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ANÁLISE DO DISCURSO - ENI P.

ORLANDI

A contribuição da análise do discurso –

Problematizar as maneiras de ler

Levar o sujeito falante ou o leitor a se colocarem questões sobre o que produzem e o que
ouvem nas diferentes manifestações da linguagem

Não podemos não estar sujeitos à linguagem, a seus equívocos, sua opacidade

Não há neutralidade no uso dos signos

A entrada no simbólico é irremediável e permanente: o sentido e o político

Não temos como não interpretar

Saber como os discursos funcionam é estar numa encruzilhada de um jogo duplo de memória:
a institucional que estabiliza e cristaliza e, ao mesmo tempo, o da memória constituída pelo
esquecimento que é o que torna possível o diferente, a ruptura, o outro.

Movimento dos sentidos, errância dos sujeitos, lugares provisórios de conjunção e dispersão,
de unidade e de diversidade, de indistinção, de incerteza, de trajetos, de ancoragem e de
vestígios, isto é o ritual da palavra, mesmo os da que não se dizem.

É na movência, na provisoriedade, que os sujeitos e os sentidos se estabelecem, de outro, eles


se estabilizam, se cristalizam, permanecem

Se de um lado há imprevisibilidade do sujeito com o sentido, da linguagem com o mundo, por


outro toda formação social, no entanto, tem formas de controle de interpretação, que são
historicamente determinadas: há modos de se interpretar e especialistas, os sentidos estão
sempre administrados, nunca estão soltos.

Ao falar interpretamos, mas, ao mesmo tempo, os sentidos parecem já estar sempre lá.

Cap. 1 – O discurso

A linguagem em questão

Linguistica ou gramática normativa

A análise do discurso não trata da língua não trata da gramática apesar das duas terem papel
fundamental a análise do discurso trata do discurso

Etimologicamente a palavra discurso tem em si a ideia de curso, de percurso, de correr por, de


movimento, discurso é assim palavra em movimento, prática de linguagem: com o estudo do
discurso se observa o homem falando.

Na análise do discurso, procura-se compreender a língua fazendo sentido, enquanto trabalho


simbólico, parte do trabalho social geral, constitutivo do homem e da sua história.

Os estudos discursivos visam pensar o sentido dimensionado no tempo e no espaço das


práticas do homem, descentrando a noção de sujeito e relativizando a autonomia do objeto da
linguística.

A materialidade específica da ideologia é o discurso e a materialidade específica específica do


discurso é a língua, trabalha-se a relação língua-discurso-ideologia.
Um novo terreno e estudos preliminares

M. Bréal séc. XIX com sua semântica histórica

Z. Harris anos 50 séc. XX isomorfismo

Estruturalismo europeu o inglês M.A.K.Halliday não trabalha com a forma material, ou com a
ideologia como constitutiva, estaciona na descrição.

Filiações teóricas

Anos 60 a análise do discurso se constitui num espaço de questões criadas na relação a partir
da psicanálise, do marxismo e da linguística.

Não transparente não transparente


Linguistica
Linguagem Materialismo
histórico

Língua O homem faz


história

Produção de
sentido

Discurso

Produção linguístico-histórica

Forma e conteúdo

acontecimento

O sujeito da linguagem é descentrado pois é afetado pelo real da língua e pelo real da história,
não tendo o controle sobre o modo como elas o afetam. Isso redunda em dizer que o sujeito
discursivo funciona pelo inconsciente e pela ideologia.

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