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Introdução:

O presente trabalho tem como objetivo estudar o alcoolismo e sua relação com
a lei, onde será analisado o conceito de alcoolismo, a sua classificação, os
fatores que aceleram e retardam a instalação da embriaguez, e ao fim a
relação da embriaguez com a lei, analisando as agravantes e atenuantes
penais que podem ser geradas ao indivíduo que está em estado de
embriaguez, bem como os desdobramentos em outras áreas do direito.

1 – Conceito de alcoólatra segundo a oms

O alcoolismo pode ser entendido como as anomalias clínicas que advêm de


intoxicações exógenas em razão do consumo de bebidas alcoólicas durante
um longo período de tempo e de forma excessiva. É desconhecida a real causa
do alcoolismo, mas acredita-se que o alcoólatra detêm uma predisposição de
natureza estritamente individual, visto que não viciados todos os que ingerem
bebidas alcoólicas.
A OMS (Organização Mundial de Saúde), define o alcoólatra “como o bebedor
excessivo, cuja dependência chegou ao ponto de lhe criar transtornos em sua
saúde física, ou mental, nas relações interpessoais e na sua função social e
econômica e que, por isso, necessita de tratamento.”
Há vários motivos que podem levar ao alcoolismo, como a frequência e
quantidade que há a ingestão do álcool, fatores genéticos, ambientais,
psicossociais, ou até mesmo a saúde do indivíduo.

Classificação:

O alcoolismo pode se classificar em:

Embriaguez: se trata da intoxicação alcoólica aguda, passageira e imediata.


Ante a dificuldade, do ponto de vista médico, em saber claramente os limites
nos níveis de embriaguez, normalmente a dividem em três fases, são elas:

da excitação ou subaguda: nessa fase o indivíduo ainda tem consciência do


que faz, tornando-se irrequieto, loquaz e buliçoso, se repelindo a alguma
irresponsabilidade penal.
Da confusão ou aguda: nessa fase, o indivíduo se torna agressivo e insolente,
proferindo palavras de baixo calão, ofendendo a terceiros, constituindo essa
fase certa periculosidade.

Do sono, comatosa ou superaguda: nessa fase, o indivíduo só oferece perigo a


si mesmo, onde entra em sono profundo, fincando totalmente vulnerável.

Embriaguez patológica: essa classificação de alcoolismo se manifesta nos


descendentes de alcoólatras, onde faz com que estes tenham atos violentos
mesmo sob baixa ingestão de bebida. Pode ser considerada como uma forma
especial de intoxicação alcoólica aguda, que podem ir desde a excitação de
forma eufórica até o coma alcoólico.

A embriaguez patológica se divide em quatro tipos: a) embriaguez agressiva e


violenta: onde o indivíduo se torna agressivo podendo cometer até homicídios;
b) embriaguez excitomotora: onde o indivíduo fica inquieto, sendo tomado por
uma raiva destrutiva seguida de amnésia lacunar; c) embriaguez convulsiva,
onde o indivíduo tem crises epileptiformes após impulsos destruidores; d)
embriaguez delirante, onde o indivíduo cria idéias de autodestruição, pondendo
haver tendências ao suicídio.

Fatores que acelera e retarda:

Fatores que podem influenciar o apressamento ou retardamento da


manifestação de embriaguez é a resistência individual, controle, hábito, as
indisposições transitórias, quantidade de bebida ingerida, percentual alcoólico,
o seu consumo durante o uso de medicamentos, a maior ou menor rapidez em
que é ingerida, dentre outros.

Tem relação direta com a plenitude e a vacuidade gástrica. Sendo assim, é


observável que o álcool ingerido em jejum, ou até mesmo depois de algumas
horas de alimentação é absorvido rapidamente pelo estômago, sendo 80%, e o
resto de 20% é absorvido pelo intestino.

No caso do álcool ingerido após a ingestão de alimentos gordurosos ou leite,


ocorre o inverso do explicado acima, nesses casos, o estômago absorve20%
do álcool, o estômago os outros 80%.

Embriaguez e a lei:

Se tratando do alcoolismo e demais estados de inconsciência preordenados, os


penalistas aplicam a teoria da “actio libera in causa ad libertatem relata”.
O artigo 28 do Código Penal diz não exclui a imputabilidade penal a
embriaguez voluntária ou culposa pelo álcool ou substâncias análogas.

A embriaguez voluntária não é a que ocorre em razão de caso fortuito ou força


maior, enquanto a culposa ocorre quando o indivíduo ingere bebida alcoólica
mesmo não tendo intenção de se embriagar, mesmo sabendo das
possibilidades para tanto.

Já no caso da embriaguez acidental, que advém de caso fortuito ou força


maior, tipificada no §1º, do artigo 28 do Código Penal, é excluída a
imputabilidade, não excluindo a responsabilidade penal, mas há a atenuação
de pena por ter havido a diminuição da capacidade de entendimento do agente.

Acarreta agravante de pena, a embriaguez preordenada para cometimento de


crime, estando essa modalidade de agravante tipificada no artigo 61, inciso II,
alínea l. Outra modalidade que agrava a pena para o acusado é a embriaguez
da vítima, pois trata-se de violência presumida, estando essa modalidade
tipificada no artigo 61, incido II, alínea c.

A embriaguez habitual não serve como fator decisivo ou de atenuantes. Os


ébrios habituais tem presunção “júris ET de jure”, onde caso sejam
processados, o juiz os concederá absolvição imprópria, com base no artigo 26
do cp e artigo 386, VI do CPC, sendo imposta a eles medidas de segurança até
que seja cessada a periculosidade.

Levando a embriaguez para o lado do direito civil, tal fator pode constituir injúria
grava, sendo motivo para justificar destituição de pátrio poder, bem como a
separação judicial. Pode também ser o ébrio habitual considerado reativamente
incapaz para certos atos, conforme estabelece o artigo 4º, inciso II do cc.

No código de trânsito há a previsão de cassação ou suspensão temporária da


CNH do motorista que dirigiu embriagado.

No âmbito do direito do trabalho o empregador é responsável por danos


causados aos funcionários na empresa, mesmo que embrigados, pois ele
assumiu o risco de contratar alguém nesse estado, pois doutrinariamente se
presume que o empregador deveria conhecer tal estado do funcionário.

Conclusão:

O alcoolismo pode ser entendido como uma doença, que pode gerar diversas
conseqüências negativas ao portador da embriaguez, bem como aqueles que
são próximos a ele, sendo necessário tratamento para se livrar desse estado
de dependência.
O alcoolismo tem grande relação com a lei, pois os atos criminais cometidos
por alguém nesse estado podem acarretar agravantes penais, bem como
atenuantes, variando da modalidade de embriaguez que tal pessoa porta, ou o
nível que estava durante o ato delituoso.

Portanto, se faz necessário o estudo da embriaguez juntamente com a lei, para


que seja conhecida as conseqüências que essa doença pode acarretar na vida
do indivíduo, tanto na esfera pessoal quanto na jurídica.

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