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Índios na rede: notas sobre o ciberativismo indígena brasileiro

Eliete da Silva Pereira


Historiadora e Mestre em Ciências Sociais
Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação
Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo
Pesquisadora do Centro de Pesquisa – ATOPOS (ECA-USP)
elipereira@usp.br

Resumo
O ciberespaço vem se constituindo num importante ambiente informacional de atuação dos povos indígenas do Brasil,
pelo qual o conflito e a afirmação das suas especificidades culturais requerem ações comunicativas na rede. Partindo da
análise da participação indígena brasileira no ciberespaço, este artigo tem por escopo principal realizar uma breve
reflexão sobre as características e os significados do ativismo indígena brasileiro na rede, enquanto ação nativa
contemporânea.

Palavras-chave: ciberespaço; comunicação indígena; ciberativismo; identidades indígenas; Internet

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Índios na rede: notas sobre o ciberativismo indígena brasileiro

No século XVI, os índios eram os bons selvagens para


uso na filosofia moral europeia, ou abomináveis
antropófagos para uso na colônia. No século XIX, eram,
quando extintos, os símbolos nobres do Brasil independente
e, quando de carne e osso, os ferozes obstáculos à penetração
que convinha precisamente extinguir. Hoje, eles são os puros
paladinos da natureza seja os inimigos internos, instrumentos
da cobiça internacional sobre a Amazônia. (...) Eles não
‘são’ nada disso, apenas ‘estão’ ocupando certas posições no
nosso imaginário. Ou seja, qualquer essencialismo é
enganoso. A posição das populações indígenas dependerá de
suas próprias escolhas.

Manuela Carneiro da Cunha (2009, p. 271).

Este artigo é um desdobramento de pesquisas realizadas sobre a presença


indígena brasileira na Internet (Pereira, 2007, 2008), resultado da maturação da análise
dessa experiência, que vem ao longo dos últimos anos esboçando novos significados do
ativismo indígena brasileiro na rede. Em vista disso, nosso intuito aqui é apresentar
brevemente as características e os significados dessa ação nativa contemporânea, levando
em consideração a assunção da comunicação digital no âmbito das relações interétnicas.
As tecnologias comunicativas formam as bases para contextos cada vez mais
globais, pelos quais a expressão das diferenças encontra nos ambientes informacionais a
visibilidade da sua própria dinamicidade cultural. As interações com interfaces e
arquiteturas digitais e as trocas entre universos culturais distintos, sobrepondo às fronteiras
geográficas, estimulam o aparecimento de novas e reconhecidas identidades étnicas.
No caso das identidades indígenas, o ciberespaço vem se constituindo num
significativo ambiente informacional de atuação dos povos nativos do Brasil e do mundo,
pelo qual o conflito e a afirmação das suas especificidades culturais requerem ações
comunicativas na rede. Essas experiências não se prestam às interpretações motivadas por
aquela percepção negativa do uso da tecnologia, oriundas das mesmas análises que tanto
assimilaram e reproduziram a imagem essencializada do índio do mundo do branco.
O crescimento do uso da Internet entre eles, logo, a apropriação, a interação e a
produção de conteúdos por esses povos – por meio de blogs, sites e portal – deriva da
própria dinamicidade cultural indígena que põe em risco os esquemas interpretativos que
tanto insistem na categorização estereotipada deles e que temem a perda da “substância

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indígena”, ao vê-los interagindo com as arquiteturas informativas do ciberespaço. Mais
que uma exigência deles, interagir com as tecnologias comunicativas digitais torna-se uma
importante ação comunicativa que vem sendo incorporada por esses povos no contexto da
política interétnica.

1. A Internet como espaço informacional de (inter)ação indígena

Desde seu surgimento ao grande público, com os provedores de acesso comerciais,


a Internet adquire novas significações pela colaboração de seus usuários/produtores, seja
pela apropriação criativa e colaborativa de pessoas, grupos, comunidades e coletividades.
Esse espaço informativo de comunicação digital, dotado de plasticidade em virtude da
digitalização de seus dados, disponibiliza múltiplas conexões e possibilidades de produção
de conteúdo e de interação.
A permeabilidade interativa dessa rede mundial torna o ciberespaço, além de um
espaço de comunicação (Lévy, 1999), mediado pelos computadores, numa experiência em
contínua transformação, onde se integram simbioticamente humanos, informações,
componentes físicos de computadores e programas. Efetivando-se como um importante
produtor de imaginários e um singular ecossistema capaz de integrar elementos técnicos e
sociais, o qual o sociólogo Massimo Di Felice caracteriza como:
formas experienciais das deslocações técnico-comunicativas (...) [que] criam e multiplicam
espaços e materialidades eletrônicas socialmente ativas” e que possibilitam, assim, “um novo
léxico capaz de relatar as experiências sociais que se criam a partir das formas de superação de
fronteiras entre orgânico e inorgânico. (Di Felice, 2005, p. 17).

Esse ecossistema tecnossocial, unificador dos elementos orgânicos e inorgânicos,


acionado pelo ciberespaço, estabelece uma “continuidade” entre o físico e o mental, um
novo espaço situado entre dois mundos, mental e real: “o ciberespaço descortina um novo
espaço para a complexidade da vida sobre a terra: um novo refúgio para um reino que está
“entre” os dois mundos. O ciberespaço torna-se uma nova sede para a própria consciência”
(Benedikt, 1991, p.132, apud De Kerckhove, 2010, pp. 154-155).
Uma nova sede da consciência embrenhada pela experiência da virtualização, a
qual o filósofo Pierre Lévy articula as noções de “realidade”, “possibilidade”, “atualidade”
e “virtualidade”. O virtual não se contrapõe ao real, segundo Lévy, o virtual existe e seu
modo fecundo e poderoso põe em jogo processos de criação “perfura poços de sentidos

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sob a presença física imediata” (Lévy, 1996, p. 12). Há, assim, nesses processos, a
complementação entre real e virtual numa espécie de jogos de espelhos em que, ambos,
são coisas distintas, o virtual se configura como efetivação do real enquanto potência e
como um dos principais vetores da criação da realidade.
Desse modo, para o filósofo, o ciberespaço vai além da virtualização da
informação e da comunicação, mas atinge “também o nós comunidade”. Não é neutra,
nem boa, nem má. A virtualização constitui-se em um movimento inverso da atualização,
a primeira “transforma a atualidade inicial em um caso particular de uma problemática
mais geral, sobre a qual passa a ser colocada a ênfase ontológica” (LÉVY, 1996, p. 18), a
atualização é devir, criação, invenção de uma forma a partir da problemática proposta pela
virtualização. A atualização vai de um problema a uma solução, permitindo a mutação da
própria identidade do objeto considerado (Lévy, 1996, p. 18).
Essa condição dinâmica do ciberespaço atribuída à simbiose entre mundo real e
mental, virtual e real, entre humanos, informações e máquinas, tem por inspiração a noção
de “rizoma” proposta pelos filósofos Gilles Deleuze e Félix Guattari na obra Mil Platôs
(1995). De procedência botânica, a metáfora do rizoma aproxima-se à função do caule
subterrâneo das plantas, aquilo que está entre a raiz (raízes monocotiledôneas), em
constante crescimento, atravessando diferentes pontos subterrâneos. Suas conexões nos
conduzem à idéia daquilo que é intermediário, em circulação, sem início nem fim, onde se
cresce e transborda. Nessa operação, Deleuze e Guattari estabelecem alguns princípios de
funcionamento do rizoma que se assemelham às características do ciberespaço: conexão,
heterogeneidade, multiplicidade, ruptura, cartografia.
Características somadas à virtualização da informação compõem esse ecossistema
tecnossocial/rizomático e reinventam interações sociais simbióticas que se efetivam na
deslocação do entendimento instrumental das tecnologias para a compreensão do seu papel
na transformação da percepção humana, como já mencionada por Marshall McLuhan
(1971) e Walter Benjamin (1996).
Dessa maneira, a ação indígena no ciberespaço é também uma transformação
perceptiva ocasionada pela interação desses sujeitos e povos indígenas com esse ambiente
informacional associado à ação nativa contemporânea. Com a apropriação, por
conseguinte, a interação com as tecnologias comunicativas digitais1, organizações e
sujeitos indígenas atuam e reelaboram discursos sobre si, condizentes, portanto, com a

1
Adotamos o termo “tecnologias comunicativas digitais” para sublinhar o aspecto específico do digital, em
lugar do termo “tecnologias de informação e comunicação” de caráter bastante genérico.

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participação de indígenas enquanto usuários e produtores do conteúdo da informação,
evocando uma condição nativa contemporânea, ciborgue, atravessada por softwares e
hardwares, sistemas informativos e fluxos comunicativos (Pereira, 2007, 2009). É nesse
sentido que compreendemos o ciberativismo indígena, como um conjunto de ações
comunicativas2 na rede mundial, ações tecnossociais realizadas por povos nativos, em que
a identificação étnica indígena remete às especificidades culturais (simbólicas e materiais)
e às suas reivindicações políticas.

2. O zapatismo e o surgimento do ciberativismo

Se as novas tecnologias comunicativas, a Internet, têm suas origens nos Estados


Unidos, a partir das estratégias militares e acadêmicas de comunicação, o ciberativismo,
enquanto ação comunicativa realizada através da rede, tem como marco o movimento
zapatista do sul do México. Mesmo que o ciberativismo indígena brasileiro surja
posteriormente e tenha suas especificidades, é importante mencionar esse movimento
indígena, mexicano e global, no contexto histórico da importância da comunicação para a
ação nativa contemporânea. Um levante local se transformou num movimento com
repercussões transnacionais inaugurado por ações comunicativas viabilizadas pelos
circuitos digitais da rede.
O Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZNL) – formado pelas etnias de
origem maia (Tzotziles, Tzeltales, Choles, Tojolabales, Mames e Zoques) – desde que se
levantou publicamente contra o Nafta (Tratado Norte-Americano de Livre Comércio) em
1º de janeiro de 1994, com mulheres e homens, encapuzados e armados – mostrou ao
público o Ya basta!, um grito de sublevação à precária situação econômica e social sofrida
pelas populações indígenas do país.
O México com maioria indígena, submetido por representantes políticos e
econômicos, destinava o lugar desses povos nativos ao imaginário mítico do passado
nacional consolidado no discurso da nação. As populações indígenas existiam para figurar
uma imagem da nação mexicana “indígena”, contudo, não partícipes da sociedade
nacional. A primeira declaração do EZLN manifestava justamente o que era negado a

2
“Ações comunicativas” aqui não têm o mesmo sentido elaborado por J. Habermas (1987). O filósofo
alemão compreende a ação comunicativa como uma forma de ação social em termos ideais – orientada pela
razão comunicativa – que envolve seus participantes em condições de igualdade para expressar ou produzir
suas opiniões.

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essas populações: “democracia, liberdade e justiça”. Demandas não exclusivamente
indígenas, mas de muitos mexicanos que estavam de fora das tomadas de decisões da
democracia representativa, marcada pela corrupção e pelo clientelismo.
Os zapatistas compreendem a luta pela liberdade e contra o neoliberalismo no
sentido não político, não ideológico, mas como a continuação das históricas lutas dos
povos maias, em defesa de sua terra e de sua diversidade (Di Felice, 2003). Tanto que o
objetivo dos zapatistas não é a tomada do poder, nem a constituição de um partido
político, mas a aposta de um permanente diálogo com a sociedade para poder ser mais
uma parte de um movimento plural e multiforme pela democracia. Colocam-se, assim, de
forma contrária ao “movimento de vanguarda” que lidera as “massas”, típico das
guerrilhas marxistas atuantes na América Latina nos anos 60 do séc. XX. O que re-
significa o uso das armas, para um caráter menos bélico e mais simbólico associado ao
papel de instrumentos para o direito de falar, denunciar e propor novas formas de atuação,
por uma democracia de fato.
Associada à crítica aos agentes tradicionais da política mexicana por meio de
uma não opção por uma “tomada do poder”, o uso da Internet para difundir os
comunicados (muitas vezes poéticos), as declarações e denunciar os abusos cometidos
pelo exército mexicano contra as comunidades da Selva Lacandona repercutiu na
inovadora mobilização zapatista.
Desde a insurgência em 1994 à Consulta Nacional pela Paz3, ocorrida no ano
seguinte, o conflito na região foi deslocado para as conexões da rede e ampliou-se
extraordinariamente em nível internacional: “Todos somos Marcos!”, estes eram os gritos
nas manifestações mexicanas. O I Encontro Intergaláctico pela Humanidade e contra o
Neoliberalismo - em julho de 1996, organizado pelos zapatistas em plena Selva Lacandona
- que reuniu mais de cinco mil pessoas de quarenta e dois países – tornou-se marco para a
“luta global” dos novos movimentos sociais, associando à origem do ciberativismo. Dali
originou-se um novo ciclo de ações dos movimentos sociais contemporâneos, isto é, de
diversas mobilizações globais, para protestos anti-globais, críticos ao neoliberalismo, nos
encontros do G8, do FMI, da OMC e do Bird em Seattle (1997) e em Gênova (1998).

3
A Consulta Nacional pela Paz realizada através de enquetes, com seis perguntas a respeito das demandas
do povo mexicano, como por exemplo, se o EZLN deveria se constituir em uma força política nova ou se
unir a outras. Esta consulta atingiu 1 milhão e 300 mil pessoas, do México e do mundo, através de várias
formas, inclusive a Internet. Desta consulta resultou a Frente Zapatista de Libertação Nacional (FZLN), um
“braço não armado” do EZLN, presente em várias cidades do mundo, inclusive no Brasil.

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A utilização da Internet permitiu aos zapatistas disseminar seus comunicados e
denúncias ao mundo, criando uma rede de grupos de apoio mobilizadores de uma opinião
pública internacional capaz de impedir o governo mexicano de usar a repressão em larga
escala e forçando-o a negociar com os zapatistas. Isto é, os zapatistas utilizaram a Internet 4
de forma inovadora, permeada por uma linguagem sofisticada, nas palavras poéticas do
Sub-Comandante Marcos, a fim de criar amplas redes de solidariedade (Yúdice, 2000, p.
433). Daí decorre a mudança do conflito social para a comunicação, que não
instrumentaliza as mídias, mas as problematizam como o lugar de atuação do simbólico no
contexto da sociedade informacional (Castells, 2002a).
Para Castells (2002b), na sua análise do poder no contexto da Era da
Informação, os zapatistas são entendidos como um dos novos sujeitos, no lugar daqueles
pertencentes às velhas estruturas políticas produzidas na modernidade: os sindicatos e os
partidos políticos. São agentes sociais mobilizadores de símbolos que dão voz a projetos
autônomos de identidades que visam a transformação dos códigos culturais contrários às
consequências excludentes da modernização econômica presentes na nova ordem global.
Ainda que a luta pelos direitos e por uma dignidade indígena não se configure na defesa de
uma identidade étnica (Castells, 2002). Os zapatistas sublinham que não são um grupo de
identidade e que seus esforços se destinam a transformar e revigorar a sociedade civil para
todos (Yúdice, 2000). O capuz, o “pasamontaña”, entre tantas interpretações possíveis,
denota na imagem dos “sem rostos” a metáfora de “todos e todas” que querem dignidade e
justiça (Montezemolo, 1997).
Essa ação comunicativa zapatista transferiu o conflito para o ambiente digital,
transformando-o num conflito com caráter “transnacional”, aberto ao diálogo com a
comunidade nacional e internacional, dos “sem rostos” que passaram a se mostrar visíveis
na sua diversidade.

4
No site organizado por Justian Paulson, reconhecido pelo EZLN: www.ezln.org.mx, tem disponível todos
os comunicados, declarações e uma rádio zapatista.

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3. O ciberativismo indígena brasileiro

(...) vemos que cada vez mais, muitos povos indígenas


conquistam um novo espaço, a fim de trazer para os brancos e
‘parentes’ indígenas sua cultura e modos de vida, da forma
como querem que sejam vistos; com o olhar indígena – ‘eu me
vejo’.
Eu me vejo como indivíduo com modo de vida
diferenciado, embora em muitos casos, esteja integrado ao
mundo dos brancos, porém, tenho tradições diferentes, próprias
que se conectam com a realidade do outro.

Naine Terena (2007, p. 44)

Muitas são as diferenças entre o ciberativismo zapatista e àquele indígena


brasileiro. Não queremos estabelecer aqui comparações, já que os contrastes são grandes e
não é este o escopo deste artigo. O importante mencionar aqui é que o ciberativismo
indígena brasileiro está em desenvolvimento e não tem uma dimensão de movimento
social global, como aquele zapatista, está associado às características dos povos indígenas
no Brasil e sua inserção na sociedade nacional.
No país, muito embora existam experiências significativas de participação
indígena na rede digital, é fato que a inclusão digital é ainda um enorme desafio. Decorre,
principalmente, das dificuldades de instalação e manutenção de equipamentos e de pessoal
treinado nas aldeias. Mesmo que esses últimos anos tenham sido marcados por iniciativas
não governamentais e governamentais, como o programa do governo federal ‘Pontos de
Culturas Indígenas’5, implementado pelo Ministério da Cultura, a demanda indígena pela
inclusão digital é maior que a cobertura oferecida.
Além da possibilidade de afirmação da sua dinamicidade cultural na medida em
que se promove a visibilidade dos conteúdos simbólicos das suas identidades étnicas, essa
demanda indígena pela inclusão digital advém também da percepção que a construção de
novas estratégias comunicativas pode ajudar na pressão pela resolução de problemas
históricos, como da garantia do direito a terra.
De modo que os conflitos em torno da demarcação e da proteção contra a
invasão de terras indígenas envolvem igualmente a mobilização indígena, e não indígena,
nesses ambientes informacionais digitais. Vide o exemplo dos Suruí da terra indígena Sete
5
Em 2006, o Ministério da Cultura, em parceria com o Ministério das Telecomunicações e do Ministério do
Trabalho e Renda, lançou os “Pontos de Cultura” dentro do Programa GESAC do governo federal para a
disponibilização de computadores conectados à Internet nos postos de saúde da FUNASA nas aldeias. Nos
últimos dois anos, vários desses pontos passaram a ser chamados de pontos de cultura indígenas, com
aproximadamente 160 já instalados em todo o país. Contudo, a qualidade da conexão oferecida pelo
Programa é baixa, impedindo a regularidade do uso da Internet nas comunidades contempladas.

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de Setembro, situada na divisa entre os Estados de Rondônia e do Acre. Ao utilizarem o
Google Earth para mapear as suas terras e protegê-las do desmatamento, através da
parceria com o Google Outreach, braço social do Google, os Suruí fotografam e registram
as ações de desmatamento em suas terras, disponibilizando na Internet essas informações e
acionando, dessa forma, uma rede de instituições governamentais e não governamentais.
Outro exemplo, situado num contexto marcado pela violência, é o blog
http://retomadatupinamba.blogspot.com/ lançado pelos Tupinambá, os quais estão
publicando notícias do conflito na região do sul da Bahia. Essa ação informativa foi
realizada por eles para pressionar a homologação daquelas terras indígenas, denunciar os
abusos e combater a difamação contra aquele povo situado na Serra do Padeiro (BA), onde
o cacique Tupinambá Babau foi preso e acusado por uma série de delitos, até o momento
sem provas, por, de fato, forçar o processo de demarcação daquelas terras. Por causa
desses conflitos em torno de terras na região, a reivindicação da identidade étnica por
parte desses povos foi questionada e ridicularizada por veículos da mídia local e nacional.
Isso demonstra que mais uma vez essas ações indígenas locais em ambientes
informacionais contrariam aquele ideal de índio relegado ao pólo da natureza, símbolo da
pureza em oposição a toda e qualquer interação com objetos técnicos. Há nessas interações
a possibilidade de afirmação e de reelaboração da identidade étnica indígena que
ultrapassa a perspectiva do uso instrumental da Internet e começa a despertar algum
interesse acadêmico, resultando em pesquisas de nível de mestrado e de doutorado e em
algumas publicações.
Desde o surgimento há mais de 10 anos de provedores de acesso a Internet no
país, a ação indígena na rede torna-se significativa, não por sua expressão numérica, mas
porque ela corresponde a uma novidade na dinâmica cultural desses povos. Vários deles6
auto-identificados Terena, Guarani, Xavantes, entre outras 36 etnias, estão no ciberespaço
por meio de algum site, blog, portal ou inscritos em redes sociais de relacionamento
(principalmente, Orkut e Facebook).
Após a realização de mapeamento de 50 sites7, dos 19 blogs e um portal da Rede
Índios Online, e da análise das suas narrativas hipertextuais no seu repertório de

6
Foram mapeados sites de sujeitos e grupos pertencentes aos seguintes povos indígenas: Ashaninka,
Atikum, Fulni-ô, Galibi, Galibi-Marworno, Guajajara, Guarani Mbyá, Guarani Nãndevá, Kaingang,
Kamayura, Karipuna, Kariri-Xocó, Kaxinawá, Kaxixó, Kiriri, Korubo, Krenak, Kuikuro, Maxacali,
Maytapu, Munduruku, Murá, Palikur, Pankararé, Pankararu, Pataxó Hã-Hã-Hãe, Potiguara,
Suruí,Tapeba,Tapuya, Terena, Ticuna, Truká, Tumbalalá,Tupinambá, Xakriabá, Xavante, Xucuru-Kariri,
Xukuru.
7
Mapeamento realizado entre 2007 e 2009.

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significação8, identificamos que a ação comunicativa indígena passa pela atuação das
organizações indígenas, sejam elas nacionais, regionais ou locais (ciberativismo
institucional) e pela emergência dos escritores indígenas, com seus sites e blogs pessoais
(ciberativismo de sujeitos indígenas). Em seguida, apresentaremos brevemente as suas
características e significados.

3.1. Ciberativismo de organizações indígenas: o ciberativismo institucional

Do total de sites indígenas brasileiros mapeados e analisados, 62% são de


organizações indígenas, entre os quais 14% são de sites nacionais, 20% sites regionais e
28% de sites locais, formados principalmente por associações derivadas das aldeias. Essa
característica da ação indígena brasileira no ciberespaço demonstra o aspecto institucional
de atuação e de interação com a rede e uma compreensão da própria Internet, por parte
dessas organizações, associada à luta por direitos, portanto, espaço de reivindicações
políticas, visibilidade étnica perante a sociedade nacional e internacional.
Destaca-se, desse modo, uma parte expressiva de organizações que surge com o
ciberespaço. A Internet mostra-se então, não como um instrumento das organizações
indígenas, mas ao contrário, como um ambiente informacional condicionante da ação
indígena na rede, dado seu aspecto reticular, ubíquo e interativo. É na dinâmica da
comunicação em rede que as organizações indígenas revitalizam suas demandas políticas.
Contudo, diferentemente das tradicionais organizações indígenas latino-
americanas9, com destaque às mexicanas, que estão há mais tempo presentes nesses
contextos informacionais, e neles lançam as mais diversas estratégias, vide o próprio
movimento zapatista (embora não seja uma organização genuinamente indígena), as
organizações indígenas brasileiras estão aos poucos voltando-se para a ocupação desses
ambientes, processo também simultâneo à disseminação da educação indígena

8
Atividade interpretativa de atribuir sentido a partir das relações com outros textos, imagens, sons, etc, ou
hipertextos; e como seus significados se relacionam numa rede de associação e dissociação de sentidos.
(Lévy, 1993, p. 72-73).
9
As organizações indígenas na América Latina têm uma longa tradição institucional, chegando até, em
alguns países, a tornarem-se uma força política nacional com peso na política representativa, vide o caso do
presidente boliviano eleito, Evo Morales, pertencente ao Movimento pelo Socialismo (MAS) o qual é ligado
ao Movimento Revolucionário Tupaj Katari de Libertação e o partido indígena-camponês Instrumento
Político para Soberania dos Povos (IPSP). A participação política indígena e sua consenquente organização
em torno de movimentos políticos, deve-se ao fato de que em muitos países a população indígena tem
origem camponesa e é maioria. Por sua força de trabalho estar ligada à economia local, muitos desses grupos
indígenas se organizam em sindicatos, constituindo-se enquanto classe social.

1
10
intercultural e à assimilação da importância da Internet para a própria visibilidade
institucional.
As potencialidades do ciberespaço de promoção do protagonismo indígena
lançam desafios para os mesmos. Se a luta, por aquilo que para os índios é central em suas
demandas – a “terra” como lugar de sobrevivência cultural, já não passa pela ocupação de
espaços políticos tradicionais, mas pelo ambiente informacional, é porque nele se revelam
as mais diversas dinâmicas, intrísecas ao sentido comunicativo da ação e do conflito. Para
dar conta desse desafio, as organizações indígenas, principamente aquelas nacionais e
regionais, estão aos poucos buscando profissionalizar-se, introduzindo nas suas
organizações uma estrutura voltada à gestão da informação (com a formação de uma
equipe de comunicação que possa, por exemplo, atualizar o site e produzir conteúdos
específicos) de acordo com o contexto informacional das lutas políticas atuais.
Contexto esse que parece validar o significado da comunicação digital integrada
à ação indígena e à sua perfomatização étnica e identitária como modo eficaz para a sua
sobrevivência não só simbólica, mas também física. Institutir contatos e redes de apoio no
Brasil e no mundo, transitar no mundo dos não-indígenas e afirmar a diversidade étnica
cultural indígena, empoderam-os restabelecendo novas dinâmicas para a política
interétnica.

Ciberativismo indígena de organizações nacionais

É aquele ciberativismo indígena realizado por organizações nacionais,


apresentado nos sites que pertencem às instituições que não têm caráter local ou regional
de suas ações. Alguns não possuem sede física (Rede Grumin, Núcleo de Escritores e
Artistas Indígenas, Associação de Profissionais Indígenas etc) o que indica o ciberespaço
como um modo de interagir com a sociedade nacional e internacional e entre eles mesmos.
Mostra-se, ainda, a centralidade da comunicação na ação das organizações
indígenas, fazendo manifestar a exigência de se estar presente na Internet com um site,
nem que o mesmo não seja atualizado regularmente.
Nesses sites são perfomatizados o ‘índio genérico’, reabilitando-o para uma ação
comunicativa voltada à afirmação étnica. São sites metacomunicativos, enquanto
linguagens comunicativas que falam sobre a comunicação indígena (escrita, audiovisual
etc). Detectamos aqui, as matices da tendência da ação indígena de voltar-se cada vez mais

1
11
para a ação comunicativa digital, convergindo as diversas linguagens midiáticas. É no
espaço simbólico do digital que as suas lutas dessas instituições ganham novas
tonalidades.

Ciberativismo indígena de organizações regionais

Essa modalidade de ciberativismo indígena exercido pelas associações ou


organizações de grupos indígenas localizados regionalmente no Brasil, ou por um
ecossistema, no caso amazônico, a COICA (Coordinadora de las Organizaciones
Indígenas de la Cuenca Amazônica). A territorialidade é uma referência de organização
desses sites, mas também informa-nos a categoria profissional emergente de coletivos
étnicos, a dos professores indígenas, a exemplo da Organização Geral dos Professores
Ticunas Bilíngües (OGPTB) e da Organização dos Professores Indígenas Mura (OPIM); e
de gênero, como a Organização de Mulheres Indígenas do Acre, único blog dessa
categoria.
Esses sites de organizações regionais acionam uma identificação étnica,
profissional e de gênero que encontram no ciberespaço, e nos seus ambientes interativos, o
espaço de interlocução de uma ação comunicativa indígena centrada na construção de
novas ações indígenas coletivas. Alguns grupos étnicos que se reúnem para operar ações
na rede, por exemplo, o grupo do Portal Índios Online, formado por etnias do nordeste
brasileiro, busca uma comunicação entre os “parentes” (termo nativo para denominar
outro indígena, independente do grupo étnico), o registro da história deles e, finalmente, a
mobilização de recursos através de projetos de desenvolvimento local para as aldeias da
região. De modo geral, a eficácia dessa ação comunicativa parece se apoiar menos em sua
arquitetura da informação e mais num campo estético e semântico de imagens e códigos
de etnicidade, construído por essas coletividades.

Ciberativismo indígena de associações locais

Formado pelas associações locais, sobretudo das aldeias, esse tipo de


ciberativismo aponta para o esforço local de uma política interétnica. São associações
culturais que buscam realizar um contato direto, por meio das arquiteturas de informação,

1
12
com objetivo de divulgar a cultura local e obter apoios seja com o convite à visita à aldeia,
seja com apoio aos projetos realizados nela. O conflito também é revelado nesses sites, por
exemplo, o blog do Santuário dos Pajés de um grupo de índios de várias etnias que
ocupam uma região de cerrado dentro da capital brasileira há mais de 30 anos, os quais
estão sendo ameaçados de expulsão pelo interesse imobiliário10.
Esses sites locais revelam as recentes transformações geradas na estrutura
social das aldeias. Com a formação das associações, seu ‘presidente’ ou ‘diretor’ nem
sempre corresponde à liderança tradicional da aldeia, mas algum membro, que por algum
motivo, tenha a competência da escrita e do domínio do idioma (português) torna-se,
assim, um mediador cultural. Surgem, portanto, novos papéis sociais altamente
valorizados no interior da política indígena. Além dos caciques11, dos xamãs, agora
existem os professores, os realizadores (videomakers), os escritores indígenas que a partir
de experiências anteriores com as tecnologias de comunicação (escrita e vídeo
principalmente) estão atuando no ciberespaço. Ou seja, surge um grupo de sujeitos,
formado majoritariamente por jovens, identificados pela sua atuação comunicativa dentro
e fora da aldeia.
Nesse sentido, com o acesso à internet nas aldeias e a produção de conteúdo por
essas comunidades emergem novas formas de prestígios, assimiladas e atuadas também na
dinâmica política interna dessas comunidades que busca travar um diálogo intercultural
onde está em jogo a sua sobrevivência.

3.2. Ciberativismo de sujeitos indígenas

Considerando a presença nativa de sujeitos indígenas, que se auto-identificam


etnicamente no ciberespaço, identificamos precisamente 13 sites de mulheres e homens

10
Sendo uma região altamente valorizada, há um projeto de construção de prédios residenciais de luxo, o
chamado setor “Noroeste”, com apoio do Governo do Distrito Federal. A disputa está no âmbito da justiça
federal, mas durante o processo que ainda perdura, os índios sofreram os mais diversos tipos de ameaças e
intimidações, por parte, principamente, daqueles cujo interesse pelo setor serão os maiores beneficiários.
11
O termo ‘cacique’ designa ‘chefe’, ‘liderança’ indígena e origina-se dos povos pré-colombianos. O termo
tornou-se genérico para determinar esse estatuto social de poder local. Ao longo dos anos, ganhou conotação
negativa para designar a influência arbitrária dessas lideranças, dos ‘caciques’, sobre as comunidades locais,
assim, denominada pela política colonial. Mas existem inúmeros termos nativos que se aproximam da
atribuição de ‘liderança’ dada à comunidade para o seu ‘chefe’. Embora saibamos dessas diferenças e do
problema que corresponde ao termo, optamos por mantê-lo para melhor comunicar ao leitor sobre essa
liderança local, que por alguma razão alcança prestígio nessas coletividades.

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13
indígenas. Ao localizarmos essas experiências individuais na rede, pressupomos então, a
compreensão da dimensão do sujeito, categoria esta que em coletivos indígenas revela-se
tanto quanto problemática, pois não possui similitude àquela produzida pelo ocidente12.
Mas, então, que sujeito é esse que estamos falando o qual qualifica o
ciberativismo de sujeitos indígenas a partir dos sites ‘pessoais’ (autorais)? A partir da
noção de ‘pessoa’ de Marcel Mauss (1974), correspondente ao seu sentido historicamente
construído, identificamos nos sites autorais, os sujeitos no plural, também como sujeitos
étnicos13 (Cardoso de Oliveira, 2006), enunciadores de uma dinâmica identidade étnica,
portanto, perfomancers de atribuições de indianidade estabelecidas por suas posições
(Hall, 2003) que no contexto digital, esse mesmo favorece o aparecimento, bem como os
trânsitos, as deslocações de subjetividades e as relações desses sujeitos com os outros,
sejam indígenas e não indígenas.
Contudo, as narrativas hipertextuais enunciadas por esses sujeitos expressam um
“eu” em “comunidade”, referencial de uma autoconsciência étnica, atribuída
contrastivamente (a partir do estranhamento e do reconhecimento de si diante do ‘outro’ –
não indígena). Nos sites pessoais, em muitos casos, esses sujeitos tomam a palavra
coletiva, o nós, de uma identidade étnica ou genérica de “índio” para qualificar o seu
discurso imputando-lhe a autoridade perante sua coletividade e seu leitor/navegador.
Ao compreendermos o sentido aqui empregado de ‘sujeitos’ posicionados em
seus contextos (orais e/ou tecnossociais), outra pergunta nos esclarece melhor essa nova
atuação indígena: quem são esses sujeitos? Esse caráter “novo” advém dessa
contemporânea situação indígena: em primeiro lugar do crescimento da educação
intercultural e acesso ao ensino superior, o que leva à aquisição da competência da escrita
e à valorização da consciência étnica; em segundo, a importância da comunicação, o que
ocasiona a crescente participação indígena no ciberespaço e em outras modalidades
midiáticas (audiovisual, rádio e literatura). Derivados desses contextos que vem se
delineando nos últimos anos, principalmente por sujeitos indígenas metropolitanos (que
vivem, nasceram ou têm contato com a cidade), estão no ciberespaço os escritores Eliane
Potiguara, Olívio Jekupé e Daniel Munduruku; o advogado Danilo Luz; o artista Roman

12
Aqui nos referimos sobre a concepção de sujeito originária do Iluminismo, a qual designa o sujeito
racional, coeso e universal; e nos referimos também à crítica a ele produzida pelo pós-estruturalismo e pelo
movimento feminista (FOUCAULT, 1997; BUTLER, 1998).
13
Roberto Cardoso de Oliveira (2006) refere-se sujeito étnico, ‘sujeitos históricos plenos’, a autoconsciência
que esses sujeitos produzem sobre si, que aqui compreendemos como esse processo de subjetivação e
constituição desses sujeitos étnicos que acontece também na tomada da palavra presente nas suas narrativas
digitais, bem como nas arquiteturas de informação digitais (blogs, sites, portal etc.)

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14
Ketchua, o antropólogo e professor Florêncio Vaz; a radialista e produtora cultural Naine
Terena; o xamã Txana Uri, os estudantes indígenas Leopardo Yawa e Aricema Pataxó e o
diretor do Memorial dos Povos Indígenas, Marcos Terena.
O modo como esse ativismo realizado por esses sujeitos no ciberespaço se
manifesta é predominantemente através de blogs, os quais eles rearticulam um discurso
étnico a favor da especificidade do pensamento indígena, fazendo da Internet, um
ambiente informacional digital de articulação de redes de contato e apoio e de divulgação
de notícias sobre os povos indígenas.
Embora percebamos que em muitos casos esses sites e blogs não são atualizados,
consideramos que essas arquiteturas informativas registradas são válidas e significativas
para compreendermos formas de atuação desses sujeitos que se transformam,
efetivamente, em mediadores culturais entre o mundo indígena e o mundo ‘branco’; e
entre os canais e veículos de informação tradicionais 14 e entre as instituições
governamentais. Já que alguns publicam em seus blogs matérias jornalísticas referentes à
questão indígena e documentos desses povos sobre manifestações e protestos. Tem-se,
assim, nessa posição, um esforço de tradução do mundo indígena realizado
principalmente, por esses escritores, habitantes das cidades, articuladores que reelaboram
os saberes da sua tradição, resultando, muitas vezes, numa composição criativa e híbrida
de significantes, de referenciais e de estruturas hipertextuais, estimuladora de novas
significações culturais indígenas.

14
Notícias de jornais ainda são reconhecidas como fonte ‘confiável’ e de ‘prestígio’. Por exemplo, ter uma
entrevista publicada num jornal de grande circulação no Brasil, para eles, é um modo de se obter prestígio,
principalmente se a entrevista for de um escritor indígena e que, por meio dela, se ganha grande visibilidade.
Quando há alguma matéria do tipo, logo é reproduzida digitalmente por algum blog indígena. Os sites
pessoais fazem muito esse tipo de reprodução de matérias jornalísticas, principalmente com matérias
advindas de jornais de instituições indigenistas (FUNASA, CIMI, ISA).

1
15
Referências bibliográficas

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Referências eletrônicas

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GRUMIN/Rede de Comunicação Indígena


http://blog.elianePotiguara.org.br

Instituto Indígena Brasileiro para a Propriedade Intelectual


http://www.inbrapi.org.br

Warã - Instituto Indígena do Brasil


http://www.institutowara.org.br

Instituto das Tradições Indígenas


http://www.ideti.org.br

NEArIn - Núcleo de Escritores e Artistas Indígenas


http://www.escritoresindigenas.blogspot.com/

Associação de Profissionais Indígenas


http://www.tvindigena.blogspot.com/

Sites indígenas de organizações regionais

APIO – Associação dos Povos Indígenas do Oiapoque


http://www.povosindigenasdooiapoque.com.br

Conselho Indígena de Roraima


http://www.cir.org.br

COIAB – Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira


http://www.coiab.com.br

Coordinadora de las Organizaciones Indígenas de la Cuenca Amazônica


http://www.coica.org.ec

Portal Índios Online


http://www.indiosonline.org.br

Organização de Mulheres Indígenas do Acre, Sul do Amazonas e Noroeste de Rondônia


http://www.sitoakore.blogspot.com

Povo Surui
http://www.paiter.org/
Organização Geral dos Professores Ticunas Bilíngües (OGPTB)
http://www.ogptb.org.br/

OPIM – Organização dos Professores Indígenas Mura


http://www.opim.com.br/opim.html

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Sites indígenas de associações locais

Associação Artística Cultural Nhandeva – Nossa Gente


http://www.nhandeva.org

Associação Guarani Nhe’em Porã


http://www.culturaGuarani.hpg.com.br

Associação Warã da aldeia Abellhinha


http://www.wara.nativeweb.org

Associação Guarani Aldeia Tenondé Porá


http://www.setor3.com.br/sitesolidario/Tenonde

Ação dos Jovens Indígenas de Dourados


http://ajindo.blogspot.com

Aikax- Associação Indígena Kuikuro do Alto Xingú


http://associacaoindigenakuikuro.blogspot.com/

Apiwtxa Associação do Povo Ashaninka do Rio Amônia


http://www.apiwtxa.blogspot.com/

Grupo Te – Terena - Aldeia Marçal de Souza


http://www.grupote.cjb.net/

Amigos do Kamayura da aldeia Kamayura


http://www.kamayura.org.br/index.php

Projeto Pindorama- Indígenas na PUC São Paulo


http://www.projeto-pindorama.blogspot.com/

Santuário dos Pajés


http://www.santuariodospajes.blogspot.com/

Centro de Produção Cultural Tapeba


http://www.tapeba.com.br/index.php

Aldeia Tekoa Mboy-ty – Guarani de Camboinhas


http://www.tekoamboytyitarypu.site90.com/

Veyékou Emó’u Têrenoe – Voz Terena


http://vozterena.blogspot.com/

Aldeia Xavante Pimentel Barbosa


http://www2.uol.com.br/aprendiz/designsocial/xavante/index.htm

Sites indígenas pessoais

Douglas Krenak
http://nakvioflex.zip.net

Eliane Potiguara
http://www.elianePotiguara.org.br

Daniel Munduruku
http://www.danielmunduruku.com.br

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Abiayala – Trabalhos Xamânicos e Arte Indígena
http://abiayala.vilabol.uol.com.br/index.html

Florêncio Vaz
http://florenciovaz.blog.uol.com.br

Naine Terena
http://fabrica9.spaceblog.com.br

Olívio Jekupé
http://oliviojekupe.blogspot.com/

Danilo Luiz
http://daniloluiz.blog-br.com/

Reserva Pataxó da Jaqueira - Aricema Pataxó


http://reservapataxojaqueira.blogspot.com/

Yakuy Tupinambá
http://incluir.unb.br/blog/?u=yakuy

Marcos Terena
http://www.marcosterena.blogspot.com

Leopardo Yawa Bane Huni Kuin


http://www.renarg.org/kaxinawa/

Txaná Uri
http://txanauri.blogspot.com/

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