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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS - (UFAM)

INSTITUTO DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS - (IFCHS)


DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA
DISCIPLINA DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO III - (IHG099)
DOCENTE: PROFA. DRA. AMÉLIA REGINA BATISTA NOGUEIRA
DISCENTE: RAFAEL DIAS DE SOUZA

ANÁLISE DAS CONTRIBUIÇÕES TEÓRICAS DE PAULO FREIRE EM SUA


OBRA “PEDAGOGIA DA AUTONOMIA”, O QUE PODEMOS LEVAR
COMO APRENDIZADO PARA AS PRÁTICAS DOCENTES?

“NINGUÉM É SUJEITO DA AUTONOMIA DE NINGUÉM. POR OUTRO LADO,


NINGUÉM AMADURECE DE REPENTE, AOS VINTE E CINCO ANOS. A GENTE
VAI AMADURECENDO TODO DIA, OU NÃO. A AUTONOMIA ENQUANTO
AMADURECIMENTO DO SER PARA SI, É PROCESSO, É VIR A SER.”

PAULO FREIRE.

Paulo Reglus Neves Freire nasceu no estado de Pernambuco na cidade de Recife


em 19 de setembro de 1921, faleceu em 2 de maio de 1997 na cidade de São
Paulo, é considerado o pai ou patrono da educação brasileira, foi educador,
pedagogo e filósofo, suas contribuições teóricas e acadêmicas são reconhecidas
mundialmente na pedagogia do mundo todo, sua influência é marcada também por
iniciar o movimento da pedagogia crítica.

Em 1943 começou seus estudos na universidade de Recife, cursou Direito e


também se dedicou aos estudos da filosofia da linguagem, preferiu não exercer a
profissão de formação, se dedicou a ser professor de língua portuguesa em uma
escola de segundo grau, atual ensino médio, deu aula também em universidades
para graduação e programas de pós-graduação ao qual conheceu sua segunda
esposa Ana Maria Araújo sua orientanda do programa de mestrado da Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo (PUC - SP), Paulo Freire dedicou seu título de
Doutor Honoris Causa em São Paulo e em 1946 recebeu o cargo de diretor do
Departamento de Educação e Cultura do estado de Pernambuco, foi nesse período
que Paulo Freire iniciou seu trabalho com analfabetos carentes e muito pobres.

A sua experiência em alfabetizar essa população tomou a iniciativa do governo na


época de criar o método Paulo Freire ao qual seu grupo de intelectuais foi
responsável pela alfabetização de 300 cortadores de cana em apenas 45 dias. Após
esse período houve a ditadura militar no Brasil (1964), Freire é então considerado
“inimigo da nação”, sofre com o exílio e busca a vida em outros países ao qual
dedica seu trabalho. Foi o brasileiro mais homenageado da história pois ganhou 29
títulos de Doutor Honoris Causa de Universidades da América e Europa, recebeu
diversos prêmios da Unesco em Educação e Paz, em 1991 foi fundado o instituto
Paulo Freire com o intuito de estender e elaborar suas idéias, a instituição mantém
intacta seus arquivos e realiza diversas atividades em atuação de temas da
educação brasileira e mundial, em 13 de abril de 2012 é sancionada a lei 12.612.
que declara o educador Paulo Freire como patrono da educação brasileira.

A obra Pedagogia da autonomia de Paulo Freire foi publicada em 1996 pela


editora Paz e Terra, a obra é dedicada a diversos intelectuais da educação ao qual
estiveram ao seu lado durante seu trabalho, a obra é dedicada também a
professores e futuros professores para que possam ter uma visão libertária de
educação e de sua prática profissional.

O livro aborda as idéias de Paulo Freire como uma expressão da emergência das
classes populares, nisso, surge o sentido de educação libertária em um período
onde metade da população brasileira enfrentava o analfabetismo, nesse sentido, as
concepções de educação libertária de Paulo Freire são consideradas a todos os
povos de terceiro mundo, Paulo Freire era dotado da concepção de Maiêutica
Socrática em que palavras possuem significado ao homem e dizem respeito a sua
dor, seu trabalho e sua fome, a conquista do saber se realiza através do exercício
livre das consciências, ou seja, o homem jamais deve limitar-se ao aprendizado das
técnicas ou de noções abstratas, a pedagogia crítica surge da liberdade do modo de
ser do homem, através da tomada de consciência em situações sociais, isto é, no
pensamento coletivo.

A educação libertária e seus princípios de Paulo Freire deram início através da


reação de movimentos populares da indústria e do campo, o sindicalismo agrário foi
o principal estopim para o início do pensamento crítico através da educação, o
Nordeste Brasileiro nas décadas de 1950 e 1960 enfrentava a miséria e o
analfabetismo, Freire inicia seu trabalho de alfabetização em 45 dias com esta
população. A era de Paulo Freire surge em uma época onde revoltas populares
aconteciam por conta da industrialização e o êxodo rural e por conta disso surge as
classes populares em meio urbano composta por trabalhadores, o maior obstáculo a
Freire nessa época foi a política direitista da burguesia e do conservadorismo,
obstáculos esses que são enfrentados até os dias de hoje a quem é adepto a Paulo
Freire.

Paulo Freire defende a Educação como prática de liberdade para uma sociedade
descolonizada e fora das correntes, a educação torna-se uma “Auto - reflexão”, ser
um sujeito é ter tomada de consciência sobre seu tempo e espaço, o conhecimento
histórico contribui para a transcendência social humana, o ser humano herda,
incorpora e modifica seu meio, a integração do homem é a capacidade de aprender,
o ser humano evolui através da intelectualidade, Freire antes de alfabetizar a
população proletária ensinou antes a visão social em que estes cidadãos fazem
parte, seguinte, os mesmos aprendem a ler e escrever,a ética e a empatia deve ser
os primeiros princípios e passos a serem seguidos na escolha de seguir a carreira
de Professor pois educar é humanizar, isto é, através de princípios críticos e morais
ao qual o aluno ou indivíduo encontra-se inserido, o Professor forma cidadãos
críticos e ciente de sua realidade.

Não há docência sem discência, aprender procede a ensinar e aprendemos


ensinando, o primeiro capítulo da obra deixa claro que a curiosidade é
epistemológica, a curiosidade leva a criatividade, Freire deixa em aberto a sua
concepção de “Ensino Bancário”, termo utilizado para definir uma educação
tradicionalista, uma educação autoritária onde o educador não é livre para usufruir
de suas criatividades que estimulam a curiosidade e solução de respostas a seus
alunos.

Com isto, surge, a reflexão de que o Professor deve manter vivo em si o gosto da
rebeldia que aguça a sua curiosidade e estimula a sua capacidade de arriscar-se, o
que o imuniza contra o poder apassivador do “Bancarismo”, a curiosidade não
facilmente satisfeita, supera os efeitos negativos do falso ensinar, ensinar é ir além
de seus condicionantes, o educador deve ser democrático em suas práticas e
metódico nas aulas, sempre seguindo o raciocínio crítico, deve transparecer a seus
alunos que todos podemos ser interventores do mundo, Freire deixa claro que
ensinar exige pesquisa, estimulando sempre a curiosidade epistemológica,
trabalhando sempre a indagação, isto claro, sempre através da criticidade, ensinar
sempre exige do professor uma reflexão crítica sobre a prática, é pensando
criticamente a prática de hoje que mudamos a prática do amanhã.

As contribuições de Paulo Freire em sua obra Pedagogia da Autonomia é


necessária a todos os estudantes de licenciatura e professores em geral, nos serve
como um guia de ética e princípios a ser seguidos durante toda a carreira
profissional, para sermos sujeitos críticos na educação é necessário termos noção
das contribuições freirianas que nos servem como ótimos referenciais teóricos na
visão social de uma educação libertária, humanista e construtivista. Para os
professores de Geografia, as contribuições de Paulo Freire são ótimas a se analisar
na compreensão da dinâmica social do homem sobre o espaço, Freire viveu em
uma época onde o Brasil estava em transição de uma economia agrária para a
economia da industrialização, a população do campo mudou-se então para os
grandes centros urbanos, com isto, surge uma classe social de trabalhadores, em
sua maioria pobres e analfabetos que ocupavam as regiões mais pobres dos
grandes centros urbanos e metropolitanos em busca de trabalho nas grandes
fábricas que se instalavam ali, apesar dessa mudança gradativa que o país
passava, metade da população brasileira ainda se encontrava no campo, população
essa que vivia em condições extremas de miséria, analisar tudo isso em um ponto
de vista crítico na Geografia nos trás a compreensão da leitura social, urbana,
regional e econômica que moldou nosso país, o que deixa rastros sociais até os
dias de hoje, além disso, possibilita ao professor de Geografia levar o conhecimento
e a aprendizagem crítica significativa a seus alunos das melhores maneiras
possíveis visto que as contribuições freireanas nos leva a expandir nossas
metodologias ativas na aprendizagem da realidade social em que estamos
inseridos.

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