A educação quilombola é uma modalidade inserida na educação básica,
sendo definido pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Básica n. 9.394/1996. Com a lei n. 10.639/2003, tornou obrigatório o ensino de história e cultura afro-brasileira no na Educação Básica.
Art. 41. A Educação Escolar Quilombola é desenvolvida em unidades
educacionais inscritas em suas terras e cultura, requerendo pedagogia própria em respeito à especificidade étnico-cultural de cada comunidade e formação específica de seu quadro docente, observados os princípios constitucionais, a base nacional comum e os princípios que orientam a Educação Básica brasileira. Parágrafo único. Na estruturação e no funcionamento das escolas quilombolas, bem como nas demais, deve ser reconhecida e valorizada a diversidade cultural. (Brasil, 2010a).
Contexto Histórico:
A inserção da modalidade de educação quilombola começou a ser discutida
no meio educacional desde a década de 1980, época marcada pela mobilização e debates sobre a mudança da função social da escola. Os desafios enfrentados pela falta de qualidade da escola pública culminou na democratização da escola pública. Esse processo se inspirou nos movimentos de caráter identitário, que denunciavam a função da ensino escolar na expressão, repercussão, reprodução do racismo e discriminação por diferença de gênero.
De forma parcial e fragmentada, identificaram-se os embates desse período
na legislação educacional desde os anos 1990. No caso da modalidade de educação quilombola, consideramos a existência de um arcabouço jurídico favorável composto do conjunto das políticas educacionais no campo da diversidade,instauradas desde a LDBEN n. 9.394/1996. Além dos dispositivos jurídicos, o panorama no qual se insere a educação escolar quilombola conta, desde 2009, com elementos do Plano Nacional de Implementação da lei n.10.639/2003 (Brasil, 2009). Esse cenário em movimento inclui a modalidade de educação quilombola instituída pela resolução n. 4/2010, que define as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica (MIRANDA, 2012).
É necessário que as escolas tenham ciência da singularidade e
especificidade na forma de ensino para a Educação Quilombola, levando em consideração as crenças, história, ancestralidade e cultura da comunidade. Infelizmente, boa parte das escolas se encontram em condições precárias devido a negligência dos órgãos governamentais, e essa especificidade do ensino não é cumprida devido à falta de formação de professores e plano de ensino específico abrangendo todas as disciplinas propostas pela Base Nacional Comum Curricular pela perspectiva identitária da comunidade quilombola.
A educação escolar destinada à população remanescente de quilombos
encontra-se em situação adversa, marcada pela inexistência de escolas localizadas nas comunidades ou pelo funcionamento precário das escolas existentes (MIRANDA, 2012, p. 6)
Referências:
Brasil. Casa Civil. Decreto n. 4.887, de 20 de novembro de 2003. Regulamenta o
procedimento para identificação, reconhecimento, delimitação, demarcação e titulação das terras ocupadas por remanescentes das comunidades dos quilombos de que trata o art. 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 21 nov. 2003a. MIRANDA, Shirley Aparecida de. Educação escolar quilombola em Minas Gerais: entre ausências e emergências. Revista Brasileira de Educação, v. 17, n. 50, p. 378-394, 2012.