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UNIVERSIDADE VILA VELHA

CURSO DE MEDICINA

PROGRAMA DE INTEGRAÇÃO, SERVIÇO, ENSINO E COMUNIDADE VI

RELATÓRIO PISEC 6

NOME: Pedro Henrique Brandão Costa UNIDADE DE SAUDE: Jardim Marilândia

PRECEPTOR: Élio Andriolo

No dia 29/08 atendemos João Alexandre de 36 anos, mora no bairro junto com a mãe,
é divorciado da esposa e é dono de uma empresa que atua na construção civil. Ele
veio ao consultório pois sentia uma dor abdominal constante há mais de um ano e
perda ponderal de 22 quilos em 1 ano, também solicitou alguns exames para
descobrir se pode voltar a fazer atividade física, a dor não tem fator de melhora ou
piora, mas não é uma dor incapacitante, também relatou tosse crônica com escarro
hialino. O paciente refere alimentação normal porém deficiente em alguns aspectos e
relatou não ir ao banheiro há 3 dias, mas sua urina está normal. O paciente refere
histórico de hipertensão (140/90) mas não faz uso de nenhum medicamento para
controle, tem histórico de tabagismo, fuma desde os 14, parou com 23, porém retornou
há 2 anos atras fumando 1 maço por dia, seu pai ter histórico de hipertensão e suma
mão é diabética e sofre de arritmia cardíaca. Ao final também relatou perde de um
parente importante recentemente, mas não quis se aprofundar nisso.

Após a anamnese partimos para o exame físico do paciente, a ausculta respiratória é


normal (RCT BNF SS), frequência cardíaca de 65 bpm, ausculta respiratória normal
mv fisiológico sem ruídos adventícios, PA: 125/80, quando tossiu referiu dor no
hipocôndrio esquerdo, na ausculta abdominal tudo regular, na palpação tudo regular,
valsalvia negativo, na percussão todos os sons timpânicos

Após discutirmos o caso entre os membros do grupo e o professor chegamos a duas


hipóteses diagnósticas, esplenite (D77) e DPOC (J44)

Após a discussão decidimos que a conduta apropriada para o paciente seria primeiro
de tudo largar o cigarro e mudar a alimentação, além disso pedimos que ele realizasse
um raio-x de tórax em PA e perfil para verificarmos a origem dessa tosse crônica e um
ultrassom abdominal total para verificar o que pode estar causando essa dor
abdominal do paciente
Pergunta norteadora

Descreva o Quadro Clínico e como fazer o diagnóstico da Tuberculose pulmonar


e do Câncer pulmonar no adulto

Tuberculose: As queixas típicas de pacientes acometidos por tuberculose


costumam ser tosse crônica, com ou sem escarros hemoptoicos, febre vespertina,
sudorese noturna e perda de peso. Outros sintomas incluem dor torácica ventilatório-
dependente e dispneia. É relevante ressaltar que, segundo a definição da Vigilância
Epidemiológica do Ministério da Saúde de “sintomático respiratório”, todo indivíduo
apresentando tosse por período igual ou superior a pelo menos 3 semanas,
acompanhada de febre, perda ponderal e hiporexia, com ou sem imagem radiológica
sugestiva, deve ser considerado suspeito e investigado. Pacientes com histórico claro
de exposição ao bacilo e/ou residentes em áreas de risco devem sempre ter
tuberculose incluída nas hipóteses diagnósticas, embora a ausência desses fatores
não possa excluir o diagnóstico.

O exame físico não apresenta achados típicos e frequentemente pode ser normal,
sobretudo nos casos de acometimento pulmonar não complicados. Exames
laboratoriais também podem ser normais, eventualmente com elevação de
marcadores inflamatórios, como proteína C reativa e velocidade de
hemossedimentação (VHS).

O diagnóstico definitivo se dá pelo isolamento do Mycobacterium tuberculosis em


secreção (escarro, lavado broncoalveolar, líquido pleural) ou tecido (pleura, linfonodo).

Pesquisa direta do bacilo álcool-acidorresistente (BAAR) pela técnica de coloração de


Ziehl-Neelsen – microscopia direta

Teste de amplificação de ácidos nucleicos (Xpert MTD/RIF), que possibilita a detecção


molecular do Mycobacterium tuberculosis e pesquisa de mutação de resistência à
rifampicina

Cultura de BAAR (padrão-ouro).

Resultados falso-negativos podem ocorrer quando a amostra de escarro não for


satisfatória ou com o uso prévio de antibióticos, principalmente levofloxacino.

A radiografia de tórax figura como o principal método de imagem auxiliar ao


diagnóstico. Infiltrado focal unilateral no ápice do pulmão (mais comumente no
segmento apical ou posterior) com cavitação é o achado clássico. Outras
apresentações atípicas também podem ocorrer, como infiltrados em outros segmentos
pulmonares, linfonodomegalias, infiltrados com aspecto de massa (denominados
“tuberculomas”), derrame pleural, ou, ainda, um infiltrado fibronodular difuso, com
aspecto semelhante ao de sementes de milho, caracterizando a origem do termo
“tuberculose miliar”
Câncer de pulmão: Os pacientes podem apresentar anormalidades
laboratoriais como anemia decorrente de doença crônica, hipercalcemia como parte de
uma síndrome paraneoplásica, hiponatremia em decorrência da síndrome inadequada
do hormônio antidiurético e transaminases elevadas ou hiperbilirrubinemia devido a
metátese hepática. Não existem marcadores séricos confiáveis ou clinicamente úteis
do tumor para o diagnóstico ou acompanhamento de câncer de pulmão, embora o
antígeno carcinoembriogênico (CEA) possa estar elevado em alguns pacientes.

Os estudos disponíveis atualmente demonstram que a TC de tórax com baixa


dosagem de radiação é mais sensível que a radiografia de tórax para a identificação
de pequenos cânceres de pulmão assintomáticos.

Broncoscopia flexível de fibra ótica pode ajudar a determinar a extensão das lesões
endobrônquicas e a obter tecido para diagnóstico (lavagens, escovações, lavagem
broncoalveolar, biópsia transbrônquica). O exame citológico do escarro é, por vezes,
útil no diagnóstico de câncer de células escamosas centralmente localizado em
pacientes que não são candidatos à biópsia com agulha ou broncoscopia guiada por
CT

Apesar de não existir uma atual recomendação por parte do Ministério da Saúde para
rastreamento do câncer de pulmão, deve ser considerado para pacientes de alto risco
entre 55 e 80 anos, com alta carga tabágica (acima de 30 maços-ano) e que ainda
fumam ou pararam de fumar nos últimos 15 anos.

Referências: Manual de clínica médica : manual do residente da Associação dos


Médicos Residentes da Escola Paulista de Medicina / coordenadores Antônio Carlos
Lopes ... [et al.]. - 1. ed.- Rio de Janeiro : Guanabara Koogan, 2020.

Oncologia/Ramaswamy Govindan & Daniel Morgensztern; – 3. Ed. – Rio de Janeiro –


RJ: Thieme Revinter Publicações, 2017.

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