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TEA – TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA

Em relação ao Tratamento Dentário vale ressaltar que crianças com TEA apresentam-se
Extremamente sensíveis a estímulos externos, como barulhos diferentes, sons fortes e
comportamentos inesperados durante o tratamento odontológico. Portanto, devem receber
um tratamento interdisciplinar, priorizando a prevenção das doenças bucais e enfatizando as
orientações quanto à dieta e higiene bucal.

o compromisso do cirurgião-dentista é lidar com as limitações do paciente autista e oferecer


condições seguras focadas na humanização do atendimento e acolhimento diferenciado,
garantindo melhores resultados para pacientes, familiares/responsáveis e também para a
equipe de saúde que acompanham o paciente.

Dentre as principais características dos pacientes com TEA, podemos citar a falta do contato
visual, incompreensão das emoções, comprometimento da comunicação verbal e não verbais,
falha na interação social, deficiências sensoriais, retardo mental ou epilepsia.. Autistas
apresentam ansiedade, depressão, automutilação, déficit de atenção, hiperatividade,
deficiência intelectual (DI), tais características podem impossibilitar, um comportamento
cooperativo devido a essas as alterações sistêmicas e comportamentais).

Outra característica do TEA é a hipersensibilidade sensorial do paciente a estímulos externos,


que podem transformar contato físico e alguns sons em grave ameaça, causando-lhe
sofrimento. Isso pode acontecer por exemplo, ao se depararem com sons fortes, geralmente
tapam os ouvidos com as mãos tentando se proteger, entretanto, podem ficar deslumbrados
pelas batidas de um simples relógio de pulso ou pelo barulho de um papel sendo amassado. O
tipo de iluminação utilizada no ambiente,podem ser angustiantes ou podem ser encantadoras.

Essa sobrecarga materna provoca uma necessidade de dependência acentuada e incessante do


autista com sua mãe.

Crianças com TEA enfrentam desafios nos cuidados da higiene oral, essas dificuldades estão
associadas as alterações sensoriais e intelectual, além disso costumam apresentar bruxismo,
estiramento da língua e mordida dos lábios (JABER, 2011; CERMAK et al., 2015).

Alguns estudos têm observado que pacientes autistas apresentam níveis elevados de cárie,
doenças periodontais e necessidade de procedimentos restauradores (JABER, 2011; GAÇE et
al., 2014).

Através de um estudo realizado recentemente, Gonçalves et al (2016), constataram que 50%


dos autistas tinham cárie e 11,5% tinham lesões nas gengivas.

Normalmente, esse tipo de distúrbio causa um certo impacto familiar, que devido a atenção e
os cuidados serem direcionados somente para à doença acabam negligenciando ou colocada
em segundo plano a higiene oral das crianças. Dessa forma, são observados constantemente
pacientes com dieta cariogênica, higiene bucal precária e uso de medicamentos para
xerostomia, ocasionando uma condição de saúde bucal susceptível a caries (DA SILVA et al.,
2019).

3.7 TRATAMENTO ODONTOLÓGICO


O Ministério da Saúde (MS), preconiza que todas as pessoas com deficiência, têm direitos
iguais nos atendimentos e serviços do SUS nas suas necessidades básicas e específicas de
saúde, que envolvem assistência médica e odontológica (BRASIL, 2013). É importante ressaltar
que o MS através das diretrizes de atenção à reabilitação da pessoa com TEA recomenda
sempre que necessário, os serviços de saúde pública devem exercer sua função, estando bem
preparados para oferecer acolhimento e atender às necessidades gerais de saúde dos
pacientes portadores de TEA, o que inclui o acompanhamento (básico e especializado) tanto da
equipe de habilitação/reabilitação quanto médico, odontológico e da saúde mental (BRASIL,
2014).

A assistência odontológica para pacientes com necessidades especiais é dificultada devido as


alterações comportamentais do paciente durante a realização de exames e tratamentos
odontológicos (AMARAL et al., 2011). Para o autor a humanização do atendimento e
acolhimento apresentam resultados positivos tanto para os pacientes e familiares quanto para
o dentista. Kessamiguemon et al. (2017) cita a humanização como uma das respostas possíveis
de inclusão da criança ao ambiente odontológico.

As formas de abordagens do paciente autistas depedem do grau de comprometimento mental,


durante o atendimento devem ser observados algumas caracteristicas, como: estímulos
sensoriais, comunicação de forma clara e objetiva e estabelecimento de um hábito durante o
atendimento. Estabelecer uma rotina de atendimento na primeira infância é fundamental para
o paciente se adaptar a rotina (AMARAL et al., 2012). Entretanto, o cirugião dentista deve ser
flexível para modificadar as abordagens de acordo com a necessidade individul de cada
paciente (DELLI et al., 2013). Além disso, para manter a saúde e melhorar a qualidade de vida
desses pacientes, é necessária uma abordagem multidisciplinar e participação dos pais ou
familiares (MARULANDA et al., 2013).

O profissional deve orientar os pacientes, os pais e/ou responsáveis, sobre a importância da


prevenção oral, técnicas de higiene bucal, e também abordar as limitações apresentadas
durante o tratamento. Os obstáculos no atendimento devem ser sanados por meio de
capacitação profissional e postura na abordagem do pacien-te, entre outras medidas, como
adaptação do consultório às suas necessidades (NUNES et al., 2017). O profissional da área
odontológica é considerado apto para realizar atendimento a pacientes portadores de autismo
desde que tenham conhecimento, compreensão de suas limitações, dedicação e paciência para
a realização dos procedimentos (DA COSTA SANT ́ANA et al., 2017).

Para solicitar o documento, basta o interessado ou tutor responsável, fazer o agendamento prévio
através do site do Vapt Vupt e apresentar o relatório médico com indicação do CID, além do RG
ou Certidão de Nascimento, CPF, tipo sanguíneo, comprovante de endereço, número de telefone e
duas fotos 3x4. A documentação deve ser apresentada no atendimento, em forma original e xerox.

. Atendimento Odontológico a pacientes com TEA


O atendimento do paciente no espectro autista deve ter grande foco em
cuidados preventivos e educação em saúde, é individualizado e deve ser
adaptado às necessidades do paciente.
Existem inúmeros aspectos que devem ser considerados ao atender o paciente
TEA, questões como o ambiente, a comunicação com o paciente, o manejo e
técnicas auxiliares, o tipo de procedimento a ser executado, as características
comportamentais do paciente, etc.

É claro que isso varia de acordo com o caso individual, todavia, o nível de
conhecimento do profissional sobre o autismo e as técnicas que devem ser
empregadas em cada situação são elementos fundamentais para um
atendimento odontológico de qualidade.

Em relação aos termos utilizados para se referir ao paciente, evite usar o


termo “portador de autismo”, afinal a deficiência é uma condição própria e
permanente do indivíduo.

Logo, ao falar sobre a condição do seu paciente, o ideal é que sejam utilizados
termos como: “autista”, “paciente autista”, “paciente no espectro autista”,
“paciente com TEA”.

Ambiente odontológico

O consultório odontológico ideal para atendimento do paciente com


TEA precisa ser um ambiente confortável e que transmita tranquilidade.

Talvez apenas uma sessão não seja suficiente para que o paciente se
sinta ambientado, dependendo do caso, é aconselhado dedicar os primeiros
atendimentos para realização da anamnese, compreensão do grau de autismo e
das necessidades do paciente, comunicação e socialização com o paciente.

Além disso, conforme já citamos anteriormente, o paciente costuma ser


resistente a mudanças, por isso é preciso manter constância em relação
à equipe profissional (dentista, asb, tsb), horário das consultas, consultório em
que o paciente é atendido, disposição do mobiliário, etc.

Comunicação e vínculo com o paciente

A criação de um vínculo de confiança entre o profissional e o paciente, bem


como com a família deste indivíduo é essencial, pois contribui para que o
paciente se sinta mais seguro durante os procedimentos.

Ao mesmo tempo, no caso de pacientes adultos, é importante que o


profissional identifique se a comunicação pode ser feita diretamente com o
paciente ou se é preciso se dirigir aos pais e/ou cuidadores.

A posição do equipo também pode auxiliar no conforto e contato visual com o


paciente, pois autistas, por exemplo, possuem dificuldade nesta tarefa.
Manejo durante atendimento

O profissional deve observar as características comportamentais do paciente


para definir quais técnicas são mais indicadas.

Pacientes com TEA possuem sensibilidade extrema aos estímulos externos,


como barulhos diferentes, sons fortes e comportamentos inesperados, por isso,
muitas vezes o tratamento odontológico pode exigir várias consultas de
adaptação e, em casos mais graves, pode ser necessário realizar o atendimento
sob sedação ou anestesia geral.

Sendo assim, o cirurgião-dentista precisa criar um plano de tratamento


individual e flexível, que permita mudanças de abordagem de acordo com a
resposta do paciente ao tratamento.

Técnicas para atendimento

Existem inúmeras técnicas especiais que podem ser utilizadas para alcançar o
sucesso nos atendimentos, as básicas abordam controle da voz, uso de
recompensas e distrações, entre outras ações, já as avançadas estão
relacionadas ao uso de anestesia e estabilização do paciente.

Dentre elas, podemos citar:

Método TEACCH (Tratamento e educação para crianças autistas e com


distúrbios correlacionados à comunicação)

Neste método utiliza-se painéis, agendas e quadros que demonstrem


claramente a ordem das ações que vão ser desenvolvidas, ajudando também na
independência do indivíduo.

Em âmbito odontológico, o consultório pode dispor de um espaço físico onde


ficarão disponíveis esses materiais de apoio para que o paciente associe as
atividades que serão realizadas pelo dentista, auxiliando na comunicação
profissional x paciente.

Método PECS (Sistema de Comunicação por figuras)

O método PECS faz com que a criança, por meio de figuras, reconheça
objetos presente no meio odontológico, ambientando-a com instrumentos que
serão utilizados pelo dentista durante o procedimento.

Crianças que utilizam desse sistema conseguem se comunicar por meio da


fala, se inclusa a atividade em sua rotina.
Método ABA (Análise Aplicada ao Comportamento)

Caracteriza-se em ensinar o paciente através de etapas, ou seja, a cada nova


consulta é introduzido um novo ensinamento, como forma de conquistar a
confiança do paciente.

Ao mesmo tempo, são utilizadas recompensas (prêmios) para motivar


o paciente na colaboração.

Técnica da modulação

Nesta técnica usa-se uma pessoa como modelo antes de atender o paciente,
logo, a criança modelo colabora durante o atendimento e o paciente autista
observa o atendimento.

O intuito do método é mostrar ao paciente de que forma ele deve se comportar


na consulta odontológica.

Técnicas de Odontopediatria

Importante reforçar que, no atendimento odontológico em pacientes com


TEA, as técnicas citadas anteriormente são utilizadas em conjunto com outras
existentes na odontopediatria, como: distração, “falar, mostrar, fazer”,
reforço positivo, estabilização protetora, etc.

Além disso, o profissional precisa estar preparado para este tipo de


atendimento, conhecendo alguma técnica de manejo para conduzir da melhor
forma e evitar o atendimento sob anestesia geral, que só deve ocorrer em
casos extremos.

Sedação consciente

A sedação consciente é realizada por meio de inalação de oxigênio e óxido


nitroso, fazendo com que o paciente se sinta relaxado, mas consciente durante
o procedimento.

O uso de gás só pode ser feito quando há colaboração do paciente, por


isso é preciso ter muita atenção ao usar a técnica, devido ao TEA
permitir peculiaridades muito individuais de cada paciente.

Para pacientes que possuem dificuldade extrema em colaborar no


atendimento, uma solução é o uso de anestesia geral em ambiente hospitalar,
todavia, tudo dependerá da individualidade do caso clínico.
Educação em saúde bucal

Pacientes com TEA podem manifestar déficits na higiene oral,


comprometendo a saúde bucal e deixando-os suscetíveis a desenvolver
doenças como cárie e periodontopatias.

Isso ocorre por diversos motivos, como:

 dificuldades motoras, onde o paciente não consegue realizar a


escovação de forma correta;

 uso de medicamentos controlados que afetam o meio bucal;

 dieta criogênica, devido a uma alimentação restritiva (não aceita comer


outros alimentos).

Logo, a etapa de instrução da higiene bucal se torna fundamental no


atendimento de um paciente com TEA, envolvendo principalmente os
pais/cuidadores, que devem incluir os cuidados de higiene na rotina da
criança.

O profissional também pode lançar mão de métodos já citados neste artigo


para ensinar ao paciente sobre a escovação, levando em conta, é claro,
sua autonomia em executar tarefas do dia a dia. Também deve explicar a
importância de uma dieta saudável e do acompanhamento dos pais e
cuidadores nessa etapa de higiene.

Dependendo dos casos e do grau de autismo, pode-se sugerir o uso de


uma escova elétrica, que facilita o processo de escovação e manutenção da
saúde bucal.

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