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A resposta martirizava-o. A última coisa que desejava no mundo era magoar aquele
homem que lhe salvara a vida, o alimentou e aqueceu em uma situação de risco, e que
acabara de pedir-lhe para ficar. Estava apaixonado por Zee Pruk, mas a decisão não
era tão simples porque havia outras pessoas envolvidas.
A sensação de culpa assaltava-a por todos os lados. Não culpa pelo que eles tinham
feito jamais se sentiria culpado ou arrependido pelos momentos de amor partilhados
com Zee. Mas culpada por ter, de alguma forma, alimentado à possibilidade de que o
breve interlúdio poderia continuar além das paredes daquela casa.
Zee percebeu o conflito de emoções que Nunew enfrentava e sentiu-se impotente para
ajudá-lo. A culpa também o atormentava. Desde o começo, sabia que Nunew estava
noivo de outro homem e, ainda assim, decidira seduzi-lo. Para ele, tudo não passara
de um desafio, eram dois homens e estavam juntos e sozinhos. Tudo favorecera o jogo
da sedução e, para o macho predador, era tudo o que contava.
Nunew e suas atitudes graciosas tinham sido um grande desafio, mas, então, os
ventos do destino tinham soprado a favor dele. Ao cair nas águas congeladas do
lago, ele se tornara completamente vulnerável e, assim, ao salvar-lhe a vida, ele
tivera a oportunidade de demonstrar suas melhores qualidades, sobressaindo-se aos
olhos dele.
Além disso, despertara-lhe admiração ao sair para caçar e pescar, por ter
improvisado lenha para garantir o aquecimento da casa, e outras pequenas coisas
importantes naquelas circunstâncias. Em resumo, transformara-se em um verdadeiro
herói para Nunew Chawarin. Sob a aparência refinada e arrogante de Nunew, ele
encontrou confiança, generosidade e uma inocência que conquistou seu coração.
A princípio, fora apenas uma questão de orgulho próprio. Acreditara que se não
conseguisse roubá-lo de um pacato professor de Inglês que recitava poesias, ele não
valeria o pão que comia. Mas a sedução teve efeito contrário. Ele o roubara, sim,
mas também estava apaixonado e não queria perdê-lo.
Os olhos negros dele tornaram-se cinzentos como as águas geladas do lago Berdwoo.
- Você o ama tanto assim? - ele arriscou.
- Hunter é uma pessoa maravilhosa, compreensiva e sensível. Não posso simplesmente
descartá-lo e ficar com você. Seria muita crueldade!
- Você não acha cruel ficar com ele por piedade? - ele perguntou em um tomáspero.
- Não é tão simples assim, Zee.
- Por que não?
Não passou despercebido a Zee que Nunew não mencionara a palavra "amor".
- Você tem pena dele? Pensei que o amasse!
Ele evitava falar de amor, nem se atrevia a pensar em amor. Seu olhar focalizou os
lábios dele, depois os ombros fortes e, por fim, as mãos grandes e calejadas. - Por
favor, Zee, procure entender. - A voz dele soou quase desesperada.
- Não consigo.
O tom de brincadeira na voz dele não disfarçava o imenso alívio que Pa sentia.
Ainda segurando a mão do filho, ele recuou alguns passos e olhou com curiosidade
para as roupas dele.
- Você andou brincando de Papai Noel?
- Papai, este é Zee Pruk, que pretende comprar esta casa. Zee, este é Pa, meu pai.
Pa observava-a com atenção, imaginando o que poderia ter acontecido entre eles.
Dois homens sozinhos e isolados durante alguns dias era tentador, íntimo e até
mesmo romântico. Não perguntou nada, não era de sua conta, e ele não ficaria nem um
pouco aborrecido se Nunew tivesse um envolvimento romântico com um homem como Zee
Pruk. Melhor do que se casar com Hunter!
- Desculpe por não tê-los avisado, papai. O telefone está temporariamente desligado
e até mesmo a energia elétrica está desligada. Zee tirou gasolina do carro dele e
colocou no gerador, mas tivemos que racionar seu uso. - Nunew apertou as mãos do
pai e fez a pergunta que tanto o incomodava. - A mamãe ficou aborrecida por minha
causa?
- Ela estava muito preocupada, mas disfarçou bem. Sua mãe tem muita prática por
conta das minhas aventuras malucas, e agora com as de Steven.
Eles riram.
- Como você me achou papai?
- Bem, Hunter chegou sem você esta manhã. Então fomos até seu apartamento e, como
seu carro não estava no estacionamento, decidimos ir até a imobiliária. Seu carro
estava lá coberto de neve. Voltei para casa e liguei para Max.
- E o que ele disse?
- Disse que você tinha vindo para cá com esse rapaz... No carro dele. Então,
telefonei para Judy, que me deu todas as indicações do lugar. - Pa abriu os braços.
- E estou aqui!
Nunew fitou-o com os olhos cheios de lágrimas.