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EDUCAÇÃO INCLUSIVA E A

INTERVENÇÃO JUNTO ÀS
NECESSIDADES EDUCACIONAIS
ESPECIAIS
UNIDADE I
DEFICIÊNCIAS FÍSICA E INTELECTUAL
Elaboração
Luciana Raposo dos Santos Fernandes

Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...................................................................................................................................................4

UNIDADE I
DEFICIÊNCIAS FÍSICA E INTELECTUAL...........................................................................................................................................7

CAPÍTULO 1
DEFICIÊNCIA FÍSICA....................................................................................................................................................................... 7

CAPÍTULO 2
AVALIAÇÃO E ACOMPANHAMENTO DOS DEFICIENTES FÍSICOS............................................................................. 13

CAPÍTULO 3
DEFICIÊNCIA INTELECTUAL..................................................................................................................................................... 19

REFERÊNCIAS.................................................................................................................................................31
INTRODUÇÃO

Desde 1980, a Organização Mundial da Saúde (OMS) passou a usar o termo


deficiência para definir a ausência ou a disfunção de uma estrutura psíquica,
fisiológica ou anatômica e criou um sistema, denominado Classificação
Internacional de Deficiências, Incapacidades e Desvantagens (CIDID), com
o objetivo de propagar uma linguagem comum tanto para a pesquisa quanto
para a prática clínica. Desde então, determinou que perdas ou anormalidades
da estrutura ou da função psicológica, fisiológica ou anatômica se refere a uma
exteriorização de um sintoma. Portanto, podemos dizer que a deficiência está
relacionada à atividade exercida pela biologia do indivíduo.

Partindo dessa definição, para a criança ser atendida de forma mais eficiente
no contexto escolar, é importante conhecer sua deficiência, suas causas e o
que pode afetar o dia a dia dela em sala de aula. Afinal, dentro do mundo que
é considerado “normal” deve haver espaço, pelo menos teoricamente, para a
aceitação das deficiências, principalmente sem preconceito. Para tanto, são
necessários mais conhecimento e mais condições de mediar o crescimento escolar
do aluno que foge do padrão.

Contudo, além da própria formação do professor que ainda é deficitária e pouco


estimulada, devem ser implantadas as modificações necessárias em sala de aula
para que o aluno com deficiência física possa se desenvolver de acordo com suas
próprias características e condições, junto aos demais alunos. Como tudo isso
depende de um contexto extenso, de políticas públicas voltadas tanto para o
bem-estar social quanto para a educação – que deveria ser um direito universal
inquestionável – bem como de muitas modificações estruturais, inicialmente
cabe ao docente conhecer as principais deficiências que podem se apresentar
em sala de aula.

Nesse sentido, o nosso Caderno de Estudos e Pesquisa pretende evidenciar


aspectos que devem ser reconhecidos, enquanto se propõe a discutir novos
caminhos para a Educação Inclusiva. Com isso, propõe-se a usar diferentes
abordagens de ensino para alcançar os objetivos almejados, discutir novas
concepções e paradigmas que consigam atender a todos, no intento de construir
um ensino participativo, inclusive em relação à produção cultural escolar, para
incentivar a participação de todos, independentemente de potencialidades ou
deficiências apresentadas.

Objetivos
» Promover uma reflexão sobre o que é deficiência, em quantas áreas ela se
divide e como se caracteriza.

» Analisar a inclusão no contexto escolar atual, suas implicações e necessidades.

» Compreender o papel do professor educador e a influência da família no


processo ensino-aprendizagem.
DEFICIÊNCIAS FÍSICA E
INTELECTUAL
UNIDADE I

Se a definição de deficiência se refere à perda ou anormalidade relacionada à


estrutura ou à função psicológica, fisiológica ou anatómica, que tanto pode ser
congênita quanto adquirida, em termos de educação o que temos que entender é
que as pessoas com deficiência, seja física ou mental, têm direito a benefícios e
respostas de apoio, com o objetivo de promover a sua autonomia e independência.
No entanto, para que haja a inclusão de fato, ainda se faz necessário promover
a acesso escolar, social e intelectual, aspectos associados ao pleno exercício de
cidadania intrínseca a todo ser humano, cujas potencialidades podem e devem
ser exploradas, independentemente das condições apresentadas.

CAPÍTULO 1
DEFICIÊNCIA FÍSICA

Como a deficiência representa a exteriorização de um estado patológico, cujos


distúrbios se apresentam no nível do órgão, temos que ficar atentos para alguns
fatores, entre os quais:

» Incapacidade – refere-se a restrição ou falta de habilidade para realizar


qualquer atividade normal. Logo, está intimamente ligada à deficiência
apresentada. O cadeirante, por exemplo, é incapaz de jogar futebol, exceto
quando adaptado para a deficiência dele.

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Figura 1. A amputação também é considerada uma forma de deficiência física.

Fonte: cleveland19.com/story/29355432/romonas-kids-amputee-inspires-others-by-running/.

» Desvantagem – implica limitação individual provocada pela deficiência


para executar algo considerado normal para a maioria, desde que considerada
a idade, o sexo e os fatores socioculturais. Portanto, implica uma discordância
entre o desempenho e a impossibilidade de realizar determinadas ações em
virtude da deficiência. Uma criança com deficiência no pé ou na perna, por
exemplo, não consegue correr normalmente, mesmo que queria, ou seja,
espera-se dela essa ação. Nesse ponto a CIDID gerou polêmicas e críticas
que provocaram uma revisão por parte da própria OMS que fez uma nova
publicação com o nome de Classificação Internacional de Funcionalidade,
Incapacidade e Saúde (CIF), para evitar a socialização da incapacidade, o
preconceito e a exclusão.

Note que, em termos escolares, a aprendizagem e o desenvolvimento são processos


distintos e, embora interajam entre si, não devem ser confundidos. Se a criança
não corre em virtude de alguma deficiência, ela pode se mostrar capaz de fazer
inúmeras outras coisas sozinhas ou com a ajuda de outros indivíduos. Portanto,
nenhuma criança é incapaz ou improdutiva, ou não tão capaz e produtiva como as
demais, ela é apenas diferente em suas limitações e não deveria ser discriminada
no ensino regular.

Se você observar uma criança com deficiência mental, cega ou surda, ela tem um
estado normal para si mesma, nunca um estado patológico. Ela aprende e, em
consequência, o aprendizado desperta processos internos de desenvolvimento

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deficiências FÍSICA E INTELECTUAL | UNIDADE I

que só ocorrem por meio da imitação e em interação com outras pessoas.


Consequentemente, qualquer criança com deficiência necessita de vivências
significativas, no intento de experimentar. Jogando, por exemplo, ela compreende
regras, estabelece vínculo com seus pares, compreende o passado e orienta-se
para o futuro.

Tanto a audição quanto a visão são sentidos considerados sociais, pois atuam como
mediadores entre o indivíduo e a sociedade. Portanto, no ambiente escolar, diante
de crianças surdas e cegas, cabe ao educador o importante papel de mediador.
Já as demais deficiências requerem conhecimento, inclusive sobre as causas,
para que seja possível perceber como elas afetam o cotidiano da criança, a fim
de mediar o crescimento escolar do aluno. Portanto, também devem ser levadas
em consideração as limitações que, na maioria das vezes, exigem adaptações a
fim de atender a inclusão escolar. Só elas são capazes de permitir ao aluno com
deficiência física (DF) se desenvolver junto às outras crianças de sua escola.

Tipos de deficiência física


Quando falamos de DF nos referimos a qualquer alteração completa ou parcial
de um ou mais segmentos do corpo humano, que leva a limitação da mobilidade
e da coordenação geral. Tais alterações podem ser congênitas ou adquiridas. No
caso das alterações congênitas, de acordo com a área do cérebro afetada, podem
ocorrer dificuldades relativas à aquisição da linguagem, de leitura, de escrita, de
percepção espacial e de reconhecimento do próprio corpo. De qualquer forma há
diferentes tipos de deficiência física e, em consequência, limitações que devem
ser contornadas na escola. Entre elas destacamos:

» Paraplegia – implica ausência total das funções motoras dos membros


inferiores, resultante de uma lesão da medula, geralmente desencadeada
em consequência de acidentes que provocam contusões sérias ou pelo
desenvolvimento de tumores e eclosão de infecções, que impedem o controle
dos movimentos e a possibilidade de ter sensações nos membros inferiores. Tal
condição é complicadora frente às tentativas de manter-se sentado. Portanto,
o docente deveria tomar cuidado com a postura do aluno, solicitando a ele
apenas que tente fazer pequenos movimentos em sua cadeira de rodas,
para evitar maiores lesões. Além disso, ainda é preciso entender que a
paraplegia se divide em:

1. flácida - com perda de tônus muscular, anestesia cutânea e abolição dos


reflexos tendinosos;

2. espástica - com hipertonia muscular;

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3. reversível - quando causada por compressão medular ou por uma doença


infecciosa curável, desde que seja possível intervir para remover suas causas;

4. irreversível - quando causada por um corte transversal da medula ou por


causas congênitas irremovíveis.

Normalmente, alunos com paraplegia, quando aceitos e tratados como iguais,


não apresentam dificuldades de desenvolvimento, tanto que aprendem a se
movimentar, a falar, a comer, a brincar, entre outras atividades, em tempo real,
por vezes com pequenos atrasos devido à própria condição. Mas, nas escolas, eles
dependem de acessibilidade física, o que exige rampas, portas largas, banheiro
adaptado e espaço para locomoção de cadeira de rodas.

» Tetraplegia – refere-se à perda total das funções motoras dos membros


inferiores e superiores, o que limita a movimentação rigidamente. É causada,
quase sempre, por acidentes automobilísticos, mergulhos de cabeça em
superfícies líquidas, projéteis, erros médicos e Acidentes Vasculares Cerebrais
(AVCs). Normalmente, alunos tetraplégicos necessitam de um tutor, pois
não conseguem fazer as atividades que exigem movimento, inclusive as
rotineiras, como comer e fazer a higiene pessoal. Eles também precisam de
equipamentos como cadeiras de rodas específicas, para melhor posturação.

» Hemiplegia – trata-se de um tipo de paralisia cerebral que atinge um dos


lados do corpo e impede as funções motoras do hemisfério correspondente
(direito ou esquerdo). Pode ser causada por lesões cerebrais como, por
exemplo, hemorragia, congestão ou embolia, que ocorrem principalmente
durante os primeiros anos de vida, período em que a criança desenvolve
doenças graves como meningite, infecções ou desidratação grave. Há quatro
tipos principais de hemiplegia:

1. Espástica: quando os músculos se tornam rígidos e fracos, fazendo com


que o indivíduo tenha dificuldade de falar e locomover-se.

2. Coreoatetoide: é o tipo de paralisia em que os músculos espontaneamente


se movem devagar e sem controle.

3. Atáxica: trata-se da paralisia cerebral que leva o paciente a ter pouca


coordenação e movimentos inseguros tanto de tronco quanto de membros.

4. Mista: quando ocorre esse tipo, o indivíduo apresenta sintomas de mais


de um tipo de paralisia, como as já mencionadas, em geral, a espástica e a
coreoatetoide combinadas.

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Em consequência da hemiplegia, apesar do laudo único, os indivíduos afetados apresentam


características diferentes. Além do lado afetado da face que fica contraído e normalmente
deixa a boca torta, eles têm dificuldades em abrir e fechar os olhos; e de movimentar o
braço e a perna do lado afetado, devido a:

a. espasticidade: normalmente o indivíduo que fica com o braço encolhido,


também tem a tendência de ter a perna muito dura, o que dificulta dobrar
o joelho;

b. dores nas articulações;

c. dificuldades em iniciar os movimentos com o braço e com a perna


afetada;

d. escoliose: o que significa curvatura anormal da coluna para um dos lados


do tronco, o que normalmente é determinado pela rotação das vértebras.

e. diminuição da sensibilidade no lado do corpo afetado.

De acordo com o lado do cérebro afetado, ainda podemos perceber outras


características:

I. Hemiplegia à esquerda - devido a lesão cerebral no lado direito, o


indivíduo apresenta:

› dificuldade em orientar-se em relação ao ambiente;

› negligência do lado esquerdo do corpo;

› não se veste iniciando pelo lado afetado;

› dificuldade com números (o que dificulta a realização de contas, por


exemplo).

II. Hemiplegia à direita - em decorrência da lesão cerebral no lado esquerdo


é comum ao indivíduo:

› não reconhecer os símbolos numéricos (como os sinais de adição,


subtração, igualdade etc.);

› ter dificuldade em distinguir o lado direito do esquerdo em si mesmo e


nos outros;

› ter dificuldade em lembrar-se do que ia fazer;

› ter dificuldade em planejar ou executar tarefas.

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Note que, todas essas alterações podem ou não estar presentes no indivíduo,
pois elas dependem da gravidade da lesão e da recuperação do sujeito.

» Paralisia cerebral – trata-se de lesão de uma ou mais áreas do Sistema


Nervoso Central que, em consequência, provoca alterações psicomotoras, com
possibilidade ou não de causar deficiência mental. Normalmente acontece
quando falta oxigênio no cérebro do feto durante a gestação, no parto ou até
dois anos após o nascimento da criança, caso em que pode ser provocada
por traumatismos, envenenamentos ou doenças graves, como sarampo
ou meningite. Provoca alterações no tônus muscular, comprometendo a
coordenação motora e, em alguns casos, problemas na fala, na visão e na
audição.

» Amputação – refere-se à perda total ou parcial de determinado membro


ou segmento de membro, que é cirurgicamente separado da estrutura do
corpo, em decorrência de traumas, doenças, malformação congênita, entre
outras causas.

Em escolas particulares, devido ao reduzido número de alunos por sala de


aula, o cuidado com a deficiência pode ser tomado, mas em escolas públicas
será que isso seria possível, diante de uma turma grande que nunca foi
preparada para frequentar uma sala de aula e, por vezes, tem elementos
preconceituosos? Será que o professor está preparado para enfrentar essa
condição e ajudar o aluno paraplégico ou tetraplégico, por exemplo? Outra
questão a se pensar refere-se à estrutura física das escolas. Normalmente
as instituições particulares de educação podem oferecer rampas de acesso,
corredores mais largos e banheiros apropriados. Já as escolas públicas,
deterioradas pelo tempo e uso, será que têm essas condições? Além disso, a
maioria dos educadores sabe que as políticas públicas raramente se mostram
preocupadas com isso!

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CAPÍTULO 2
AVALIAÇÃO E ACOMPANHAMENTO DOS DEFICIENTES
FÍSICOS

Conhecidos alguns tipos de deficiência física, a tendência é analisar como será


o aluno deficiente em sala de aula, principalmente porque a alteração, por si
só, não implica atrasos significativos no desenvolvimento cognitivo. Mas isso
também só acontece se a criança recebe os estímulos adequados para sua idade
cronológica e o suporte/apoio de aparelhos como: andadores e cadeiras de rodas
para conseguir se desenvolver e acompanhar cognitivamente a turma em que
está inserida.

Já no caso da paralisia cerebral, podemos ter crianças com menor funcionalidade


motora, principalmente se a lesão cerebral ocorreu em estágios precoces do
desenvolvimento delas. Tal fato as torna expostas a várias diversidades que
interferem no amadurecimento do Sistema Nervoso, sistema importante para o
processo de informações relacionadas à aprendizagem, principalmente as mais
elaboradas da mente humana, caso do ler e escrever.

Figura 2. Por vezes, a criança com paralisia cerebral não tem recursos neurológicos otimizados para
a aprendizagem, mas dá para ativar as estruturas integrantes do sistema de recompensa por meio
de atividades prazerosas.

Fonte: pouted.com/5-things-know-as-parent-child-cerebral-palsy/.

Diante desses casos, note que a maior dificuldade está presente naqueles que
não conseguem se comunicar por meio da fala. Muitas vezes, além de serem
diagnosticados com perda cognitiva, não lhes é dada a oportunidade de aprender
a se comunicar de formas alternativas.

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De acordo com essa perspectiva, é preciso entender que a criança com paralisia
cerebral pode ter recursos neurológicos não otimizados para a aprendizagem. No
entanto, estruturas integrantes do sistema de recompensa podem ser ativadas
quando elas executam atividades que causam prazer, o que leva à motivação e
à repetição do ato. Portanto, quando empregadas tais atividades, elas tendem
a responder com maior dinamismo e eficácia, pois as disposições internas são
ativadas, organizadas e reguladas, como também direcionadas a um objetivo
específico. Embora um contexto facilitador seja fundamental em qualquer sala
de aula, ele é essencial para a criança com paralisia cerebral.

Consequentemente, também é necessário ao docente conhecer formas alternativas


de comunicação, nas quais se dá o uso de gestos, sinais, expressões faciais,
pranchas de alfabeto, símbolos pictográficos (como os PECS - Picture Exchange
Communication System, ou seja, Sistema de Comunicação por Figura ou PCS -
Picture Communication Symbols). Os sistemas tecnológicos, caso do computador
com voz sintetizada e tablets, normalmente são empregados para definir outras
formas de comunicação ensinadas ao indivíduo que não fala e não apresenta
outra forma de se comunicar, no intento de facilitar a inclusão dele.

Sobre a inclusão
A inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais deveria mobilizar
a sociedade e toda a comunidade escolar em relação ao modelo de escola. Apesar
de que todas as crianças deveriam estar incluídas nas salas de aulas do ensino
regular, a escola ainda tem que refletir sobre certos princípios, que englobam
desde a aprendizagem – inclusive por parte de outros alunos, no que se refere à
convivência em um mesmo espaço – até uma mudança na organização de todo o
trabalho pedagógico da escola, passando, é claro, pelo próprio trabalho docente.
No entanto, o que vemos é uma crise repleta de muitas incertezas e inseguranças,
mas também de muita liberdade para de buscar alternativas, novas formas de
interpretação e de conhecimento que norteiem as mudanças essenciais.

Afinal, a inclusão propõe uma ruptura de base em sua estrutura organizacional,


para que possa fluir em uma ação formadora para todos que participam dela,
com mudanças formais nas modalidades de ensino, tipos de serviços, grades
curriculares, entre outros aspectos, que abrangem a diversidade humana, bem
como as diferenças culturais, étnicas, religiosas, de gênero etc.

Somente dessa forma, podemos entender como aprendemos e entendemos o


mundo e a nós mesmos. Portanto, a escola não pode ignorar o que acontece ao seu

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redor, anular e marginalizar as diferenças em seus processos, pois basicamente é


por meio delas que se dá a formação e a instrução dos alunos. Ao mesmo tempo,
ela deve reaprender a se expressar dos mais variados modos, o que implica
representar o mundo, a partir de nossas origens, valores, sentimentos etc.

Ainda hoje é fácil constatar que o ensino curricular das escolas continua
organizado em disciplinas, que isolam e separam os conhecimentos, sem
reconhecer as inter-relações. Contudo, o conhecimento evolui por recomposição,
contextualização e integração de saberes, momento em que forma redes de
entendimento, que não reduzem o complexo ao simples, pois seu objetivo
é fazer com que todos desenvolvam uma maior capacidade de reconhecer o
caráter multidimensional dos problemas em busca de soluções.

Portanto, cabe ao docente da classe regular capacitar-se, tanto psicológica


quanto intelectualmente, para mudar sua forma de ensinar e adaptar o que vai
transmitir, no intento de atender às necessidades de todos os alunos, inclusive
daqueles que têm mais dificuldades. Mas, capacitação também exige tempo e
investimento, e muitos professores não dispõem nem de um nem de outro, devido
às condições sociopolíticas e econômicas atuais. No entanto, alguns se valem
da criatividade, porque sabem que as crianças aprendem por tentativa e erro,
além de experimentações, condições essenciais para as aquisições educacionais
sistemáticas.

Ainda no caso da criança com paralisia cerebral, vale notar que o ambiente
escolar é um dos principais recursos de estimulação que ela encontra. Apenas
o fato de poder estar com outras crianças de mesma idade e ser aceita com sua
peculiaridade provoca situações de aprendizagem por imitação, como ocorre em
outros momentos de seu cotidiano. Quando privada dessa oportunidade, essa
mesma criança se torna passiva durante as atividades, principalmente se não
tem uma forma de comunicação verbal.

Diante desse fato, cabe ao professor assumir o papel de mediador, para


proporcionar uma participação mais ativa dela em sala de aula. Isso não requer
uma especialização (embora ela seja fundamental para facilitar a atuação docente),
mas sensibilidade para se responsabilizar pela educação dos deficientes.

Além disso, embora seja fundamental que o docente conheça o laudo do aluno,
no intento de fazê-lo participar das atividades em sala de aula da forma mais
eficaz possível, é mais importante ainda não se ater apenas a um documento,
mas tentar perceber as potencialidades e habilidades do aluno.

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Citando novamente a criança com paralisia cerebral, quando bem estimulada, ela
pode ter seu desenvolvimento cognitivo igual ao dos outros alunos de sua idade,
desde que sua família reconheça que também tem um papel muito importante
nesse desenvolvimento. A família deve buscar terapias complementares, ou mesmo
suplementares às necessidades da criança, tais como fisioterapia, fonoaudiologia,
terapia ocupacional, psicologia, estimulação em meio aquático, entre outras.

Porém, na maioria das vezes, a família precisa ser orientada nesse sentido. Além
disso, é extremamente importante que a escola e os terapeutas trabalhem com
os mesmos objetivos e os mesmos métodos, para criar oportunidades efetivas
voltadas às trocas de experiências.

Teoricamente, tudo parece simples, mas, na prática diária do professor, a realidade


é bem diferente, tanto que, segundo o Ministério da Educação (MEC), o conceito
de inclusão se refere à “perspectiva radical da inclusão educacional, [sendo]
o objetivo principal da escola [é] fortalecer as habilidades de socialização e
mudar o pensamento estigmatizado sobre as deficiências ou transtornos”. Nesse
âmbito, além de ser vista como um valor em si mesma, a diversidade seria uma
oportunidade de aprendizagem e convivência que beneficiaria a todos, pois os
alunos estariam em classes comuns independentemente dos impedimentos de
natureza intelectual, mental ou sensorial, que possam apresentar, o que não é
nada fácil para um professor de escola pública gerir.

Crianças com deficiência física também precisam de referências para se inspirar


e esse papel, na última Paraolimpíada, foi preenchido com méritos pelo grande
campeão de natação Daniel Dias (1988-). Ele nasceu com má-formação dos
membros superiores e inferiores, o que não o impediu de ganhar 27 medalhas,
das quais 14 de ouro, e se tornar o 14 o atleta mais medalhado da história dos
Jogos Paraolímpicos. Casado e pai de três filhos, ele se despediu das piscinas em
1o dia de setembro de 2021. Um dia antes, durante um depoimento emocionado
ao portal Globo Esporte, ele agradeceu a Deus pelo dom que recebeu e deixou
um recado para seus fãs mirins: “espero que muitas crianças, com deficiência
ou sem, estejam vendo e assistindo [as provas de natação paraolímpicas].
Acreditem no sonho de vocês. A deficiência não define quem somos. Gratidão
é o principal sentimento agora”.

Da igualdade ao respeito às especificidades

Apesar do estabelecimento de um modelo único, a efetiva inclusão parece


impossível para a prática docente de alguns, em consequência da própria
diversidade, que não se restringe à escola, afinal, é preciso incluir a pessoa

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social, cultural, acadêmica, política, econômica e profissionalmente. Além disso,


para que as crianças, deficientes ou não, mantenham-se interessadas e com bom
desenvolvimento escolar, é preciso elaborar uma adequação curricular para
cada uma, pensada pela escola, família e terapeutas, o que é quase impossível
em termos de escola pública no Brasil.

Diante dessa constatação, surgiu o Decreto n. 10.502/2020 e o texto da Política


Nacional de Educação Especial (PNEE, 2020) que, se por um lado, consideram
que a vivência cotidiana com a diferença e o necessário acolhimento são didáticos
e éticos, por outro, também frisam que não é justo admitir que o benefício de
uns seja o prejuízo de outros, o que o significa que a inclusão não pode ser mais
importante que a criança com sua diferença.

Por isso, tal decreto sugere, conforme o MEC, que a Política Nacional de Educação
Especial (PNEE, 2020), é a única que poderá garantir ao seu público-alvo não
apenas acesso às escolas, como também o desenvolvimento de suas potencialidades,
o êxito na aprendizagem e a inclusão na sociedade, eliminando ou minimizando
barreiras sociais que obstruem a participação plena e efetiva dos educandos do
público-alvo da educação especial em igualdade de condições com as demais
pessoas.

Apesar de esse decreto parecer discriminatório, ele não exclui a possibilidade


de inclusão como a conhecemos. Ele apenas concede o direito de o atendimento
não ser realizado exclusivamente na escola regular, pois está estabelecido na
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, em seu artigo 58, § 2 o, que “o
atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados,
sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a
sua integração nas classes comuns de ensino regular”, o que também significa
não submeter ninguém a condições indesejadas por si e por suas famílias. Um
aluno surdo, por exemplo, nunca vai aprender sua segunda língua, o Português,
se não tiver um intérprete, profissional que a escola pública raramente dispõe.

Controvérsias geradas pelo decreto

Há inúmeras críticas ao novo Decreto n. 10.502/2020 feitas por aqueles que lutam
pelos direitos das pessoas com deficiência. Eles alegam que, com a possibilidade de
se ampliar o atendimento educacional especializado, tanto alunos com deficiência
poderão ficar isolados quanto as escolas regulares poderão adotar uma postura
discriminatória em relação a novos alunos com problemas de deficiência. Além
disso, eles também alertam que o decreto viola a Convenção Internacional dos

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UNIDADE I | deficiências FÍSICA E INTELECTUAL

Direitos da Pessoa com Deficiência, assinada por 160 países, em 2007, incluindo
o Brasil, ao ferir o Decreto n. 6.949 de agosto de 2009, que deu à Convenção
força de lei, enquanto passa por cima da Lei de Brasileira de Inclusão. Isso
é explicado pela ativista pelo direito à inclusão Mariana Rosa em entrevista
ao Jornal Brasil Atual, ocorrida em 2 de outubro de 2020. Embora o decreto
determine que os familiares possam escolher em que instituição de ensino, seja
ela regular inclusiva, especial ou bilíngue de surdos, a criança pode estudar. Na
prática, essa escolha tende a não existir, como explica Mariana.

De qualquer forma, ainda falta gestão democrática das escolas, em relação à


acessibilidade e outros recursos, qualificação na educação dos professores e
melhoria de salários, o que já impede a chamada educação inclusiva conforme
o planejado. Por isso, muitas escolas já não aceitam alunos com deficiências
severas e até médias. Portanto, aqui vale observar que nenhuma escola, lugar de
aprender e ensinar, pode se transformar em um espaço de vivência terapêutica
para moldar seres, pois indivíduos com deficiência aprendem e devem ser
valorizadas pelo que são.

Para entender o novo decreto, os pontos positivos e negativos dele,


preste atenção no vídeo Entendendo a nova Política Nacional de Educação
Especial - Decreto n. 10.502 de 30 de Setembro de 2020: youtube.com/
watch?v=byZ2VYRyxzc.

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CAPÍTULO 3
DEFICIÊNCIA INTELECTUAL

O termo deficiência intelectual pode ser aplicado a qualquer indivíduo que tem
restrições consideráveis no funcionamento intelectual, junto a limitações em
outros aspectos que se refletem em uma maior lentidão no desenvolvimento
pessoal e no desempenho de tarefas básicas, como as de comunicação, cuidado
pessoal e de relacionamento social e na aprendizagem. Para ser caracterizado
como um transtorno do desenvolvimento, o início da deficiência intelectual deve
se dar antes dos 18 anos. Após essa idade, o que ocorre são alterações cognitivas.

Portanto, crianças com deficiência intelectual precisam de mais tempo para


aprender a falar, a caminhar e a assimilar as competências necessárias para
cuidar de si, tal como vestir-se ou comer. Consequentemente, também enfrentam
dificuldades na escola. Apesar disso, elas aprendem, mas necessitam de mais
tempo e paciência por parte dos adultos, inclusive professores, que a cercam, pra
repetir e repetir as informações e, embora não consigam aprender algumas coisas,
é importante observar que ninguém consegue aprender tudo. Além disso, tanto
quanto as deficiências físicas, as mentais também se dividem em tipos, em virtude
dos inúmeros fatores que podem causá-la. Entre elas, destacam-se as alterações
cromossômicas e gênicas, as desordens do desenvolvimento embrionário ou
outros distúrbios estruturais e funcionais que reduzem a capacidade do cérebro.
Observe alguns dos tipos de deficiência intelectual:

» Síndrome de Down – trata-se de uma alteração genética que ocorre no início


da gravidez, durante a formação do bebê. O grau de deficiência intelectual
provocado pela síndrome é variável, mas normalmente a linguagem sempre
fica comprometida. Já a visão é relativamente preservada e as interações
sociais também podem se desenvolver bem. No entanto podem aparecer
distúrbios como hiperatividade, depressão, entre outros. De forma geral,
as características da pessoa com Síndrome de Down variam em número
e em intensidade, mas também podem aparecer em conjunto. Entre elas,
podemos citar as seguintes:

› face achatada;

› fenda palpebral oblíqua;

› orelhas displásicas;

› pele abundante no pescoço;

› prega palmar transversa única;

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› hiperelasticidade articular;

› pelve displásica;

› displasia da falange média do quinto dedo.

Figura 3. A inclusão desempenhou um papel significativo na percepção pública das pessoas com
síndrome de Down.

Fonte: senmagazine.co.uk/content/specific-needs/down-syndrome/7892/becoming-school-ready/.

Normalmente, os indivíduos afetados são de baixa estatura e em quase 40% dos


casos apresentam problemas cardíacos, como defeitos no septo interventricular
e no coxim endocárdico, tanto que as cardiopatias são as principais causas de
morte em crianças e jovens com Síndrome de Down. Muitas também apresentam
malformações no trato gastrointestinal, perdas auditivas e características da
doença de Alzheimer.

» Síndrome do X frágil – a característica mais significativa de uma pessoa


afetada por essa síndrome é o atraso no desenvolvimento, o que também
implica graus de deficiência variados. Já entre as características comuns,
podemos ressaltar:

1. excelente memória;

2. bom vocabulário;

3. habilidade para leitura;

4. facilidade na identificação de sinais gráficos e logotipos;

5. uso de jargões e frases de efeito;

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deficiências FÍSICA E INTELECTUAL | UNIDADE I

6. facilidades para seguir instruções ao “pé da letra”;

7. fala repetitiva;

8. atenção extrema em relação a aspectos irrelevantes;

9. ecolalia (repetição de fonemas).

Os indivíduos afetados apresentam algumas características físicas que podem se


tornar mais evidentes após a puberdade, como face alongada; orelhas grandes
e em abano; mandíbula proeminente; e testículos aumentados (macrorquidia).
Outros ainda têm hipotonia muscular; comprometimento do tecido conjuntivo; pés
planos; palato alto; prolapso da válvula mitral; prega palmar única; estrabismo;
escoliose; e calosidade nas mãos (decorrente do hábito de morder as mãos).

» Síndrome de Prader-Willi – ela se caracteriza por diferentes graus de


hipotonia tanto durante o período neonatal quanto na primeira infância.
Os bebês afetados, por exemplo, apresentam baixo índice de vitalidade
(frequência cardíaca baixa, respiração fraca ou irregular, movimentos
lentos etc.), dificuldade de sugar, baixa temperatura corporal (hipotermia),
choro fraco, mostram-se pouco ativos e dormem a maior parte do tempo.
Devido à dificuldade de sugar, eles podem ser alimentados por sonda
gástrica até 11 meses de idade, ou até que adquiram o controle muscular.
Portanto, o enfraquecimento do tônus muscular não é progressivo. Além
disso, a criança apresenta atraso no desenvolvimento neuromotor, o que
a faz demorar a começar a sentar, engatinhar e caminhar; tem dificuldade
para articular palavras; constante sensação de fome e interesse por comida
(hiperfagia), o que a faz ganhar peso; e, embora fique sempre alerta,
apresenta problemas de aprendizagem. Note que o ganho de peso leva a
obesidade que surge entre um e seis anos, marcando o início da segunda
fase da doença, momento em que ocorre a inatividade e a diminuição da
sensibilidade à dor. Quanto às características da síndrome, os afetados têm
baixa estatura, mãos e pés pequenos, pele mais clara que a dos pais, boca
pequena com o lábio superior fino e inclinado para baixo nos cantos, fronte
estreita, olhos amendoados e estrabismo. Entre essas crianças, algumas
entre 3 a 5 anos, tendem a ter depressão, alterações repentinas de humor,
pouca interação com outras pessoas, imaturidade, comportamento social
impróprio, irritabilidade, teimosia, hábito de mentir, desobediência, falta de
cooperação, impulsividade, agitação, choro sem razão, rejeição a mudanças
de rotina, obsessão por alguma ideia ou atividade, além de violência. Mas,
curiosamente, apresentam grande habilidade para montar quebra-cabeças.

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UNIDADE I | deficiências FÍSICA E INTELECTUAL

» Síndrome de Angelman – trata-se de um distúrbio genético-neurológico,


caracterizado por atraso no desenvolvimento intelectual, dificuldades na
fala, distúrbios no sono, convulsões, movimentos desconexos e sorriso
frequente, resultante apenas de uma expressão motora, que ainda se
associa a uma personalidade facilmente excitável, que transparece com
movimentos aleatórios das mãos, hipermotricidade e incapacidade de manter
a atenção. Em mais de 80% dos casos é observado o atraso no crescimento
do perímetro cefálico, normalmente produzido por microcefalia (absoluta
ou relativa) em torno dos dois anos de idade. Crises convulsivas antes dos
três anos de idade também são comuns. Nessa mesma proporção observa-se
eletroencefalograma anormal, com ondas de grande amplitude e picos lentos.
Já em menos de 80% dos casos, há outros sintomas associados, entre os quais
estrabismo, hipopigmentação da pele e dos olhos, hipersensibilidade ao calor,
mandíbula e língua proeminentes, problemas para sugar baba frequente,
língua para fora da boca, boca grande, dentes espaçados, atração pela água,
comportamento excessivo de mastigação, hiperatividade dos movimentos
reflexos nos tendões, problemas para dormir e com a alimentação durante
a infância, braços levantados e flexionados ao caminhar.

» Síndrome de Williams – provocada por alteração genética do indivíduo


afetado, apresenta deficiência intelectual de leve a moderada; além
de comprometimento da capacidade visual e espacial, em oposição ao
desenvolvimento na linguagem oral e musical, além de problemas inatos
do metabolismo (fenilcetonúria, hipotireoidismo congênito etc.), em geral
enzimáticos, que não apresentam sinais nem sintomas de doenças, mas que
podem incluir crescimento inadequado; doenças recorrentes e inexplicáveis;
convulsões, ataxia, perda de habilidade psicomotora, hipotonia, sonolência
anormal ou coma; anormalidade ocular, sexual, de pelos e cabelos, surdez
inexplicada; acidose láctea e/ou metabólica; distúrbios de colesterol, entre
outros. No entanto, quando a síndrome é detectada pelo Teste do Pezinho,
ela pode ser tratada e prevenir o aparecimento de deficiência intelectual.

Deficiência intelectual e doença mental são duas condições distintas. A


primeira, antigamente chamada de deficiência mental, refere-se a um atraso
no desenvolvimento do indivíduo que, em decorrência, apresenta dificuldades
para aprender e realizar tarefas do dia a dia, bem como interagir com o meio.
Portanto, não se trata de um traço absoluto dele, mas de um atributo que
interage com o meio ambiente tanto físico quanto humano que, por sua vez,
deve se adaptar às necessidades do acometido. Já a doença mental engloba
uma série de condições que causa alterações de percepção da realidade, de

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deficiências FÍSICA E INTELECTUAL | UNIDADE I

humor e de comportamento, entre outras, que afetam o desempenho social


do indivíduo. Consequentemente, é uma doença psiquiátrica, que deve
ser tratada por um profissional especializado, com uso de medicamentos
específicos de acordo com cada situação apresentada pelo paciente.

Em relação à aprendizagem

Considerando a deficiência intelectual e o contexto da integração escolar, as


aprendizagens não são abordadas conforme a idade cronológica da criança afetada.
Portanto, cabe ao professor partir para um processo de reflexão e ação, com o
intuito de preparar a aula, refletir sobre ela e ter objetivos claros em relação ao
que quer alcançar com as atividades que se propõem a apresentar. Esse trabalho
é árduo, individual e requer sensibilidade do profissional.

No caso da comunicação escrita, que adquire significados diferentes conforme


a idade dos alunos, é impossível comparar o aprender a ler e a escrever entre
um adolescente com deficiência intelectual e uma criança mais nova. Ambas
as situações são diferentes, desde que não se queira reduzir o conhecimento
ao domínio de técnicas e à automação de respostas. Logo, além da valorização
dos papéis sociais que abrange o desenvolvimento de habilidades pessoais e
o aprimoramento da imagem social, em relação às pessoas com deficiência
intelectual, a educação deve ser adaptada tanto ao objeto de aprendizagem quanto
às características do funcionamento mental delas. Dessa forma, dá para evitar
certas expectativas, inclusive entre seus pares sem deficiências, que implicam
fracasso escolar e baixa autoestima.

Ao mesmo tempo, é necessário promover a autonomia das pessoas com deficiência


intelectual, fazendo-as usar as habilidades intelectuais alternativas, ou de
comportamentos compatíveis, com a capacidade intelectiva de cada uma, perante
determinado conteúdo, valorizando, inclusive, qualquer nível de desempenho
cognitivo, bem como qualquer habilidade exercida, para atingir determinado fim.

Procedimentos utilizados para estimular a eficiência

Eles se baseiam na teoria da modificabilidade cognitiva estrutural do


psicólogo israelense Reuven Feuerstein (1921-2014), que diz tanto que há um
potencial de aprendizagem que pode ser desenvolvido por qualquer indivíduo,
independentemente de sua idade, origem étnica ou cultural, quanto que, a maioria
de nós, apresenta uma série de funções cognitivas deficientes que raramente
opera em um nível ótimo. Portanto, com uma avaliação adequada e ajuda de
instrumentos concretos de apoio psicopedagógico e uma boa mediação, todos

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UNIDADE I | deficiências FÍSICA E INTELECTUAL

se tornam capazes de desenvolver essas potencialidades, inclusive os que têm


deficiência intelectual. Isso acontece por meio da modificação permanente
que se opera quando o indivíduo, inclusive o deficiente intelectual, participa
de experiências de aprendizagem mediatizada e apreende a realidade, passa a
estruturá-la e a interagir com ela, de acordo com suas possibilidades e no meio
em que vive.

Porém, para que isso aconteça de fato, é preciso promover a autoestima da pessoa
com deficiência mental, principalmente quando ela busca a própria autonomia
no meio escolar, pois quando ela tem uma percepção negativa de si mesma, a
aquisição e a utilização de meios para adaptar-se às exigências da escola ficam
inibidos. Quando não estimulados nesse sentido, os alunos sentem que o esforço
de adaptação não é gratificante e, assim, acabam se acomodando, tornando-se
mais dependentes ou subordinados a condutas, escolhas e respostas de terceiros.

Diante dessa situação, também se faz necessário substituir urgentemente a


costumeira atitude passiva de aceitação das pessoas com deficiência mental,
seja no meio escolar seja na sociedade, por atitudes ativas e modificadoras,
que possam colocá-las em situações problemáticas. Com isso procura-se fazê-las
aprender a viver com o desequilíbrio cognitivo e emocional, na tentativa de
impulsionar entre elas uma tomada de consciência dos problemas a resolver.
Dessa forma, as pessoas com deficiência mental terão que testar a própria
capacidade de enfrentá-los.

O papel potencializador da escola

Segundo o psicólogo russo, proponente da psicologia cultural-histórica, Lev


Semionovitch Vygotsky (1896–1934), por ser um espaço rico em interação
social, mediado por diferenças, no qual a troca de conhecimentos pode estimular
o desenvolvimento do aluno deficiente, a escola tem um papel potencializador,
desde que estimule a criação da chamada zona de desenvolvimento proximal,
que se dá partir do trabalho e cooperação de alunos mais experientes. Quando
essa zona se instala, ela possibilita a construção de novas aprendizagens que,
aos poucos, auxiliam o indivíduo deficiente a superar suas próprias dificuldades
e desenvolver tanto novas potencialidades quanto aptidões.

Notamos, então, que essa concepção de escola não se enquadra em metodologias


conservadoras. Logo, qualquer instituição de ensino que quer ocupar um lugar de
destaque, tem que se diferenciar para se adequar às atividades e possibilidades
intelectuais, sempre respeitando as limitações de cada aluno, para auxiliar

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deficiências FÍSICA E INTELECTUAL | UNIDADE I

todos no processo de construção do conhecimento. Já em relação ao deficiente


intelectual, ainda cabe a ela ensiná-lo a aprender a ser e a viver, estimulando
tanto a visão positiva de si mesmo quanto seu desejo e confiança.

Ainda em relação aos deficientes intelectuais, mas já complementando a


proposição de Vygotsky sobre a escola, Mantoan e Batista (2007, p. 15) frisam
que “a deficiência mental não se esgota na sua condição orgânica e/ou intelectual
e nem pode ser definida por um único saber. Ela é uma interrogação e objeto de
investigação de inúmeras áreas do conhecimento”.

Percebemos, então, que a condição de deficiente intelectual em vez de predeterminar


o limite de desenvolvimento do aluno, na verdade, deve favorecer a busca pela
independência, desde que respeitada a condição de aprendizagem e o jeito próprio
dele aprender. Para tanto, a escola e os docentes devem estar preparados para
vencer as barreiras da deficiência, expandir possibilidades, diminuir limites e
encontrar saídas para fazer o aluno se posicionar no mundo de forma emancipada.

Ao mesmo tempo, ambos também devem combater a segregação, pois o aluno


com deficiência normalmente se sente excluído dentro e fora da sala de aula, o
que implica não saber o que quer nem onde chegar, devido à falta de domínio
completo de suas emoções e atitudes. Sem orientação adequada, ao expressar
livremente suas emoções, ele acaba por enfrentar dificuldades, tanto para resolver
seus próprios conflitos quanto para interagir com os colegas de classe. Portanto,
também é de responsabilidade do professor ter equilíbrio emocional, maturidade
afetivo-emocional e uma estrutura de personalidade forte para enfrentar as
situações ambientais que possam interferir ou auxiliar em seu trabalho com o
aluno deficiente.

Uma boa dica prática para o início do ano letivo, inclusive no Ensino Fundamental,
é introduzir o aluno deficiente apenas no segundo ou terceiro dia de aula. Dessa
forma, dá para conversar com os demais alunos no intento de explicar tanto a
situação dele em termos de limitações quanto o esperado de todos em relação à
integração dele, a fim de estabelecer um clima de harmonia e cooperatividade
para possibilitar não só o desenvolvimento desse aluno específico, mas da sala
de aula toda, sem distinção. A partir daí, no dia a dia, é possível analisar como e
por que as discriminações surgem e combatê-las, trabalhando tanto as diferenças
coletivas quanto as individuais, para criar um ambiente estimulador que, além
de não reforçar as limitações, proponha o desenvolvimento e a aprendizagem
de novas habilidades.

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UNIDADE I | deficiências FÍSICA E INTELECTUAL

A Síndrome de Down não é uma lesão ou doença crônica. Portanto, também


não deve ser tratada como tal e, embora haja um quadro de hipotonia, que
determina um atraso no desenvolvimento global, que faz a criança demorar
mais para se arrastar, sentar, engatinhar e andar, quando não há nenhum
outro comprometimento, ao ser estimulada adequadamente, ela tem todas
as condições para acessar o código da linguagem e, em decorrência, falar.

Inclusão regular e ensino especializado

Se antes, já havia certa polêmica em relação à Lei de Diretrizes e Bases, que tinha
como intenção teórica o princípio inclusivo, a partir da elaboração de currículos
abertos e flexíveis – que poderiam atender a diversidade existente entre os
alunos, mas que, na prática, apesar dos esforços de muitos educadores, cumpriu
apenas parcialmente seu papel, devido à falta de qualificação dos professores,
ausência de investimentos na estrutura escolar e despreparo dos gestores para
lidar tanto com as questões referentes à inclusão quanto cobrar a efetivação das
políticas públicas –, hoje a grande preocupação é o novo Decreto n. 10.502/2020,
já citado, que implantou a Política Nacional de Educação Especial.

Anteriormente, cabia à escola preparar o docente para oferecer educação de


qualidade para todos, inclusive, para os alunos com necessidades especiais, o
que raramente acontecia, exceto em escolas particulares, o certo é que quase
90% dos estudantes com deficiência já estavam incluídos na escola regular. Nela,
eles interagiam e aprendiam de acordo com suas possibilidades e oportunidades,
inclusive de acolhimento, dadas pelos docentes, uns com maior capacitação,
outros com maior sensibilidade. Embora ainda não fosse o ideal, de uma forma
ou de outra, não havia a segregação nem a exclusão, pois as crianças, quando
orientadas, aprendiam tanto a conviver com o coleguinha deficiente quanto
combater o preconceito.

Já o novo decreto, a par das classes e escolas regulares inclusivas, prevê escolas
e classes especializadas, inclusive bilíngues para surdos, segundo a demanda
específica, como parte da política de ensino especial. Dessa forma, alunos com
deficiência ficarão separados dos demais alunos do ensino regular, o que já vem
sendo considerado um grande retrocesso.

Apesar disso, a nova política também prevê, entre outras ações, a definição de
critérios de identificação, acolhimento e acompanhamento dos educandos que
supostamente não se beneficiariam das escolas regulares inclusivas, como também
estabelece que a União irá prestar apoio técnico e assistência financeira aos estados

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deficiências FÍSICA E INTELECTUAL | UNIDADE I

e municípios para sua implementação. Dessa forma, teoricamente, ela garante


o direito a educação inclusiva, com atendimento educacional especializado,
ofertado tanto na rede escolar pública quanto nas escolas privadas, sem qualquer
custo adicional. Atualmente, no caso dos alunos surdos que têm no português
sua segunda língua e precisam de ensino bilíngue, isso já não funciona, pois a
maioria das escolas, principalmente públicas, não disponibiliza intérpretes de
Libras.

Constatamos, então, que, se por quase 30 anos, o velho processo de inclusão


evoluiu, em grande parte graças ao protagonismo de alguns indivíduos e de
organizações da sociedade civil, mas ao mesmo tempo manteve ou não soube
superar falhas persistentes, quem garante que o novo decreto irá extrapolar os
limites do papel, para se efetivar de fato?

Além disso, embora os pais tenham a opção de matricular ou não seus filhos
nas escolas especializadas, diante da falta de recursos humanos e financeiros,
será que as escolas regulares, sejam elas públicas ou particulares irão continuar
aceitando alunos com deficiência ou passarão apenas a orientar os pais a procurar
escolas especializadas?

Embora o Ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), após a


promulgação do decreto, tenha dito que à escola não é dado escolher, segregar,
separar, pois seu dever é ensinar, incluir e promover a convivência, sabemos
que o poderio econômico, na maioria das vezes, sobrepõe-se à legislação. Hoje,
vemos a proliferação de escolas particulares, muitas das quais visam somente
o lucro. Entre elas, indiscutivelmente, haverá o interesse pela exploração desse
campo que se abre, em detrimento da educação de qualidade.

Quem perde? A criança de um modo geral, porque vai se distanciar da diversidade.


Se por um lado, ao adentrar em uma escola especializada, o aluno deficiente
passará a conviver em um espaço segregado e totalmente distinto do sistema
educacional conhecido, somente com seus iguais, por outro, as demais crianças
da escola regular deixarão de ter a chance de interagir e aprender a aceitar o
diferente, o que implica no fortalecimento do preconceito que nunca foi banido
da sociedade.

Ao mesmo tempo, a escola, bem como seus profissionais poderão se acomodar


ainda mais, já que não precisarão se desafiar na busca de um processo de ensino
capaz de atender a diversidade, com o objetivo de superar as dificuldades de

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UNIDADE I | deficiências FÍSICA E INTELECTUAL

aprendizagem, não só dos deficientes, mas de todos os alunos. De qualquer forma,


esse tema deve ser retomado daqui a um tempo, para uma melhor avaliação que
envolva as escolas regulares inclusivas e as escolas especializadas.

Tentativa de inclusão com ares de exclusão e falta de


responsabilidade

Antes do caso propriamente dito, temos que ressaltar que não dá para definir
quais atitudes são certas ou erradas a serem tomadas em relação à inclusão de
alunos com deficiência intelectual ou qualquer outra especificidade. No entanto,
o exemplo que destacamos mostra que a inclusão escolar tem um longo caminho
a percorrer até se tornar uma educação de qualidade para todos, momento em
que visará, principalmente, o desenvolvimento social e educacional dos alunos
com necessidades especiais. Além disso, é importante notar que, permitir aos
alunos, sejam eles deficientes ou não, a permanência em zonas de conforto, não
leva ninguém à realização nem à potencialização das capacidades, muito menos
à inclusão de fato. Feitos esses alertas, vamos voltar ao ano de 2012.

À época, a menina L., com deficiência intelectual, tinha oito anos e cursava o 3 o
ano do Ensino Fundamental em uma escola municipal do Rio de Janeiro. Ela
morava com o pai e a avó, ambos atenciosos, mas descrentes de um progresso
referente à educação dela.

Mesmo assim, L. frequentava a escola, embora entrasse às 12h45min e saísse


às 15 horas, ou seja, duas horas antes do horário normal. Além disso, ela não
contava com o acompanhamento do atendimento educacional especializado
(AEE), mas tinha uma estagiária mediadora que a acompanhava o tempo todo.

Como aluna, interagia muito bem com as crianças, os funcionários e os professores.


Era carinhosa e gostava de brincar em grupo, utilizava jogos e respeitava as
regras sem grandes problemas. Compreendia histórias simples e as recontava
da sua maneira, suprimindo detalhes.

Embora estivesse matriculada no 3 o ano do Ensino Fundamental, ela não se


sentia confortável em sala de aula, tanto que se mostrava dispersa e inquieta, a
ponto de fugir para a Educação Infantil, onde ficava mais à vontade.

Como tal postura nunca foi proibida pela escola, ela se tornou constante para a
aluna que, na classe da Educação Infantil, fazia as tarefas, participava das aulas
de Educação Física, interagia bem e respeitava as regras tanto de comportamento
quanto de brincadeiras.

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deficiências FÍSICA E INTELECTUAL | UNIDADE I

Nesse mesmo período, a menina aprendeu a escrever seu nome e reconhecia as


letras. Mas tal conhecimento provavelmente se resumia a memorização, pois
ela não formava sílabas nem atribuía som às letras que conhecia. Em relação
aos números, contava até o cinco e, quando era estimulada a prosseguir, apenas
repetia aleatoriamente os cinco números conhecidos.

Note que, nesse caso, apesar da estagiária tentar solucionar o problema ou


contribuir com algo embasado por experiências pessoais, ela não tinha fundamento
acadêmico ou especializado para ajudar L. Já os professores deram explicações
aos demais alunos sobre a deficiência da colega, mas sem incluí-la de fato, pois
se a menina assistia às aulas em uma turma de crianças mais novas. Entretanto,
havia um desvio de objetivo, pois todo e qualquer aluno com deficiência deve
estar em uma turma compatível com a sua idade para estudar com seus pares.

Aqui notamos também que a escola não tinha nenhuma preocupação com o
conteúdo que a menina adquiria ou deixava de aprender, nem com o pertencimento
dela em relação à classe em que estava matriculada, pois L. costumeiramente só
deixava o material lá e assista alguns minutos de aula, logo após a entrada. Durante
esse tempo, se fazia alguma atividade, era apenas com a estagiária mediadora,
sem interagir com nenhum outro aluno ou até mesmo com a professora da sua
sala original.

Consequentemente, nem na Educação Infantil, ela estava inserida, porque,


além de ser algo contrário à legislação, como aluna, a menina não acompanhava
efetivamente as aulas na turma, pois só fazia as atividades que queria e passava
a maior parte do tempo brincando e conversando com os outros alunos.

Concluímos, então, que L. não se beneficiava das propostas que a escola tinha
a oferecer nem das atividades executadas com a estagiária, pois o auxílio não
acontecia de forma eficiente, até porque, aparentemente, a mediadora tinha pouca
compreensão do seu papel, que seria o de facilitar o processo de aprendizagem
e possibilitar melhores condições para o desenvolvimento da criança, bem como
para a socialização dela com a turma.

Além disso, a estagiária planejava atividades diversas, mas todas eram bem
simplificadas e não se baseavam nos conteúdos elaborados pela professora da turma,
tanto que, por muitas vezes, L. se envolvia com conteúdos que não condiziam com
a disciplina aplicada. Na verdade, o processo de ensino-aprendizagem do aluno
com deficiência em turma comum deve ser, de alguma forma, condizente com o da
classe da qual faz parte, porém com flexibilizações no currículo e individualização

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UNIDADE I | deficiências FÍSICA E INTELECTUAL

do ensino, o que implica dizer que o conteúdo deve ser adaptado para a melhor
compreensão dele, mas nunca completamente modificado e desassociado das
atividades da turma.

A professora do 3o ano também se desresponsabilizou da aluna, talvez em decorrência


da presença da estagiária, que não percebeu que, ao estar constantemente ao
lado de L., limitava algumas interações da menina, principalmente em atividades
que envolviam o social, como no caso do recreio. Além disso, ao suprir todas
as necessidades da aluna, a estagiária também a impedia de resolver qualquer
situação por si mesma, prejudicando, inclusive, a aquisição de independência
necessária ao desenvolvimento dela.

Portanto, o que percebemos com esse caso é que, em termos de inclusão, o


primeiro passo a ser dado é rever práticas e repensar os pontos falhos, que
atingem não só os deficientes, mas todos os alunos no ensino regular.

Atualmente precisamos entender que não é mais possível aceitar que a


escola, bem como o professor, instrua a todos como se fossem um só, pois
os alunos são diferentes entre si e, na maioria das vezes, necessitam de um
ensino individualizado. Portanto, esse trabalho não se resume a apenas incluir
o indivíduo com características diferenciadas em uma turma comum, mas
em criar mecanismos que permitam tanto ao aluno deficiente quanto aos
demais a possibilidade de se integrar educacional, social e emocionalmente
na e com a escola e, por extensão, na e com a sociedade. Porém, será que a
escola ou o docente já se mostram capazes de identificar as necessidades
educacionais de cada aluno, para atender à necessidade de apreensão do
conhecimento por parte de cada um deles?

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Referências

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Fonte de imagens
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