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ANA PAULA CUNHA SANTANA, FRANCISCA MARCELINA OLIVEIRA

COSTA, QUEZIA MORAES GUIMARÃES DA SILVA, VIVIANE NUNES


CARVALHO

A PÁTRIA
A Pátria trata-se de um conto sobre uma mulher e a angústia que sentia
sempre que o marido começava a contar histórias de quando era soldado na
guerra do Paraguai. Aborda sobre a pátria que estava acima de tudo e a
valorização da profissão militar que era motivo de orgulho para o velho soldado.
Esse sentimento era externado por suas palavras que acabavam instigando os
filhos a admirar e seguir carreira militar, como no trecho: “Quando foi preciso
escolher uma carreira, Carlos, sem hesitação, declarou que queria ir para a
Escola Militar” (Bilac, 1906, p. 72).
Reforça valores morais por meio da modéstia, da educação e da honra.
No conto, o velho soldado visava um futuro feliz para a família com uma boa
patente após a guerra. Isto é observado no texto em uma reflexão feita pela
esposa após a leitura de uma carta que recebe dele enquanto ainda estava na
guerra: “não se sabia quando acabaria a guerra; mas Deus velava por ele; era
preciso assegurar, conquistando um bom posto, um futuro feliz para os filhos;
além d’isso a Pátria estava acima de tudo...” (Bilac; 1906, p. 67,68).
O conto se relaciona com a história da Literatura Infanto Juvenil do início
do século XX ao reforçar valores éticos e morais de base nacionalista que são
vivenciados pelas crianças que aparecem no texto. Retrata a vida militar na
guerra, no pós guerra e seus “heróis de guerra”, mas especificadamente de um
soldado brasileiro, pai de família, que mesmo ao perder a perna em serviço se
recorda saudoso de seus dias em atividade.
Ao trazer isso, o texto acaba reiterando, exaltando e até mesmo
naturalizando a seus leitores sentimentos de moralidade, pertencimento,
cidadania e de amor à pátria tão divulgados nas escolas para as crianças à
época da Primeira República. Os livros de Literatura Infanto Juvenil, nesse caso,
se tornaram meios pedagógicos para promoção de uma educação escolar cívica
e moral.
A história se relaciona aos dias atuais ao retratar a responsabilidade de
proteger e cuidar das riquezas e do povo por meio do serviço militar que ainda
hoje é uma carreira bastante valorizada. O enaltecimento do patriotismo e dos
ensinamentos morais nos dias atuais é bastante observado nas escolas militares
que correlacionam a escolarização com o modus militar, também é visto em meio
as recentes disputas políticas não só em nosso país, mas a nível mundial.
Atualmente é possível observar cenários de guerra em outros países que
acabam por trazer a sociedade à reflexão sobre questões patriotas e sobre o
“lado negativo da guerra” que foi de certo modo retratado no conto por meio do
que a mulher passou com seus filhos enquanto seu marido estava em serviço,
bem como a perca da perna do marido e a morte acidental do filho. Ainda hoje
existem mães que não aceitam que seus filhos tenham uma carreira militar, por
conta dos perigos da profissão.
Hoje em dia o conto A Pátria poderia ser trabalhado em sala de aula no
Ensino Fundamental Anos Iniciais na área de Língua Portuguesa retratando o
gênero literário conto, também poderia ser feito atividades de análise linguística
e semiótica das palavras que sofreram alteração na grafia com o passar do
tempo. Poderia ser trabalhado também nos Anos Finais na área de História ao
tratar do Brasil no fim do século XIX e começo do século XX e sua participação
na guerra do Paraguai, observando o modo de vida dos personagens durante e
no pós guerra e sua versão sobre o conflito.

Referência
BILAC, Olavo; COELHO NETO. Contos Pátrios (para creanças). 2ª Ed. Editora
Francisco Alves, RJ, 1906.

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