely important complementary method, which, together with clinical
evaluation and anamnesis, helps in the correct diagnosis of oral pathologies. Biopsy
should be performed whenever there is suspicion of malignancy, persistence or recurrence
of lesions, or when conservative treatment is not effective. Biopsy should be avoided in
cases of infectious, hemorrhagic lesions or those with a risk of dissemination. The choice
of biopsy type and technique depends on several factors, such as the size, location, shape
and consistency of the lesion. The dentist must be familiar with the principles and
indications of biopsy, as well as pre- and post-operative care, to ensure patient safety and
comfort, in addition to the quality of the sample obtained.

Key-words: Biopsy, procedure, surgical, diagnosis

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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 6
2. OBJECTIVOS ....................................................................................................... 7
2.1. OBJECTIVO GERAL..................................................................................... 7
2.2. OBJECTIVOS ESPECÍFICOS ....................................................................... 7
3. BIOPSIA: IMPORTÂNCIA, INDICAÇÕES E CONTRAINDICAÇÕES .............. 8
3.1. CONCEITO .................................................................................................... 8
3.2. HISTÓRIA CLÍNICA DO PACIENTE E DA LESÃO .................................... 9
3.3. EXAME CLÍNICO ....................................................................................... 10
3.4. BIOPSIA OU ENCAMINHAMENTO .......................................................... 10
3.5. CONSENTIMENTO INFORMADO E RISCO COMPARTILHADO ........... 11
3.6. TIPOS DE BIÓPSIA..................................................................................... 11
3.6.1. TÉCNICAS USADAS................................................................................ 14
3.7. TÉCNICA ANESTESICA............................................................................. 15
3.8. INSTRUMENTOS USADOS PARA UMA BIOPSIA ................................... 15
3.9. CARACTERÍSTICAS DE LESÕES QUE GERAM SUSPEITA DE LESÃO
MALIGNA:............................................................................................................. 16
3.10. FIXAÇÃO E ENCAMINHAMENTO AO LABORATÓRIO ..................... 16
3.11. IMPORTÂNCIA DA BIOPSIA ................................................................. 17
3.12. INDICAÇÕES PARA BIOPSIA ................................................................ 17
3.13. CONTRAINDICAÇÕES PARA BIOPSIA ................................................ 18
3.14. ACOMPANHAMENTO PÓS-BIOPSIA ................................................... 19
4. CONCLUSÃO ..................................................................................................... 20
5. REFERÊNCIAS BIBLIOPGRÁFICAS ............................................................... 21

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1. INTRODUÇÃO
O cirurgião-dentista tem uma função determinante no diagnóstico de alterações
patológicas que envolvem a boca. Nessa prática, a realização de um excelente exame
clínico é primordial, sendo que muitas vezes necessitará de alguns exames
complementares para auxiliar seu raciocínio diagnóstico, tais como os exames
radiológicos, hematológicos e o histopatológico, que por sua vez exige a realização de
biópsia.

Biópsia é um procedimento, na maior parte, cirúrgico no qual se colhe células


ou pequenos fragmentos de tecido orgânico para, posteriormente, serem submetidos a um
exame histopatológico em laboratório, visando determinar a natureza e o grau da lesão
estudada. (CASARIL, STOFELL, ET AL., 2018)

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2. OBJECTIVOS
2.1. OBJECTIVO GERAL
• Realizar uma revisão bibliográfica sobre as generalidades da biópsia, abordando
princípios básicos, técnicas comuns e os diferentes tipos de biópsia, afim de
fornecer uma visão abrangente sobre essa importante ferramenta diagnóstica.

2.2. OBJECTIVOS ESPECÍFICOS


• Conceituar o termo biopsia
• Investigar sobre a importância, indicações e contraindicações da biopsia em
odontologia
• Classificar os tipos de biopsia e suas técnicas.

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3. BIOPSIA: IMPORTÂNCIA, INDICAÇÕES E
CONTRAINDICAÇÕES
O médico dentista tem uma grande responsabilidade de ser capaz de
identificar, reconhecer e diagnosticar as lesões, relatar a sua presença ao paciente e a
condução de tratamento ou encaminhamento para o profissional habilitado.

3.1. CONCEITO
Conceitualmente, a biópsia representa a remoção de um fragmento de tecido
vivo para estudo histológico. Fica evidente que o principal objetivo de tal ato cirúrgico é
o exame, com a finalidade de diagnóstico, de tecidos alterados pela mais variada gama de
lesões. (TOMMASI, 2013)

O termo biopsia indica a remoção do tecido de um ser vivo para exame


microscópico de diagnóstico. A biopsia é o procedimento mais preciso e exato de
diagnóstico de lesões teciduais e deve ser realizada sempre que um diagnóstico definitivo
não puder ser obtido com procedimentos menos invasivos. (HUPP, ELLIS, TUCKER,
2014)

Etimologicamente, a palavra “biópsia” tem origem no grego antigo, a partir


dos termos “bios” (vida) e “opsis” (visão). Em 1879, o termo foi introduzido na
comunidade médica e científica por Ernest Besnier, termo esse que permaneceu na
atualidade (ANTELO, 2020)

O objetivo primário da biopsia é determinar o diagnóstico com precisão para


que o tratamento adequado possa ser fornecido, visto que muitas lesões diferentes
apresentam aparências clínica ou radiográfica semelhantes. (HUPP, ELLIS, TUCKER,
2014)

O termo biopsia leva muitos pacientes à percepção de que o cirurgião-dentista


suspeita de malignidade; assim, discussões que incluam essa palavra precisam ser
cuidadosamente formuladas para não causarem alarme ou ansiedade desnecessária no
paciente. (IDEM)

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3.2. HISTÓRIA CLÍNICA DO PACIENTE E DA LESÃO
É muito importante saber sobre a história clínica do paciente e o seu estado de
saúde geral, para um melhor diagnóstico e consequentemente, um melhor tratamento.
Uma vez que muitas doenças sistémicas podem se manifestar na cavidade bucal.

Por exemplo, certas condições (agranulocitose, leucemia ou doença de Crohn)


podem frequentemente manifestar-se na forma de lesões orais. Ulcerações superficiais
em um fumante crônico devem alertar o cirurgião-dentista para a possibilidade de
cânceres orais ou faríngeos. Várias doenças sistêmicas podem se manifestar na forma de
lesões orais, por isso o cirurgião-dentista deve sempre estar atento a essas relações.
(HUPP, ELLIS, TUCKER, 2014)

O questionamento a um paciente que tem uma condição patológica deve


incluir o seguinte:

1. Há quanto tempo a lesão está presente? A duração da lesão pode


proporcionar uma informação valiosa acerca de sua natureza. Por exemplo, uma lesão
que está presente há muitos anos pode ser congênita e provavelmente benigna,
enquanto uma lesão de desenvolvimento rápido é considerada mais preocupante.
2. A lesão mudou de tamanho? Uma lesão agressiva em crescimento amplo
apresenta grande probabilidade de ser maligna, enquanto uma lesão de crescimento
lento sugere uma lesão provavelmente benigna.
3. A lesão mudou em alguma característica ou aspecto? Por exemplo, uma
úlcera que começa como uma vesícula pode sugerir uma doença vesiculobolhosa
localizada ou sistêmica, assim como uma doença viral.
4. Quais os sintomas associados à lesão? Se dolorosa, a dor é aguda ou
crônica, constante ou intermitente? O que aumenta ou diminui a dor? As lesões com
um componente inflamatório geralmente estão mais associadas à dor.
5. Quais as estruturas anatômicas envolvidas? Algumas lesões
apresentam predileção por certas áreas ou tecidos anatômicos.
6. Existe algum sintoma sistêmico associado (p. ex., febre, náusea ou
mal-estar)? O cirurgião-dentista deve procurar possíveis relações ou manifestações
de doenças ou condições sistêmicas relacionadas. Por exemplo, muitas condições
virais sistêmicas (p. ex., sarampo, caxumba, mononucleose, herpes e síndrome da

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imunodeficiência adquirida) podem apresentar manifestações orais concomitantes ao
envolvimento sistêmico.
7. Existe algum evento histórico associado ao início das lesões (p. ex.,
trauma, tratamento recente, exposição a toxinas ou alérgenos ou visitas a países
estrangeiros)? Um dos passos iniciais que o cirurgião-dentista deve seguir quando
uma lesão é detectada consiste na busca de uma possível explicação baseada no
histórico médico, odontológico, familiar ou social do paciente. (HUPP, ELLIS,
TUCKER, 2014)

3.3. EXAME CLÍNICO


Quando uma lesão é descoberta, exames clínico e radiográfico cuidadosos e a
palpação dos linfonodos regionais são mandatórios. Um exame é classicamente descrito
como um processo que inclui a inspeção, a palpação, a percussão e a auscultação.

Na região de cabeça e no pescoço, a inspeção e a palpação são mais


comumente utilizadas como modalidades de diagnóstico, com a inspeção sempre
precedendo a palpação. A inspeção inicial facilita a descrição da lesão antes de sua
manipulação, visto que algumas lesões são tão frágeis que qualquer tipo de manipulação
pode resultar em hemorragia ou ruptura de uma lesão preenchida por fluido, ou até mesmo
perda de tecidos superficiais fracamente aderidos, o que poderia comprometer qualquer
exame subsequente. A percussão é restrita ao exame da dentição. A auscultação é
raramente usada, porém é importante quando se examinam lesões com suspeita de origem
vascular. (HUPP, ELLIS, TUCKER, 2014)

3.4. BIOPSIA OU ENCAMINHAMENTO


Alguns cirurgiões-dentistas podem se sentir à vontade para fazer muitos
procedimentos de biopsia em seus pacientes, enquanto outros podem preferir encaminhar
seus pacientes para outros especialistas. Essa é uma escolha pessoal e deve levar em
consideração várias questões:

1. Saúde do paciente: Muitos pacientes apresentam história de


doenças sistêmicas, uso de vários medicamentos ou comprometimentos físicos,
representam um aumento do risco cirúrgico ou dos danos em potencial. A presença
de tais condições, no entanto, não deve atrasar significativamente a realização da
biopsia ou o encaminhamento na maioria dos casos. Os pacientes podem ser
encaminhados a especialistas que são treinados para lidar com pacientes que têm

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necessidades médicas especiais, para que o procedimento seja realizado da forma
mais segura possível.
2. Dificuldade cirúrgica. Se algum dos princípios cirúrgicos básicos
(como o acesso, a iluminação, a anestesia, a estabilização do tecido e a
instrumentação) representarem um problema caso o cirurgião-dentista for tratar o
paciente, o encaminhamento deve então ser considerado. Cada cirurgião-dentista
deve usar seu bom senso para decidir se a biopsia está dentro de suas habilidades
cirúrgicas ou se o paciente seria mais bem tratado por um especialista com um
treinamento mais específico.
3. Potencial maligno. O cirurgião-dentista que suspeita que uma
lesão seja maligna tem duas opções: (1) realizar uma biopsia cirúrgica após a
conclusão da investigação diagnóstica completa ou (2) encaminhar o paciente
antes da realização da biopsia para um especialista capaz de fornecer tratamento
definitivo se a lesão for comprovadamente maligna. A última opção geralmente
representa um melhor atendimento ao paciente se o encaminhamento puder ser
executado de forma rápida e adequado. (HUPP, ELLIS, TUCKER, 2014)

3.5. CONSENTIMENTO INFORMADO E RISCO


COMPARTILHADO
O cirurgião-dentista deve ser cauteloso e sempre assegurar que o paciente
esteja totalmente informado sobre os riscos, as razões e as alternativas antes de decidir
que a lesão não deve ser removida. O paciente deve entender que ele ou ela está
compartilhando a responsabilidade por essa decisão, e as discussões sobre as quais a
decisão foi baseada devem ser bem documentadas no prontuário do paciente. Se o
cirurgião-dentista aconselhar a remoção da lesão e o paciente se recusar, tanto a discussão
quanto a decisão devem também ser cuidadosamente documentadas, refletindo a
compreensão pelo paciente das possíveis consequências negativas de sua decisão. (HUPP,
ELLIS, TUCKER, 2014)

3.6. TIPOS DE BIÓPSIA


A técnica cirúrgica, os instrumentais necessários e a complexidade cirúrgica
para remoção do fragmento de tecido durante a biópsia podem ser amplamente variáveis.

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No tipo incisional remove-se cirurgicamente apenas uma parte da lesão, ou
seja, um fragmento menor (no mínimo 5 mm em diâmetro e profundidade) sem remover
a lesão completamente. (SILVA, CARVALHO, PINTO, 2018).

Normalmente, este tipo de biópsia é utilizado em lesões com leucoplasias,


eritroplasias e outras como líquen-plano oral. Deve ser considerado o seu uso em lesões
em que se suspeita de malignidade. (ANTELO, 2020)

Se a lesão é grande ou demonstra características diferentes em diferentes


lugares, então se devem recolher amostras de mais do que uma área dela. A amostragem
incisional é utilizada se a lesão é grande (> 1 cm de diâmetro), se está localizada em zona
de risco ou perigosa, ou quando um diagnóstico histopatológico definitivo (p. ex., para
suspeita de lesão maligna) é necessário antes de planejar uma remoção complexa ou outro
tratamento. (HUPP, ELLIS, TUCKER, 2014)

A biopsia é geralmente excisada como uma cunha de tecido, de modo a incluir


tecido de aparência tanto normal quanto anormal na amostra. As áreas centrais de uma
grande lesão são frequentemente necróticas e, portanto, de pouco valor diagnóstico para
o patologista, enquanto o crescimento ativo está ocorrendo no perímetro e a inclusão da
interface da lesão com o tecido de aparência normal pode demonstrar muitas alterações
celulares significativas. (IDEM)

Cuidados devem ser tomados para que seja incluída uma profundidade
adequada do tecido, de modo que as características celulares da base da lesão estejam
representadas na amostra. Geralmente, é melhor remover um espécime tecidual estreito e
profundo do que um espécime amplo e raso. Cuidados devem ser tomados para não
comprometer as estruturas anatômicas adjacentes importantes, como os nervos e os vasos
sanguíneos principais, a menos que estes pareçam ter relação com a origem ou a
patogênese da lesão. (IDEM)

Biópsia pelo método punch: este método é utilizado quer como uma técnica
de biópsia incisional, quer como para a excisão de lesões de tamanho pequeno. As zonas
de eleição para o uso desta técnica são, normalmente, as porções laterais da língua e da
mucosa bucal, uma vez que, para que a biópsia seja bem sucedida, o dispositivo punch
tem que estar orientado perpendicularmente ao tecido lesionado. (ANTELO, 2020)

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No tipo excisional remove-se a alteração patológica como um todo para envio
à análise anatomopatológica. A biópsia excisional é indicada para lesões pequenas, com
diâmetro menor do que 1 cm. Outros exemplos em que a biópsia excisional é utilizada
são em lesões bem delimitadas e/ou lesões em que se observa uma inserção pediculada,
como em casos de fibromas traumáticos, papilomas, hiperplasias relacionadas a prótese,
granulomas piogênicos. A maioria das biópsias realizada pelos cirurgiões dentistas
clínicos gerais é do tipo excisional. (SILVA, CARVALHO, PINTO, 2018).

A amplitude do perímetro do tecido normal pode variar dependendo da


hipótese de diagnóstico. Podem-se acrescentar mais 2 a 3 mm de margem tecidual normal
para espécimes suspeitos de malignidade, incluindo algumas lesões pigmentadas e lesões
já diagnosticadas como displásicas ou malignas. A excisão completa muitas vezes
constitui o tratamento definitivo da lesão biopsiada. (TOMMASI, 2013)

Utilização de LASER e eletrobisturi numa biópsia: A utilização de um


LASER (os mais utilizados são os de CO2 e os de díodo) ou eletrobisturi pode ser um
recurso bastante útil numa biópsia excisional. Para além de promoverem uma hemóstase
local boa, o desconforto pós-operatório é menor do que numa biópsia excisional
convencional. Contudo são equipamentos bastante mais dispendiosos dos que o que são
necessários para uma biópsia excisional convencional. (ANTELO, 2020)

A biopsia por Aspiração, é realizada com o auxílio de uma agulha e seringa,


por meio da penetração em uma lesão suspeita e aspiração de seu conteúdo. Dois tipos
principais de biopsia por aspiração são usados na prática clínica: (1) biopsia para explorar
se a lesão contém fluido e (2) biopsia para aspirar células visando ao diagnóstico
patológico. (HUPP, ELLIS, TUCKER, 2014)

A AAF (Aspiração por Agulha Fina) é utilizada quando uma massa de tecido
mole é detectada sob a pele ou superfície da mucosa e o paciente deseja evitar uma cicatriz
ou quando as estruturas anatômicas adjacentes oferecem risco. A AAF é uma ferramenta
diagnóstica eficaz, especialmente para massas cervicais, a partir das quais pode ser difícil
obter uma biopsia cirurgicamente. (HUPP, ELLIS, TUCKER, 2014)

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3.6.1. TÉCNICAS USADAS
3.6.1.1. Técnicas e princípios de biopsia intraóssea (tecido duro)
Qualquer lesão nos tecidos mineralizados dos ossos gnáticos ou a seu redor
requer um exame minucioso do cirurgião-dentista até que o diagnóstico definitivo seja
obtido. Muitas vezes, a causa é odontogênica e a lesão vai se resolver, uma vez que o
problema dental tenha sido tratado. (HUPP, ELLIS, TUCKER, 2014)

As lesões intraósseas mais comuns encontradas pelo cirurgião- dentista são os


granulomas periapicais e os cistos odontogênicos. Como essas lesões são geralmente
assintomáticas com característico aspecto radiográfico, um diagnóstico presuntivo é
frequentemente possível. (IDEM)

O tratamento geralmente envolve a remoção cirúrgica da lesão por meio de


uma biopsia excisional (enucleação). Quando a lesão for grande ou perfurar o tecido mole
que recobre o osso, ou ainda quando houver suspeita de malignidade com base nas
características radiográficas e da história clínica, uma biopsia incisional é indicada para
que um diagnóstico definitivo possa ser estabelecido. (IDEM)

Antes de realizar a biopsia intraóssea, o cirurgião-dentista deve cuidadosamente


apalpar a área dos ossos gnáticos e compará-la com o lado contralateral. O osso que
apresenta um contorno normal e que está firme e liso sugere que a lesão não se expandiu
ou erodiu a lâmina cortical óssea. No entanto, uma sensação esponjosa quando a
mandíbula é comprimida com os dedos geralmente indica erosão ou afinamento da lâmina
cortical, o que sugere uma lesão neoplásica mais agressiva. (HUPP, ELLIS, TUCKER,
2014)

Os procedimentos e princípios de biopsia nos tecidos mineralizados (duros)


não são diferentes daqueles que guiam a biopsia de tecido mole, entretanto alguns
aspectos adicionais devem ser considerados. (HUPP, ELLIS, TUCKER, 2014)

3.6.1.2. Técnica do exame citopatológico com escova oral


A anestesia local ou tópica geralmente não é necessária para o procedimento,
e as sequelas após a coleta das células são mínimas. A escova rotatória é posicionada em
contato com a superfície da lesão suspeita e girada com firme pressão por cinco a 10
vezes. Quando executado corretamente, as células epiteliais de todas as três camadas
(basal, espinhosa e ceratina) são coletadas pela escova; no entanto, a informação

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arquitetônica celular necessária para estadiar e graduar uma lesão maligna está ausente.
A escova com o material celular coletado é distendida sobre uma lâmina de vidro e, em
seguida, é recoberta com uma solução fixadora. Após a secagem da lâmina, ela é enviada
ao laboratório, onde o espécime é examinado, primeiramente, por um computador e, em
seguida, por um patologista bucomaxilofacial treinado em análise assistida por
computador. (HUPP, ELLIS, TUCKER, 2014)

3.7. TÉCNICA ANESTESICA


Quanto à técnica anestésica, geralmente é do tipo local. Por vezes, dependendo
da localização da lesão, pode ser considerada a utilização de uma técnica regional, o que
apresenta a desvantagem de ocorrer a perda do efeito hemostático da adrenalina que,
normalmente, está presente nas soluções anestésicas. Assim, muitas vezes, é preferida a
técnica infiltrativa, administrando-se o anestésico à volta da lesão. Pode, ainda, ser
considerada uma combinação das duas técnicas, caso se tenha alguma dificuldade no
controlo da dor. (ANTELO, 2020)

3.8. INSTRUMENTOS USADOS PARA UMA BIOPSIA


O instrumental e o material utilizados para a realização de biópsias devem ser
apropriados segundo o tipo de biópsia e o local a ser biopsiado. Para biópsias em mucosa
bucal, utilizam-se basicamente seringa Carpule, agulha odontológica, tubetes de solução
anestésica, lâminas de bisturi, tesoura Metzenbaum, pinça de tecido hemostática curva,
pinça de campo, afastador de Minnesota ou de Austin, pinça porta-agulha, fio de sutura,
ponta de aspiração e um pacote de gaze, além de um frasco contendo formol a 10% (que
significa formalina a 4%). (SILVA, CARVALHO, PINTO, 2018).

A biópsia bucal intraóssea demanda de habilidades cirúrgicas com relação à


necessidade de se fazer um retalho e às vezes acesso intraósseo, assim exigindo
instrumentais complementares, como seringa e agulha de calibre grosso (e. g. 18 Gauge)
para punção diagnóstica prévia, descolador de periósteo n° 9, broca esférica número 6,
soro fisiológico 0,9% para irrigação, cureta de Lucas, dentre outros. (IDEM).
Instrumentos Adicionais para Biopsia Intraóssea:

1. Curetas para tecido mole (anguladas)

2. Alavanca para periósteo (como Molt nº 9 ou cureta Molt nº 4)

3. Pinça-goiva de extremidade cortante (como Blumenthal)

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4. Peça de mão cirúrgica (o ar não é liberado ao redor da broca), broca
esférica nº 8

5. Seringa descartável de 5 a 10 mL com agulha tipo Luer-Lok de


calibre 1 (HUPP, ELLIS, TUCKER, 2014)

O dispositivo punch é um instrumento que apresenta um cabo (metálico ou


de encaixe) em que no extremo tem a forma de cilindro com a ponta cortante. Existem
diversos tamanhos, de diâmetros entre 2 a 10 mm. Utiliza-se num movimento descendente
e rotatório, e com o auxílio de uma tesoura, obtêm-se uma amostra de forma cilíndrica.
(ANTELO, 2020)

O punch é um dos instrumentos mais úteis e de uso mais simples na realização


de biópsias dos tecidos moles da boca. Constitui-se em cilindro oco, com extremidade
biselada e afilada, que pode ser adquirido em vários diâmetros. Os mais utilizados são os
de 4,5 e 6 mm. O instrumento é colocado sobre a região escolhida e pressionado enquanto
se realizam movimentos de rotação. Pode ser milimetrado na superfície externa (como as
sondas periodontais) para que o operador visualize com precisão a profundidade de
penetração. (TOMMASI, 2013)

3.9. CARACTERÍSTICAS DE LESÕES QUE GERAM SUSPEITA


DE LESÃO MALIGNA:
1. Duração: a lesão persiste por mais de duas semanas
2. Eritroplasia: a lesão é completamente vermelha ou apresenta
aparência mista leucoeritroplásica (branca com salpicado vermelho)
3. Fixação: a lesão aparenta estar aderida às estruturas adjacentes
4. Induração: a lesão e o tecido adjacente são firmes ao toque
5. Sangramento: a lesão sangra à mínima manipulação
6. Taxa de crescimento: a lesão apresenta crescimento rápido
7. Ulceração: a lesão é ulcerada ou se apresenta na forma de úlcera
(HUPP, ELLIS, TUCKER, 2014)

3.10. FIXAÇÃO E ENCAMINHAMENTO AO LABORATÓRIO


Imediatamente obtida a amostra, o material deve ser fixado para não sofrer
deterioração. O fixador de rotina é formol a 10%. O vidro que vai conter o fixador e a
amostra deve permitir um volume de líquido pelo menos 10 vezes maior que a peça

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cirúrgica obtida. O fixador deve ser conservado em frasco grande, e transferido para o
vidro menor apenas no ato. Normalmente em farmácias encontra-se formol a 40%. Para
preparar o fixador, basta colocar no vidro uma parte desse formol e três de água destilada
ou filtrada. (TOMMASI, 2013)

O vidro deve ser bem tampado e levar um rótulo com o nome do paciente, nome
do operador, local da biópsia e a data. Por outro lado, é muito importante que acompanhe
a amostra uma ficha apropriada e completa para a solicitação do exame histopatológico
ou, na sua falta, um relatório do profissional contendo, pelo menos, os seguintes dados:
idade, sexo, cor, nacionalidade, profissão, estado civil e endereço do paciente; nome
e endereço do operador; tipo de biópsia realizada, fixador usado e data; localização,
aspecto clínico e história clínica da lesão com os maiores detalhes possíveis, presença
de outras lesões, gânglios linfáticos e, finalmente, diagnóstico clínico ou hipóteses
diagnósticas. (TOMMASI, 2013)

3.11. IMPORTÂNCIA DA BIOPSIA


A biópsia é um método complementar, extremamente importante, onde
juntamente com a avaliação clínica e anamnese, auxilia no correto diagnóstico de
patologias bucais. Para a execução dessa técnica e com intenção de um correto
encaminhamento da peça coletada, o cirurgião deve saber os tipos físicos de lesões que
pode encontrar e suas características. (CASARIL, STOFELL, ET AL., 2018)

A Biopsia apresenta uma maior probabilidade de descartar uma doença maligna


do que de diagnosticar o câncer, porque a maioria das lesões orais e odontogênicas é
benigna. (HUPP, ELLIS, TUCKER, 2014)

3.12. INDICAÇÕES PARA BIOPSIA


1. Qualquer condição patológica persistente que não possa ser
diagnosticada clinicamente
2. Lesões sem causa identificável que persistam por mais de 10 a 14
dias apesar do tratamento local
3. Lesões intraósseas que pareçam estar aumentando de tamanho
4. Aumentos de volume visíveis ou palpáveis na submucosa sob uma
mucosa clinicamente normal
5. Qualquer lesão em que haja suspeita de características malignas ou
potencialmente malignas

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6. Qualquer lesão que apresente crescimento rápido sem razão óbvia
7. Lesões vermelhas, brancas ou pigmentadas da mucosa para as
quais a causa ou o diagnóstico não é evidente
8. Qualquer lesão que se encontre firmemente aderida ou fixada às
estruturas anatômicas adjacentes
9. Qualquer lesão desconhecida em regiões de alto risco para o
desenvolvimento de câncer (p. ex., assoalho da boca e língua)
10. Confirmação de hipóteses diagnósticas clínicas
11. Qualquer lesão que não responda ao tratamento clínico de rotina
(i.e., remoção do agente irritante local) após um período de 10 a 14 dias
12. Sinais inflamatórios que persistam por períodos longos
13. Qualquer lesão que cause preocupação excessiva ao paciente
(cancerofobia) (HUPP, ELLIS, TUCKER, 2014)

3.13. CONTRAINDICAÇÕES PARA BIOPSIA


No que se refere às contraindicações da biópsia, acredita-se, como a grande
maioria dos autores, que apenas duas situações devam ser consideradas.

A primeira diz respeito a lesões pigmentadas (negras), que podem ocorrer na


mucosa bucal. Havendo, mesmo que remota, a possibilidade de tratar-se de um melanoma
e, sempre que a localização e as dimensões da lesão o permitam, a biópsia deve ser
excisional e com certa margem de segurança. Isso se deve ao fato de que a manipulação
desses tumores, especialmente cirúrgica, costuma permitir o desgarramento de células
devido ao seu grande potencial invasivo e provocar disseminação indesejável.
(TOMMASI, 2013)

A segunda contraindicação diz respeito a lesões vasculares denominadas


hemangiomas e, dentre estes, particularmente os cavernosos intraósseos. Naqueles que
atingem os tecidos moles, a coloração, o eventual aumento de volume, a pulsação à
palpação, a história clínica (geralmente presentes desde a infância, tornando-se mais
nítidos com o crescer da criança) etc. poderão sugerir o diagnóstico e determinar a
realização de punção para se obter o conteúdo, que, se for sangue (venoso ou arterial),
determinará os procedimentos a seguir. Nas lesões intraósseas, o aspecto radiográfico é,
geralmente, de lesão osteolítica bem delimitada, podendo ser confundida com variada
patologia. Tommasi indica que, em todos esses casos, proceda-se inicialmente a uma

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punção exploratória para evitar a ruptura intempestiva de um hemangioma e sangramento,
muitas vezes, fatal. (TOMMASI, 2013)

3.14. ACOMPANHAMENTO PÓS-BIOPSIA


Se a lesão é considerada benigna, realiza-se um acompanhamento de rotina,
com radiografias periódicas para monitorar a cicatrização óssea. Se uma biopsia
incisional foi realizada, uma vez que o diagnóstico microscópico torna-se disponível, o
paciente deve ser reavaliado e deve ser formulado um plano de tratamento definitivo e/ou
o encaminhamento para tratamento adicional.

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4. CONCLUSÃO
Contudo, vimos que, Biópsia é um procedimento, na maior parte, cirúrgico
no qual se colhe células ou pequenos fragmentos de tecido orgânico para, posteriormente,
serem submetidos a um exame histopatológico em laboratório, visando determinar a
natureza e o grau da lesão estudada. A biópsia é um método complementar, extremamente
importante, onde juntamente com a avaliação clínica e anamnese, auxilia no correto
diagnóstico de patologias bucais. Para a execução dessa técnica e com intenção de um
correto encaminhamento da peça coletada.

O médico dentista tem uma grande responsabilidade de ser capaz de


identificar, reconhecer e diagnosticar as lesões, relatar a sua presença ao paciente e a
condução do tratamento ou encaminhamento para o profissional habilitado.

É muito importante saber sobre a história clínica do paciente e o seu estado


de saúde geral, para um melhor diagnóstico e consequentemente, um melhor tratamento.
Uma vez que muitas doenças sistémicas podem se manifestar na cavidade bucal.

A Biopsia apresenta uma maior probabilidade de descartar uma doença


maligna do que de diagnosticar o câncer, porque a maioria das lesões orais e
odontogénicas é benigna.

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5. REFERÊNCIAS BIBLIOPGRÁFICAS
ANTELO, Maria M. M. Guerreiro Romero, Biópsias: diferentes abordagens
cirúrgicas. Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto, 2020.
CASARIL, Ana Carolina STOFELL, Jaine, ET AL. Biópsia na odontologia. Anais de
Odontologia-UCEFF. V3, n.1, 2018
HUPP, James R, ELLIS III, Edward. TUCKER, Myron R. Cirurgia oral e maxilofacial
contemporânea / James R. Hupp … [et al.]; tradução Maria Aparecida A. Cavalcante …
[et al.]. - 6. ed. - Rio de Janeiro : Elsevier, 2015.
SILVA, Marco Túlio Brazao; CARVALHO, Bianca de Oliveira; PINTO, Rodrigo Alves.
A biópsia na prática odontológica: Revisão de Literatura. RvAcBO, 2018; 7(3): 197-
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TOMMASI, Maria Helena Diagnóstico em patologia bucal / Maria Helena Tommasi. –
4. ed. – Rio de Janeiro : Elsevier, 2013.

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