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Papa Gregório I
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Vida
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28/01/2024, 16:33 Papa Gregório I – Wikipédia, a enciclopédia livre
A família morava numa villa suburbana no Monte Célio na mesma rua – atualmente chamada
"Via di San Gregorio" - onde estavam os palácios dos imperadores romanos, estes do lado oposto,
no Monte Palatino. Ela ligava o Coliseu, no norte, ao Circo Máximo, no sul. Na época de Gregório,
os edifícios antigos estavam em ruínas e eram propriedades privadas;[11] villas se espalhavam por
toda a região. A família de Gregório também tinha fazendas na Sicília[12] e nas vizinhanças de
Roma.[13] Gregório posteriormente mandaria pintar retratos da família na forma de afrescos em
sua casa no Monte Célio e estes foram descritos mais de 300 anos depois por João, o Diácono.
Gordiano era alto, de rosto alongado, barbado e tinha olhos brilhantes. Sílvia era também alta, mas
de rosto redondo, olhos azuis e semblante alegre. Pela descrição, o casal tinha também um outro
filho do qual não sabemos sequer o nome.[14]
O período em que Gregório nasceu era de grandes reviravoltas na Itália. A partir de 542, a
chamada "Praga de Justiniano" arrasou as províncias imperiais, provocando fome, pânico
generalizado e, por vezes, revoltas populares. Em algumas regiões, até um terço da população
morreu, provocando profundos traumas emocionais e espirituais nos sobreviventes.[15]
Politicamente, embora o Império Romano do Ocidente já tivesse há muito desaparecido, durante a
década de 540 toda a península itálica foi sendo gradualmente retomada pelo imperador bizantino
Justiniano I de seus governantes godos. Como as batalhas ocorriam principalmente no norte, o
jovem Gregório provavelmente nunca presenciou os horrores da guerra. Tótila saqueou e
despopulou Roma em 546, assassinando quase toda a população que ainda vivia ali, mas, três anos
depois, convidou os poucos sobreviventes a retornarem para as ruas vazias e arruinadas da cidade.
Pressupõe-se que a família de Gregório se refugiou em suas terras na Sicília durante este período e
retornou quando Tótila permitiu.[16] A guerra contra os godos terminou em Roma em 552 e uma
nova invasão, desta vez pelos francos, foi derrotada em 554. A partir daí, a paz se instaurou na
Itália e uma restauração aparente começou, com a diferença que, desta vez, o monarca vivia em
Constantinopla.
Como a maioria dos jovens de status similar na sociedade romana, Gregório recebeu uma excelente
educação, aprendendo gramática, retórica, as ciências clássicas, literatura e direito, destacando-se
em todas.[8] Gregório de Tours relatou que "em gramática, dialética e retórica...não tinha
rivais...".[17] Gregório conseguia escrever o latim corretamente, mas não sabia ler e nem escrever o
grego. Conhecia além disso as obras dos principais autores latinos, história, matemática, música e
tinha tamanha "fluência no direito imperial" que é possível que sua educação servisse "como
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Sobre a vida contemplativa, Gregório afirmava que "naquele silêncio do coração, enquanto
permanecemos vigilantes no interior através da contemplação, estamos como que dormindo
para tudo que está no exterior".[19] Porém, é possível que Gregório nem sempre tenha sido tão
complacente ou agradável em seus anos como monge. Conta-se que, certa vez, um monge
moribundo confessou ter roubado três moedas de ouro. Gregório, implacável, obrigou-o a morrer
sozinho e sem amigos e depois atirou seu corpo, com as moedas, numa pilha de esterco para
apodrecer, amaldiçoando-o: "Leva teu dinheiro contigo para a perdição!" Gregório acreditava que
mesmo no leito de morte, a punição pelos pecados cometidos deve ser severa,[20] mas seus atos
tinham por objetivo ajudar o monge a se arrepender de seus pecados. A penitência de fato ajudou-
o em seu arrependimento e, depois do incidente, Gregório ofereceu 30 missas em sua memória
para ajudar sua alma antes do juízo final, como era o costume. O monge depois apareceu para seu
irmão, afirmou ter sido libertado e que estava no céu.[21] Em algum momento neste período, o
papa Pelágio II ordenou-o diácono e pediu sua ajuda para tentar resolver a controvérsia dos Três
Capítulos, que já provocara um cisma no norte da Itália, uma tarefa que Gregório não conseguiu
realizar com sucesso.[22]
Gregório nutria um profundo respeito pela vida monástica e entendia o monge como estando
numa "busca ardente pela visão de nosso Criador".[23] Suas três tias paternas eram freiras
famosas por sua santidade. Porém, depois que as duas mais velhas faleceram após terem tido uma
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visão do papa Félix II, um ancestral da família, a mais nova abandonou a vida religiosa e se casou
com o administrador de suas terras. Gregório lamentou o escândalo na família afirmando que
"muitos são chamados, mas poucos são escolhidos".[24]
Apocrisiário (579–585)
Em 579, Pelágio II escolheu Gregório como seu apocrisiário (embaixador papal na corte imperial
em Constantinopla – equivalente à função moderna do núncio apostólico), posto que ocuparia até
586.[25] No ano anterior, Gregório havia participado da delegação romana (composta por leigos e
clérigos) que chegou à capital para pedir ajuda militar contra os lombardos ao imperador.[26] Com
o exército bizantino focado na guerra contra os sassânidas, a missão fracassou. Em 584, com
Gregório já morando em Constantinopla, Pelágio escreveu-lhe detalhando as dificuldades pelas
quais Roma passava sob o controle dos lombardos e pedindo novamente ajuda ao imperador
Maurício.[26] O imperador, porém, estava determinado a limitar seus esforços contra os lombardos
à intriga e à diplomacia, conspirando para atirar os francos contra eles.[26] Logo ficou claro para
Gregório que os imperadores bizantinos dificilmente enviariam um exército para a Itália por causa
dos problemas mais imediatos que enfrentavam com os sassânidas no oriente e com os ávaros e
eslavos nos Bálcãs.[27]
De acordo com Ekonomou, "se a principal missão de Gregório era defender a causa de Roma
perante o imperador, parecia haver muito pouco a ser feito uma vez que a política imperial em
relação à Itália era evidente. Representantes do papa que pressionassem com excessivo vigor em
prol de suas demandas corriam o risco de subitamente serem excluídos completamente da
companhia do imperador".[27] Gregório já havia sido repreendido uma vez por suas extensas obras
canônicas sobre a legitimidade de João III, que havia ocupado a função de patriarca de
Constantinopla por doze anos até o retorno de Eutíquio, que havia sido deposto por Justiniano.[27]
Gregório passou então a criar laços com a elite bizantina da cidade e tornou-se extremamente
popular na classe mais alta, "especialmente entre as mulheres da aristocracia".[27]
Ekonomou conclui que "apesar de Gregório possivelmente ter se tornado um pai espiritual para
um grande e importante segmento da aristocracia de Constantinopla, estas relações não
avançaram de forma significativa os interesses de Roma perante o imperador".[27] Embora as
obras de João, o Diácono, alegarem que Gregório "trabalhou diligentemente para a libertação da
Itália", não existem evidências de que ele tenha conseguido ajudar Pelágio II em seus objetivos.[28]
As disputas teológicas de Gregório com o patriarca Eutíquio deixariam para sempre um "sabor
amargo em relação à especulação teológica do oriente" em Gregório que continuaria a influenciá-
lo por toda a vida.[29] De acordo com fontes ocidentais, o debate público dos dois culminou numa
discussão perante Tibério II na qual Gregório citou uma passagem bíblica ("Palpate et videte, quia
spiritus carnem et ossa non habet, sicut me videtis habere" – «Apalpai-me e vede, porque um
espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho.» (Lucas 24:39)) para defender sua
posição de que Cristo tinha um corpo palpável depois de sua ressurreição; por causa disto, Tibério
teria supostamente ordenado que as obras de Eutíquio fossem queimadas[29] Ekonomou acredita
que esta discussão, apesar de exagerada nas fontes ocidentais, foi "uma das conquistas de um
'apocrisiariado' até então infrutífero".[30] A realidade é que Gregório foi forçado a utilizar as
Escrituras por que não era capaz de ler as obras autoritativas sobre o tema, que ainda não haviam
sido traduzidas do grego para o latim.[30]
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Gregório deixou Constantinopla e voltou para Roma em 585 para viver em seu mosteiro no Monte
Célio.[31] Em 590, foi eleito por aclamação para suceder a Pelágio II, que morrera em mais uma
epidemia de peste que assolava a cidade.[31] Aprovado por um iussio imperial de Constantinopla
(uma prática comum durante o período chamado de "Papado Bizantino", o auge da influência
imperial sobre Roma) em setembro, ascendeu ao trono papal no mesmo ano.[31]
Papado (590–604)
Apesar de decidido a passar o resto da vida em contemplação num mosteiro, Gregório acabou
sendo forçado a retornar para o cenário político, algo que, embora amasse, não mais desejava
fazer.[32] Em textos de todos os tipos, especialmente os escritos durante seu primeiro ano como
papa, reclamou do peso do cargo e lamentou a perda da vida de oração, sem perturbações, que
tinha como monge.[33] Quando tornou-se papa, entre seus primeiros atos estava o envio de uma
série de cartas repudiando qualquer ambição em relação ao trono de Pedro e elogiando a vida
contemplativa dos monges. Na época, por diversas razões, a sé de Roma não exercia efetivamente a
liderança eclesiástica no ocidente, uma situação que já vinha desde o papado de Gelásio I no final
do século V. Os bispos da Gália estavam sob forte influência das poderosas famílias proprietárias
de terras na região e se identificavam com elas: o âmbito paroquial do contemporâneo de Gregório,
Gregório de Tours, pode ser considerado típico; na Espanha visigótica, os bispos tinham
pouquíssimos contatos com Roma; na Itália, os territórios que de facto estavam sob administração
papal estavam ameaçados pelos violentos duques lombardos e pela rivalidade dos judeus no
Exarcado de Ravena e no sul.
De acordo com a Enciclopédia Católica, ele foi declarado santo logo que morreu por "aclamação
popular".[2]
Em seus documentos oficiais, Gregório foi o primeiro a fazer uso frequente do termo "Servo dos
Servos de Deus" (Servus Servorum Dei) como título papal, iniciando um costume que seria
seguido por todos os seus sucessores.[35]
Esmolas
Gregório é conhecido pela sua administração das obras de caridade dedicadas aos pobres de Roma,
principalmente os refugiados tentando escapar das invasões dos lombardos. A filosofia que
norteava o trabalho era de que a riqueza da Igreja pertencia a eles e ela seria apenas a zeladora. Ele
recebeu vultosas doações das famílias mais ricas de Roma que, seguindo seu exemplo, estavam
ansiosas para expiar seus pecados perante Deus. Gregório dava esmolas tanto individualmente
quanto para grupos inteiros; sobre isso, escreveu:[36]
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A igreja recebia doações de diversas maneiras diferentes: itens consumíveis, como roupas e
alimentos; edifícios e obras de arte; fontes de renda como os latifúndios sicilianos - tocados por
escravos - doados por Gregório e sua família. A Igreja já tinha um sistema implantado para circular
os itens consumíveis: em cada paróquia havia um diaconium, o escritório do diácono, que se
situava num edifício no qual os pobres se candidatavam a receber ajuda.[d][37]
Logo Gregório passou a substituir administradores que não queriam cooperar e a contratar mais
para cumprir o plano que tinha em mente. Além disso, ele sabia bem que as despesas deveria ser
compensadas por um aumento de receita e, para pagá-las, liquidou diversos investimentos da
Igreja em terras, registrando todas as transações nos registros eclesiásticos. O clero era pago
quatro vezes por ano e todos receberam uma moeda de ouro pelo esforço adicional.[39]
Dinheiro, porém, não substituía comida numa cidade que estava a beira de uma grande carestia.
Até mesmo os ricos já sofriam em suas villas. A igreja possuía na época entre 3 400 e 4 700 km2 de
terras agricultáveis gerando receitas divididas em grandes blocos chamados "patrimonia". Elas
produziam todo tipo de bens para serem vendidos, mas Gregório interveio e ordenou que eles
fossem todos enviados para Roma para serem distribuídos às diaconias. Ordenou também que a
produção fosse aumentada, estabelecendo metas e criando uma estrutura administrativa para
garantir que seriam cumpridas. Cereais, vinho, queijo, carne, peixe e azeite começaram a chegar a
Roma em grandes quantidades e tudo era doado na forma de esmolas.[40]
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A distribuição ocorria mensalmente e, para atender aos que estavam doentes demais para receber
sua parte, Gregório criou um pequeno exército de voluntários, principalmente monges, que
levavam comida quente a eles diariamente. Contava-se que o próprio Gregório só jantava depois de
assegurar que todos os indigentes haviam sido alimentados. E, ainda assim, dividia a mesa de sua
família (que ele guardara e que ainda existe) com doze indigentes convidados. Aos necessitados de
famílias ricas, Gregório enviava refeições que ele mesmo preparava na forma de presentes,
preservando-os da indignidade de receber caridade. Certa ocasião, ao saber da morte de um
indigente em sua casa, ficou deprimido por dias e cogitou por um tempo a noção de que teria, de
alguma forma, fracassado em suas responsabilidades e seria, por isso, um assassino.[39]
Por conta disto tudo, Gregório conquistou completamente as mentes e corações dos romanos, que
agora viam no papado uma forma de governo e passaram a ignorar a arrogância de
Constantinopla, que tinha apenas desrespeito a oferecer a Gregório, chamando-o de tolo por seus
contatos pacíficos com os lombardos. O cargo de prefeito urbano de Roma ficou por muito tempo
sem candidatos e, da época de Gregório até a ascensão do nacionalismo italiano, o papado
permaneceu como o poder mais influente na Itália.
Obras
Reformas litúrgicas
Na Igreja Ortodoxa, credita-se a Gregório a compilação da Divina Liturgia dos Dons Pré-
santificados.
Canto gregoriano
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morte, segundo a qual o canto que leva seu nome "é o resultado da fusão de elementos romanos e
francos ocorrida durante o império franco-germânico controlado por Pepino, Carlos Magno e
seus sucessores".[42]
Literatura
22 Homilae in Hiezechielem ("Homilias sobre Ezequiel"), que tratam de Ezequiel 1:1 até
Ezequiel 4:3 no livro 1 e Ezequiel 40:1–49 no livro 2. Eles foram pregados entre 592 e 593
durante o cerco lombardo à cidade e contém alguns dos mais profundos ensinamentos
místicos de Gregório. Ele próprio revisou a obra oito anos depois;
As Homilae xl in Evangelia ("Quarenta Homilias sobre o Evangelho") para serem utilizadas
durante o ano litúrgico, pregadas entre 591 e 592, obra que, aparentemente, estava concluída
em 593. Um fragmento de papiro deste códex sobreviveu e está preservado no Museu
Britânico, em Londres;[46]
"Expositio in Canticis Canticorum", sobre o Cântico dos Cânticos. Apenas dois sermões
sobreviveram, cobrindo o trecho até Cantares 1:9.
Cópias de 854 cartas sobreviveram também. Durante a vida de Gregório, cópias de cartas papais
eram regularmente feitas por escribas e compiladas num registrum que, por sua vez, era abrigado
no scrinium. Sabe-se que, no século IX, quando João, o Diácono, escreveu a "Vita" de Gregório, o
registrum das cartas de Gregório abrangia quatorze rolos de papiro (é muito difícil estimar
quantas cartas esta quantidade de rolos representa). Apesar de estes rolos terem se perdido, as
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cartas sobreviveram em cópias posteriores, o maior grupo, abrangendo 686 delas, copiado por
ordem do Papa Adriano I (r. 772-795).[44] A maioria das cópias, datando dos séculos X ao XV,
estão preservadas na Biblioteca do Vaticano.[47]
Em Constantinopla, Gregório entrou numa grande discussão com o já idoso patriarca Eutíquio,
que havia publicado um tratado, hoje perdido, sobre a ressurreição dos mortos. Nele, defendia que
o corpo ressuscitado "será mais sutil que o ar e não mais palpável".[48] Gregório discordava e
contrapôs a palpabilidade do próprio Cristo ressuscitado declarada em Lucas 24:39; Como a
disputa não arrefecia, o imperador bizantino Tibério II se propôs a arbitrá-la e acabou decidindo
pela palpabilidade, ordenando que a obra de Eutíquio fosse queimada. Logo depois, ambos ficaram
doentes e, enquanto Gregório se recuperou, Eutíquio morreu em 5 de abril de 582, aos setenta
anos. Em seu leito de morte, Eutíquio renegou a impalpabilidade e Gregório abandonou a
controvérsia. Tibério morreu logo depois de Eutíquio.
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"religiosa" e "recta" de qualquer que fosse a igreja e estabelecer com isso o costume
inglês.[53]
"Compaixão deve ser demonstrada primeiro para os fieis e depois para os inimigos da
igreja".[54]
"Homens iletrados podem contemplar nas linhas de uma figura o que não podem aprender
através da palavra escrita".[55]
Análises
As opiniões sobre as obras de Gregório variam. "Seu caráter nos surpreende como sendo ao
mesmo tempo ambíguo e enigmático", observou Cantor. "Por um lado, foi um administrador hábil
e determinado, um diplomata habilidoso e inteligente, um líder da maior sofisticação e visão; mas,
por outro, aparece em suas obras como um monge supersticioso e crédulo, hostil à erudição,
grosseiramente limitado como teólogo e excessivamente devotado a santos, milagres e
relíquias".[56]
Alguns, como Markus, acreditam que suas cartas nos revelam "uma visão acurada de sua
obra"[57] ao passo que outros afirmam que "uma verdadeira apresentação autobiográfica é quase
impossível para Gregório. O desenvolvimento de sua mente e sua personalidade ainda são
puramente de natureza especulativa".[58]
Gregório estava entre os que identificavam Maria Madalena com Maria de Betânia, que, segundo
João 12:1–8, untou Jesus com óleos preciosos, um evento que alguns interpretam como sendo o
mesmo evento que a unção realizada por uma mulher descrita por Lucas (o único que o faz entre os
evangelhos sinóticos) como pecadora ("Maria aos pés de Jesus" em Lucas 7:36–50). Pregando
sobre esta passagem de Lucas, Gregório afirmou: "Esta mulher, que Lucas chama de «pecadora»
(Lucas 7:37) e João chama de «Maria» (João 12:3), eu acho que é a mesma Maria citada por
Marcos, «da qual havia expelido sete demônios» (Marcos 16:9).".[59] Os modernos estudiosos
bíblicos distinguem as três mulheres, mas todas estão, no imaginário popular, ligadas.[60]
Homenagens
Biografias
Monumentos
A igreja de San Gregorio al Celio (completamente reformadas com base nos edifícios originais nos
séculos XVII e XVIII) celebra suas obras e está localizada nas terras que eram de sua família. Num
dos três oratórios anexos acredita-se estar enterrada a mãe de Gregório, Santa Sílvia.
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Iconografia
Esta cena é entendida como uma versão do tradicional "retrato do evangelista" (no qual os
símbolos dos evangelistas aparecem ditando) a partir do século X. Um exemplo antigo é uma
iluminura no manuscrito do século XI da "Moralia sobre Jó",[66] que mostra o escriba, Bebo, da
Abadia de Seeon, presenteando o manuscrito ao imperador do Sacro Império Romano-Germânico
Henrique II. No canto superior esquerdo, o Gregório aparece escrevendo o texto sob inspiração
divina, provavelmente para dar maior clareza, a pomba aparece cochichando ao invés de colocando
o bico entre os lábios dele.
Um exemplo criativo e anacronístico deste tipo de retrato é a obra do estúdio de Carlo Saraceni (ou
um discípulo próximo) de c. 1610, da coleção Giustiniani, preservada na Galleria Nazionale d'Arte
Antica em Roma.[67] Nela, o rosto de Gregório é uma caricatura das características descritas por
João, o Diácono, mencionadas acima: careca, queixo pronunciado e nariz bicudo ao invés da
calvície parcial, um queixo "graciosamente pronunciado" e um nariz "ligeiramente aquilino".
O tema da Idade Média Tardia da "Missa de São Gregório" é uma versão de uma história do século
VII bastante elaborada em sua hagiografia posterior na qual Cristo, o "Varão de Dores", aparece no
altar quando durante uma missa celebrada por Gregório. Este tema foi bastante comum nos
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séculos XV e XVI e refletia a crescente ênfase na presença real (de Cristo na Eucaristia) e, depois
da Reforma Protestante, passou a ser uma afirmação desta doutrina na luta contra a teologia
protestante.[68]
Festa
O atual Calendário Hagiológico Católico Romano, revisto em 1969 por ordem do Concílio Vaticano
II[69] celebra São Gregório Magno em 3 de setembro. Antes disso, o Calendário Geral Romano
determinava que sua festa deveria ocorrer no dia 12 de março, aniversário da sua morte, uma data
que sempre cai durante a Quaresma, durante a qual não se celebra nenhum memória obrigatória.
Este foi o principal motivo da mudança, que passou a festa para o aniversário de sua consagração
em 590.[70]
A Igreja Ortodoxa e as Igrejas Católicas Orientais de rito bizantino continuam a comemorar São
Gregório em 12 de março, que ocorre durante a Grande Quaresma, a única época na qual é
utilizada a "Divina Liturgia dos Dons Pré-santificados", que é creditada a Gregória.
Outras igrejas também celebram São Gregório: a Igreja da Inglaterra e a Igreja Luterana - Sínodo
de Missouri em 3 de setembro; a Igreja Luterana Evangélica na América e a Igreja Episcopal nos
Estados Unidos, em 12 de março.
Notas
[a] ^ [c] ^
Gregório menciona em "Diálogos" (3.2) Se Félix era "III" ou "IV" depende de
que estava vivo quando Tótila tentou aceitarmos ou não a eleição do antipapa Félix
assassinar Carbônio, bispo de Populônia, II ao trono papal. Neste caso, considera-se a
provavelmente em 546. Numa carta de 598,[71] contagem oficial, ou seja, como ilegítima a
ele repreende Januário, bispo de Cagliari, eleição deste.
desculpando-se por não observar o comando
em I Timóteo 5:1, que adverte contra
repreender os "velhos". Em I Timóteo 5:9 [d] ^
Posteriormente, estes diáconos se
define-se "velha" como sendo uma mulher com tornaram cardeais e, a partir destes oratórios
mais de sessenta anos e, presume-se, o evoluíram novas igrejas.
mesmo vale para os homens. Como Gregório
não se considera um deles, seu nascimento
estaria limitado ao ano 539 e, geralmente, a [e] ^
data escolhida pelos autores é 540.[72] A primeira biografia, escrita uma geração
antes de Beda em Whitby, relata a mesma
história, mas afirma que os ingleses eram
[b] ^
visitantes em Roma que foram questionados
Elizabeth chega a afirmar que "Paulo, o por Gregório.[73] Contudo, esta versão anterior
Diácono, que escreveu a primeira 'Vita' de São não é necessariamente mais correta, pois
Gregório e foi seguido por todos os demais sabe-se que Gregório de fato ordenou que o
autores no assunto, observa que 'ex Greco presbítero Cândido, na Gália, numa carta, que
eloquio in nostra lingua ... vigilator, seu vigilans comprasse escravos ingleses para colocá-los
sonat'". Porém, Paulo escreveu tarde demais nos mosteiros da Itália justamente com o
para que sua "Vita" seja considerada a objetivo de depois utilizá-los em missões na
primeira. Inglaterra.[74]
Referências
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(em inglês). Saint Charles Borromeo Catholic Church. Consultado em 14 de novembro de 2009
https://pt.wikipedia.org/wiki/Papa_Gregório_I 12/17
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Enciclopédia Católica (em inglês). 6. Nova Iorque: Robert Appleton Company – Gregório
passou a ser chamado de "Grande" a partir do final do século IX, um título ainda hoje utilizado.
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Homily on the Birth-day of St. Gregory: Anciently Used in the English-Saxon Church, Giving an
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anglossaxã no aniversário de São Gregório; usada outrora na igreja anglossaxão, relatando a
conversão dos ingleses do paganismo ao cristianismo] (em inglês). London: W. Bowyer. p. 4
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Wilke's Clavis Novi Testamenti [Léxico grego-inglês do Novo testamento, sendo a Clavis Novi
testamenti de Grimm e Wilke] (em inglês) translated, revised and enlarged ed. Grand Rapids,
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8. Thornton, pp 163-8
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11. Dudden 1905, pp. 11–15.
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13. Richards 1980, p. 25.
14. Dudden 1905, pp. 7–8.
15. Markus pg 4–5
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17. Richards (1980), page 26.
18. Richards (1980), p. 44.
19. Cavadini p. 155
20. Straw p. 47
21. Pronechen, Joseph. «Interview with Susan Tassone» [Entrevista com Susan Tassone] (http://w
ww.medjugorjeusa.org/susantassone.htm) (em inglês). Consultado em 3 de setembro de 2012
22. Gregory the great and his world p. 3
23. Markus p. 69.
24. Consul of God, Richards. P. 26.
25. Ekonomou 2007, p. 8.
26. Ekonomou 2007, p. 9.
27. Ekonomou, 2007, p. 10.
28. Ekonomou, 2007, pp. 10–11.
29. Ekonomou, 2007, p. 11.
30. Ekonomou, 2007, p. 12.
31. Ekonomou, 2007, p. 13.
32. Straw pg 25
33. Cavadini pg 39
34. Richards pg 228
35. "Servus servorum Dei" na edição de 1913 da Enciclopédia Católica (em inglês). Em domínio
público.
36. Dudden (1905) page 316.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Papa_Gregório_I 13/17
28/01/2024, 16:33 Papa Gregório I – Wikipédia, a enciclopédia livre
37. Smith, William; Samuel Cheetham (1875). A dictionary of Christian antiquities: Comprising the
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🔗
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