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CEERSEMA
O LÚDICO NA APRENDIZAGEM
JOGOS NA EDUCAÇÃO
MATA ROMA - MA
2018
HILDENIA MENDES DOS SANTOS
O LÚDICO NA APRENDIZAGEM
JOGOS NA EDUCAÇÃO
MATA ROMA - MA
2018
S236l
INTRODUÇÃO .......................................................................................10
CONSIDERAÇÕES
FINAIS ...................................................................60
REFERÊNCIAS .....................................................................................62
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INTRODUÇÃO
Cabe destacar neste contexto, que o lúdico pode ser utilizado como
elemento mediador da relação adulto e criança. Assim, a inclusão de brinquedos e
brincadeiras como parte integrante de métodos e procedimentos educativos devem
ser constantes na ação de planejamento e regência realizada pelo professor
responsável pela sala de aula.
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fenômeno altamente lúdico em um cão ao encontrar o seu dono após um longo dia
sem o ver, ou até mesmo um gato ao se envolver com o seu novelo de lã. A sua
existência não está relacionada a um determinado grau de racionalização nem muito
menos a níveis de civilização ou concepção de universo, de forma a não possuir um
termo geral que o defina.
Luckesi (1998) traz a compreensão de ludicidade em uma perspectiva mais
abrangente, implicando em um “fazer” humano mais amplo do que “divertimento” por
não dizer somente a presença de jogos e brincadeiras, mas também um sentimento,
atitude do sujeito participante, que se refere a um prazer de celebração em função
do envolvimento genuíno com a atividade.
A essência da função lúdica referenciada no jogar é uma grande
propulsora da diversão, da aprendizagem, do prazer e até mesmo segundo Vygotsky
(1998), do desprazer, digo isto pela medida que se processa algumas atividades em
trazer a tona determinados desconfortos que não são encarados de forma tão
prazerosas, sendo considerado por muitos como algo não divertido.
Se tratarmos o divertimento como zombarias, então a atividade jamais será
lúdica, pois estes dois termos não possuem o mesmo significado. O divertimento
não está caracterizado por agressão e ou intolerância, desqualificação e exclusão,
não sendo consideradas atividades lúdicas aquelas que expõem os seus
participantes ao ridículo e ou objeto de piadas, só podendo dar qualificação a
atividade de lúdica ou não lúdica a depender da experiência de quem dela participa.
A atividade lúdica não é, necessariamente, divertida, ela pode ser divertida
e não lúdica, divertida e lúdica, e não divertida e lúdica. Esta separação meramente
didática, visto que embora o fator divertimento não apareça no ponto de vista do
visível, ele estará vigente em seu intimo pelo simples fato do divertimento ser uma
representação da sua essência, e sua essência é lúdica, e é nela onde se processa
a vivência plena de experiências.
“... a ludicidade é redefinida como uma experiência interna decorrente do
envolvimento intenso, pleno e integral dos seres humanos nos acontecimentos, que
pode existir em qualquer atividade humana, brincadeiras, jogos, trabalhos,
midiatizada por este sentimento de entrega e ação”. (Ramos, 2003)
Portanto, a ludicidade neste campo da essência, por acreditar que o ato de
brincar e o de jogar e inerente ao ente humano. Sabiamente Huizinga (1999) traz
uma grande reflexão onde retrata a idéia de que reconhecer jogo é forçosamente,
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reconhecer o espírito, pois o jogo, seja qual for a sua essência, não é material.
Sendo totalmente contrário ao determinismo de um mundo regido por força cegas.
A brincadeira, os jogos, o brinquedo, enfim o que tiver contido no campo de
abrangência lúdica, como já foi dito, manifesta sentimento de prazer, felicidade e
alegria, e concomitante a estes vem o sorriso que é tido em nossa sociedade como
o símbolo de não – seriedade, de modo a relacioná – lá com atividade lúdica.
Neste sentido, Huizinga (1999) em seu estudo ao afirmar que a atividade
lúdica pode ser encontrada em todas as ações do homem, ele descreve o jogo como
elemento cultural, apontando – lhe dentre tantas outras esta características da não
seriedade. Para tal, a sua compreensão se faz de extrema importância para não
termenarmos generalizado o lúdico como algo “não sério”.
Haja vista que o jogo de xadrez, uma partida de voleibol, ou até mesmo
uma partida de futebol é possível constatar que os seus jogadores não expressam
em seu contexto de atuação nenhuma característica de risco, devido a sua prática
seja considerada como algo extremamente sério.
Vale, portanto, esclarecer a questão do caráter “não – sério” apontado
como elemento lúdico, visto que esta colocação não está relacionada ao ato de não
haver seriedade no lúdico, Kishimato (2003) diz que quando se exerce a função
lúdica em sua essência se faz ela de forma bastante compenetrada, portanto esta
falta de seriedade está afeita ao cômico, ao risco que o acompanha na maioria das
vezes, se contrapondo ao trabalho, considerado por ele como atividade séria.
Por ser uma atividade séria e estar disponível a todos sem descriminação
de sexo, cor, raça, gênero ou muito menos de classificação biológica, merece uma
melhor atenção na sua utilização enquanto prática de ensino onde favorece a
apreensão do real, envolvendo o imaginário e o símbolo, através da utilização ou
não do uso de regras com estruturas formais.
A atividade lúdica, de acordo com Bahia (2006), deve consistir em uma
forma da criança descobrir o mundo, explorar e se relacionar, visto que em seu
mundo de descoberta, de explosão motora, de exploração do espaço, constrói e
socializa o conhecimento. A sua utilização nos ambientes de aprendizagem é motivo
de vários estudos na atualidade, pois é através da identificação do que é realmente
um ato lúdico e a sua diferenciação que é possível caminhar com mais clareza, visto
que a sua utilização nas práticas de ensino continua escassa, ou quando não raro,
utilizadas de forma errônea, em que seus professores se apropriam do jogo, ditando
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De acordo com o que foi citado anteriormente, posso afirmar que o lúdico é
uma atividade que engloba um campo altamente vasto no que se refere a
abrangência de seus estudos.
Neste subtítulo tratarei de esclarecer questões referenciadas nos termos
que mais importa acerca de uma prática lúdica que é compreensão do jogo, do
brinquedo e da brincadeira, abarcando a sua conceituação e importância de modo a
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sociedade e cultura lhe atribui, nos demonstrando que ele modifica-se em função do
meio cultural e da época em que o sujeito está inserido. Na atualidade, podemos
observar a quantidade de espadas plásticas espalhadas pelas lojas de brinquedo. A
tempos remotos a espada era um instrumento de bastante utilidade no que se refere
a necessidade de defesa, passando de arma para brinquedo, comprovando a
construção da imagem do símbolo pelos valores e modo de vida expressos pela
linguagem.
Já no segundo caso, lhe é dada a idéia de um sistema de regras que
possui um conjunto seqüencial que especifica sua determinada modalidade. O jogo
de futsal e o handebol são realizados na mesma quadra, no mesmo ambiente, o que
vai diferenciá-las é a diferença de suas regras explicitas. São regras do jogo que vai
determinar esta diferença, mesmo quando utilizado o mesmo material e espaço, o
objeto bola e o espaço quadra serão os mesmos, mas as estruturas seqüenciais nos
permite caracterizar a diferenciação de cada jogo.
Para finalizar esta compreensão da triplicidade de visões acerca do jogo,
trago-o no ponto de vista de um objeto devido à necessidade dele, muitas vezes,
necessitar-se materializar para realmente acontecer e ser possível a sua execução,
a exemplo como poderíamos caracterizar uma partida de futebol sem bola, ou
melhor o jogo de xadrez sem peças, só apenas o tabuleiro. Para caracterizar a sua
realidade, faz-se necessária a sua materialização em referência ao ser objeto e ao
conjunto de regras que o fará acontecer.
Já que tratamos do jogo como um objeto, então adentramos desde já na
compreensão do brinquedo, não por já está fechada toda nossa conceituação
acerca do jogo, mas por ser um brinquedo fortalecedor de sua compreensão.
O brinquedo em sua essência propõe adentrar em um mundo imaginário
tanto da criança, quando do adulto, digo os dois por serem eles os criadores do
objeto lúdico. O fabricante ou o sujeito que constrói introduz neles a imagem que
varia de acordo com a sua cultura. A imagem da infância é vista com a expressão de
inocência, de candura moral associada a sua natureza primitiva, o homem a
reconstrói por meio de dois processos: um associada a um conceito de valores e
aspirações de uma sociedade, e do outro lado é dependente das suas percepções,
estas incorporadas pelas memórias de seu tempo de criança.
Este processo deixa claro que a imagem da infância reflete o contexto atual
e que ela é carregada por uma visão idealizada do passado do adulto, de forma a
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deixar expressa no brinquedo o mundo de sua infância com seus valores, modos de
pensar e de agir, adquirindo corpo e caracterização ao brinquedo como um objeto de
representação e manuseio do seu povo, referenciada em suas ideologias.
Claparéde (1956) procura conceituar pedagogicamente a brincadeira, para
este autor o jogo infantil desempenha papel importante como motor do auto-
desenvolvimento, e em conseqüência, método natural de educação e instrumento de
educação. Para tal surge o uso do brinquedo/jogo educativo com fins pedagógicos
fazendo com que educadores e psicólogos passem a pensar na relevância deste
instrumento de ensino-aprendizagem.
Ao consideramos que a criança da educação infantil, em seu processo de
aprendizado, deixa aflorar todo o seu aspecto intuitivo e passa a ter noções
espontâneas, te pergunto: neste processo de interação entre ela, o brinquedo e o
meio no qual está inserido, será beneficiada pela utilização do brinquedo? Todas as
suas potencialidades, sejam ela de cunho cognitivo, afetivo, corporal e de
interatividade social serão apreendidas pela utilização do brinquedo?
Não queremos fazer do brinquedo o salvador de todas as dificuldades
encontradas nas salas de aula e em ambientes de aprendizagem, nem muito menos
afirmar que este é o único meio de adentrarmos em uma melhor estratégia de
ensino, mas sim, demonstrar que usa utilização e significado é muito mais profundo
do que se tem visto.
Haja vista que o ser humano é dotado de múltiplas inteligências, e que
segundo Kishimoto (2003, p.36) para ser possível um melhor aproveitamento em
seu processo de aprendizado devemos possibilitar às crianças atividades que
fomentem uma ação intencional (afetiva), a construção de representações mentais
(cognitiva), a manipulação de objetos e desempenho de ações sensório motoras
(físico), e as trocas nas interações (social).
Sabemos que, ao trazermos o lúdico, neste aspecto educacional, nos
referimos ao jogo, brinquedo e a brincadeira, e que as ações lúdicas podem ser
vividas e criadas intencionalmente pelo homem, observamos que é possível o
brinquedo ter seu papel de importância na construção de saberes, daí então
partiremos para compreendermos o que é brinquedo, e brinquedo educativo.
Ao utilizar o brinquedo no campo educativo com o objeto de mediar a
maximização da construção de conhecimentos fomentando o ensino-aprendizado, é
possível observar que este mecanismo passa a ter um papel de maior importância,
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retrata o índio como os primeiros habitantes das terras brasileiras, então que
comecemos por ele, o grande contribuinte para o folclore brasileiro.
A dança, por ser considerada um ato lúdico, teve grande influência na
cultura indígena, nela os índios imitavam uma diversidade de animais que se
misturavam em seus contos e perduravam por toda memória social da infância
através de cantiga culturais e de cunho religiosos. Outro fator contribuinte para esta
cultura e a construção de brinquedos feitos de barro cozido, representando animais
e gente (sendo que este predominava em sua utilização no sexo feminino), suas
atividades tiveram grande reflexo na nossa cultua portanto merecem ser discutidos
um pouco mais para esclarecer a sua manifestação enquanto cultura.
Estes brinquedos oferecidos para as crianças indígenas não tinha apenas
características de simples brinquedos, pois, em muitas tribos, eram utilizadas como
objetos de adoração. Em alguns estudos feitos no norte do Brasil realizados por
Koch-Grunberg (1979 apud Kishimoto 1993) as tribos indígenas não possuem
bonecas com formas humanas, pois ao oferecê-las em forma de louça para
indiazinhas, elas não aceitam como brinquedos, quando elas as enxergavam logo
chamavam as bonecas de tupama que significa “santo”, passando a utilizá-la como
instrumento de adoração.
Embora a boneca de barro não tenha sido transferida para a cultura
brasileira, ficando apenas a de pano, talvez de origem africana, o gosto pelos
animais ficou claramente expressos na nossa cultura, visto que podemos encontrar
facilmente em nossas feirinhas ou em mercados animais feitos de barro, argila,
porcelana ou aqueles construídos de plástico, produzidos em larga escala por
fábricas de brinquedos.
Vale a pena pontuarmos um fator de extrema importância quando nos
referimos às tribos indígenas em suas atividades lúdicas infantis, pois ela não esta
afeita somente as suas crianças, os seus jogos fazem parte de formas de conduta
de toda tribo, uma vez que seus adultos também realizam as mesmas atividades
infantis. Podemos observar isto com maior clareza na colocação de Kishimoto (1993
p.72).
“Adultos e crianças dançam, cantam, imitam animais, cultivam suas
atividades e trabalham para a sua subsistência. As brincadeiras não pertencem ao
reduto infantil. Os adultos também brincam de peteca e de jogo de fio e imitam
animais. Não se pode falar de jogos típicos de crianças indígenas. Existem jogos
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seus acervos de estórias de Bruxas e Fadas, sonho de aviso, oração forte, entre
outros.
Algumas lendas divulgadas pelos povos portugueses são fortes
influenciadoras para a construção e perpetuação das brincadeiras infantis e exemplo
trazemos algumas: o jogo da bola de gude (palavra esta que também possui um
outro significado, ex: biloca) onde o papão transfere-se da lenda para o jogo. Em sua
regra cava-se três buracos formando um triângulo com uns dois ou três metros de
distância em suas laterais, o jogador deverá acertar as barrocas de forma a dar três
voltas, o jogador que conseguir virá o papão e ganha o poder de matar os seus
adversários.
Em Porto Alegre é bem provável que o nome da bruxa dado ao pegador
em uma das brincadeiras de pique tenha relação com as lendas folclóricas. O que
há de interessante nesta brincadeira, é que nos chama atenção é que ela está
inserida em grande parte do território brasileiro com uma variedade enorme de
nomes, como: o próprio pega-pega, tica-tica, triscou-pegou, picula, ou tantos outros
que não tenha sido citado. O que nos remete a idéia de que o folclore tenha
influencia nesta brincadeira e que o seu pegador, nesta região, é chamado de bruxa
e só será salvo pelo seu de transformar o seu substituto em bruxa também.
A sua regra é constituída em sua maioria pelo mesmo padrão onde se
escolhe quem será o pegador, ou bruxa no caso de Porto Alegre e outras regiões, e
após uma contagem ou um sinal, regra esta estabelecida pelos seus participantes,
deverá correr atrás de todo o resto dos integrantes da brincadeira, quando a bruxa
tocar com a mãe em alguém este deve gritar bruxa (peguei) e ai este passa a ser a
nova bruxa (pegador).
Uma diversidade de brincadeiras e jogos podem ser identificados
facilmente como atividades constituintes da cultura tradicional, em qualquer região
que se vá em nosso território brasileiro veremos nossas crianças brincando de
cantigas de roda, ou com pipas, piões, bolas dentre outros que estão entranhadas
na vida cotidiana de seu povo.
Muitos dos nossos jogos também são resgatados de um acervo negro, em
pleno reduto de concentração africana escrava. Regiões produtoras de cana-de-
açúcar constituídas por suas casas de engenho, senzalas e casarões, habitadas por
patrões e escravos, diga-se de passagem muito mais por escravos, mucamas e
moleques do que pela família dos senhores de engenho.
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O que podemos ver de positivo neste aspecto é que muito embora tenham
enfrentado toda esta rigidez, os amplos espaços de exploração que os mesmo
dispunham e a companhia dos moleques negros naquele período proporcionou um
quadro favorável para a manifestação de toda a cultura infantil, fator este
estimulante para o aumento de repertório lúdico das crianças.
Esta disponibilidade de espaço é encarada, na atualidade, como um
precursor para o desenvolvimento motor, cognitivo e moral da criança, e quando se
atrela espaço e ludicidade, juntamente com o que a de mais vivo em seu viver, que é
sua cultura, a criança tende a adentrar cada vez mais em um campo mais real,
dando ao seu ser uma educação de corpo inteiro.
Muito embora na atualidade seja possível observar grande diferença em
suas classes sociais, costumes e culturas como determinantes dos diversos padrões
de conduta humana, fica, em nós, uma grande satisfação ao presenciarmos em todo
é qualquer meio algo em comum, o ato de ser lúdico, independente destes fatores
externos.
Quando se estar a ludicar, o ser que joga, que se brinca, se despe de todas
as diferenças que possam existir referentes aos preconceitos ou as classificações
sociais, pois o negro que joga bolinha de gude na essência do jogar, não difere do
branco que joga, o que vai contar neste aspecto é a qualidade do jogar.
Muito embora as brincadeiras tendam a passar por evoluções decorrentes
do processo histórico da humanidade, as suas raízes estarão sempre referenciadas
as suas origens e ao seu passado, de modo que a cultura regional deva ser
trabalhada e disponibilizada a todos, como uma propulsora de conhecimentos e
disponibilizadora de prazer e da alegria.
Enfim, cada região possui, culturalmente, determinadas brincadeiras
diferenciadas de regiões para regiões, mas que em todas elas os jogos e
brincadeiras se manifestam de forma bastante expressa no viver humano, e em
especial na infância, visto que é da criança a busca do jogo, pois é pelo jogo que a
criança se revela, demonstrando as suas inclinações tanto negativas quanto
positivas, dando, a partir daí, respaldo para que o educador tenha a capacidade de
intervir em sua formação dando ao seu educando uma capacidade de
discernimento.
No Brasil, têm seu ponto inicial nos anos 80, apesar de causar grande
encantamento no despertar desta nova idéia, encontrou dificuldades em sua
sobrevivência, tanto no campo econômico como também para se impor como
instituição reconhecida e valorizada a nível educacional.
A ludoteca tem como principal objetivo proporcionar estímulos para que a
criança possa brincar livremente, onde possa realizar todos os seus anseios frente a
sua imaginação, onde ela possa construir um repertório motor auto-regulado por
suas escolhas, dentro de um ambiente delimitado, ela não tem como atividade
principal o empréstimo de brinquedos, mas a disponibilização dos mesmos para a
sua diversão.
Na contextualização social brasileira, a disponibilidade à cultura do brincar
assumiu, através da brinquedoteca, características próprias direcionadas a atender
da melhor forma possível as crianças do nosso país. Para tal, foi sofrendo a cada
momento transformações que ajudaria neste processo de aprimoramento como:
atuação dos profissionais da área de educação preocupados com a felicidade e com
o desenvolvimento emocional, social e intelectual das crianças.
Diante de todo este processo seu papel dentro do campo educacional
cresceu a ponto dela ser considerada como um agente de mudança do ponto de
vista educacional. Ela é a valorização da atividade lúdica das crianças e
provocadora de reflexões em pais e educadores acerca de sua importância.
Cunha (1997) traz uma enumeração de principais finalidades que devem
ser estabelecidas por uma brinquedoteca na elaboração de seus objetivos.
Proporcionar um espaço onde a criança possa brincar sossegada, sem
cobranças e sem sentir que está atrapalhando ou perdendo tempo;
Estimular o desenvolvimento de uma vida interior rica e da capacidade de
concentrar a atenção;
Estimular a operatividade das crianças;
Favorecer o equilíbrio emocional;
Dar oportunidade a expansão de potencialidades;
Desenvolver a inteligência, a criatividade e sociabilidade;
Proporcionar o acesso a um número maior de brinquedos, de experiências e
de descobertas;
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criação de espaços lúdicos para uma nova forma concreta e inovadora maneira de
pensar o fazer pedagógico, pois se pensamos o jogo como uma necessidade
humana que se desenvolve em todas as idades e diversidades, se faz necessário
cada vez mais o estudo deste fenômeno.
CAPÍTULO II: O JOGO E A PEDAGOGIA DO MOVIMENTO NA
EDUCAÇÃO BÁSICA
escolar para as séries iniciais do ensino fundamental (1ª a 4ª série) onde era
considerada uma precocidade para este egresso na área desportiva. Fator que teve
grande influência dos profissionais formados na área, pois, inicialmente, não era
obrigatório a formação em educação física para ministrar as aulas, mas os que eram
formados e trabalhavam com estas turmas tinham sua prática pedagógica
concentrada no ensino dos esportes no modelo de competição.
Com a chegada da legislação (BRASIL, 1980) da educação física
estabelecida pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC), ficou proibida a
introdução do aluno no aprendizado dos esportes na forma de iniciação à
competição para as séries inicias do ensino fundamental, sendo esta metodologia
autorizada nas aulas a partir da 5ª série.
Nesta mesma década, surgem as novas perspectivas educacionais
advindas do momento político e social do Brasil sendo este um ponto culminante das
propostas de ensino da educação física escolar que com o passar dos anos começa
a adquirir formas mais coesas em sua formação enquanto método. Both (2002): trás
em seus estudos os considerados mais importantes que contribuíram e contribuem
para o movimento corporal, dentre eles está a Desenvolvimentista, a Cítico-
emancipadora, a Crítico superadora e a construtivista, contudo optaremos por não
apontar esta última por não compreendê-la como método, pois segundo Rosa (2002,
p. 48) “Os teóricos construtivistas não tem, em princípio, como preocupação
científica pensar no pólo ensino e sim o pólo aprendizagem”.
“A proposta desenvolvimentista no Brasil teve como um dos principais
divulgadores desta prática Go Tani, que visa em toda a sua construção e estudos da
educação física o movimento humano, ele aborda em seus estudos o domínio do
comportamento humano, os seus aspectos biológicos, o desenvolvimento motor e
cognitivo e suas implicações na atividade motora, podendo ser resumindo em
fundamentações acerca do crescimento, desenvolvimento e aprendizagem motora”.
(Tani, 1988).
Para este, devemos compreender os três domínios do comportamento
humano que é:
O cognitivo, onde faz parte das operações mentais como descoberta ou
reconhecimento da informação, a retenção ou armazenamento da
informação, a geração de informação a partir de certos dados e a tomada de
decisão ou feitura de julgamento acerca da informação.
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Elizabeth Varjal, Lino Castelani Filho, Micheli Ortega Escobar e Valter Bracht. A
proposta trazida por estes autores é apresentada pelo PCN de educação Física.
É observado com grande clareza que o objetivo principal desta proposta é
ter a expressão corporal como uma forma de linguagem. Linguagem esta que
deverá ser analisada através de todo o seu contesto social, buscando por uma
reflexão pedagógica dar subsídios para a compreensão da criatura humana,formada
por seu contexto passado,demonstrando que tudo é provisório e inesgotável dentro
da história da humanidade.
As atividades objetivadas por esta corrente são os jogos, esportes,
ginástica, dança dentre outras atividades que possuam característica de atividades
corporais neste contexto ou temas com o mesmo objetivo, sendo esta conceituação
da prática pedagógica da educação física escolar cujo seu currículo, palavra esta
originária do latim curriculum que significa caminhada, se apodera de ordenar a
reflexão pedagógica do aluno de forma a pensar a realidade social desenvolvendo
determinada lógica.
[...] os ciclos não se organizam por etapas. Os alunos podem lidar com
diferentes ciclos ao mesmo tempo, dependendo do(s) dado(s) que esteja(m)
sendo tratado(s). Ao introduzir o modelo dos ciclos, sem abandonar a
referência às séries, busca-se construir pouco a pouco as condições para
que o atual sistema de seriação seja totalmente superado”. (COLETIVO DE
AUTORES, 1992, p. 34).
seus principais fomentadores para esta colocação era a sua caracterização de ser
ele “não-sério” e ser associado ao jogo de azar.
A partir de Renascimento, o jogo passa a servir como divulgador dos
princípios de moral, ética e conteúdos da geografia, história, matemática e outros
vendo o ato lúdico como um mecanismo que favorece o desenvolvimento da
inteligência e facilitadora do estudo, por ela atender de forma completa as
necessidades infantis sendo deste modo caracterizado como mecanismo de
aprendizagem dos conteúdos escolares, se contrapondo ao método pedagógico
vigente (processos verbalistas de ensino auxiliado pela palmatória).
No século XVIII, surge o conhecimento da criança como via de acesso à
origem da humanidade à medida que se observa o poder imitativo que as crianças
possuem. Era suposto que poderia haver uma equivalência entre povos primitivos e
a infância, visto que a infância é considerada a idade do imaginário, à semelhança
dos povos da mitologia, partindo daí a afirmação que o jogo é uma conduta
espontânea. Esta teoria influenciada pelo positivismo trás a tona o poder da seleção
natural das espécies animais que possuem uma grande capacidade de se
adaptarem a novas condições de vida, a conduta lúdica parece neste ponto
incorporar a adaptabilidade dos animais que se tornam mais aptos para a
sobrevivência.
Em pleno século XIX, a psicologia como uma ciência responsável por
estudar a mente humana, passa a buscar meios para avançar em seus estudos, por
conseqüência desta sua busca recebe bastante influencia da biologia, motivo pelo
qual em seus estudos faz bastante transposição dos estudos com animais para os
estudos infantis. Neste período, o jogo é visto como pré-exercício de instintos
herdados, esta conotação cria uma ponte estreita entra a biologia e a psicologia.
O jogo era encarado como uma necessidade biológica por seus estudiosos,
com esta afirmação a psicologia o observa como um ato voluntário, dando respaldo
para os cientistas afirmarem ser o jogo o meio onde o homem manifesta a sua
vontade e a consciência infantil em busca do prazer. Para Claparêde (1956), o jogo
infantil desempenha papel importante como motor do autodesenvolvimento e, em
conseqüência método natural de educação e instrumento de desenvolvimento. O
encarando como um meio de estudar a criança e perceber os seus comportamentos,
de forma através das brincadeiras poderem diagnosticar os problemas da criança.
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Nesta visão fica um tanto quanto difícil ter este fator como determinante
diagnosticador das deficiências encontradas nas crianças por neste modelo não se
estudar as suas especificidades, dificultando assim o ajuste do ensino infantil.
Ao observar os pesquisadores da ludicidade, encontrei com grande
freqüência semelhanças plenas nas discussões sobre a natureza dos jogos, elas
ficam bastante evidentes a medida que começamos a separá-las por suas
qualidades e funções, podemos observar em todo o seu contexto uma grande
familiaridade referenciada na qualificação das funções, muito embora em alguns
casos possuam singularidade em sua conceituação, mas em uma coisa todo se
encontram. A existência de regras em todos os jogos é uma característica marcante,
seja ela explicita como num jogo de damas, amarelinha, pique-esconde ou como
regras implícitas como nas brincadeiras de faz-de-conta, onde o filho brinca de se
fazer passar por médico é cuidar de necessitados.
A liberdade de ação é algo de extrema importância para quem dele está a
usufruir, pois segundo Huizinga (1993) esta é uma das principais características que
o jogo oferece, muito embora existam outras que possuem graus significativos
como: a separação do jogo em limites de espaço e tempo, a incerteza que
predomina, o caráter improdutivo de não criar nem bens e nem riqueza e suas
regras.
Esta característica de ser o jogo um elemento de natureza improdutiva, não
afasta a idéia de ser ele algo não favorável a aquisição de conhecimentos, mas sim
uma observação da sua natureza, pois por ser ele uma atividade voluntária da
criança, com fim em si mesmo, não pode criar nada e não visa um resultado final. O
importante no jogo é o processo em si de brincarem que a criança se impõem,
quando ela brinca não está preocupada em adquirir conhecimentos nem muito
menos em desenvolver determinadas habilidades mentais ou físicas, eis o porque da
incerteza de toda conduta lúdica, pois em um jogo nunca se sabe a direção da ação
do jogador, ação esta dependente dos fatores internos, das motivações pessoais e
de estímulos externos, como também a conduta de outros parceiros.
Esta liberdade de ação nos traz, muitas vezes, questionamentos a respeito
da brincadeira infantil, pois à medida que a observamos podemos constatar que ao
mesmo tempo em que ele diz “não estou brincando”, em alguns segundos
posteriores ela diz está brincando, este comportamento proporciona uma dificuldade
para se realizar um estudo mais aprofundado sobre o jogo, mas este comportamento
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nos trás algo de grande importância que é o fator determinante para a sua entrada e
saída do jogo que é a intenção da criança para com a atividade.
A intencionalidade projetada pela criança será sempre a fonte inspiradora
para a realização e atuação de uma atividade lúdica, seguida por alguns
comportamentos que podem influenciar as características do jogo infantil.
A não-literalidade: nesta situação a brincadeira caracteriza-se pela situação
em que a realidade interna da criança, predomina a realidade externa de
modo a estabelecer a troca entre o sentido, habitual por um novo. Podemos
observar esta diferença pelo exemplo de uma criança ao imitar outra
chorando.
A produção de efeito-positivo: a caracterização dos jogos infantis no que se
refere ao efeito positivo é normalmente verificado pelos signos do prazer e da
alegria manifestado pelo sorriso. Quando a criança brinca livremente e se
satisfaz com a brincadeira ela demonstra em seu semblante a ar de
felicidade. Esse entusiasmo trás efeitos positivos ao aspecto corporal, moral e
social.
Flexibilidade: em uma atividade lúdica, as crianças estão sempre mais
disponíveis para exercitar novas combinações de ideias, até porque o próprio
jogo já possui um certo nível de incerteza, onde as ações tendem a depender
também de fatores externos. Um outro fator de grande importância para este
procedimento é a ausência de pressão do ambiente. É da própria brincadeira
propiciar um clima necessário para a investigação de soluções para os
problemas encontrados no brincar, de modo a proporcionar para as crianças
uma maior flexibilidade.
Livre-escolha: o jogo só será caracterizado como jogo quando ele for
escolhido por livre e espontânea vontade de que se pretender jogar, caso
contrário será considerado trabalho ou ensino.
Prioridade no processo do brincar: quando a criança está envolvida no
processo do brincar a sua atenção está concentrada diretamente no brincar,
em sua atividade em si e não no que ela tem por fim. No jogo quando
colocamos em primeiro plano a aquisição de habilidades ou de
conhecimentos, esquecendo o que há de fundamental que é o brincar, a
atividade deixa de ter sua função real do jogo. Podemos perceber a
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Jogos de perseguir:
Alerta
Barra – manteiga
Chicotinho – queimada
Garrafão
Cabra – cega
Jogos de atirar:
Amarelinha
Bolinha de gude
Boliche
Cinco Marias (Capitão)
Tiro ao alvo
Corda
Elástico
Corrida com pneus
Corrida de sacos
deve ser valorizado pelo seu potencial para o aprendizado moral, integração da
criança no grupo social e como meio para a aquisição de regras.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS:
58
CASTELLANI FILHO, Lino. Educação Física no Brasil: a história que não se conta.
Campinas: Papirus, 1998.
HUIZINGA, Johan. Homo Ludens: o jogo como elemento da cultura. São Paulo:
Perspectiva, 1993.