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Yuri Banov Onishi

Capt 20 | O pensamento e suas alterações | Resumo Dalgalarrondo

1)DEFINIÇÕES BÁSICAS (Conceitos -Eliminação dos caracteres de sensorialidade,


Generalização - , Juízos e Raciocínio)
2)PENSAMENTO LÓGICO (Princípio da identidade, Princípio da causalidade, Lei da
parte e do todo)
3)PENSAMENTO INDUTIVO E DEDUTIVO
4)PENSAMENTO INTUITIVO
5)PENSAMENTO CRÍTICO
6)PENSAMENTOS ERRÔNEOS E VIESES DE PENSAMENTO EM PESSOAS SEM
ALTERAÇÕES PSICOPATOLÓGICAS (viés de confirmação, viés de salto para as
conclusões)
7)O PROCESSO DO PENSAR (curso, forma e conteúdo do pensamento)
8)PSICOPATOLOGIA DO PENSAMENTO
8.1)Alterações dos conceitos, dos juízos e do raciocínio (Desintegração e
transformação dos conceitos, Condensação dos conceitos )
8.2)Alterações dos juízos (Juízo deficiente ou prejudicado , Juízos de realidade ou de
existência)
9)TIPOS ALTERADOS DE PENSAMENTO (INCLUINDO JUÍZO E RACIOCÍNIO)
9.1)Pensamento mágico, pensamento dereístico e wishful thinking (Lei da contiguidade,
Lei da similaridade)
9.2) Pensamento inibido, vago, prolixo (tangencialidade, circunstancialidade)
9.3)Pensamento concreto ou concretismo
9.4)Pensamento deficitário (relacionado à deficiência intelectual)
9.5)Pensamento demencial
9.6)Pensamento confusional
9.7)Pensamento desagregado
9.8)Pensamento obsessivo
9.9)Ruminações ou pensamento ruminativo perseverativo
10)ALTERAÇÕES DO PROCESSO DE PENSAR (DO CURSO, FORMA OU CONTEÚDO)
10.1)Alterações do curso do pensamento (Aceleração do pensamento , Lentificação do
pensamento , Bloqueio ou interceptação do pensamento , Roubo do pensamento, Fuga de
ideias; assonância)
10.2)Alterações formais do pensamento (ver Radanovic et al., 2013) (Afrouxamento das
associações , Descarrilamento do pensamento , Dissociação e incoerência do
pensamento , Desagregação do pensamento , Valor diagnóstico das alterações formais do
pensamento )
10.3) Alterações do conteúdo do pensamento (persecutoriedade, conteúdos
depreciativos, de poder, riqueza, grandeza ou missão, religiosos, místicos, mágicos ,
eróticos, sexuais, de ciúmes , de culpa , conteúdos hipocondríacos
11)SEMIOTÉCNICA DO PENSAMENTO
12)INSTRUMENTOS PADRONIZADOS PARA AVALIAR ALTERAÇÕES DO
PENSAMENTO

@yuri.studies
Yuri Banov Onishi
1)DEFINIÇÕES BÁSICAS (Conceitos -Eliminação dos caracteres de sensorialidade, Generalização - , Juízos
e Raciocínio)

● Obs: esse capítulo sobre pensamento se sobrepõe e dialoga com o de juízo de realidade/delírio e
linguagem e suas alterações.
● O juízo de realidade/delírio, embora seja um aspecto do pensamento, pela importância do delírio em
psicopatologia, foi tratado em capítulo próprio
● A linguagem, embora distinta do pensamento, muitas vezes é sobreposta a ele ou considerada sua
simples e automática expressão.
● embora pensamento e linguagem se articulem muito intimamente no ser humano, há aspetos
específicos e autônomos em cada um deles (para este debate, ver Pinker, 2008; Arendt, 2017).

--
● pensamento costumam ser divididos em três categorias básicas ou componentes constitutivos do
pensamento:
○ conceitos,
○ juízos
○ raciocínio.

Conceitos
● ver Harky-Vallée, 2013
● se formam a partir das percepções e representações
● Percepção: apresenta elementos de sensorialidade, é possível contemplar e imaginar (em certo
sentido, também das representações)
● Conceitos: puramente cognitivo, intelectivo, não devendo ter qualquer resquício sensorial. Não é
possível visualizá-lo, ouvi-lo ou senti-lo.
● Nos conceitos, exprimem-se as características mais abstratas e gerais dos objetos e dos fenômenos
(Lalande, 1996).
● O conceito pode ser visto como o elemento estrutural básico do pensamento; nele se exprimem os
caracteres essenciais dos objetos e os fenômenos da natureza e da cultura.
● Hardy-Vallée (2013, p. 16), “o conceito é a unidade primeira do pensamento e do conhecimento: só
pensamos e conhecemos na medida em que manipulamos conceitos”.

● Para a formação dos conceitos, são necessários dois passos fundamentais:


1)Eliminação dos caracteres de sensorialidade.
● Ex: quando se representa uma cadeira, ela ainda é visualizada mentalmente; imagina-se uma cadeira
preta, de madeira, bonita ou feia, pequena ou grande, etc
● Essa representação de cadeira ainda tem forte aspecto sensorial.
● Os caracteres marcam essencialmente as representações
● Quando se conceitualiza cadeira como um objeto de quatro pés, móvel utilizado para sentar,
suprime-se a dimensão sensorial (no caso, aqui, visual), ficando apenas a dimensão puramente
conceitual.

2)Generalização
● Ex: ao pensar em cadeira como conceito, tal conceito é válido para qualquer tipo de cadeira, seja a
usada em casa, seja a cadeira de trabalho, a cadeira de criança,
● o conceito resulta da síntese, por abstração e generalização, de um número considerável de
fenômenos singulares.
Yuri Banov Onishi
Psicologia moderna
● (Gazzaniga; Heatherton, 2005)
● Existe um debate sobre se as representações são de fato imagens, como fotografias armazenadas na
mente humana, ou se são representações proposicionais.
● representação proposicional de uma mesa não seria a imagem-fotografia de uma mesa genérica no
cérebro, mas as proposições (proposta, sugestão), quase sempre de natureza linguística, associadas
à ideia de mesa.
● ao evocar a representação visual de uma cadeira (ou mesa, carro, etc.), não viria à mente uma massa
visual neutra, sem sentido utilitário, mas um objeto, quase sempre com um assento ou tampo plano,
quatro ou três pés de sustentação, de madeira, plástico ou ferro, ou seja, um objeto que é construído
culturalmente e que apresenta significado linguístico.

Juízos
● Robert Blanché (1898-1975), “um conceito nunca está só. Sem falar da rede infinitamente complexa
que o liga, pouco a pouco, ao conjunto de outros conceitos”
● os conceitos se articulam com outros, próximos ou distantes, estabelecendo relações de conjunção ou
de negação (Blanché, 2012, p. 65).
● Juízo é a articulação entre dois ou mais conceitos ou termos (Lalande, 1996).
● Formar juízos é o processo que conduz ao estabelecimento de relações significativas entre conceitos.
● Ex: e o conceito cadeira e o conceito utilidade (qualidade de ser útil), pode-se formular o seguinte
juízo: a cadeira é útil.
● cópula: quando o juízo estabelece determinada relação entre dois (ou mais) conceitos
● Função do juízo: formular uma relação unívoca entre um sujeito e um predicado
● Na dimensão linguística, os conceitos se expressam geralmente por palavras, e os juízos, por frases
ou proposições.

Raciocínio
● relaciona conceitos e juízos formando uma narrativa ou argumentação
● representa o modo especial de ligação entre termos ou conceitos, de sequência de juízos, de
encadeamento de conhecimentos, derivando sempre uns dos outros, afirmando-os, negando-os ou
confrontando-os
● A ligação entre conceitos permite a formação de juízos, a ligação entre juízos conduz à formação de
novos juízos.
● Dessa forma, o raciocínio e o próprio pensamento se desenvolvem (Lalande, 1996).

2)PENSAMENTO LÓGICO (Princípio da identidade, Princípio da causalidade, Lei da parte e do todo)

● Pensamento normal: quando é regido pela lógica formal e orientar-se segundo a realidade e os
princípios de racionalidade da cultura na qual o indivíduo se insere.
● Os ocidentais tendem a valorizar a lógica e a racionalidade, pois esses são elementos fundamentais
ao longo da história das sociedades do Ocidente (ver Vietta, 2015).

Pensamento lógico (aristóteles)


1)Princípio da identidade (ou da não contradição)
● se A é A, e B é B, logo, A não pode ser B.

2)Princípio da causalidade
● se A é causa de B, A não pode ser ao mesmo tempo efeito de B; ou, dito de outra forma, se A é causa
de B, então B não pode ser ao mesmo tempo causa de A
● sendo as condições mantidas, as mesmas causas devem produzir os mesmos efeitos.
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3)Lei da parte e do todo.


● se A é parte de B, então B não pode ser parte de A.
● se o Brasil é uma parte da América do Sul, então a América do Sul não pode ser uma parte do Brasil.

Dialética hegeliana
● Lei da transformação da quantidade em qualidade.
● Toda afirmação encerra em si mesma o princípio de sua negação.
● Tudo é, a um só tempo, causa e efeito de si mesmo.

3)PENSAMENTO INDUTIVO E DEDUTIVO


● Dentro dos tipos de pensamento relacionados à aquisição de conhecimentos, existe doi tipos de
pensamento ou métodos de adquirir conhecimentos
○ indutivo e dedutivo (Lalande, 1996)

Pensamento ou método indutivo


● parte da observação dos fatos elementares, da experimentação e da comparação entre fenômenos
● para chegar a conclusões e concepções mais gerais, a hipóteses explicativas e classificações mais
amplas
● Mais utilizados nas ciências empíricas, baseadas na investigação de fatos e objetos do mundo real (
física, química, biologia, geologia, etc. Ecertos aspectos das ciências humanas - sociologia, economia,
demografia, ciências políticas, antropologia, etc.- )

O pensamento ou método dedutivo


● parte de esquemas, axiomas, definições e teoremas constituídos, já bem arquitetados,
● por meio de demonstrações lógicas, assim deduzir a correção do pensamento.
● Mais utilizado nas ciências matemáticas, à lógica formal, a conhecimentos teóricos.

4)PENSAMENTO INTUITIVO
● Definição: apreensão de uma realidade mais ou menos complexa de forma direta e imediata.
● visa captar a interioridade das coisas, inclusive aquelas dimensões muito difíceis de serem expressas
por palavras e pelo pensamento analítico.
● Henri Bergson (1859-1941): é uma forma de conhecimento, de apreensão direta da realidade vivida,
oposta ao pensamento positivista, que abarca os elementos especializados da realidade (Bergson,
1984)

5)PENSAMENTO CRÍTICO
● O indivíduo, em seu processo pensante, está atento às possíveis falhas em seu raciocínio, falhas
decorrentes de tendências pré-fixadas, vieses sistemáticos e conclusões prematuras.
● O pensamento crítico busca um estado de maturidade no qual se admita que há questões e problemas
multifacetados, complexos, que aceite que há questões que comportam mais de duas respostas (mais
que “sim” e “não”) e que exigem diferentes níveis e formas de análise e solução (Facione et al., 2000).

6)PENSAMENTOS ERRÔNEOS E VIESES DE PENSAMENTO EM PESSOAS SEM ALTERAÇÕES


PSICOPATOLÓGICAS (viés de confirmação, viés de salto para as conclusões)
● O tipo e o estilo de pensamento de muitas pessoas da população em geral, sem transtornos mentais,
são apenas precariamente lógicos e coerentes, respeitantes da realidade factual.
● Na população sem transtornos mentais, vários erros e vieses, comuns e sistemáticos, têm sido
identificados por estudos de psicologia cognitiva e neuropsicologia (Zawadzki et al., 2012)
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● uma série de crenças preconceituosas, sociais ou pessoais, é criada e mantida de forma insistente por
um número considerável de pessoas (Yager; Gitlin, 1995)
● Tudo isso torna difícil a diferenciação e delimitação entre pensamento normal e patológico
● Pelo fato de vieses de pensamento, assim como distorções perceptivas, serem encontrados na
população em geral, a noção de abrangência fenotípica das experiências psicóticas tem sido
estendida, pois na população geral haveria distorções semelhantes a psicose em até 7% das pessoas
(van Os; Reininghaus, 2016).

Viés de confirmação
● Definição: busca ativa e seletiva que um sujeito faz no sentido de confirmar hipóteses (ou
preconceitos) falsas ou sem fundamento e sem observar com cuidado os dados factuais da realidade.
● Há, assim, uma tendência relativamente comum de muitas pessoas em distorcer, de modo
inconsciente, os dados e as percepções da realidade para confirmar hipóteses previamente
formuladas no início de um raciocínio.

Viés de salto para as conclusões


● ou jumping to conclusions
● Definição: quando conclusões apressadas, sem base nas evidências factuais, são formuladas com
grau de certeza incompatível com tais evidências
● Tal viés é testado por meio de métodos de pesquisa em psicologia experimental e cognitiva bem
estabelecidos (p. ex., o bead task).

7)O PROCESSO DO PENSAR (curso, forma e conteúdo do pensamento)

● Curso: o modo como o pensamento flui, sua velocidade e seu ritmo ao longo do tempo.
● Forma: é sua estrutura básica, sua arquitetura, preenchida pelos mais diversos conteúdos e interesses
do indivíduo
● Conteúdo: aquilo que lhe dá substância, seus temas predominantes, o assunto em si

8)PSICOPATOLOGIA DO PENSAMENTO
● os termos e conceitos relacionados à psicopatologia do pensamento revelam um campo semântico às
vezes pouco claro, que causa dificuldades para os estudantes
● Ashley Rule (2005) realizou uma pesquisa em tratados de psiquiatria, dicionários de terminologia
médica e artigos publicados sobre psicopatologia do pensamento, em língua inglesa, desde 1979 até
2005, a fim de fazer um levantamento dos construtos usados em psicopatologia nessa área. Ele
identificou 68 termos relacionados a transtornos do pensamento e da linguagem, com frequentes
sobreposições entre os termos e ambiguidades na definição ou no seu uso

8.1)Alterações dos conceitos, dos juízos e do raciocínio (Desintegração e transformação dos conceitos,
Condensação dos conceitos )

Desintegração e transformação dos conceitos


● Definição: quando os conceitos sofrem um processo de perda ou transformação radical de seu
significado original
● Paim (1986), os conceitos se desfazem, e uma mesma palavra passa a ter significados cada vez mais
diversos
○ a palavra “ateu” deixa de significar “descrente de Deus” para significar justamente o seu
oposto.
○ subverteu o sentido comum de ateu, interpretando que significava “a teu comando”, ou seja, “a
comando de Deus, crente”
● A ideia de determinado objeto e a palavra que normalmente a designa passam a não mais coincidir
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● É comum que o sujeito passe a utilizar as palavras de forma totalmente pessoal e idiossincrática (no
plano da linguagem, isso é chamado neologismo patológico).
● Ocorre: esquizofrenia e síndromes demenciais

Condensação dos conceitos


● Definição: ocorre quando dois ou mais conceitos são fundidos, que pode se expressar em uma nova
palavra
● Na dimensão da linguagem são designados neologismos patológicos.
● Estes diferem dos neologismos não patológicos, que decorrem da produção poética ou literária ou de
processos culturais e sociolinguísticos próprios da criação da linguagem normal.

8.2)Alterações dos juízos (Juízo deficiente ou prejudicado , Juízos de realidade ou de existência)

Juízo deficiente ou prejudicado


● É um tipo de juízo falso que se estabelece porque a elaboração dos juízos é prejudicada por
deficiência intelectual e pobreza cognitiva do indivíduo
● os conceitos são inconsistentes, e o raciocínio, pobre e defeituoso
● juízos são por demais simplistas, concretos e sujeitos à influência do meio social
● Às vezes, é difícil diferenciar um juízo deficiente com muito material fantasioso de um delírio
● De modo geral, os erros de juízo que não são delírios, mas produzidos pela deficiência intelectual,
tendem a não ser persistentes e irredutíveis, mudando com certa frequência (diferentemente dos
delírios, que tendem a ser mais contínuos) e tendo frouxa consistência interna.

Juízos de realidade ou de existência


● em psicopatologia têm seu exemplo mais paradigmático no delírio, ou ideias delirantes
● Estas são, de fato, as alterações do juízo mais relevantes em psicopatologia. Por sua importância e
extensão, esse tema será tratado em capítulo específico

9)TIPOS ALTERADOS DE PENSAMENTO (INCLUINDO JUÍZO E RACIOCÍNIO)

9.1)Pensamento mágico, pensamento dereístico e wishful thinking (Lei da contiguidade, Lei


da similaridade)
9.2)Pensamento inibido, vago, prolixo (tangencialidade, circunstancialidade)
9.3)Pensamento concreto ou concretismo
9.4)Pensamento deficitário (relacionado à deficiência intelectual)
9.5)Pensamento demencial
9.6)Pensamento confusional
9.7)Pensamento desagregado
9.8)Pensamento obsessivo
9.9)Ruminações ou pensamento ruminativo perseverativo

9.1)Pensamento mágico, pensamento dereístico e wishful thinking (Lei da contiguidade, Lei da similaridade)
● Esse grupo de tipos de pensamento se caracteriza por ferir frontalmente os princípios da lógica formal,
bem como os indicativos e imperativos da realidade
● Eles seguem os desígnios dos desejos, das fantasias e dos temores, conscientes ou inconscientes, do
sujeito, adequando a realidade ao pensamento, e não o contrário.
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Pensamento mágico (PM)
● pressupõe que a uma relação puramente subjetiva de ideias corresponda uma associação objetiva de
fatos
● Definição: As associações fortuitas, ocasionais, entre ideias seriam equivalentes a relações realmente
causais entre os fenômenos (Montero, 1990)
● exemplo, porque vi um carro batido hoje cedo, concluo que meu pai irá morrer atropelado nos
próximos dias.
● Frazer, 1911/198, sugeriu algumas leis e particularidades do ato e do pensamento mágico:
○ Lei da contiguidade: É a base da magia de contágio, que utiliza o preceito de que “coisas que
estiveram em contato continuam unidas” → ex., ao queimar e destruir uma camisa do
indivíduo, estará queimando e destruindo a própria pessoa
○ Lei da similaridade: e. É a base da chamada magia imitativa “o semelhante produz o
semelhante” → ex: ao queimar e destruir um boneco com alguma semelhança com um inimigo,
estará queimando e destruindo o próprio inimigo
● Ocorre em crianças (embora nelas, de modo geral, também predomine uma visão realista). Também
em alguns transtornos da personalidade (TPs), como nos TPs esquizotípica, histriônica, borderline e
narcisista. Nos quadros obsessivo-compulsivos, e esquizofrenia

Pensamento Dereístico (PD)


● sobreposto ao de PM,
● é a descrição do tipo de pensamento que se opõe marcadamente ao pensamento crítico e realista, o
qual se submete à lógica e à realidade.
● não tem a dimensão mágica no pensamento
● só obedece à lógica e à realidade naquilo que interessa ao desejo do indivíduo, distorcendo a
realidade para que esta se adapte aos seus anseios
● o pensar volta-se muito mais para o mundo interno do sujeito, suas fantasias e seus sonhos,
manifestando-se como um devaneio, no qual tudo é possível e favorável ao indivíduo
● A pseudologia fantástica e a mitomania (discutidas no Cap. 21) implicam boa dose de PD
● wishful thinking (WT) (pensamento desejoso) para indicar a identificação errônea dos próprios desejos
com a realidade, o conjunto de crenças adotadas pelo indivíduo que se baseia mais nos desejos do
que em fatos, ou seja, um aspecto do PD
● os conceitos de PM, PD e WT são muito próximos e usados, às vezes como sinônimos
● ocorre: TPs (esquizotípica, histriônica, borderline, narcisista, etc.), na esquizofrenia e, eventualmente,
em crianças e adolescentes (e mesmo em adultos) sadios

9.2) Pensamento inibido, vago, prolixo (tangencialidade, circunstancialidade)

Pensamento inibido
● ocorre a inibição do raciocínio,
● diminuição da velocidade e do número de conceitos, juízos e representações utilizados no processo
de pensar;
● o pensamento torna-se lento, difícil, rarefeito, pouco produtivo à medida que o tempo flui.
● Ocorre em quadros demenciais e em quadros depressivos graves

Pensamento vago
● As relações conceituais, a formação dos juízos e a concatenação destes em raciocínios são
caracterizadas pela imprecisão
● pensamento muito ambíguo, podendo mesmo parecer obscuro
● Não há propriamente o empobrecimento do pensamento
● marcante falta de clareza e precisão no raciocínio
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● Ocorre: pessoas sem transtorno mental, mas também pode ser um sinal inicial de esquizofrenia ou
ocorrer em quadros demenciais iniciais e em TPs (p. ex., esquizotípica).

Pensamento prolixo
● O indivíduo não consegue chegar a qualquer conclusão sobre o tema de que está tratando, a não ser
após muito tempo e esforço.
● dá longas voltas ao redor do tema e mescla, de forma imprecisa, o essencial com o supérfluo
● dificuldade em obter construção direta, clara e acabada,
● notável falta de capacidade de síntese.
● A tangencialidade (pensamento tangencial) e a circunstancialidade (pensamento circunstancial) são
tipos de pensamento prolixo
● tangencialidade: quando o paciente responde às perguntas de forma oblíqua e irrelevante, não
sabendo discriminar o supérfluo do essencial. As respostas apenas tangenciam aquilo que foi
perguntado, nunca chegando ao ponto central, ao objetivo final, sem jamais concluir algo de
substancial.
● “rodando em volta do tema”, sem entrar nas questões essenciais e decisivas. Entretanto,
eventualmente, o indivíduo alcança o objetivo de seu raciocínio. Em alguns casos, a conversa torna-se
uma “massa de parênteses e cláusulas subsidiárias” (Sims, 1995).
● Ocorre: pacientes com TPs, em indivíduos com lesões cerebrais, em algumas pessoas com
deficiência intelectual ou naquelas com inteligência limítrofe, em pacientes que se encontram no início
de um processo esquizofrênico e em alguns daqueles com quadros obsessivocompulsivos, que,
devido ao excesso de detalhes e atalhos colaterais, não conseguem desenvolver adequadamente
suas ideias.

9.3)Pensamento concreto ou concretismo

● não ocorre a distinção entre a dimensão abstrata, simbólica e a dimensão concreta, imediata, dos
fatos.
● não consegue entender ou utilizar metáforas;
● pensamento é muito aderido ao nível sensorial da experiência e às coisas concretas
● Dificuldade com metáfora, a ironia, o subentendido, o duplo sentido, bem como categorias abstratas e
simbólicas de modo geral
● Ocorre: deficiência intelectual e esquizofrenia grave

9.4)Pensamento deficitário (relacionado à deficiência intelectual)

● pensamento de estrutura pobre e rudimentar


● O indivíduo tende a apresentar raciocínio concreto;
● Os conceitos são escassos e utilizados em sentido mais literal que abstrato ou metafórico. A abstração
apenas ocorre com dificuldade, sem consistência ou grande alcance
● Não há falta, porém, da generalização e da utilização da memória, sempre vinculadas às
necessidades mais imediatas do sujeito
● pouca flexibilidade na aplicação de regras e conceitos aprendidos;
● Entende tudo ao pe da letra
● Não há distinção pormenorizada e precisa de categorias como essencial e supérfluo; necessário ou
acidental; causa e efeito; o todo e as partes; o real e o imaginário; o concreto e o simbólico.
● A compreensão e a explicação de fatos complexos da vida são difíceis, e o paciente apreende apenas
a realidade de forma vaga e simplificada
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● A memorização de determinados conteúdos ou temas (números telefônicos, nomes de pessoas, ruas,
tipos de carros, etc.) pode, eventualmente, ser muito extensa e numerosa, porém é mecânica e rígida.
● Esse fenômeno de extensa memorização mecânica é denominado ilhotas de memória e ocorre
geralmente em pessoas com deficiência intelectual e naquelas com autismo.
● Em função de terem tais habilidades, essas pessoas são designadas savant.

9.5)Pensamento demencial

● pensamento pobre, de forma desigual


● no pensamento deficitário o empobrecimento é mais homogêneo
● É frequente o indivíduo com demência, nas fases iniciais, tentar dissimular suas dificuldades
cognitivas. Ao se deparar com a dificuldade em encontrar as palavras (aspecto do início das
demências), procurar termos mais genéricos, evita os adjetivos e os substantivos específicos.
● “Não consigo encontrar aquela coisa, o meu... (batom), aquilo para passar aqui (indica a boca com o
dedo)...”; “Vou pedir ao... àquele homem (o guarda), que me ajude a atravessar... aqui (a rua)”.

9.6)Pensamento confusional

● Ocorre o rebaixamento e à turvação da consciência, devido a isso, gera um pensamento incoerente,


de curso tortuoso
● O indivíduo está impedido de apreender de forma clara e precisa os estímulos ambientais e não
consegue processar seu raciocínio adequadamente.
● Há marcante dificuldade em estabelecer vínculos entre conceitos e juízos devido às alterações do
nível de consciência, da atenção e da memória imediata e de trabalho, impedindo a formação
adequada do raciocínio.
● Ocorre principalmente nas síndromes confusionais agudas (delirium).

9.7)Pensamento desagregado
● pensamento marcadamente incoerente, no qual os conceitos e os juízos não se articulam
minimamente de forma lógica.
● pensamento que se manifesta como uma mistura aleatória de palavras, que nada comunica ao
interlocutor
● A linguagem correspondente é o que se denomina “salada de palavras”, ou esquizofrasia.
● Ocorre nas formas graves e marcadamente desorganizadas de esquizofrenia.

9.8)Pensamento obsessivo
● predominam ideias ou representações que, apesar de terem conteúdo absurdo ou repulsivo para o
indivíduo, se impõem à consciência dele de modo persistente e incontrolável
● Apresentar uma luta constante entre as ideias obsessivas, que voltam de forma recorrente à
consciência, e o indivíduo, que se esforça para bani-las de sua consciência, gerando um estado de
angústia constante
● Com certa frequência, em pacientes gravemente obsessivos, aspectos do PM também estão
presentes (p. ex., “Se eu tocar na roupa de uma pessoa no ônibus, ficarei contaminado” ou “Se eu
repetir a palavra santo cinquenta vezes, impedirei que meu pai morra”).
Yuri Banov Onishi
9.9)Ruminações ou pensamento ruminativo perseverativo
● é muito próximo (às vezes se sobrepõe) ao pensamento obsessivo
● São formas de pensamento repetitivo que implicam preocupações e pensamentos negativos
recorrentes, vivenciados de forma passiva.
● São pensamentos com conteúdos negativos, relacionados sobretudo ao futuro e, eventualmente, ao
passado (Ruscio et al., 2011; Ghaznavi; Deckersbach, 2012).
● Ocorre: pacientes com quadros de ansiedade, depressão, transtorno bipolar (TB), no comer e/ou
beber compulsivo (binge eating e binge drinking) e em pessoas que se automutilam (skin picking e/ou
cutting).
● Pré-adolescentes e adolescentes em fase inicial de transtornos do humor apresentam com certa
frequência as ruminações (em torno de 10% dos adolescentes estudados). Elas podem anteceder a
eclosão de transtornos de ansiedade, depressão e compulsões (Hilt; Pollak, 2013).

10)ALTERAÇÕES DO PROCESSO DE PENSAR (DO CURSO, FORMA OU CONTEÚDO)

10.1)Alterações do curso do pensamento


● Aceleração do pensamento ,
● Lentificação do pensamento ,
● Bloqueio ou interceptação do pensamento ,
● Roubo do pensamento,
● Fuga de ideias;
● assonância

10.2)Alterações formais do pensamento (ver Radanovic et al., 2013)


● Afrouxamento das associações ,
● Descarrilhamento do pensamento ,
● Dissociação e incoerência do pensamento ,
● Desagregação do pensamento ,
● Valor diagnóstico das alterações formais do pensamento

10.3) Alterações do conteúdo do pensamento


● persecutoriedade,
● conteúdos depreciativos,
● de poder, riqueza, grandeza ou missão, religiosos, místicos, mágicos , eróticos, sexuais, de ciúmes ,
de culpa , conteúdos hipocondríacos

10.1)Alterações do curso do pensamento (Aceleração do pensamento , Lentificação do pensamento ,


Bloqueio ou interceptação do pensamento , Roubo do pensamento, Fuga de ideias; assonância)

Aceleração do pensamento
● O pensamento flui de forma muito acelerada, com uma ideia se sucedendo à outra rapidamente,
podendo até ser difícil acompanhar o ritmo do indivíduo.
● ocorre: nos quadros de mania, em alguns pacientes com esquizofrenia, eventualmente nos estados de
ansiedade intensa, nas psicoses tóxicas (sobretudo por anfetamina e cocaína) e na depressão
ansiosa.

Lentificação do pensamento
● pensamento progride lentamente, de forma lenta e dificultosa. Há certa latência entre as perguntas
formuladas e as respostas.
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● Ocorre principalmente em pacientes gravemente deprimidos, em alguns casos de rebaixamento do
nível de consciência, em certas intoxicações (por substâncias sedativas) e em quadros
psico-orgânicos que afetam estruturas subcorticais.

Bloqueio ou interceptação do pensamento


● o quando o indivíduo, ao relatar algo, no meio de uma conversa, brusca e repentinamente interrompe
seu pensamento, sem qualquer motivo aparente.
● O paciente pode relatar que, sem saber por que, “o pensamento para”, é bloqueado.
● Trata-se de alteração quase exclusiva da esquizofrenia

Roubo do pensamento
● É uma vivência, frequentemente associada ao bloqueio do pensamento,
● O indivíduo tem a nítida sensação de que seu pensamento foi roubado de sua mente, por uma força
ou ente estranho, por uma máquina, uma antena, etc.
● é um tipo de vivência de influência (ver descrição também na seção sobre delírio de influência).
● Trata-se de uma alteração característica da esquizofrenia.

Fuga de ideias
● alteração do fluxo e da estrutura do pensamento secundária a acentuada aceleração do pensamento,
na qual uma ideia se segue a outra de forma extremamente rápida, perturbando-se as associações
lógicas entre os juízos e os conceitos
● as associações entre as palavras deixam de seguir uma lógica ou finalidade do pensamento e passam
a ocorrer por assonância (p. ex., amor, flor, cor... ou cidade, idade, realidade...),
● e as ideias se associam muito mais pela presença de estímulos externos contingentes (as pessoas
que estão presentes na entrevista, os móveis e os quadros da sala de entrevista, um ruído incidental,
alguém que entra na sala, etc.).
● Nobre de Melo (1979): há o progressivo afastamento da ideia diretriz ou principal, sem prejuízo
manifesto, contudo, para a coerência final do relato.
● A fuga de ideias pode ser classificada como alteração do curso ou como alteração formal do
pensamento]
● ocorre de forma muito característica nos quadros macacos de Transtorno Bipolar

10.2)Alterações formais do pensamento (ver Radanovic et al., 2013) (Afrouxamento das associações ,
Descarrilhamento do pensamento , Dissociação e incoerência do pensamento , Desagregação do
pensamento , Valor diagnóstico das alterações formais do pensamento)

● Tais alterações do pensamento geralmente implicam psicopatologia significativa e têm impacto


negativo na vida das pessoas.
● se correlacionam com dificuldades nas funções executivas frontais, com pior desempenho em “teoria
da mente” e em “tomada de perspectiva” (Ziermans et al., 2017)
● Nancy Andreasen (1979): alterações formais do pensamento (formal thought disorder – FTD) seriam
divididas em negativas, positivas ou desorganizadas
○ Negativas: pobreza do discurso e do conteúdo do pensamento, assim como bloqueio deste.
○ positivas: pressão para falar, verbosidade.
○ alterações desorganizadas: perda do pensamento objetivo (tangencialidade), descarrilamento,
pensamento idiossincrático, incoerência e ilogicidade

Afrouxamento das associações


Yuri Banov Onishi
● Embora ainda haja concatenação lógica entre as ideias, nota-se já o afrouxamento dos enlaces
associativos (Nobre de Melo, 1979).
● As associações parecem mais livres, não tão bem articuladas
● Ocorre: fases iniciais da esquizofrenia e em TPs (sobretudo TP esquizotípica).

Descarrilhamento do pensamento
● O pensamento passa a extraviar-se de seu curso normal, toma atalhos colaterais, desvios,
pensamentos supérfluos, retornando aqui e acolá ao seu curso original.
● Geralmente está associado a uma marcante distraibilidade.
● Se o descarrilamento for muito acentuado, e os desvios, muito frequentes e longos, pode-se não mais
captar a sequência lógica do pensamento
● Ocorre: esquizofrenia e, eventualmente, nos transtornos maníacos.

Dissociação e incoerência do pensamento


● Criador: Eugen Bleuler (1911/1985) para o tipo de desorganização do pensamento
(Beziehungslosigkeit, perda ou afrouxamento das relações associativas) de importância central na
esquizofrenia
● quando o afrouxamento das associações se acentua, os pensamentos passam progressivamente a
não seguir uma sequência lógica e bem organizada, e os juízos não se articulam de forma coerente
uns com os outros
● Com o agravamento do processo patológico, o pensamento pode tornar-se totalmente incoerente e
incompreensível.

Desagregação do pensamento
● há profunda e radical perda dos enlaces associativos, total perda da coerência do pensamento
● Sobram apenas “pedaços” de pensamentos, conceitos e ideias fragmentados, muitas vezes
irreconhecíveis, sem qualquer articulação racional, sem que sejam detectadas uma linha diretriz e uma
finalidade no ato de pensa
● Ocorre: alteração típica de formas avançadas de esquizofrenia e de quadros demenciais

Valor diagnóstico das alterações formais do pensamento

Esquizofrenia
● o progredir da desestruturação do pensamento segue esta sequência (em ordem de gravidade):
○ 1)afrouxamento das associações,
○ 2)descarrilamento do pensamento,
○ 3)dissociação e incoerência do pensamento
○ 4)desagregação do pensamento.
● Obs: tal sequência, embora lógica, não é necessária, podendo essas alterações surgirem nas mais
diversas combinações e sequências
● as formas mais leves de alteração da forma do pensamento podem ser encontradas, de modo ainda
incipiente, em parentes de primeiro grau de pessoas com esquizofrenia (Catts et al., 1993).
● Acreditava-se que os transtornos formais do pensamento eram específicos da esquizofrenia.
Entretanto, tem-se verificado que pacientes com transtornos afetivos (mania ou depressão, psicóticas
ou não psicóticas) também os apresentam.
● No entanto, quanto mais bizarra for a estrutura do pensamento, maior é a probabilidade de se tratar de
esquizofrenia (Marengo; Harrow, 1987).
Yuri Banov Onishi
● Os transtornos formais do pensamento, nas psicoses (sobretudo na esquizofrenia), são indicadores da
gravidade do quadro.
● Os aspectos de empobrecimento e de desorganização do pensamento indicam pior prognóstico,
sendo que os de empobrecimento predizem com mais força desfechos ruins (Roche et al., 2015)

Transtornos do espectro autista


● sobretudo naqueles com alto funcionamento, pode haver o que alguns autores denominam “alterações
negativas do pensamento”, o que inclui empobrecimento em relação às ideias
● Recentemente, também têm sido relatadas no autismo alterações “positivas do pensamento”, como
afrouxamento das associações e incoerência.
● Tanto na esquizofrenia como no autismo, há marcante associação entre essas alterações do
pensamento e pior desempenho em funções frontais executivas (como memória de trabalho, inibição
de respostas, realização de tarefas sequenciais, flexibilidade cognitiva) (Ziermans et al., 2017).

10.3) Alterações do conteúdo do pensamento (persecutoriedade, conteúdos depreciativos, de poder,


riqueza, grandeza ou missão, religiosos, místicos, mágicos , eróticos, sexuais, de ciúmes , de culpa ,
conteúdos hipocondríacos
● É aquilo que preenche a estrutura do processo de pensar.
● Embora muitos autores classifiquem os delírios como alterações do conteúdo do pensamento, isso
nos parece incorreto.
● O conteúdo do pensamento apenas preenche uma forma, uma estrutura

● Ex: Quando um indivíduo acometido por uma psicose afirma que “os vizinhos preparam um complô
para matá-lo”,
○ o conteúdo é de perseguição,
○ o que está patologicamente alterado é a atribuição de realidade absoluta a esse pensamento,
ou seja, o modo como o juízo de realidade se constitui
● Ex:uma pessoa com um cargo político, em um contexto político tenso e muito conflitivo, pode viver
pensando que querem prejudicá-la, querem “armar contra ela”
○ o conteúdo é desconfiança e possivel perseguição
○ não está necessariamente delirando

● principais conteúdos que preenchem os sintomas psicopatológicos são:


○ persecutórios
○ depreciativos, de ataque à autoestima
○ de poder, riqueza, grandeza ou missão
○ religiosos, místicos, mágicos
○ eróticos, sexuais, de ciúmes
○ de culpa
○ conteúdos hipocondríacos
● A importância desses conteúdos tem a ver com a constituição social e histórica do indivíduo, com o
universo cultural no qual ele se insere, assim como com a estrutura psicológica e neuropsicológica do
Homo sapiens, como espécie
● Será apresentada algumas hipóteses acerca dos motivos pelos quais esses conteúdos são frequentes
na psicopatologia

Persecutoriedade
● ou vivências de perseguição
● sobrevivência e a segurança do indivíduo
● a possibilidade de ser atacado e destruído,
● são elementares tanto na perspectiva biológica como na psicológica e na sociocultural.
Yuri Banov Onishi
Conteúdos depreciativos
● menos-valia, vergonha e desvalorização
● são frequentes, pois estados afetivos depressivos são muito prevalentes em praticamente todos os
grupos sociais.

Conteúdos de poder
● riqueza, grandeza ou missão têm conexão com a dimensão de segurança,
● também se relacionam a questões narcísicas e de negação das dificuldades, limites e sofrimentos da
vida cotidiana.

Temas religiosos e místicos


● Não existe cultura ou grupo social humano em que a religião não desempenha papel central na
organização da representação do mundo,
● na articulação de formas de compreensão da origem e do destino do ser humano, dos valores
ético-morais, da compreensão do sofrimento e dos modos de constituição da subjetividade.

Sexualidade e a vida erótica


● apesar de secularmente reprimidas em muitas sociedades, nunca deixaram de ser temas de primordial
interesse ao ser humano
● se relaciona tanto a fatores instintivo-biológicos (sobrevivência da espécie) como a fatores
psicológicos, pois, paralelamente ao desenvolvimento das relações afetivas, há a erotização dessas
relações (amar é, ao mesmo tempo, um fenômeno afetivo e erótico).

Temas hipocondríacos
● a importância que o corpo tem na experiência humana. Toda a nossa vivência é corporificada
(embodied);
● o corpo é central para nós, é nosso limite, fonte de prazer e de dor, estejamos saudáveis ou doentes.
● Também estão implicados com essas questões o narcisismo relacionado às vivências corporais, o
desejo de bem estar físico, os temores relacionados ao risco permanente que todo ser humano tem de
adoecer fisicamente, sofrer e falecer.

11)SEMIOTÉCNICA DO PENSAMENTO

Perguntas para verificar o desenvolvimento e a estrutura global do pensamento


● (verificar a capacidade de abstração e de generalização e o grau de sofisticação das respostas):
● Que diferença há entre a mão e o pé? Entre o boi e o cavalo? Entre a água e o gelo? E entre o cristal
e a madeira?
● Entre 1 kg de chumbo e 1 kg de palha, o que pesa mais?
● Que diferença há entre falar uma coisa errada e dizer uma mentira? E entre a admiração e a inveja? E
entre ser uma pessoa econômica e ser uma pessoa mesquinha, um “pão-duro”?
● Que semelhanças há entre o carro, o trem e o avião?
○ Resposta precária e concreta: “São coisas”.
○ Resposta correta, mas ainda concreta: “Servem para a gente andar”.
○ Resposta com bom nível de generalização: “São veículos ou meios de transporte”. Que
semelhança há entre o martelo, a enxada e o trator? (Mesmo tipo de interpretação)
● Que semelhança há entre o martelo, a enxada e o trator? (Mesmo tipo de interpretação)

Ao longo da entrevista, verificar o curso do pensamento:


● Como flui o pensamento do paciente, seu curso (velocidade, ritmo), forma e conteúdos?
● O pensamento é lento e difícil ou rápido e fácil?
● O raciocínio alcança seu objetivo, chega a um ponto final, ou fica “orbitando” em temas secundários?
Yuri Banov Onishi

Verificar as formas e os tipos de pensamentos:


● O pensamento é coerente e bem compreensível? Ou é vago, com trechos incompreensíveis?
● O pensamento é predominantemente incompreensível, muito incoerente?
● Há associações por assonância? Há fuga de ideias?
● É concreto ou revela capacidade de abstração e uso de símbolos e categorias de generalização?
● O pensamento respeita a realidade ou segue os desígnios dos desejos e temores do paciente?

Caso se trate de pensamento desorganizado, incoerente, verificar:


● Tal desorganização é do tipo confusional (alteração da consciência), demencial (alteração da
cognição) ou deficitário (pobreza homogênea)?
● Estão presentes alterações características da esquizofrenia (afrouxamento, descarrilhamento,
desagregação)?
● Há ideias ou pensamentos do tipo obsessivo? Quais são os conteúdos, os temas, mais recorrentes e
marcantes no discurso do paciente?

12)INSTRUMENTOS PADRONIZADOS PARA AVALIAR ALTERAÇÕES DO PENSAMENTO


● A Scale for the Assessment of Thought, Language, and Communication (TLC) é uma escala que
abarca 18 tipos de transtornos do pensamento, a qual, pela influência dos trabalhos de Nancy
Andreasen, se tornou uma referência nas pesquisas (Andreasen, 1986).
● Thought Disorder Index (TDI), o Thought and Language Index (TLI) e o Assessment of
Bizarre-Idiosyncratic Thinking (BIT). Todas essas escalas devem ser utilizadas por pessoas com
conhecimentos clínicos. Até o momento, esses instrumentos não foram validados para uso no Brasil.

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Esse resumo foi feito pelo Yuri e foi disponibilizado gratuitamente
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obrigado =)

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