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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DE MATO

GROSSO

PEDRO FRANCISCO DA SILVA, brasileiro, casado, Matrícula SIAPE N.


1202267, Professor Adjunto I da Universidade Federal de Mato Grosso, lotado na
Faculdade de Direito, e Juiz Federal da Seção Judiciária de Mato Grosso, portador
do RG 272.640 SSPMT, devidamente inscrito no CPF 353.749.931-00, residente e
domiciliado na Rua das Sucupiras 55, Jardim Itália, Cuiabá-MT, CEP 78061-312, e-
mail: jfpedrofrancisco@hotmail.com, por sua advogada abaixo assinado [DOC. I], com
escritório edifício Office Center Emerson Campos advogados rua R, nº. 05, sala 214,
bairro: Bosque da Saúde, CEP: 78.050-244, Cuiabá – M, fones: (65) 3028-2505 /
99982-6002 e e-mail: iva_fatima@hotmail.com, vem à presença de Vossa Excelência,
respeitosamente, nos termos da Constituição Federal, da Lei 12.016/2009 e do Código
de Processo Civil, ajuizar o presente

MANDADO DE SEGURANÇA COM PEDIDO LIMINAR

contra ato ilegal e abusivo da Sra. MYRIAN SERRA, MAGNÍFICA REITORA DA


UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO, com endereço na Av. Fernando Corrêa da Costa,
2367 - Boa Esperança, Cuiabá - MT, 78060-900, Telefone:(65) 3615-8267, e-mail :
reitora@ufmt.br e do Sr, DOMINGOS SALVIO SANT´ANA - SECRETÁRIO DE GESTÃO DE
PESSOAS CAP/SGP/REITORIA/UFMT, com endereço na Av. Fernando Corrêa da Costa, 2367
- Boa Esperança, Cuiabá - MT, 78060-900, Telefone:(65) 3313-7245 , e-mail:
crh@ufmt.br, conforme fatos e fundamentos a seguir delineados:

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Endereço: Rua R, nº. 05, sala 214, bairro: Bosque da Saúde, CEP: 78.050-244, Cuiabá – MT.
Fone: (65) 3028-2505 / 8113 0449, E-mail: thompson.adv@hotmail.com
1 HISTÓRICO E ATOS IMPUGNADOS

1.1 Generalidades

O Impetrante é Servidor Público Federal, no Cargo da Carreira do


Magistério Superior da UFMT, em regime de 40 horas semanais, tendo tomado posse no
respectivo cargo em 14/04/2006, na Universidade Federal do Acre, posteriormente
redistribuído, conforme faz prova o histórico funcional em anexo [DOC. II].

Em sintonia com o artigo 95, parágrafo único, inciso I, da


Constituição Federal, o Impetrante também exerce o cargo de Juiz Federal, junto ao
Tribunal Regional Federal da Primeira Região, lotado na 4ª Vara da Seção Judiciária
de Mato Grosso.

Ocorre que as Autoridades Coatoras acima indicadas vêm adotando um


conjunto de medidas restritivas, impeditivas e proibitivas do legítimo exercício
funcional do Impetrante, ferindo gravemente seu direito líquido e certo, de modo a
justificar a pronta intervenção judicial para fazer cessar referidos atos ilegais e
abusivos de poder, nos termos do artigo 5º, inciso LXIX, da Constituição Federal e
da Lei 12.016/2009, que regulamenta excelsa garantia fundamental da pessoa humana.

1.2 Coação ilegal e abusos de poder

A partir de auditoria do Tribunal de Contas da União – TCU, as


Autoridades Coatoras instauraram procedimentos administrativos para apuração de
“indícios de irregularidades” relativas à acumulação de cargos por servidores da
UFMT, tendo notificado o Impetrante para prestar informações a respeito de sua
situação funcional, especialmente em relação a dois aspectos: i) jornada de
trabalho aplicável aos servidores que acumulam cargos públicos; ii) cumprimento do
teto remuneratório constitucional.

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Colhidas as informações do Impetrante, concluiu-se que [DOC. III]:

[...] a situação funcional do servidor – PEDRO FRANCISCO DA SILVA – é


irregular; uma vez que acumula cargos públicos com jornada de trabalho
total de 80 (oitenta) horas semanais; portanto, superior a 60
(sessenta) horas permitidas pela legislação vigente e normatizações de
pessoal da Administração Pública Federal – Parecer GQ 145/1998 da AGU
– artigo 18 [sic] da Lei 8.112/901 e artigo 37 da Constituição
Federal; situação esta que também torna irregular o percebimento de
valores superiores ao teto constitucional (artigo 42 da Lei 8112/90)
mediante análise do entendimento consubstanciado na Decisão do STF –
Recursos Extraordinários 602.043 e 612.975 – com repercussão geral
reconhecida – já que a acumulação dos cargos públicos evidenciados
seria ilícita pela carência do requisito de compatibilidade de horário
entre os vínculos empregatícios.

Conferindo materialidade à coação ilegal e arbitrária, promoveu-se a


notificação do Impetrante, em 26/03/2018, para, no prazo de 10 dias, regularizar
sua situação funcional junto à UFMT, nos termos do artigo 133, da Lei 8.112/90.
[DOC. III]

Com base nos mesmos argumentos acima, arquitetados sobre o equívoco


conceito de “jornada excessiva” criado pelo Parecer/AGU GQ 145/98, as Autoridades
Coatoras instituíram uma funcionalidade eletrônica que impede o acesso do servidor
ao Sistema de Gerenciamento de Encargos – SGE, o qual ficou condicionado à
subscrição de uma Declaração de que não exerce carga horária superior a 60 horas,
impedindo assim que o Impetrante possa lançar no respectivo sistema da UFMT seus
encargos docentes relativos ao exercício de 2018. [DOC. IV]

1
A referência deveria ser ao artigo 118, da Lei 8.112/90.
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Denota-se que o conjunto de ações ilegais e arbitrárias levadas a
efeito pelas Autoridades Coatoras em desfavor do Impetrante, embora sob o mesmo
fundamento jurídico – o qual será impugnado com veemência adiante – assume
concretude em duas direções, com o propósito ilegal de: i) obrigá-lo a optar pelo
regime de 20 horas semanais, sob pena de demissão; ii) impedir o lançamento dos
encargos docentes no respectivo Sistema de Gerenciamento de Encargos – SGE,
arrastando-o para uma aparente ilegalidade, de modo a causar a falsa impressão de
que recebe remuneração sem nenhuma contraprestação laboral.

Revela-se nas linhas acima toda extensão e profundidade das condutas


ilícitas praticadas pelas Autoridades Coatora, que não demonstram nenhum apreço por
valores, princípios e regras constitucionais informadores da Administração Pública,
preferindo o caminho rasteiro das sombras autoritárias para negar solenemente
direitos e garantias fundamentais do Impetrante, como melhor será demonstrado
adiante.

2 FUNDAMENTOS JURÍDICOS DA AÇÃO MANDAMENTAL

O Impetrante dispensará maiores considerações a respeito do papel do


Mandado de Segurança como uma das maiores conquistas da civilização no contexto do
constitucionalismo moderno, pois tem plena ciência de que nada do que se poderia
escrever aqui escaparia do profundo saber e da arguta percepção de Vossa Excelência
a respeito do tema.

Consigna, apenas, que esta impetração se faz nos termos do artigo 5º,
inciso LXIX, da Constituição Federal, do Estatuto dos Servidores Públicos Civis da
União [Lei 8.112/90], da Lei do Mandado de Segurança [Lei n. 12.016/2009] e do
Código de Processo Civil.

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2.1 Fundamentos utilizados pelas Impetradas na prática dos atos impugnados
analisados em face da Constituição Federal e da atual jurisprudência do STF e do
TCU

Os atos impugnados nesta ação mandamental estão ancorados em


entendimentos superados, seja pelo Supremo Tribunal Federal – STF, seja pelo
Tribunal de Contas da União – TCU, como se demonstrará adiante.

2.1.1 Não existe limitação de carga horária em abstrato na acumulação de cargos


públicos

Basearam as Autoridades Impetradas nas disposições do Parecer GQ


145/1998, publicado no DOU de 01/04/1998, o qual “normatizou que o acúmulo é tido
como lícito somente quando o somatório total da carga horária semanal perfazer 60
horas semanais”. [(grifei) DOC.III]

Da leitura do despacho proferido no Processo 23108.192761/2017-32 e


apenso 23108.211990/2017-63, e que acompanha esta petição inicial, denota-se que
não houve nenhuma preocupação por parte das Impetradas com os horários das aulas
efetivamente ministradas pelo Impetrante na UFMT – predominantemente no período
noturno – e nem com a sua quantidade semanal. Além disso, não foram levadas em
conta as outras atividades incluídas na carga de trabalho do docente, decorrentes
de estudos, planejamento e avaliação, nos termos da Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional (art. 67, inciso V, da Lei n. 9.394/96) e que sistematicamente
vinham sendo registradas no Sistema de Gerenciamento de Encargos da UFMT, a cada
período letivo.

Levou-se em conta, exclusivamente, o somatório da carga horária dos


dois cargos públicos exercidos pelo Impetrante na Magistratura e na Docência, que
totaliza 80 horas semanais. Cálculo simplório para a complexidade da matéria.

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Ocorre que a acumulação de cargos públicos, quando permitida pela
Constituição Federal, não se encontra limitada, em abstrato, por uma determinada
carga horária, pois inexiste qualquer referência a esse respeito no texto maior,
como se verifica do artigo 95, parágrafo único, inciso I, da Constituição Federal:

Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias:

[...]

Parágrafo único. Aos juízes é vedado:

I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função,


salvo uma de magistério;

[...]

Ainda no campo das disposições constitucionais a respeito do tema,


atente-se para o fato de o artigo 37, inciso XVI, do texto maior, ressalvar a
possibilidade de acúmulo de cargos públicos, “quando houver compatibilidade de
horários”. Significa dizer que não se pode estipular um limite de horário, em
abstrato, para orientar o exercício dos cargos acumuláveis, como pretendeu a AGU
mediante seu Parecer GQ 145/1998.

Há de se verificar a incompatibilidade de horário em cada caso


concreto, tarefa da qual as Impetradas não se ocuparam, embora o Impetrante tenha
apresentado em sua defesa administrativa um razoável histórico de suas atividades
docentes nos últimos anos, comprovando cabalmente a compatibilidade de horários
entre os dois cargos públicos que exerce.

Note-se que o Parecer GQ 145/1998, da Advocacia Geral da União, no


qual se basearam as Impetradas, vem sendo sistematicamente afastado nas mais
recentes decisões do Supremo Tribunal Federal e do próprio Tribunal de Contas da
União, como se pode verificar [DOC. V]:

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257/DF-DISTRITO FEDERAL
RECURSO ORD. EM MANDADO DE SEGURANÇA
Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI
Julgamento: 01/02/2018

Publicação : DJe-022 DIVULG 06/02/2018 PUBLIC 07/02/2018

[...] Ressalto, ademais, que este Tribunal já se manifestou no sentido


da impossibilidade de limitação de jornada pela aplicação do Parecer
GQ 145/1998 da Advocacia-Geral da União. Nesse sentido, a decisão
proferida no julgamento do ARE 1.061.845/RJ, de relatoria do Ministro
Luiz Fux, cuja fundamentação, por oportuno, reproduzo: “RECURSO
EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO.
ACUMULAÇÃO DE CARGOS NA ÁREA DE SAÚDE. EXISTÊNCIA DE COMPATIBILIDADE
DE HORÁRIOS. POSSIBILIDADE. LIMITAÇÃO DA CARGA HORÁRIA SEMANAL A 60
(SESSENTA) HORAS. ACÓRDÃO 2.133/2005 DO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO.
PARECER GQ 145/1998 DA ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO. ILEGITIMIDADE.
PRECEDENTES DE AMBAS AS TURMAS DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. AGRAVO
PROVIDO PARA, DESDE LOGO, PROVER O RECURSO EXTRAORDINÁRIO. […] O
acórdão ora recorrido divergiu do entendimento firmado por esta
Suprema Corte no julgamento do Mandado de Segurança 31.256, Rel. Min.
Marco Aurélio, Primeira Turma, DJe de 20/4/2015, no sentido de que a
Constituição Federal possibilita a acumulação de cargos na área de
saúde, quando verificada a compatibilidade de horários. Naquela
assentada, o relator, Ministro Marco Aurélio, expressamente consignou:
‘No mais, vale o registro de que o inciso XVI do artigo 37 da Carta
Federal não faz qualquer restrição à cargo horária das atividades
acumuláveis, bastando, como dito, a possibilidade de conciliação. O
Tribunal de Contas, assim, extrai do texto constitucional limitação
que nele não é expressa.’ (Grifos meus) Eis o teor da ementa do

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acórdão proferido naquele julgamento: ‘PROVENTOS – CARGOS ACUMULÁVEIS
– COMPATIBILIDADE DE HORÁRIO. A Constituição Federal viabiliza a
acumulação de dois cargos de saúde, uma vez verificada a
compatibilidade de horário, tendo-se como consequência a possibilidade
de dupla aposentadoria.’ (Grifos meus) No mesmo sentido foi o acórdão
proferido no julgamento Recurso Extraordinário 633.298-AgR, Rel. Min.
Ricardo Lewandowski, Segunda Turma, DJe de 14/2/2012: ‘AGRAVO
REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. ADMINISTRATIVO. CONSTITUCIONAL.
SERVIDOR PÚBLICO. ACUMULAÇÃO DE CARGOS. EXISTÊNCIA DE NORMA
INFRACONSTITUCIONAL QUE LIMITA A JORNADA SEMANAL DOS CARGOS A SEREM
ACUMULADOS. PREVISÃO QUE NÃO PODE SER OPOSTA COMO IMPEDITIVA AO
RECONHECIMENTO DO DIREITO À ACUMULAÇÃO. COMPATIBILIDADE DE HORÁRIOS
RECONHECIDA PELA CORTE DE ORIGEM. REEXAME DO CONJUNTO FÁTICO-
PROBATÓRIO. IMPOSSIBILIDADE. AGRAVO IMPROVIDO. I - A existência de
norma infraconstitucional que estipula limitação de jornada semanal
não constitui óbice ao reconhecimento do direito à acumulação prevista
no art. 37, XVI, c, da Constituição, desde que haja compatibilidade de
horários para o exercício dos cargos a serem acumulados. II - Para se
chegar à conclusão contrária à adotada pelo acórdão recorrido quanto à
compatibilidade de horários entre os cargos a serem acumulados,
necessário seria o reexame do conjunto fático-probatório constante dos
autos, o que atrai a incidência da Súmula 279 do STF. III - Agravo
regimental improvido.’ (Grifos meus)” (grifos no original). Confira-
se, também, a decisão proferida no julgamento do ARE 1.094.588/RJ, de
relatoria do Ministro Celso de Mello, do qual colho o seguinte trecho:
“[...] Cumpre destacar, no tema ora em análise, ante a inquestionável
procedência de suas observações, o seguinte trecho da decisão
proferida pela eminente Ministra CÁRMEN LÚCIA (ARE 693.868/SC), no
sentido de que “Pela jurisprudência do Supremo Tribunal, não é

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possível a limitação da carga horária semanal relativa ao exercício
cumulativo de cargos públicos, por tratar-se de requisito não previsto
na Constituição da República”. Vale referir, ainda, que esse
entendimento vem sendo observado em sucessivos julgamentos, proferidos
no âmbito do Supremo Tribunal Federal, a propósito de questão
assemelhada à suscitada em sede recursal extraordinária (AI 762.427/GO
Rel. Min. CÁRMEN LÚCIA – ARE 799.251/DF, Rel. Min. GILMAR MENDES,
v.g.)” (grifos no original). Isso posto, dou provimento ao recurso
ordinário e concedo a segurança para: (i) cassar a Portaria 447, de 17
de abril de 2015 (DOU de 20/4/2015), que aplicou à impetrante pena de
demissão do cargo de Enfermeira do quadro de pessoal do Ministério da
Saúde; (ii) determinar a sua reintegração à função anteriormente
ocupada, garantindo todos os direitos e deveres inerentes ao referido
emprego público; e, (iii) declarar como lícita a cumulação de cargos,
bem como a compatibilidade da jornada prestada. Publique-se. Brasília,
1º de fevereiro de 2018. Ministro Ricardo Lewandowski Relator.

No mesmo sentido, destaque-se mais este recente julgado do Supremo


Tribunal Federal a respeito da matéria em exame [DOC. VI]:

06/10/2017 - SEGUNDA TURMA

SEGUNDO AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 1.023.290 - SERGIPE

RELATOR: MIN. CELSO DE MELLO

[...] Cumpre destacar, no tema ora em análise, ante a inquestionável


procedência de suas observações, o seguinte trecho da decisão
proferida pela eminente Ministra CÁRMEN LÚCIA (ARE 693.868/SC), no
sentido de que “Pela jurisprudência do Supremo Tribunal, não é
possível a limitação da carga horária semanal relativa ao exercício

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cumulativo de cargos públicos, por tratar-se de requisito não previsto
na Constituição da República”.

Vale referir que esse entendimento vem sendo observado em sucessivos


julgamentos, proferidos no âmbito do Supremo Tribunal Federal, a
propósito de questão assemelhada à suscitada em sede recursal
extraordinária (AI 762.427/GO Rel. Min. CÁRMEN LÚCIA ARE 799.251/DF,
Rel. Min. GILMAR MENDES – ARE 1.004.056/CE, Rel. Min. RICARDO
LEWANDOWSKI – RE 709.580/DF, Rel. Min. DIAS TOFFOLI, v.g.):

“AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. SERVIDOR


PÚBLICO. ACUMULAÇÃO DE CARGOS. COMPATIBILIDADE DE HORÁRIOS. FIXAÇÃO DE
JORNADA POR LEGISLAÇÃO INFRACONSTITUCIONAL. LIMITAÇÃO DA ACUMULAÇÃO.
IMPOSSIBILIDADE. PRECEDENTES.

1. A jurisprudência da Corte é no sentido de que a Constituição


Federal autoriza a acumulação remunerada de dois cargos públicos
privativos de profissionais da saúde quando há compatibilidade de
horários no exercício das funções e que a existência de norma
infraconstitucional que estipula limitação de jornada semanal não
constitui óbice ao reconhecimento do direito à acumulação prevista no
art. 37, inciso XVI, alínea ‘c’. 2. Agravo regimental não provido.”
(ARE 859.484-AgR/RJ, Rel. Min. DIAS TOFFOLI).

“AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. ADMINISTRATIVO.


CONSTITUCIONAL. SERVIDOR PÚBLICO. ACUMULAÇÃO DE CARGOS. EXISTÊNCIA DE
NORMA INFRACONSTITUCIONAL QUE LIMITA A JORNADA SEMANAL DOS CARGOS A
SEREM ACUMULADOS. PREVISÃO QUE NÃO PODE SER OPOSTA COMO IMPEDITIVA AO
RECONHECIMENTO DO DIREITO À ACUMULAÇÃO. COMPATIBILIDADE DE HORÁRIOS
RECONHECIDA PELA CORTE DE ORIGEM. REEXAME DOCONJUNTO FÁTICO-
PROBATÓRIO. IMPOSSIBILIDADE. AGRAVO IMPROVIDO.

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I – A existência de norma infraconstitucional que estipula limitação
de jornada semanal não constitui óbice ao reconhecimento do direito à
acumulação prevista no art. 37, XVI, c, da Constituição, desde que
haja compatibilidade de horários para o exercício dos cargos a serem
acumulados.

II – Para se chegar à conclusão contrária à adotada pelo acórdão


recorrido quanto à compatibilidade de horários entre os cargos a serem
acumulados, necessário seria o reexame do conjunto fático-probatório
constante dos autos, o que atrai a incidência da Súmula 279 do STF.

III – Agravo regimental improvido.” (RE 633.298-AgR/MG, Rel. Min.


RICARDO LEWANDOWSKI).

Sendo assim, e em face das razões expostas, nego provimento ao


presente agravo interno, mantendo, em consequência, por seus próprios
fundamentos, a decisão recorrida. [grifei]

Portanto, conclui-se, em sintonia com o entendimento do Supremo


Tribunal Federal, que, em tema de acumulação de cargos públicos, cumpre à
Administração Pública comprovar a existência de incompatibilidade de horários em
cada caso específico, não bastando tão somente cotejar o somatório de horas, com o
padrão derivado de um parecer expedido pela Advocacia-Geral da União.

Note-se que, embora as Impetradas tenham feito referência a um julgado


do Superior Tribunal de Justiça, acolhendo o Parecer GQ-145/98, da AGU, em
contradição ao entendimento da Corte Constitucional, também é certo que existem
outros julgados do próprio STJ que se alinham à jurisprudência no STF, exatamente
porque a controvérsia assenta-se sobre violação de norma constitucional. Veja-se
[DOC. VII]:

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MS 15663 / DF
MANDADO DE SEGURANÇA N. 2010/0156082-7
Relator: Ministro HUMBERTO MARTINS
Órgão Julgador: PRIMEIRA SEÇÃO
Data do Julgamento: 28/03/2012
Data da Publicação/Fonte: DJe 03/04/2012
CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. ACUMULAÇÃO DE CARGOS. MÉDICO. ART. 37,
XVI, 'C', DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL E § 2º, DO ART. 118 DA LEI N.
8112/90. POSSIBILIDADE. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DA COMPATIBILIDADE
DE HORÁRIOS. DEMISSÃO EFETIVADA SOMENTE PELOS TERMOS DO PARECER GQ-
145/1998, DA ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO. IMPOSSIBILIDADE.
COMPATIBILIDADE PROVADA NOS AUTOS. PRECEDENTE NO STJ E NO STF.

1. Cuida-se de mandado de segurança impetrado com a postulação de


anulação de Portaria do Ministério da Previdência Social que demitiu o
impetrante, com base em acumulação ilegal de dois cargos de médico, um
no INSS e outro - sob regime de plantão e sobreaviso – no Estado de
Tocantins.

2. No caso, o servidor respondeu ao mesmo processo administrativo em


dois momentos. A primeira fase, com Portaria demissional, foi anulada
pelo STJ, nos autos do MS 13.083/DF (Rel. Min. Napoleão Nunes Maia
Filho, Terceira Seção), já que não lhe foi ofertada a ampla defesa
para eventualmente comprovar a compatibilidade de horários no
exercício dos dois cargos; havia sido apenas aplicada a limitação de
carga horária semanal, com base no Parecer GQ 145/1998, da Advocacia-
Geral da União. No segundo momento, a comissão exarou relatório final
no qual considerou comprovada a compatibilidade de horários; contudo,
a Consultoria Jurídica do Ministério divergiu e consignou que deveria
ser aplicado o referido Parecer, com base na carga horária semanal.

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3. O direito à acumulação de cargos decorre de comando constitucional
fixado nas alíneas do inciso XVI do art. 37 da Carta Magna; a Lei n.
8.112/90 repetiu os ditames constitucionais. Para que haja acumulação
lícita, deve existir comprovadamente a compatibilidade de horários.

4. Ficou comprovado nos autos que o impetrante, apesar de possuir


carga horária semanal maior do que 60 (sessenta) horas, laborava aos
finais de semana e em regime de plantão, por meio de sobreaviso; desta
forma, a comissão pode confirmar que a compatibilidade, tornava lícita
a acumulação; o Parecer da Consultoria Jurídica deu entendimento
diverso aos fatos, para que fossem amoldados aos termos do Parecer GQ-
145, da AGU, sob o argumento do mesmo ser vinculante, o que, no caso
concreto, não é cabível.

5. A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça já firmou o


entendimento de que não é possível obstar o direito à acumulação de
cargos prevista na Constituição Federal e na Lei aplicável, tão
somente pelo cotejamento da carga horária semanal, com os termos de um
Parecer. Precedente: MS 15.415/DF, Rel. Min. Humberto Martins,
Primeira Seção, DJe 4.5.2011. 6. O Supremo Tribunal Federal examinou a
matéria e negou provimento ao recurso extraordinário, do Estado do Rio
de Janeiro, que produziu Decreto similar ao Parecer AGU GQ-145, de
3.8.1998, considerando a regulamentação como violadora, aduzindo ser
"regra não prevista" e "verdadeira norma autônoma" Precedente: Recurso
Extraordinário 351.905, Rel. Min. Ellen Gracie, Segunda Turma, julgado
em 24.5.2005, publicado no Diário da Justiça de 1º.7.2005, p. 88,
Ementário vol. 2.198-05, p. 831, republicação no Diário da Justiça de
9.9.2005, p. 63, publicado na LEX-STF, v. 27, n. 322, 2005, p. 299-
303. Segurança concedida. [grifei]

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Convém, ainda, observar o tratamento do tema na jurisprudência do
Tribunal de Contas da União – TCU, a fim de desfazer o grave equívoco no qual vem
incorrendo as Impetradas no tratamento da matéria.

Houve um tempo em que o Tribunal de Contas da União – TCU acolhia as


conclusões do Parecer GQ 145/1998, admitindo a acumulação de cargos públicos apenas
quando demonstrado o exercício de carga horária total não superior a 60 horas
semanais. Contudo, a partir do Acórdão 1.338/2001 – Plenário, houve uma mudança no
entendimento no TCU, como bem destacado no Acórdão abaixo [DOC. VIII]:

GRUPO I – CLASSE V – Plenário


TC 014.220/2011-3
Relator: Ministro José Jorge
Natureza: Relatório de Auditoria
Entidade: Fundação Universidade Federal de Sergipe
Data de julgamento: 19 de março de 2014.
SUMÁRIO: RELATÓRIO DE AUDITORIA. ACUMULAÇÃO ILÍCITA DE CARGOS
PÚBLICOS. SOBREPOSIÇÃO DE JORNADAS. JORNADAS DE TRABALHO SUPERIORES A
60 HORAS. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DA INEXISTÊNCIA DE PREJUÍZO ÀS
ATIVIDADES DO SERVIDOR. SERVIDORES EM REGIME DE DEDIDAÇÃO EXCLUSIVA
EXERCENDO OUTRA ATIVIDADE REMUNERADA. AUDIÊNCIA. ACOLHIMENTO DAS
RAZÕES DE JUSTIFICATIVA. DETERMINAÇÕES. RECOMENDAÇÃO. CIÊNCIA.
ARQUIVAMENTO.

[...]

9. Ainda quanto à questão da compatibilidade de horários, concordo com


a unidade técnica que, com a prolação do Acórdão 1.338/2011 –
Plenário, houve uma mudança no entendimento do Tribunal sobre a
matéria, de modo que a incompatibilidade deve, sempre, ser estudada

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caso a caso, não subsistindo mais o limite objetivo de 60 horas
semanais.

10. Assim, a simples extrapolação desse limite, antes considerado


máximo por este Tribunal, não pode ser considerada irregular. No
entanto, diferentemente da unidade técnica, considero que a ausência
de sobreposição de horários não é suficiente, por si só, para atestar
a inexistência de prejuízos às atividades exercidas em cada um dos
cargos objeto de acumulação.

11. Nessa linha, entendo necessário que a instância responsável


pela análise da viabilidade da acumulação verifique, junto à
autoridade hierarquicamente superior ao servidor, a qualidade e o não
comprometimento do trabalho em face da extrapolação da carga horária
de 60 horas semanais, fundamentando sua decisão e anexando ao
respectivo processo administrativo a documentação comprobatória.

12. Faz-se mister, então, determinar à UFS que promova a apuração


de possível prejuízo às atividades dos servidores que acumulem cargos
públicos com jornadas superiores a 60 (sessenta) horas semanais,
fazendo constatar do respectivo processo a documentação comprobatória
e a indicação da autoridade responsável pela medida adotada.

13. Desta forma, acolho na essência a proposta de encaminhamento da


unidade técnica, no sentido de expedir as determinações e ciências
alvitradas, sem prejuízo dos ajustes e correções necessários.

Quando se analisa com honestidade intelectual a jurisprudência do


Tribunal de Contas da União, contata-se que o entendimento da Corte de Contas
também se modificou, deixando o entendimento da AGU para se aliar ao do Poder
Judiciário, permitindo o registro de aposentadorias ou admissões com carga horária
semanal superior a 60 horas de cargos acumuláveis, desde que comprovado, no caso

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concreto, o requisito de compatibilidade de horários, tal como citado no Acórdão
TCU nº 1176/2014:

8. O entendimento desta Corte de Contas relativamente ao limite máximo


de jornada de trabalho semanal dos servidores que exercem dois cargos,
na forma da Constituição, de fato sofreu modificação. Atualmente,
considera-se viável a acumulação acima de 60 (sessenta) horas
semanais, desde que comprovada a compatibilidade de horários, em cada
caso. Cito como precedentes as seguintes deliberações:

Acórdão nº 1.008/2013 – TCU - Plenário:

PESSOAL. RELATÓRIO DE AUDITORIA. ACUMULAÇÃO DE CARGOS E JORNADA DE


TRABALHO. EXAME DA REGULARIDADE DA ACUMULAÇÃO DE CARGOS, EMPREGOS OU
FUNÇÕES PÚBLICAS.

É possível o reconhecimento da licitude da acumulação com jornada de


trabalho total superior a sessenta horas semanais, desde que
devidamente comprovadas a compatibilidade de horários e a ausência de
prejuízo às atividades exercidas em cada um dos cargos acumulados.

Acórdão nº 3.294/2006-TCU-2ª Câmara

PESSOAL. ADMISSÃO. ACUMULAÇÃO DE CARGOS. INCOMPATIBILIDADE DE


HORÁRIOS. ILEGALIDADE.

A compatibilidade de horários, para os cargos acumuláveis na


atividade, deve ser aferida caso a caso, pois a Constituição Federal
não alude expressamente à duração máxima da jornada de trabalho.

9. Nessa linha, destaque para a manifestação do Ministro do STF


Ricardo Lewandowski, nos autos do Agravo de Instrumento nº 833.057/RJ:

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"Por outro lado, no tocante ao requisito da compatibilidade de
horários, vê-se que a norma constitucional não estabelece qualquer
limitação quanto à carga horária a ser cumprida, vedando, na
realidade, a superposição de horários. Precedentes do STF e STJ.
Assim, o que se extrai é que a incompatibilidade de horários não é
aferida pela carga horária e, sim, pelo exercício integral das funções
inerentes a cada cargo, de modo que o exercício de um cargo não impeça
o de outro." [grifei]

Demonstra-se com isso que as Autoridades Impetradas estão pautando


suas ações em orientações normativas da Advocacia-Geral da União e antigos julgados
Tribunal de Contas da União, os quais se encontram superados, por força das
decisões do Supremo Tribunal Federal, Órgão do Poder Judiciário a quem compete o
controle de constitucionalidade, nos termos da Constituição Federal.

Resulta claro que as Impetradas, ou estão completamente desatualizadas


e alheias à dinâmica jurisprudencial do Supremo Tribunal Federal e do Tribunal de
Contas da União, ou agem por deliberada má-fé, imputando supostas irregularidades
funcionais a seus agentes públicos em absoluta contradição com os valores e
princípios que informam a Administração Pública, menosprezando assim os preceitos
da lealdade que devem permear suas relações internas e externas.

Análise atenta, honesta e responsável do tratamento jurisprudencial da


matéria pelo STF, STJ e TCU revela um fato que não pode escapar à atenção do
operador jurídico: a maioria dos julgados cuida da acumulação de cargos por
profissionais da área da saúde; poucos são os julgamentos relativos à situação de
acumulação de cargo na docência.

Essa sutileza tem uma razão própria de existência, pois decorre da


forma de contagem da carga horária na atividade docente, que é diferenciada por
lei. Noutras palavras, a hora de trabalho na docência não corresponde ao que se

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poderia dizer numa linguagem coloquial de “hora de relógio”, como será
demonstrado no próximo tópico.

2.1.2 Contagem das horas de trabalho na atividade docente é singular, não se


assemelhando às demais carreiras, especialmente da área da saúde.

Para bem compreender a singularidade que envolve a contagem da carga


horária na atividade docente, especialmente para aqueles que não estão afetos
diretamente a esse labor, é importante reconhecer que as horas de trabalho do
professor não correspondem às horas de trabalho praticadas em outras atividades, a
exemplo dos profissionais da saúde.

Em razão disso, não é incomum imaginar-se que um docente com regime de


40 horas semanais, sem dedicação exclusiva, tenha que permanecer no interior da
Instituição de Ensino (em sala de aula), durante 8 horas diárias, igualmente aos
profissionais das outras carreiras.

O desconhecimento dessa realidade pode levar ao equívoco de se


imaginar que a contagem da carga horária semanal dos docentes que acumulam
constitucionalmente dois cargos públicos, ambos em regime de 40 horas semanais,
alcance uma jornada diária de 16 horas, restando ao servidor apenas um terço do dia
para descanso. Daí a absurda idéia de “jornada excessiva”, argumento presente em
alguns julgados e no Parecer GQ 145/1998, da AGU.

Com efeito, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB


(Lei n. 9.394/1996) prescreve:

Art. 67. Os sistemas de ensino promoverão a valorização dos


profissionais da educação, assegurando-lhes, inclusive nos termos dos
estatutos e dos planos de carreira do magistério público:

[...]
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V - período reservado a estudos, planejamento e avaliação, incluído na
carga de trabalho;

[...]

Significa dizer que a cada hora efetivamente trabalhada deve-se


acrescentar determinada fração de tempo para atendimento das necessidades de
estudos, planejamento e avaliação. Além disso, recorde-se que o ensino superior
apóia-se no tripé do ensino, pesquisa e extensão, sendo certa que essas atividades
também são desenvolvidas e coordenadas pelos mesmos docentes.

Noutras palavras, o mesmo docente que exerce as atividades de ensino


(regência de sala de aula, orientação de trabalhos acadêmicos na graduação e pós-
graduação, etc.), também pode coordenar grupos de pesquisa e realizar projetos de
extensão. O mesmo se dá em relação às outras atividades pedagógicas ou
administrativas essenciais ao funcionamento do complexo educacional, como
participação nas instâncias acadêmicas (Colegiado de Curso, Congregação de
Faculdade e Conselhos Superiores da Universidade).

No exercício de sua autonomia administrativa, a Universidade Federal


de Mato Grosso regulamentou referido dispositivo mediante edição da RESOLUÇÃO
CONSEPE N. 158, de 29/11/2010, a qual dispõe sobre normas para distribuição de
encargos didáticos, segundo o regime de trabalho dos docentes [DOC. IX], do qual se
destaca a seguinte disposição normativa:

Artigo 2º - São consideradas atividades de ensino, desde que não


apresentem remuneração (extraordinária) aos docentes, exceto bolsa:

I - ministrar aulas em curso de graduação e de pós-graduação strito


sensu e lato sensu, presenciais ou à distância, expressas em horas-
aulas.

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II - preparar as atividades mencionadas no item I, bem como acompanhar
e avaliar as atividades discentes.

III - planejar, organizar, executar e avaliar as atividades de ensino.

IV - orientar e supervisionar trabalhos de curso e estágios


curriculares em curso de graduação e de pós-graduação, conforme
projeto pedagógico do curso de graduação ou do programa de pós-
graduação devidamente regulamentados pelo Consepe.

V – orientar alunos de graduação e de pós-graduação em outros


programas acadêmicos devidamente regulamentados pelo Consepe ou pelas
Pró-Reitorias.

VI – capacitar, orientar e acompanhar tutores/orientadores acadêmicos


de ensino à distância.

§ 1º - Entende-se por hora-aula a unidade de tempo, expressa em


sessenta minutos, dedicada ao exercício efetivo de aulas teóricas, de
aulas práticas e docentes-assistenciais previstas na carga horária da
disciplina, conforme projeto pedagógico do curso de graduação ou do
programa de pós-graduação, presenciais ou à distância.

§ 2º - Cada hora-aula ministrada em disciplinas dará direito ao


docente a mais o equivalente a uma hora-aula e meia para a realização
de atividades de preparação de aulas, elaboração de material didático,
avaliação de aprendizagem, atendimento de alunos e demais atividades
didáticas pertinentes ao ensino.

§ 3o - A carga horária didática dos docentes, nas atividades que


constam dos incisos IV, V e VI deste artigo, serão computadas até o
limite máximo de 10 horas semanais, sendo que a cada aluno de
graduação e de pós-gradução lato sensu, presenciais ou à distância,

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corresponderão a 2 horas semanais e para orientação de cada aluno de
pós-graduação stricto sensu, a 3 horas semanais.

§ 4º - É facultado ao docente orientar quantos alunos desejar,


respeitando-se o limite máximo apontado no parágrafo anterior, para
efeitos de cômputo da carga horária. [grifei]

Desse modo, acrescentando-se uma hora e meia a cada hora-aula


ministrada, tem-se que, uma aula de duas horas de duração, corresponderá a cinco
horas para efeito de contagem da carga horária do docente. Na prática, um professor
que ministra quatro aulas por semana, com duração de duas horas cada uma, cumpre 20
horas semanais do seu respectivo regime de trabalho.

Esse mesmo docente, caso exerça o regime de 40 horas semanais na UFMT,


poderá completar suas 20 horas faltantes com o exercício de outras atividades
docentes, a exemplo de Orientação de Monografia de Graduação, que corresponde a 2
horas semanais por cada orientando, até o limite de 5 acadêmicos, totalizando 10
horas semanais (§ 3º, do art. 2º, da Resolução).

Além disso, há uma gama de atividades a serem desenvolvidas, como


coordenação de projeto de pesquisa e extensão, participação nas Instâncias
Acadêmicas, com suas reuniões periódicas e atividades específicas voltadas para a
vida acadêmica, no plano didático-pedagógico, como se pode constatar de uma atenta
leitura da Resolução em comento.

O Impetrante, atualmente, exerce 20 horas com regência de sala de


aula, ministrando as seguintes disciplinas i) Direto Tributário Noturno (terças-
feiras, das 19:00 as 21:00 hs); ii) Direito Tributário Diurno (quartas-feiras, das
09:30 às 11:30 hs) e Direito Administrativo Noturno (terças-feiras, das 21:00 às
23:00 hs e quartas-feiras, das 19:00 às 21:00).

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Além disso, complementa 20 horas semanais com i) Orientações de
Monografia (cinco alunos, totalizando 10 horas semanais); ii) Coordenação do Grupo
de Pesquisa em Direito Tributário e Direitos Humanos – GPDiTH (10 horas semanais).

Para atender às necessidades da Faculdade de Direito, o Impetrante


participa como Professor Colaborador do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu,
onde oferecerá uma disciplina optativa denominada “Tributação e Direitos
Humanos”, apenas para o segundo semestre de 2018, em horário ainda não definido,
sendo certo apenas que será no período noturno.

Com pequenas variações, dependendo das exigências de cada ano letivo,


são essas as atividades desenvolvidas pelo Impetrante junto à Faculdade de Direito
da UFMT, cumprindo rigorosamente suas atividades docentes, sem nenhum prejuízo para
o exercício da magistratura, conforme informações prestadas regularmente à
Corregedoria do TRF-1ª Região, que as analisa e as remete ao Conselho Nacional de
Justiça – CNJ para os devidos fins.

Ressalte-se que os esclarecimentos acima têm natureza meramente


argumentativa, para bem compreender a particularidade da vida acadêmica, sendo
irrelevante para o objetivo desta ação mandamental, porque os atos impugnados estão
embasados em outra premissa: a impossibilidade de acumulação de cargos públicos com
jornada total de 80 horas semanais, superior àquela que as Impetradas consideram
legítimas, ou seja, 60 horas, independentemente da forma de contagem dessas horas
de trabalho.

Outra razão desta abordagem é demonstrar o equívoco de se utilizar


julgamentos relacionados a acumulação de cargos públicos por profissionais de saúde
como paradigmas para resolução de casos envolvendo acumulação de cargos na
docência.

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Esclarecidos esses pontos, avança-se para outro tema que as Impetradas
reputam irregular, relativo ao suposto descumprimento do teto remuneratório pelo
Impetrante.

2.2 Comprimento do teto remuneratório no caso de acumulação de cargos públicos

Reproduz-se, novamente, trecho do despacho que instrui a notificação


recebida pelo Impetrante [DOC. III]:

[...] situação esta que também torna irregular o percebimento de


valores superiores ao teto constitucional (artigo 42 da Lei 8112/90)
mediante análise do entendimento consubstanciado na Decisão do STF –
Recursos Extraordinários 602.043 e 612.975 – com repercussão geral
reconhecida – já que a acumulação dos cargos públicos evidenciados
seria ilícita pela carência do requisito de compatibilidade de horário
entre os vínculos empregatícios. [grifei]

Apesar da confusa redação do texto acima e da ausência de clareza das


idéias expostas, pode-se concluir que as Impetrantes entendem que o Impetrado vem
descumprindo o teto remuneratório em razão de acumulação constitucional de cargos
públicos. Para afastar esse equívoco, convém verificar como a matéria vem sendo
tratada na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal e do Tribunal de Contas da
União.

Cite-se decisão recente do Supremo Tribunal Federal, assentando a


tese, em regime de repercussão geral, de que o cumprimento do teto remuneratório
constitucional deve ser aferido em cada cargo isoladamente, e não no somatório das
duas remunerações:

27/04/2017 PLENÁRIO
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RECURSO EXTRAORDINÁRIO 602.043 MATO GROSSO
RELATOR :MIN. MARCO AURÉLIO
TETO CONSTITUCIONAL – ACUMULAÇÃO DE CARGOS – ALCANCE.
Nas situações jurídicas em que a Constituição Federal autoriza a
acumulação de cargos, o teto remuneratório é considerado em relação à
remuneração de cada um deles, e não ao somatório do que recebido.
Brasília, 27 de abril de 2017.

MINISTRO MARCO AURÉLIO – RELATOR

Desse modo, é certo que o Plenário do STF aprovou a seguinte tese para
efeito de repercussão geral, sugerida pelo relator da matéria, Ministro Marco
Aurélio: “Nos casos autorizados, constitucionalmente, de acumulação de cargos,
empregos e funções, a incidência do artigo 37, inciso XI, da Constituição Federal,
pressupõe consideração de cada um dos vínculos formalizados, afastada a observância
do teto remuneratório quanto ao somatório dos ganhos do agente público”. [grifei]

Recentemente, o Plenário do Tribunal de Contas da União (TCU), decidiu


que os servidores públicos que exercem cargos distintos na Administração Pública
Federal, nos casos previstos na Constituição Federal, podem acumular salários,
mesmo que os valores somados ultrapassem o limite de teto remuneratório do serviço
público. A decisão técnica contempla tanto os servidores em atividade quanto os
inativos.

No entendimento do TCU, o abatimento deve ocorrer individualmente, ou


seja, dentro do limite de cada vínculo profissional e não no somatório dos valores.
A decisão seguiu a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF), do Superior
Tribunal de Justiça (STJ) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) sobre o tema,
como se verifica abaixo:

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GRUPO II – CLASSE III – Plenário
TC-001.816/2004-1
Apensos: TC-023.986/2006-4, TC-017.351/2005-2 TC-023.970/2013-8, TC-
002.396/2014-9 e TC-007.629/2015-0.
Natureza: Consulta.
Órgãos: Câmara dos Deputados e Advocacia-Geral da União.

Interessados: Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos


Deputados e Advocacia-Geral da União.

Julgamento: 14/03/2008

SUMÁRIO: CONSULTA. CONHECIMENTO. DÚVIDAS ACERCA DA APLICAÇÃO DO TETO


REMUNERATÓRIO CONSTITUCIONAL ÀS REMUNERAÇÕES/PROVENTOS DECORRENTES DE
CARGOS PÚBLICOS ACUMULÁVEIS. INCIDÊNCIA DO LIMITE SOBRE CADA UM DOS
VÍNCULOS CONSIDERADOS DE FORMA ISOLADA.

1. Com fulcro na norma jurídica colhida de julgados que examinaram a


matéria, na coerência sistemática e lógico-jurídica dos preceitos
constitucionais e nos princípios hermenêuticos da unidade da
Constituição e da concordância prática ou harmonização, e tendo em
vista ainda que não há espaço na ordem constitucional vigente para
trabalho não remunerado, o servidor público faz jus a receber
concomitantemente vencimentos ou proventos decorrentes de acumulação
de cargos autorizada pelo art. 37, inciso XVI, da Constituição
Federal, estando ou não envolvidos entes federados, fontes ou Poderes
distintos, ainda que a soma resulte em montante superior ao teto
especificado no art. 37, inciso XI, da CF, devendo incidir o referido
limite constitucional sobre cada um dos vínculos, per si, assim
considerados de forma isolada, com contagem separada para fins de teto
vencimental.
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2. A aplicação do teto remuneratório, nos casos de acumulação de
cargos, empregos e funções, na forma do art. 37, inc. XVI, da
Constituição Federal, decorrente de esferas, fontes e/ou poderes
distintos, deve ser realizada pelos órgãos e/ou entidades as quais o
servidor estiver subordinado, sempre considerando os
vencimentos/proventos à guisa isolada. [...]

Diante desse quadro jurisprudencial, nada mais precisa ser dito a


respeito do tema, que se encontra consolidado e sujeito à repercussão geral,
cumprindo à Administração Pública seguir referidas orientações, em vez de se
aferrar a entendimentos superados, como fazem as Impetradas, cometendo ilegalidade
e abuso de poder, com nítida violação de direito líquido e certo dos agentes
públicos alcançados pelos ressaibos autoritários que delas emanam.

3 CONCLUSÕES

De tudo quanto foi dito, comprova-se que o Impetrante está sofrendo


violação em seu direito líquido e certo, por atos de autoridades públicas
responsáveis por ilegalidades e abusos de poder, em função do inadequado tratamento
jurídico aplicável aos casos de acumulação constitucional de cargos públicos, bem
como para efeito do cumprimento do teto remuneratório constitucional, justificando
a interposição do presente mandado de segurança para fazer cessar imediatamente os
atos ilegais e abusivos descritos acima, com a concessão de medida liminar e
posterior acolhimento da pretensão veiculada conforme pedidos que passa a deduzir.

Os fundamentos jurídicos são relevantes, consoante longamente


demonstrado nesta petição inicial, tendo em vista que as teses do Impetrante estão
em perfeita sintonia com a Constituição Federal, a legislação infraconstitucional e

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a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justa e do
Tribunal de Contas da União, podendo resultar ineficácia das medidas pleiteadas,
caso sejam deferidas apenas em julgamento de mérito, hipótese que comporta
deferimento de medida liminar, nos termos do artigo 7º, inciso III, da Lei
n.12.016/2009.

Ressalte-se, ainda, que o Impetrante fora NOTIFICADO no dia 26 de


março do corrente ano para regularizar sua situação funcional em 10 (dez) dias,
estando o prazo fluindo regularmente, justificando assim a URGÊNCIA da intervenção
jurisdicional.

3.1 Pedidos

Por todo o exposto, considerando os relevantes fundamentos jurídicos


apresentados, bem como a demonstração do direito líquido e certo do Impetrante,
pede-se:

I – CONCESSÃO DE MEDIDA LIMINAR, para SUSPENDER IMEDIATAMENTE a


tramitação do Processo 23108.192761/2017-32 e apenso 23108.211990/2017-63,
instaurados por determinação das Autoridades Impetradas para apuração da situação
funcional do Impetrante no que se refere à acumulação de cargos públicos, seguindo
as diretrizes do Parecer GQ 145/1998 da AGU, tornando sem efeito a determinação de
regularização de sua situação no prazo de 10 (dez) dias, contida no Ofício
10/SPJAC/CAP/SGP/2018, até final decisão deste Mandado de Segurança;

II – CONCESSÃO DE MEDIDA LIMINAR determinando que as Autoridades


Impetradas retirem do Sistema de Gerenciamento de Encargos da UFMT qualquer
funcionalidade ou rotina que impeça o Impetrante de ter livre acesso aos sistemas
eletrônicos da UFMT, mediante senha pessoal e intransferível, permitindo-lhe o
regular lançamento de seus encargos docentes, ou quaisquer outras informações

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necessárias, independentemente de subscrição da declaração de não exercício de
carga horária semanal superior a 60 horas;

III – CONCESSÃO DE MEDIDA LIMINAR para que as Autoridades Impetradas


abstenham-se de adotar quaisquer medidas restritivas contra o Impetrante
relativamente ao cumprimento do teto remuneratório constitucional, devendo observar
a orientação jurisprudencial do STF no sentido de que, nas situações jurídicas em
que a Constituição Federal autoriza a acumulação de cargos, o teto remuneratório é
considerado em relação à remuneração de cada um deles, e não ao somatório do que
recebido;

IV – ACOLHIMENTO INTEGRAL dos pedidos formulados neste Mandado de


Segurança, em exame de mérito, confirmando as liminares concedidas para que as
Autoridades Impetradas, em caráter definitivo: i) abstenham-se de promover
quaisquer medidas restritivas, impeditivas ou punitivas contra o Impetrante em
função da legítima acumulação de cargos públicos, ainda que a carga horária total
ultrapasse o limite de 60 horas semanais; ii) observem em relação ao Impetrante a
orientação jurisprudencial do STF no sentido de que, nas situações jurídicas em que
a Constituição Federal autoriza a acumulação de cargos, o teto remuneratório é
considerado em relação à remuneração de cada um deles, e não ao somatório do que
recebido; iii) promovam o arquivamento dos processos instaurados para apuração de
regularidade funcional seguindo as diretrizes do Parecer GQ 145/1998 da AGU.

V – NOTIFICAÇÃO das Autoridades Impetradas para cumprimento das


liminares concedidas, bem como para prestarem as informações no prazo legal;

VI – NOTIFICAÇÃO do Ministério Público Federal para intervir neste


Mandado de Segurança, nos termos da legislação pertinente.

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3.2 Valor da causa

Dá-se à causa o valor de R$ 1.000,00 apenas para os efeitos fiscais.

Espera deferimento.

Cuiabá, 02 de abril de 2018

Ivanete Fátima do Amaral

OAB MT 10.151

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