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Mantenedora
Faculdade Vitória em Cristo

Faculdade Vitória em Cristo

Diretor Geral
Prof. Me. Isaías Luis Araújo Júnior

Vice-diretor-Geral
Prof. Me. Ronaldo de Jesus Alves

Diretor Financeiro
Oldair Leal Santos

Diretor Administrativo
Josué de Souza Sobrinho

Diretor de Graduação e Pós-Graduação


Prof. Dr. Yohans de Oliveira Esteves

Diretor de Pesquisa, Extensão e Assuntos Comunitários


Prof. Dr. Anderson Luiz Bezerra da Silveira

Equipe Multidisciplinar

Gabriel Luis Oliveira Araújo


Paulo Victor de Oliveira Souza
Prof. Dr. Teresa Cristina dos S. Akil de Oliveira
Prof. Dr. Yohans de Oliveira Esteves
Romulo de Souza Santos Barbosa
Prof. Me. Isaías Luis Araújo Júnior

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Ficha catalográfica elaborada por __________________________________.

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APRESENTAÇÃO
Dando prosseguimento aos esforços de estimular a você, aluno da Faculdade
Vitória em Cristo a utilizar os conhecimentos obtidos nessa faculdade de Teologia para
ampliar sua percepção sobre questões relacionadas ao significado, propósito e valor da
existência humana e a importância do respeito as diferenças humanas existenciais
básicas, é que nos preocupamos em elaborar essa disciplina: Teologia, Sociedade e
Valores Humanos
Ao longo da história das civilizações, notadamente e em muitas situações, o
potencial humano que é inerente ao ser humano foi ignorado no estudo dos
fundamentos teóricos e conceituais dos fenômenos sociais, políticos e culturais das
sociedades. Porém, nos últimos tempos, a necessidade de promover a valorização das
tradições culturais e dos valores espirituais da comunidade passou a fazer parte da
agenda, não só nas ações de comunicação dos governos e das grandes corporações
mundiais, como passou a dominar o discurso presente na propaganda, nos meios de
comunicação e nas conversas informais, do dia-a-dia das pessoas. E do discurso à ação,
foi um passo: o compromisso com a construção de uma sociedade mais ética, cujo
fundamento fosse baseado nos valores humanos mais intrínsecos ao ser humano,
passaram a ser não só frequentemente estimulados, como se tornaram realmente
necessários ao convívio humanizador.
A disciplina que ora apresentamos, pretende também em sua abordagem, dar sua
contribuição na construção dessa importante realidade. E propomos assumir essa missão
utilizando do intercâmbio entre os diversos tipos de conhecimentos, numa ação multi e
transdisciplinar para levar a você, nosso aluno, a conscientizar-se da necessidade de

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priorizar o resgate da inteireza do conhecimento humano em suas várias dimensões:
ciência, artes, filosofia e nas tradições espirituais.
Nós da FVC, comprometidos com a promoção de conceitos como
Responsabilidade Social, Direitos Humanos e Diversidade, procuramos nessa disciplina,
aguçar a sua atenção não apenas com a preocupação com o seu próprio
desenvolvimento, mas também com o desenvolvimento da comunidade onde você está
inserido, propiciando condições de melhoria da qualidade de vida de todos.
Para tal, buscaremos, através da discussão do próprio conteúdo da disciplina em
nossos encontros, como nas atividades formativas virtuais, nos fóruns no AVA, material
de apoio, atividades propostas e nos encontros presenciais, baseados no respeito,
promover de maneira ética, o estudo dos fundamentos teóricos e conceituais dos
diversos fenômenos que ocorrem nas sociedades contemporâneas e, é por estas razões
que também trabalharemos, o estudo da História e das Culturas Afro-Brasileira e
Indígena como forma de resgatar suas contribuições sociais, econômicas, políticas e
culturais que estes dois grupos étnicos trouxeram para a História do Brasil.
Como já explicamos em outras ocasiões, a apresentação dos principais conceitos
em tão pouco espaço se constituiu em um grande desafio, que acreditamos ter
cumprido. Que os conteúdos aqui trabalhados possam estimulá-lo a desenvolver uma
atitude crítica, orientada cientificamente, acerca da teologia e dos valores humanos e
assim, cumprir os propósitos para o qual foram criados. Essa é a nossa oração.

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Orientações Gerais para o Estudo

Bem-vindo mais uma vez! Sabemos que o estudo de uma disciplina de graduação
traz alguns afazeres, e estar preparado é fundamental para se chegar ao fim desta
jornada. Assim, antes de iniciarmos nossa disciplina, preparamos algumas dicas para
tornar seus estudos mais fáceis, práticos e agradáveis. Vamos lá?

Tenha Compromisso

O caminho para o sucesso da disciplina passa por você e por sua vontade e
determinação. Assuma um compromisso com você mesmo, seja constante e não
procrastine.
Seja você o agente do seu aprendizado, não fique esperando o professor/tutor,
ou algum colega te perguntar se fez ou não determinada tarefa, simplesmente faça!
Cada passo conta como uma vitória, o conhecimento adquirido é seu, somente
seu, e não esqueça que o nosso cérebro é o órgão do nosso corpo que, quanto mais
usamos, melhor fica!

Faça uma Agenda de Estudos

Se organize, crie uma agenda própria para estudar, faça um compromisso com
você mesmo e evite ao máximo trocar seus estudos por outra atividade qualquer. O
maior beneficiado é você mesmo.
O ideal é estabelecer uma meta diária de horas de estudo e buscar todos os dias
atingir essa meta. Mas calma, se a semana ficou difícil e você não conseguiu, lembre
que pode reajustar a rota e recuperar o tempo perdido. Só não faça da exceção, a regra.

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Pontualidade é a chave do sucesso! Não deixe para a última hora, não perca seus
prazos e tarefas, elas são contribuições preciosas em seu processo de aprendizagem.

Se prepare

Se prepare! Encontre um lugar adequado, separe tudo o que vai precisar, não
deixe nada e nem ninguém te atrapalhar e lembre, a tranquilidade e o conforto contam
muito nessa hora.

Fique calmo, você não está sozinho!

Toda dúvida precisa ser sanada, não deixe de pedir auxílio, o professor/tutor está
habilitado para te ajudar e aliás, essa é a função dele.
Crie uma lista de dúvidas e prioridades, não deixe que acumulem e peça sempre
orientação logo que elas aparecerem.

Exercícios e Avaliações

Fique atento ao cronograma de atividades e avaliações e não deixe de realizá-las,


elas são importantes ferramentas para que você perceba como anda sua aprendizagem
durante o curso. Lembre-se, cada ponto conta!
Se concentre, procure um lugar tranquilo e que te permita ler e compreender bem
o que se pede. Após as correções, busque a melhoria contínua, aprenda com os erros
que cometeu, a aprendizagem é um processo contínuo.

Bom estudo e sucesso!

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Sumário
APRESENTAÇÃO 4

1 11

Introdução à Ética 12
1.1 Ética e moral 12
1.1.1 A ética socrática 13
1.1.2 A Ética de Aristóteles 14
1.1.3 Diferença entre ética e moral 15
1.2 Os Valores Humanos 17
1.2.1 Exemplos de valores humanos 18
1.2.1 Os valores e a questão da alteridade 20
1.2.2 A alteridade e a empatia não são a mesma coisa? 21
1.3 A ética profissional 22
1.4 A integridade como eixo do procedimento ético 24

2 27

Responsabilidade Sócio-Ambiental 27
2.1 Organizações e comunidade 27
2.1.1 Comunidade 30
2.2 Empresas e responsabilidade social 30
2.2.1 A importância da Responsabilidade Social 32
2.2.2 Exemplos de ações de responsabilidade social 34
2.2.3 Responsabilidade socioambiental (RSA) 38

Unidade Revisional 1 40

Atividades de Aprendizagem 48

3 53

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Valores Humanos e Transdisciplinaridade 53
3.1 Valores humanos universais 53
3.1.1 Os Valores estão associados a ideia de Ética e Moral 54
3.1.2 Exemplos de valores humanos 54
3.2 Movimento Global para uma Cultura de Paz 55
3.3 Transdisciplinaridade – a integração dos diversos campos do conhecimento humano
Erro! Indicador não definido.
3.3.1 Transdisciplinaridade 58
3.3.2 A Compreensão da Interdisciplinaridade 59
3.4 A mudança de paradigma e a nova percepção da realidade 60
3.4.1 O que é um paradigma? 60
3.4.2 Paradigma nos dias de hoje 63
3.5 Desafios da religião 63
3.5.1 Ecumenismo 65
3.5.2 Diálogo inter-religioso 65
3.5.3 Qual o papel da Igreja Contemporânea 68
3.5.4 “Todos os caminhos levam a Deus”... Será isso mesmo? 68

4 71

Diversidade, Cultura e Convivência Humana 71


4.1 Diversidade: elemento essencial para o desenvolvimento do ser humano 71
4.2 A Questão da Diversidade Cultural 71
4.2.1 E qual o papel dos cristãos frente a essa realidade? 72
4.3 Cultura Afro-brasileira 74
4.3.1 Um pouco da história da cultura afro-brasileira 74
4.4 Cultura Indígena 76
4.4.1 A importância indígena na cultura brasileira Erro! Indicador não definido.
4.4.2 Costumes dos povos indígenas 78
4.4.3 Religião dos povos indígenas 79
4.3 Avaliação 81

Unidade Revisional 2 83

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Atividades de Aprendizagem 89

Gabarito 93

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 94

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1
Introdução à Ética
1.1 Ética e moral

Nada pode ser considerado politicamente correto quando é


moralmente indefensável
- Abraham Lincoln

Prezado aluno da FVC, tudo na Paz? Nesse semestre, vamos estudar alguns dos
fundamentos teóricos e conceituais dos Fenômenos sociais, políticos e culturais das
sociedades contemporâneas, como por exemplo o conceito de Ética, Moral e Valores
humanos. Pode acreditar que essa jornada será bem interessante. Você está preparado?
Então vamos nessa!
Em primeiro lugar, nesta Unidade 1, vamos tratar de assuntos como Ética e moral,
valores e a questão da alteridade e a questão da integridade como eixo do procedimento
ético.
Para falar a verdade, o conceito de Ética (do grego ethos, "costume", "hábito"
“disposição” ou "caráter") nosso primeiro objeto de estudo nesse período, embora
existente em todas as sociedades humanas, pode ser entendido como algo que todo
mundo sabe o que é, mas que encontra dificuldades para explicar, quando é perguntado.
Então, para que a gente possa compreender melhor esse conceito, antes mesmo
que a gente recorra à uma definição mais filosófica, vamos buscar uma explicação da
ética oriunda de Dicionários:
O conceituado Dicionário Aurélio, popularmente denominado Aurélio, assim a
define: “Ética é o estudo dos juízos de apreciação que se referem à conduta humana
suscetível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal, seja relativamente à
determinada sociedade, seja de modo absoluto”.

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De maneira mais simples o Michaelis, outro dicionário bastante conhecido, assim
a explica: “Conjunto de princípios, valores e normas morais e de conduta de um indivíduo
ou de grupo social ou de uma sociedade”.
Podemos ver, nessas duas definições que o alvo da Ética reside na idealização dos
padrões de conformidade do bem e mal. No entanto, dessas definições ainda decorrem
outras que nos ajudam a entender melhor esta importante parte da filosofia que se
debruça na investigação dos princípios que motivam, disciplinam, orientam ou até
mesmo distorcem a conduta dos indivíduos. A Ética, como teoria ou sistema de valores
morais, estuda a natureza geral das escolhas específicas feitas por uma pessoa; as regras
ou padrões que governam sua conduta pessoal ou, coletivamente, no caso da ética
profissional, dos membros de uma determinada profissão.
“Grosso modo” podemos então entender que o principal fundamento da ética é
explicar as regras e comportamentos morais do ser humano, fazendo com que os
indivíduos compreendam as leis que legitimam este comportamento perante a
sociedade. Está ficando mais claro, não?

1.1.1 A ética socrática


Sócrates (469 a.C. – Atenas, 399 a.C.) foi um filósofo ateniense do período clássico
da Grécia Antiga. Em sua posição ética, esse pensador grego argumentava que o homem
não era mal, mas simplesmente ignorante. Para Sócrates, todos os homens são capazes
de olhar para sua própria consciência e perceber como é correto agir, uma espécie de
ética comum. Foi ele quem primeiro afirmou que a vida intelectual está ligada às virtudes
como a humildade, a honestidade e a honradez, até mesmo o homem comum consegue
alcançar o entendimento que conduz ao bem e que, portanto, não é o saber muito que
faz alguém ser honesto.
Ao ensinar sobre a justiça, ele disse certa vez que “a única coisa que importava
era viver honestamente, sem cometer injustiças, nem mesmo em retribuição a uma
injustiça recebida”.

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Figura 1: Aristóteles (384 a.C. - 322 a.C.)
Fonte: (https://asmetro.org.br/portalsn/2021/11/17/por-que-aristoteles-achava-que-temos-uma-geladeira-na-
cabeca-e-outras-curiosidades-sobre-o-cerebro/) Acesso em: 22/06/2022

E embora Sócrates seja considerado por alguns filósofos, como o primeiro


pensador a examinar as bases do pensamento chegando a uma concepção adequada
dos problemas e do comportamento humano, Aristóteles é considerado o fundador da
ética como uma disciplina da filosofia pois foi o primeiro estudioso a tratar da ética
como uma área própria do conhecimento.

1.1.2 A Ética de Aristóteles


A palavra ética para Aristóteles está diretamente relacionada com a ideia de
virtude (areté) e da felicidade (eudaimonia). Nos seus tratados sobre Ética, o filósofo
afirmou que tudo aponta para o bem e a felicidade é a meta principal da vida humana
e assim sendo, todas as suas ações devem ter como fim o atingimento dessa fonte de
realização suprema. Não obstante, para o filósofo, a felicidade não deve ser
compreendida como prazer, posse de bens ou reconhecimento e não é dada por

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natureza aos homens: se assim fosse, o ser humano não precisaria envidar qualquer
esforço para tornar-se feliz, uma vez que essa felicidade se manifestaria naturalmente.

Você sabia?
Em sua célebre obra Ética a Nicômaco, Aristóteles desenvolveu as bases para a compreensão da
ética enquanto área específica da Filosofia. O pensamento do filósofo sobre a finalidade da vida humana, a
prática das virtudes (a Prudência, a Fé, a Justiça, a Fortaleza, a Temperança, a Caridade e a Esperança) e
os vícios (e as coisas censuráveis que se lhe seguem tais como a Estultícia, a Ira, a Inveja, a Inconstância, a
Injustiça, a Infidelidade e o Desespero), é considerado um marco dos estudos da ética.

Portanto, o ser humano, dotado de razão e capacidade de realizar escolhas (leia-


se prudência, moderação das ações humanas) é capaz de perceber a relação de causa e
efeito de suas ações e orientá-las para o bem, o que evidencia que a felicidade é a
prática de uma vida virtuosa que se reflete na sociedade

1.1.3 Diferença entre ética e moral


O filósofo inglês George Edward Moore, mais conhecido como G. E. Moore, no
livro Princípios Éticos (1975. P; 4) explica o conceito de Ética a partir de duas origens
possíveis, ou interpretações da mesma palavra. Para este autor, o primeiro significado,
derivado da própria palavra grega éthos, pode ser traduzida por costume ou hábito, e
o outro, originado da mesma palavra, cujo significado pode ser entendido como
propriedade do caráter. Moore então explica que o primeiro sentido da palavra é o que
serviu de base para a tradução do latim “moral”, enquanto que o segundo significado,
orienta a utilização atual que damos à palavra Ética.
Podemos afirmar então que, dentro do contexto filosófico, a ética e a moral
embora tenham íntima associação nas questões de conduta de um indivíduo em
sociedade, elas possuem significados que podem ser diferenciados não só com base na
origem e significado atribuídos à palavra éthos, como inclusive com base em outros
aspectos, senão vejamos:

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● Quanto à Princípios: Ética como a investigação geral sobre aquilo que é bom,
enquanto a moral alude a aspectos de condutas específicas;
● Quanto à Temporalidade: ao atestar a Ética como permanente, enquanto a moral
é temporal;
● Quanto à Universalidade: A Ética como sendo universal e o conceito de moral,
como cultural e portanto, passível de ser compreendido de maneira diferente em
cada sociedade e por esta razão, uma mesma ação pode ser errada numa
sociedade e correta em outra.
● Quanto à sua Prática: Ética como teoria ou regra e moral como conduta da regra,
isto é, a sua prática.

Resumindo: enquanto a ética se propõe a ser uma reflexão filosófica sobre a


moral, respondendo a questões tais “Como viver” ou "Qual é o modo de vida que conduz
à felicidade?", a moral, por outro lado, está relacionada com o conjunto de regras (valores
morais) aplicadas no cotidiano por cada cidadão, conforme seu próprio entendimento
sobre o que é bem ou mal, certo ou errado e que são impostos pela sociedade, como
não matar, mentir ou roubar, por exemplo.
O compartilhamento dos valores morais são inerentes aos seres humanos,
enquanto seres sociais, dentro dos grupos dos quais fazem parte. Os valores morais são
geracionais (repassados de geração a geração), validados pela tradição e impostos e
passam a fazer parte do código de conduta a que se obrigam a cumprir os indivíduos.
No entanto, a ética, como elemento que propõe a reflexão sobre a moral, pode contestar
esses valores.

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Pare e pense.

A Ética no livro de Provérbios

Quando pensamos em Ética, é impossível não lembrarmos do livro de Provérbios. As


instruções, admoestações e comparações oriundas da pena de Salomão e de outros sábios
que cooperam no livro se constituem num dos mais belos exemplares da chamada literatura
sapiencial, cujos pilares são construídos sob princípios éticos fundamentais que orientam,
regulam e definem aquilo que é ou não aceitável, bem como estabelecem normas de
conduta aceitáveis na sociedade.

Agora, meus filhos, escutem o que eu digo, porque felizes são os que guardam os meus
caminhos. Sl 32.8

Fig. 2 https://bibliotecabiblica.blogspot.com/2009/09/quem-escreveu-proverbios.html.
Acesso em 22.06.2022

1.2 Os Valores Humanos


Os valores humanos são os princípios que orientam as ações e os
comportamentos das pessoas numa sociedade e dizem respeito ao bem, em oposição
ao mal, ou ao correto, em oposição ao errado. Por nortearem a vida das pessoas na
maneira pela qual elas conduzem suas vidas, os valores se constituem num importante
elemento da formação da consciência e da maneira de agir e se relacionar em uma
sociedade com o fim de garantir que a convivência entre as pessoas seja pacífica, honesta
e justa.
Esses valores são construídos socialmente e servem de base para as decisões e
garantia de alguns princípios que regem as ações e o consequente desenvolvimento
humano pelas relações interpessoais, com a natureza e com o mundo. Assim sendo,

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podemos dizer que certas atitudes são aceitas moralmente porque estão em
conformidade com certos princípios – os valores morais.

1.2.1 Exemplos de valores humanos


Dentre alguns dos principais exemplos de valores humanos temos a Justiça, que
se constitui num dos pilares fundamentais da vida em sociedade, A justiça diz respeito
àquilo que é devido a cada pessoa por direito. Exercer a justiça e ser justo é viver e agir
com integridade e igualdade, buscando a tomada correta de decisões, tanto para si
mesmo como para os outros.
Pare e pense.

Em trecho do discurso proferido no Senado Federal,


em 1914, o senador Ruy Barbosa, fez um clamor por
honra e honestidade e nos brindou com essa frase
extremamente pertinente que que ainda hoje,
impressiona pela atualidade do texto, seja pela
influência constante da Suprema Corte brasileira em
seus ativismo político e pelo deterioramento da justiça,
soltando criminosos confessos, revertendo a
penalidade de condenados, zombando da sociedade
ao tornar livre para participar de um pleito, um nome
poderoso, um ladrão conhecido de todos..."
Fig. 4
https://twitter.com/deltanmd/status/140040718200120
1154

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O amor, como outro valor humano essencial para a vida em sociedade, pode ser
definido dentro da esfera humana, como um sentimento sublime de admiração e
extrema afeição em uma relação pessoal, a amizade que se apresenta como um
sentimento de proximidade e companheirismo entre pessoas, derivada da relação entre
amigos. (aqui vou fazer uma pausa: ouvi certa vez de um professor a seguinte frase
sobre amizade: “Pessoas éticas tem amigos, pessoas antiéticas tem comparsas”
O respeito é outro valor humano muito celebrado: ele se entende como uma
atitude de compromisso com o outro, aceitação aos valores e princípios da sociedade e
a honestidade que se traduz em decência, clareza e retidão das ações. William
Shakespeare, célebre poeta inglês disse em certa ocasião que “Nenhuma herança é tão
rica quanto a honestidade”.
Outros valores podem ser considerados, dentro do escopo das relações humanas
tais como o altruísmo, a honra, a justiça, a bondade, compaixão, prudência, solidariedade,
tolerância, generosidade e dignidade, dentre outros exemplos.

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Explicação expandida

Os valores funcionam como um guia para nossas vidas orientando-nos em toda a nossa
maneira de pensar e agir. Cada ser humano possui seus próprios valores, e eles representam, sobretudo,
aquilo em que cada um de nós acreditamos, sendo assim, imprescindíveis para o estabelecimento de nossas
relações sociais e profissionais e, não obstante, eles possam variar de pessoa para pessoa, existem aqueles
que devem fazer parte da mentalidade, serem compartilhados e praticados por todos, por isso eles são
denominados de valores humanos.

1.2.2 Os valores e a questão da alteridade


A questão da Alteridade é bastante discutida pela filosofia e pelas ciências sociais
(sociologia, antropologia, ciências políticas, etc.). Em sua definição, podemos entender o
conceito de alteridade como o processo de interação e socialização humana no convívio
entre o “eu” e o “outro”.
Entretanto, se analisarmos mais profundamente, verificaremos que a palavra
Alteridade, advinda do vocábulo latino alteritas, que significa “ser o outro”, vai muito
além de um simples conceito: ela é uma prática que consiste, basicamente, em colocar-
se no lugar do outro, entender as angústias do outro e tentar pensar no sofrimento do
outro.
A alteridade é então caracterizada pelo exercício de perceber, reconhecer e
respeitar o outro, reconhecer as diferenças existentes e entender o outro como uma
pessoa singular e subjetiva , ao colocar-se em seu lugar.
Alteridade também é reconhecer que existem culturas diferentes e que elas
merecem respeito em sua integridade.

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Fig. 5. A alteridade mostra que a possibilidade de percepção de si mesmo ocorre em oposição à
percepção do outro. Assim, a relação entre o eu e o outro é definida então pelo conceito de alteridade.
(https://www.significados.com.br/alteridade/) Acesso em 22/06/2022

1.2.3 A alteridade e a empatia não são a mesma coisa?


Aparentemente os termos versam sobre a mesma coisa posto as conexões que
são estabelecidas em suas áreas de estudo, o que pode criar alguma dificuldade de
entendimento em relação a eles, contudo os significados diferem em sua aplicação.
Enquanto na Alteridade, o indivíduo consegue reconhecer que o outro como
alguém diferente você, o que se evidencia em seus comportamentos, emoções, ações e,
reações, se constituindo numa pessoa cuja essência é diferente da sua, no que diz
respeito a empatia, ela pode ser definida como a capacidade de conseguir se colocar no
lugar de outra pessoa e sentir o que ela sente, ou como diziam os mais antigos, “calçar
o sapato do outro para sentir onde o calo aperta”.
Embora distintas, podemos dizer também que a empatia e alteridade são de fato
parecidas e até complementares. No exercício da empatia, vemos a importância de se
esforçar para colocar-se no lugar da outra pessoa e, assim, sentir o que ela sente estando

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em sua pele, vivenciar a sua dor. No que alude à alteridade, o processo do respeito às
diferenças deve acontecer sem motivo ou explicação. Mesmo sem se colocar no lugar
da outra pessoa, deve-se entender que suas características, ações e reações são únicas
e dignas de respeito por si só.
Alteridade e empatia são dois conceitos essenciais para a sociedade. Como
cristãos, é essencial que mostremos empatia e alteridade em nosso viver diário. O nosso
discurso de amar o próximo como a nós mesmos, deve estar sempre alinhado com a
prática para que a importância daquilo que falamos possa ser realmente experienciado.
Pare e pense.

E a Ética Cristã?

Ética cristã são os princípios estabelecidos


e considerados pela Bíblia Sagrada, com o
objetivo de tornar os ensinamentos da
Palavra de Deus como padrões para agir na
sociedade, nos relacionamentos
interpessoais e na vida.

Para os que creem em Jesus Cristo como


Senhor e Salvador, o maior instrumento de
representação da Ética cristã é a Bíblia. É
através dela, nossa regra de Fé e prática
que somos instruídos a respeito do que é
certo e errado. Os valores morais de uma
sociedade podem ser modificados, os
padrões éticos de uma sociedade podem
ser modificados, contudo, a Ética cristã,
preconizada pela infalível, inerrante e
imutável Palavra de Deus é quem nos
conduz a viver sob os ensinamentos de
Jesus, seguindo os seus mandamentos,
1.3 A ética profissional vivendo de acordo com as regras de
A ética profissional abrange todos
conduta os setores
estabelecidas profissionais
pelo Nosso Criador. da sociedade
industrializada e pode ser entendida
Fig. como um conjunto de
6. www.fabricaebd.org. parâmetros
(Acesso em que guiam
22/06/2022
atitudes corretas e honestas em um determinado ramo de atuação, profissão ou
empresa. Para facilitar que tais preceitos sejam seguidos, cada ramo conta com seus
códigos de ética. Da mesma forma, toda empresa também tem (ou pelo menos deveria
ter o seu).

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A ética é um conceito amplo e que pode ser refletido em diversas situações no
dia a dia. Ela tem por objetivo nortear a conduta e o papel social da profissão, isto é,
suas responsabilidades, a função que o profissional exerce, e sua atitude frente a riscos
e responsabilidades com o meio ambiente.
Nesse sentido, no que se refere ao âmbito das organizações, sejam elas
empresariais ou não, o código de ética é uma espécie de acordo explícito que estabelece
os direitos que se destinam à construção da imagem e identidade da empresa e os
deveres, obrigações e condutas a que se obrigam empresas, instituições, categorias
profissionais, organizações não-governamentais, partidos políticos e demais grupos que
desejam orientar e explicitar a sua cultura, missão e posicionamento social. Os chamados
"códigos de ética" profissionais, como por exemplo, o "código de ética dos jornalistas",
o "código de ética dos médicos", o "código de ética dos advogados" são o conjunto de
princípios morais e éticos que regulam as funções e o campo de atuação de um
determinado grupo profissional.
Um exemplo bastante interessante, quando se fala da "ética dos políticos" é a
existência de um Conselho de Ética e Decoro Parlamentar na Câmara dos Deputados,
cuja função é aplicar penas em caso de descumprimento de regras por parte dos
deputados.

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Figura 7 O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados instaurou nesta quarta-feira (27) processos
disciplinares contra seis deputados: Bia Kicis (PL-DF), Carla Zambelli (PL-SP), Éder Mauro (PL-PA), Eduardo
Bolsonaro (PL-SP), Dra. Soraya Manato (PTB-ES) e Wilson Santiago (Republicanos-PB). Os relatores das
representações contra os parlamentares ainda serão designados.

Fonte: https://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2022-04/conselho-de-etica-da-camara-instaura-
processos-contra-seis-deputados# . Acesso em 22/06/2022

1.4 A integridade como eixo do procedimento ético


Integridade é um substantivo feminino com origem no latim integritate que
significa a qualidade ou estado do que é íntegro ou completo. Na Bíblia, a integridade
é o alicerce sobre o qual são edificados o caráter de um verdadeiro cristão e a sua
caminhada de Fé. Dentro dos princípios que guiam uma conduta ética, a integridade é
sinônimo de honestidade, retidão, imparcialidade.
A integridade é um dos eixos do procedimento ético que se transforma em
atitudes no dia a dia. No mundo corporativo essa é uma característica extremamente
desejável, posto que por vezes é escassa. A integridade é a virtude daquele que é
honesto e segue um código moral estrito, de maneira inabalável, que não se corrompeu.

24 |Teologia, Sociedade e Valores Humanos - FVC


O dicionário Michaelis assim a define: “Qualidade ou caráter de uma pessoa de conduta
irrepreensível; honestidade”.
Quando um indivíduo é íntegro, ele possui essa “qualidade de ser honesto e ter
princípios morais sólidos”. Isto posto, podemos dizer que a Integridade inclui selecionar
o código moral ou ético que deve ser seguido e, a partir daí, agir de acordo com esse
código, mesmo quando isso for difícil ou inconveniente, como na descrição do homem
de Deus, que inspira o Salmo 15:
SENHOR, quem habitará no teu tabernáculo? Quem morará no teu
santo monte?
Aquele que anda sinceramente, e pratica a justiça, e fala a verdade
no seu coração.
Aquele que não difama com a sua língua, nem faz mal ao seu
próximo, nem aceita nenhum opróbrio contra o seu próximo;
A cujos olhos o réprobo é desprezado; mas honra os que temem
ao Senhor; aquele que jura com dano seu, e contudo não muda.
Aquele que não dá o seu dinheiro com usura, nem recebe peitas
contra o inocente. Quem faz isto nunca será abalado.
Salmos 15:1-5

Pessoas íntegras são aquelas que, mesmo reconhecendo suas falhas e


imperfeições (não de caráter, claro), continuam sendo confiáveis, sinceras e constantes.
Pessoas que agem com integridade, o fazem de acordo com suas crenças e seu código
moral, dentro de princípios éticos.

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2
Responsabilidade Sócioambiental
2.1 Organizações e comunidade
Conforme foi apontado em nossos encontros anteriores, a organização de uma
sociedade sofre influência dos comportamentos das pessoas individualmente ou em
grupo e pelo relacionamento estabelecido entre estes e exatamente por estas razões é
que cada sociedade é organizada de uma forma diferente.
Para que uma sociedade se organize, torna-se necessário o estabelecimento de
muitas associações humanas. E como a tendência natural do ser humano é buscar sua
identificação em outra pessoa, as consequentes associações e vínculos sociais que foram
se estabelecendo, acabaram por tornar esse ser humano participante de verdadeiros
grupos sociais. Há de se concluir então que esses grupos sociais que se formaram,
originaram-se dessa necessidade do homem, como ser gregário, buscar interação com
os participantes desses grupos, partilhando tradições, histórias, recursos e objetivos
comuns.
Essa organização dos grupos leva em conta a estrutura presente em várias esferas
sociais presentes em cada povo. Essas esferas podem ser representadas não só pela
cultura onde este grupo está inserido, como também por outras variantes como a
economia, a política, a religião e até mesmo a composição das famílias.

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Figura 8: As Organizações são consideradas como unidades sociais.

Fonte: https://www.coalize.com.br/organizacoes-modernas-papel-lider - Acesso em: 30/06/2022

Uma coisa é certa: as formas de organização de um grupo são mudadas conforme


as mudanças das necessidades, papéis e estruturas que compõem uma sociedade,
passam durante os anos e gerações que se sucedem. Mesmo que haja mudanças nas
formas de organização, a permanência desse grupo se dá pelo fato de que os seus
membros também possuem uma consciência grupal que prioriza o “nós” ao invés do
“eu” ao compartilhar certos valores, princípios e objetivos.
Outros fatos significativos é que esses grupos sociais possuem, mesmo que de
maneira subjetiva, uma forma de organização, em que muitas das vezes não há uma
hierarquia formal, outrossim, outra característica marcante é que os grupos são capazes
de sobreviver (isto é, provavelmente não irão acabar), mesmo que uma pessoa resolva
sair dele, haja visto os grupos sempre serem superiores e exteriores ao indivíduo.

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Porém, dentro da sociologia, atribui-se ao termo organização pelo menos outros,
dois significados distintos: o primeiro alude aos vários caminhos que estes grupos
escolhem para aproveitar os recursos disponíveis para atingir seus fins ou resolver seus
problemas e o segundo, no qual organização pode ser definida simplesmente como a
própria ação de organizar, o método ou processo utilizado para gerar grupos ou
estruturas organizacionais.
São três os requisitos para se entender esses dois tipos de organizações acima
descritas (vamos chamá-las de empresas, certo?)
O primeiro e possivelmente o mais importante aspecto de essencialidade no
estudo das organizações empresariais reside na constatação de que é nelas em que um
número significativo de pessoas passam grande parte de suas vidas.
Sendo assim, a análise e compreensão do funcionamento desses conjuntos através
do estudo de temas como motivação no trabalho, produtividade, aumento da massa
salarial, técnicas e procedimentos se torna extremamente importante.

Você sabia?
Dentro da Sociologia, existe um ramo dedicado ao estudo e análise dos aspectos sociológicos que
influenciam o modo de funcionamento de empresas, fundações, órgãos públicos e outras atividades. É a
chamada Sociologia das Organizações, que teve início nos trabalhos do sociólogo Max Weber, que observou
paralelos entre a mecanização da indústria e a proliferação de formas burocráticas de organização. O trabalho
de Weber procurou compreender os fatores que influem no desenvolvimento das organizações, como também
entender sob um ponto de vista sociológico, os fenômenos que ocorrem dentro de seu dia-a-dia, em seu
ambiente interno.

O segundo aspecto que justifica estudar esse complexo fenômeno é tentar


entender a lógica por trás da complexidade e diversidade existente em tantas
organizações. Se você parar para pensar vai ver que é muito grande o número de formas
nas quais elas se organizam (econômica, política, religiosa, social, etc.), como também
os objetivos que justificam sua existência.
O outro panorama de análise das organizações é que, essas entidades, apesar de
suas diferenças, como por exemplo estrutura, porte, segmento de atuação, etc., todas
elas têm características comuns e seus problemas podem ser relacionados.

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2.1.1 Comunidade
O significado da palavra comunidade é compartilhamento. Originada do latim
comunitate, a ideia de comunidade é anterior ao que entendemos hoje como sociedade.
Dentro de sua composição, podemos dizer que a comunidade é um grupo menor de
indivíduos, menos institucionalizado que embora, faça parte de uma sociedade, partilha
interesses e projetos e se relaciona de maneira mais próxima. A principais diferenças
entre os conceitos de comunidade e de sociedade diz respeito às dimensões do grupo
de pessoas, as semelhanças entre si (ex. pescadores, ribeirinhos, quilombolas, etc.), bem
como, as conexões que cada um estabelece: o termo sociedade é, por definição, mais
amplo, agregando uma maior diversidade de indivíduos que são guiados por um mesmo
um sistema de leis e valores e que compartilham alguns aspectos comuns, como um
mesmo território e cultura.

2.2 Empresas e responsabilidade social


O homem, como “um animal social”, de acordo com Aristóteles, já nasce dentro
de uma estrutura, a família, que pode ser considerada como a base, ou a “célula-mater”
da sociedade. E, dentro desta estrutura, desde a mais tenra infância, ele é exposto a
ensinamentos éticos e regras morais sobre convivência com outras pessoas, num
primeiro momento, na esfera estritamente familiar e depois, à medida que vai adquirindo
autonomia através do seu desenvolvimento físico e psíquico, com outras estruturas mais
abrangentes, como a vizinhança, os amigos da rua e a escola, até chegar a outros
organismos mais complexos, como o círculo profissional onde atuará.
Em todos esses grupos sociais, e em todas as fases da vida, o indivíduo é ensinado
sobre a necessidade de estabelecer relações harmoniosas com outras pessoas e com a
sociedade como um todo e, à medida que ele se desenvolve, da sua infância, passando
pela adolescência, até chegar à fase adulta, as suas conexões com esses diversos arranjos
sociais, vão conferindo a ele, uma responsabilidade maior, posto que ele precisa saber
seus direitos (para sua proteção e emprego) e deveres para que possa cumprir suas
obrigações. Essa então pode ser considerada a definição mais simples de

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Responsabilidade Social: conhecer seus direitos e obrigações, cumprir as leis, acordos e
regras estabelecidos para o bem viver em sociedade de modo a torná-la justa e
suportável.
________________________________________________________________________
Explicação expandida

De maneira bem simples, podemos dizer que a Responsabilidade Social é a maneira com a
qual uma empresa busca, de forma ética, criar e proporcionar melhor qualidade de vida para a sociedade,
contribuindo para o seu bem da sociedade através de ações voluntárias que visem trazer benefícios aos seus
públicos: interno (empregados, seus dependentes, sócios, acionistas, etc.) e externo (parceiros, fornecedores,
comunidade local, governos, mídia, etc.).
________________________________________________________________________

Sendo assim, podemos entender que pensar e agir de forma ética, praticando o
bem e buscando o bem-estar comum e do próximo pode estar diretamente ligada a
uma ação, realizada por um indivíduo; mas quando esse tipo de ação, é realizado por
uma pessoa jurídica e tem como principal objetivo principal contribuir para uma
sociedade mais justa, ela pode ser denominada como uma ação de Responsabilidade
Social Empresarial ou simplesmente RSE.
Esse modo de encarar a responsabilidade Social faz com que as empresas
norteiem suas relações de forma ética na busca do atendimento das expectativas dos
seus consumidores, como também de toda a sociedade, incluindo aí todos os públicos
por ela impactados, os chamados stakeholders, dos quais falamos acima – cidadãos,
autoridades públicas, seus próprios colaboradores e investidores. Ou seja, são ações que
a empresa pode fazer para a sociedade ao pensar coletivamente para o bem de todos.
O cerne da questão da Responsabilidade Social não está atrelada simplesmente
ao cumprimento, por parte da empresa, de aspectos legais ou jurídicos. O que deve se
pensar é que se a empresa (ou pessoa) tem responsabilidade sobre alguma coisa, é
porque ela tem esfera de ação sobre ela e, portanto, poder para agir. Organizações com
forte apelo de RSE, tem em sua alma corporativa a ideia de atuar como agentes de
transformação de uma realidade, ou seja, como empresa cidadã, através de uma postura
de maior responsabilidade pelos impactos por elas gerados como também, incutir a

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noção de que essa responsabilidade é algo que faz parte da sua essência, é comunicada
aos seus colaboradores, para que eles possam se conscientizar de sua importância (seja
dentro da empresa, em seu ambiente profissional, ou fora dela, em atividades
individuais), ao contribuir voluntariamente através de causas sociais, éticas, ambientais e
até mesmo trabalhistas, ou do aprimoramento das relações sociais com outras pessoa
ou determinados grupos.

Pare e pense.

Responsabilidade social: o que eu tenho a ver com isso?

Como já dissemos anteriormente, ações de Responsabilidade Social, embora sejam


percebidas pelas pessoas como uma questão fortemente associada a empresas, podem
ser realizadas também por pessoas físicas, isto é, a sua prática pode estar diretamente
ligada a uma ação voluntária de qualquer pessoa. Portanto, qualquer indivíduo pode (e
deve) praticar ações voluntárias pensando no bem-estar comum e no próximo: ou seja, é
uma responsabilidade de todos!

Fig.2. https://ampliar.org.br/responsabilidade-social-em-pequenas-empresas/. Acesso em


29.06.2022

2.2.1 A importância da Responsabilidade Social


O contexto recente da pandemia do Covid 19, além de fragilizar empresas e
pessoas diante de um cenário de incertezas, volatilidade, instabilidade política,
econômica, contribuiu também para o aumento das desigualdades sociais e do estado
de vulnerabilidade social, o que trouxe a reboque, a urgência de respostas e mobilização
coletiva de práticas de responsabilidade Social.

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No enfrentamento dessa grave crise sanitária, empresas e indivíduos atuaram no
enfrentamento da doença e tomaram medidas, a curto prazo, pensando no coletivo
como doações de recursos, serviços e/ ou produtos.
Isso demonstra a importância da responsabilidade social para o desenvolvimento
da sociedade. O que pode se observar, durante os momentos mais críticos da grave
crise de saúde provocada pela doença foi que, por meio de ações de voluntariado,
organizações e pessoas comuns assumiram a responsabilidade de, juntamente com o
estado, colaborar para superação de problemas sociais, minorando o sofrimento das
populações mais atingidas por essa calamidade.

Pare e pense.
No Jardim do Éden, a noção de Responsabilidade Social não era uma
preocupação humana. Como a relação do homem com Deus ainda não havia
sido “quebrada” pelo pecado, o Jardim era um lugar de pureza, justiça e perfeição
e o trabalho não era algo penoso. Não havia nenhuma relação de corrupção,
escravidão, fome e nem desigualdade econômica. “E viu Deus tudo quanto tinha
feito, e eis que era muito bom;” Gn1.31

Fig. 3 "O Jardim do Éden" – Brueghel - Pintor flamengo (1568-1625) Fonte:


https://deniseludwig.blogspot.com/2013/09/arte-em-pinturas-de-adao-e-eva-o-
jardim.html; Acesso em: 29/06/2022

Não obstante, muitas dessas ações, terem sido realizadas de maneira anônima, o
que fez com que passassem despercebidas no dia a dia, podemos ter certeza de que, a
médio e longo prazo, elas certamente irão gerar resultados positivos e perceptíveis para
a população.
A admirável responsabilidade social das pessoas anônimas faz a
verdadeira, generosa e vital importância na vida dos abandonados,
desassistidos e desprotegidos desabrigados.
- di matioli

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2.2.2 Exemplos de ações de responsabilidade social
As três principais vertentes da Responsabilidade Social são as chamadas
Responsabilidade social empresarial (RSE) que estamos discutindo aqui, a
Responsabilidade social corporativa (RSC) que diz respeito a como a empresa trata seus
colaboradores, dentro do próprio ambiente de negócios, que se traduzem em melhorias
para a qualidade de vida deles (ex. programas de endomarketing), de suas famílias e até
mesmo da comunidade na qual está inserida e a Responsabilidade socioambiental (RSA),
da qual falaremos mais adiante.
Indicadores de resultados mostram que empresas que adotam a cultura da
Responsabilidade Social Empresarial, assumindo diretrizes e práticas que buscam
ressignificar o papel de seus negócios como um fator direcionador das estratégias da
empresa, além de conseguirem impactar de maneira positiva a sociedade em que estão
inseridas, também se beneficiam com resultados duradouros, favorecendo o processo
de geração de mais valor e reputação para a marca através da promoção de sua imagem,
utilizando-se do famoso branding, posto que todas as pessoas impactadas pela
organização passam a dar maior atenção aos seus posicionamentos e práticas em prol
da população.
Assim, não é de se admirar que, cada vez mais brasileiros valorizem a participação
social das empresas na hora de consumir e as ações de Responsabilidade Empresarial
estejam deixando de ser apenas um “modismo” para se tornarem uma obrigatoriedade
para as empresas que querem manter-se no mercado.
Exemplos de Ações de Responsabilidade Social:

1. Apoio a causas sociais


Quando você apoia organizações e projetos sociais que estejam relacionados aos
seus valores e posicionamentos, você também está praticando ações de
Responsabilidade Social. A doação financeira, a divulgação boca-a-boca nas suas redes
sociais e grupos de amigos e a compra de produtos licenciados ou realizados em parceria

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com as organizações, podem ser uma ótima alternativa para quem não possui tempo,
mas deseja ajudar.

Fig. 4. A Casa de Maquir é uma casa de recuperação para dependentes químicos localizada em Campo
Grande (RJ) que desde sua fundação é apoiada pela AVEC.

2. Ações de voluntariado

Doação de tempos e talentos: essa pode ser a maneira pela qual as pessoas
podem se tornar socialmente responsáveis na realização de ações de voluntariado. As
ações podem variar desde a participação de uma campanha social, onde profissionais
podem ajudar alguém fornecendo atendimento gratuito a pessoas que precisam do seu
serviço, mas não possuem recursos para adquiri-lo, visitas à hospitais, asilos e centros
de recuperação de dependentes químicos, promoção de campanhas de conscientização
sobre prevenção de drogas, ou a consequências do aborto em escolas, organizações
sociais ou para outros públicos.

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Figura 9: "Olá, como posso ajudar?" O Projeto Josué é uma ação da Advec que visa beneficiar
comunidades próximas às igrejas, seja restaurando casas, fazendo melhorias em escolas ou limpando as
ruas.

Fonte: https://pleno.news/fe/projeto-josue-acao-da-advec-visa-beneficiar-comunidades.html. Acesso em:


22/06/2022

3. Marketing relacionado à causa

As Organizações também podem optar por doar para alguma organização social
ou ambiental, parte dos recursos adquiridos com a venda de seus produtos (ex,.O McDia
Feliz , do McDonalds, em que, no último sábado de agosto de cada ano a venda de seu
sanduíche “carro-chefe”, o Big Mac é destinada ao combate ao câncer infantil) ou até
mesmo toda a renda de um projeto (como por exemplo o SBT, com apoio de empresas
anunciantes, que através do Teleton, destina toda a verba do evento para a AACD). A
escolha dessas parcerias geralmente leva em conta a associação com causas que sejam
condizentes com seus valores e posicionamentos institucionais.

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Fig. 6. A ação do McDia Feliz é organizada pelo Instituto Ronald McDonald, uma instituição dentro da
rede de lanchonetes que dedica-se a essa e uma série de outras causas sociais. Fonte: http://bit.ly/2ejorVY

Você sabia?

É claro que sabemos que os homens não são salvos pelas boas obras, visto que
a salvação é somente pela graça de Deus que é o oposto de ser salvo pelos méritos
humanos. Porém, o cristão deve entender que ele é salvo para praticar boas obras e
assim, contribuir para o alcance da mensagem do Evangelho. A Graça de Deus nos faz
segui-lo, obedecê-lo e também praticar boas obras.

Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de
vocês, é dom de Deus;. não por obras, para que ninguém se glorie.
Porque somos criação de Deus realizada em Cristo Jesus para
fazermos boas obras, as quais Deus preparou de antemão para que
nós as praticássemos.

Efésios 2:8,9

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2.2.3 Responsabilidade socioambiental (RSA)
A chamada Responsabilidade Socioambiental (RSA) tem como objetivo principal
a busca ao atendimento da necessidade dos indivíduos e organizações serem mais
socialmente responsáveis e tornarem o planeta ambientalmente sustentável. Assim,
pessoas físicas e jurídicas passam a adotar medidas que visam o benefício da sociedade
e do meio ambiente.
As ações ambientais que podem ser desenvolvidas numa empresa, podem trazer
reflexos nas comunidades em seu entorno, na sociedade onde ela está inserida e até
mesmo, no ambiente como um todo. Podemos elencar alguns exemplos de práticas
sustentáveis que são simples de adotar nas organizações, como a redução do consumo
de copos descartáveis; da quantidade de papel utilizado nas impressões, a economia no
consumo de energia, água e recursos hídricos e o incentivo e promoção da coleta
seletiva de lixo, dentre outras práticas.

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Unidade Revisional 1
Nesta Unidade de Revisão das Unidades 1 e 2 da disciplina, vamos retomar alguns
dos principais conceitos trabalhados ao longo dos nossos estudos: os assuntos discutidos
nessas unidades procuraram oferecer a vocês a natureza e as noções básicas da
investigação para que servissem o entendimento de uma teologia aplicada a sociedade
contemporânea e seus valores. Temas como Ética e moral, valores e a questão da
alteridade, a integridade como eixo do procedimento ético e a ética profissional, foram
debatidas na Unidade 1 da disciplina.
Na Unidade 2, vimos que, para que uma sociedade se organize é necessário o
estabelecimento de muitas associações humanas e essas associações e vínculos sociais
que foram se estabelecendo, acabaram por tornar esse ser humano participante de
verdadeiros grupos sociais. Assim sendo, a necessidade de conhecer seus direitos e
obrigações, cumprir as leis, acordos e regras estabelecidos para o bem viver em
sociedade de modo a torná-la justa e suportável emergiu de maneira natural dessas
relações o que tornou importante o estudo da denominada Responsabilidade sócio-
ambiental e de outros temas que também passaram a fazer parte da preocupação dos
estudiosos das Ciências Sociais, governos e organizações, como sustentabilidade,
voluntariado, ecologia e comunidade. O que esta Unidade de Revisão pretende fazer é
relembrar esses temas para facilitar a sua compreensão. Vamos revisitar esses principais
conceitos?

Unidade 1 – Introdução à ética.


“O que é ética?” Este é um tema bastante falado e que muito envolve.
Constantemente vemos nos jornais, na Web e na mídia em geral, a discussão sobre esse
tema: quando um esquema de corrupção é descoberto, quando ocorre uma “falha de
caráter” no exercício de uma atividade profissional, seja ela em qualquer campo, como
quando um empresário faltou com a ética ao subornar um agente público (ambos

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cometeram a fraude, certo?) e outros tantos exemplos (ou mal exemplos). Mas, afinal, o
conceito de ética está só ligado a coisas ruins?
É óbvio que a resposta é não: o que define a ética é o modo como ela está ligada
à ação das pessoas: se as suas ações podem ser consideradas corretas ou incorretas,
certas ou erradas, se violam ou não a sua consciência. Desde a antiguidade, grandes
pensadores da Filosofia preocuparam se com os estudos sobre a ética com o intuito de
conceitua-la, defini-la e entendê-la para que pudessem incentivar a pratica de ações
norteadas por ela. A Sociologia procurou utilizar-se de seus conceitos para entender
melhor as relações sociais existentes entre as pessoas.
Como vimos em nossos estudos, que o alvo da Ética reside na idealização dos
padrões de conformidade do bem e mal. Derivada do termo (do grego antigo ethos,
"costume", "hábito" “disposição” ou "caráter") podemos então entender que o seu
principal fundamento é explicar as regras e comportamentos morais do ser humano,
fazendo com que os indivíduos compreendam as leis que legitimem este
comportamento perante a sociedade.

Figura 7: O ato de votar também deve ser dirigido por princípios éticos

Extraído de: https://cursoenemgratuito.com.br/o-que-e-etica/ Acesso em: 18/07/2022

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Diferença entre ética e moral.

Muito embora, a questão do ser ético (ou ter “caráter”) esteja vinculada ao é agir
de acordo com a ética e com a moral, é importante diferenciar esses termos: podemos
dizer que a ética diz respeito ao comportamento individual e refletido de uma pessoa
com base em um código de conduta que deve ter aplicabilidade geral. Exemplo:
envolver-se em corrupção é um comportamento antiético em qualquer sociedade.

Portanto, a ética se traduz num comportamento moral individual racionalizado e


uma espécie de filosofia da moral enquanto se debruça na reflexão filosófica sobre a
moral, respondendo a questões tais “Como viver” ou "Qual é o modo de vida que conduz
à felicidade?", isto é, a ética diz respeito à ação quando ela é refletida, pensada.

A moral, por outro lado, está relacionada com o conjunto de regras (valores
morais) aplicadas no cotidiano por cada cidadão, conforme seu próprio entendimento
sobre o que é bem ou mal, certo ou errado e que são impostos pela sociedade, como
não matar, mentir ou roubar, por exemplo.

O compartilhamento dos valores morais são inerentes aos seres humanos,


enquanto seres sociais, dentro dos grupos dos quais fazem parte. Os valores morais são
geracionais (repassados de geração a geração), validados pela tradição e impostos e
passam a fazer parte do código de conduta a que se obrigam a cumprir os indivíduos.
No entanto, a ética, como elemento que propõe a reflexão sobre a moral, pode contestar
esses valores.

Vamos dar um exemplo para clarear o assunto: imagine que um país islâmico,
uma mulher seja condenada à morte por apedrejamento, por cometer adultério (a gente
já viu isso na Bíblia, não? A morte por esse tipo de desvio, faz parte do arcabouço moral
daquela sociedade, contudo não é eticamente correto. Imagine se, em uma situação
hipotética, você se propõe (com o risco da própria vida é claro), a salvar essa mulher

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prestes a morrer dessa maneira, você está agindo certo, de acordo com a ética, porém
está praticando um ato que violenta a prática moral vigente, entendeu?

Como veremos mais a frente, na Unidade 2, por mais que existam códigos de
conduta diferentes e práticas inseridas em contextos culturais e em determinados
códigos de conduta moral diferentes do que estamos acostumados, alguns elementos
devem ser sempre respeitados por alguém que pretenda agir eticamente, por se
sobreporem ao costumes morais, do contrário, podemos cair no chamado relativismo
cultural (ou moral), por aceitar qualquer prática, por mais que seja absurda, por entender
que ela faz parte da cultura daquele povo. Ex. Mutilação dos genitais de adolescentes
africanas.

Exemplos comuns de ações anti-éticas

Certamente você já entendeu que a prática da corrupção é uma forma de quebra dos
parâmetros de ação estabelecidos pela ética, contudo, se você acha que que somente
quem ocupa altos cargos políticos pode se tornar corrupto, você está redondamente
enganado.
Algumas situações cotidianas e corriqueiras podem ilustrar o que é agir de maneira
ética, sendo elas mais simples ou mais complexas. Exemplos:
Não obter benefício próprio por meio de ações incorretas como:
Furar uma fila no banco para ganhar mais tempo;
Não dar nota fiscal;
Não declarar Imposto de Renda;
Tentar subornar o guarda para evitar multas;
Falsificar carteirinha de estudante;
Dar ou aceitar troco errado;
Roubar assinatura de TV a cabo;
Comprar produtos falsificados;
No trabalho, bater ponto pelo colega, ;
Falsificar assinaturas, etc.
Se apropriar da propriedade alheia, independentemente do valor em questão;
Se utilizar de cargos públicos, políticos ou não, ou de cargos em empresas privadas
para obter vantagem pessoal ilícita;
Não respeitar a vida e a individualidade das pessoas.

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Ética profissional

Também aprendemos nessa Unidade 1 que a chamada Ética profissional nada mais
é que a junção de normas, valores e comportamentos pessoais, que está concentrada nos
padrões, regras e hierarquia e de conduta social aprovadas em convenções sociais no
campo das profissões.
É importante ressaltar que a ética profissional é uma das qualidades mais valiosas
do mercado, chegando a ser uma competência comparável a qualquer conhecimento
técnico. Possuí-la significa benefícios diretos para o desenvolvimento pessoal, profissional
e organizacional. Todo profissional deve agir eticamente, respeitando o seu campo de
trabalho, as normas de conduta da profissão, os colegas de trabalho e todas as pessoas
que estão à sua volta.
Em nossos estudos, demos como exemplo a situação de um médico, que jurou
respeitar os códigos de conduta estabelecidos dentro do campo da medicina, bem como
respeitar a vida e a individualidade dos seus pacientes.

Os valores humanos

Vimos nesta Unidade 1 que, os valores humanos são normas de conduta, princípios
que podem orientar e determinar decisões importantes nos comportamentos das pessoas
de modo a garantir que a convivência entre elas seja pacífica, honesta e justa. Os valores
são construídos socialmente e se constituem num importante elemento da formação da
consciência e da maneira de agir e se relacionar em uma sociedade.
E embora, cada indivíduo tenha os seus próprios valores, existem aqueles que
devem estar sempre presentes na mentalidade de todos, como honestidade, respeito,
responsabilidade, tolerância e humildade, que são os chamados valores humanos.
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Sugestão de Vídeo

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Ética - Neste vídeo, exibido no Programa Luz para o Caminho, o Pr Hernandes
Dias Lopes traz uma reflexão sobre Ética baseado em recentes escândalos da Política
brasileira. Ouça essa mensagem,

Extraído de: https://www.youtube.com/watch?v=ayQP4gU-X3M Acesso


em:18/07/2022

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Unidade 2 – Responsabilidade sócio-ambiental


Na Unidade 2, trouxemos para debater, importantes temas para a discussão como
por exemplo, a questão da Responsabilidade Social e Ambiental.
Nos estudos desta unidade, podemos ver que o tema da Responsabilidade social é
de alta relevância e que, portanto, deve estar inserido no planejamento de toda e qualquer
empresa moderna que queira ser relevante, sustentável e lucrativa.
Vimos que a denominada Responsabilidade social abrange ações desenvolvidas
por empresas que objetivam a construção de uma sociedade mais justa e também a
preservação do meio ambiente. A adoção da Responsabilidade Social Empresarial
envolve conhecer seus direitos e obrigações, cumprir as leis, acordos e regras
estabelecidos para o bem viver em sociedade de modo a torná-la justa e suportável.

Definindo Conceitos

Responsabilidade Social Empresarial – Entendemos como Responsabilidade


Social Empresarial, o somatório de atos voluntários das organizações que direcionam suas
atividades para o bem-estar social, conduzem seus negócios visando o interesse coletivo
e não somente os lucros, uma vez que priorizam o todo.
Estas ações estão ligadas ao conceito de liderança sustentável, que se baseia em
três esferas de ação: cultura empresarial, sociedade e meio ambiente. O primeiro está
ligado à construção de uma cultura ética organizacional que permeia todas as relações com
seus diversos públicos, os chamados stakeholders – cidadãos, autoridades públicas, seus
próprios colaboradores e investidores.
O segundo está relacionado à ideia de que a empresa existe para servir à sociedade
e o lucro é o resultado dos esforços empregados com esse fim e portanto, esse modo de
encarar a responsabilidade Social faz com que as empresas norteiem suas relações de
forma ética na busca do atendimento das expectativas dos seus consumidores;
A terceira esfera de ação vem a ser a preocupação da empresa com a preservação
do meio ambiente.

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Responsabilidade social corporativa (RSC) – Esse tipo de Responsabilidade
respeito a como a empresa trata seus colaboradores, dentro do próprio ambiente de
negócios, que se traduzem em melhorias para a qualidade de vida deles (ex. programas de
endomarketing), de suas famílias e até mesmo da comunidade na qual está inserida;
optando pela colaboração social de modo espontâneo, sem que seus colaboradores sejam
obrigados a realizar determinada ação por conta de alguma legislação ou algo similar.

Responsabilidade social ambiental (RSA) - A chamada Responsabilidade social


ambiental (RSA) tem como objetivo principal a busca ao atendimento da necessidade dos
indivíduos e organizações serem mais socialmente responsáveis e tornarem o planeta
ambientalmente sustentável. Assim, pessoas físicas e jurídicas passam a adotar medidas
que visam o benefício da sociedade e do meio ambiente.

Também vimos na Unidade 2 dessa disciplina que as ações de Responsabilidade


Social, embora sejam percebidas pelas pessoas como uma questão fortemente associada
a empresas, podem ser realizadas também por pessoas físicas, isto é, a sua prática pode
estar diretamente ligada a uma ação voluntária de qualquer pessoa. Portanto, qualquer
indivíduo pode (e deve) praticar ações voluntárias pensando no bem-estar comum e no
próximo: ou seja, é uma responsabilidade de todos

A Igreja e a Responsabilidade Social

O capítulo 1 do livro de
Tiago, no vs.27 mostra
uma ética tanto pessoal
como social, como
quando nos encoraja a
“visitar os órfãos e as
viúvas nas suas
tribulações, e guardar-se
da corrupção do mundo”.
Deus não nos ordenou
multiplicar o pão. Isso é
tarefa dele. Ele mandou a
gente dividir. Pv 22.9

Disponível em: https://www.esbocosermao.com/2017/12/o-pao-da-paz.html Acesso: janeiro 2022

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46 |Teologia, Sociedade e Valores Humanos - FVC


Nos estudos dessa Unidade 2, fomos apresentados a outro conceito extremamente
importante para a compreensão da disciplina que foi o conceito de Comunidade, palavra
originada do latim comunitate, onde aprendemos que o seu significado é compartilhamento
e que a ideia de comunidade é anterior ao que entendemos hoje como sociedade.
Bem, chegamos ao final desta Revisão das Unidade 1 e 2 da disciplina Teologia,
Sociedade e Valores Humanos. Nesta revisão, fomos expostos novamente a alguns
importantes conceitos necessários para uma melhor compreensão do imbricamento da
Teologia com a vida em sociedade. Acreditamos que valeu a pena, não? Então, até a
próxima!

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Atividades de Aprendizagem

Unidade 1

1. Ética (do grego ethos: "caráter", "costume") é o conjunto de padrões e valores


morais de um grupo ou indivíduo. A quem se atribui a sua paternidade?

A. Aristóteles
B. Sócrates
C. Platão
D. Rousseau

2. Para Aristóteles, o ser humano, dotado de razão e capacidade de realizar


escolhas (leia-se prudência, moderação das ações humanas) é capaz de perceber a
relação de causa e efeito de suas ações e orientá-las para o bem, o que evidencia
que:

A. A felicidade é a prática de uma vida virtuosa concedida pelos deuses


B. A felicidade consiste em prazer, posse de bens ou reconhecimento
C. A felicidade é a prática de uma vida virtuosa que se reflete na sociedade.
D. A felicidade é uma dádiva concedida por natureza aos homens

3. Esta virtude está relacionada com o conjunto de regras aplicadas no cotidiano por
cada cidadão, conforme seu próprio entendimento sobre o que é bem ou mal, certo
ou errado e que são impostos pela sociedade, como não matar, mentir ou roubar.
Estamos falando:

A. Da Ética.
B. Da Integridade

48 |Teologia, Sociedade e Valores Humanos - FVC


C. Dos vícios

D. Da Moral

4. Dentro dos princípios que guiam uma conduta ética, essa característica é sinônimo
de honestidade, retidão, imparcialidade. Estamos falando da?

A. Virtude
B. Moral
C. Integridade
D. Justiça

5. Dentro do contexto filosófico, a ética e a moral embora tenham íntima associação


nas questões de conduta de um indivíduo em sociedade, possuem significados que
podem ser diferenciados.
Com base nessa premissa, redija um texto dissertativo sobre as diferenças
entre a Ética e a Moral.

EXPECTATIVA DE RESPOSTA (MÁXIMO 10 LINHAS)

O aluno deverá aplicar os conhecimentos adquiridos nesta Unidade da disciplina


para mostrar as diferenças e interseções entre esses dois conceitos. Ele pode ampliar a
resposta trazendo exemplos práticos do emprego desses dois importantes conceitos.

49 |Teologia, Sociedade e Valores Humanos - FVC


Unidade 2

1. Qual o ramo dedicado ao estudo e análise dos aspectos sociológicos que


influenciam o modo de funcionamento de empresas, fundações, órgãos públicos
e outras atividades?

A. Filosofia das Organizações


B. Sociologia das Organizações
C. Antropologia das Organizações
D. Cultura Corporativa

2. A maneira com a qual uma empresa busca, de forma ética, criar e proporcionar
melhor qualidade de vida para a sociedade, contribuindo para o seu bem da
sociedade através de ações voluntárias que visem trazer benefícios aos seus
públicos, é denominada de:
A. Responsabilidade Social
B. Responsabilidade Ambiental
C. Responsabilidade Fiscal
D. Responsabilidade Civil

3. É um grupo menor de indivíduos, menos institucionalizado que embora, faça


parte de uma sociedade, partilha interesses e projetos e se relaciona de maneira mais
próxima. Este conceito define qual dessas alternativas abaixo:
A. Comunidade
B. Família Nuclear
C. Empresas
D. Grupo social

4. Dentro dos exemplos de Ações de Responsabilidade Social que uma organização


ou até mesmo um indivíduo podem adotar, estão:

A. Apoio a causas sociais, Ações de voluntariado e ações de Marketing Pessoal


B. Apoio a causas políticas, Ações de voluntariado e Marketing relacionado à causa

50 |Teologia, Sociedade e Valores Humanos - FVC


C. Apoio a causas sociais, Ações de empreendedorismo e Marketing relacionado à
causa

D. Apoio a causas sociais, Ações de voluntariado e Marketing relacionado à causa

5. Quando uma empresa contribui voluntariamente para a sociedade e para o


meio ambiente, proporcionando uma melhoria na qualidade de vida das pessoas ela
está praticando o que comumente chamamos Responsabilidade Social Empresarial. Os
tipos de ações oriundos dessa prática, estão relacionados às expectativas de todos
públicos que são impactados pela organização, sejam eles cidadãos comuns,
consumidores, autoridades públicas e mesmo os seus investidores.

Com base nessa premissa, redija um texto dissertativo sobre as vantagens da


adoção de uma política de Responsabilidade Social Empresarial por parte de uma
organização.

EXPECTATIVA DE RESPOSTA (MÁXIMO 10 LINHAS)

O aluno deverá aplicar os conhecimentos adquiridos nesta Unidade da disciplina


para mostrar as vantagens que uma empresa pode auferir com a prática da RSE. Ele
pode ampliar a resposta trazendo exemplos práticos para consubstanciar sua resposta.

51 |Teologia, Sociedade e Valores Humanos - FVC


52 |Teologia, Sociedade e Valores Humanos - FVC
3
Valores Humanos e Transdisciplinaridade
3.1 Valores humanos universais

Quando falamos de valores, o que vem à nossa cabeça? Ora, podemos dizer que,
inevitavelmente, o que vem à nossa mente é a ideia de bens, haveres ou riquezas. Um
valor é uma qualidade que confere às pessoas, coisas ou situações uma estimação. Na
verdade, essa ideia de posse, ou daquilo que não queremos abrir mão, encontra uma
forte correlação com o conceito de valores humanos. E esses valores humanos também
nos falam de pertença, daquilo que temos de mais precioso: eles são os princípios morais
e éticos que conduzem a vida de uma pessoa, e dos quais ela não está disposta a abrir
mão, por que fazem parte da formação da sua consciência, norteiam sua conduta e a
maneira de se relacionar em uma sociedade.
Quando falamos de valores humanos universais, a ideia se expande para o
entendimento do que está relacionado com aquilo que pertence ou que é relativo ao
universo, ou seja, comum a todos os indivíduos. Então, a concepção de valores humanos
(universais) é usada para mencionar as características morais que são inerentes a um
sujeito, como por exemplo, a responsabilidade, o respeito, a justiça, o amor, etc..
Assim sendo, podemos compreender a importância de grupos sociais como a
família (que é quem realmente deve educar) e a escola (atuando no reforço dos conceitos
aprendidos na educação familiar) na definição desses valores universais, haja visto que
o processo de socialização implica a interiorização desses conceitos (inculcar, palavra
bíblica) que não são afetados pelo passar do tempo, nas novas gerações por intermédio
de normas de comportamento implícitas, necessárias para uma vida harmoniosa e
pacífica dentro da sociedade.

53 |Teologia, Sociedade e Valores Humanos - FVC


Explicação expandida

Valores Universais: pilares para a convivência pacífica no mundo.

Definidos na Declaração Universal dos Direitos Humanos, proclamada na Assembleia Geral das

Nações Unidas (ONU) em 1948, os chamados Valores Universais buscam definir os pilares para a
convivência entre cidadãos de todo o mundo. Um mundo pós guerra, traumatizado e horrorizado pelo

segundo conflito mundial, em menos da metade de um século (I Guerra Mundial, 1914 -1917; II Guerra
Mundial, 1939 – 1945), buscava agora priorizar a garantia ao direito de igualdade e união entre os povos,

respeitando a pluralidade das culturas espalhadas pelo mundo. A Declaração dos Direitos Humanos em
sua elaboração, foi pensada para mostrar a cada ser humano, a melhor maneira de agir para conviver

igualitariamente com pessoas de culturas e tradições diferentes, ao entender a diferença entre o certo e
o errado.

3.1.1 Os Valores estão associados a ideia de Ética e Moral


Como esses denominados valores humanos universais, estão associados à moral e
à ética, eles acabam se tornando, em sua essência, uma ideia de difícil definição, até por
que eles devem ser pensados dentro de um plano coletivo, isto é, dentro de um grupo
social. E, como sabemos, apesar das pessoas terem internalizados certos valores que
norteiam suas ações, nem todos os indivíduos pensam da mesma forma, o que acaba
revelando a verdade inconteste de que os valores podem ser diferentes de um indivíduo
para outro. Daí a importância do compartilhamento dos valores universais a nível social.

3.1.2 Exemplos de valores humanos

Diferenças culturais à parte, podemos entender que os valores humanos são os


princípios que orientam as ações e as condutas dos indivíduos. E como esses valores
são construídos culturalmente, eles baseiam as relações que esse indivíduo estabelece
em suas ações de convivência interpessoais, com a sociedade e até mesmo com a
natureza.

54 |Teologia, Sociedade e Valores Humanos - FVC


Valores universais englobam conceitos que são encontrados e compartilhados em
diferentes culturas, como por exemplo: liberdade, paz, respeito, justiça, cooperação,
responsabilidade e o amor.
E a lista desses valores é muito grande e engloba uma variedade de ideias
abstratas, Senão vejamos: altruísmo, amizade, compaixão, disciplina, coragem, honra,
lealdade, assiduidade, confiança, condescendência, bondade, espontaneidade,
fraternidade, empatia, curiosidade, paciência, proatividade, sinceridade, tolerância,
solidariedade, perseverança, prudência e resiliência. Esses são só alguns exemplos e dá
para ver que a lista é bem vasta.

3.2 Movimento Global para uma Cultura de Paz


Em 1999, às vésperas da chegada desse novo milênio, a Assembleia Geral da
Organização das Nações Unidas (ONU), através da UNESCO (Organização das Nações
Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), convocou o chamado Movimento Global
para uma Cultura de Paz. O calendário promovido pela organização trazia a ideia do ano
2000 ser denominado como o “Ano Internacional da Cultura de Paz”. As ações teriam
desdobramento em toda a década seguinte, até 2010. Esse movimento foi reconhecido
como “Década Internacional para uma Cultura de Paz e não-violência para as crianças
do mundo”.
Um dos principais objetivos do denominado Movimento Global para uma Cultura
de Paz foi o estímulo à procura da resolução dos conflitos por meio do diálogo, da
mediação e da negociação. Essa iniciativa defendia que a instalação de uma Cultura de
Paz iria inviabilizar a necessidade da violência e da guerra como solução para impasses.
E é exatamente por essa razão que o movimento pela paz, embora preconize sua
construção a partir de uma atitude pessoal, defende a ideia de que os reflexos dela
devem ser de natureza coletiva, onde as atitudes do indivíduo se refletirão em diversos
campos da vida, no meio ambiente, na sociedade, na saúde coletiva entre outros.

55 |Teologia, Sociedade e Valores Humanos - FVC


Você sabia?

De acordo com David Adams,


neurocientista e ex-diretor da unidade para o
Ano Internacional da Cultura da Paz da
Unesco, a cultura de paz tem como base oito
pilares:
1. Educação para uma cultura de paz
2. Tolerância e solidariedade
3. Participação democrática
4. Fluxo de informações
5. Desarmamento
6. Direitos humanos
Figura 9: Dr. David Adams. 7. Desenvolvimento sustentável
8. Igualdade de gêneros
Extraído de:
https://noticias.unisanta.br/campus/a-cultura-da-paz-sera-apresentada-por-ex-diretor-da-unesco-
na-unisanta. Acesso em: 06/07/2022

O que se pretende através da disseminação desses conceitos é difundir a ideia de


que, cabe a cada um indivíduo, a tarefa de ser um “agente da Paz”, difundindo-a no dia-
a-dia, através de atitudes mais generosas e solidárias, e construindo novas formas de
relacionamento baseadas em princípios não-violentos, promovendo um estado social de
dignidade onde tudo possa ser preservado e respeitado.
São seis os pontos defendidos pela Unesco no “Manifesto por uma Cultura de Paz
e Não Violência”:

● Respeito à vida;
● Rejeição à violência;
● Prática da generosidade;
● Ouvir para compreender;
● Preservação do planeta;
● Atitudes solidárias

56 |Teologia, Sociedade e Valores Humanos - FVC


Temos que lembrar que, para que a construção de uma sociedade mais humana
seja possível, é fundamental, que cada indivíduo esteja disposto a, começando por si
mesmo, fazer a sua parte. É precisamente isso que Jesus nos deixa como legado:
“Deixo-vos a paz, a minha vos dou, não vo-la dou como o mundo
a dá”
(Jo 14:27)

Ainda, quando Ele mesmo fez a paz pelo sangue da sua cruz (Cl 1:20).
A Paz que vem de Deus traz consigo, uma mudança de atitudes, valores e

Pare e pense.

Após a segunda guerra mundial, todo o mundo, preocupou-se em desenvolver


uma agência para o fomento da paz mundial. Foi aí que em 1945, surgiu a
Organização das Nações Unidas (ONU), com o lema: “Libertar as nações
vindouras do flagelo da guerra”.

Fig.2. “E ouvireis de guerras e de rumores de guerras; olhai, não vos assusteis, porque é mister
que isso tudo aconteça, mas ainda não é o fim”. Mt. 24. 6,7.
Extraído de: https://observatorio3setor.org.br/noticias/alem-da-guerra-na-ucrania-mundo-vive-28-
conflitos/ Acesso em: 06/07/2022

comportamentos que nos ajudam, como novas criaturas e embaixadores da paz, na


construção de um mundo mais justo e melhor de se viver.

57 |Teologia, Sociedade e Valores Humanos - FVC


3.3 Transdisciplinaridade – a integração dos diversos campos do
conhecimento humano

3.3.1 Transdisciplinaridade
O termo transdisciplinaridade foi cunhado inicialmente por Jean Piaget, um
biólogo, psicólogo e pensador suíço em 1970 num Seminário Internacional sobre Pluri e
Interdisciplinaridade, realizado na Universidade de Nice (França). Considerado um dos
mais importantes pensadores do século XX , Piaget defendeu a Transdisciplinaridade,
como um princípio teórico que busca uma intercomunicação entre as diversas disciplinas,
ao tratar efetivamente de um tema comum (transversal).
Segundo Piaget, a interdisciplinaridade, ao buscar a aproximação e diálogo entre
essas disciplinas, seria uma forma de se chegar à transdisciplinaridade. Na
interdisciplinaridade, as disciplinas continuam consideradas como estruturadas nas
esferas da disciplinaridade, isto é, dentro de um paradigma em que cada disciplina, é
isolada e abordada de modo fragmentado das demais, o que ocasionaria uma
fragmentação das mentalidades e precarização dos inter-relacionamentos que assim,
perderiam a riqueza oriunda dessas relações.
Na transdisciplinaridade, por sua vez, o que se pode alcançar é um estágio onde
não há mais fronteiras entre as disciplinas e, por conta disso, passa a se considerar como
válidas outras fontes e níveis de conhecimento advindos da exposição do indivíduo a
outras formas de aprender, em outros contextos (emoções, sentimentos, intuição,
autoconhecimento). Esse tipo de abordagem é interessante por que não permite um
aprendizado descontextualizado, simplificação, ou subestimação de culturas ou
realidades, o que acaba por motivar o respeito pelo que é diferente, resguardando suas
complexidades e riquezas.

58 |Teologia, Sociedade e Valores Humanos - FVC


3.3.2 A Compreensão da Interdisciplinaridade

Usando como exemplo um projeto que traga o tema de alteridade, um professor


de Ciências sociais pode direcionar seus conteúdos a fim de ensinar seus alunos como
perceber, reconhecer e respeitar o outro enquanto o professor de filosofia pode
demonstrar como a vida em sociedade é baseada na interação entre os indivíduos; um
professor de psicologia pode desenvolver a compreensão da necessidade de abdicar do
ego (instância individual) em reconhecimento do coletivo, condição necessária para o
desenvolvimento da sua própria capacidade, como também para o trabalho no Corpo
de Cristo (Ef. 4.16). Por sua vez, um professor de língua portuguesa pode trabalhar em
conjunto com o de Metodologia da Pesquisa, visando preparar os seus alunos na
condução dos aprendizados ao longo do projeto… Enfim, podemos perceber que mesmo
com a observância e respeito aos campos de conhecimento que são
compartimentalizados (Ciências Sociais, Psicologia, Língua Portuguesa, etc.) e que
buscam o aprofundamento em um conhecimento específico a transdisciplinaridade pode
ajudar na construção de uma relação entre elas, a partir de uma mesma problemática,
iniciativa ou tema.

Você Sabia?

Os Eixos Estruturantes da FVC

O próprio Projeto Pedagógico do Curso de Teologia da FVC foi elaborado dentro de eixos
estruturantes, cujos elementos norteadores levam em consideração essa questão da transdisciplinaridade,

observada na construção de uma matriz curricular e da estrutura do curso, que propõe que as diversas
formas de conhecimento – sejam ou não acadêmicas – são importantes na formação do cidadão. E em

função disto, o conhecimento prévio do aluno deve ser valorizado, não só através da interdisciplinaridade,

59 |Teologia, Sociedade e Valores Humanos - FVC


como também da transversalidade entre os diferentes ramos do saber que são fundamentais na Educação
a Distância.

O próprio MEC, através da elaboração de Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) busca orientar

as instituições de ensino para alguns princípios básicos da educação que através de concepções
pedagógicas que estimulem o pluralismo de ideias, na perspectiva da inter, multi e transdisciplinaridade.

Os defensores da ideia da transdisciplinaridade acreditam que o conceito de


disciplina, tem em seu cerne, a própria departamentalização do saber em diversas
matérias, que abordam seus conteúdos de modo fragmentado e isolado das demais, o
que pode resultar na fragmentação das mentalidades, das consciências e das posturas
que perdem assim a compreensão do ser, da vida, da cultura, em suas relações e inter-
relações, privando o indivíduo de conhecer novos campos do saber.
3.4 A mudança de paradigma e a nova percepção da realidade

3.4.1 O que é um paradigma?

Um paradigma pode ser definido como uma visão particular do mundo, uma
espécie de modelo mental composto por metodologias, teorias e experiências
empregadas para criar uma determinada realidade no pensamento dos seres humanos.
O termo foi popularizado por Thomas Kuhn (1922-1996), historiador e filósofo
norte-americano, conhecido pela sua contribuição para a mudança de orientação na
filosofia e sociologia da ciência na década de 1960 em seu livro, The Structure of
Scientific Revolutions (Estrutura das Revoluções Científicas, 1962). Nesta obra, Kuhn
sugere que paradigmas são como teorias gerais que guiam áreas específicas da ciência
normal e que as mudanças que ocorrem em suas ideias, não ocorrem só por causa de
novas descobertas, mas também ocorrem pela pelo surgimento de movimentos políticos
e sociais.
De acordo com Kuhn, a definição de paradigma é uma palavra que vem do grego
‘parádeigma’ e significa modelo, exemplo, plano de arquiteto, modelo de pintor ou de

60 |Teologia, Sociedade e Valores Humanos - FVC


escultor; em referência a coisas abstratas”. O autor então avança buscando uma definição
mais precisa do termo paradigma (numa perspectiva mais sociológica) ao indicar toda a
constelação de crenças, valores, técnicas, etc., partilhadas pelos membros de uma
determinada comunidade.
Podemos entender que os paradigmas são como uma espécie de óculos, através
do qual, a pessoa “corrige” uma determinada deficiência e passa a enxergar (dentro da
sua perspectiva) o mundo de uma melhor maneira (pelo menos, é o que se pensa). Assim
como as pessoas se acostumam a usar os óculos, pois entendem que sem o auxílio dele
a imagem pode ficar “distorcida” ou embaçada, os paradigmas funcionam como uma
lente que ajuda a enxergar uma determinada realidade. O paradigma surge para
propiciar uma estrutura geral para a compreensão de fenômenos específicos. E uma
teoria ou pressuposto se torna paradigma quando uma comunidade de cientistas
interessados aceitam que ele se encaixa na maioria dos dados observáveis (Ex. Teoria da
Evolução).
Traduzindo, quando todos dentro de um grupo de cientistas (naturais ou sociais)
concordam sobre um conjunto de teorias, crenças, valores ou técnicas, ele se torna um
paradigma, um padrão a ser seguido. E embora o termo hoje seja utilizado para se referir
a qualquer conceito geral, modo consolidado de pensar as coisas, padrão estabelecido
em uma área do conhecimento, o conceito de paradigma é muito complexo.

Você sabia?

O historiador, físico e filósofo norte americano


Thomas Samuel Kuhn (1922-1996) desenvolveu
pesquisas revolucionárias acerca da história da
ciência e do pensamento científico. A este pensador
é atribuída a criação dessa essa palavra nas suas
pesquisas sobre epistemologia. Sua obra se tornou
um marco teórico para todas as posteriores
pesquisas acerca da produção de conhecimento
científico.

Fig.14 Fonte:
https://www.biografiasyvidas.com/biografia/k/kuhn.ht
m

Acesso em 06/07/2022
61 |Teologia, Sociedade e Valores Humanos - FVC

(TYLOR, E. Primitive culture. Londres: John Mursay & Co, 1871).


Kuhn faz uma profunda análise de como inovamos na ciência na história e nos faz
entender que o processo de aprendizado humano é feito de rupturas e não cumulativo
ou linear. Sendo assim, a humanidade vive dentro de paradigmas criados no passado,
que funcionaram por determinado tempo, até que foram repensados e precisaram ser
alterados, por uma série de circunstâncias.
Dessa maneira, alguém que passa a ser considerado um gênio, novos fenômenos
surgidos, novas tecnologias de ruptura, dentre outros fatores, passam também a criar
novos paradigmas filosóficos, que moldam a nossa forma de enxergar o mundo (se
lembram dos óculos?) agir e pensar, sem que, muitas das vezes, nós tenhamos
consciência disso (Ex. A escola educa seu filho).
Segundo o pensamento desse filósofo, as ciências não evoluem seguindo um processo
uniforme através da aplicação de um hipotético método científico. Ao contrário disso, o
que se pode verificar é que existem ao menos duas fases diferentes de desenvolvimento
científico: a primeira, onde há um amplo consenso na comunidade científica sobre como
resolver os problemas existentes com base na exploração dos avanços conseguidos no
passado, os chamados “paradigmas” ou soluções universais, e um segundo momento,
que ocorre quando as soluções antigas deixam de funcionar com eficácia. Nesta etapa,
as insatisfações com o paradigma vigente se tornam evidentes, visíveis pela falta de
resultados e daí, se passa a buscar novas teorias e ferramentas de investigação. Quando
uma nova teoria se mostra superior àquelas já existentes, então ela passa a ser adotada
e uma nova “revolução científica” ocorre.
A maior contribuição de Kuhn talvez seja o fato de nos fazer pensar que os paradigmas
existem, são invisíveis e mudam, tornando obsoleto o que sabemos e que as mudanças
fazem parte de todos os processos humanos.

62 |Teologia, Sociedade e Valores Humanos - FVC


3.4.2 Paradigma nos dias de hoje

Nos últimos anos, a noção de paradigmas que moldam nossa visão de mundo
saiu do campo científico para se expandir para a discussão de aspectos da nossa vida
cotidiana, pois o termo se popularizou passando a se referir a coisas tão simples quanto
crenças, atitudes e gostos.
Na atualidade, nas mais variadas áreas de conhecimentos, podemos identificar a
existência de diversos paradigmas, até mesmo por que cada área possui suas bases
teóricas, conflitos, referências e pressupostos que incluem diferentes perspectivas. É
comum hoje que a agenda aparentemente legítima proposta para discussão traga alguns
temas que podem ser usados como “Cavalos de Tróia” para a destruição do Cristianismo,
como por exemplo a pauta da Sustentabilidade e da Religião Universal, dentre outros.
Nesse sentido, a “mudança de paradigma” pode realmente ser usada como um
“óculos” que se coloca para passar a ver as coisas de um modo diferente. Esse conceito
de “mudança de paradigmas” então passa a ser usado para fazer com que passemos a
acreditar que certas coisas são normais, como por exemplo aborto, que passa a se
chamar “Direito reprodutivo”, Linguagem neutra ou “não binária” e até mesmo a nefasta
“Ideologia de Gênero” que se propõe a destruir as bases do modelo judaico-cristão de
família.

3.5 Desafios da religião


A questão da diversidade religiosa sempre esteve presente na história da
humanidade. A religião sempre buscou formas de auxiliar o homem nos seus
questionamentos acerca do sentido da vida, da transcendência e em relação às questões
vitais que preocupam todos os seres humanos. No entanto, o reconhecimento da
diversidade cultural e religiosa que existe no mundo está ameaçado hoje por alguns
fatores, tais como a garantia da liberdade de expressão.
Na agenda da ONU e de outras grandes religiões universais, assuntos como
Intolerância, ecumenismo, diálogo inter-religioso e paz são práticas muito valiosas e
estimuladas. Para os seus defensores, o que justifica essa preocupação reside no fato de

63 |Teologia, Sociedade e Valores Humanos - FVC


acreditarem que a discussão desses assuntos são vitais para a missão de contribuir com
um mundo mais fraterno, mais unido.
No entanto, existe uma nítida impressão de que esses conceitos são confundidos
pelas pessoas. Para os cristãos, o que se quer passar é que eles representam a essência
do que é a verdadeira religião e que, assim sendo, representam o que há de mais
importante, que é a paz, o amor e o respeito entre os povos. Mas será que é só isso
mesmo?
Não custa destacar que a ONU , com seu viés progressista, nunca se manifestou
contra a perseguição aos cristãos e que os esforços que tem feito ao clamar por uma
“religião universal” em busca da paz mundial está sendo impedido no mundo por que
o verdadeiro inimigo da harmonia entre os povos é o “fundamentalismo religioso”. Ele
é a causa de tantas guerras e discórdias.
Há todo um movimento no mundo para identificar e tratar os cristãos como os
verdadeiros inimigos dessa Paz Mundial e do progressismo, Quando isso acontecer, o
cristianismo certamente será um dos inimigos mais destacados da ONU, já que seus
seguidores consideram a Bíblia como a “verdade fundamental” e mantém uma fé
absoluta de que Jesus Cristo é o único capaz de trazer a verdadeira paz.
Para compreendermos alguns termos e entende o que está por trás dessa agenda,
vamos deixar aqui a nossa contribuição:
A discriminação através da intolerância religiosa pode se manifestar de diversas
formas, como por exemplo piadas e até mesmo com consequências mais grave, como a
violência e a agressão. Como cristãos devemos ser intolerantes com a intolerância, pois
nenhuma ela viola a liberdade de cada indivíduo de seguir as suas crenças.

Você sabia?
O Brasil tem normas jurídicas que visam punir a intolerância religiosa. No Brasil, a Lei nº 7.716, de 5
de janeiro de 1989, alterada pela Lei nº 9.459, de 15 de maio de 1997, considera crime a prática de
discriminação ou preconceito contra religiões.

64 |Teologia, Sociedade e Valores Humanos - FVC


3.5.1 Ecumenismo

O Dicionário Aurélio define ecumenismo como movimento que visa à unificação


das igrejas cristãs (católica, ortodoxa e protestante), uma espécie de movimento nas
igrejas cristãs que prega a paz mundial e a intensificação da divulgação do Evangelho.
A definição eclesiástica, mais abrangente, diz que é a aproximação, a cooperação, a
busca fraterna da superação das divisões entre as diferentes igrejas cristãs e indica o
diálogo entre as Igrejas cristãs em vista da reconciliação entre os cristãos, notadamente
entre os católicos e outros cristãos como os protestantes.
O Conselho Nacional de Igrejas Cristãs no Brasil assim define o ecumenismo: “O
Ecumenismo é muito mais que a reunião de igrejas, e bem mais que um mero ideal, o
ecumenismo é a concretização da prática cristã alicerçada no amor, aquele sentimento que
“nunca falha’. 1 Cor. 13:8.”
E embora, alguns possam pensar que o ecumenismo é apenas uma tentativa de
reunir determinadas igrejas cristãs que se toleram em alguns pontos de fé, e outros possam
imaginá-la apenas como um ideal utópico que jamais será alcançado, o perigo que
percebemos é o fato de não se dar importância às diferenças doutrinárias pode trazer sérias
consequências. Deus separou "um povo seu especial, zeloso de boas obras" (Tt 2.14) e
justifica o porquê desse povo buscar uma separação (II Co 6.16).

3.5.2 Diálogo inter-religioso


As principais concepções éticas nascem dos preceitos religiosos. Como exemplo
podemos afirmar que a grande maioria das religiões possui uma espécie de “Regra de ouro”
em seus códigos de ética que fundamentalmente valorizam o respeito ao próximo.
Conhecida como Ética da Reciprocidade, o mandamento do Senhor Jesus em Mateus 7.
12, “Fazeis aos homens tudo o que quereis que eles vos façam; porque é a lei e os
profetas” encontra alinhamento nas declarações de grandes líderes e livros religiosos.

65 |Teologia, Sociedade e Valores Humanos - FVC


Figura 10: Rezar, evangelizar, servir juntos: isto é possível. Caminhar juntos, rezar juntos, trabalhar juntos:
eis a nossa estrada-mestra.” Papa Francisco.

Fonte: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2014/12/papa-francisco-e-lideres-religiosos-assinam-acordo-
contra-escravidao.html Aceso em: 07/07/2022

No judaísmo , o Rabi Hillel, o ancião, conhecido líder religioso judeu, que viveu
durante o reinado de Herodes, o Grande e um dos grandes mestres do judaísmo,
escreveu: “Não faça ao seu vizinho o que você odeia”.
No islamismo encontramos assim escrito no Alcorão, o livro máximo dessa religião:
Nenhum de nós é crente até que deseje para seu irmão aquilo que deseja para si mesmo.
No budismo, religião cujos princípios baseiam-se nos ensinamentos de Siddhārtha
Gautama, conhecido como Buda, encontramos: ``Não atormentes o próximo com aquilo
que te aflige”. − Udānavarga 5:18
No confucionismo, corrente filosófica e ética baseada nos ensinamentos de Ch'iu
K'ung, ou Confúcio, encontramos o seguinte: Não façais aos outros aquilo que não
quereis que vos façam. − Analectos de Confúcio, 12.2 e 15.24.

66 |Teologia, Sociedade e Valores Humanos - FVC


No hinduísmo, o Mahabharata, um dos maiores clássicos épicos sobre o povo da
Índia traz também esse mandamento: “Não faça ao outro o que você não gostaria que
fizessem a você, esta é a parte principal da lei”.
A partir dessa regra, são baseados todos os discursos de tolerância religiosa assim
como as ações em prol do respeito mútuo e do diálogo entre os mais diferentes
segmentos religiosos.
No entanto, a crença em duas ou mais cosmovisões religiosas como sendo
igualmente válidas ou aceitáveis e a aceitação de múltiplos caminhos para Deus é o que
pode definir a essência do que convencionou se chamar de pluralismo religioso. Esse
tipo de pensamento, difere (na verdade contrasta violentamente) da ideia que o
cristianismo de “exclusivismo”, em que crê que reside na existência de uma única religião
verdadeira (Cristianismo) ou um modo de conhecer a Deus (Por intermédio de Jesus
Cristo).
O conceito de pluralismo religioso se popularizou na segunda metade do século
passado, notadamente na Europa e na América do Norte e foi capitaneado pela a ideia
do ecumenismo religioso (Numa definição de ecumenismo comum nos dicionários,
ecumenismo é a procura da unidade entre todas as igrejas, mais especificamente as
religiões cristãs (católica, anglicana, protestante e ortodoxa) e o e do diálogo inter-
religioso que têm levado à crescente aceitação do pluralismo religioso na cultura
popular.
No entanto, esse pluralismo tem trazido algumas armadilhas, posto que não se
trata somente de compartilhar certos valores ou concordar em algumas questões sociais
e até atuar junto em questões como por exemplo, na ajuda aos pobres, situação em que
tanto cristãos, budistas, praticantes de religiões orientais acreditam ser de extrema
importância. Ao contrário, desse tipo de ação, o pluralismo tem a ver com colocar no
mesmo patamar de credibilidade, sistemas de crenças concorrentes sobre a verdade e
aceitar conceitos diversos a respeito de Deus e salvação.

67 |Teologia, Sociedade e Valores Humanos - FVC


Sendo assim, podemos perceber que a diferença entre o ecumenismo e o diálogo
religioso é que, enquanto o primeiro diz respeito ao diálogo entre Igreja cristãs, o
segundo busca uma relação de diálogo e respeito entre religiões e grupos religiosos.

3.5.3 Qual o papel da Igreja Contemporânea

É claro que sabemos que, duas ou mais religiões podem compartilhar pontos de
interseção em alguns de seus ritos, mandamentos e valores religiosos, porém o fato é
que, mesmo assim, elas permanecem fundamentalmente diferentes como sistemas de
crenças. Só a título de exemplo, o Cristianismo e o Islamismo acreditam na existência de
um único Deus – mesmo assim, essas religiões definem Deus de forma diferente, como
também sustentam diferenças irreconciliáveis em outras crenças.

3.5.4 “Todos os caminhos levam a Deus”... Será isso mesmo?

A Bíblia ensina que o pluralismo religioso é incompatível com o que dizem as


Escrituras, já que em sua essência ele aceita múltiplas visões de Deus ou até mesmo, a
existência de múltiplos deuses. Outro importante fator de dissonância do cremos com o
que ensina o Pluralismo religioso é quanto a maneira de conhecer a Deus, ou os
caminhos que nos levam até Ele, já que entendemos que somente através de Jesus Cristo
isso é possível. Foi o próprio Jesus quem disse isso em João 14:6; “Eu Sou o caminho,
a verdade e a vida e ninguém vem ao Pai a não ser por mim”. No cap. 4 de Atos, os
apóstolos ratificam essa mesma mensagem: “E não há salvação em nenhum outro;
porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual
importa que sejamos salvos.” At 4.12ª
A Bíblia frequentemente condena práticas idólatras presentes em outras religiões.
Por exemplo, Josué 23:16 diz: “Quando violarem a aliança que o SENHOR, vosso Deus,
vos ordenou, e fordes, e servirdes a outros deuses, e os adorares, então, a ira do SENHOR
se acenderá sobre vós…”

68 |Teologia, Sociedade e Valores Humanos - FVC


Como cristãos, defendemos a liberdade religiosa que garante que várias religiões
possam adorar pacificamente. Também entendemos que onde houver liberdade de
expressão, liberdade religiosa, existirá pluralismo religioso. No entanto, apesar de
apreciarmos essa liberdade garantida aos cristãos que vivem em países democráticos,
onde podemos adorar a Deus livremente, refutamos e nos opomos as ideias do
pluralismo religioso ao ensinar que as várias religiões são verdadeiras ou igualmente
válidas. Como crentes no Senhor Jesus Cristo, podemos até mesmo encorajar a liberdade
religiosa sem, contudo, esquecer de que nosso papel como mensageiros do Evangelho
é comunicamos a Salvação através da morte e ressurreição do Senhor Jesus Cristo e o
ensino da Bíblia de que há “um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens,
Cristo Jesus, homem”. ITm2.5.

69 |Teologia, Sociedade e Valores Humanos - FVC


70 |Teologia, Sociedade e Valores Humanos - FVC
4
Diversidade, Cultura e Convivência Humana
Todos sabemos do desafio que é pensar na valorização das diferenças. O que dirá
conviver com elas! Mas é exatamente essa a realidade da vida do povo brasileiro. E sobre
esse tema da Diversidade, vamos abrir os trabalhos desta Unidade IV da nossa disciplina.
Sejam bem vindos a esta seção de estudos.

4.1 Diversidade: elemento essencial para o desenvolvimento do ser humano


Por ser um país multicultural em seus costumes, religiões, valores e etc., a
convivência com as diferenças é algo que vai além da aceitação de uma simples rotina:
ela é algo importantíssimo, por ser um fator indispensável na compreensão da nossa
própria identidade a partir da compreensão de conceitos como empatia, aceitação,
solidariedade, cooperação e responsabilidade social.
Desde muito cedo, mesmo nas creches ou pré-escolas (Jardim de infância) e nos
diversos grupos sociais em que interagimos, somos expostos a diferentes formas de
pensar e sentir, como também ensinados a agir diante de determinadas situações para
que possamos viver em harmonia com outras pessoas. A questão de manter uma postura
respeitosa com o outro (de outra raça, sexo, ritmo de aprendizagem, configuração
familiar) é um elemento vital para a constituição de nossa história de vida.

4.2 A Questão da Diversidade Cultural


Como já dissemos anteriormente, O Brasil, por ser um país de dimensões
continentais, é também palco de imensa pluralidade cultural. E assim sendo, o respeito
e o reconhecimento aos diversos saberes, costumes, tradições tão distintas pode ajudar
na construção de uma convivência harmoniosa com a diversidade cultural, Essa postura,
além de permitir melhores relações entre os grupos sociais, contribui também para dar

71 |Teologia, Sociedade e Valores Humanos - FVC


voz a minorias e para que a sociedade experimente um desenvolvimento em todos os
seus aspectos.
São muitos os elementos que constituem a identidade cultural de um povo como
por exemplo, sua língua, sua religião, seus costumes, seu folclore, e tradições, dentre
outros. A identificação dessas características comuns em determinados grupos possibilita
que as pessoas que a eles pertencem possam construir as suas próprias identidades.
E como já sabemos, essa diversidade cultural também se apresenta em elementos
da cultura através de símbolos materiais (por exemplo, obras de arte, museus, esculturas,
grafite, construções, praças etc.) e imateriais (tais como comidas, festejos, danças, lendas
e muito mais).

4.2.1 E qual o papel dos cristãos frente a essa realidade?


No entanto, mesmo sabendo que determinados valores como tolerância e respeito
precisam ser estimulados desde a tenra infância, para que possamos crescer e nos
desenvolver plenamente, sem preconceitos ou atitudes discriminatórias, como cristãos
precisamos saber também que um dos grandes desafios da nossa vida é confrontamos
ideias, mas amarmos pessoas, assim como Deus “abomina” o pecado, mas “ama o
pecador” (Jo 3.16). Amar as pessoas não significa aceitar suas práticas. Não fazer acepção
de pessoas é muito diferente de aceitar estilos de vida que contrariam os ensinos justos
e imparciais da Palavra de Deus. Não é possível subornar a Deus nem torcer Sua justiça
(2 Crônicas 19:7).
Temos que ter a percepção de que, sob a égide da Diversidade e da Tolerância,
muitas das vezes, o que está em jogo é uma espécie de Teologia Inclusiva, que aceita a
tudo e a todos de qualquer maneira. Por exemplo, sob a promoção de um dito “encontro
compreensivo das diversidades sexuais humanas”, o que temos visto é um esforço
hercúleo para a desconstrução da Heteronormatividade através da “Ideologia de
Gênero”, algo que vai de encontro ao pilar da sexualidade bíblica que, alinhado ao que
diz a ciência, mostra que o ser humano nasce biologicamente macho ou fêmea. Assim

72 |Teologia, Sociedade e Valores Humanos - FVC


sendo, a questão da Diversidade neste aspecto da chamada “Inclusão”, vê a ideia da
união heterossexual como um conceito preconceituoso, opressor.
Desta maneira, é importante o discernimento espiritual para que a nossa
mensagem não seja uma simples reprodução de nossa herança religiosa, que desprovido
de um verdadeiro amor pelos salvos (Rm 1.16), pode perfeitamente parecer uma
imposição de um discurso etnocêntrico, imperialista “eclesiástico” e portanto,
desagradável em outras culturas.
Pare e pense.
A diversidade religiosa, ao contrário do que parece, na verdade se configura numa
possibilidade sempre aberta de expor o Plano da salvação. Na célebre passagem do
capítulo 17 de Atos dos apóstolos, aprendemos como Paulo que o evangelho não precisa
ser “adaptado” e a Bíblia não precisa ser atualizada para adequar-se aos ouvidos das
pessoas de nossa época, mas sim, ser pregado em toda sua essência e conteúdo para que
a salvação alcance a todos, indistintamente. A Palavra de Deus nos diz em Isaías 55:11;
“assim será a Palavra que sair da minha boca: ela não voltará para mim vazia, antes fará o
que me apraz, e prosperará naquilo para que a enviei”. Temos que aproveitar todas as
oportunidades para que a pregação do evangelho aconteça nas ruas e praças da nossa
cidade, entre todos os que não conhecem a maravilhosa graça de deus. O mundo está
sedento e clamando por um “deus desconhecido”.

Fig. 1. Foto da cidade de Atenas, Grécia. Fonte: http://ipgracas.org.br/ao-deus-desconhecido-2/


Acesso em: 12/07/2022

Concluindo, entender a Diversidade é promover uma espécie de Teologia que


esteja disposta a ouvir as diversas culturas que emergem na sociedade, que esteja atenta
aos movimentos culturais, sociais e econômicos desse tempo presente sem, contudo,
relativizar o pecado.

73 |Teologia, Sociedade e Valores Humanos - FVC


Que possamos, como Davi, servir conforme a vontade de Deus em nosso tempo
(At.13.36), não sermos seduzidos pelos sofismas satânicos e nos conscientizar da
importância de exercer a nossa influência, por uma cultura do Reino em nossa sociedade.

4.3 Cultura Afro-brasileira


Entende-se por Cultura afro-brasileira, o conjunto de manifestações culturais
predominantes num Brasil miscigenado, formada a partir da mistura de elementos da
cultura dos povos provenientes do continente africano, trazidos como escravos para o
país durante o período colonial, dos indígenas e dos europeus. E é exatamente essa
junção de povos diferentes que que caracteriza de maneira marcante a heterogeneidade
cultural que predomina no território nacional é certamente a característica mais marcante
da cultura afro-brasileira.
Muitos dos africanos que foram trazidos como escravos para o Brasil vieram dos
grupos étnicos Bantos (oriundos de Moçambique, Congo e Angola) e Sudaneses (da
África Ocidental, Sudão e Guiné); calcula-se que aproximadamente 40% de todos os
negros que foram capturados de suas terras na África foram vendidos como escravos
para terras brasileiras. Essa migração massiva, com povos vindos de diferentes locais
daquele continente, garantiu a criação de uma enorme diversidade de ramificações e
acabou por estabelecer uma a base de muitos dos atuais costumes e tradições dos
brasileiros.
No esforço de manter suas práticas e representações culturais em um lugar
estranho às suas origens e ainda, submetidos pela escravidão à proibição de suas
manifestações culturais, práticas ritualísticas e de uso de seus, os africanos precisaram
fazer adaptações e apropriações o que acabou por criar uma riquíssima herança cultural
advinda dessa série de novas práticas culturais desses povos.

4.3.1 Um pouco da história da cultura afro-brasileira

Durante o Brasil Colonial, havia a proibição de manifestações culturais, ritualísticas


e de costumes africanos e todo o tipo de prática oriundas de religiões africanas era

74 |Teologia, Sociedade e Valores Humanos - FVC


considerada selvagem e primitiva e portanto, desestimulada e até criminalizada na
sociedade.

Você sabia?
O fenômeno do Sincretismo religioso
O chamado sincretismo religioso está muito presente nas religiões afro-brasileiras. Ao chegar ao
Brasil, os escravos eram muitas das vezes, não somente obrigados a deixarem de praticar suas crenças,
como também eram praticamente obrigados a se converter ao catolicismo. Dessa maneira, para que eles

pudessem pôr em prática suas tradições e culto aos seus deuses, eles passaram a associar seus orixás, aos
santos católicos e assim, “driblar” essas proibições.

A culinária brasileira também foi grandemente influenciada pelos pratos de origem


africana. Isso pode ser constatado facilmente pela introdução e uso de panelas de barros,
bem como pela adição de alimentos, como pimentas, azeite de dendê, quiabo, feijão
preto, leite de coco, entre outros. Fica o destaque para pratos como acarajé, vatapá,
quibebe e abará e também de doces como a cocada, cuscuz e pamonha, que também
foram influenciados por essa cultura.
E é claro que a Feijoada não poderia ser deixada de fora: um dos símbolos da
cultura gastronômica do nosso país e talvez, o prato típico mais conhecido e popular da
nossa culinária. Sua criação pelos africanos escravizados foi uma apropriação do prato
feito pelos portugueses, senhores de engenho que deixavam sobrar diversas partes do
porco. Ao misturar essas sobras de carne, linguiça, farinha e fazer o acompanhamento
de verduras e legumes, a feijoada se transformou em um prato emblemático – possuidor
de um sentido unificador e marcador de identidade – ou ‘típico’.”
O fim da escravidão no Brasil, com o advento da Lei Áurea (1888), fez com que
tivesse início a um lento processo de ressignificação da cultura africana, com uma maior
liberdade de expressão da prática de elementos como a própria religião, danças, música,
folclore e culinária, por exemplo.

75 |Teologia, Sociedade e Valores Humanos - FVC


Fig. 2. No ano de 2008, a Lei nº 11.645 alterou novamente a
LBD para incluir no currículo a obrigatoriedade do estudo
da história e cultura dos povos indígenas. Fonte:
https://temasdaeducacao.blogspot.com/2010/03/lei-10639-
de-9-de-janeiro-de-2003.html Acesso em 13/07/2022

Foi apenas na década de 30 do século passado, durante o regime do Estado Novo,


comandado por Getúlio Vargas, que a perseguição foi legalmente encerrada. A partir
daí, a elite brasileira começa a enxergar e até mesmo celebrar alguns aspectos culturais
africanos como expressões artísticas legítimas e que representam a identidade cultural
nacional.
Somente em 2003, Como forma de resgatar as contribuições sociais, econômicas,
políticas e culturais que estes dois grupos étnicos trouxeram para a História do Brasil,
foi criada uma lei (Lei de Diretrizes e Bases da Educação, nº 10.639) exigindo que todas
as escolas do ensino fundamental e médio incluíssem em seus currículos conteúdos
relativos à história e cultura afro-brasileira, e em 10 de março de 2008, que o Art. 26-A
da Lei Federal 9.394 de 20 de dezembro de 1996 foi alterado para que, à partir do
disposto no Art. 1º da Lei Federal 11.645, o conteúdo de História e Cultura Afro-Brasileira
e Indígena passasse a ser ministrado no ensino superior

4.4 Cultura Indígena


Quando falamos de cultura indígena e o que ela representa, na verdade estamos
falando de uma diversidade cultural gigantesca que inclui valores, histórias, costumes,
crenças, lendas e costumes dos primeiros habitantes do Brasil que hoje, são
representados por inúmeras tribos, com autonomia, língua e modos de pensar e agir
únicos. A Fundação Nacional do Índio (Funai) é o órgão indigenista oficial do Estado
brasileiro responsável por promover e garantir os direitos dos povos indígenas no Brasil.

76 |Teologia, Sociedade e Valores Humanos - FVC


Os últimos dados levantados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE) em 2010, revelavam a existência de 896,9 mil indígenas distribuídos em 305 etnias
diferentes, que falavam 274 idiomas. Outro censo está sendo realizado agora, em 2022.
_____________________________________________________________
Explicação expandida

A Fundação Nacional do Índio


A Funai foi criada por meio da Lei nº 5.371, de 5 de dezembro de 1967, vinculada ao Ministério da
Justiça e Segurança Pública, é a coordenadora e principal executora da política indigenista do Governo
Federal. Sua missão institucional é proteger e promover os direitos dos povos indígenas no Brasil.
Cabe à Funai promover estudos de identificação e delimitação, demarcação, regularização fundiária
e registro das terras tradicionalmente ocupadas pelos povos indígenas, além de monitorar e fiscalizar as terras
indígenas. A Funai também coordena e implementa as políticas de proteção aos povos isolados e recém-
contatados.
É, ainda, seu papel promover políticas voltadas ao desenvolvimento sustentável das populações
indígenas. Nesse campo, a Funai promove ações de etnodesenvolvimento, conservação e a recuperação do
meio ambiente nas terras indígenas, além de atuar no controle e mitigação de possíveis impactos ambientais
decorrentes de interferências externas às terras indígenas.
Extraído de: https://www.gov.br/funai/pt-br/acesso-a-informacao/institucional/Institucional Acesso em:
12/07/2022

4.4.1 A importância indígena na cultura brasileira

A cultura indígena participa, assim como a cultura africana e europeia, da


formação da identidade nacional. E se você parar para observar, diversos elementos
presentes em nossa cultura tem origem na cultura nesses primeiros povos que habitaram
este território, preliminarmente chamado de Ilha de Vera Cruz.
A herança indígena se faz notar nos nomes de bairros, ruas, cidades, estados etc.
Pavuna, bairro da zona norte de cidade do Rio de Janeiro tem seu nome originário do
tupi pab'uma e significa "lugar de trevas", Grajaú e Andaraí, outros bairros desta cidade,
tem os seguintes significados: "rio dos carajás" e rio dos morcegos, na linguagem dos
tamoios que habitavam a região, respectivamente. Jaraguá, que é um bairro em São
Paulo, e nome de municípios em Goiás e Santa Catarina, na língua Tupi significa Gruta
do Senhor, Guarda do Vale ou Senhor dos Vales. A linda cidade de Aracaju significa

77 |Teologia, Sociedade e Valores Humanos - FVC


“cajueiro dos papagaios” em tupi-guarani, e Curitiba, a Cidade Sorriso, em tupi-guarani,
significa “lugar do pinhão” ou “pinheiral”.
Muitos nomes próprios masculinos têm origem indígena, mas precisamente da
língua Tupi -Guarani, como por exemplo, Cauã (Gavião); Cauê (Homem sábio e bom) e
Ubirajara, que significa “senhor da lança” e é o nome de famosa obra de José de Alencar,
Ubirajara e Moacir, nome bastante comum no Brasil que significa “o que vem da dor”,
“o que faz doer”, como também, nomes femininos como Janaína, cujo significado é
“protetora do lar” ou “deusa do mar”, Tainá, "estrela da manhã" e Iara, “mãe das águas.
Conhecemos também diversos animais com nomes indígenas: tamanduá, tucano,
jacaré, urubu, saúva, jabuti, capivara, baiacu, perereca, piranha, sucuri, taturana, cotia,
pirarucu, etc. e também frutas, plantas, árvores como por exemplo: pitanga, açaí, cajá,
cacau, buriti, capim, babaçu, catuaba, cipó, igarapé, jatobá, ipê, aguapé, etc., e outros
elementos da natureza que usamos, tais na medicina natural como o boldo, alfavaca e
a semente de sucupira.
Há também uma enorme gama de receitas baseados em itens considerados
fundamentais na culinária indígena, como a mandioca e o milho: pirão, mingau,
pamonha, beiju, paçoca, tacacá, farinha de milho, farinha de mandioca e outros como o
açaí e a tapioca.
No nosso dia-a-dia, objetos como as redes, bolsas trançadas com palha ou outros
tipos de fibras, como cestas.

4.4.2 Costumes dos povos indígenas

Entre as atividades que fazem parte do cotidiano dos índios, estão a caça, a pesca
e a coleta. Os indígenas também dão muita importância à agricultura, daí a manutenção
de grandes áreas de cultivo. É comum, em sua organização de tarefas, haver uma divisão
sexual do trabalho: geralmente as atividades de caça (antas, porcos-do-mato, capivaras
e tatus, aves e macacos são alvos de caça, seja por armadilhas, arco e flecha ou
zarabatanas) e pesca são realizadas pelos homens enquanto as mulheres realizam as

78 |Teologia, Sociedade e Valores Humanos - FVC


atividades de coleta (frutas silvestres, mel, castanhas, raízes, etc.) e cuidam da roça,
entretanto, as demais atividades relacionadas à agricultura como a limpeza do mato e a
preparação do terreno, por exemplo, são essencialmente masculinas.
É basicamente das atividades de caça, pesca, coleta e agricultura que são
provenientes da alimentação dos povos indígenas.

4.4.3 Religião dos povos indígenas

Os povos indígenas tem o seu próprio sistema de crenças, com seus rituais, seus
deuses e suas lendas, porém a figura do pajé (pai’é), em tupi-guarani ou xamã (líder
espiritual que estabelece a intermediação entre o mundo dos espíritos e o mundo
sobrenatural) é comum a todas as etnias e se constitui numa das principais características
das religiões dos povos indígenas. Em suas crenças, os índios acreditam em seres
sobrenaturais ou espíritos dos antepassados ou de animais.
Por serem essencialmente politeístas (isto é, não adoram a um único Deus), as
religiões dos povos indígenas do Brasil cultivam muitas entidades, variam em relação às
suas crenças e transmitem esses sistemas religiosos através da tradição oral, já que não
possuem o registro de suas doutrinas em livros sagrados, como a Bíblia, por exemplo.

_________________________________________________________________
Pare e pense
A questão do infanticídio indígena
Uma das questões indígenas que tem provocado acalorados debates entre movimentos pró-vida,
políticos, indigenistas e “ativistas” da causa indígenas e é um assunto ainda considerado por muitos um tabu,
é o do infanticídio indígena. No Brasil, ainda é comum em algumas etnias a prática do chamado "infanticídio",
que consiste no homicídio ou abandono de crianças
O infanticídio indígena consiste na prática do homicídio (enterradas vivas ou tendo seu corpinho
queimado) ou abandono de crianças recém-nascidas na mata, em razão de serem deficientes físicas ou
mentais, gêmeas, filhas de mães solteiras ou simplesmente indesejadas.
A prática do infanticídio indígena que fere os direitos previstos na Constituição Federal, no ECA e nos
diversos acordos internacionais que se referem ao direito à vida ainda é comum em cerca de 18 etnias
brasileiras.
O artigo 227 da Constituição dispõe ser:
“dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta
prioridade, o direito à vida, a saúde, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao
respeito, à liberdade e a convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de
negligencia, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão”.

79 |Teologia, Sociedade e Valores Humanos - FVC


O Estatuto da Criança e do Adolescente, dispõe no artigo 7º da Lei 8.069/90 o seguinte:
“A criança e o adolescente têm direito à proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas
sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas
de existência”.

Figura 11: A cultura eugênica de alguns indígenas não admite seres nascidos “imperfeitos”, indicando o
“sacrifício”.

Fonte: https://www.ambientelegal.com.br/neo-nazismo-politicamente-correto-infanticidio-agora-e-direito-
indigena/ Acesso em 13/07/2022

O ponto de tensão que vem despertando o interesse público sobre o tema é a contraposição do direito
à vida, garantido constitucionalmente no Brasil e por tratados internacionais dos quais é signatário, e o direito
à preservação dos costumes pelos povos indígenas, também garantido pela Constituição Brasileira e
internacionalmente.
O conflito estabelecido é: o que prevalece é o direito individual à vida ou o direito comunitário dos
indígenas de manterem seus costumes? Essa discussão é somente uma questão de alteridade? Se a cultura
é relativa, o que é visto como um crime e um atentado à vida para os brasileiros, pode ser aceito pelos índios?
Você concorda com esse ponto de vista?
______________________________________________________________

80 |Teologia, Sociedade e Valores Humanos - FVC


4.3 Avaliação
A avaliação é de suma importância no processo educacional..
Os objetivos apontam para onde se deseja chegar
O conteúdo, os métodos e os recursos são empregados com esta finalidade.
No entanto, é pela avaliação que se percebe para onde se está realmente indo.
Um trabalho que prescinde desse instrumento pode tomar rumos jamais desejados.
O professor, o aluno, os objetivos, os métodos e os recursos têm de ser avaliados.

81 |Teologia, Sociedade e Valores Humanos - FVC


A.

82 |Teologia, Sociedade e Valores Humanos - FVC


Unidade Revisional 2
Unidade 3 – Valores humanos e Transdisciplinaridade
Neste capítulo 3 da nossa disciplina, buscamos ampliar a definição de Valores
humanos, apresentando outras definições e exemplos. No Dicionário Aurélio, por exemplo,
temos valor conceituado da seguinte maneira: “qualidade que faz estimável alguém ou algo;
importância de determinada coisa; preço; legitimidade”. No decorrer dos nossos estudos,
apresentamos os Valores humanos como princípios morais e éticos que conduzem a vida
de uma pessoa, e dos quais ela não está disposta a abrir mão. E a questão da
universalidade desses valores se dá pelo fato de que eles pertencem ou são relativos ao
universo, ou seja, comum a todos os indivíduos.
Os chamados valores humanos fazem parte da formação da consciência de um
indivíduo, e assim, além de nortear sua conduta, também influenciam sua maneira de se
relacionar com os outros em uma sociedade de maneira a garantir que a convivência
entre as pessoas seja harmoniosa e justa. Os valores são construídos socialmente, ao
longo de nossas vidas, através principalmente dos nossos pais ou das pessoas que nos
educaram enquanto pequenos e servem para orientar decisões e garantir alguns
princípios que regem as ações e, consequentemente, a vida humana.
Podemos verificar que a questão dos valores humanos explicitam as razões que
justificam ou motivam as nossas ações ou nos fazem nos aproximar ou nos afastar de
certas pessoas, tornando por guiar determinadas escolhas e decisões. Portanto, não é
nenhum absurdo afirmar que os valores direcionam o comportamento humano e
governam todas as nossas decisões. A lista desses valores é quase infinita, posto que
difere de pessoa para pessoa. Dentre tantos valores que estão presentes na natureza de
um ser humano, podemos destacar o amor, a honra, a amizade, o respeito, a bondade,
a integridade, a confiança, a fraternidade, a liberdade, a responsabilidade, entre tantos
outros tão necessários ao nosso convívio social.

83 |Teologia, Sociedade e Valores Humanos - FVC


Nos estudos da disciplina, podemos entender que a ideia do que os Valores
universais representam englobam conceitos que são encontrados e compartilhados em
diferentes culturas, como por exemplo: liberdade, paz, respeito, justiça, cooperação,
responsabilidade e o amor.
O quadro abaixo mostra um Mapa mental sobre ética, princípios e valores que
define alguns desses conceitos:

Mapa mental sobre ética, princípios e valores

Figura 12:
Extraído de: https://br.pinterest.com/pin/667025394805471947/ Acesso em julho de 2022
_____________________________________________________________________

O conceito de Cultura de Paz


Outro assunto abordado na disciplina foi o da criação do Movimento Global para
uma Cultura de Paz. Para a Organização das Nações Unidas (ONU) o ano 2000 seria

84 |Teologia, Sociedade e Valores Humanos - FVC


marcado como “Ano Internacional da Cultura de Paz” e a década seguinte, a terminar-
se em 2010, ficaria reconhecida como “Década Internacional para uma Cultura de Paz e
não-violência para as crianças do mundo”.
Esse movimento, que se tornou possível através da UNESCO (Organização das
Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) trouxe em seu manifesto, seis
pontos a serem defendidos por uma Cultura de Paz e Não Violência”:
● Respeito à a vida;
● Rejeição à toda forma de violência;
● Prática da generosidade;
● Ouvir para compreender;
● Preocupação com a Preservação do planeta;
● Prática de Atitudes solidárias

Transdisciplinaridade e Paradigmas
Nos assuntos discutidos nessa Unidade, podemos discutir a questão da
transdisciplinaridade, mostrando como ela pode ajudar na construção de uma relação
entre as demais disciplinas (Ciências Sociais, Psicologia, Língua Portuguesa, etc.) mais
compartimentalizadas, a partir de uma mesma problemática, iniciativa ou tema.
Outrossim, o conceito de Paradigmas pode ser entendido como uma espécie de
óculos, uma lente que ajuda a enxergar uma determinada realidade e que através dela,
a pessoa “corrige” uma determinada deficiência e passa a enxergar (dentro da sua
perspectiva) o mundo de uma melhor maneira (pelo menos, é o que se pensa). Assim
como as pessoas se acostumam a usar os óculos, pois entendem que sem o auxílio dele
a imagem pode ficar “distorcida” ou embaçada.

Uma discussão sobre os Desafios da Religião também foram apresentados


Como uma questão que permeou a história da humanidade, a religião sempre
esteve presente na vida do homem, já que ele mesmo, ao se distanciar de Deus, buscou

85 |Teologia, Sociedade e Valores Humanos - FVC


formas de responder seus questionamentos acerca do sentido da vida, da transcendência
e outras questões vitais de sua existência. Neste capítulo abordamos temas como
ecumenismo, diálogo inter-religioso, pluralismo e diversidade cultural.

Unidade 4 - Diversidade, Cultura e Convivência Humana


Nesta Unidade IV, procuramos responder a questões ligadas à Diversidade,
apresentando a mesma como um elemento essencial para o desenvolvimento do ser
humano.
Partindo do pressuposto de que todos sabemos do desafio que é pensar na
valorização das diferenças, procuramos estabelecer parâmetros para uma convivência
harmoniosa, apresentando aquilo que consideramos como realidade fática em nosso
convívio, num país formado por culturas de diferentes sociedades e que ainda está
aprendendo a se relacionar com diferentes valores culturais como a religião, por
exemplo.
Procuramos destacar a questão de manter uma postura respeitosa com o outro
(de outra raça, sexo, ritmo de aprendizagem, configuração familiar), como um elemento
vital para a constituição de nossa história de vida.
Também podemos verificar no estudo dessa Unidade 4, que são muitos os
elementos que constituem a identidade cultural de um povo como por exemplo, língua,
religião, costumes, folclore e tradições, dentre outros. Podemos entender também como
a identificação dessas características comuns em determinados grupos possibilita que as
pessoas que a eles pertencem possam construir as suas próprias identidades.
Procuramos também mostrar que a diversidade religiosa configura numa
possibilidade sempre aberta de expor o Plano da salvação, quando na seção Pare e
Pense, aludimos a célebre passagem do capítulo 17 de Atos dos apóstolos, onde
discutimos e aprendemos que o evangelho não precisa ser “adaptado” e a Bíblia não
precisa ser atualizada para adequar-se aos ouvidos das pessoas de nossa época, mas

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sim, ser pregado em toda sua essência e conteúdo para que a salvação alcance a todos,
indistintamente.
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Ao Deus desconhecido

Figura 14: Em Atenas, capital cultural do planeta, Paulo nos brinda com um relato impressionante sobre Deus
e nos dá uma verdadeira aula de estratégia evangelística.
Extraído de:
https://conexaogeral2015.blogspot.com/2016/04/paulo-e-o-impressionante-episodio-do.html
Acesso em: julho de 2022
_________________________________________________________________________________________
Vimos nessa unidade que a cultura é a identidade de um grupo, que o torna
singular no mundo em que habita. Como o planeta em que vivemos tem muitos povos,
todos com seus costumes e tradições, podemos dizer que convivemos rotineiramente
com a diversidade cultural.
Também falamos sobre as leis que tornaram obrigatório o ensino da História e
Cultura Afro-Brasileira e Indígena nas universidades, ressaltando o seu importante papel
na formação da sociedade nacional, resgatando as suas contribuições nas áreas social,
econômica e política, destacando as contribuições significativas que esses povos,
juntamente com os europeus, trouxeram à cultura brasileira.

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Por fim, procuramos conduzir as discussões de modo que você pudesse entender
a Diversidade, sob o ponto de vista de uma Teologia prática, disposta a ouvir as diversas
culturas que emergem na sociedade, que esteja atenta aos movimentos culturais, sociais
e econômicos desse tempo presente sem, contudo, relativizar o pecado.

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Atividades de Aprendizagem

Unidade 3

1. A este pensador é atribuída a criação dessa palavra nas suas pesquisas sobre
epistemologia. Sua obra se tornou um marco teórico para todas as posteriores
pesquisas acerca da produção de conhecimento científico. Estamos falando de:
A. Thomas Moore
B. Thomas Hoobes
C. Thomas Khun
D. Tomás de Aquino

2. “Pode ser definido como uma visão particular do mundo, uma espécie de
modelo mental composto por metodologias, teorias e experiências empregadas para
criar uma determinada realidade no pensamento dos seres humanos”. Este conceito
é denominado de:
A. Referência
B. Paradigma
C. Alteridade
D. Estrutura

3. Definidos na Declaração Universal dos Direitos Humanos, proclamada na


Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) em 1948, buscam definir os pilares para
a convivência entre cidadãos de todo o mundo. Este conceito encontra
correspondência com quais dessas alternativas abaixo:
A. Valores Universais
B. Valores Morais

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C. Valores Financeiros
D. Valores Religiosos

4. Assinale a alternativa que mostra de maneira correta, três dos seis pontos
defendidos pela Unesco no “Manifesto por uma Cultura de Paz e Não Violência”.

A. Respeito à a vida; Estímulo à violência; Ouvir para compreender;


B. Respeito à a vida; Rejeição à violência; Preservação do capitalismo;
C. Rejeição à violência, Atitudes solidárias; Atitudes voluntárias;
D. Respeito à a vida; Rejeição à violência; Prática da generosidade

5. Os valores humanos são os princípios que orientam as ações e as condutas


dos indivíduos. E como esses valores são construídos culturalmente, eles baseiam as
relações que esse indivíduo estabelece em suas ações de convivência interpessoais,
com a sociedade e até mesmo com a natureza.
Com base nessa premissa, redija um texto dissertativo sobre quais valores
humanos podem ser considerados universais e como eles podem ajudar na melhoria das
relações interpessoais e, por conseguinte, no bem estar da sociedade.

EXPECTATIVA DE RESPOSTA (MÁXIMO 10 LINHAS)


O aluno deverá aplicar os conhecimentos adquiridos nesta Unidade da disciplina
para citar alguns dos valores humanos universais e mostrar como eles podem ser
utilizados pelos indivíduos em seus relacionamentos no dia-a-dia. Ele também pode
ampliar a resposta trazendo exemplos práticos vividos por ela para consubstanciar sua
resposta.

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Unidade 4

1. O chamado _______________ está muito presente nas religiões afro-


brasileiras. Ao chegar ao Brasil, os escravos eram muitas das vezes, não
somente obrigados a deixarem de praticar suas crenças, como também eram
praticamente obrigados a se converter ao catolicismo. Qual a opção abaixo
preenche corretamente a lacuna?

A. Sincretismo religioso
B. Animismo religioso
C. Fetichismo religioso
D. Pluralismo religioso

2. Essa entidade é a coordenadora e principal executora da política indigenista


do Governo Federal. Sua missão institucional é proteger e promover os direitos dos
povos indígenas no Brasil. Estamos falando da:

A. FUNAI
B. FUNASA
C. SENAI
D. IBAMA

3. A miscigenação é uma das características marcantes do povo e da cultura


brasileira e a principal responsável pela formação da identidade nacional. Ela é fruto
da junção das culturas:

A. Africana, indígena e americana


B. Africana, indígena e europeia
C. Africana, indígena e asiática
D. Africana, indiana e europeia

4. Assinale a alternativa correta: Muitos dos africanos que foram trazidos como
escravos para o Brasil vieram dos grupos étnicos
A. Bantos e Sudaneses
B. Bantos e Senegaleses
C. Mantos e Sudaneses
D. Bantos e Suarentos

5. O Brasil, por ser um país de dimensões continentais é também palco de


imensa pluralidade cultural. E assim sendo, o respeito e o reconhecimento aos

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diversos saberes, costumes, tradições tão distintas pode ajudar na construção de
uma convivência harmoniosa com a diversidade cultural.
Com base nessa premissa, redija um texto dissertativo sobre a Diversidade
Cultural brasileira.

EXPECTATIVA DE RESPOSTA (MÁXIMO 10 LINHAS)

O aluno deverá aplicar os conhecimentos adquiridos nesta Unidade da disciplina


para dissertar sobre o tema. Ele pode ampliar a resposta trazendo exemplos práticos de
como a Diversidade Cultural se faz presente no dia-a-dia da nação.

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Gabarito

Unidade Revisional 1
Unidade 1
1. a)
2. c)
3. d)
4. c)

Unidade 2
1. b)
2. a)
3. a)
4. d)

Unidade Revisional 2
Unidade 3
1. c)
2. b)
3. a)
4. d)

Unidade 4
1. a)
2. a)
3. b)
4. a)

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