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BAGATELA

Luisa Demarchi
História de Maria Aparecida, Sueli e

DOCUMENTÁRIO Vânia, mulheres presas por pequenos


furtos, e de Sônia Drigo, uma advogada
que, voluntariamente, se propôs a
defendê-las.

Aplicação da Justiça, a partir de


opiniões de juristas, da análise de casos e
suas consequências nas vidas dessas
mulheres.
BAGATELA e
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA
● BAGATELA: furto insignificante e de baixíssimo valor que, consequentemente, acaba por
excluir o delito.

● PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA: ideia de excluir da área de incidência do direito penal para


que as pequenas infrações recebam tratamento adequado por outras vias.

“Tudo que é crime é ilícito, mas nem tudo que é ilícito é crime”
BRASIL
Argumento: é que o crime de bagatela,
Crimes gravíssimos e seus autores, mesmo com baixo valor econômico, quando
indivíduos de alta periculosidade. acumulados impactam na economia. Por isso,
o indivíduo deve ser retribuído pelo Estado

Corrente: não acredita nessa visão do pelo mal causado ao praticar o considerado
crime, e que se isso não ocorrer, sente-se
princípio da insignificância, acreditando que
autorizada a praticar outros crimes. Além de
“crime é crime, que deve ser punido
apresentar o ideal de que todos podem ser
exemplarmente”.
cidadãos honestos e trabalhadores,
independente de suas condições.
CASOS
● MARIA APARECIDA: apresentava problemas mentais e foi presa em flagrante furtando um shampoo e
condicionador (R$24,00). Presa por 20 dias (sem a visão e com apenas 40 quilos), foi torturada, machucada,
e enviada ao CTI, perdendo a visão de um olho. Seu caso foi anulado pelo princípio da insignificância, desde
a prisão até a sentença.

● SUELI: mãe e avó, foi condenada por um queijo, duas bolachas e um desodorante de um supermercado
(R$30,00), sendo presa direto da delegacia por dois anos. Há provas de que foi agredida e ofendida no
estabelecimento. Seu processo foi anulado, mas ainda com pendências de uma indenização a ser paga.

● VÂNIA: uma dependente química e reincidente. Está presa pela décima vez por um pequeno furto de R$
5,00. Ela não tinha advogado, contato com o exterior da prisão e esperava para ir ao semiaberto, retratando
que existe muitas vezes uma sensação de desamparo por ter pouco ou nenhum contato com seus
defensores, quando os tem, gerando uma raiva e angústia por parte dos presos pela falta de informação.
Furtos: objetos da necessidade ou de desejos de difícil acesso.
As presas veem seus furtos como algo insignificativos em comparação a pedofilia, crimes
de colarinho branco, que apresentam impacto e perigo social. Ademais, acreditam que a
“Justiça” (os órgãos públicos, os advogados, os juízes, os policiais) são aqueles que apenas
punem e não compreendem suas realidades.

Após a liberdade, as mulheres afirmam que encontram dificuldades em encontrar trabalho, Sueli
inclusive diz que está em condições precárias e, por isso, é possível que furte algo para a sobrevivência
sua, de seu filho e de seu neto.

● Excesso de punição aumenta a criminalidade.


AUTONOMIA E NEUTRALIDADE

“O julgador não é legislador. Muitas coisas que


eu entendo erradas sou obrigado a cumprir. Eu Seguir estritamente o conteúdo legislativo,

sou escravo da lei. Isso é uma segurança para sem interferência da análise social daquele que se
encontra em uma posição de julgado, pois “se eu
toda a população. Até porque, amanhã ou
mantenho alguém preso é porque eu entendo que
depois, o que eu posso entender irrisório, 5 ou
aquela pessoa ou deve permanecer presa, ou deve
10 reais, outro vai
vir a ser presa. Se ela vai sair melhor ou pior, isso
entender que irrisório é 400 ou 500 reais. Onde
não é problema meu. Foi opção dessa pessoa”.
iremos parar com esse raciocínio?”,
desembargador Airton Vieira.
“O JUDICIÁRIO TEM DUAS CARAS”
Caso: absolvição da prisão de um fazendeiro que estuprou menores de idade enquanto encarcera uma
mulher pobre pelo crime de bagatela.

● Dualidade entre a tolerância e compreensão.

O que apesar de ser um caso em específico, pode representar os ideais de muitos que apoiam e
defendem a classe alta, independente da dimensão e do impacto social de seus crimes, enquanto os
marginalizados pela sociedade são presos pelo mínimo.

É necessário uma análise casuística para compreender e contribuir com a sociedade.

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