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Ai

Violência sexual contra crianças e do est»


o estu
adolescentes: algumas sugestões volvidt
dição,

para facilitar o diagnóstico correto ção. (!


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Renato Zamora Flores“ não é
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Ihidos
1. INTRODUÇÃO
seleti-
e, simplesmente: reproduzir-se e deixar tantos A
lilhos quantos lorem possiveis. Este conceito result
Violencia lisrca e sexual com crianças e considera que as coisas vivas mais bem—sucedi-
adolescentes ainda são tatores de surpresa em a
das são os melhores reprodutores, ou, que os b
nossa sociedade. Há um despreparo generaliza- individuos mais bem-sucedidos são aqueles com
do que envolve desde os profissionais da área ques:
maior sucesso reprodutivo. c
de saúde. educadores e juristas até as institui- A espécie humana. além de condicionada
ções escolares. hospitalares ejurldicas. em ma- rápidi
as variáveis genotipicas influencia-se, também. (
nejar e tratar adequadamente os casos surgi— pelas variáveis culturais—simbólicas, Assim. os
dos. a mai
O presente artigo pretende ser esclarecedor
genes humanos cederam sua primazia & um apres
agente novo. não-biológico. terorgânico: & cultu- perm
e de apoio a todas as pessoas e instituições ra. Contudo. não se deve esquecer que
envolvidas com tais casos. sugerindo maneiras esse ;
agente (cultura) é inteiramente dependente do direta
eletivas. em acordo com a realidade nacional, genótipo (Wilson, 1981),
de diagnostico e abordagem dos pacientes. ta- mach
Os comportamentos do macho e fêmea, ani- nôme
miliares e agressores. mais e humanos. são bastante assimétricos tre o-
(Fox, 1983; Thornhill, 1991), ou seja. o macho é statu
1.1. AS ORIGENS DO PROBLEMA menos seletivo e mais promíscuo, enquanto que dame
a fêmea é mais seletiva e discriminadora 1985
As formas de abusos sexuais em nossa (Wallace, 1985; Wilson. 1981; Thornhíll e cols.. 1
cultura têm suas origens na estrutura bíossocíal 1992), Isto explica—se pelo gasto energético en-
da sexualidade do macho e da lêmea humanos. chos
volvido na cópula entre o macho e a fêmea. O
As espécies biologicas. os seres humanos macho dissemina genes com todas as fêmeas
inclurdos, Vivem sob o efeito do que Wallace grau
disponiveis, enquanto a fêmea fica aprisionada senu
(1985) chamou de “imperativo reprodutivo”. que a gestação e aos cuidados de
matemagem du- nas :
rante um longo período, com longo e dispendioso vos.
gasto energético. Logo. cabe a fêmea ser seleti- tas e
va. caso contrário não há garantia de uma boa
158 " Psicologa Clima”
prole genética. liciei

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Analisamos, então. a hipótese evolucionária um número limitado de fêmeas. Esses machos


do estupro. Thornhill e cols. (1992) apontamlque monogâmicos são a maioria nas sociedades in-
o estupro pode ser um comportamento desen— dustrial e pré——lndustriais. “' :
,
-

volvido e facultativo que é dependente—de—con- — Finalmente, o grupo dos "grandes


dição. podendo ser em si um traço de adapta- perdedores" exclurdos de uma parte da riqueza,
,

ção. (Adaptação e' aqui usada como caracteristi— prestígio e recursos, e. com isso, do acesso às
ca de organismo. produto da ação direta da fêmeas desejáveis '
u

seleção). Será que nos fica alguma dúvida quanto à


Assim sendo, este recurso seria usado por Íacilidade de acesso às fêmeas desejáveis, prin-
machos com habilidades precárias de competi— cipalmente com relação aos machos do primeiro
ção pelos recursos efou status importantes para grupo? Tal hipótese dificilmente pode ser refuta—
que se atraia a fêmea para copular. da tal a facilidade com que pode ser verificada
Há um exemplo (Thornhill e Sauer, 1991; em nossa sociedade.
ThornhiII e cols.. 1992) sobre o comportamento Deduz-se então. segundo Tomaselli e Porter
das moscasescorpião do gênero Panorpa que (1992). que o estupro humano é uma forma
ajudou a esclarecer como a seleção atua na evolutiva de acasalar, uma tática, empregada
cópula forçada. A cópula forçada na Panorpa pelos machos humanos com maior dificuldade
não é anormal ou "aberrante". e' uma caracterís- de ascender a pirâmide social.
tica evolutiva, e para que haja a cópula os ma- Na espécie humana, a violência sexual, em
chos têm três alternativas: especial contra os lilhotes, e' usualmente produ-
|, apresentação de um artrópode morto; tl. zida por homens (Thornhill e Thornhill, 1992)
uma secreção salivar como presente nupcial; Ill. sendo que, no Brasil. o papel dominador do
cópula forçada. homem na cultura agrava ainda mais () fenôme-
Machos grandes usam artrópodes mortos, no (Azevedo e Guerra, 1988, 1989).
machos medios usam a saliva e os pequenos Na análise dos abusos sexuais de crianças
usam a cópula forçada. já que não foram esco- e adolescentes, a analogia com comportamen-
Ihidos. pelo menor grau de aptidão no processo tos animais não deve ser direta. já que o número
seletivo da fêmea. de variáveis e de particularidades envolvidas em
A resposta seletiva das fêmeas Panorpa abusos incestuosos de crianças excede nosso
resultou em: controle. Por outro lado, pela descrição da biolo-
a) escapar em media 85% ao ataque; gia do estupro é possível analisar alguns aspec-
bt evitar a inseminação em 50% dos ata- tos do lenômeno.
ques: Entretanto, apesar de existirem estudos
c) reassumir a receptividade sexual mais complexos sobre as variáveis sociais que estão
rapido do que a cópula normal. envolvidas na frequência maior ou menor de
Os humanos são poliglnicos (Wilson, 1981 ), abusos sexuais em uma cultura (Van der Bergue.
a maioria das sociedades humanas investigadas 1979; Thornhill, 1989), não temos uma idéia
apresentam poliginía de harém. sancionadas ou clara sobre a causa do aumento, com o passar
permitidas (Tomaselli e Porter. 1992). dos anos, do número de registros de abusos.
A distribuição de fêmeas. nesse caso. é Apesar de haver comprovações claras do au-
diretamente proporcional ao grau de aptidão do mento de registros de abusos sexuais neste
macho (Wallace. 1985: Wilson. 1981). Este fe- século (Burglass. 1979), a hipótese mais prova»
nômeno aumenta o grau de competitividade en- vel é que. nas grandes cidades, a frequência
tre os machos humanos. Eles competem pelo real de abusos tenha permanecido constante
status relativo. incluindo riqueza e prestígio, tunA nos últimos 120 anos (Feldmann e cols., 1991;
elementais ao bom grau de aptidão (Wallace. Gordon, 1989). Assim. o que parece estar au.
1985; Tomaselli e Porter,1992). mentando é a atenção que é dada atualmente
Thornhill e cols. (1992) classificam os ma. ao problema.
clics humanos em três tipos:
— No topo, os grandes vencedores com o 12. ALGUMAS DEFINIÇÓES ÚTEIS
grau mais alto (mais ricos e prestigiados). repre-
sentados pelos homens com múltiplas esposas Abuso é um termo usado para definir uma
nas sociedades pre-industriais e altos executi- lorma de maus tratos de crianças e adolescenv
vos. politicos poderosos. eruditos de ponta. allo- tes. com violência física e psicológica associa—
tas e artistas de nome da, geralmente repetitivo e intencional e. por
— Intermediários. machos com recursos su— isso, praticado, mais frequentemente. por famili-
ficientes que permitem a procriação e acesso a ares ou responsáveis pelo(a) jovem (Chistollel e 159

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Violência sexual —- Flores e Caminha

cols., 1992; Council on Ethical and Jurídica! (Lindblat, 1989). Entretanto. convém lerem men. dade
Affairs —— AMA, 1992). A origem deste conceito te que o impacto da violência psicológica ou
remonta a meados do século passado, com a lisica sofrida por uma criança, em especial as
descoberta da violência contra crianças e ado- mais jovens. pode comprometer sua capacidade sem '

lescentes nas grandes cidades (Gordon, 1988). de precisar local, tempo, recorrência, etc.
Abuso sexual, então, pode ser delinido (Spauding, 1987). car-s
como o envolvimento de crianças e adolescen- Ao ouvir um relato pela primeira vez. a me- adote
tes. logo em processo de desenvolvimento, em lhor conduta é a de evitar juízos de valor sobre tetor;
atividades sexuais que não compreendem em pessoas ou fatos, não perguntar além da capaci— (Gan
sua totalidade, para as quais não estão aptos a dade da vítima de falar sobre o tema e de tentar
concordarem e que viola as regras sociais e criar uma atmosfera de contiança e apoio. ment
familiares de nossa cultura (Glaser, 1991). Spauding (1987), em relação a dados obje- são
Esta caracterização inclui basicamente três tivos sobre o abuso, sugere que o entrevistador vem
grupos de situações: atente para as seguintes informações: puta:
a) história de agressão sexual com violên— 1. Qual foi (da maneira mais exata possivel) cida
cia lisica na qual o(a) jovem e a vitima elou a maneira que a criança ou adolescente usou reCOt
bl interação ou contato sexual (como to— para descrever o abuso? de c
ques. relações sexuais, exibicionismo, voye- 2. O que desencadeou o acontecimento? 1986
rismo, etc.) entre uma criança e outra pessoa de TV, problemas familiares, situações sociais?
qualquer idade em que a participação tenha sido 3. Para quem a vitima contou o que aconte— dam
obtida por meios desonestos. como ameaças, ceu? dade
coerção moral, mentiras, deturpações de pa- 4. Qual a reação das pessoas que soube- ou e
drões morais e táticas similares e/ou ram do teto?
c) contato ou interação sexual entre crian- Quando ínterrogados de maneira aberta, as tas.
ça ou adolescente e adulto, mesmo com a coo» respostas tendem a ser mais verídicas do que êncr,
peração voluntária, em situações detinidas por perguntas com respostas limitadas (sim ou não). de e.
lei ou costumes como crime, devrdo a presunção Deve—se ter em mente que crianças. em especial com
de imaturidade do(a) jovem e de responsabilida- as mais jovens, interpretam a repetição de per— 199(
de do adulto (Simrel e cols.. 1979). guntas em uma mesma conversa como um indi-
Incesto e. em termos estritamente antropo- cia de que a resposta dada loi errada, logo deve (ou i

lógicos, o contato sexual ou matrimônio entre ser modificada (Ceci & Bruck. 1993). seu:
parentes muno proximos, proibido em algumas Em relação à avaliação psicológica do jo— tann
sociedades e condenado, em graus variados, vem, cerca de três ou quatro entrevistas costu— obje
em muitas delas (Fox, 1990). Entretanto, em mam ser suficientes. Dois pontos são lunda- paci
nossa cultura. incesto e um dos abusos sexuais mentais à investigação: a abordagem do abuso
mais frequentes e que apresentam conseqúên e a avaliação psicopatológica. 2.2.
cias mais danosas as vítimas. ASS
Uma boa detiniçao operacional de incesto e 2.1. ABORDANDO O ABUSO
dada por Forward & Buck (1989):
“Incesto e qualquer contato abertamente Pacientes vitimas de abusos sexuais apre— em
sexual entre pessoas que tenham um grau de sentam. com muita frequência. dilicuidades para met
parentesco ou que acreditem tele. Isto inclui conliar nas pessoas a sua volta. Uma das ra-
padraslos. madrastas, tutor. moto-irmãos, avós zões para isso é que o agressor geralmente é das
e ate namorados ou companheiros que morem uma pessoa muito conhecida. No caso de crian- psi:
juntos com o pai ou a mãe, caso eles assumam o ças e adolescentes. mais jovens. os principais ças
papel de pais. Se a conliança especial que exis- agentes agressores são membros da família ou pos
te entre a criança e o parente ou a iigura de pai e responsáveis pela vítima (Council ol Scientific disc
mãe lor Violada por qualquer ato de exploração Aliairs — AMA, 1992). pod
sexual. trata—se de incesto." Por isso, ao se abordar o assunto com o disr
paciente, é necessário tomar cuidado para não con
3. CONVERSANDO COM A VITIMA retrair o jovem com excessivos questiona- (ou
mentos, bem como respeitar o retraimento pós— nos
Apesar do que poderia sugerir o senso co— trauma. e cl
mum, as pessoas geralmente talam a verdade Sattler (1992) apresenta as seguintes su-
sobre suas experiências sexuais (James e cols.. gestões para laciiitar a entrevista: de:
1991) e isto é especialmente válido para crian- — lamlliarizar—se com a cultura da criança; de ,

160 ças e adolescentes vítimas de abusos sexuais — trabalhar com temas relativos a sexuali- qt]:

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?m men— dade; sexuais, o transtorno de estresse pós-traumáti—


gica ou — formular questões sem conduzir o relato; co (TEPT) (Spiegel e cols., 1988;_ Sanders e
ecial as — abordar o tema de lorma clara, segura e Giolas, 1991) que deve ser incluído no diagnós-
acidade sem critica. ' tico dilerencial dos distúrbios psicóticos. (Ver
ia, etc. De um modo geral. o terapeuta deve colo- adiante)
car—se à disposição para ajudar a criança ou
:. a me- adolescente. de forma segura, Interessada, pro— 3. ENTREVISTANDO FAMIÚARES
»r sobre tetora e isenta-la da culpa que envolve o abuso
capaci» (Gartinkel e cols.. 1992). A maioria dos casos de abusos ocorre em
: tentar Convém trisar que historias de abusos rara- situação familiar, tendo como principais
:. mente são inventadas e. quando isso ocorre. agressores pais e padrastos. As lamllias nas
“SObli- são facilmente detectáveis. Geralmente envol- quais estes casos acontecem são bastante
rstador vem orientações de adultos envolvidos em dis- distuncionais. Sattler (1992) as caracteriza pela
putas intralarníliares, Além disso. é bem conhe- falta de lronteiras entre os membros. com o
ssivel) cida a credibilidade de crianças pequenas em sentido de realidade e respeito à privacidade
.=
usou recordar assuntos desagradáveis e a capacida- diminuido, havendo pouco espaço para discor-
de de testemunhar efetivamente (Nurcombe, dâncias e diferenças.
1986). Muitas vezes, o ideal consiste em escutar
O desenho e outras atividades lúdicas aju- membros da lamllia isoladamente e chamar
dam a abordar o tema em pacientes com dificul- membros distantes (tios. avós, etc.) ou amigos e
dades de verbalização, seja por pequena idade vizinhos para que se averigue a dinâmica do
ou eleito traumático. luncionamento lamiliar. A montagem de uma
O uso de bonecas anatomicamente corre— genealogia familiar e de uma lista das pessoas
tas, apesar de muito ditundido. não tem a elici- que moram na casa pode ser bastante útil.
ência que lhe é atribuído. quer na não-melhoria A tabela 1 aponta alguns itens de alerta
de capacidade de rememoraçãoda criança, quer para que se suspeite de abuso sexual intrafa—
como idenlilicador de vitimização (Ceci e Bruck, miliart A presença de pelo menos três destes
19933. itens sugere uma investigação mais prolunda,
O objetivo das entrevistas iniciais é obter-se mesmo que não haja uma inlormação explícita
lou não) uma confirmação realista do abuso e de de abuso.
seus eleitos no discurso do paciente. Concomi-
tantemente tonta—se uma investigação. o mais 3.1. CONVERSANDO COM O AGRESSOR
objetiva possível. do quadro sintomatológico do
paciente. Casos de abusos sexuais envolvendo jo-
vens podem ser de dilicil comprovação.
Z.”. AVALIANDO PSICOPATOLOGIAS Frequentemente, é apenas a palavra de uma
ASSOClADAS OU INTERCORRENTES criança contra a de um adulto, Entretanto. con-
versar com o suposto agressor pode ser uma
E tundamental, durante a avaliação, que se ótima lonte de dados.
exclua qualquer palologia que possa compro- Segundo Kennedy & Grubín (1992). 1/3 dos
meter o relato da criança ou adolescente. abusadores sexuais de uma amostra de conde—
As principais patologias a serem investiga- nados negavam qualquer envolvimento com os
das são o retardo mental e os transtornos fatos de que eram acusados. Dos demais. ape-
SlCDthOS do inlància. Isto não exclui que crian- nas a metade aceitava total responsabilidade
Ças e adolescentes com estas patologias não pela agressão e 1/4 achava que a vitima se
possam ser abusadas. porem o modelo aqui beneliciara de algum modo. Também já e cow
discutido não inclui este tipo de paciente. Ambas nheclda a tendência de abusadores que negam
poderiam comprometer a sustentação lógica do o abuso de minimizarem outros sintomas psiqui-
discurso, Por isso, deve-se levar em conta: a átricos de sua história (Grossman e Cavanaugh
consciêncra preservada. bem como a ausência Jr.. 1989).
(ou não) de pensamento delirante ou transtor— Outro aspecto a ser investigado. não só no
nos da senso—percepção. como alucinações, até, possível agressor, como nos outros membros da
e' claro. de orientação e alelos adequados. família. é a presença de transtornos psicologh
Conve-m salientar que alterações como as cos graves. além de se investigar por quantas
descritas podem ser indicativas de altos indices vezes os ciclos de abusos se repetem na lami-
de dissociação. causados por uma patologia tre— lia.
qúsnte em pacientes vitimas de abusos fisicos e No Brasil, devido a latência do sistema poli— 161

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cial. a situação é um pouco mais complexa. Os efeitos de abusos precoces tendem a reunir
Cerca de 50% dos agressores identificados nos tornarem—so piores com o passar dos anos. As ment
dois primeiros anos de ação de programas de principais sequelas são, então, a ausência de evitar
prevenção de abusos em vilas e escolas (atendi- um desempenho social e intelectual eficiente e a gestõ
dos pelos autores) eram criminosos condenados formação de adultos que não são afetivamente oie m
ou procurados pela policia por outros crimes. deprívados e pessoalmente e prolissionalmente cognr
inclusive outros abusos sexuais, as vezes em fracassadas (Goldson. 1991). ' ,
auto-»
diferentes cidades. Uma outra maneira de abordar—se os danos sugei
Lanning (1986) construiu uma engenhosa produzidos pelos abusos é a sua investigação um rr
escala de defesas do abusadores, conforme pro- em pacientes psiquiátricos. Em amostras que (
gride uma investigação. inicialmente, ha uma apenas incluem mulheres internadas para trata— feito
negação completa. Surpresa, choque e mesmo mento psiquíátrico, entre 22% e 57% eram viti< VOSAC
indignação são frequentes. Se as evidências mas de abusos (Brown & Anderson, 1991). ocorr
são absolutamente flagrantes, o passo seguinte Assim, os aspectos a serem alcançados com são e
e minimizar o ocorrido. às vezes alegando cum- a terapia dos casos de abusos sexuais devem t
plicidade da vítima, Também é comum a justifi- ter duplo tim: primeiro, interromper a relação da tamb
cativa do comportamento como algo bom para a maneira menos prejudicial possivel para a crian- inclui
vitima. pelo menos na intenção. ça ou adolescente e, segundo, identificar as nalid
Fabricação de histórias engenhosas e mira— consequências detrimentais do abuso e tamb
bolantes ou simulação de doenças mentais são minimiza—las o quanto possivel (Glaser, 1991). mem
atitudes frequentes, usadas conforme a conve- 1992
niência do caso. Podem usar igualmente como 4.1. o TRANSTORNO DE l

defesa a apresentação de bons antecedentes ESTRESSE POS—THAUMÁTICO auxil


comunitarios, como liderança religiosa ou social ma, t

e ate mesmo coleta de listas de assinaturas O transtorno de estresse pós—traumático Scal


atestando os bons antecedentes. (TEPT) está ligado a experiências incomuns da em [
Não se pode perder de vista a possibilidade existência humana, que causam impacto emoci- cols,
de que, uma vez encurralado pelas circunstanci- onalmente severo no individuo. O agente causa!
as. o agressor possa lazer uso de violência con- e' externo e a tentativa do indivíduo de
organizar com|
tra vitimas e testemunhas ou mesmo atacar a o sentido da experiência traumática gera condu- lescr
reputação ou a Vida pessoal da equipe envolvida tas ou estruturas de pensamento patológicas SEXL
no atendimento rLanntng, 1986). (Ursano e cols.. 1992). SEXL
Segundo o CSA (1992), os únicos estresso- com
& CONSEOUÉNCfAS DO ABUSO res mais fortes que abusos sexuais são eventos cols
catastróiicos como. por exemplo, prisão em cam- mais
Talvez um dos aspectos mais perversos de pos de concentração.
nossa scsi-ed.“:de. em relação aos abusos sexu- Esta patologia ocorre devido ao fato de que ça o
ais. seja o de negar sua gravidade, e com isso, experiências incontroláveis e alemorizantes para por:
negligencrar as rtecesstdadcs de tratamento. uma criança ou adolescente têm eleitos ainda ach:
Sandgrund (1974), por exemplo, demons— mais traumáticos do que em adultos, pois a tóric
trou que crianças abusadas llsica o sexualmen- regulação das lunções afetivas e cognitivas do
te (excluidos as com dano cerebral severo) eram sistema nervoso central ainda não amadurece- 4.2.
10 vezes mais suscetíveis a retardo mental ram totalmente. A experiência é de assimilação
tel < 70). Goldson (1991) mostra que crianças ainda mais dificil quando um dos agentes do
abusadas não se apresentam diminuição de QI trauma é membro da familia (Garfínkel e cols.. mer
como apresentam menos comportamentos pro- 1992). less
socral: compartilham menos, ajudam menos e se A patofisiologia do TEPT pode envolver va"- mur
associam menos a outras crianças. quando com- rias estruturas recebiais (amigdala. locus to d
paradas com crianças não abusadas. Em espe» ceruleus. hipocampo). Traumas severos e agu-
oral em casos de gestações incestuosas, há ain— dos resultam em ativação de vários sistemas mur
da um alto risco de prole anormal. Galjaard bioquímicos (noradrenérgico, depanimérgico. cen
(1951) estima que 25% das gestações incestuo— etc.) produzindo um conjunto de respostas
sas terminam em abono ou natimortos. 30% adaptativas à sobrevivência. Quando estas res- apa
morre na iníãtncin. o 20% apresentam retardo postas evotuem para sequelas desadaptativas. ma:
me tal. Em outra amostra (Jancar e Johnston. tem-se um quadro de TEPT (Charney & cols., a4
1930:. dentre 38 crianças filhas de uniões inces- 1993). fica
tucsas. apenas 5 eram normais. A tabela 2 mostra os sintomas de TEPT, sint

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Violência sexual — Flores e Caminha

idem a reunidos em três grupos principais: reexperi— gestiva de abuso sexual.


ros. As mentação do trauma, entorpecimento e/ou 4,3. 0 DESENHO ÇOMO
teia de evitamento e excitação aumentada. Existem su- AUXlLlAR DIAGNOSTICO
nte e a gestões bastante tortes de que a TEPT influen-
mente cie múltiplos aspectos da personalidade. como a O desenho é um instrumento diagnóstico de
lmonte cognição. iniciativa. relações interpessoais. utilização vantajosa, porém cautelosa.
autoestima e controle de impulsos. A DSM-lII-R Como instrumento de avaliação, ele deve
danos sugere que tais transtornos durem pelo menos ser apenas parte dos procedimentos gerais de
igação um mês, diagnóstico, um auxílio a ser contextualizado no
tS que O diagnóstico dilerencial de TEPT deve ser procedimento geral, Preliminarmente. é uma das
itrata— leito com: fobias simples, transtornos obsessi— formas rápidas de estabelecer uma relação di-
m vue vos-compulsivos, esquizofrenia (embora possam nâmica. fácil e lúdica com a criança.
). ocorrer episódios delirantes pós-trauma, depres- Dolto (1989) destaca que muitas vezes,
scom são e distúrbios de ansiedade), melhor do que a fala. o desenho emerge as
levem Uma história de abuso sexual deve levantar sutilezas do intelecto e a afetividade, ele supera
ªãoda também a suspeita de transtornos dissociativos, a limitação da linguagem verbal. Ao expressar-
cnan- incluindo as vezes até sua forma maior. a perso— se via desenho, a criança projeta-se e expõe.
ar as nalidade multipla (Beitchmann e cols., 1992). É como nos sonhos, a repetição de um tema e
so e também muito conhecida a relação entre fenô— seus símbolos. podendo ser a expressão de um
49“ menos dissociativos e TEPT (Bremner e cols,, evento importante, traumático ou impressivo em
1992; Sanders e cols.. 1989). qualquer caso, Di Leo (1991), A impressão forte
Para estudar essa associação e como fator burla a repressão a fim de mostrar-se e é atra-
auxiliar no diagnóstico do dano sofrido pela viti- vés das artes que as crianças nos contam suas
ma, tem sido utilizada a “Dissociative Experience experiências, Malchíodi (1990).
tatico Scale" (Bernstein e Putnam, 1986), em versão Di Leo (1991) chama atenção no sentido do
ns da em português por nós desenvolvida (Prestes e desenho ser uma representação e não uma re—
“noci- cols..1992). produção. Assim sendo, a interpretação da arte
ausal A tabela 3 mostra o resultado de um estudo inlantil não consegue excluir a subjetividade de
nizar comparando adolescentes de classe média, ado- quem a interpreta.
"indu- lescentes de classe baixa & vitimas de abusos Este tópico nos alerta para a importancia da
gicas sexuais. Como se pode ver. não só os abusos contextualização do desenho avaliado com todo
sexuais são fatores estressantes importantes o conjunto de variáveis investigadas. A criança é
2550- como. ao contrário de outros paises (Ross e o pivô da interpretação. é ela que nos guiará por
41105 cols,. 1991). a pobreza no Brasil agrava ainda sua produção falando-nos dela.
TEU"— mais o grau de estresse na população. Logo, o desenho deve ser tomado como
Convcm salientar: entretanto. que a presen— parte de uma avaliação abrangente, sendo auxi-
quí- ça dc TEPT ou de sintomas dissociativos não e liar no diagnóstico e terapia dos casos.
Para por sr so nntognonionica do abuso sexual. Estes A contribuição dada pelos desenhos varia
'n da achados devem ser contoxtualizados com o his; de pessoa a pessoa. podendo atingir o grau
'E?! torico do caso máximo de revelação dos conflitos. ou atingir
apenas a classificação de vago ou contraditório.
4 2. ALTERAÇÓES DE COMPORTAMENTO O desenho é um forte aliado diagnóstico e
terapêutico. e nossa insistência dele não ser
A ztnlzaçào das alterações de comporta- levado em consideraçãode forma leviana decor—
mento requcrç multas vezes. contatos com pro- re dos questionáveis resultados de escores obti-
fessores, medicos, amigos ou membros da co- dos até agora nos planos de mensura-lo e testa-
munidade que possam contributr no delineamen Io.
to da historia comportamental da vitima, Segundo Piaget (1991). entre 3 e 4 anos. o
A tabela 4 lista algumas alterações co- que era apenas garaluia passa a simbolizar algo
mumentes encontradas em crianças e adoles- com o mundo visual. A partir desta idade pode.
centes vitimas de abusos sexuais. mos tomar os desenhos como contadores de
Evidentemente, os itens desta tabela não histórias acerca das crianças que os desenham,
aparecerão todos presentes ao mesmo tempo. Nos casos de vitimas de abuso sexual,
mas. havendo abuso sexual. seguramente de 3 Gartinkel e cols. (1992) sugerem que a criança
a 4 itens serão lactlmento constatáveís. A identi— desenhe:
licaçáo destes (atores presentes no quadro _ uma pessoa; 163
sintomatológico dos pacrentes é altamente su- — uma familia;

R Psiquiatr. RS. 16(2): f5li«167,mai1ago.1994


—— uma

&
situação (ou lugar) agradavel;
Violência sexual — Flores e Caminha

— uma situação (ou lugar) desagradável.


É
sempre questionado e avaliado, junta—
mente com a criança, que história global o dese-
nho conta. Di Leo (1991) sugere que o contexto
global e' o que há de primeiro plano em nível de
importância no desenho.
Após, questionam-se detalhes. cores, per-
sonagens. etc. (Dalto, 1989; Malchíodí, 1990).
Os quatro itens sugeridos para análise não
o são atoa. pois a criança vítima de abusos tem
tantas deturpaçõos de sua auto—imagem como
dos outros (Maichiodi, 1990; Garfinkei e cols..
1992). Quando desenha a si própria, não é raro
apresentar-se leia, suja, e quando questionada
verbalmente sobre quem é a pessoa e como ela
é o principal fator a ser valorizado (Nurcombe.
1986; Gariínkel e cols., 1992). '
Considerando os itens entrevista com a viti-
ma, com familiares, com o suposto agressor,
presença de sintomas psicopatológicos compa-
tíveis com abuso, como TEPT.
alterações de
comportamento e desenhos, pode-se organizar
uma hierarquia de solidez diagnóstica como na
tabela 5.
5.1. OHIENTAÇÓES GERAIS

Não é razoável, frente aos dados


expostos,
esperar-se por diagnósticos de abuso sexual em
crianças e adolescentes baseados em achados
anatômicos ou gineco-uroiógicos. Apenas uma FORX
e. seguidamente as respostas são carregadas postura firme dos profissionais envolvidos frente
de desqualificativos. à necessidade de outros métodos de FOX,
Não é incomum, também, que ela desenhe detecção e FURl
confirmação de abusos sexuais poderá garantir
imagens idealizadas, e seguidamente verbalíze às vitimas uma proteção mais rápida e eficiente.
que o desenho era aquilo que gostaria de ser ou Nos tribunais. por exemplo, frequentemente
GAL.
como gostaria que tosse sua vida pessoal ou o
esclarecimento de uma denúncia não progride GAR
familiar.
pela ausência de informações da situação psi-
item familia e talvez mais importante e
O
cológica da vítima ou do agressor. em especial
riconas revelações de abusos incestuosos. É nos casos sem lesões físicas. GIL.
comum vitimas de abusos se omitirem do dese-
nho ao desenharem suas familias (Di Leo, 1991; GLA
Malchiodl. 1990). Também é importante a avali- REFERÉNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GOL
ação das reações eletivas demonstradas pela
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Das oposições entre situações exploradas AZEVEDO. MA. & GUERRA. V,N.A. Pele de HEi
nos desenhos em agradaveivdosagradávei lira- hisro'ria — um estudo sobre a vii asno não e' so'
mrzaçãg sexual de
rncs informaçoes igualmente interessantes, crianças e adolescentes em lan ilia SAO PAULO,
E comum que como ROCCO.1968,151F. INI-'
Situação agradável a , Crianças w'tin-iizadas e a Sindrome do Pequeno Poder.
criança desenhe momentos de integração lamili-
.
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MENOS lEêSJEGS, lQSE
RESUMO
INHELDEG. & . PIAGET. .! Dc l.? lógica dci mão a la lógica de!
as w. Buenos Aires, Paldos, l972
O presente arf/ga apresenta orientações para a
JANCA & JOH"TCN, J
l

lmss! and menlal handicap,


m'," o! M Dem—lena“ Research, J'! ABBA-1230. idenlilicação de casos suspeiios de abusos sexuais.
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This paper presents some orientations io help lhe
identification of suspec! cases of sexual abuse,
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165

Fl. Psiquíalr. HS. 16(2):158-167,maíjago.1994


TABELA 1 —

— pai alcoolista; &


ITENS SUGESTIVOS DE ABUSO
SULLIVAN, 1986)

— pai violento. abusado fisicamente


— pai desconliado, autoritário,
— mãe passiva, ausente, distante
— lilha desempenhando papel de
— (ilha pseudomadura;
— pais com relação sexual perturbada
— presença de padrasto na iamllla;
——

papel de mãe;
— filha que foge de casa, promíscua,
— crianças que se isolam. sem
— comportamento sexual impróprio
Violência sexual — Flores e Caminha

TABELAS

INTFIAFAMILIAFI (MODIFICADO DE

em sua familia de origem;


excessivamente puritano ou violento;
e incapaz de impor-se ao pai quando necessário;
mãe;

ou inexistente;
situação onde o pai fica muito só com as crianças

autodestrutiva ou que use drogas;


amigos, sem vínculo próximo com ninguém;
por tempo prolongado e que assuma o

para a idade;
— atitude paranóica e hostil da familia
ante estranhos;
— pais que se opõem a autorizar
uma entrevista de um profissional a sós
— pai. mãe ou ambos abusados com sua lilha;
sexualmente na infância;
— pais que foram negligenciados
ou desprotegidos na infância;
— ciume exagerado do pai em
relação a lílha adolescente;
— pais que acariciam os filhos de modo
a violar a privacidade sexual;

&
— pais que exigem caricias intimas do filhos.

& &:
&
TABELA 2 — PRINCIPAIS
MANIFESTAÇÓES DO TEPT SEGUNDO GARFINKEL

I
REEXPEHIMENTAÇAO
DOS FENÓMENOS
T'
l
,
I

ENTORPECIMENTO/ *—
EVITAÇÃO PSICOLÓGICA
et alii (1992)
ESTADO DE EXCITAÇAO
AUMENTADA
a) lembranças/imagens a) luga de sentimentos,
intrusos a) transtorno do sono En
b) sonhos traumáticos I
pensamentos, locais, b) irritabilidade/raiva Fte
situações c) dificuldade de Av
c) jogos repetitivos b) interesse reduzido em
dl comportamento de I

atividades habituais concentração BOI

reconstitulçáo d) hipervigilàncía
'
c) sentimento de estar e) resposta exagerada de
e) angústia nas lembranças
sozinho. separado, alienado
I

,
traumáticas d) ámbito emocional restrito
sobressalto
l) resposta autônoma a
o) transtorno de memória
[*

lembranças traumáticas
l) perda de habilidades já
adquiridas
g) alteração na orientação

,xx
com respeito ao futuro

&&
&
Adolescentes de classe média , 151
Adolescentes de classe baixa
29
Vitimas de abusos sexuais
26
' todos os
166 grupos são dilerentos entre si para P < 0,001

R. Psiquiatr. RS,
iEiZ): 158-167,mai./ago. t994
Violência sexual — Flores e Caminha

TABELA 4 —- ALTERAÇÓES COMPORTAMENTAIS COMPATÍVEIS COM ABUSO SEXUAL

— transtorno do sono; — perda de peso;


— atraso do desenvolvimento; — distúrbios alimentares;
— atuação sexual; — mentiras, furtos;
'
— ansiedade generalizada; — comportamentos suiçidas;
| — mudança de comportamento na escola; — isolamento;
— tuga do contato Íísico; — abandono dos antigos hábitos lúdicos;
— episódios de medo ou pânico:
'
— abandono dos antigos laços afetivos;
— tugas do lar; — fadiga;
— prostituição; — alcoolismo/drogadição;
— embotamento atctivo (indiferença); — confusão de identidade e/ou de
relacionamento.

TABELA 5 — SOLIDEZ DO DIAGNÓSTICO DE ABUSO

]
'
Nenhum item positivo — diagnóstico negativo.
Apenas entrevista — diagnóstico positivo provável — evidência significativa. comprovada e
i
sustentada em literatura científica, aponta para a confirmação do diagnóstico de abuso sexual,
,
embora a variável apresentevse isolada do conjunto investigado.
Entrevista mais 1 ou 2 itens — diagnóstico positivo conclusivo — melhora o grau de
embasamento de confirmação do diagnóstico de abuso sexual com a presença de mais
variáveis que solidificam o resultado. Melhor cerceamento do fenômeno.
Entrevista mais 3 ou mais itens — diagnóstico positivo detinitivo — pela incidência do número
de variáveis apresentadas o diagnóstico de abuso sexual esta' bem solidificado & com alto
grau
1
de respaldo CÍCnlÍÍICD.

“ i

Endereço do Autor,
Í

J
Renato Zamora Flores
Av. Osvaido Aranha. 350 1107
90035490 — Porto Aiegrfc - R$
*

167

n. Psiquiatr, HS, mz): 153-167.mai./ago. 1994

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