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Agrupamento de Escolas do Fundão

Técnico de Serviços Jurídicos


Tomás Marchão Cavalheiro
Direito Processual

Relação nega recurso de Sócrates e


confirma perigo de fuga
O Tribunal da Relação de Lisboa (TRL) rejeitou o
recurso do ex-primeiro-ministro José Sócrates contra
as medidas de coação aplicadas no processo extraído
da Operação Marquês, reafirmando a continuidade da
obrigação de apresentações quinzenais às
autoridades.
No acórdão de quarta-feira, a que a Lusa teve acesso, os juízes
desembargadores chumbaram todos os argumentos da defesa do antigo
governante, nomeadamente que, no entender de José Sócrates, não existiria
perigo de fuga, além de uma pretensa falta de legitimidade do Ministério
Público (MP) para ter suscitado o agravamento das medidas de coação em
julho de 2022 ou da juíza de julgamento para tomar essa decisão.

Na origem do agravamento das medidas de coação estiveram notícias de que


José Sócrates tinha viajado ao Brasil por um período superior a cinco dias
sem comunicar ao tribunal, quando estava sujeito a termo de identidade e
residência (TIR) no processo Operação Marquês. O TIR prevê a obrigação de
não mudar de residência nem se ausentar por mais de cinco dias sem
comunicar essa situação ao tribunal.

"Face àquela violação grosseira das obrigações decorrentes do TIR e da


existência de claro e concreto perigo de fuga, mostram-se verificados os
requisitos legais para agravação da medida de coação a que o arguido José
Sócrates se encontrava sujeito e para aplicação de qualquer medida de
coação para além do TIR", lê-se no acórdão.

A decisão do TRL sustenta ainda que o ex-primeiro-ministro não demonstrou


a existência de uma alegada "encenação errónea" sobre o perigo de fuga entre
o MP, a comunicação social e a juíza, rejeitando qualquer omissão de
pronúncia do despacho de agravamento das medidas de coação sobre esta
alegação.

A Relação também descartou ilegalidades e inconstitucionalidades indicadas


pela defesa relativamente à separação do processo Operação Marquês e da
suposta inexistência de TIR antes do agravamento das medidas de coação.
Para a defesa de José Sócrates, o TIR existiria no processo Operação
Marquês, mas não seria válido no processo que foi separado para julgamento,
um argumento que os desembargadores rejeitaram.

"Uma vez assumida a qualidade de arguido, permanecerá ela até ao final do


processo", referem os desembargadores, acrescentando: "A este respeito,
dúvidas não existem nem efetivamente, em reta consciência, podem existir.
(...) A tese argumentativa propugnada pelo arguido mostra-se de todo
inaceitável pois levaria a resultados repugnantes à razão".

José Sócrates foi acusado no processo Operação Marquês pelo MP, em 2017,
de 31 crimes, designadamente corrupção passiva, branqueamento de capitais,
falsificação de documentos e fraude fiscal, mas na decisão instrutória, em 09
de abril de 2021, o juiz Ivo Rosa decidiu ilibar José Sócrates de 25 dos 31
crimes, pronunciando-o para julgamento por três crimes de branqueamento de
capitais e três de falsificação de documentos.

https://www.jn.pt/8151651203/relacao-nega-recurso-de-socrates-e-confirma-perigo-de-fuga
/
Neste caso o recurso é ordinário e os sujeitos processuais deste
recurso é o Sócrates (requerente) e o tribunal a que recorreu, tem
como finalidade anular a decisão e mandar o tribunal recorrido
decidir de novo ou seja substituir a decisão recorrida por outra
(cassação) ou até à anulação.
Na operação Marquês o Sócrates recorreu de decisões relativas a
medidas cautelares que servem como ordens de diligência para
precaução de fuga ou de não incumprimento da sentença final,
portanto o ex -primeiro- ministro opõe-se a essa mesma medida
mas acaba sendo denegada justamente.

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