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Apresentação
As cumarinas são lactonas presentes em todas as partes das plantas e em outros organismos, como
bactérias e fungos. Nas plantas, esses compostos estão envolvidos na regulação do crescimento
vegetal (são antagonistas de auxinas), na absorção de radiação ultravioleta (protegendo plantas
jovens do excesso de luz solar), em proteger os vegetais contra desordens causadas por
microrganismos, entre outras funções fisiológicas.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você irá conhecer a estrutura química das cumarinas, os métodos
de extração e identificação, a biossíntese e as propriedades fisiológicas e farmacológicas dessas
substâncias.
Bons estudos.
Você trabalha numa indústria de fitoterápicos e foi solicitado a desenvolver um método físico-
químico simples e rápido para análise de cumarinas em folhas de guaco (Mikania laevigata).
As cumarinas fazem parte da dieta do ser humano e de outros animais. São encontradas na
cenoura, aipo, salsa, agrião, coentro, alcachofra, alface e chicória; bem como em frutas, como os
citros, morango, cereja, mirtilo, framboesa, damasco e figo, além de especiarias, como canela-da-
índia, anis e funcho. Muitas cumarinas têm odor forte e característico de baunilha, sendo
amplamente utilizadas como aromatizantes de produtos alimentícios industrializados e como
fixadores de perfumes. Apresentam inúmeras atividades biológicas, como antibacteriana, anti-
inflamatória, hipotensora, imunossupressora, broncodilatadora, fungicida, anticoagulante,
vasodilatadora, espasmolítica e antitrombótica.
No capítulo Cumarinas, da obra Farmacognosia pura, você vai conhecer as estruturas químicas e
métodos de extração e de identificação das cumarinas, além da biossíntese, propriedades
fisiológicas e farmacológicas dessas substâncias.
Boa leitura.
FARMACOGNOSIA
PURA
Introdução
A palavra cumarina tem origem do caribenho cumaru. São compostos
fenólicos amplamente distribuídos, com inúmeros tipos e com várias
atividades biológicas comprovadas.
Neste capítulo, você irá estudar as estruturas químicas, os métodos de
extração e de identificação, além da biossíntese, propriedades fisiológicas
e farmacológicas das cumarinas.
Cumarinas simples
Furanocumarinas
Dihidrofuranocumarinas
Piranocumarinas
Dihidropiranocumarinas
(Continua)
4 Cumarinas
(Continuação)
4-fenilcumarinas
4-propilcumarinas
3-alquilcumarinas
3-isoprenilcumarinas
(Continua)
Cumarinas 5
(Continuação)
Isocumarinas
Isoflavonoides
3-arilcumarinas
3-aril-4-hidroxicumarinas
Cumestanos
Cumarinas diméricas
(Continua)
6 Cumarinas
(Continuação)
Cumarinas triméricas
Lignocumarinas
Cumarinas simples
Furanocumarinas
Felamidina
(Continua)
Cumarinas 7
(Continuação)
Piranocumarinas
Decursinol
4-fenilcumarinas
Isodispar B
4-propilcumarinas
Mammea B/BB
(Continua)
8 Cumarinas
(Continuação)
3-alquilcumarinas
3,6 dimetilcumarina
3-isoprenilcumarinas
Angustifolina
Isocumarinas
Isocumarina (4-hidromeleína)
Isoflavonoides
3-arilcumarinas
Paquirrizina
3-aril-4-hidroxicumarinas
Escandenina
(Continua)
Cumarinas 9
(Continuação)
Cumestanos
Cumestrol
Cumarinas diméricas
Cumarinas triméricas
Wikstrosina
Lignocumarinas
Aquilochina
10 Cumarinas
Você deve ficar atento a novas técnicas de extração, já que estão sendo desenvolvidas
para reverter a instabilidade de muitas cumarinas extraídas pelos métodos convencio-
nais. Neste sentido, pode ser citada a extração com fluido supercrítico, que tem sido
amplamente estudada, bem como o seu emprego para obtenção de óleos essenciais,
princípios ativos e outros constituintes de plantas, como as cumarinas. Os processos
convencionais de extração, normalmente, geram resíduos químicos e podem, inclu-
sive, alterar as características do produto final devido às altas temperaturas utilizadas
durante os processos de extração e purificação. A tecnologia supercrítica exige um
investimento maior, mas, em contrapartida, leva à separação muito específica. Assim,
separação e purificação são realizadas simultaneamente, pois a seletividade do solvente
supercrítico é modificada por meio de alterações de propriedades termodinâmicas e
da natureza do solvente (RODRIGUES, 2005).
concentração intracelular de cálcio, uma vez que este íon está direta-
mente envolvido nas contrações do músculo liso (SAAD et al., 2016);
o) antiadipogênica: esculetina, fraxina, fraxidina, fraxetina e esculina
(VENUGOPALA et al., 2013);
p) inibidora da enzima acetilcolinesterase (AChE): inibidores reversíveis
da AChE são, atualmente, usados em ensaios clínicos no tratamento
da doença de Alzheimer. Algumas cumarinas de Citrus apresentaram
essa inibição, o que possibilita o desenvolvimento de novos fármacos
para o tratamento da doença (SÁ, 2011). Outra cumarina é o decursinol,
composto majoritário isolado de Angelica gigas que demonstrou ter o
maior potencial inibitório da AChE (MIYAZAKI, 2013).
psoralenos podem ser utilizados como protetores solares e como produtos para bron-
zeamento (SILVA, 2009). Neste sentido, as furanocumarinas são usadas no tratamento
da pele (estimulando os melanócitos para a produção de melanina) e em doenças de
pele, como vitiligo, psoríase, micoses, dermatite e eczemas. Por exemplo, o psoraleno,
o bergapteno e o xantotoxino são compostos fotossensibilizadores empregados
no tratamento da psoríase, do vitiligo e outras doenças de pele (RODRIGUES, 2005;
GUEOGIIAN, 2011).
L-fenilalanina
Isomerização
Lactonização
Isomerização Lactonização
ác. p-cumárico
ác. 2,4-diidroxicinâmico umbeliferona
orto-hidroxilação
L-fenilalanina ácido cinâmico ácido p-hidroxicinâmico
fotoisomerização
da ligação dupla
E Z
DMAPP lactonização
espontânea
epoxidação
piranocumarinas
angulares
furanocumarinas seselina
furanocumarinas piranocumarinas angulares
lineares lineares
Composto Aplicação
Gram positiva
Staphylococcus
aureus (MRS) Dafnetina Réplica em prato de Lederberg
Sarcina lutea Aesculetina Réplica em prato de Lederberg
Cumarina Microdiluição em meio líquido
Streptococcus
pneumoniae
Gram negativa
Salmonella
typhimurium
(Continua)
Cumarinas 21
(Continuação)
Fungos
BARROS, I. B. Avaliação química e das atividades biológicas de Coccoloba mollis. 2009. 127
p. Dissertação (Mestrado em Química dos Recursos Naturais) – Universidade Estadual
de Londrina, Londrina, 2009.
BERTOLDI, F. C. et al. Validação de um método analítico rápido por CLAE-UV para
determinação de cumarina em guaco (Mikania glomerata Sprengel) confirmado com
espectrometria de massas. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, v. 18, n. 1, supl. 1, p.
316-325, 2016. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbpm/v18n1s1/1516-0572-
rbpm-18-1-s1-0316.pdf>. Acesso em: 05 dez. 2018.
BRENZAN, M. A. Estudo fitoquímico e avaliação da atividade antileishmania do Calophyllum
brasiliense Cambess (Clusiaceae). 2006. 134 p. (Mestrado em Ciências Farmacêuticas) –
Universidade Estadual de Maringá, Maringá, 2006.
DEL RÍO, J. A. et al. Furanocoumarins: biomolecules of therapeutic interest. Studies in
Natural Products Chemistry, v. 43, p. 145-195, 2014.
FRACAROLLI, L. Isolamento, caracterização e avaliação da atividade fotossensibilizadora
de cumarinas e furanocumarinas extraídas de espécies de Citrus. 2015. 144 p. Dissertação
(Mestrado em Ciências) – Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2015.
22 Cumarinas
Leituras recomendadas
GOBBO-NETO, L.; LOPES, N. P. Plantas medicinais: fatores de influência no conteúdo
de metabólitos secundários. Química Nova, v. 30, p. 374-381, 2007. Disponível em:
<http://quimicanova.sbq.org.br/imagebank/pdf/Vol30No2_374_25-RV05289.pdf>.
Acesso em: 05 dez. 2018.
GOMES, J. P. M. Pesquisa de atividade antitumoral e mutagênica in vitro de produtos na-
turais. 2008. 86 p. Dissertação (Mestrado em Ciências Farmacêuticas) – Universidade
Estadual Paulista, Araraquara, 2008.
GUEOGJIAN, K. Funcionalização de cumarinas via reação de acoplamento de Suzuki-
-Miyaura de sais de organotrifluoroboratos de potássio. 2011. 151 p. Dissertação (Mestrado
em Ciências Farmacêuticas) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2011.
JOSEPH, C. C. et al. Larvicidal and mosquitocidal extracts, a coumarin, isoflavonoids
and pterocarpans from Neorautanenia mitis. Transactions of the Royal Society of Tropical
Medicine and Hygiene, v. 98, n. 8, p. 451-455, 2004.
LÓPEZ-PÉREZ, J. L. et al. Cytotoxic 4-Phenylcoumarins from the Leaves of Marila pluri-
costata. Journal of Natural Products, v. 68, n. 3, p. 369-373, 2005.
Conteúdo:
Dica do professor
As cumarinas são compostos fenólicos amplamente distribuídos na natureza. São encontradas, por
exemplo, em plantas de uso medicinal.
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Exercícios
Grupo 1 – Utilizaria como revelador KOH a 10% e visualização em luz UV. Grupo 2 – Apenas
visualizaria em UV sem o uso de nenhum revelador e Grupo 3 – Utilizaria apenas o revelador
KOH a 10 % e submeteria a placa ao calor.
Apenas o grupo 1 observou a presença de fluorescência azul esverdeada. Esse fato ocorreu
pois:
D) O calor impediu a atividade do KOH na reação e por essa razão os outros grupos não
puderam visualizar a fluorescência.
A) Álcool e cetona.
D) Álcool e éter.
E) Ácido carboxílico e éter.
3) O dicumarol é uma importante cumarina descoberta em Melilotus officinalis. Tal fato foi um
marco para a indústria farmacêutica e serviu de modelo para o desenvolvimento de uma
classe de medicamentos. A classe em questão é a dos:
A) imunossupressores.
B) hipotensores.
C) vasodilatadores periféricos.
D) espasmolíticos.
E) anticoagulantes.
4) Mikania glomerata e Mikania laevigata, duas espécies de guaco muito utilizadas na medicina
popular, apresentam cumarinas com ação broncodilatadora. Assinale a alternativa correta
quanto às três cumarinas encontradas nessas duas espécies vegetais que são responsáveis
por essa atividade biológica.
5) A cumarina (1,2-benzopirona) foi isolada pela primeira vez a partir da planta Dipteryx
odorata. Essa espécie vegetal é nativa do Brasil e não endêmica, e é popularmente conhecida
como:
A) fava-tonka.
B) sucupira-branca.
C) chambá.
D) poaia-branca.
E) emburana.
Na prática
O processo de secagem e a temperatura empregados são fatores que interferem e podem
comprometer a estabilidade e o rendimento de extrativos a partir de plantas medicinais.
Conheça um novo processo de secagem que, além de aumentar o rendimento de cumarina extraída
de folhas de Mikania laevigata, diminui o tempo de secagem, evitando perdas no teor dessa
substância.
Veja o Na Prática.
Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:
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