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DEPARTAMENTO DE ENSINO DE INVESTIGAÇÃO DE CONTABILIDADE E

AUDITORIA

SISTEMA DE GESTÃO ANTÍ-CORRUPÇÃO

Especialidade: Contabilidade e Auditoria

Ano Académico: 4° Ano

Ano Lectivo: 2022/2023

Período: Tarde

Semestre: II

HUAMBO, JUNHO DE 2023


DEPARTAMENTO DE ENSINO DE INVESTIGAÇÃO DE CONTABILIDADE E
AUDITORIA

SISTEMA DE GESTÃO ANTÍ-CORRUPÇÃO

Trabalho em grupo, apresentado na Faculdade de


Economia da Universidade José Eduardo dos
Santos como exigência de uma das frequências na
cadeira de Contabilidade das Instituições de
Crédito.

Docente: José Sidónio Boavida Pais, MSc.

HUAMBO, JUNHO DE 2023


Lista nominal dos integrantes do grupo

N/O Nome (%) de Participação Nota Obs.

1 Ana Janete Vicente 100%

2 Florinda Amélia Matapalo Eduardo 100%


ÍNDICE

RESUMO................................................................................................................................... 5

INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 1

Objectivos .............................................................................................................................. 2

Geral .................................................................................................................................. 2

Específicos ......................................................................................................................... 2

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ........................................................................................... 3

1.1. Corrupção: Origem Etimológica e Conceito ........................................................... 3

1.1.1. Origem Etimológica ............................................................................................. 3

1.1.2. Conceito ................................................................................................................ 3

1.1.3. Tipos de Corrupção .............................................................................................. 5

1.2. A Corrupção em Angola............................................................................................ 8

1.2.1. Legislação Angolana sobre a Prevenção e Combate a Corrupção ....................... 9

1.3. Sistema de Gestão Antí-Corrupção .......................................................................... 9

1.3.1. Riscos de Corrupção ........................................................................................... 10

METODOLOGIA................................................................................................................... 11

2.1. Tipos de pesquisa ..................................................................................................... 11

2.1.1. Pesquisa Descritiva ............................................................................................. 11

2.1.2. Pesquisa Bibliográfica ........................................................................................ 11

2.1.3. Pesquisa Qualitativa ........................................................................................... 11

2.1.4. Pesquisa Quantitativa ......................................................................................... 11

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ................................................ 12

CONCLUSÕES....................................................................................................................... 13

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 14


RESUMO

A corrupção é um fenómeno tão complexo que leva a destruição. “A corrupção manifesta-se


como um problema para as vidas das gerações atuais e futuras. Um sistema de gestão
anticorrupção é um conjunto de elementos de uma organização para o estabelecimento de
políticas, objetivos e processos para atingir esses objetivos que visam (i) instituir uma cultura
anticorrupção em todos os níveis da organização e (ii) implementar os controlos adequados para
prevenir, detetar e combater a corrupção. A revisão de literatura feita, revelou que a corrupção
é como um câncer que precisa ser erradicado, e os sistemas de gestão anticorrupção são
adoptados e implementados com a finalidade de prevenir e combater a corrupção. É importante
que as nações e empresas invistam mais em sitemas de gestão anticorrupção e que por meio da
regulamentação, com a criação de leis, normas, decretos e regulamentos, se combata a
corrupção. O presente trabalho foi elaborado com recurso a metodologia, com recurso a
utilização da pesquisa descritiva, Quantitativa e Qualitativa, Bibliográfica e Documental.

Palavras-Chave: Corrupção; Sistema de gestão anticorrupção.


INTRODUÇÃO

A corrupção é um fenómeno mundial, fortemente destrutivo de valores ou recursos que está


muito disseminado e impacta e determina preocupações de ordem social, moral, política e
económica, comprometendo a boa governança e distorcendo a concorrência entre entidades e
países, (Aguiar Branco, 2016).

A corrupção não é um fenómeno actual. por isso, Fernandes (2009), afirma que desde os anos
setenta, a corrupção tornou-se um tema recorrente dos media e um objecto de debates e de
análises elaborados por investigadores oriundos dos mais variados campos de conhecimento,
dentre outros, a economia, ciências sociais, direito, política. O interesse dos investigadores, dos
jornalistas, bem como dos juízes, advogados ou economistas, explica-se pela dimensão que a
corrupção atingiu na esfera dos negócios públicos e privados. Qualquer cidadão, leitor assíduo
de jornais ou revistas, certamente encontra diariamente uma notícia de escândalo de corrupção.

Independentemente do caso particular, a corrupção afeta toda a sociedade, lesando, não só a


prestação de serviços públicos, que perdem eficiência e eficácia, mas prejudicando o
desenvolvimento socioeconómico dos países, para além de causar uma perda de confiança, por
parte dos cidadãos, nos serviços públicos, (Monteiro, 2021).

Actualmente, a corrupção é um fenómeno socioeconómico universal que pode ser observado


nas mais diversas instituições. E os seus autores são indivíduos, pessoas que se aliam por um
determinado prazo para um determinado fim. Trata-se de um fenómeno universal, com
consequências nefastas que podem ser observadas tanto no dia-a-dia dos cidadãos como nas
instituições regionais ou nacionais de um país, bem como nas instituições internacionais,
(Fernandes, 2009).

Monteiro (2021), a corrupção é um fenómeno que acompanha a humanidade desde tempos


longínquos, em eras e locais em que era mais socialmente aceitável, a outras em tal paradigma
social mudou e a corrupção se tornou menos aceitável, menos tolerada.

“A corrupção manifesta-se como um problema para as vidas das gerações atuais e futuras”,
(Bondoso, 2015).

Um sistema de Gestão anticorrupção, é constituído por um conjunto de leis, normas, políticas,


regulamentos, práticas e procedimentos, que visam na sua operacionalização, a prevenção e o
combate a corrupção, bem como prevenir o controle dos riscos de corrupção e integridade a que
uma determinada organização pública ou privada se encontre exposta.

1
Objectivos
Geral

 Analisar a importância do sistema de Gestão anticorrupção e como contribui para a


mitigação, prevenção e Combate a Corrupção.

Específicos

 Fundamentar Teoricamente o Tema;


 Apresentar os riscos subjacentes a corrupção;
 Entender a importância do sistema de Gestão anticorrupção;

2
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

1.1. Corrupção: Origem Etimológica e Conceito


1.1.1. Origem Etimológica

A palavra corrupção deriva do latim, corruptus que, literalmente, significa quebrado em


pedaços e em outra acepção: “apodrecido”, pútrido1 . Por conseguinte, o verbo corromper
significa tornar pútrido, podre. A palavra corrupção pode significar a transformação do estado
natural de uma coisa ou substância, especialmente, por putrefacção ou decomposição. A palavra
serve também para qualificar o carácter degradado, infestado de mal, depravado, pervertido,
malicioso e maligno, (Fernandes, 2009).

Prates (2014, p.5), “afirma que a palavra corrupção deriva do latim corruptio, com o sentido de
«deterioração», «acto, processo ou efeito de corromper», ou no seu plural corruptus, ou seja,
«algo desfeito em pedaços»”.

De acordo com o dicionário da língua portuguesa, esta palavra pode significar diversas coisas,
entre as quais decomposição física de alguma coisa, modificação das características originais
de algo, adulteração, perversão moral ou uso de meios ilícitos para obter algo.

Por aqui, ficamos já com a ideia concebida que a corrupção é uma alteração propositada curso
natural de algo, através duma acção que cria um caminho anormal para um determinado fim.

Ao falar-se de corrupção, pode ser comum considerar situações/casos relacionados com


dinheiro, habitualmente, dinheiro dos contribuintes, dos cidadãos, e não é considerado um
espectro mais abrangente do fenómeno que é a corrupção, (Monteiro, 2021).

1.1.2. Conceito

A corrupção é um fenómeno tão complexo que leva a que existam diversas definições do
mesmo. Assim, mediante selecção criteriosa, a seguir apresentam-se algumas definições e
conceitos de corrupção que julgam-se serem necessárias ao alcance dos objectivos do presente
trabalho.

Em um sentido amplo, corrupção pode ser definida como o ato ou efeito de se corromper,
oferecer algo para obter vantagem em negociata onde se favorece uma pessoa e se prejudica
outra, (Blume, 2022).

3
Já a corrupção política, segundo Calil Simão, citado por (Blume, 2022), consiste no “uso do
poder público para proveito, promoção ou prestígio particular, em benefício de um grupo ou
classe, de forma que constitua violação da lei ou de padrões de elevada conduta moral.

A corrupção pode ser vista como uma violação de regras estabelecidas para obter um ganho
pessoal. Pode estar associada à utilização de poderes públicos, para benefícios pessoais ou à
utilização indevida de um cargo público, para fins que não sejam oficiais à organização,
(Monteiro, 2021).

A corrupção pode ser entendida como a tentativa de enriquecimento ou ganhar poder, fazendo
uso de meios ilegais ou o desvio de poder público para um benefício particular. Pode ainda
consistir em incentivar, com uma determinada vantagem, um agente público ou privado, ao fim
deste trair a sua responsabilidade para com a sua organização (Bondoso, 2015).

Uma das dificuldades de se estudar corrupção diz respeito à sua definição. Esta dificuldade vem
da aparência de que se trata de uma simples questão semântica, em que, na verdade, a maneira
com que se define corrupção também determina o que irá ser modelado e medido, (Miranda,
2018).

Segundo Fernandes (2009), do ponto de vista filosófico, a corrupção é uma forma de


comportamento que renúncia à ética, à moralidade, à lei, aos bons costumes e a virtude civil no
país onde ocorre.

A corrupção é o controle abusivo do poder e dos recursos do governo visando tirar proveito
pessoal ou partidário. Tal proveito pode ser na forma de poder ou controle dentro da
organização política ou na forma de apoio político por parte de vários indivíduos, (Key, 1936).

Por sua vez, a Convenção das Nações Unidas Contra a Corrupção considera que não é possível
definir a corrupção porque trata-se de um conceito fluído que ganha significados distintos
dependendo do contexto onde é aplicado, da forma como os actos de corrupção podem ser
combatidos e, por fim, dos actores implicados nestes actos.

Perante a dificuldade de chegar a uma definição consensual, a Convenção das Nações Unidas
Contra a Corrupção adoptou um enfoque descritivo. O conceito e a definição abrangem diversas
formas de corrupção como: suborno, o peculato, tráfico de influências, obstrução da justiça,
entre outras. Admite-se que cada Estado possa ter a liberdade de adaptar esta definição em
função dos tipos de corrupção específicos a sua realidade local.

4
Morris (1991), defende que a corrupção consiste no uso ilegítimo do poder público em benefício
privado. Todo o uso ilegal ou não ético das actividades governamentais em função de interesses
e benefícios pessoais ou políticos ou simplesmente o uso arbitrário do poder.

Para Andrade (2007), a corrupção é um fenómeno social, através do qual um funcionário


público actua contra as leis, normas e práticas implementadas, a fim de favorecer interesses
particulares.

“Uma definição simples de corrupção, pode ser o puro abuso de poder público/político, para
fins privados”, (Monteiro, 2021).

Conforme os autores acima citados, pode-se então dizer que a corrupção, é um fenómeno que
consiste em usar indevidadmente um bem público, bem como usar indevidadmente poderes e
competências afetas a um cargo público ou privado para obter um ganho ou benefício que
satisfaça as necessidade individuais de todos intervenientes do processo.

1.1.3. Tipos de Corrupção

Nem sempre os actos de corrupção se situam a nível do benefício individual, pois, eles podem
aspirar beneficiar familiares e amigos, ou mesmo movimentos sociais, políticos ou culturais. E
é nesta lógica que o Liaca (2005), considera que existem dois tipos de corrupção: a corrupção
dita “egoísta” e que serve apenas interesses individuais e a corrupção dita “solidária” que
beneficia a interesses individuais e colectivos. Esta distinção pode revelar-se ambígua, na
medida em que o egoísmo tanto pode ser grupal como individual.

Kalcheim (2004) citado por Fernandes (2009), classifica a corrupção tendo em conta as regras
sociais e segundo três categorias:

 A corrupção preta: significa que uma acção particular é condenada pela maioria da
elite bem como a população em geral e, todos estarem preste a ver os responsáveis
condenados.
 A corrupção cinza: indica que alguns elementos, normalmente as elites, podem querer
ver talvez os autores da acção punidos, e outros grupos socioeconómicos não.
 A corrupção branca: significa que a elite e os grupos mais populares não apoiam
qualquer tentativa para punir esta forma de corrupção que para eles é aceitável.

Miranda (2018) e Monteiro (2021), citam os seguintes tipos de corrupção:

 O Suborno;
 O Nepotismo;

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 O peculato;
 A extorsão;
 O roubo de recursos públicos;
 O tráfico de influências;
 A formulação de políticas públicas e legislação com o objetivo de beneficiar
interesses privados de políticos ou legisladores;
 Corrupção activa
 Corrupção passiva
 Entre outras.

O Suborno: este, consiste no uso da recompensa escondida para conquistar um ato, ou omiti-
lo, de um funcionário público a seu favor.

O suborno consiste na oferta de dinheiro ou favores, de forma a influenciar um funcionário


público, é uma das formas mais conhecidas de corrupção e consiste ainda em convencer ou
tentar convencer outra pessoa, através de dádiva ou promessa de vantagem patrimonial ou não
patrimonial, a praticar os factos indevidos, ou seja, é a oferta da promessa de vantagens
patrimoniais ou não patrimoniais, na esperança de influenciar um funcionário público a agir de
determinada forma, (Monteiro, 2021).

O Nepotismo: nepotismo é a concessão de empregos ou favores por vínculo, e não por mérito.

O nepotismo é também uma forma conhecida de corrupção, na qual uma pessoa demonstra
favoritismo para com parentes ou familiares próximos, em detrimento de pessoas,
possivelmente, mais qualificadas para o cargo (Bondoso, 2015).

O peculato, que é o desvio ou apropriação de fundos públicos para uso privado.

O peculato, no qual um funcionário que ilegitimamente se apropriar, em proveito próprio ou de


outra pessoa, de dinheiro ou qualquer coisa móvel ou imóvel ou animal, públicos ou
particulares, que lhe tenha sido entregue, esteja na sua posse ou lhe seja acessível em razão das
suas funções. Ou seja, consiste na apropriação, de forma ilegítima (roubo), de dinheiro ou
qualquer outra propriedade, (Monteiro, 2021).

Existem, contudo, algumas expressões que podem ser utilizadas para descrever diferentes atos
de corrupção, ditos, mais comuns, na esfera pública.

A extorsão, que representa a intenção de conseguir para si ou para terceiro enriquecimento


ilegítimo, constranger outra pessoa, por meio de violência ou de ameaça com mal importante,

6
a uma disposição patrimonial que acarrete, para ela ou para outrem, portanto, é uma tentativa
de enriquecimento, de forma ilegítima, ao constranger outra pessoa, a realizar determinada
tarefa. Ou seja, quando uma pessoa é coagida a pagar dinheiro ou realizar favores, em troca de
uma ação, (Monteiro, 2021).

O tráfico de influências (artigo 366 do código penal), no qual uma pessoa, por si ou por
interposta pessoa, com o seu consentimento ou ratificação, solicitar ou aceitar, para si ou para
terceiro, vantagem patrimonial ou não patrimonial, ou a sua promessa, para abusar da sua
influência, real ou suposta, junto de qualquer entidade pública. O tráfico de influências pode
ser realizado em menor ou maior escala, no qual uma pessoa solicita ou aceita, para si ou
terceiros, uma vantagem patrimonial ou não patrimonial, ou a promessa de uma vantagem, de
modo a abusar da sua influência, em determinada entidade pública. É o uso de influências ou
conexões, reais ou supostas, para obter favores, (Monteiro, 2021).

A corrupção pode também ser tanto activa como passiva.

Considera-se corrupção ativa (artigo 358 e 460 do código penal) aquela que, por si ou por
interposta pessoa, com o seu consentimento ou ratificação, der ou prometer a funcionário, ou a
terceiro por indicação ou com conhecimento daquele, vantagem patrimonial ou não patrimonial,
à prática de um qualquer ato ou omissão contrários aos deveres do cargo, (Monteiro, 2021).
Deste modo, a corrupção ativa é praticada pela pessoa que corrompe.

É oferecer vantagem indevida a um funcionário público, em troca de algum tipo de favor ou


beneficio. O crime é cometido por particular que não é funcionário publico, (Todasasrespostas,
2022).

Considera-se corrupção passiva (artigo 359 e 459 do código penal), quando um funcionário
que por si, ou por interposta pessoa, com o seu consentimento ou ratificação, solicitar ou aceitar,
para si ou para terceiro, vantagem patrimonial ou não patrimonial, ou a sua promessa, para a
prática de um qualquer ato ou omissão contrários aos deveres do cargo, ainda que anteriores
àquela solicitação ou aceitação. Desta forma, a corrupção passiva é praticada pela pessoa que
se deixa corromper, (Monteiro, 2021).

A corrupção Passiva é, segundo Todasasrespostas (2022) a atitude do funcionário público em


solicitar ou receber vantagem ou promessa de vantagem em troca de algum tipo de favor ou
beneficio ao particular. Ao contrário da corrupção ativa, esse crime só pode ser praticado por
funcionário público.

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Aquele que oferece a vantagem, é o corruptor (corrupção ativa), é quem corrompe, aquele que
aceita a vantagem, abandonando, dessa forma, os deveres inerentes ao seu cargo, é o corrupto
(corrupção passiva), é quem se deixa corromper. O corrupto tanto pode aceitar esta vantagem,
de forma passiva, como solicitá-la.

No entanto, o objeto final, não é alterado e assim que a vantagem é aceite, o indivíduo está a
incorrer num crime de corrupção, enquanto, simultaneamente, trai os deveres do cargo que está
a ocupar.

Estes tipos de crimes entram na esfera pública, quando um indivíduo, tanto diretamente, como
indiretamente, para seu benefício ou de outros, procura corromper, fazendo uma proposta a um
funcionário público para que esse mesmo funcionário realize determinada ação ou se abstenha
de realizar determinada ação (o que em si já é uma ação), tratando-se tal de um crime de
corrupção ativa, (Monteiro, 2021).

Da mesma forma, quando um funcionário público, aceita ou solicita qualquer tipo de oferta,
para si ou para qualquer outro, de forma a realizar determinada ação ou se abster de realizar
determinada ação, tal trata-se de um crime de corrupção passiva.

1.2. A Corrupção em Angola

Angola tem vindo, nos últimos anos, a reforçar o seu investimento em temas relacionados com
a ética, a integridade, transparência e anti-corrupção, (Camelo, 2022).

A corrupção é um mal que afecta o mundo, em geral e a sociedade angolana, em particular, e a


sua permanência continua a provocar violações dos direitos, liberdades e garantias
fundamentais dos cidadãos em Angola. (Associação Justiça Paz e Democracia, 2018).

A corrupção pode ser vista como algo mais complexo do que a simples tomada de dinheiro
público de forma ilícita, (Monteiro, 2021).

A corrupção em Angola é encorajadora porque não se punem as pessoas que corrompem, nem
as corrompidas, encorajando aquelas ainda não praticantes de tal acto desumano. A corrupção
pode ter uma origem exógena, ou endógena, como resultado da Gestão Negativa, (Santos,
2018).

Principalmente desde a aprovação do Plano de Combate à Corrupção em 2018-2022 pela


Procuradoria Geral da República, a mais recente adesão à EITI - Extractive Industries
Transparency Initiative - em Junho último, bem como reforços legislativos em matéria de
Prevenção e Combate ao Branqueamento de Capitais, tudo compromissos que contribuíram,

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activamente, na melhoria do país no Corruption Perception Index, de 142º em 2020 para 136º
em 2021, e cuja nova melhoria se antecipa já no índice de 2022, (Camelo, 2022)

Em angola, a corrupção está a prejudicar a prestação de serviços sociais nomeadamente a saúde,


a educação, a livre circulação, o acesso ao emprego, a segurança e o melhoramento da qualidade
de vida dos cidadãos e das comunidades. (Associação Justiça Paz e Democracia, 2018).

Ainda Camelo (2022), afirma que a implementação do Plano de combate a corrupção em


Angola, contribuirá, certamente, para o reforço de uma cultura de Prevenção, mas também de
Detecção e de Repressão, que potenciará a confiança interna e externa no país permitindo, ainda
que para além do supramencionado, que exista um ambiente de transparência, ética e
integridade e que Angola continue a melhorar, a passos largos, nestas matérias

Para além dos seus efeitos, nos últimos meses o combate à corrupção tem sido objecto de
Governação do Presidente da República e o espaço público tem sido mais aberto para debater
questões sobre a temática da corrupção, a boa governação e exercício da cidadania, (Associação
Justiça Paz e Democracia, 2018).

1.2.1. Legislação Angolana sobre a Prevenção e Combate a Corrupção

A Legislação angolana sobre a prevenção e combate a corrupção é vasta, pois ela é constituída
por artigos da Constituição da República de Angola, Código Penal, Código do Processo Penal,
Legislação penal avulsa, Legislação processual avulsa, Inspecção-Geral das Finanças,
Contratação Pública, Administração do Estado, Mercado de Capitais, Banco Nacional de
Angola, Ministério Público, Provedoria de Justiça, Tribunais e outros.

1.3. Sistema de Gestão Antí-Corrupção


Um sistema de gestão anticorrupção é um conjunto de elementos de uma organização para o
estabelecimento de políticas, objetivos e processos para atingir esses objetivos que visam (i)
instituir uma cultura anticorrupção em todos os níveis da organização e (ii) implementar os
controlos adequados para prevenir, detetar e combater a corrupção, (Aguiar Branco, 2016).

O sistema anticorrupção pode ser autónomo ou pode ser incluído num sistema de gestão já
integrado na Organização.

A adopção de novas medidas legislativas anti-corrupção serve como um reconhecimento, pelo


poder político, de que os períodos de prescrição são um obstáculo real no combate à corrupção
ao mesmo tempo que demonstram que existe vontade política para melhorar o actual quadro
legal, (Marques, 2010).

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A edificação de um sistema de gestão anticorrupção por parte de qualquer tipo de organização
(pública, privada, com ou sem fins lucrativos), mormente quando esse sistema se reconheça em
norma internacional que vise o combate a fenómenos de perturbação ou diminuição dos valores
de dimensão eminentemente ética é benéfico para a organização, como é o caso da norma
técnica ISO 37001:2016, (Ferreira, 2021).

As organizações que implementem um sistema de gestão anticorrupção (anti bribery


management system), na sua versão original) dão resposta à sua gestão do risco neste domínio,
apoiam as áreas de compliance, reduzem custos pela implementação de controlos, reforçam a
sua reputação e ganham competitividade, (Pedrabase, 2020)

Implementamos o referencial ISO 37001 Sistema de Gestão Anticorrupção e outras normas da


família 37001 apoiando a organização no desenvolvimento de planos de prevenção,
desenvolvimento de instrumentos de gestão do risco e de controlos, treinando os colaboradores
na identificação de sinais de alarme e na adoção de medidas preventivas.

1.3.1. Riscos de Corrupção

Os riscos de corrupção que as organizações enfrentam variam em função de factores como a


sua dimensão, os locais e setores em que operam e a natureza, escala e complexidade das
respetivas atividades, (Aguiar Branco, 2016).

Principais riscos de corrupção:

 Reuniões privadas com contratantes públicos ou empresas que desejam


 concorrer a contratos;
 Hospitalidade generosa e presentes;
 Proximidade de/com fornecedores;
 Violação do processo de decisão, controlos ou delegação de poderes na
 concessão de um contrato;
 Adjudicar contratos desfavoráveis à Organização;
 Preferência inexplicável para certos contratantes;
 Elevar as barreiras em torno de documentos ou departamentos específicos que
 são fundamentais no processo de licitação / contratação;
 Falta de documentação das principais reuniões e decisões.

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METODOLOGIA

Para Sousa e Baptista (2011), a metodologia de investigação consiste num processo de selecção
da estratégia de pesquisa, que por si só determina a escolha das técnicas de colecta de dados,
que devem ser suficientes para atingir os objectivos.

A metodologia da presente pesquisa está dividida em três ópticas que são: a pesquisa quanto
aos objectivos; a pesquisa quanto a abordagem do problema e a pesquisa quanto aos
procedimentos.

 Assim, quanto aos objectivos, a presente pesquisa é uma pesquisa descritiva.


 Quanto a abordagem do problema, a presente pesquisa é uma pesquisa Qualitativa e
Quantitativa simultaneamente.
 Quanto aos procedimentos, a presente pesquisa é uma pesquisa Documental.

2.1. Tipos de pesquisa

2.1.1. Pesquisa Descritiva

Para Gil (2002) citado por Menezes, et al., (2019), a pesquisa de cunho descritivo é aquela
que busca fazer a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou o
estabelecimento de relações entre variáveis.

2.1.2. Pesquisa Bibliográfica

A pesquisa bibliográfica tenta explicar um problema a partir de referências teóricas


publicadas em artigos, livros, dissertações e teses. Pode ser feito de forma independente ou
como parte de um estudo descritivo ou experimental., (Cervo, Bervian, & Silva, 2007).

2.1.3. Pesquisa Qualitativa

A pesquisa qualitativa centra – se na compreensão dos problemas, analisando os


comportamentos, as atitudes ou os valores. Não existe uma preocupação com a dimensão da
amostra nem com a generalização dos resultados, (Sousa e Baptista, 2011).

2.1.4. Pesquisa Quantitativa

“A pesquisa quantitativa é aquela que se caracteriza pelo emprego de instrumentos estatísticos,


tanto na colecta como no tratamento dos dados, e que tem como finalidade medir relações entre
as variáveis” (Zanella, 2013).

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APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

A corrupção é um fenómeno mundial, fortemente destrutivo que anualmente corroe a economia


em cerca de 1,2 triliões de euros, . (Aguiar Branco, 2016).

No dia 10 de fevereiro de 2022, o ministro da Justiça e dos Direitos Humanos declarou durante
um seminário regional sobre o Acompanhamento Acelerado da Implementação da Convenção
das Nações Unidas contra a Corrupção, que decorreu na Cidade do Cabo, África do Sul, que
Angola recuperou 11,5 mil milhões desviados dos cofres do Estado devido a corrupção,
(Mukuta, 2022).

Aos 29 de Dezembro de 2020, o Procurador-Geral da República, Hélder Pitta Gróz, anunciou


a abertura de mais de 1.500 processos sobre criminalidade económica, e referiu que ao todo,
terão sido recuperados cerca de 5,3 mil milhões de dólares em dinheiro e bens, (Lusa, 2020).

Na ocasião, o Procurador explicou que entre os bens recuperados, estimados em 2,6 mil milhões
de dólares (2,1 mil milhões de euros), estão imóveis habitacionais, escritórios, edifícios,
fábricas, terminais portuários, participações sociais em empresas, entre outros, (Lusa, 2020).

Segundo o Procurador-Geral da República angolano, no plano do "combate à impunidade",


foram abertos milhares de ações em todo o país, nas mais diversas jurisdições e áreas de atuação
do Ministério Público (MP), destacando-se 1.522 processos relacionados com a criminalidade
económico-financeira e patrimonial, (Lusa, 2020).

No forum estrangeiro, Hélder Pitta Gróz deu conta igualmente que o Serviço Nacional de
Recuperação de Ativos (SNRA) da Procuradoria Geral da República solicitou às suas
congéneres no exterior do país a apreensão e/ou arresto de bens e dinheiro no valor de 5,4 mil
milhões de dólares (4,4 mil milhões de euros), nomeadamente na Suíça, Holanda, Luxemburgo,
Portugal, Reino Unido, Singapura, Bermudas, entre outros países.

Em Angola, graças ao sistema de gestão anticorrupção, foi possível recuperar os valores acima
em activos respeitantes a móveis e imóveis, bem como valores monetários.

12
CONCLUSÕES

No presente Trabalho, abordou – se sobre o tema “SISTEMA DE GESTÃO ANTÍ-


CORRUPÇÃO. Foram definidos objectivos, geral e específicos com a finalidade não só de
servirem de roteiro e nortearem a pesquisa, mas também de verificar a sua correspondência e o
seu grau de verificabilidade na prática. com base na investigação. No decorrer do
desenvolvimento do trabalho, esses objectivos foram alcançados. Nesta sequência, conclui – se
o seguinte:

 A Corrupção é um fenómeno malicioso e indesejável porque provoca efeitos corrosivos


a economia global, retardando cada vez mais a melhoria na qualidade de vida da
população mundial.
 Conclui-se também, com base nos dados encontrados e analisados, que os sistemas de
gestão anticorrupção servem para prevenir e combater a corrupção.
 Conclui – se ainda que o investimento permanente em sistemas de gestão anticorrupção
e manutenção dos existentes no seio de uma nação, por via da constante actualização,
constitui um factor – chave de diferenciação no combate a corrupção e que por isso pode
trazer vantagem competitiva, pois, permite evitar a perda de fundos e activos por via da
corrupção constitui também um factor de melhoria das actividades e serviços prestados
tanto pelo sector público quanto para o sector privado permitindo cada vez mais a
eficiência e a eficácia das operaçoes da administração pública e privada.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

aguiar Branco, 2016. Sistemas De Gestão Anticorrupção Guia Interpretativo. S.L.:S.N.

Andrade, J., 2007. Webeto Quer Clarificação De Casos De Corrupção. S.L.:S.N.

Associação Justiça Paz E Democracia, 2018. A Topografia Da Corrupção E Da Falta De


Transparência Em Angola, Luanda: Edições De Angola, Limitada.

Blume, B. A., 2022. Corrupção Ativa E Corrupção Passiva: Qual A Diferença?, S.L.: S.N.

Bondoso, A., 2015. O Contributo Do Controlo Interno Para A Prevenção Da Corrupção: Estudo
Dos Municípios Portugueses. Húmus.. [Online]
Available At: Https://Obegef.Pt/Wordpress/?P=19382
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