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LÍNGUA PORTUGUESA

LINGUAGEM VERBAL, VISUAL E SONORA; FORMAS DE LINGUAGEM; COMUNICAÇÃO; SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO:


PUBLICITÁRIO, INFORMATIVO, ARTÍSTICO E DE ENTRETENIMENTO. O QUE É UM TEXTO; FUNÇÃO NARRATIVA; CA-
RACTERÍSTICAS DA NARRATIVA; FUNÇÃO EXPOSITIVA; TEXTO DISSERTATIVO; TEXTO JORNALÍSTICO; TEXTO INSTRU-
CIONAL; FUNÇÃO PERSUASIVA; CARTA ARGUMENTATIVA

Existem muitas linguagens e cada uma delas é composta de diversos elementos. Alguns exemplos: letras e palavras são elementos
da linguagem escrita; cores e formas são elementos da linguagem visual; timbre e ritmo são alguns dos elementos da linguagem sonora.
A linguagem expressa, cria, produz ou comunica algo. Há linguagens verbais e não verbais. Cada uma delas é composta por diversos
elementos. Alguns exemplos: letras e palavras são elementos da linguagem verbal; cores e formas são elementos da linguagem visual;
timbre e ritmo são alguns dos elementos da linguagem sonora.

Linguagem verbal
A linguagem verbal é caracterizada pela comunicação através do uso de palavras. Essas palavras podem ser faladas ou escritas. O
conjunto das palavras utilizadas em uma língua é chamado de léxico.

Linguagem não verbal


A comunicação não verbal é compreendida como toda a comunicação realizada através de elementos não verbais. Ou seja, que não
usem palavras.

Linguagem verbal Linguagem não verbal


• Imagens
• • Gestos
Elementos presentes Palavras • Sons
• Expressões corporais e faciais
• Conversas • Língua de sinais
• Discursos • Placas de aviso e de trânsito
Exemplos • Textos • Obras de arte
• Rádio • Dança
Interpretação de linguagem não verbal (tabelas, fotos, quadrinhos, etc.)
A simbologia é uma forma de comunicação não verbal que consegue, por meio de símbolos gráficos populares, transmitir mensagens
e exprimir ideias e conceitos em uma linguagem figurativa ou abstrata. A capacidade de reconhecimento e interpretação das imagens/
símbolos é determinada pelo conhecimento de cada pessoa.

Exemplos:
PLACAS

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CHARGES

TIRINHAS

GRÁFICOS

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NÍVEIS DE LINGUAGEM Assim a gíria é criada por determinados grupos que divulgam
o palavreado para outros grupos até chegar à mídia. Os meios de
Definição de linguagem comunicação de massa, como a televisão e o rádio, propagam os
Linguagem é qualquer meio sistemático de comunicar ideias novos vocábulos, às vezes, também inventam alguns. A gíria pode
ou sentimentos através de signos convencionais, sonoros, gráficos, acabar incorporada pela língua oficial, permanecer no vocabulário
gestuais etc. A linguagem é individual e flexível e varia dependendo de pequenos grupos ou cair em desuso.
da idade, cultura, posição social, profissão etc. A maneira de arti- Ex.: “chutar o pau da barraca”, “viajar na maionese”, “galera”,
cular as palavras, organizá-las na frase, no texto, determina nossa “mina”, “tipo assim”.
linguagem, nosso estilo (forma de expressão pessoal).
As inovações linguísticas, criadas pelo falante, provocam, com Linguagem vulgar
o decorrer do tempo, mudanças na estrutura da língua, que só as Existe uma linguagem vulgar relacionada aos que têm pouco
incorpora muito lentamente, depois de aceitas por todo o grupo ou nenhum contato com centros civilizados. Na linguagem vulgar
social. Muitas novidades criadas na linguagem não vingam na língua há estruturas com “nóis vai, lá”, “eu di um beijo”, “Ponhei sal na
e caem em desuso. comida”.

Língua escrita e língua falada Linguagem regional


A língua escrita não é a simples reprodução gráfica da língua Regionalismos são variações geográficas do uso da língua pa-
falada, por que os sinais gráficos não conseguem registrar grande drão, quanto às construções gramaticais e empregos de certas pala-
parte dos elementos da fala, como o timbre da voz, a entonação, e vras e expressões. Há, no Brasil, por exemplo, os falares amazônico,
ainda os gestos e a expressão facial. Na realidade a língua falada é nordestino, baiano, fluminense, mineiro, sulino.
mais descontraída, espontânea e informal, porque se manifesta na
conversação diária, na sensibilidade e na liberdade de expressão Funções da linguagem
do falante. Nessas situações informais, muitas regras determinadas Funções da linguagem são recursos da comunicação que, de
pela língua padrão são quebradas em nome da naturalidade, da li- acordo com o objetivo do emissor, dão ênfase à mensagem trans-
berdade de expressão e da sensibilidade estilística do falante. mitida, em função do contexto em que o ato comunicativo ocorre.
São seis as funções da linguagem, que se encontram direta-
Linguagem popular e linguagem culta mente relacionadas com os elementos da comunicação.
Podem valer-se tanto da linguagem popular quanto da lingua-
gem culta. Obviamente a linguagem popular é mais usada na fala, Funções da Linguagem Elementos da
nas expressões orais cotidianas. Porém, nada impede que ela esteja Comunicação
presente em poesias (o Movimento Modernista Brasileiro procurou
valorizar a linguagem popular), contos, crônicas e romances em que Função referencial ou denotativa contexto
o diálogo é usado para representar a língua falada. Função emotiva ou expressiva emissor
Função apelativa ou conativa receptor
Linguagem Popular ou Coloquial
Usada espontânea e fluentemente pelo povo. Mostra-se quase Função poética mensagem
sempre rebelde à norma gramatical e é carregada de vícios de lin- Função fática canal
guagem (solecismo – erros de regência e concordância; barbarismo
– erros de pronúncia, grafia e flexão; ambiguidade; cacofonia; pleo- Função metalinguística código
nasmo), expressões vulgares, gírias e preferência pela coordenação,
que ressalta o caráter oral e popular da língua. A linguagem popular Função Referencial
está presente nas conversas familiares ou entre amigos, anedotas, A função referencial tem como objetivo principal informar, re-
irradiação de esportes, programas de TV e auditório, novelas, na ferenciar algo. Esse tipo de texto, que é voltado para o contexto da
expressão dos esta dos emocionais etc. comunicação, é escrito na terceira pessoa do singular ou do plural,
o que enfatiza sua impessoalidade.
A Linguagem Culta ou Padrão Para exemplificar a linguagem referencial, podemos citar os
É a ensinada nas escolas e serve de veículo às ciências em que materiais didáticos, textos jornalísticos e científicos. Todos eles, por
se apresenta com terminologia especial. É usada pelas pessoas ins- meio de uma linguagem denotativa, informam a respeito de algo,
truídas das diferentes classes sociais e caracteriza-se pela obediên- sem envolver aspectos subjetivos ou emotivos à linguagem.
cia às normas gramaticais. Mais comumente usada na linguagem
escrita e literária, reflete prestígio social e cultural. É mais artificial, Exemplo de uma notícia:
mais estável, menos sujeita a variações. Está presente nas aulas, O resultado do terceiro levantamento feito pela Aliança Global
conferências, sermões, discursos políticos, comunicações científi- para Atividade Física de Crianças — entidade internacional dedica-
cas, noticiários de TV, programas culturais etc. da ao estímulo da adoção de hábitos saudáveis pelos jovens — foi
decepcionante. Realizado em 49 países de seis continentes com o
Gíria objetivo de aferir o quanto crianças e adolescentes estão fazendo
A gíria relaciona-se ao cotidiano de certos grupos sociais como exercícios físicos, o estudo mostrou que elas estão muito sedentá-
arma de defesa contra as classes dominantes. Esses grupos utilizam rias. Em 75% das nações participantes, o nível de atividade física
a gíria como meio de expressão do cotidiano, para que as mensa- praticado por essa faixa etária está muito abaixo do recomendado
gens sejam decodificadas apenas por eles mesmos. para garantir um crescimento saudável e um envelhecimento de

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qualidade — com bom condicionamento físico, músculos e esquele- Função Fática


tos fortes e funções cognitivas preservadas. De “A” a “F”, a maioria A função fática tem como principal objetivo estabelecer um ca-
dos países tirou nota “D”. nal de comunicação entre o emissor e o receptor, quer para iniciar a
transmissão da mensagem, quer para assegurar a sua continuação.
Função Emotiva A ênfase dada ao canal comunicativo.
Caracterizada pela subjetividade com o objetivo de emocionar. Esse tipo de função é muito utilizado nos diálogos, por exem-
É centrada no emissor, ou seja, quem envia a mensagem. A mensa- plo, nas expressões de cumprimento, saudações, discursos ao tele-
gem não precisa ser clara ou de fácil entendimento. fone, etc.
Por meio do tipo de linguagem que usamos, do tom de voz que
empregamos, etc., transmitimos uma imagem nossa, não raro in- Exemplo:
conscientemente. -- Calor, não é!?
Emprega-se a expressão função emotiva para designar a utili- -- Sim! Li na previsão que iria chover.
zação da linguagem para a manifestação do enunciador, isto é, da- -- Pois é...
quele que fala.
Função Metalinguística
Exemplo: Nós te amamos! É caracterizada pelo uso da metalinguagem, ou seja, a lingua-
gem que se refere a ela mesma. Dessa forma, o emissor explica um
Função Conativa código utilizando o próprio código.
A função conativa ou apelativa é caracterizada por uma lingua- Nessa categoria, os textos metalinguísticos que merecem des-
gem persuasiva com a finalidade de convencer o leitor. Por isso, o taque são as gramáticas e os dicionários.
grande foco é no receptor da mensagem. Um texto que descreva sobre a linguagem textual ou um do-
Trata-se de uma função muito utilizada nas propagandas, pu- cumentário cinematográfico que fala sobre a linguagem do cinema
blicidades e discursos políticos, a fim de influenciar o receptor por são alguns exemplos.
meio da mensagem transmitida. Exemplo:
Amizade s.f.: 1. sentimento de grande afeição, simpatia, apreço
Esse tipo de texto costuma se apresentar na segunda ou na ter-
entre pessoas ou entidades. “sentia-se feliz com a amizade do seu
ceira pessoa com a presença de verbos no imperativo e o uso do
mestre”
vocativo.
2. POR METONÍMIA: quem é amigo, companheiro, camarada.
Não se interfere no comportamento das pessoas apenas com
“é uma de suas amizades fiéis”
a ordem, o pedido, a súplica. Há textos que nos influenciam de ma-
neira bastante sutil, com tentações e seduções, como os anúncios Compreensão e Interpretação de Textos
publicitários que nos dizem como seremos bem-sucedidos, atraen- Compreender e interpretar textos é essencial para que o obje-
tes e charmosos se usarmos determinadas marcas, se consumirmos tivo de comunicação seja alcançado satisfatoriamente. Com isso, é
certos produtos. importante saber diferenciar os dois conceitos. Vale lembrar que o
Com essa função, a linguagem modela tanto bons cidadãos, texto pode ser verbal ou não-verbal, desde que tenha um sentido
que colocam o respeito ao outro acima de tudo, quanto esperta- completo.
lhões, que só pensam em levar vantagem, e indivíduos atemoriza- A compreensão se relaciona ao entendimento de um texto e
dos, que se deixam conduzir sem questionar. de sua proposta comunicativa, decodificando a mensagem explíci-
Exemplos: Só amanhã, não perca! ta. Só depois de compreender o texto que é possível fazer a sua
Vote em mim! interpretação.
A interpretação são as conclusões que chegamos a partir do
Função Poética conteúdo do texto, isto é, ela se encontra para além daquilo que
Esta função é característica das obras literárias que possui está escrito ou mostrado. Assim, podemos dizer que a interpreta-
como marca a utilização do sentido conotativo das palavras. ção é subjetiva, contando com o conhecimento prévio e do reper-
Nela, o emissor preocupa-se de que maneira a mensagem será tório do leitor.
transmitida por meio da escolha das palavras, das expressões, das Dessa maneira, para compreender e interpretar bem um texto,
figuras de linguagem. Por isso, aqui o principal elemento comunica- é necessário fazer a decodificação de códigos linguísticos e/ou vi-
tivo é a mensagem. suais, isto é, identificar figuras de linguagem, reconhecer o sentido
A função poética não pertence somente aos textos literários. de conjunções e preposições, por exemplo, bem como identificar
Podemos encontrar a função poética também na publicidade ou expressões, gestos e cores quando se trata de imagens.
nas expressões cotidianas em que há o uso frequente de metáforas
(provérbios, anedotas, trocadilhos, músicas). Dicas práticas
1. Faça um resumo (pode ser uma palavra, uma frase, um con-
Exemplo: ceito) sobre o assunto e os argumentos apresentados em cada pa-
“Basta-me um pequeno gesto, rágrafo, tentando traçar a linha de raciocínio do texto. Se possível,
feito de longe e de leve, adicione também pensamentos e inferências próprias às anotações.
para que venhas comigo 2. Tenha sempre um dicionário ou uma ferramenta de busca
e eu para sempre te leve...” por perto, para poder procurar o significado de palavras desconhe-
(Cecília Meireles) cidas.
3. Fique atento aos detalhes oferecidos pelo texto: dados, fon-
te de referências e datas.

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4. Sublinhe as informações importantes, separando fatos de Alguns exemplos de gêneros textuais:


opiniões. • Artigo
5. Perceba o enunciado das questões. De um modo geral, ques- • Bilhete
tões que esperam compreensão do texto aparecem com as seguin- • Bula
tes expressões: o autor afirma/sugere que...; segundo o texto...; de • Carta
acordo com o autor... Já as questões que esperam interpretação do • Conto
texto aparecem com as seguintes expressões: conclui-se do texto • Crônica
que...; o texto permite deduzir que...; qual é a intenção do autor • E-mail
quando afirma que... • Lista
• Manual
Tipologia Textual • Notícia
A partir da estrutura linguística, da função social e da finali- • Poema
dade de um texto, é possível identificar a qual tipo e gênero ele • Propaganda
pertence. Antes, é preciso entender a diferença entre essas duas • Receita culinária
classificações. • Resenha
• Seminário
Tipos textuais
A tipologia textual se classifica a partir da estrutura e da finali- Vale lembrar que é comum enquadrar os gêneros textuais em
dade do texto, ou seja, está relacionada ao modo como o texto se determinados tipos textuais. No entanto, nada impede que um tex-
apresenta. A partir de sua função, é possível estabelecer um padrão to literário seja feito com a estruturação de uma receita culinária,
específico para se fazer a enunciação. por exemplo. Então, fique atento quanto às características, à finali-
Veja, no quadro abaixo, os principais tipos e suas características: dade e à função social de cada texto analisado.

Apresenta um enredo, com ações e Propaganda


relações entre personagens, que ocorre Este gênero aparece também na forma oral, diferente da maio-
em determinados espaço e tempo. É ria dos outros gêneros. Suas principais características são a lingua-
TEXTO NARRATIVO gem argumentativa e expositiva, pois a intenção da propaganda é
contado por um narrador, e se estrutura
da seguinte maneira: apresentação > fazer com que o destinatário se interesse pelo produto da propa-
desenvolvimento > clímax > desfecho ganda. O texto pode conter algum tipo de descrição e sempre é
claro e objetivo.
Tem o objetivo de defender determinado
TEXTO ponto de vista, persuadindo o leitor a Anúncio
DISSERTATIVO partir do uso de argumentos sólidos. O termo anúncio pode ser aplicado em diferentes contextos,
ARGUMENTATIVO Sua estrutura comum é: introdução > sempre com o significado de divulgar algo. Todo anúncio tem o ob-
desenvolvimento > conclusão. jetivo de comunicar sobre algo publicamente: “vistes o anúncio que
Procura expor ideias, sem a necessidade saiu no jornal hoje?”.
de defender algum ponto de vista. Para E o termo anúncio é derivado do latim “annuntius“, que possui
isso, usa-se comparações, informações, o significado de “o que anuncia”.
TEXTO EXPOSITIVO Podemos ter um anúncio feito na televisão, sendo uma notícia
definições, conceitualizações etc. A
estrutura segue a do texto dissertativo- ou mesmo um comercial, por exemplo. Esse anúncio terá o propó-
argumentativo. sito de apresentar alguma coisa, sendo na maioria das vezes feito
por uma empresa ou profissional ou, ainda, por uma figura pública.
Expõe acontecimentos, lugares, pessoas,
Ainda podemos ter um anúncio feito por uma pessoa sobre al-
de modo que sua finalidade é descrever,
gum fato importante: “hoje anunciei na empresa que na semana
TEXTO DESCRITIVO ou seja, caracterizar algo ou alguém. Com
que vem será meu casamento”, “ele se levantou e disse aos convi-
isso, é um texto rico em adjetivos e em
dados que faria um anúncio importante”, “o casal anunciou a gravi-
verbos de ligação.
dez no começo do ano”.
Oferece instruções, com o objetivo de
TEXTO INJUNTIVO orientar o leitor. Sua maior característica Pronunciamento
são os verbos no modo imperativo. Um anúncio pode ser uma mensagem deixada por alguém
como um político ou alguma figura pública, tendo esse o objetivo
de comunicar uma ação importante para um determinado público,
Gêneros textuais por exemplo:
A classificação dos gêneros textuais se dá a partir do reconhe- – O prefeito fará um anúncio hoje das medidas que tomará
cimento de certos padrões estruturais que se constituem a partir para impedir o avanço da doença na cidade;
da função social do texto. No entanto, sua estrutura e seu estilo – A cantora fez um anúncio ao público sobre a sua aposenta-
não são tão limitados e definidos como ocorre na tipologia textual, doria;
podendo se apresentar com uma grande diversidade. Além disso, o – O ator fez um anúncio por meio da sua assessoria de impren-
padrão também pode sofrer modificações ao longo do tempo, as- sa sobre o ocorrido naquele dia.
sim como a própria língua e a comunicação, no geral.

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Anúncio publicitário Essa frase acima poderia ser substituída por:


Quando falamos em anúncios, o conceito mais usual é o de – O que indicada que haverá primavera são o desabrochar das
anúncio publicitário, que se trata de uma forma de apresentar para flores.
o público um produto, serviço ou uma marca. Os comerciais que
passam na televisão, na internet e em jornais e revistas, por exem- Mas tal termo pode surgir como sinônimo de outros termos
plo, são anúncios publicitários. com o mesmo significado de sinal, indicativo, veja outros exemplos
Esse tipo de anúncio tem o objetivo de atrair o público para a seguir:
que conheçam uma marca ou adquiram um produto ou serviço que – O anúncio de que tudo terminaria foi a sua frieza cada dia
é apresentado. mais evidente.
Para a criação de um anúncio desses são usados diferentes ti-
pos de elementos, por exemplo: imagens, vídeo, texto, áudio, etc. Essa frase poderia ser substituída por:
Nos dias de hoje, as marcas cuidam para que a mensagem – O que mostrava que tudo terminaria foi a sua frieza cada dia
transmitida por meio dos seus anúncios publicitários seja de acordo mais evidente.
com os interesses do seu público, pois apenas assim elas consegui-
rão atrair a atenção deles e alcançar o objetivo propostos com o uso Notícia
desses anúncios. Este é um dos tipos de texto que é mais fácil de identificar. Sua
Como mencionado, um anúncio publicitário pode ser em vídeo linguagem é narrativa e descritiva e o objetivo desse texto é infor-
ou em texto e imagem ou, ainda, apenas em textos (mas esse tipo mar algo que aconteceu.
é mais raro). A notícia é um dos principais tipos de textos jornalísticos exis-
No que diz respeito aos anúncios em imagem com textos, po- tentes e tem como intenção nos informar acerca de determinada
demos tomar como exemplo os outdoors, os anúncios em revistas, ocorrência. Bastante recorrente nos meios de comunicação em ge-
jornais, etc. Inclusive, há ainda os anúncios na internet em sites, ral, seja na televisão, em sites pela internet ou impresso em jornais
blogs, entre outros. ou revistas.
Já sobre os anúncios em vídeo, eles são aqueles que são trans- Caracteriza-se por apresentar uma linguagem simples, clara,
mitidos na televisão e pela internet. Esse tipo de anúncio acaba objetiva e precisa, pautando-se no relato de fatos que interessam
conseguindo evocar um sentimento no público até de modo mais ao público em geral. A linguagem é clara, precisa e objetiva, uma
fácil do que seria com um anúncio em imagem e texto, posto que vez que se trata de uma informação.
há ali elementos com mais dinâmica, podendo usar música e outras
linguagens para isso. Editorial
O editorial é um tipo de texto jornalístico que geralmente apa-
Anúncios na internet rece no início das colunas. Diferente dos outros textos que com-
Temos hoje em dia boa parte dos anúncios sendo elaborado põem um jornal, de caráter informativo, os editoriais são textos
para apresentação na internet. Quanto a isso, podemos mencionar opinativos.
os anúncios na internet em texto, links, anúncios em vídeo, imagem Embora sejam textos de caráter subjetivo, podem apresentar
com texto, etc. certa objetividade. Isso porque são os editoriais que apresentam
Diferente de anúncios na televisão, rádio, revistas, etc., os os assuntos que serão abordados em cada seção do jornal, ou seja,
anúncios feitos para a internet permitem maior interação do pú- Política, Economia, Cultura, Esporte, Turismo, País, Cidade, Classifi-
blico. cados, entre outros.
A pessoa que se depara com esse anúncio pode fazer um clique Os textos são organizados pelos editorialistas, que expressam
na imagem, link, banner ou outro recurso e ser direcionado para o as opiniões da equipe e, por isso, não recebem a assinatura do au-
site da marca que o fez. E essa marca consegue usar ferramentas tor. No geral, eles apresentam a opinião do meio de comunicação
para medir o desempenho desse anúncio (saber quanto cliques ele (revista, jornal, rádio, etc.).
recebeu, a localização de quem clicou, etc.), diferente do que seria Tanto nos jornais como nas revistas podemos encontrar os edi-
no caso de anúncios em outras mídias como a televisão. toriais intitulados como “Carta ao Leitor” ou “Carta do Editor”.
Os anúncios pela internet podem acontecer por meio de sites, Em relação ao discurso apresentado, esse costuma se apoiar
blogs, redes sociais, e-mail marketing, links patrocinados, etc. É co- em fatos polêmicos ligados ao cotidiano social. E quando falamos
mum que se chame a estratégia de usar a internet como forma de em discurso, logo nos atemos à questão da linguagem que, mesmo
divulgar uma marca de marketing digital. em se tratando de impressões pessoais, o predomínio do padrão
Na internet, os anúncios costumam ser chamados de “ads”, que formal, fazendo com que prevaleça o emprego da 3ª pessoa do sin-
é um termo em inglês com o significado de anúncio ou publicidade, gular, ocupa lugar de destaque.
mas geralmente esses são os anúncios que as pessoas ou empresas
pagam para que apareçam em diferentes locais na internet. Reportagem
Reportagem é um texto jornalístico amplamente divulgado nos
Anúncio como sinal meios de comunicação de massa. A reportagem informa, de modo
Por fim, há também o uso do termo “anúncio” como forma de mais aprofundado, fatos de interesse público. Ela situa-se no ques-
indicar algo, sendo muitas das vezes usado como sinônimo de “o tionamento de causa e efeito, na interpretação e no impacto, so-
que indica que…”. mando as diferentes versões de um mesmo acontecimento.
A reportagem não possui uma estrutura rígida, mas geralmen-
Se há a seguinte frase: te costuma estabelecer conexões com o fato central, anunciado no
– O anúncio da primavera são o desabrochar das flores”. que chamamos de lead. A partir daí, desenvolve-se a narrativa do

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fato principal, ampliada e composta por meio de citações, trechos • Desenvolvimento: o desenvolvimento é a parte mais extensa
de entrevistas, depoimentos, dados estatísticos, pequenos resu- da carta, em que o autor apresenta os argumentos que sustentam a
mos, dentre outros recursos. É sempre iniciada por um título, como tese defendida. Esses argumentos devem ser organizados de forma
todo texto jornalístico. lógica e coerente, seguindo uma ordem que ajude a reforçar a tese.
O objetivo de uma reportagem é apresentar ao leitor várias • Conclusão: a conclusão é a parte em que o autor retoma a
versões para um mesmo fato, informando-o, orientando-o e contri- tese defendida e apresenta uma síntese dos principais argumentos.
buindo para formar sua opinião. É importante que essa parte seja persuasiva, reforçando a impor-
A linguagem utilizada nesse tipo de texto é objetiva, dinâmi- tância da tese defendida e convencendo o leitor.
ca e clara, ajustada ao padrão linguístico divulgado nos meios de • Despedida: a despedida é a forma de encerrar a carta e deve
comunicação de massa, que se caracteriza como uma linguagem ser adequada ao contexto. É comum utilizar expressões como
acessível a todos os públicos, mas pode variar de formal para mais “Atenciosamente” ou “Cordialmente”.
informal dependendo do público a que se destina. Embora seja im- • Assinatura: a assinatura é o nome do autor da carta e pode
pessoal, às vezes é possível perceber a opinião do repórter sobre os ser seguida de informações adicionais, como o cargo ou a institui-
fatos ou sua interpretação. ção em que trabalha.

Carta argumentativa Como fazer uma carta argumentativa


A carta argumentativa é um gênero textual que tem como ob- Defina o objetivo da carta:
jetivo convencer o leitor a respeito de um determinado ponto de Antes de começar a escrever, é importante definir claramente
vista ou ideia. qual é o objetivo da sua carta. Você quer persuadir alguém a tomar
Nesse tipo de texto, o autor utiliza argumentos consistentes e uma determinada decisão? Quer defender um ponto de vista em
estratégias de persuasão para defender sua posição sobre um tema relação a um tema polêmico? Quer apresentar uma solução para
específico. um problema específico? Ter essa definição clara em mente ajudará
a direcionar o seu texto e a escolher os argumentos mais adequa-
dos.
Características da carta argumentativa
As principais características de uma carta argumentativa in-
Conheça o seu público-alvo
cluem:
Outra etapa importante é conhecer o destinatário da carta.
• Tese clara e bem definida: a carta argumentativa deve apre-
Quem é essa pessoa? Qual é o seu perfil? Quais são suas crenças e
sentar uma tese forte e coerente que defenda um ponto de vista ou
valores? Entender essas informações é fundamental para adaptar a
ideia sobre um determinado tema.
linguagem e o tom da carta de forma mais efetiva.
• Argumentos consistentes: é fundamental que a carta apre-
sente argumentos sólidos e consistentes para persuadir o leitor. Escreva a introdução
Esses argumentos devem ser apoiados por evidências, exemplos e A introdução da carta é uma parte fundamental, pois é nela
fatos que sustentem a tese defendida. que você deve apresentar o tema e a tese que será defendida. A in-
• Organização lógica: a carta deve ser organizada de forma cla- trodução deve ser clara e objetiva, despertando a atenção do leitor
ra e coerente, com uma estrutura lógica que facilite a compreensão e deixando claro qual é o ponto de vista que será defendido.
do leitor. É importante apresentar os argumentos em uma ordem
que faça sentido e que ajude a reforçar a tese defendida. Elabore os argumentos
• Uso de estratégias de persuasão: para convencer o leitor, a Os argumentos são a base da carta argumentativa. Eles devem
carta argumentativa deve utilizar estratégias de persuasão, como o ser organizados de forma lógica e coerente, seguindo uma ordem
uso de figuras de linguagem, exemplos concretos, dados estatísti- que ajude a reforçar a tese. É importante lembrar que os argumen-
cos, entre outros recursos. tos devem ser baseados em fatos e dados concretos, para que se-
• Linguagem adequada: a linguagem utilizada na carta deve ser jam mais convincentes.
adequada ao contexto e ao público-alvo, evitando expressões mui-
to informais ou coloquiais. Além disso, é importante utilizar uma Apresente possíveis objeções
linguagem clara e objetiva, evitando ambiguidades e redundâncias. É comum que haja objeções aos argumentos apresentados. É
importante, portanto, prever essas possíveis objeções e refutá-las
Estrutura de uma carta argumentativa de forma clara e objetiva. Isso ajuda a reforçar a tese e a tornar os
A estrutura de uma carta argumentativa pode variar um pouco argumentos mais sólidos.
de acordo com o contexto e o objetivo da carta
Geralmente, a estrutura de uma carta argumentativa inclui as Escreva a conclusão
seguintes partes: A conclusão é a parte em que o autor retoma a tese defendida
• Cabeçalho: o cabeçalho deve incluir o local e a data em que a e apresenta uma síntese dos principais argumentos. É importante
carta foi escrita, além do nome e endereço do destinatário. que essa parte seja persuasiva, reforçando a importância da tese
• Saudação: a saudação é a forma de cumprimentar o destina- defendida e convencendo o leitor.
tário e deve ser adequada ao contexto. É comum utilizar expressões
como “Prezado(a) [nome do destinatário]”. Releia e revise
• Introdução: a introdução é a parte em que o autor apresenta Por fim, é fundamental revisar a carta com cuidado, verificando
o tema e a tese que será defendida na carta. É importante que essa a coesão e a coerência do texto, além da ortografia e gramática. É
parte seja clara e objetiva, chamando a atenção do leitor e desper- importante que a carta esteja clara e bem escrita, para que o leitor
tando seu interesse. seja convencido pelos argumentos apresentados.

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Sistemas de comunicação cessidade de expressar suas emoções (conflitos, desejos, angústias)


diante do mundo em que vive. Dessa forma, compreende-se que a
O Sistema Publicitário arte é sempre o reflexo das tensões existenciais de um ser humano,
A função social que agrupa os elementos linguísticos envolvi- inserido num determinado contexto. É possível, então, pensarmos
dos nesse sistema é a de persuadir o receptor, destacando determi- que aquilo considerado arte por um europeu, não o seja por um
nadas qualidades de um objeto que tornem seu consumo atraente. brasileiro e que aquilo que o foi para um carioca do século XVI, não
Em geral, a linguagem desse sistema é utilizada para realçar as o seja para outro do século XXI. Esse raciocínio, no entanto, traz um
características reais do produto (seja um objeto, seja uma ideia) e problema: como justificar o fato de que obras produzidas há mais
as suas características subjetivas de dois mil anos, como a “Ilíada” de Homero, ainda hoje possam
ser lidas e apreciadas? A questão reside num outro ponto funda-
O Sistema Informativo mental para o reconhecimento do valor artístico de uma obra: a
Como o próprio nome sugere, inserimos nesse sistema os obje- arte se pretende atemporal e universal. Ela apresenta questões que
tos concebidos para informar alguém sobre algo. perpassam o espírito de qualquer homem, em qualquer momento,
Sua função social permite-nos deduzir que haverá grande des- em qualquer lugar.
taque para a denotação; no entanto, principalmente nos últimos
anos, temos acompanhado uma crescente utilização da linguagem O Sistema de Entretenimento
conotativa em manchetes jornalísticas, por exemplo, como forma Um sistema de entretenimento é construído com a finalidade
de despertar o interesse do receptor para determinada informação. de distrair as pessoas, levando-as a experimentar outras realida-
Isso revela uma das faces mais comentadas sobre esse sistema de des de forma quase automática, sem o estranhamento linguístico
comunicação atualmente: diante da multiplicidade de oferta de in- ou reflexivo que o sistema artístico, por exemplo, pressupõe. Uma
formações, o receptor deve ter postura ativa na hora de selecionar novela ou uma peça de teatro, se tiverem a finalidade de entre-
os objetos que lhe interessam. Do contrário, poderá ficar submisso ter, apresenta por exemplo, pressupõe. Uma novela ou uma peça
a informações incorretas ou tendenciosas que podem até mesmo de teatro, se tiverem a finalidade de entreter, apresentarão textos
visar a interesses sociais e econômicos. simples, com atores e cenários ajudando na compreensão quase
didática do texto em que se baseiam. Numa música, vamos per-
Quando se está diante de uma peça informativa bem construí- ceber um tom mais confessional e uma sonoridade mais simples,
da, pode-se entender rapidamente qual é o assunto e quais são as sem a linguagem simbólica e a sintaxe melódica que caracterizam
informações relevantes na perspectiva do emissor. Para isso, é bas- construções mais sofisticada.
tante comum que os operadores desse sistema conjuguem elemen- Interessante é perceber, no objeto de entretenimento, a absor-
tos verbais e visuais para conferir mais clareza e objetividade àquilo ção e a transformação de elementos característicos de outros siste-
que se está apresentando. Num jornal, por exemplo, as fotografias mas de comunicação. Hoje, a presença do merchandising é quase
podem ser tão elucidativas quanto o texto da matéria em si. uma constante nas novelas, por exemplo. No entanto, em vez da
Vejamos o caso seguinte: lógica usual do sistema publicitário, é fácil perceber que os perso-
Os helicópteros cedidos pelo Brasil para participar da operação nagens passam a incorporar os produtos às suas vidas, realçando,
de libertação de dez reféns das Forças Armadas Revolucionárias da muitas vezes, as suas características subjetivas e criando uma rela-
Colômbia (Farc), que acontecerá a partir desta segunda-feira, ater- ção íntima com o que se pretende vender. Dessa forma, os sistemas
rissaram neste domingo no aeroporto da cidade colombiana de cooperam, transformam-se e tornam-se mais complexos.
Villavicencio. A guerrilha colombiana se comprometeu a libertar os
Isso, é claro, pode acontecer em todos os sistemas de comuni-
militares e policiais sequestrados entre 1998 e 1999. Eles são os
cação. Num jornal, não será difícil perceber anúncios de artigos es-
reféns mais antigos das Farc.
portivos em páginas de esportes, por exemplo. Todavia, no sistema
de entretenimento, isso se torna mais forte, dado seu caráter quase
A notícia em si (libertação de reféns colombianos com ajuda
referencial na recriação dos nossos hábitos.
brasileira) fica bastante clara pelo uso da denotação e do caráter
referencial (com foco nos elementos circunstanciais, contextualiza-
TEXTO INSTRUCIONAL
dores, especificadores) da linguagem desenvolvida.
Os textos instrucionais têm a finalidade ou objetivo de instruir
o leitor acerca de um determinado procedimento. Como por exem-
O Sistema Artístico
A função social de um objeto construído no sistema artístico é plo: receitas culinárias, bulas de medicamentos, manuais de instru-
desestabilizar o receptor a partir de reflexões e de usos linguísticos ção relacionados a aparelhos eletroeletrônicos, guias e mapas ro-
incomuns. doviários, editais de concursos públicos, manuais referentes a jogos
Toda forma de arte gira em torno de uma linguagem. Na Litera- com um todo, dentre outros. 1
tura, por exemplo, utiliza-se, como instrumento, a palavra. Veja-se Mas também podem ser conhecidos como textos injuntivos, a
que o termo palavra foi utilizado não como finalidade, mas como injunção indica como realizar uma ação, aconselha, impõe e instrui
instrumento. Dito de outra forma, a Literatura utiliza a palavra para o interlocutor sobre determinada situação.
chegar a algo que está além dela, daí o privilégio dado à conotação Chama-se também de texto instrucional, o tipo de texto injun-
e às inusitadas combinações sintáticas e semânticas, por exemplo. tivo que é utilizado para predizer acontecimentos e comportamen-
A transmissão da mensagem não é imediata, mas depende de uma tos, nas leis jurídicas.
reflexão do receptor sobre ela.
Os antigos estudiosos, dentre os quais se destacam Platão e
Aristóteles, deixaram uma grande contribuição para o correto en-
tendimento do que seja arte. Segundo eles, o homem teria a ne- 1 http://portugues.uol.com.br/literatura/textosinstrucionais.html

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LÍNGUA PORTUGUESA

Características Principais As pessoas costumam pensar que o argumento seja apenas


- Normalmente apresenta frases curtas e objetivas, com verbos uma prova de verdade ou uma razão indiscutível para comprovar a
de comando, com tom imperativo; há também o uso do futuro do veracidade de um fato. O argumento é mais que isso: como se disse
presente (10 mandamentos bíblicos e leis diversas); acima, é um recurso de linguagem utilizado para levar o interlocutor
- Essas características são encontradas em vários gêneros tex- a crer naquilo que está sendo dito, a aceitar como verdadeiro o que
tuais, como horóscopos, receitas de bolo, discursos de autoridades, está sendo transmitido. A argumentação pertence ao domínio da
manual de instruções, livros de autoajuda, leis etc.; retórica, arte de persuadir as pessoas mediante o uso de recursos
- Marcas de interlocução: vocativo, verbos e pronomes de 2ª de linguagem.
pessoa ou 1ª pessoa do plural, perguntas reflexivas etc.2 Para compreender claramente o que é um argumento, é bom
voltar ao que diz Aristóteles, filósofo grego do século IV a.C., numa
Bolo de Chocolate obra intitulada “Tópicos: os argumentos são úteis quando se tem de
escolher entre duas ou mais coisas”.
Se tivermos de escolher entre uma coisa vantajosa e
uma desvantajosa, como a saúde e a doença, não precisamos
argumentar. Suponhamos, no entanto, que tenhamos de escolher
entre duas coisas igualmente vantajosas, a riqueza e a saúde. Nesse
caso, precisamos argumentar sobre qual das duas é mais desejável.
O argumento pode então ser definido como qualquer recurso que
torna uma coisa mais desejável que outra. Isso significa que ele atua
no domínio do preferível. Ele é utilizado para fazer o interlocutor
crer que, entre duas teses, uma é mais provável que a outra, mais
possível que a outra, mais desejável que a outra, é preferível à outra.
O objetivo da argumentação não é demonstrar a verdade de
Ingredientes: um fato, mas levar o ouvinte a admitir como verdadeiro o que o
2 xícaras de farinha de trigo; enunciador está propondo.
2 xícaras de açúcar; Há uma diferença entre o raciocínio lógico e a argumentação.
1 xícara de leite; O primeiro opera no domínio do necessário, ou seja, pretende
6 colheres de sopa cheias de chocolate em pó; demonstrar que uma conclusão deriva necessariamente das
1 colher de sopa de fermento em pó; premissas propostas, que se deduz obrigatoriamente dos
6 ovos; postulados admitidos. No raciocínio lógico, as conclusões não
dependem de crenças, de uma maneira de ver o mundo, mas
Modo de Preparo: apenas do encadeamento de premissas e conclusões.
1. Bata as claras em neve, acrescente as gemas e o açúcar e Por exemplo, um raciocínio lógico é o seguinte encadeamento:
bata outra vez; A é igual a B.
2. Coloque a farinha, o chocolate em pó, o fermento, o leite e A é igual a C.
continue a bater; Então: C é igual a B.
3. Unte um tabuleiro e coloque para assar por aproximadamen-
te 40 minutos em forno médio Admitidos os dois postulados, a conclusão é, obrigatoriamente,
4. Enquanto o bolo assa, faça a cobertura com 2 colheres de que C é igual a A.
chocolate em pó, 1 colher de margarina e meio copo de leite. Leve Outro exemplo:
ao fogo até começar a ferver; Todo ruminante é um mamífero.
5. Jogue quente sobre o bolo já assado; A vaca é um ruminante.
6. Depois, é só saborear. Logo, a vaca é um mamífero.

ARGUMENTAÇÃO Admitidas como verdadeiras as duas premissas, a conclusão


O ato de comunicação não visa apenas transmitir uma também será verdadeira.
informação a alguém. Quem comunica pretende criar uma imagem No domínio da argumentação, as coisas são diferentes. Nele,
positiva de si mesmo (por exemplo, a de um sujeito educado, a conclusão não é necessária, não é obrigatória. Por isso, deve-
ou inteligente, ou culto), quer ser aceito, deseja que o que diz se mostrar que ela é a mais desejável, a mais provável, a mais
seja admitido como verdadeiro. Em síntese, tem a intenção de plausível. Se o Banco do Brasil fizer uma propaganda dizendo-
convencer, ou seja, tem o desejo de que o ouvinte creia no que o se mais confiável do que os concorrentes porque existe desde a
texto diz e faça o que ele propõe. chegada da família real portuguesa ao Brasil, ele estará dizendo-
Se essa é a finalidade última de todo ato de comunicação, todo nos que um banco com quase dois séculos de existência é sólido
texto contém um componente argumentativo. A argumentação é o e, por isso, confiável. Embora não haja relação necessária entre
conjunto de recursos de natureza linguística destinados a persuadir a solidez de uma instituição bancária e sua antiguidade, esta tem
a pessoa a quem a comunicação se destina. Está presente em todo peso argumentativo na afirmação da confiabilidade de um banco.
tipo de texto e visa a promover adesão às teses e aos pontos de Portanto é provável que se creia que um banco mais antigo seja
vista defendidos. mais confiável do que outro fundado há dois ou três anos.

2 PESTANA. Fernando. A gramática para concursos. Elsevier. 2013.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Enumerar todos os tipos de argumentos é uma tarefa quase de que o consenso, mesmo que equivocado, corresponde ao
impossível, tantas são as formas de que nos valemos para fazer indiscutível, ao verdadeiro e, portanto, é melhor do que aquilo que
as pessoas preferirem uma coisa a outra. Por isso, é importante não desfruta dele. Em nossa época, são consensuais, por exemplo,
entender bem como eles funcionam. as afirmações de que o meio ambiente precisa ser protegido e de
Já vimos diversas características dos argumentos. É preciso que as condições de vida são piores nos países subdesenvolvidos.
acrescentar mais uma: o convencimento do interlocutor, o Ao confiar no consenso, porém, corre-se o risco de passar dos
auditório, que pode ser individual ou coletivo, será tanto mais argumentos válidos para os lugares comuns, os preconceitos e as
fácil quanto mais os argumentos estiverem de acordo com suas frases carentes de qualquer base científica.
crenças, suas expectativas, seus valores. Não se pode convencer
um auditório pertencente a uma dada cultura enfatizando coisas Argumento de Existência
que ele abomina. Será mais fácil convencê-lo valorizando coisas É aquele que se fundamenta no fato de que é mais fácil aceitar
que ele considera positivas. No Brasil, a publicidade da cerveja vem aquilo que comprovadamente existe do que aquilo que é apenas
com frequência associada ao futebol, ao gol, à paixão nacional. Nos provável, que é apenas possível. A sabedoria popular enuncia o
Estados Unidos, essa associação certamente não surtiria efeito, argumento de existência no provérbio “Mais vale um pássaro na
porque lá o futebol não é valorizado da mesma forma que no Brasil. mão do que dois voando”.
O poder persuasivo de um argumento está vinculado ao que é Nesse tipo de argumento, incluem-se as provas documentais
valorizado ou desvalorizado numa dada cultura. (fotos, estatísticas, depoimentos, gravações, etc.) ou provas
concretas, que tornam mais aceitável uma afirmação genérica.
Tipos de Argumento Durante a invasão do Iraque, por exemplo, os jornais diziam que o
Já verificamos que qualquer recurso linguístico destinado exército americano era muito mais poderoso do que o iraquiano.
a fazer o interlocutor dar preferência à tese do enunciador é um Essa afirmação, sem ser acompanhada de provas concretas, poderia
argumento. ser vista como propagandística. No entanto, quando documentada
pela comparação do número de canhões, de carros de combate, de
Argumento de Autoridade navios, etc., ganhava credibilidade.
É a citação, no texto, de afirmações de pessoas reconhecidas
pelo auditório como autoridades em certo domínio do saber, Argumento quase lógico
para servir de apoio àquilo que o enunciador está propondo. Esse É aquele que opera com base nas relações lógicas, como causa
recurso produz dois efeitos distintos: revela o conhecimento do e efeito, analogia, implicação, identidade, etc. Esses raciocínios
produtor do texto a respeito do assunto de que está tratando; dá ao são chamados quase lógicos porque, diversamente dos raciocínios
texto a garantia do autor citado. É preciso, no entanto, não fazer do lógicos, eles não pretendem estabelecer relações necessárias
texto um amontoado de citações. A citação precisa ser pertinente entre os elementos, mas sim instituir relações prováveis, possíveis,
e verdadeira. plausíveis. Por exemplo, quando se diz “A é igual a B”, “B é igual a
C”, “então A é igual a C”, estabelece-se uma relação de identidade
Exemplo: lógica. Entretanto, quando se afirma “Amigo de amigo meu é meu
“A imaginação é mais importante do que o conhecimento.” amigo” não se institui uma identidade lógica, mas uma identidade
provável.
Quem disse a frase aí de cima não fui eu... Foi Einstein. Para Um texto coerente do ponto de vista lógico é mais facilmente
ele, uma coisa vem antes da outra: sem imaginação, não há aceito do que um texto incoerente. Vários são os defeitos que
conhecimento. Nunca o inverso. concorrem para desqualificar o texto do ponto de vista lógico: fugir
Alex José Periscinoto. do tema proposto, cair em contradição, tirar conclusões que não se
In: Folha de S. Paulo, 30/8/1993, p. 5-2 fundamentam nos dados apresentados, ilustrar afirmações gerais
com fatos inadequados, narrar um fato e dele extrair generalizações
A tese defendida nesse texto é que a imaginação é mais indevidas.
importante do que o conhecimento. Para levar o auditório a aderir
a ela, o enunciador cita um dos mais célebres cientistas do mundo. Argumento do Atributo
Se um físico de renome mundial disse isso, então as pessoas devem É aquele que considera melhor o que tem propriedades típicas
acreditar que é verdade. daquilo que é mais valorizado socialmente, por exemplo, o mais
raro é melhor que o comum, o que é mais refinado é melhor que o
Argumento de Quantidade que é mais grosseiro, etc.
É aquele que valoriza mais o que é apreciado pelo maior Por esse motivo, a publicidade usa, com muita frequência,
número de pessoas, o que existe em maior número, o que tem maior celebridades recomendando prédios residenciais, produtos de
duração, o que tem maior número de adeptos, etc. O fundamento beleza, alimentos estéticos, etc., com base no fato de que o
desse tipo de argumento é que mais = melhor. A publicidade faz consumidor tende a associar o produto anunciado com atributos
largo uso do argumento de quantidade. da celebridade.
Uma variante do argumento de atributo é o argumento da
Argumento do Consenso competência linguística. A utilização da variante culta e formal
É uma variante do argumento de quantidade. Fundamenta-se da língua que o produtor do texto conhece a norma linguística
em afirmações que, numa determinada época, são aceitas como socialmente mais valorizada e, por conseguinte, deve produzir um
verdadeiras e, portanto, dispensam comprovações, a menos que texto em que se pode confiar. Nesse sentido é que se diz que o
o objetivo do texto seja comprovar alguma delas. Parte da ideia modo de dizer dá confiabilidade ao que se diz.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Imagine-se que um médico deva falar sobre o estado de Convém ainda alertar que não se convence ninguém com
saúde de uma personalidade pública. Ele poderia fazê-lo das duas manifestações de sinceridade do autor (como eu, que não costumo
maneiras indicadas abaixo, mas a primeira seria infinitamente mais mentir...) ou com declarações de certeza expressas em fórmulas
adequada para a persuasão do que a segunda, pois esta produziria feitas (como estou certo, creio firmemente, é claro, é óbvio, é
certa estranheza e não criaria uma imagem de competência do evidente, afirmo com toda a certeza, etc). Em vez de prometer,
médico: em seu texto, sinceridade e certeza, autenticidade e verdade, o
- Para aumentar a confiabilidade do diagnóstico e levando em enunciador deve construir um texto que revele isso. Em outros
conta o caráter invasivo de alguns exames, a equipe médica houve termos, essas qualidades não se prometem, manifestam-se na ação.
por bem determinar o internamento do governador pelo período A argumentação é a exploração de recursos para fazer parecer
de três dias, a partir de hoje, 4 de fevereiro de 2001. verdadeiro aquilo que se diz num texto e, com isso, levar a pessoa a
- Para conseguir fazer exames com mais cuidado e porque que texto é endereçado a crer naquilo que ele diz.
alguns deles são barrapesada, a gente botou o governador no Um texto dissertativo tem um assunto ou tema e expressa um
hospital por três dias. ponto de vista, acompanhado de certa fundamentação, que inclui
a argumentação, questionamento, com o objetivo de persuadir.
Como dissemos antes, todo texto tem uma função Argumentar é o processo pelo qual se estabelecem relações
argumentativa, porque ninguém fala para não ser levado a sério, para chegar à conclusão, com base em premissas. Persuadir é
para ser ridicularizado, para ser desmentido: em todo ato de um processo de convencimento, por meio da argumentação, no
comunicação deseja-se influenciar alguém. Por mais neutro que qual procura-se convencer os outros, de modo a influenciar seu
pretenda ser, um texto tem sempre uma orientação argumentativa. pensamento e seu comportamento.
A orientação argumentativa é uma certa direção que o falante A persuasão pode ser válida e não válida. Na persuasão
traça para seu texto. Por exemplo, um jornalista, ao falar de um válida, expõem-se com clareza os fundamentos de uma ideia
homem público, pode ter a intenção de criticá-lo, de ridicularizá-lo ou proposição, e o interlocutor pode questionar cada passo
ou, ao contrário, de mostrar sua grandeza. do raciocínio empregado na argumentação. A persuasão não
O enunciador cria a orientação argumentativa de seu texto válida apoia-se em argumentos subjetivos, apelos subliminares,
dando destaque a uns fatos e não a outros, omitindo certos chantagens sentimentais, com o emprego de “apelações”, como a
episódios e revelando outros, escolhendo determinadas palavras e inflexão de voz, a mímica e até o choro.
não outras, etc. Veja: Alguns autores classificam a dissertação em duas modalidades,
“O clima da festa era tão pacífico que até sogras e noras expositiva e argumentativa. Esta, exige argumentação, razões a favor
trocavam abraços afetuosos.” e contra uma ideia, ao passo que a outra é informativa, apresenta
dados sem a intenção de convencer. Na verdade, a escolha dos
dados levantados, a maneira de expô-los no texto já revelam uma
O enunciador aí pretende ressaltar a ideia geral de que noras “tomada de posição”, a adoção de um ponto de vista na dissertação,
e sogras não se toleram. Não fosse assim, não teria escolhido esse ainda que sem a apresentação explícita de argumentos. Desse
fato para ilustrar o clima da festa nem teria utilizado o termo até, ponto de vista, a dissertação pode ser definida como discussão,
que serve para incluir no argumento alguma coisa inesperada. debate, questionamento, o que implica a liberdade de pensamento,
Além dos defeitos de argumentação mencionados quando a possibilidade de discordar ou concordar parcialmente. A liberdade
tratamos de alguns tipos de argumentação, vamos citar outros: de questionar é fundamental, mas não é suficiente para organizar
- Uso sem delimitação adequada de palavra de sentido tão um texto dissertativo. É necessária também a exposição dos
amplo, que serve de argumento para um ponto de vista e seu fundamentos, os motivos, os porquês da defesa de um ponto de
contrário. São noções confusas, como paz, que, paradoxalmente, vista.
pode ser usada pelo agressor e pelo agredido. Essas palavras Pode-se dizer que o homem vive em permanente atitude
podem ter valor positivo (paz, justiça, honestidade, democracia) argumentativa. A argumentação está presente em qualquer tipo de
ou vir carregadas de valor negativo (autoritarismo, degradação do discurso, porém, é no texto dissertativo que ela melhor se evidencia.
meio ambiente, injustiça, corrupção). Para discutir um tema, para confrontar argumentos e posições,
- Uso de afirmações tão amplas, que podem ser derrubadas por é necessária a capacidade de conhecer outros pontos de vista e
um único contra exemplo. Quando se diz “Todos os políticos são seus respectivos argumentos. Uma discussão impõe, muitas vezes,
ladrões”, basta um único exemplo de político honesto para destruir a análise de argumentos opostos, antagônicos. Como sempre,
o argumento. essa capacidade aprende-se com a prática. Um bom exercício
- Emprego de noções científicas sem nenhum rigor, fora do para aprender a argumentar e contra-argumentar consiste em
contexto adequado, sem o significado apropriado, vulgarizando-as e desenvolver as seguintes habilidades:
atribuindo-lhes uma significação subjetiva e grosseira. É o caso, por - argumentação: anotar todos os argumentos a favor de
exemplo, da frase “O imperialismo de certas indústrias não permite uma ideia ou fato; imaginar um interlocutor que adote a posição
que outras crescam”, em que o termo imperialismo é descabido, totalmente contrária;
uma vez que, a rigor, significa “ação de um Estado visando a reduzir - contra-argumentação: imaginar um diálogo-debate e quais os
outros à sua dependência política e econômica”. argumentos que essa pessoa imaginária possivelmente apresentaria
contra a argumentação proposta;
A boa argumentação é aquela que está de acordo com a situação - refutação: argumentos e razões contra a argumentação
concreta do texto, que leva em conta os componentes envolvidos oposta.
na discussão (o tipo de pessoa a quem se dirige a comunicação, o
assunto, etc).

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LÍNGUA PORTUGUESA

A argumentação tem a finalidade de persuadir, portanto, O calor dilata o cobre (particular)


argumentar consiste em estabelecer relações para tirar conclusões O ferro, o bronze, o cobre são metais
válidas, como se procede no método dialético. O método dialético Logo, o calor dilata metais (geral, universal)
não envolve apenas questões ideológicas, geradoras de polêmicas.
Trata-se de um método de investigação da realidade pelo estudo Quanto a seus aspectos formais, o silogismo pode ser válido
de sua ação recíproca, da contradição inerente ao fenômeno e verdadeiro; a conclusão será verdadeira se as duas premissas
em questão e da mudança dialética que ocorre na natureza e na também o forem. Se há erro ou equívoco na apreciação dos
sociedade. fatos, pode-se partir de premissas verdadeiras para chegar a uma
Descartes (1596-1650), filósofo e pensador francês, criou conclusão falsa. Tem-se, desse modo, o sofisma. Uma definição
o método de raciocínio silogístico, baseado na dedução, que inexata, uma divisão incompleta, a ignorância da causa, a falsa
parte do simples para o complexo. Para ele, verdade e evidência analogia são algumas causas do sofisma. O sofisma pressupõe
são a mesma coisa, e pelo raciocínio torna-se possível chegar a má fé, intenção deliberada de enganar ou levar ao erro; quando o
conclusões verdadeiras, desde que o assunto seja pesquisado em sofisma não tem essas intenções propositais, costuma-se chamar
partes, começando-se pelas proposições mais simples até alcançar, esse processo de argumentação de paralogismo. Encontra-se um
por meio de deduções, a conclusão final. Para a linha de raciocínio exemplo simples de sofisma no seguinte diálogo:
cartesiana, é fundamental determinar o problema, dividi-lo em - Você concorda que possui uma coisa que não perdeu?
partes, ordenar os conceitos, simplificando-os, enumerar todos os - Lógico, concordo.
seus elementos e determinar o lugar de cada um no conjunto da - Você perdeu um brilhante de 40 quilates?
dedução. - Claro que não!
A lógica cartesiana, até os nossos dias, é fundamental para a - Então você possui um brilhante de 40 quilates...
argumentação dos trabalhos acadêmicos. Descartes propôs quatro
regras básicas que constituem um conjunto de reflexos vitais, uma Exemplos de sofismas:
série de movimentos sucessivos e contínuos do espírito em busca
da verdade: Dedução
- evidência; Todo professor tem um diploma (geral, universal)
- divisão ou análise; Fulano tem um diploma (particular)
- ordem ou dedução; Logo, fulano é professor (geral – conclusão falsa)
- enumeração.
Indução
A enumeração pode apresentar dois tipos de falhas: a omissão O Rio de Janeiro tem uma estátua do Cristo Redentor.
e a incompreensão. Qualquer erro na enumeração pode quebrar o (particular)
encadeamento das ideias, indispensável para o processo dedutivo. Taubaté (SP) tem uma estátua do Cristo Redentor. (particular)
A forma de argumentação mais empregada na redação Rio de Janeiro e Taubaté são cidades.
acadêmica é o silogismo, raciocínio baseado nas regras cartesianas, Logo, toda cidade tem uma estátua do Cristo Redentor. (geral
que contém três proposições: duas premissas, maior e menor, – conclusão falsa)
e a conclusão. As três proposições são encadeadas de tal forma,
que a conclusão é deduzida da maior por intermédio da menor. A Nota-se que as premissas são verdadeiras, mas a conclusão pode
premissa maior deve ser universal, emprega todo, nenhum, pois ser falsa. Nem todas as pessoas que têm diploma são professores;
alguns não caracteriza a universalidade. nem todas as cidades têm uma estátua do Cristo Redentor. Comete-
Há dois métodos fundamentais de raciocínio: a dedução se erro quando se faz generalizações apressadas ou infundadas. A
(silogística), que parte do geral para o particular, e a indução, que vai “simples inspeção” é a ausência de análise ou análise superficial
do particular para o geral. A expressão formal do método dedutivo dos fatos, que leva a pronunciamentos subjetivos, baseados nos
é o silogismo. A dedução é o caminho das consequências, baseia-se sentimentos não ditados pela razão.
em uma conexão descendente (do geral para o particular) que leva Tem-se, ainda, outros métodos, subsidiários ou não
à conclusão. Segundo esse método, partindo-se de teorias gerais, fundamentais, que contribuem para a descoberta ou comprovação
de verdades universais, pode-se chegar à previsão ou determinação da verdade: análise, síntese, classificação e definição. Além desses,
de fenômenos particulares. O percurso do raciocínio vai da causa existem outros métodos particulares de algumas ciências, que
para o efeito. Exemplo: adaptam os processos de dedução e indução à natureza de uma
realidade particular. Pode-se afirmar que cada ciência tem seu
Todo homem é mortal (premissa maior = geral, universal) método próprio demonstrativo, comparativo, histórico etc. A
Fulano é homem (premissa menor = particular) análise, a síntese, a classificação a definição são chamadas métodos
Logo, Fulano é mortal (conclusão) sistemáticos, porque pela organização e ordenação das ideias visam
sistematizar a pesquisa.
A indução percorre o caminho inverso ao da dedução, baseiase Análise e síntese são dois processos opostos, mas interligados;
em uma conexão ascendente, do particular para o geral. Nesse caso, a análise parte do todo para as partes, a síntese, das partes para
as constatações particulares levam às leis gerais, ou seja, parte de o todo. A análise precede a síntese, porém, de certo modo, uma
fatos particulares conhecidos para os fatos gerais, desconhecidos. O depende da outra. A análise decompõe o todo em partes, enquanto
percurso do raciocínio se faz do efeito para a causa. Exemplo: a síntese recompõe o todo pela reunião das partes. Sabe-se, porém,
O calor dilata o ferro (particular) que o todo não é uma simples justaposição das partes. Se alguém
O calor dilata o bronze (particular) reunisse todas as peças de um relógio, não significa que reconstruiu

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LÍNGUA PORTUGUESA

o relógio, pois fez apenas um amontoado de partes. Só reconstruiria Para a clareza da dissertação, é indispensável que, logo na
todo se as partes estivessem organizadas, devidamente combinadas, introdução, os termos e conceitos sejam definidos, pois, para
seguida uma ordem de relações necessárias, funcionais, então, o expressar um questionamento, deve-se, de antemão, expor clara
relógio estaria reconstruído. e racionalmente as posições assumidas e os argumentos que as
Síntese, portanto, é o processo de reconstrução do todo justificam. É muito importante deixar claro o campo da discussão e
por meio da integração das partes, reunidas e relacionadas num a posição adotada, isto é, esclarecer não só o assunto, mas também
conjunto. Toda síntese, por ser uma reconstrução, pressupõe a os pontos de vista sobre ele.
análise, que é a decomposição. A análise, no entanto, exige uma A definição tem por objetivo a exatidão no emprego da
decomposição organizada, é preciso saber como dividir o todo em linguagem e consiste na enumeração das qualidades próprias
partes. As operações que se realizam na análise e na síntese podem de uma ideia, palavra ou objeto. Definir é classificar o elemento
ser assim relacionadas: conforme a espécie a que pertence, demonstra: a característica que
Análise: penetrar, decompor, separar, dividir. o diferencia dos outros elementos dessa mesma espécie.
Síntese: integrar, recompor, juntar, reunir. Entre os vários processos de exposição de ideias, a definição
é um dos mais importantes, sobretudo no âmbito das ciências.
A análise tem importância vital no processo de coleta de ideias A definição científica ou didática é denotativa, ou seja, atribui às
a respeito do tema proposto, de seu desdobramento e da criação de palavras seu sentido usual ou consensual, enquanto a conotativa ou
abordagens possíveis. A síntese também é importante na escolha metafórica emprega palavras de sentido figurado. Segundo a lógica
dos elementos que farão parte do texto. tradicional aristotélica, a definição consta de três elementos:
Segundo Garcia (1973, p.300), a análise pode ser formal ou - o termo a ser definido;
informal. A análise formal pode ser científica ou experimental; - o gênero ou espécie;
é característica das ciências matemáticas, físico-naturais e - a diferença específica.
experimentais. A análise informal é racional ou total, consiste
em “discernir” por vários atos distintos da atenção os elementos O que distingue o termo definido de outros elementos da
constitutivos de um todo, os diferentes caracteres de um objeto ou mesma espécie. Exemplo:
fenômeno.
A análise decompõe o todo em partes, a classificação estabelece Na frase: O homem é um animal racional classifica-se:
as necessárias relações de dependência e hierarquia entre as
partes. Análise e classificação ligam-se intimamente, a ponto de se
confundir uma com a outra, contudo são procedimentos diversos:
análise é decomposição e classificação é hierarquisação. Elemento especiediferença
Nas ciências naturais, classificam-se os seres, fatos e fenômenos a ser definidoespecífica
por suas diferenças e semelhanças; fora das ciências naturais, a
classificação pode-se efetuar por meio de um processo mais ou É muito comum formular definições de maneira defeituosa,
menos arbitrário, em que os caracteres comuns e diferenciadores por exemplo: Análise é quando a gente decompõe o todo em
são empregados de modo mais ou menos convencional. A partes. Esse tipo de definição é gramaticalmente incorreto; quando
classificação, no reino animal, em ramos, classes, ordens, subordens, é advérbio de tempo, não representa o gênero, a espécie, a gente é
gêneros e espécies, é um exemplo de classificação natural, pelas forma coloquial não adequada à redação acadêmica. Tão importante
características comuns e diferenciadoras. A classificação dos é saber formular uma definição, que se recorre a Garcia (1973,
variados itens integrantes de uma lista mais ou menos caótica é p.306), para determinar os “requisitos da definição denotativa”.
artificial. Para ser exata, a definição deve apresentar os seguintes requisitos:
- o termo deve realmente pertencer ao gênero ou classe em
Exemplo: aquecedor, automóvel, barbeador, batata, caminhão, que está incluído: “mesa é um móvel” (classe em que ‘mesa’ está
canário, jipe, leite, ônibus, pão, pardal, pintassilgo, queijo, relógio, realmente incluída) e não “mesa é um instrumento ou ferramenta
sabiá, torradeira. ou instalação”;
Aves: Canário, Pardal, Pintassilgo, Sabiá. - o gênero deve ser suficientemente amplo para incluir todos os
Alimentos: Batata, Leite, Pão, Queijo. exemplos específicos da coisa definida, e suficientemente restrito
Mecanismos: Aquecedor, Barbeador, Relógio, Torradeira. para que a diferença possa ser percebida sem dificuldade;
Veículos: Automóvel, Caminhão, Jipe, Ônibus. - deve ser obrigatoriamente afirmativa: não há, em verdade,
definição, quando se diz que o “triângulo não é um prisma”;
Os elementos desta lista foram classificados por ordem - deve ser recíproca: “O homem é um ser vivo” não constitui
alfabética e pelas afinidades comuns entre eles. Estabelecer definição exata, porque a recíproca, “Todo ser vivo é um homem”
critérios de classificação das ideias e argumentos, pela ordem não é verdadeira (o gato é ser vivo e não é homem);
de importância, é uma habilidade indispensável para elaborar - deve ser breve (contida num só período). Quando a definição,
o desenvolvimento de uma redação. Tanto faz que a ordem seja ou o que se pretenda como tal, é muito longa (séries de períodos
crescente, do fato mais importante para o menos importante, ou ou de parágrafos), chama-se explicação, e também definição
decrescente, primeiro o menos importante e, no final, o impacto expandida;d
do mais importante; é indispensável que haja uma lógica na - deve ter uma estrutura gramatical rígida: sujeito (o termo) +
classificação. A elaboração do plano compreende a classificação cópula (verbo de ligação ser) + predicativo (o gênero) + adjuntos (as
das partes e subdivisões, ou seja, os elementos do plano devem diferenças).
obedecer a uma hierarquização. (Garcia, 1973, p. 302304.)

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LÍNGUA PORTUGUESA

As definições dos dicionários de língua são feitas por meio mesma forma, tal como, tanto quanto, assim como, igualmente.
de paráfrases definitórias, ou seja, uma operação metalinguística Para estabelecer contraste, empregam-se as expressões: mais que,
que consiste em estabelecer uma relação de equivalência entre a menos que, melhor que, pior que.
palavra e seus significados. Entre outros tipos de argumentos empregados para aumentar
A força do texto dissertativo está em sua fundamentação. o poder de persuasão de um texto dissertativo encontram-se:
Sempre é fundamental procurar um porquê, uma razão verdadeira Argumento de autoridade: O saber notório de uma autoridade
e necessária. A verdade de um ponto de vista deve ser demonstrada reconhecida em certa área do conhecimento dá apoio a uma
com argumentos válidos. O ponto de vista mais lógico e racional afirmação. Dessa maneira, procura-se trazer para o enunciado a
do mundo não tem valor, se não estiver acompanhado de uma credibilidade da autoridade citada. Lembre-se que as citações literais
fundamentação coerente e adequada. no corpo de um texto constituem argumentos de autoridade. Ao
Os métodos fundamentais de raciocínio segundo a lógica fazer uma citação, o enunciador situa os enunciados nela contidos
clássica, que foram abordados anteriormente, auxiliam o na linha de raciocínio que ele considera mais adequada para
julgamento da validade dos fatos. Às vezes, a argumentação é explicar ou justificar um fato ou fenômeno. Esse tipo de argumento
clara e pode reconhecer-se facilmente seus elementos e suas tem mais caráter confirmatório que comprobatório.
relações; outras vezes, as premissas e as conclusões organizam-se Apoio na consensualidade: Certas afirmações dispensam
de modo livre, misturando-se na estrutura do argumento. Por isso, explicação ou comprovação, pois seu conteúdo é aceito como válido
é preciso aprender a reconhecer os elementos que constituem um por consenso, pelo menos em determinado espaço sociocultural.
argumento: premissas/conclusões. Depois de reconhecer, verificar Nesse caso, incluem-se
se tais elementos são verdadeiros ou falsos; em seguida, avaliar - A declaração que expressa uma verdade universal (o homem,
se o argumento está expresso corretamente; se há coerência e mortal, aspira à imortalidade);
adequação entre seus elementos, ou se há contradição. Para isso - A declaração que é evidente por si mesma (caso dos
é que se aprende os processos de raciocínio por dedução e por postulados e axiomas);
indução. Admitindo-se que raciocinar é relacionar, conclui-se que - Quando escapam ao domínio intelectual, ou seja, é de
o argumento é um tipo específico de relação entre as premissas e natureza subjetiva ou sentimental (o amor tem razões que a própria
a conclusão. razão desconhece); implica apreciação de ordem estética (gosto
Procedimentos Argumentativos: Constituem os procedimentos não se discute); diz respeito a fé religiosa, aos dogmas (creio, ainda
argumentativos mais empregados para comprovar uma afirmação: que parece absurdo).
exemplificação, explicitação, enumeração, comparação.
Exemplificação: Procura justificar os pontos de vista por meio Comprovação pela experiência ou observação: A verdade de
de exemplos, hierarquizar afirmações. São expressões comuns um fato ou afirmação pode ser comprovada por meio de dados
nesse tipo de procedimento: mais importante que, superior a, de concretos, estatísticos ou documentais.
maior relevância que. Empregam-se também dados estatísticos, Comprovação pela fundamentação lógica: A comprovação
acompanhados de expressões: considerando os dados; conforme se realiza por meio de argumentos racionais, baseados na lógica:
os dados apresentados. Faz-se a exemplificação, ainda, pela causa/efeito; consequência/causa; condição/ocorrência.
apresentação de causas e consequências, usando-se comumente as Fatos não se discutem; discutem-se opiniões. As declarações,
expressões: porque, porquanto, pois que, uma vez que, visto que, julgamento, pronunciamentos, apreciações que expressam opiniões
por causa de, em virtude de, em vista de, por motivo de. pessoais (não subjetivas) devem ter sua validade comprovada,
Explicitação: O objetivo desse recurso argumentativo é explicar e só os fatos provam. Em resumo toda afirmação ou juízo que
ou esclarecer os pontos de vista apresentados. Pode-se alcançar expresse uma opinião pessoal só terá validade se fundamentada na
esse objetivo pela definição, pelo testemunho e pela interpretação. evidência dos fatos, ou seja, se acompanhada de provas, validade
Na explicitação por definição, empregamse expressões como: quer dos argumentos, porém, pode ser contestada por meio da contra-
dizer, denomina-se, chama-se, na verdade, isto é, haja vista, ou argumentação ou refutação. São vários os processos de contra-
melhor; nos testemunhos são comuns as expressões: conforme, argumentação:
segundo, na opinião de, no parecer de, consoante as ideias de, no Refutação pelo absurdo: refuta-se uma afirmação
entender de, no pensamento de. A explicitação se faz também pela demonstrando o absurdo da consequência. Exemplo clássico é a
interpretação, em que são comuns as seguintes expressões: parece, contraargumentação do cordeiro, na conhecida fábula “O lobo e o
assim, desse ponto de vista. cordeiro”;
Enumeração: Faz-se pela apresentação de uma sequência de Refutação por exclusão: consiste em propor várias hipóteses
elementos que comprovam uma opinião, tais como a enumeração para eliminá-las, apresentando-se, então, aquela que se julga
de pormenores, de fatos, em uma sequência de tempo, em que são verdadeira;
frequentes as expressões: primeiro, segundo, por último, antes, Desqualificação do argumento: atribui-se o argumento
depois, ainda, em seguida, então, presentemente, antigamente, à opinião pessoal subjetiva do enunciador, restringindo-se a
depois de, antes de, atualmente, hoje, no passado, sucessivamente, universalidade da afirmação;
respectivamente. Na enumeração de fatos em uma sequência de Ataque ao argumento pelo testemunho de autoridade:
espaço, empregam-se as seguintes expressões: cá, lá, acolá, ali, aí, consiste em refutar um argumento empregando os testemunhos de
além, adiante, perto de, ao redor de, no Estado tal, na capital, no autoridade que contrariam a afirmação apresentada;
interior, nas grandes cidades, no sul, no leste... Desqualificar dados concretos apresentados: consiste em
Comparação: Analogia e contraste são as duas maneiras desautorizar dados reais, demonstrando que o enunciador
de se estabelecer a comparação, com a finalidade de comprovar baseou-se em dados corretos, mas tirou conclusões falsas ou
uma ideia ou opinião. Na analogia, são comuns as expressões: da inconsequentes. Por exemplo, se na argumentação afirmou-se, por

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LÍNGUA PORTUGUESA

meio de dados estatísticos, que “o controle demográfico produz o Naturalmente esse não é o único, nem o melhor plano de
desenvolvimento”, afirma-se que a conclusão é inconsequente, pois redação: é um dos possíveis.
baseia-se em uma relação de causa-feito difícil de ser comprovada. Intertextualidade é o nome dado à relação que se estabelece
Para contraargumentar, propõese uma relação inversa: “o entre dois textos, quando um texto já criado exerce influência na
desenvolvimento é que gera o controle demográfico”. criação de um novo texto. Pode-se definir, então, a intertextualidade
Apresentam-se aqui sugestões, um dos roteiros possíveis para como sendo a criação de um texto a partir de outro texto já
desenvolver um tema, que podem ser analisadas e adaptadas existente. Dependendo da situação, a intertextualidade tem
ao desenvolvimento de outros temas. Elege-se um tema, e, em funções diferentes que dependem muito dos textos/contextos em
seguida, sugerem-se os procedimentos que devem ser adotados que ela é inserida.
para a elaboração de um Plano de Redação. O diálogo pode ocorrer em diversas áreas do conhecimento,
não se restringindo única e exclusivamente a textos literários.
Tema: O homem e a máquina: necessidade e riscos da evolução Em alguns casos pode-se dizer que a intertextualidade assume
tecnológica a função de não só persuadir o leitor como também de difundir a
- Questionar o tema, transformá-lo em interrogação, responder cultura, uma vez que se trata de uma relação com a arte (pintura,
a interrogação (assumir um ponto de vista); dar o porquê da escultura, literatura etc). Intertextualidade é a relação entre dois
resposta, justificar, criando um argumento básico; textos caracterizada por um citar o outro.
- Imaginar um ponto de vista oposto ao argumento básico e A intertextualidade é o diálogo entre textos. Ocorre quando
construir uma contra-argumentação; pensar a forma de refutação um texto (oral, escrito, verbal ou não verbal), de alguma maneira,
que poderia ser feita ao argumento básico e tentar desqualificá-la se utiliza de outro na elaboração de sua mensagem. Os dois textos
(rever tipos de argumentação); – a fonte e o que dialoga com ela – podem ser do mesmo gênero
- Refletir sobre o contexto, ou seja, fazer uma coleta de ideias ou de gêneros distintos, terem a mesma finalidade ou propósitos
que estejam direta ou indiretamente ligadas ao tema (as ideias diferentes. Assim, como você constatou, uma história em
podem ser listadas livremente ou organizadas como causa e quadrinhos pode utilizar algo de um texto científico, assim como
consequência); um poema pode valer-se de uma letra de música ou um artigo de
- Analisar as ideias anotadas, sua relação com o tema e com o opinião pode mencionar um provérbio conhecido.
argumento básico; Há várias maneiras de um texto manter intertextualidade com
- Fazer uma seleção das ideias pertinentes, escolhendo as que outro, entre elas, ao citá-lo, ao resumi-lo, ao reproduzi-lo com
poderão ser aproveitadas no texto; essas ideias transformam-se outras palavras, ao traduzi-lo para outro idioma, ao ampliá-lo, ao
em argumentos auxiliares, que explicam e corroboram a ideia do tomá-lo como ponto de partida, ao defendê-lo, ao criticá-lo, ao
argumento básico; ironizá-lo ou ao compará-lo com outros.
- Fazer um esboço do Plano de Redação, organizando uma Os estudiosos afirmam que em todos os textos ocorre algum
sequência na apresentação das ideias selecionadas, obedecendo grau de intertextualidade, pois quando falamos, escrevemos,
às partes principais da estrutura do texto, que poderia ser mais ou desenhamos, pintamos, moldamos, ou seja, sempre que nos
menos a seguinte:
expressamos, estamos nos valendo de ideias e conceitos que
já foram formulados por outros para reafirmá-los, ampliá-los
Introdução
ou mesmo contradizê-los. Em outras palavras, não há textos
- função social da ciência e da tecnologia;
absolutamente originais, pois eles sempre – de maneira explícita ou
- definições de ciência e tecnologia;
implícita – mantêm alguma relação com algo que foi visto, ouvido
- indivíduo e sociedade perante o avanço tecnológico.
ou lido.
Desenvolvimento
- apresentação de aspectos positivos e negativos do Tipos de Intertextualidade
desenvolvimento tecnológico; A intertextualidade acontece quando há uma referência
- como o desenvolvimento científico-tecnológico modificou as explícita ou implícita de um texto em outro. Também pode
condições de vida no mundo atual; ocorrer com outras formas além do texto, música, pintura, filme,
- a tecnocracia: oposição entre uma sociedade novela etc. Toda vez que uma obra fizer alusão à outra ocorre a
tecnologicamente desenvolvida e a dependência tecnológica dos intertextualidade.
países subdesenvolvidos; Por isso é importante para o leitor o conhecimento de mundo,
- enumerar e discutir os fatores de desenvolvimento social; um saber prévio, para reconhecer e identificar quando há um
- comparar a vida de hoje com os diversos tipos de vida do diálogo entre os textos. A intertextualidade pode ocorrer afirmando
passado; apontar semelhanças e diferenças; as mesmas ideias da obra citada ou contestando-as.
- analisar as condições atuais de vida nos grandes centros
urbanos; Na paráfrase as palavras são mudadas, porém a ideia do
- como se poderia usar a ciência e a tecnologia para humanizar texto é confirmada pelo novo texto, a alusão ocorre para atualizar,
mais a sociedade. reafirmar os sentidos ou alguns sentidos do texto citado. É dizer
com outras palavras o que já foi dito.
Conclusão A paródia é uma forma de contestar ou ridicularizar outros
- a tecnologia pode libertar ou escravizar: benefícios/ textos, há uma ruptura com as ideologias impostas e por isso
consequências maléficas; é objeto de interesse para os estudiosos da língua e das artes.
- síntese interpretativa dos argumentos e contra-argumentos Ocorre, aqui, um choque de interpretação, a voz do texto original
apresentados. é retomada para transformar seu sentido, leva o leitor a uma

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LÍNGUA PORTUGUESA

reflexão crítica de suas verdades incontestadas anteriormente, com PONTO DE VISTA


esse processo há uma indagação sobre os dogmas estabelecidos O modo como o autor narra suas histórias provoca diferentes
e uma busca pela verdade real, concebida através do raciocínio e sentidos ao leitor em relação à uma obra. Existem três pontos
da crítica. Os programas humorísticos fazem uso contínuo dessa de vista diferentes. É considerado o elemento da narração que
arte, frequentemente os discursos de políticos são abordados compreende a perspectiva através da qual se conta a história.
de maneira cômica e contestadora, provocando risos e também Trata-se da posição da qual o narrador articula a narrativa. Apesar
reflexão a respeito da demagogia praticada pela classe dominante. de existir diferentes possibilidades de Ponto de Vista em uma
A Epígrafe é um recurso bastante utilizado em obras, textos narrativa, considera-se dois pontos de vista como fundamentais: O
científicos, desde artigos, resenhas, monografias, uma vez que narrador-observador e o narrador-personagem.
consiste no acréscimo de uma frase ou parágrafo que tenha alguma
relação com o que será discutido no texto. Do grego, o termo Primeira pessoa
“epígrafhe” é formado pelos vocábulos “epi” (posição superior) e Um personagem narra a história a partir de seu próprio ponto
“graphé” (escrita). Como exemplo podemos citar um artigo sobre de vista, ou seja, o escritor usa a primeira pessoa. Nesse caso, lemos
Patrimônio Cultural e a epígrafe do filósofo Aristóteles (384 a.C.-322 o livro com a sensação de termos a visão do personagem podendo
a.C.): “A cultura é o melhor conforto para a velhice”. também saber quais são seus pensamentos, o que causa uma
leitura mais íntima. Da mesma maneira que acontece nas nossas
A Citação é o Acréscimo de partes de outras obras numa vidas, existem algumas coisas das quais não temos conhecimento e
produção textual, de forma que dialoga com ele; geralmente vem só descobrimos ao decorrer da história.
expressa entre aspas e itálico, já que se trata da enunciação de outro
autor. Esse recurso é importante haja vista que sua apresentação Segunda pessoa
sem relacionar a fonte utilizada é considerado “plágio”. Do Latim, o O autor costuma falar diretamente com o leitor, como um
termo “citação” (citare) significa convocar. diálogo. Trata-se de um caso mais raro e faz com que o leitor se
sinta quase como outro personagem que participa da história.
A Alusão faz referência aos elementos presentes em outros
textos. Do Latim, o vocábulo “alusão” (alludere) é formado por dois Terceira pessoa
termos: “ad” (a, para) e “ludere” (brincar). Coloca o leitor numa posição externa, como se apenas
observasse a ação acontecer. Os diálogos não são como na narrativa
Pastiche é uma recorrência a um gênero. em primeira pessoa, já que nesse caso o autor relata as frases como
alguém que estivesse apenas contando o que cada personagem
A Tradução está no campo da intertextualidade porque implica disse.
a recriação de um texto.
Sendo assim, o autor deve definir se sua narrativa será
Evidentemente, a intertextualidade está ligada ao transmitida ao leitor por um ou vários personagens. Se a história
“conhecimento de mundo”, que deve ser compartilhado, ou seja,
é contada por mais de um ser fictício, a transição do ponto de
comum ao produtor e ao receptor de textos.
vista de um para outro deve ser bem clara, para que quem estiver
A intertextualidade pressupõe um universo cultural muito
acompanhando a leitura não fique confuso.
amplo e complexo, pois implica a identificação / o reconhecimento de
remissões a obras ou a textos / trechos mais, ou menos conhecidos,
ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO DO TEXTO E DOS
além de exigir do interlocutor a capacidade de interpretar a função
PARÁGRAFOS
daquela citação ou alusão em questão.
São três os elementos essenciais para a composição de um tex-
Intertextualidade explícita e intertextualidade implícita to: a introdução, o desenvolvimento e a conclusão. Vamos estudar
A intertextualidade pode ser caracterizada como explícita ou cada uma de forma isolada a seguir:
implícita, de acordo com a relação estabelecida com o texto fonte,
ou seja, se mais direta ou se mais subentendida. Introdução
É a apresentação direta e objetiva da ideia central do texto. A
A intertextualidade explícita: introdução é caracterizada por ser o parágrafo inicial.
– é facilmente identificada pelos leitores;
– estabelece uma relação direta com o texto fonte; Desenvolvimento
– apresenta elementos que identificam o texto fonte; Quando tratamos de estrutura, é a maior parte do texto. O
– não exige que haja dedução por parte do leitor; desenvolvimento estabelece uma conexão entre a introdução e a
– apenas apela à compreensão do conteúdos. conclusão, pois é nesta parte que as ideias, argumentos e posicio-
namento do autor vão sendo formados e desenvolvidos com a fina-
A intertextualidade implícita: lidade de dirigir a atenção do leitor para a conclusão.
– não é facilmente identificada pelos leitores; Em um bom desenvolvimento as ideias devem ser claras e ap-
– não estabelece uma relação direta com o texto fonte; tas a fazer com que o leitor anteceda qual será a conclusão.
– não apresenta elementos que identificam o texto fonte;
– exige que haja dedução, inferência, atenção e análise por São três principais erros que podem ser cometidos na elabora-
parte dos leitores; ção do desenvolvimento:
– exige que os leitores recorram a conhecimentos prévios para - Distanciar-se do texto em relação ao tema inicial.
a compreensão do conteúdo. - Focar em apenas um tópico do tema e esquecer dos outros.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Falar sobre muitas informações e não conseguir organizá-las, dificultando a linha de compreensão do leitor.

Conclusão
Ponto final de todas as argumentações discorridas no desenvolvimento, ou seja, o encerramento do texto e dos questionamentos
levantados pelo autor.
Ao fazermos a conclusão devemos evitar expressões como: “Concluindo...”, “Em conclusão, ...”, “Como já dissemos antes...”.

Parágrafo
Se caracteriza como um pequeno recuo em relação à margem esquerda da folha. Conceitualmente, o parágrafo completo deve conter
introdução, desenvolvimento e conclusão.
- Introdução – apresentação da ideia principal, feita de maneira sintética de acordo com os objetivos do autor.
- Desenvolvimento – ampliação do tópico frasal (introdução), atribuído pelas ideias secundárias, a fim de reforçar e dar credibilidade
na discussão.
- Conclusão – retomada da ideia central ligada aos pressupostos citados no desenvolvimento, procurando arrematá-los.

Exemplo de um parágrafo bem estruturado (com introdução, desenvolvimento e conclusão):

“Nesse contexto, é um grave erro a liberação da maconha. Provocará de imediato violenta elevação do consumo. O Estado perderá
o precário controle que ainda exerce sobre as drogas psicotrópicas e nossas instituições de recuperação de viciados não terão estrutura
suficiente para atender à demanda. Enfim, viveremos o caos. ”
(Alberto Corazza, Isto É, com adaptações)

Elemento relacionador: Nesse contexto.


Tópico frasal: é um grave erro a liberação da maconha.
Desenvolvimento: Provocará de imediato violenta elevação do consumo. O Estado perderá o precário controle que ainda exerce sobre
as drogas psicotrópicas e nossas instituições de recuperação de viciados não terão estrutura suficiente para atender à demanda.
Conclusão: Enfim, viveremos o caos.

Coerência e a coesão
A coerência e a coesão são essenciais na escrita e na interpretação de textos. Ambos se referem à relação adequada entre os compo-
nentes do texto, de modo que são independentes entre si. Isso quer dizer que um texto pode estar coeso, porém incoerente, e vice-versa.
Enquanto a coesão tem foco nas questões gramaticais, ou seja, ligação entre palavras, frases e parágrafos, a coerência diz respeito ao
conteúdo, isto é, uma sequência lógica entre as ideias.

Coesão
A coesão textual ocorre, normalmente, por meio do uso de conectivos (preposições, conjunções, advérbios). Ela pode ser obtida a
partir da anáfora (retoma um componente) e da catáfora (antecipa um componente).
Confira, então, as principais regras que garantem a coesão textual:

REGRA CARACTERÍSTICAS EXEMPLOS


Pessoal (uso de pronomes pessoais ou possessivos) –
João e Maria são crianças. Eles são irmãos.
anafórica
Fiz todas as tarefas, exceto esta: colonização
REFERÊNCIA Demonstrativa (uso de pronomes demonstrativos e
africana.
advérbios) – catafórica
Mais um ano igual aos outros...
Comparativa (uso de comparações por semelhanças)
Substituição de um termo por outro, para evitar Maria está triste. A menina está cansada de ficar
SUBSTITUIÇÃO
repetição em casa.
No quarto, apenas quatro ou cinco convidados.
ELIPSE Omissão de um termo
(omissão do verbo “haver”)
Conexão entre duas orações, estabelecendo relação Eu queria ir ao cinema, mas estamos de
CONJUNÇÃO
entre elas quarentena.
Utilização de sinônimos, hiperônimos, nomes genéricos
A minha casa é clara. Os quartos, a sala e a
COESÃO LEXICAL ou palavras que possuem sentido aproximado e
cozinha têm janelas grandes.
pertencente a um mesmo grupo lexical.

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LÍNGUA PORTUGUESA

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EDUCAÇÃO FÍSICA

AS TRANSFORMAÇÕES DO MOVIMENTO

Introdução
Movimento é a mudança de um corpo baseado em um ponto
referencial. Portanto percebemos que este ponto referencial é im-
portante. Um corpo pode estar em movimento para um observa-
dor, e parado para outro observador.
Por exemplo: Para um passageiro que está sentado dentro de
um ônibus. Esse passageiro em relação ao ônibus está parado, já
em relação ao planeta Terra está em movimento.
Dentro da física temos a mecânica que é a área estática que
trata os corpos sem movimento, temos a área da cinemática que
descreve os movimentos e área da cinética que trata das suas cau-
sas.

Causas do Movimento
Para que um movimento ocorra, deve-se sair do seu estado
inicial de Inércia, com a aplicação de uma força. Basta pensarmos
eu um treino, é necessária uma força para que ocorra o movimento
necessário.
• Força: é o agente da dinâmica, responsável por alterar o es-
tado de repouso do movimento de um corpo.
• Inércia: é a tendência de um corpo em se manter em seu
estado inicial, onde só pode ser alterada por meio da aplicação de • O Movimento é Angular quando o corpo gira em torno de um
uma força. determinado centro.
Pelas imagens acima verificamos que corpo pode executar am-
As forças podem ser classificadas como internas ou externas. bos os movimentos simultaneamente. Por exemplo: Temos movi-
As forças externas causam o deslocamento enquanto as internas mento lineares (troca de posição) e temos movimentos angulares
são as musculares que atuam internamente no corpo. internos no corpo do atleta em relação a sua musculatura; temos
Dentro do contexto da educação física temos a biomecânica, também movimentos angulares ao redor de um determinado eixo
que é uma disciplina que integra a parte biológica e a mecânica e temos movimento angulares em torno do próprio centro de gra-
como o próprio nome diz. A biomecânica é importantíssima para vidade.
os esportes de forma geral, tem trazido um grande melhoria na O corpo humano executa movimentos angulares por isso con-
análise e técnica desportiva, desenvolvimento de equipamentos segue executar a maioria dos movimentos pelas suas articulações.
adequados e parâmetros para análise e aplicação do movimento. Conforme estudado, sabemos que a força é um fator que de-
termina e modifica o movimento, um movimento pode ser modifi-
Tipos de Movimentos cado também pelo atrito.
Dentro do nosso estudo vamos resumir apenas em dois movi- Estes fatores são utilizados pelos atletas para aproveitarem
mentos: linear e angular, apesar de existirem outros tipos de mo- oportunidades em seu desempenho.
vimentos.
As Transformações do Movimento
• O Movimento é Linear quando o corpo pode se mover por As transformações do movimento humano estão relacionadas
completo de um lugar para o outro. Este movimento pode ser re- ao desenvolvimento psicomotor em harmonia com o aperfeiçoa-
tilíneo ou curvilíneo. mento social e cognitivo.
– Movimento Linear Retilíneo: Movimento em Linha Reta.
– Movimento Linear Curvilíneo: Movimento em Curva.

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EDUCAÇÃO FÍSICA

Desenvolvimento Humano e período evolutivos As atividades psicomotoras são aquelas em que existe a in-
teração entre o movimento muscular e o sistema nervoso. Como
relatado, elas são importantíssimas em qualquer fase da vida. São
exemplos: andar, correr, andar de bicicleta, etc.

A CULTURA DO ESPORTE

A CULTURA DO ESPORTE

Muitos movimentos são voluntários que foram adquiridos con-


forme a evolução na infância. Estes marcos iniciais deverão ser ob-
servados desde o nascimento, para verificar a saúde neurológica.
• Desenvolvimento motor: Refere-se ao controle sobre os dife-
rentes músculos do organismo.

Sistema Nervoso Central e sua relação com os tipos de mo-


vimento

A cultura do esporte não é apenas ensinar os conceitos dos


jogos, é algo que vai além, pois existe uma interação com a socie-
dade.
Dentro deste tema a cultura do esporte é uma complexa rela-
ção sociocultural. A Área de educação física hoje contempla múlti-
O sistema nervoso central é responsável por processar as in- plos conhecimentos sobre o corpo e movimento.
formações. Dentro do nosso estudo sobre movimento o cerebelo Portanto as manifestações (jogos, esportes, danças, etc.) de-
coordena e mantém o equilíbrio e permite a execução de movi- vem ser abordadas, pois trazem benefícios fisiológicos e biológicos
mentos. e sociais. Essas manifestações também são instrumentos de lazer,
comunicação, expressão e cultura. Visando esses preceitos, cabe
Atividades motoras e psicomotoras à educação física garantir os ensinamentos práticos e conceituais,
contribuindo assim para formação do caráter do indivíduo.

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EDUCAÇÃO FÍSICA

Basta pensarmos em uma partida de futebol, ou até mesmo


OS BENEFÍCIOS DO MOVIMENTO em uma manifestação artística qualquer. A comunicação não ver-
bal ocorre entre os participantes e com o público de forma geral.
Dentro deste contexto são usados códigos e convenções para ex-
OS BENEFÍCIOS DO MOVIMENTO
pressar-se. Estes códigos e convenções são gestos usuais padroni-
Mesmo antes do nascimento o corpo humano movimenta-se.
É parte integrante do nosso ser, existem inúmeros benefícios que zados que o ser humano entende, ou até mesmo podem ser combi-
advém disso. Aqui citaremos alguns: nados pelos integrantes para a execução de uma tarefa específica.
Ou seja: Códigos e convenções são gestos usuais padronizados
ou combinados que o ser humano entende para executar uma ação.
Melhora nas articulações
Uma atividade exercida de forma correta, sem exagero ou ex-
cesso, tende a melhorar as articulações desenrijecendo as junções Linguagem do corpo
dos ossos. Temos também uma linguagem interna para realizar os movi-
mentos, desta forma ocorrem os impulsos nervosos que estabele-
cem a comunicação do corpo.
Garantia da qualidade do sono
Existem algumas funções que o corpo realiza somente durante Dentro do contexto estudado temos a comunicação interna e a
o sono, desta forma realizar movimentos como caminhada, dentre externa. Muitos estudiosos dentro desta linha criaram várias técni-
outros, melhora o organismo e metabolismo. cas e comprovaram sua eficácia.
Vamos citar como exemplo o Método Pilates, criado por Jo-
Diminuição de dores seph Pilates para ilustrar:
Ao movimenta-se, o corpo libera algumas substancias analgési-
cas que agem no organismo. • Concentração: Durante o exercício é priorizada a concen-
tração para conectar o corpo e a mente para estabelecer uma co-
municação eficaz. Desta forma o movimento efetuado é preciso e
Integração social
Por meio de atividades em grupo, o indivíduo integra-se ao meio atinge o objetivo final. O Método Pilates prioriza a qualidade não
se comunicando com os participantes através de movimentos. a quantidade, sendo este um de seus princípios.
Outros itens que advém da concentração são: respiração, pre-
cisão, força, coordenação, fluidez do movimento e relaxamento.
Melhora cardiovascular
Todo tipo de exercício demanda energia cardiovascular, des- Dentro deste conceito, Pilates estabeleceu uma série de movi-
ta forma um benefício decorrente disso é a prevenção de doenças mentos que abordam estes itens. Esses princípios são muito impor-
cardíacas. tantes, mesmo para a execução de outros movimentos, pois eles
deverão ser executados de forma precisa para atingir seu objetivo.
Os benefícios advindos dos movimentos do corpo humano são
numerosos e atuam no comportamento cognitivo (mente), afetivo-
-social (emoções e sentimentos) e motor em todas as fases da vida.
A INFLUÊNCIA DO ESPORTE

A INFLUÊNCIA DO ESPORTE

O ser-humano pode expressar-se através do movimento. A de-


finição de corporeidade está relacionada com a comunicação do
mundo exterior com o mundo interior. Desta forma existem vários
movimentos, como por exemplo: correr, andar, pular que fazem
este papel.
As manifestações corporais estão presentes em diversos seg-
mentos, mas dentro do nosso contexto estamos focando no mo-
vimento.
Desde a pré-história esta noção de corporeidade é refletida
através da caça e outras pelo instinto de sobrevivência. Na edu-
cação física escolar as manifestações que expressam arte, jogos e Conforme estudado, sabemos que as atividades físicas ajudam
atividades em geral demonstram a comunicação através de gestos, a manter o corpo saudável, mas as atividades físicas influenciam a
estímulos visuais, sensoriais etc. vida do participante em vários aspectos.

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EDUCAÇÃO FÍSICA

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EDUCAÇÃO ARTÍSTICA

Características da relação entre o belo e os meios de comuni-


RELAÇÃO ENTRE ARTE E BELEZA; O BELO E OS MEIOS cação:
DE COMUNICAÇÃO • não conta com um momento determinado de recepção de
uma obra, uma consideração inicial
A rígida relação que estipulamos entre arte e pode ser equivo- • realiza-se com o entendimento comunicacional em sua con-
cada, especialmente se os critérios determinantes do que é belo es- dição de uma constante reconstrução do mundo em derredor
tiverem envolvidos em a uma estética impulsionadora do consumo. • ressalta o elemento de ligação entre os sujeitos, em relação
O belo é motivo de diversas argumentações e contestações uns aos outros e aos envolvidos enquanto seres em diálogo
desde a Era Medieval, quando os grandes pensadores já questiona-
vam o belo como arte. Porém, toda arte era bela ou se aproximava O belo como elemento indissociável dos meios de comunica-
do belo em sua essência. ção não se trata exatamente de retratar a proporção estética exis-
A beleza é intrínseca, assim, a arte centrada na beleza está su- tente nas obras midiáticas, mas de compreender a comunicação
jeita a interpretações à óptica do espectador, e é este que viabili- como um princípio da estética dentro das possibilidades de cons-
za tal beleza. portanto é muito relativo, obviamente mudando de trução de elos interativos.
pessoa pra pessoa. Existem, contudo, algumas pré-requisições para
uma obra ser considerada arte. São elas:
• atemporalidade O NASCIMENTO DA ARTE
• universalidade
• ser reconhecida pela sociedade
• possuir valor histórico-social (fenômeno cultural) Pré-História: os primeiros artefatos concretos que podem ser
classificados como arte (símbolos e arte rupestre) datam da Idade
A despeito de todas as contestações que possam ser levanta- da Pedra, cerca de 25 mil anos atrás, período em que o Neandertal,
das ainda nos dias atuais, algumas afirmações sobre a relação entre considerado subumano do homem, evoluiu para o Cro-Magnon, o
beleza e arte podem ser feitas: ancestral do ser humano.
• A beleza pode ser definida como a agradável sensação que se • Período Paleolítico (25000–8000 a.C.): como caçador-coletor,
experimenta ao apreciar uma obra de arte o homem habitava em cavernas, cujos interiores constituiriam as
• Os conceitos de estética e beleza estão relacionados para estruturas iniciais para a prática da arte rupestre.
criação de uma obra prima • Período Neolítico (6000–3000 a.C.): com a descoberta da
• Sendo o conceito de belo sujeito ao ponto de vista do espec- agricultura, o Homem se torna sedentário e, conforme as socieda-
tador, a beleza estética não é o limite da arte des iam evoluindo e se tornando gradativamente mais complexas,
• A arte contemporânea não recorre, obrigatoriamente, ao tendo a religião como base, deu-se início à produção dos primeiros
belo para diálogo, mas expressa-se no intuito de instigar o espec- itens artesanais.
tador para revelar as ideias e sentimentos que constituem verdade
para o artista de seu tempo Predomínio da imaginação: de 25000 a.C a 1400 d.C, a arte
• Mais do que apreciação estética, a verdadeira arte provoca não tem sua história baseada nas evoluções do primitivo para o
reação, tirando o cidadão de seu centro comum, conduzindo-o à sofisticado ou simples ao complexo; nesse período, o mais impor-
reflexão tante são as variadas formas que a imaginação apresentou na ar-
quitetura, na pintura e na escultura.
O Belo e os Meios de Comunicação
É conhecido que os meios de comunicação têm no “belo” um Arquitetura, pintura e escultura: conforme o ser humano foi
dos seus elementos intrínsecos, e isso não depende do fator apro- se aperfeiçoando intelectualmente, desenvolveu seu potencial
priadamente midiático no qual o fenômeno estético possa encon- imaginário e suas habilidades de esculpir figuras e pintar. Assim
trar sua motivação. como os itens artesanais, a arquitetura teve origem a partir da ne-
Nessa concepção, pode-se afirmar que o belo e o ato comu- cessidade de construção de monumentos designados a cerimônias
nicacional estão relacionados não pelo momento de encontro da religiosas e práticas ritualísticas. Assim, no decorrer de milhares de
obra com o espectador, nem conforme os critérios de composição anos, acompanhando ascensão e declínio de civilizações, essas três
de beleza, mas pela forma que se estabelecem suas subjetividades, formas de arte incorporaram sonhos, ambições e valores culturais
seus afetos e conhecimentos, intermediadas por uma realidade ba- da humanidade.
nal com a qual estão em permanente interação.
Primeiros artistas: apesar de anônimos, os primeiros serem
humanos a criarem obras artísticas deixaram um legado inestimá-
vel para as sociedades futuras.

29
EDUCAÇÃO ARTÍSTICA

• Egito e Mesopotâmia: os baixos-relevos e os zigurates (tem- 3. gricultores: em habitações subterrâneas ou em cabanas, os


plos) localizados nas pirâmides do Egito e nos destroços da Meso- indivíduos desse grupo, que viveu aqui há cerca de 3,5 mil a 1,5 mil
potâmia certificam civilizações altamente complexas. anos, desenvolveram habilidade no trabalho com o barro, domi-
• Grécia: em Atenas, o florescimento pelo respeito ao indiví- nando, assim, a técnica da cerâmica. Esta, por sua vez, proporcio-
duo levou a arte grega ao auge da beleza nava o benefício do armazenamento de provisões e também servia
• Roma: as relíquias romanas testemunham o poder do maior como urnas funerárias.
império da Antiguidade
Sítios arqueológicos: as regiões onde os vestígios da presença
História da Arte: o desenvolvimento da arte acompanha o de seres humanos em território brasileiro no período pré-histórico
desenvolvimento da Humanidade, por isso, divide-se conforme podem ser encontrados são:
os vários períodos, nos quais se observam as diversas formas de • Lagoa Santa (MG), onde foram achados o Homem de Lagoa
produção artística dos incontáveis povos ao longo da História. Para Santa, que teria vivido 12 mil anos atrás, e um fóssil, que tem entre
muitos especialistas, desde a Pré-História até a atualidade, a Histó- 12500 e 13000 anos, conhecido como Luzia.
ria da Arte reflete a própria História do Homem, ou seja, transpare- • Boqueirão da Pedra Furada, no estado do Pernambuco, onde
ce o desenvolvimento da autocompreensão do ser humano. uma equipe de arqueólogos localizou machados e facas com cerca
de 48 mil anos.
• Parque Nacional da Serra da Capivara, no Piauí, Caatinga de
BRASIL PRÉ-HISTÓRICO Moura, na Bahia, e Santana do Riacho, em Minas Gerais, são outros
importantes sítios arqueológicos do território brasileiro.
Evidências arqueológicas apontam que os nativos encontrados
por Pedro Alvares Cabral, em 1500, no território que hoje é o Brasil,
já ocupavam a área há milhares de anos, sendo que, atualmente, RITUAIS E MAGIAS; BRASIL, ARTE E RELIGIOSIDADE
pode-se dizer que o Brasil teve o início de seu período pré-histórico
há 12 mil anos. Relação intrínseca: expressão artística e espiritualidade aglu-
tinam-se no despontar da experiência humana e, de certa forma,
Migração: sabe-se que os seres humanos tiveram origem no o Homem é determinado por essas duas proporções. Isso se dá
continente africano, há 3 milhões de anos, e que partiram para ou- porque ambas constituem modos de manifestar a consciência, a
tros lugares por meio de rotas migratórias. No continente america-
assimilação de tudo que o cerca.
no, pelo menos duas dessas correntes colaboraram para o povoa-
mento humano.
Comunicação: magias, rituais e arte são formas de comuni-
cação. Às vezes, comunicação direta (entre emissor e receptor).
Aspectos dos povos do Brasil pré-histórico
Exemplo disso, na religião, é a Bíblia, que comunica mensagens e
Três tribos nativas ocuparam o território brasileiro no período
mandamentos; nas artes, especialmente na Era Medieval, em que
pré-cabralino, como também é conhecida a pré-história da terra
o analfabetismo era predominante, as imagens serviam para trans-
que, mais tarde, viria a se tornar colônia portuguesa colônia por-
tuguesa: mitir as mensagens e ensinamentos à população.
1. caçadores-coletores: ocuparam a extensão territorial nacio-
nal, do Sul ao Nordeste entre 50 mil e 2,5 mil anos. Habitavam em Rituais e magias: para os povos primitivos, os rituais consti-
cavernas ou mesmo na mata, e sua sobrevivência era auxiliada pelo tuem uma modalidade a mais de comunicação, entre seres vivos e
uso de ferramentas como bumerangues e boleadeiras de pedra, mortos ou espíritos. Essas populações acreditam que essa forma de
arco e flecha. Sua provisão vinha dos frutos, da caça de pequenos interação deve se realizar com mediação, e é fundamental para a
animais, da pesca (peixes e moluscos). Sua arte rupestre, repre- formação da sociedade e de seus indivíduos. Segundo sua crença,
sentações do cotidiano das tribos, marcado por danças, caça e até o cosmos mítico fornece as matérias-primas para a estruturação
guerras, pode ser encontrada nas cavernas da região nordeste. Na da sociedade e de seus membros.Se essa interação cair no esque-
região sul, há indícios da presença dos chamados homens de umbu, cimento, segundo eles, a existência neste mundo perde o sentido.
que povoavam a área dos pampas gaúchos, e foram responsáveis
pela utilização de diversas ferramentas, como o arco e flecha her- Rituais de iniciação: consiste em um tipo de cerimônia cujo ob-
dados pelas tribos indígenas. jetivo é introduzir um novo membro na sociedade, após o iniciado
2. sambaquis ou povos do litoral: há cerca de 6 mil anos, na (neófito) passar por uma tarefa ou ritual específico. Geralmente,
faixa que vai do Rio Grande do Sul até o estado do Espírito Santo, esse tipo de ritual compreende a condução do indivíduo iniciante
viviam os chamados “povos do litoral” ou “sambaquis”. Por não te- por um membro antigo da comunidade, e abrange o compartilha-
rem necessidade de se deslocarem para procurar alimentos, esses mento de conhecimentos, mesmo confidenciais.
povos eram sedentários. Além de serem coletores, sua alimenta-
ção era à base de frutos do mar. Após extraírem os moluscos, os Rituais funerários: o intuito é fazer a desassociação de vivos
sambaquis utilizavam suas conchas para construir suas habitações, do morto, para que este possa retornar ao mundo não-humano.
e estas são, hoje, os principais indícios da existência dos povos do Sempre que ocorre uma morte, os vivos que estão relacionados a
litoral. Além disso, foram encontradas covas com restos mortais ela são colocados numa condição de liminaridade. Assim, se explica
acompanhados de apetrechos coloridos de vermelho, o que indica o motivo pelos qual os indígenas aproveitam a ocasião do ritual fu-
que esses povos acreditavam em vida após a morte e, por isso, pra- nerário para realizar iniciações.
ticavam ritos fúnebres.

30
EDUCAÇÃO ARTÍSTICA

Celebração das diferenças: esse é o grande intuito dos indí- Teatro: forma de arte que consiste na interpretação de uma
genas ao realizarem seus rituais. E quais são essas diferenças? Pri- história por um ou mais atores. Essa arte é realizada para um de-
meiramente, a existente entre os serem que habitam o universo. terminado público em um local determinado. Com situações im-
Os povos indígenas têm consciência que toda a sua cultura não foi provisadas ou com o suporte de enredos escritos por dramaturgos
simplesmente criada por eles próprios; pelo contrário, acreditam e performance de diretores, o espetáculo tem a finalidade de re-
que todo o conhecimento foi adquirido de outras espécies há muito presentar um episódio e despertar os mais diversos sentimentos e
não vistas. Obviamente, celebram-se as diferenças entre a própria emoções nos espectadores.
espécie humana, pois, sem elas, não existiriam cooperação e re-
ciprocidade. Essas celebrações são realizadas mediante bebidas e Carnaval: está relacionado às artes visuais, às criações que re-
comidas, cantos e artefatos. correm à visão para serem apreciadas. O carnaval apresenta uma
guinada na customização e na moda, além de alegorias, figurinos
Principais rituais pelo Brasil específicos para atores, cantores, dançarinos; escolas de samba,
• Tribo Kanela: é realizada uma série de rituais de iniciação concursos de melhor fantasia, bailes, etc. Nas ruas das cidades, a
na introdução de meninos na sua classe de idade. O objetivo des- decoração exibe as mais belas artes plásticas. O Carnaval abrange
sas cerimônias é capacitar os iniciados para que ingressem como todos os órgãos dos sentidos humanos, o corpo e a mente. Trata-se
guerreiros na vida adulta. Quanto às meninas, resume-se no rece- de um íntegro desarranjar do ser humano.
bimento dos chamados cintos de maturidade, para que possam se
tornar esposas.
• Tribo Bororo: a socialização dos jovens dessa tribo é promo- TRANSFORMAÇÕES NA ARTE
vida sempre que há um ritual funerário, pois, nessas ocasiões, eles
participam com danças, cantos, pescarias e caçadas coletivas, per- No decorrer dos anos, a forma de classificação e de visão das
cebendo e aprendendo sobre a riqueza de sua cultura. Além disso, artes visuais passaram por muitas transformações:
muitos jovens são formalmente iniciados. • 10artes liberais e artes mecânicas, na Idade Média
• Tribo Karajá: aos sete ou oito anos, os meninos dessa tribo • 20 artes aplicadas e belas artes, conforme classificação da mo-
passam pela primeira iniciação, que se resume na utilização da cla- dernidade
vícula de um macaco para perfurar a parte inferior dos lábios, onde • 30 na contemporaneidade, as diversas determinações que de-
será transpassado um ornamento. Toda a cerimônia se realiza na claram quaisquer expressões humanas como arte
presença dos pais.
• Tribo Yanomami: essa tribo tem um local chamado maloca Renascimento comercial e urbano: na Europa do século XI, foi
Toototobi, onde os homens recebem um presente de iniciação da um período de grandes modificações urbanas e sociais.
parte dos pajés, que consiste no usufruto do yãkuãna, um pó alu-
cinógeno. Transformações culturais: no século XII, especialmente na Itá-
• Tribo Kadiwéu: essa tribo reproduz a Festa no navio, onde lia, teve início um prologando e lento processo na cultura
os bobotegi (bobos) são personagens que interpretam e figuram. É
uma longa cerimônia que resgata a Guerra do Paraguai, nos tempos Retorno à Antiguidade Clássica: no século XVIII houve uma
em que os kadiwéu lutaram pelo Brasil. modificação na sensibilidade e na percepção de arte, resultado de
• Tribo Pankararu: antes assentados na capital do estado de uma revalorização das culturas grega e romana. Os aspectos mais
São Paulo, os pankararu migraram para o Nordeste, onde prosse- valorizados eram:
guem com seus rituais, danças e cantos. • Espírito crítico
• Naturalismo (apreciação da natureza)
• Racionalismo (o Homem sendo capaz de refletir sobre o mun-
MÚSICA, DANÇA TEATRO E CARNAVAL do)
• Renascimento cultural e artístico: teve início na Itália, no sé-
culo XVI, e espalhou-se, rapidamente, por toda a Europa. Principais
Música: expressão artística que consiste na combinação de características:
sons e ritmos, acompanhando um pré-arranjo conforme a marca- • Modificação das formas de criação artística
ção do tempo. Para especialista, é uma atividade humana e cul- • Fundamentação nas noções de perspectiva (fundo), equilí-
tural. Não se tem conhecimento de qualquer sociedade que não brio e harmonia (princípios racionais e matemáticos)
conte com típicas manifestações musicais. Apesar de nem sempre
sua realização estar relacionada à expressão artística, a música é Século XX
tida por muitos como arte, tendo nela a sua principal motivação. Como vimos anteriormente, na Antiguidade, as três principais
artes cênicas eram teatro, dança e música. Saltando para o século
Dança: ao lado do teatro e da música, a dança, arte de movi- XX, notamos que houve uma expansão no quadro das formas de
mentação corporal conforme ritmo determinado, compõe das três arte principais, considerando modalidades a mais:
principais artes cênicas da Antigüidade. Nos povos primitivos, os • escultura
rituais religiosos eram realizados com sessões de dança em grupo. • arquitetura
Essa arte foi se aperfeiçoando até conquistar determinados ritmos, • pintura
vestuários e passos. Ainda na Antiguidade, em meados do ano 2000 • poesia (aqui definida em sentido lato como forma de litera-
a.C, a dança era praticada, no Egito, para cultuar os deuses. Tam- tura com um propósito ou função estética, o que inclui também o
bém foi associada aos jogos olímpicos, na Grécia antiga. teatro e a narrativa literária)

31
EDUCAÇÃO ARTÍSTICA

32
EDUCAÇÃO ARTÍSTICA
• cinema
• fotografia
• banda desenhada
• design (artes plásticas)
• artes gráficas (artes visuais)
• gastronomia e moda (além das tradicionais formas de mani-festação artística)
• arte digital, performance, vídeo, animação, publicidade, jo-gos de computador e televisão (novos meios de expressão artística)

ROMPIMENTO COM O REAL

Uma das vanguardas artísticas europeias adotadas pelos inte- lectuais nacionais na Semana de Arte Moderna, em 1922, foi o Sur-
realismo. Sobre este movimento, podemos afirmar:
• ruptura com a compreensão racional
• não distinção entre realizada e sonho
• não distinção entre delírio e lucidez
• ruptura com a intuito de dar sentido às representações
• prioridade para o que está além do real
• concepção de que aquilo que não é real ultrapassa o entendi- mento racional e associa-se com o absurdo e a imaginação, enfim, com
o inconsciente mental
• tendo surgido no momento de recuperação pós Primeira Guerra Mundial, o Surrealismo rompia com a realidade, pois o con-
siderado “mundo real” e a chamada “ordenação lógica” permitiam,de certa forma, a desventura desmedida e difundida.

QUESTÕES

1. FEPESE - Professor (Pref São José)/Artesanato/Artes Aplica- das/2022/Edital 08.2022 (e mais 12 concursos)
Conforme as pesquisas na área do artesanato, existem diferen-tes categorias de acordo com a finalidade do objeto produzido.
Nesse contexto, os artefatos cuja principal motivação é a busca da beleza, com a finalidade de harmonizar os espaços de convívio, são
considerado:
(A) Lúdicos.
(B) Utilitários.
(C) Litúrgicos.
(D) Conceituais.
(E) Decorativos.

2.FEPESE - Professor (Pref São José)/Artesanato/Artes Aplica-das/2022/Edital 08.2022 (e mais 12 concursos)


As matérias-primas utilizadas no fazer artesanal podem ser de
origem mineral, vegetal ou animal.
Dentre as matérias-primas listadas abaixo, qual é consideradade origem vegetal?
(A) Pedra
(B) Couro
(C) Madeira
(D) Chifre
(E) Argila

33
EDUCAÇÃO ARTÍSTICA
3.FEPESE - Professor (Pref São José)/Artesanato/Artes Aplica-das/2022/Edital 08.2022 (e mais 12 concursos)
Conceitualmente, o artesanato popular tradicional é majorita-riamente baseado na:
(A) Produção exclusiva das tribos indígenas.
(B) Produção em oficinas profissionalizantes.
(C) Produção realizada nas unidades de educação básica.
(D) Produção familiar ou de pequenos grupos vizinhos.
(E) Organização do trabalho através de programas governa-mentais.

4.FEPESE - Professor (Pref São José)/Artesanato/Artes Aplica- das/2022/Edital 08.2022 (e mais 12 concursos)
A técnica de artesanato com tecidos, que pode ser descrita como “justaposição, através de costura, de pedaços de tecido em cores e
estampas diversas, obtendo-se assim um trabalho artesanaldo tipo “colchas de retalhos”, é reconhecida como:
(A) Patchwork.
(B) Composè.
(C) Fuxico.
(D) Macramê.
(E) Customização.

5.FEPESE - Professor (Pref São José)/Artesanato/Artes Aplica- das/2022/Edital 08.2022 (e mais 12 concursos)
O tipo de artesanato em renda, bastante produzido no sul do Brasil, que é produzido com a técnica que utiliza linha, agulha e o lacê
(espécie de fita) que é costurado por todo o desenho, e que os espaços são preenchidos entre os lacês, com pontos diversificados, é
conhecido como:
(A) Bilro.
(B) Crivo.
(C) Frivolitê.
(D) Jaguapitã.
(E) Renascença.

6.FEPESE - Professor (Pref São José)/Artesanato/Artes Aplica- das/2022/Edital 08.2022 (e mais 12 concursos)
No artesanato, a técnica que consiste na alteração da cor pri- mitiva de um objeto, e que para transformar o colorido é realizada a
imersão em tinta ou corante, é reconhecida como:
(A) Selaria.
(B) Tingimento.
(C) Batique.
(D) Estamparia.
(E) Pátina.

7.FEPESE - Professor (Pref São José)/Artesanato/Artes Aplica-das/2022/Edital 08.2022 (e mais 12 concursos)


No artesanato brasileiro, são utilizadas matérias-primas de ori-gem animal na produção com fios e tecidos, entre elas:
(A) Seda e lã.
(B) Linho e sisal.
(C) Algodão e juta.
(D) Cânhamo e coco.

34
MATEMÁTICA

RAZÕES TRIGONOMÉTRICAS. MEDIDA DE ÂNGULOS E


ARCOS

Fórmulas Trigonométricas

Relação Fundamental Lei dos Senos


Existe uma outra importante relação entre seno e cosseno de
um ângulo. Considere o triângulo retângulo ABC.

Neste triângulo, temos que: c² = a² + b²


Dividindo os membros por c²

Razões Trigonométricas no Triângulo Retângulo


Considerando o triângulo retângulo ABC.

Lei dos Cossenos


A lei dos cossenos é uma importante ferramenta matemática
para o cálculo de medidas dos lados e dos ângulos de triângulos
quaisquer.
𝐴𝐵: ℎi𝑝𝑜𝑡𝑒𝑛𝑢𝑠𝑎 = 𝑐
𝐵𝐶: 𝑐𝑎𝑡𝑒𝑡𝑜 𝑜𝑝𝑜𝑠𝑡𝑜 𝑎 𝐴 𝑒 𝑎𝑑j𝑎𝑐𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑎 𝐵 = 𝑎
𝐴𝐶: 𝑐𝑎𝑡𝑒𝑡𝑜 𝑎𝑑j𝑎𝑐𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑎 𝐴 𝑒 𝑜𝑝𝑜𝑠𝑡𝑜 𝑎 𝐵 = 𝑏

35
MATEMÁTICA

Temos: Circunferência Trigonométrica

cateto oposto a 𝐴 𝑎
sen α = =
hipotenusa 𝑐

cateto adjacente a 𝐴 𝑏
cos 𝛼 = =
hipotenusa 𝑐

cateto oposto a 𝐴 𝑎
tg α = =
𝑐𝑎𝑡𝑒𝑡𝑜 𝑎𝑑j𝑎𝑐𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑎 𝐴 𝑏

1 𝑐𝑎𝑡𝑒𝑡𝑜 𝑎𝑑j𝑎𝑐𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑎 𝐴 𝑏
𝑐𝑜𝑡𝑔 𝛼 = = =
𝑡𝑔 𝛼 𝑐𝑎𝑡𝑒𝑡𝑜 𝑜𝑝𝑜𝑠𝑡𝑜 𝑎 𝐴 𝑎

1 ℎi𝑝𝑜𝑡𝑒𝑛𝑢𝑠𝑎 𝑐
sec 𝛼 = = = Redução ao Primeiro quadrante
cos 𝛼 𝑐𝑎𝑡𝑒𝑡𝑜 𝑎𝑑j𝑎𝑐𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑎 𝐴 𝑏
Sen (π - x) = senx
1 ℎi𝑝𝑜𝑡𝑒𝑛𝑢𝑠𝑎 𝑐 Cos (π - x) = -cos x
𝑐𝑜𝑠𝑒𝑐 𝛼 = = = Tg (π - x) = -tg x
𝑠𝑒𝑛𝛼 𝑐𝑎𝑡𝑒𝑡𝑜 𝑜𝑝𝑜𝑠𝑡𝑜 𝑎 𝐴 𝑎
Sen (π + x) = -sen x
Cos (π + x) = -cos x
Teorema de Pitágoras Tg (π + x) = tg x
Sen (2π - x) = -sen x
c² = a² + b² Cos (2π - x) = cos x
Tg (2π - x) = -tg x
Considere um arco , contido numa circunferência de raio r,
tal que o comprimento do arco seja igual a r. Funções Trigonométricas

Função seno
A função seno é uma função ƒ: 𝑅 → 𝑅 que a todo arco
de medida x ϵ R associa a ordenada y’ do ponto M.

ƒ 𝑥 = 𝑠𝑒𝑛 𝑥

D=R e Im=[-1,1]

Dizemos que a medida do arco é 1 radiano(1rad)

Transformação de arcos e ângulos


Determinar em radianos a medida de 120°

𝜋𝑟𝑎𝑑 = 180°

π ---- 180
Exemplo
X ---- 120 Sem construir o gráfico, determine o conjunto imagem da fun-
ção f(x)=2sen x.
120𝜋 2𝜋
𝑥= = 𝑟𝑎𝑑 Solução
180 3 -1 ≤ sen x ≤ 1
-2 ≤ 2 sen x ≤ 2
-2 ≤ f (x) ≤ 2

Im = [-2,2]

36
MATEMÁTICA

Função Cosseno Duplicação de arcos


A função cosseno é uma função ƒ: 𝑅 → 𝑅 que a todo arco
de medida x ϵ R associa a abscissa x do ponto M. 𝑠𝑒𝑛2𝑥 = 2𝑠𝑒𝑛𝑥 ∙ 𝑐𝑜𝑠𝑥

𝑐𝑜𝑠2𝑥 = 𝑐𝑜𝑠2𝑥 − 𝑠𝑒𝑛2𝑥


2𝑡𝑔𝑥
𝑡𝑔2𝑥 =
1 − 𝑡𝑔2 𝑥

NÚMEROS COMPLEXOS
D=R
Im = [-1,1] Dada uma equação:
x2 + 1 = 0 ⇒ x2 = -1 ⇒ x = ± √-1
Exemplo Para que equações como essa tivessem solução, os matemá-
Determine o conjunto imagem da função f (x) = 2 + cos x. ticos ampliaram o campo dos números, criando um novo número,
não-real, chamado de unidade imaginária (i).
Solução Onde i = √-1
-1 ≤ cos x ≤ 1 E esse número, elevado ao quadrado: i2 = -1
-1 + 2 ≤ 2 + cos x ≤ 1 + 2 Assim, todas as raízes quadradas de números negativos podem
1 ≤ f (x) ≤ 3 ser escritas a partir de i:

Logo, Im = [1,3]

Função Tangente
A todo arco de medida x associa a ordenada yT do pontoT.
O ponto T é a interseção da reta com o eixo das tangentes.

ƒ 𝑥 = 𝑡𝑔 𝑥
Conjunto dos números complexos
Com a criação da unidade imaginária (i), surgiram novos nú-
meros, formando um novo conjunto numérico. A este conjunto
chamamos conjunto dos números complexos, denotado por C. Os
números complexos apresentam a forma genérica z = a + bi, onde a
e b são números reais. Assim, podemos definir o conjunto C como:

𝜋
𝐷= 𝑥∈𝑅𝑥≠ + 𝑘𝜋, 𝑘 ∈ 𝑍
2 O número complexo
Im = R Sendo z = a + bi um número complexo, temos:

Considerados dois arcos quaisquer de medidas a e b, as ope-


rações da soma e da diferença entre esses arcos será dada pelas
seguintes identidades:

𝑠𝑒𝑛 𝑎 + 𝑏 = 𝑠𝑒𝑛 𝑎 ∙ cos 𝑏 + cos 𝑎 ∙ 𝑠𝑒𝑛 𝑏

cos 𝑎 + 𝑏 = cos 𝑎 ∙ cos 𝑏 − 𝑠𝑒𝑛 𝑎 ∙ 𝑠𝑒𝑛 𝑏 Representação gráfica


Podemos associar qualquer número complexo z = a + bi a um
𝑡𝑔 𝑎 + 𝑡𝑔 𝑏
𝑡𝑔 𝑎 + 𝑏 = ponto no plano de Argand-Gauss. No eixo das abscissas (eixo real,)
1 − 𝑡𝑔 𝑎 ∙ 𝑡𝑔 𝑏 representa-se a parte real, e, no eixo das ordenadas (eixo imaginá-
rio), a parte imaginária do número complexo. O ponto P é o afixo ou
imagem geométrica de z.

37
MATEMÁTICA

Ou seja, suas partes reais e imaginárias são iguais.

Temos então: Exemplo:


– o eixo x é o eixo real; (UCMG) O complexo z, tal que 5z + z- = 12 +16i, é igual a:
– o eixo y é o eixo imaginário; (A) - 2 + 2i
– xOy é o plano de Argand-Gauss; (B) 2 - 3i
– P é a imagem de z, também chamado de afixo de z. (C) 1 + 2i
(D) 2 + 4i
As potências de i (E) 3 + i
Se realizarmos cálculos sucessivos, poderemos observar que as
potências de i vão-se repetindo de quatro em quatro unidades, na Resolução:
seguinte sequência: 1, i, -1, -i. A formula do número complexo é z = a + bi
i0 = 1 Logo temos:
i1 = i 5.(a + bi) + (a - bi) = 12 + 16i
i2 = -1 5a + 5bi + a – bi = 12 + 16i
i3 = i2.i = -1.i = -i 6a + 4bi = 12 + 16i , para um número complexo ser igual ao
i4 = i2.i2=-1.-1= 1 outro, vamos igualar a parte real com a imaginária:
i5 = i4. 1=1.i= i 6a = 12
i6 = i5. i =i.i=i2= -1 a = 2 ; 4bi = 16i
i7 = i6. i =(-1).i= -i ...... b=4
Montando o complexo: z = a + bi
Observamos que no desenvolvimento de in (n pertencente a N, z = 2 + 4i
com n variando, os valores repetem-se de 4 em 4 unidades. Desta Resposta: D
forma, para calcularmos in basta calcularmos ir onde r é o resto da
divisão de n por 4. Conjugado de um número complexo
Definimos como complexo conjugado de z = a + bi o número
Exemplo: complexo = a - bi. Assim:
(CPTM – ALMOXARIFE – MAKIYAMA) O valor do módulo do
número complexo (i62+i123) é:
(A) Um número natural.
(B) Um número irracional maior que 5.
(C) Um número racional menor que 2. ATENÇÃO: É interessante observar que, multiplicando-se um
(D) Um número irracional maior que 3. número complexo pelo seu conjugado, teremos partes reais iguais,
(E) Um número irracional menor que 2. mas partes imaginárias simétricas. Logo z. um número real e recebe
a denominação de norma de z.
Resolução:
62/4=15 e resto 2 então i62=i2= -1
123/4=30 e resto 3 então i123=i3=-i, como
Exemplo:
Resposta: E (PREF. CHUPINGUAIA/RO - PROFESSOR – MATEMÁTICA – MS-
CONCURSOS) O conjugado do número complexo é:
Igualdade de números complexos
Uma diferença importante entre números complexos e núme- (A)
ros reais é que os números complexos não são comparáveis, isto é,
não é definida, para o campo dos números complexos, a relação
de ordem. Assim, não existe um complexo maior ou menor do que (B)
outro.
Mas podemos compará-los desde que siga a seguinte condição:
(C)

38
MATEMÁTICA

(D)

Resolução:
O conjugado de um nº complexo z = x + yi é = x – yi (troca-se o sinal somente da parte imaginária. Neste exercício, primeiro precisamos
efetuar a divisão multiplicando o numerador e o denominador pelo conjugado do denominador. (lembrando sempre que i2 = - 1)
- o conjugado de 7 – i é 7 + i

Resposta: A

Operações com números complexos


As operações com números complexos são feitas de forma análoga aos números reais ou com expressões do tipo a + bx.

• Adição: para somarmos dois ou mais números complexos, basta somarmos suas partes reais e imaginárias separadamente.

Exemplo:
(PETROBRAS - TÉCNICO DE ADMINISTRAÇÃO E CONTROLE JÚNIOR – CESGRANRIO) Sendo i a unidade imaginária e escrevendo o
complexo z = ((3+i)²)/(1+i) na forma z = a + bi tem-se que a + b é igual a
(A) −1.
(B) 1.
(C) 2.
(D) 6.
(E) 8.

Resolução:
Nos números complexos temos que i2 = - 1. E o conjugado do complexo z = a + bi é o complexo = a – bi, pois na divisão de complexos
temos que multiplicar o numerador e o denominador pelo conjugado do denominador. Então:

39
MATEMÁTICA

z=7–i
a=7eb=-1
a+b=7–1=6
Resposta: D

• Subtração: o processo de subtração de números complexos é análogo à soma; portanto:

• Multiplicação: usaremos a regra da multiplicação de binômios para multiplicar dois números complexos, lembrando que i2 = -1.
Sendo z = a + bi e w = c + di dois números complexos, temos que:

• Divisão: dois números complexos z por w, com w ≠ 0, é obtida utilizando-se a representação fracionária e, em seguida, racionalizan-
do essa fração, utilizando o conceito de conjugado de w.

Exemplo:
(UFPA) A divisão dá como resultado

(A)

(B)

(C)

(D)

Resolução:
Temos q a = 1; b = 2 ; c = 1; d = - 1
Através da fórmula já vista vamos efetuar a divisão:

Resposta: C

Equações de grau 1 e 2 em C
Resolvemos as equações em C de maneira análoga a em R.

40
MATEMÁTICA

Exemplos:
(PROFESSOR/PREF ITABORAÍ) O inverso do número complexo é:

(A)

(B)

(C)

(D)

(E)

Resolução:
O inverso de z é 1/z :

Resposta: E

(TRANSPETRO - TÉCNICO DE CONTABILIDADE – CESGRANRIO) As raízes da equação 2x2 - 4x + 15 = 0 são números complexos que,
representados no Plano de Argand-Gauss, localizam-se nos quadrantes
(A) 1o e 2o.
(B) 1o e 3o.
(C) 1o e 4o.
(D) 2o e 3o.
(E) 2o e 4o.

Resolução:
Temos que lembrar que na definição de número complexos

.
2x2 – 4x + 15 = 0, onde a = 2, b = - 4 e c = 15
∆ = b2 – 4.a.c
∆ = (- 4)2 – 4.2.15
∆ = 16 – 120
∆ = - 104

Resposta: C

41
MATEMÁTICA

Módulo de um número complexo


Consideremos o complexo z = a + bi, representado pelo ponto P(a, b), indicado no gráfico:

Aplicando o teorema de Pitágoras no triângulo destacado, temos:

Portanto, podemos concluir que o módulo de z é a distância p de P à origem dos eixos. O módulo de z é indicado por |z|, |a+ bi| ou p.

Exemplo:
(CPTM – ALMOXARIFE – MAKIYAMA) O valor do módulo do número complexo (i62+i123) é:
(A) Um número natural.
(B) Um número irracional maior que 5.
(C) Um número racional menor que 2.
(D) Um número irracional maior que 3.
(E) Um número irracional menor que 2.

Resolução:

Resposta: E

Argumento de um número complexo


Dado um número complexo z = a + bi, com z ≠ 0 e sendo P o afixo de z, denomina-se argumento do complexo z o ângulo θ (0°≤ θ ≤
360°), formado por OP com o eixo real x, medido no sentido anti-horário, como podemos observar no gráfico.

Notação: θ = arg(z), onde θ é o ângulo e arg(z) é o argumento de z.

Por meio do seno e cosseno de θ, podemos determinar o ângulo θ usando os valores da tabela trigonométrica.

42
MATEMÁTICA

43
MATEMÁTICA

44
MATEMÁTICA

Propriedades
1) Em qualquer P.G., cada termo, exceto os extremos, é a média geométrica entre o precedente e o consequente.
2) Em toda P.G. finita, o produto dos termos equidistantes dos extremos é igual ao produto dos extremos.

3) Em uma P.G. de número ímpar de termos, o termo médio é a média geométrica entre os extremos.
Em síntese temos:

4) Em uma PG, tomando-se três termos consecutivos, o termo central é a média geométrica dos seus vizinhos.

Soma dos n primeiros termos


A fórmula para calcular a soma de todos os seus termos é dada por:

Produto dos n termos

Temos as seguintes regras para o produto:


1) O produto de n números positivos é sempre positivo.
2) No produto de n números negativos:
a) se n é par: o produto é positivo.
b) se n é ímpar: o produto é negativo.

Soma dos infinitos termos


A soma dos infinitos termos de uma P.G de razão q, com -1 < q < 1, é dada por:

45
MATEMÁTICA

Exemplo:
A soma dos elementos da sequência numérica infinita (3; 0,9; 0,09; 0,009; …) é
(A) 3,1
(B) 3,9
(C) 3,99
(D) 3, 999
(E) 4

Resolução:
Sejam S as somas dos elementos da sequência e S1 a soma da PG infinita (0,9; 0,09; 0,009;…) de razão q = 0,09/0,9 = 0,1. Assim:
S = 3 + S1
Como -1 < q < 1 podemos aplicar a fórmula da soma de uma PG infinita para obter S1:
S1 = 0,9/(1 - 0,1) = 0,9/0,9 = 1 → S = 3 + 1 = 4
Resposta: E

SISTEMA NUMÉRICO; FRAÇÕES; NÚMEROS NEGATIVOS; NÚMEROS IRRACIONAIS


Conjunto dos números inteiros - z
O conjunto dos números inteiros é a reunião do conjunto dos números naturais N = {0, 1, 2, 3, 4,..., n,...},(N C Z); o conjunto dos opos-
tos dos números naturais e o zero. Representamos pela letra Z.

N C Z (N está contido em Z)

Subconjuntos:

SÍMBOLO REPRESENTAÇÃO DESCRIÇÃO


* Z* Conjunto dos números inteiros não nulos
+ Z+ Conjunto dos números inteiros não negativos
*e+ Z*+ Conjunto dos números inteiros positivos
- Z_ Conjunto dos números inteiros não positivos
*e- Z*_ Conjunto dos números inteiros negativos

Observamos nos números inteiros algumas características:


• Módulo: distância ou afastamento desse número até o zero, na reta numérica inteira. Representa-se o módulo por | |. O módulo de
qualquer número inteiro, diferente de zero, é sempre positivo.
• Números Opostos: dois números são opostos quando sua soma é zero. Isto significa que eles estão a mesma distância da origem
(zero).

46
MATEMÁTICA

Somando-se temos: (+4) + (-4) = (-4) + (+4) = 0

Operações
• Soma ou Adição: Associamos aos números inteiros positivos a ideia de ganhar e aos números inteiros negativos a ideia de perder.

ATENÇÃO: O sinal (+) antes do número positivo pode ser dispensado, mas o sinal (–) antes do número negativo nunca pode ser
dispensado.

• Subtração: empregamos quando precisamos tirar uma quantidade de outra quantidade; temos duas quantidades e queremos saber
quanto uma delas tem a mais que a outra; temos duas quantidades e queremos saber quanto falta a uma delas para atingir a outra. A
subtração é a operação inversa da adição. O sinal sempre será do maior número.

ATENÇÃO: todos parênteses, colchetes, chaves, números, ..., entre outros, precedidos de sinal negativo, tem o seu sinal invertido,
ou seja, é dado o seu oposto.

Exemplo:
(FUNDAÇÃO CASA – AGENTE EDUCACIONAL – VUNESP) Para zelar pelos jovens internados e orientá-los a respeito do uso adequado
dos materiais em geral e dos recursos utilizados em atividades educativas, bem como da preservação predial, realizou-se uma dinâmica
elencando “atitudes positivas” e “atitudes negativas”, no entendimento dos elementos do grupo. Solicitou-se que cada um classificasse
suas atitudes como positiva ou negativa, atribuindo (+4) pontos a cada atitude positiva e (-1) a cada atitude negativa. Se um jovem classi-
ficou como positiva apenas 20 das 50 atitudes anotadas, o total de pontos atribuídos foi
(A) 50.
(B) 45.
(C) 42.
(D) 36.
(E) 32.

Resolução:
50-20=30 atitudes negativas
20.4=80
30.(-1)=-30
80-30=50
Resposta: A

• Multiplicação: é uma adição de números/ fatores repetidos. Na multiplicação o produto dos números a e b, pode ser indicado por
a x b, a . b ou ainda ab sem nenhum sinal entre as letras.

• Divisão: a divisão exata de um número inteiro por outro número inteiro, diferente de zero, dividimos o módulo do dividendo pelo
módulo do divisor.

ATENÇÃO:
1) No conjunto Z, a divisão não é comutativa, não é associativa e não tem a propriedade da existência do elemento neutro.
2) Não existe divisão por zero.
3) Zero dividido por qualquer número inteiro, diferente de zero, é zero, pois o produto de qualquer número inteiro por zero é igual a
zero.

47
MATEMÁTICA

Na multiplicação e divisão de números inteiros é muito impor-


tante a REGRA DE SINAIS:

Sinais iguais (+) (+); (-) (-) = resultado sempre positivo.


Sinais diferentes (+) (-); (-) (+) = resultado sempre
negativo.

Exemplo:
(PREF.DE NITERÓI) Um estudante empilhou seus livros, obten-
do uma única pilha 52cm de altura. Sabendo que 8 desses livros N C Z C Q (N está contido em Z que está contido em Q)
possui uma espessura de 2cm, e que os livros restantes possuem
espessura de 3cm, o número de livros na pilha é: Subconjuntos:
(A) 10
(B) 15
(C) 18 SÍMBOLO REPRESENTAÇÃO DESCRIÇÃO
(D) 20 Conjunto dos números
* Q*
(E) 22 racionais não nulos
Conjunto dos números
+ Q+
racionais não negativos
Resolução:
São 8 livros de 2 cm: 8.2 = 16 cm Conjunto dos números
*e+ Q*+
Como eu tenho 52 cm ao todo e os demais livros tem 3 cm, racionais positivos
temos: Conjunto dos números
- Q_
52 - 16 = 36 cm de altura de livros de 3 cm racionais não positivos
36 : 3 = 12 livros de 3 cm
Conjunto dos números
O total de livros da pilha: 8 + 12 = 20 livros ao todo. *e- Q*_
racionais negativos
Resposta: D
Representação decimal
• Potenciação: A potência an do número inteiro a, é definida
Podemos representar um número racional, escrito na forma de
como um produto de n fatores iguais. O número a é denominado a
fração, em número decimal. Para isso temos duas maneiras possí-
base e o número n é o expoente.an = a x a x a x a x ... x a , a é multi-
veis:
plicado por a n vezes. Tenha em mente que:
1º) O numeral decimal obtido possui, após a vírgula, um núme-
– Toda potência de base positiva é um número inteiro positivo.
ro finito de algarismos. Decimais Exatos:
– Toda potência de base negativa e expoente par é um número
inteiro positivo. 2
= 0,4
– Toda potência de base negativa e expoente ímpar é um nú- 5
mero inteiro negativo.
2º) O numeral decimal obtido possui, após a vírgula, infinitos
Propriedades da Potenciação
algarismos (nem todos nulos), repetindo-se periodicamente Deci-
1) Produtos de Potências com bases iguais: Conserva-se a base
mais Periódicos ou Dízimas Periódicas:
e somam-se os expoentes. (–a)3 . (–a)6 = (–a)3+6 = (–a)9
2) Quocientes de Potências com bases iguais: Conserva-se a 1
= 0,333...
base e subtraem-se os expoentes. (-a)8 : (-a)6 = (-a)8 – 6 = (-a)2 3
3) Potência de Potência: Conserva-se a base e multiplicam-se
os expoentes. [(-a)5]2 = (-a)5 . 2 = (-a)10
Representação Fracionária
4) Potência de expoente 1: É sempre igual à base. (-a)1 = -a e
1 É a operação inversa da anterior. Aqui temos duas maneiras
(+a) = +a
possíveis:
5) Potência de expoente zero e base diferente de zero: É igual
a 1. (+a)0 = 1 e (–b)0 = 1
1) Transformando o número decimal em uma fração numera-
Conjunto dos números racionais – Q dor é o número decimal sem a vírgula e o denominador é composto
m
pelo numeral 1, seguido de tantos zeros quantas forem as casas de-
Um número racional é o que pode ser escrito na forma n ,
cimais do número decimal dado.
onde m e n são números inteiros, sendo que n deve ser diferente
Ex.:
de zero. Frequentemente usamos m/n para significar a divisão de
m por n. 0,035 = 35/1000

48
2) Através da fração geratriz. Aí temos o caso das dízimas periódicas que podem ser simples ou compostas.
– Simples: o seu período é composto por um mesmo número ou conjunto de números que se repeti infinitamente.
Exemplos:

Procedimento: para transformarmos uma dízima periódica simples em fração basta utilizarmos o dígito 9 no denominador para cada
quantos dígitos tiver o período da dízima.

– Composta: quando a mesma apresenta um ante período que não se repete.

a)

49
CIÊNCIAS DA NATUREZA

conhecidas, a determinação de sua velocidade é impossível. Caso a


PRINCÍPIO DA INÉRCIA velocidade seja conhecida, torna-se impossível a determinação da
posição do elétron.
A Mecânica é o ramo da Física responsável pelo estudo dos
movimentos dos corpos, bem como suas evoluções temporais e CINEMÁTICA
as equações matemáticas que os determinam. É um estudo de ex- A cinemática estuda os movimentos dos corpos, sendo princi-
trema importância, com inúmeras aplicações cotidianas, como na palmente os movimentos lineares e circulares os objetos do nos-
Geologia, com o estudo dos movimentos das placas tectônicas; na so estudo que costumar estar divididos em Movimento Retilíneo
Medicina, com o estudo do mapeamento do fluxo de sangue; na Uniforme (M.R.U) e Movimento Retilíneo Uniformemente Variado
Astronomi,a com as análises dos movimentos dos planetas etc. (M.R.U.V)
As bases para o que chamamos de Mecânica Clássica foram
lançadas por Galileu Galilei, Johannes Kepler e Isaac Newton. Já Para qualquer um dos problemas de cinemática, devemos estar
no século XX Albert Einstein desenvolveu os estudos da chamada a par das seguintes variáveis:
Mecânica Relativística, teoria que engloba a Mecânica Clássica e -Deslocamento (ΔS)
analisa movimentos em velocidades próximas ou iguais à da luz. -Velocidade ( V )
A chamada Mecânica Quântica é o estudo do mundo subatômico, -Tempo (Δt)
moléculas, átomos, elétrons etc. -Aceleração ( a )

→ Mecânica Clássica Movimento Uniformemente Variado (MUV)


A Mecânica Clássica é dividida em Cinemática e Dinâmica. Os exercícios que cobram MUV são geralmente associados a
A Cinemática é o estudo matemático dos movimentos. As cau- enunciados de queda livre ou lançamentos verticais, horizontais ou
sas que os originam não são analisadas, somente suas classificações oblíquos.
e comparações são feitas. O movimento uniforme, movimento uni- É importante conhecer os gráficos do MUV e as fórmulas, como
formemente variado e movimento circular são temas de Cinemá- a Equação de Torricelli (v²=v0²+2aΔS). O professor reforça ainda
tica. que os problemas elencados pelo Enem são contextualizados. “São
A Dinâmica é o estudo das forças, agente responsável pelo mo- questões de movimento uniformemente variado, mas associadas a
vimento. As leis de Newton são a base de estudo da Dinâmica. situações cotidianas.

→ Mecânica Relativística Movimento Retilíneo Uniforme (M.R.U)


A Mecânica Relativística mostra que o espaço e o tempo em ve- No M.R.U. o movimento não sofre variações, nem de direção,
locidades próximas ou iguais à da luz não são conceitos absolutos, nem de velocidade. Portanto, podemos relacionar as nossas gran-
mas, sim, relativos. Segundo essa teoria, observadores diferentes, dezas da seguinte forma:
um parado e outro em alta velocidade, apresentam percepções di- ΔS= V.Δt
ferentes das medidas de espaço e tempo.
A Teoria da Relatividade é obra do físico alemão Albert Einstein Movimento Retilíneo Uniformemente Variado (M.R.U.V)
e foi publicada em 1905, o chamado ano milagroso da Física, pois No M.R.U.V é introduzida a aceleração e quanto mais acele-
foi o ano da publicação de preciosos artigos científicos de Einstein. rarmos (ou seja, aumentarmos ou diminuirmos a velocidade an-
daremos mais, ou menos. Portanto, relacionamos as grandezas da
→ Mecânica Quântica seguinte forma:
A Mecânica Clássica é um caso-limite da Mecânica Quântica, ΔS= V₀.t + ½.a.t²
mas a linguagem estabelecida pela Mecânica Quântica possui de-
pendência da Mecânica Clássica. Em Quântica, o conceito básico de No M.R.U.V. o deslocamento aumenta ou diminui conforme al-
trajetória (caminho feito por um móvel) não existe, e as medidas teramos as variáveis.
são feitas com base nas interações de elétrons com objetos deno- Pode existir uma outra relação entre essas variáveis, que é
minados de aparelhos. dada pela formula:
Os conceitos estudados em Mecânica Quântica mexem profun- V²= V₀² + 2.a.ΔS
damente com nosso senso comum e propõem fenômenos que po-
dem nos parecer estranhos. Como exemplo, podemos citar o caso Nessa equação, conhecida como Equação de Torricelli, não te-
da posição e da velocidade de um elétron. Na Mecânica Clássica, mos a variável do tempo, o que pode nos ajudar em algumas ques-
as posições e as velocidades de um móvel são extremamente bem tões, quando o tempo não é uma informação dada, por exemplo.
definidas, mas, em Quântica, se as coordenadas de um elétron são

50
CIÊNCIAS DA NATUREZA

Impulso e quantidade de movimento toda a energia foi conservada. A colisão perfeitamente elástica é
O impulso e a quantidade de movimento aparecem em ques- uma situação idealizada, sendo impossível a sua ocorrência no co-
tões que tratam de colisões e pelo Teorema do impulso (I = ΔQ). tidiano, pois sempre haverá perca de energia.
Uma dos modos em que a temática foi cobrada pelo exame foi em
um problema que enunciava uma colisão entre carrinhos num trilho • Colisão parcialmente elástica
de ar, em um experimento feito em laboratório, conta o professor. Quando ocorre perda parcial de energia cinética do sistema,
a colisão é classificada como parcialmente elástica. Desse modo, a
Choques ou colisões mecânicas velocidade relativa de afastamento será ligeiramente menor que a
No estudo das colisões entre dois corpos, a preocupação está velocidade relativa de aproximação, fazendo com que o coeficiente
relacionada com o que acontece com a energia cinética e a quanti- de restituição assuma valores compreendidos entre 0 e 1.
dade de movimento (momento linear) imediatamente antes e após
a colisão. As possíveis variações dessas grandezas classificam os ti- • Colisão inelástica
pos de colisões. Quando há perda máxima da energia cinética do sistema, a
colisão é classificada como inelástica. Após a ocorrência desse tipo
Definição de sistema de colisão, os objetos participantes permanecem grudados e exe-
Um sistema é o conjunto de corpos que são objetos de estudo, cutam o movimento como um único corpo. Como após a colisão
de modo que qualquer outro corpo que não esteja sendo estudado não haverá afastamento entre os objetos, a velocidade relativa de
é considerado como agente externo ao sistema. As forças exercidas afastamento será nula, fazendo com que o coeficiente de restitui-
entre os corpos que compõem o sistema são denominadas de for- ção seja zero.
ças internas, e aquelas exercidas sobre os corpos do sistema por
um agente externo são denominadas de forças externas. A tabela a seguir pode ajudar na memorização das relações en-
tre os diferentes tipos de colisões:
Quantidade de movimento e as colisões
As forças externas são capazes de gerar variação da quantida-
de de movimento do sistema por completo. Já as forças internas
podem apenas gerar mudanças na quantidade de movimento in-
dividual dos corpos que compõem o sistema. Uma colisão leva em
consideração apenas as forças internas existentes entre os objetos
que constituem o sistema, portanto, a quantidade de movimento
sempre será a mesma para qualquer tipo de colisão.

Energia cinética e as colisões


Durante uma colisão, a energia cinética de cada corpo partici-
pante pode ser totalmente conservada, parcialmente conservada Gráficos na cinemática
ou totalmente dissipada. As colisões são classificadas a partir do Na cinemática, a variável independente é o tempo, por isso es-
que ocorre com a energia cinética de cada corpo. As características colhemos sempre o eixo das abscissas para representar o tempo. O
dos materiais e as condições de ocorrência determinam o tipo de espaço percorrido, a velocidade e a aceleração são variáveis depen-
colisão que ocorrerá. dentes do tempo e são representadas no eixo das ordenadas.

Coeficiente de restituição Para construir um gráfico devemos estar de posse de uma ta-
O coeficiente de restituição (e) é definido como a razão entre bela. A cada par de valores correspondentes dessa tabela existe um
as velocidades imediatamente antes e depois da colisão. Elas são ponto no plano definido pelas variáveis independente e dependen-
denominadas de velocidades relativas de aproximação e de afasta- te.
mento dos corpos. Vamos mostrar exemplos de tabelas e gráficos típicos de vários
tipos de movimento: movimento retilíneo e uniforme, movimento
retilíneo uniformemente variado.

Exemplo 1

MOVIMENTO RETILÍNEO E UNIFORME


Seja o caso de um automóvel em movimento retilíneo e uni-
forme, que tenha partido do ponto cujo espaço é 5km e trafega
Tipos de colisão a partir desse ponto em movimento progressivo e uniforme com
velocidade de 10km/h.
• Colisão perfeitamente elástica
Nesse tipo de colisão, a energia cinética dos corpos participan- Considerando a equação horária do MRU s = so + vot, a equação
tes é totalmente conservada. Sendo assim, a velocidade relativa de dos espaços é, para esse exemplo,
aproximação e de afastamento dos corpos será a mesma, o que fará s = 5 + 10t
com que o coeficiente de restituição seja igual a 1, indicando que

51
CIÊNCIAS DA NATUREZA

A velocidade podemos identificar como sendo:


v = 10km/h

E o espaço inicial:
so = 5km

Para construirmos a tabela, tomamos intervalos de tempo, por


exemplo, de 1 hora, usamos a equação s(t) acima e anotamos os
valores dos espaços correspondentes:

t(h) s(km) Note que:


0 5 • As abscissas e as ordenadas estão indicadas com espaça-
mentos iguais.
1 15
• As grandezas representadas nos eixos estão indicadas com
2 25 as respectivas unidades.
3 35 • Os pontos são claramente mostrados.
• A reta representa o comportamento médio.
4 45 • As escalas são escolhidas para facilitar o uso; não é neces-
5 55 sário usar “todo o papel”
• com uma escala de difícil subdivisão.
6 65
Exemplo 2
Tabela 3 - MRU
MOVIMENTO UNIFORMEMENTE VARIADO
Agora fazemos o gráfico s x t. Considerando-se o movimento uniformemente variado, pode-
mos analisar os gráficos desse movimento dividindo-os em duas ca-
tegorias, as quais se distinguem pelo sinal da aceleração.

MOVIMENTO COM ACELERAÇÃO POSITIVA


Neste caso, como a aceleração é positiva, os gráficos típicos do
movimento acelerado são

MOVIMENTO COM ACELERAÇÃO NEGATIVA


Sendo a aceleração negativa (a < 0), os gráficos típicos são

O gráfico da velocidade é muito simples, pois a velocidade é


constante, uma vez que para qualquer t, a velocidade se mantém
a mesma.

52
CIÊNCIAS DA NATUREZA

A curva que resulta do gráfico s x t tem o nome de parábola.


A título de exemplo, consideremos o movimento uniformemente variado associado à equação horária s = s + v t +at2/2, onde o espaço
o o
é dado em metros e o tempo, em segundos, e obteremos:
s(t) = 2 + 3t - 2t2.

A velocidade inicial é, portanto:


vo = 3m/s

A aceleração:
ao = -4m/s2 (a < 0)

e o espaço inicial:
so = 2km

Para desenharmos o gráfico s x t da equação acima, construímos a tabela de s x t (atribuindo valores a t).

s(m) t(s)
2,0 0
3,0 0,5
3,125 0,75
3,0 1
2,0 1,5
0 2,0
-3,0 2,5
-7,0 3

A partir da tabela obtemos o gráfico s x t:

Para o caso da velocidade, temos a equação v = vo + at. Assim, para o movimento observado temos:
v = 3 - 4t

obtendo assim a tabela abaixo:

v(m/s) t(s)
3 0
-1 0,5
5 0,75

53
CIÊNCIAS DA NATUREZA

Obtendo o gráfico v x t:

Exemplo 3
Como exemplo de gráfico representando dados experimentais vamos usar os dados da tabela:

Tabela
Gráfico referente à tabela
Dados de um indivíduo andando

t(min) s(m)
0 0
1 62
2 158
3 220
4 283
5 335

Note:
• Até o instante t = 4min pode-se dizer que os pontos podem ser representados por
• uma reta.
• Entre t = 4 e t = 5 houve uma alteração de comportamento.
• Não ligue os pontos em ziguezague utilizando segmentos de reta. Trace curvas
• médias lisas ou retas que representam comportamentos médios.

54
CIÊNCIAS DA NATUREZA

Observação: A reta traçada deixa dois pontos para baixo e dois Caso 3 – Forças com mesma direção e sentidos opostos
para cima. A origem é um ponto experimental.

DINÂMICA
A terceira área da mecânica que mais aparece no exame é a
dinâmica, com as Leis de Newton. Ela vem em exercícios que pedem
elementos como atrito e componentes da resultante, com a força
centrípeta e a aceleração centrípeta.
A prova pode pedir, por exemplo, para o candidato associar a
aceleração confortável para os passageiros de um trem com dimen-
sões curvas, que faz um caminho curvo. Isso está completamente Caso 4 – Caso Geral – Com base na lei dos Cossenos
ligado à aceleração centrípeta.

As leis de Newton
A cinemática é o ramo da ciência que propõe um estudo so-
bre movimento, sem, necessariamente se preocupar com as suas
causas.
Quando partimos para o estudo das causas de um movimento,
aí sim, falamos sobre a dinâmica. Da dinâmica, temos três leis em
que todo o estudo do movimento pode ser resumido. São as cha-
madas leis de Newton:
Primeira lei de Newton – a lei da inércia, que descreve o que A Segunda lei de Newton
ocorre com corpos que estão em equilíbrio. Quando há uma força resultante, caímos na segunda lei de
Segunda lei de Newton – o princípio fundamental da dinâmica, Newton que diz que, nestas situações, o corpo irá sofrer uma ace-
que descreve o que ocorrer com corpos que não estão em equilí- leração. Força resultante e aceleração são duas grandezas físicas
brio. intimamente ligadas e diretamente proporcionais, ou seja, se au-
Terceira lei de Newton – a lei da ação e reação, que explica o mentarmos a força, aumentamos a aceleração na mesma propor-
comportamento de dois corpos interagindo entre si. ção. Essa constante é a massa do corpo em que é aplicada a força
resultante. Por isso, a segunda lei de Newton é representada mate-
Força Resultante maticamente pela fórmula:
A determinação de uma força resultante é definida pela inten-
sidade, direção e sentido que atuam sobre o objeto. Veja diferentes
cálculos da força resultante:

Caso 1 – Forças com mesma direção e sentido.

A segunda lei de Newton também nos ensina que força resul-


tante e aceleração serão vetores sempre com a mesma direção e
sentido.

Unidades de força e massa no Sistema Internacional:


Força – newton (N).
Massa – quilograma (kg).
Caso 2 – Forças perpendiculares.
A terceira Lei de Newton
A terceira lei, também conhecida como lei da ação e reação
diz que, se um corpo faz uma força em outro, imediatamente ele
receberá desse outro corpo uma força de igual intensidade, igual
direção e sentido oposto à força aplicada, como é mostrado na fi-
gura a seguir.

55
CIÊNCIAS DA NATUREZA

ESTÁTICA
A Estática é o capítulo da Mecânica que estuda corpos que não
se movem, estáticos. A ausência de movimento é um caso especial
de aceleração nula, ou seja, pelas Leis de Newton, uma situação em
que todas as forças que atuam sobre um corpo se equilibram. Por-
tanto, a soma vetorial de todas as forças que agem sobre o corpo
deve ser nula.
Por exemplo, um edifício de apartamentos ou de escritórios
está sujeito à força peso de sua massa e dos móveis e utensílios
em seu interior, além da força peso da massa de todos os seus ocu-
pantes.
Sendo as forças de mesmo módulo, a resultante seria nula, mas
Existem também outras forças: a carga do vento, da chuva e isto seria insuficiente para o equilíbrio, pois existe uma tendência
eventualmente, em países frios, a carga da neve acumulada em seu de giro que pode ser representado por:
teto. Todas essas forças devem ser absorvidas pelo solo e pelas fun-
dações do prédio, que exercem reações sobre ele de modo a sus-
tentá-lo, mantê-lo de pé e parado. A soma vetorial de todas essas
forças deverá ser nula.

1. Equilíbrio do Ponto Material


Define-se como ponto material todo corpo cujas dimensões,
para o estudo em questão, não são importantes, não interferem
no resultado final. Por exemplo, o estudo da trajetória de um atleta
de saltos ornamentais na piscina a partir de uma plataforma de 10 A essa tendência de giro dá-se o nome de momento da força, e
m. Se o estudo está focalizado na trajetória do atleta da plataforma é igual à força multiplicada pela distancia ao centro de giro. No caso
até a piscina, e não nos seus movimentos em torno de si mesmo, acima, supondo que o comprimento da barra seja x, o momento de
pode-se adotar o centro de massa do atleta, ignorar seu tamanho cada força seria:
e desenvolver o estudo. (Caso outros estudos, dos movimentos do
atleta em torno do seu centro de massa, sejam necessários, eles
poderão ser realizados posteriormente.)
Na Estática consideramos o ponto material como um corpo su-
ficientemente pequeno para podermos admitir que todas as forças
que agem sobre o corpo se cruzem num mesmo. Para que este pon-
to material esteja em equilíbrio a somatória vetorial das forças que
nele atuam tem necessariamente de ser nula. O momento total seria o dobro

Ou:

O sinal será definido pelo sistema de referência adotado: no


nosso caso, adotando um sistema em que os momentos sejam po-
No caso do estudo se restringir ao plano, podemos adotar dois sitivos no sentido horário, o momento total seria negativo, pois o
eixos (x e y) como referência e estudar as componentes das forças: corpo tende a girar no sentido anti-horário:

A unidade do momento de uma força é o newton·metro ou


N·m.
Então, para o corpo permanecer estático, além das duas equa-
ções do ponto:

2. Equilíbrio dos Corpos Rígidos


Quando as dimensões dos corpos não podem ser ignoradas
(não podemos considerar as forças todas se cruzando num mesmo
ponto), o estudo passa a considerar movimentos de rotação. Por
exemplo, na figura:

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CIÊNCIAS DA NATUREZA

Uma terceira condição deve ser imposta: a somatória dos mo-


mentos deve ser nula:

Nota: considera-se que todas as forças e momentos pertençam


ao mesmo plano.
A massa específica é definida para corpos homogêneos. Já para
3. Alavancas os corpos não homogêneos essa relação é denominada densidade:
Ao se utilizar o princípio da estática e da somatória dos mo-
mentos nulos pode-se analisar uma das primeiras máquinas sim-
ples inventada pelo homem: a alavanca.

Veja o esquema abaixo onde a barra está equilibrada:

2. Pressão
A pressão é definida como a aplicação de uma força distribuída
sobre uma área:

Nesse exemplo, ao se imaginar uma gangorra apoiada na dis-


tância de 8 m nota-se que uma força de 50N provoca uma ação na
outra ponta de 200 N ampliando em 4 vezes a ação inicial. Para isto,
basta comparar os momentos das duas forças nas extremidades em
relação ao apoio, e constatar que eles se equilibram, pois têm o A unidade de medida da pressão é newton por metro quadrado
mesmo valor e sinais opostos (a força à esquerda tende a fazer a (N/m²). A pressão pode também ser exercida entre dois sólidos. No
barra girar no sentido anti-horário e a da extremidade direita no caso dos fluídos o newton por metro quadrado é também denomi-
sentido horário). Assim: nado pascal (Pa).
50 N x 8 m= 200 N x 2 m
3. Princípio de Stevin
Com isso pode-se amplificar ações de forças com a utilização O princípio de Stevin nos permite calcular a pressão em um
dessa máquina simples, provavelmente pré-histórica. líquido em repouso, estando com sua superfície livre em contato
com a atmosfera:
Hidrostática
A Hidrostática é a parte da Física que estuda os fluídos (tanto
líquidos como os gasosos) em repouso, ou seja, que não estejam
em escoamento (movimento).
Além do estudo dos fluídos propriamente ditos, serão estuda-
das as forças que esses fluídos exercem sobre corpos neles imersos,
seja em imersão parcial, como no caso de objetos flutuantes, como
os totalmente submersos.

1. Massa Específica; Densidade


Ao se afirmar que a massa específica da água é de 1000 kg/m³
estamos informando que 1 m³ de água possui uma massa de 1000 Uma das consequências do princípio de Stevin é:
kg. Isto nos permite deduzir a definição de massa específica, que é a “Em um líquido em equilíbrio, a pressões são iguais em todos
relação entre a massa e o volume ocupado por essa massa: os pontos da mesma horizontal”.

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CIÊNCIAS DA NATUREZA

4. Pressão atmosférica
No planeta Terra em qualquer parte de sua superfície os corpos
estão envoltos em um fluído gasoso, o ar. Como todo fluído ele cau-
sa uma pressão nos corpos nele imersos.

A pressão atmosférica deve ser expressa em Pa (N/m²). Mas


outras unidades podem ser encontradas:
– atmosfera (atm)
– milímetros de mercúrio (mmHg) ou centímetros de mercúrio
(cmHg)
– metros de coluna de água (mca).
Se o empuxo for maior que a força peso do corpo, a tendência
Então, é possível relacionar as várias medidas comparando-se do corpo é de subir com aceleração. No caso de o peso ser menor
os valores da pressão atmosférica ao nível do mar: que o empuxo, a tendência é de o corpo descer com aceleração. No
1 atm = 101325 Pa = 10,2 mca = 760 mmHg caso do empuxo ser igual à força peso o corpo terá a tendência de
permanecer parado.
5. Princípio de Pascal Nota: ao contrário do que se vê em muitos filmes e da crença
O Princípio de Pascal afirma que: “Um acréscimo de pressão geral, um submarino ao tentar emergir não solta subitamente toda
exercido em qualquer ponto de um fluído é transmitido para todo o a água armazenada em seus tanques de lastro. Isso provocaria uma
fluído”. Com esse princípio é possível construir e dimensionar ma- subida acelerada difícil de ser controlada. A liberação do lastro de
cacos hidráulicos, prensas hidráulicas, etc. seus tanques é feita de forma controlada, de modo a manter a for-
ça de empuxo igual à força peso, e com isto conseguir uma subida
gradual, com velocidade constante. O controle é feito pela hélice de
propulsão em conjunto com as aletas controladoras de movimento
vertical.

A ELETRICIDADE; OS SINAIS E OS CÓDIGOS DA CIÊN-


CIA

O eletromagnetismo é a área da Física responsável por analisar


e estudar as propriedades magnéticas e elétricas da matéria. Sobre-
tudo, em particular, as relações entre tais propriedades.
Segundo uma lenda da Grécia, um pastor, de nome Magnes,
ficou muito surpreso ao perceber como a bola de ferro que estava
Como a pressão é igual em todos os pontos do fluído e supon- em seu cajado ficava atraída por uma pedra específica e bem mis-
do a área do pistão da direita sendo 5 vezes maior que o da esquer- teriosa: o âmbar – ou “elektron” do grego. Essa pequena história,
da tem-se: independente de ser fato ou ficção, expõe claramente o interesse
que o homem tem, desde sempre, pelos fenômenos relativos à área
da eletromagnética.
A seguir explicaremos um pouco mais sobre os fenômenos que
envolvem esse tópico científico, bem como sua importância para a
nossa vida, nos dias de hoje.
Desde o tempo em que as primeiras descobertas inovadoras
Dessa maneira uma força F_1 será, no exemplo, amplificada do grande cientista Isaac Newton começaram a ser divulgadas, che-
(F_2 ) cinco vezes. Esse seria a versão hidráulica da alavanca mecâ- gou-se a uma interpretação, amplamente aceita naquele momento,
nica concebida por Arquimedes. de causalidade do universo. Segundo essa visão, todo efeito que
pudesse ser observado, deveria obedecer a forças que estivessem
6. Princípio de Arquimedes sendo exercidas por objetos a uma distância relativa.
Deve-se também a Arquimedes a definição da força de Empuxo Nessa época, portanto, ganha luz a teoria eletromagnética, que
gerada por um corpo imerso em um fluído. “A força de empuxo de afirmava justamente que quaisquer repulsões de cunho magnético
um corpo imerso em um fluído é igual ao peso do fluído deslocado”. e/ou elétrico são resultado de ação de corpos a alguma distância.
Era imprescindível, portanto, que fosse encontrada a causa de
tais forças, com base na teoria da massa gravitacional, de Isaac Ne-
wton, ao mesmo tempo em que se poderia explicar, com rigor, exa-
tamente tais mecanismos de relação eletromagnética entre corpos
e objetos.

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CIÊNCIAS DA NATUREZA

Alguns aparelhos funcionam com a energia recebida das es-


tações distribuidoras de energia elétrica; basta ligá-los na tomada.
Mas há muitos outros aparelhos que funcionam utilizando energia
elétrica sem termos de ligá-los diretamente na tomada, como o ce-
lular, o rádio, os walkmans ou iPODs e as calculadoras; eles recebem
O estudioso Ampère, que se dedicava àquela altura a corren- energia de pilhas e baterias.
tes elétricas, expos uma teoria bastante interessante: existência de Outro tipo de energia muito usada em nosso cotidiano é a
determinadas partículas de eletricidade, que fossem elementares energia magnética. Graças ao magnetismo, podemos ter registros
e, ao se movimentar enquanto estivessem nas substâncias, auxi- armazenados em fitas cassetes e fitas de vídeo, podemos usar as
liariam a provocar relação magnética. Contudo, mesmo que fosse bússolas para nos localizarmos etc.
uma teoria interessante, Ampère jamais conseguiu comprovar a A revolução que a humanidade experimentou advinda das apli-
existência das partículas. cações da eletricidade e do magnetismo se intensificou quando os
Faraday, a seguir, acabou trazendo uma outra noção, que aju- cientistas perceberam a relação entre ambos.
dou a avançar com os estudos sobre o tema. Trata-se da noção de
campo. Cargas elétricas
Segundo esse conceito, qualquer espaço detém uma série de Cargas elétricas são de dois tipos: positivas e negativas
linhas de força, isto é, correntes que não podem ser vistas a olho nu. Uma matéria é constituída de átomos. Os átomos, por sua vez,
Mesmo assim, essas forças seriam as administradoras do movimen- são constituídos de partículas ainda menores: prótons, nêutrons e
to de todo objeto, sendo criadas, também, pela presença de cada elétrons. Os prótons e os nêutrons situam-se no núcleo do átomo. Os
um dos corpos em um mesmo momento. elétrons giram e torno do núcleo, numa região chamada eletrosfera.
Desse modo, uma carga de eletricidade, móvel, faz com que se- Os prótons e os elétrons possuem uma propriedade denominada car-
jam produzidas perturbações eletromagnéticas no espaço ao redor. ga elétrica, que aparece na natureza em dois tipos. Por isso a do pró-
Assim, qualquer carga mais próxima é capaz de identificar a presen- ton foi convencionada como positiva e a do elétron como negativa.
ça justamente pelas linhas de força do campo. Matematicamente,
essa ideia foi desenvolvida pelo inglês James Clerk Maxwell, o que
ajudou a por abaixo a ideia, muito forte naquele tempo, de que
forças agiam sob uma espécie de “controle remoto”.
Em 1897, o eletromagnetismo foi finalmente comprovado, no
momento em que a descoberta do elétron foi feita por Sir Joseph
John Thomson. Assim, pode-se verificar a força magnética no mo-
vimento orbital comum a elétrons, que ficavam ao redor de núcleo
de átomos.
O eletromagnetismo é utilizado, hoje em dia, em múltiplas fi-
nalidades, tais como:
• Construção de geradores de energia elétrica;
• Radiografias,
• Fornos de microondas, entre muitos outros.

Você faz bastante uso da eletricidade em seu dia-a-dia, não é


mesmo? Mas já parou para pensar na falta que ela faria na sua vida,
se não existisse? Se faltar energia elétrica à noite, ficamos sem luz Corpos carregados
elétrica e tudo pára: a televisão, o chuveiro elétrico, o ventilador, Quando um corpo perde elétrons dizemos que ele está positi-
alguns aparelhos de telefone, o aparelho de som, o computador, o vamente carregado.
microondas, os elevadores etc.

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CIÊNCIAS DA NATUREZA

Quando ganha elétrons dizemos que ele está negativamente carregado. Quando o número de elétrons em um corpo é igual ao número
de prótons, dizemos que o corpo está neutro.
Um experimento relacionado aos primórdios do estudo da eletricidade pode ser realizado com um bastão de vidro pendurado por um
barbante. Se atritarmos esse bastão em um pedaço de lã, notaremos que ambos se atrairão mutuamente.
Agora se atritarmos o bastão de vidro no tecido de lã e o deixarmos pendurado, aproximando dele outro bastão de vidro que tenha
sido friccionado em outro pedaço de lã, notaremos que os bastões se repelem.

Essas observações demonstraram a ocorrência de fenômenos elétricos. Os cientistas consideram que, ao atritarmos os materiais vidro
e lã, o bastão de vidro passa a ser portador de carga elétrica positiva e o pedaço de lã passa a ser portador de carga elétrica negativa. Os
sinais de positivo e negativo atribuídos a essas cargas são uma convenção científica.

Cargas elétricas interagem


Muito materiais adquirem carga elétrica quando atritados em outros. Nesse processo um dos materiais adquire carga elétrica positiva,
e o outro, carga elétrica negativa.
Por meio de experimentos semelhantes aos descritos anteriormente com o vidro e a lã, os cientistas concluíram que cargas elétricas
de sinais diferentes se atraem e que cargas elétricas de sinais iguais se repelem. Quando vidro e lã são friccionados, passam a ter cargas
elétricas de sinais diferentes e, portanto, passam a se atrair. Já os dois bastões de vidro, quando adquirem cargas elétricas de mesmo sinal,
passam a se repelir.

A interação elétrica obedece o princípio da ação e reação


A interação entre dois corpos portadores de cargas elétricas obedece à Terceira Lei de Newton (Princípio da ação e reação). Sobre cada
um dos dois corpos atua uma força que se deve a presença do outro. As duas forças tem a mesma intensidade (mesmo módulo) e a mesma
direção (mesma linha de atuação), mas diferentes sentidos.

Se os dois corpos apresentam cargas de sinais opostos, as forças tendem a fazê-los de aproximar. Por outro lado, se os dois corpos
possuem carga de mesmo sinal, as forças tendem a fazê-los se afastar.

Eletrização por atrito


Diferentes materiais têm diferentes tendências à eletrização. Quando vidro de lã são atritados, dizemos que ambos materiais adqui-
rem carga elétrica pelo processo de eletrização por atrito.
Com base em muitos experimentos similares, foi possível aos cientistas determinarem a tendência dos materiais a adquirir carga elé-
trica positiva ou negativa, quando atritados uns com os outros.
Essa tendência pode ser expressa por meio de uma sequência como a mostrada abaixo.

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CIÊNCIAS DA NATUREZA

Condutores elétricos Eletrização por contato


Imagine duas esferas de metal, um pouco afastadas entre si, Quando um corpo eletrizado toca um corpo eletricamente neu-
uma delas eletrizada com carga positiva e a outra não-eletrizada. Se tro (isto é, sem carga elétrica), parte de sua carga é transferida para
um bastão de metal tocar as duas esferas simultaneamente, verifi- ele, que também passa a ficar eletrizado. Esse processo é a eletri-
ca-se que parte da carga elétrica é transferida para a outra esfera. zação por contato.
Porém, se utilizarmos um bastão de madeira, a carga permaneceria
na esfera eletrizada, e a outra não receberia nem um pouco dessa Corrente elétrica
carga. Vimos que os elétrons se deslocam com facilidade em corpos
condutores. O deslocamento dessas cargas elétricas é chamado de
corrente elétrica.
A corrente elétrica é responsável pelo funcionamento dos apa-
relhos elétricos; estes somente funcionam quando a corrente passa
por eles.
Somente é possível a passagem de corrente por um aparelho
se este pertencer a um circuito fechado.

Um circuito constituído de lâmpada, pilha e fios, quando liga-


dos corretamente, formam um circuito fechado. Quando ligamos
os aparelhos elétricos em nossa casa e eles funcionam, podemos
garantir que fazem parte de um circuito fechado quando passa cor-
rente elétrica através de seus fios.

Entendendo a corrente elétrica


Antes de definirmos corrente elétrica, vamos imaginar a se-
guinte situação: você está em uma estação de trem urbano ou de
metrô, no qual o passageiro passa por roletas para ter acesso aos
trens. Sua finalidade ali é avaliar a quantidade de pessoas que pas-
sam por minuto.
Obter essa informação é simples: basta contar quantas pessoas
passam em um minuto. Por exemplo, se contou 100 pessoas, você
responderá que passam 100 pessoas por minuto. Para atingir uma
média melhor, você pode contar por mais tempo. Digamos que te-
Esse experimento evidencia que o metal é o material condu- nha contado 900 pessoas em 10 minutos.
tor elétrico e a madeira é um material isolante elétrico. Portanto, sua média agora será 900/10 = 90 pessoas por mi-
De fato, os condutores elétricos mais conhecidos são os me- nuto.
Então alguém lhe pede que avalie a massa média das pessoas
tais como o cobre, o ferro o alumínio, o ouro e a prata. Entre eles,
que passam por minuto pelas roletas. Você aceita o desafio.
o cobre, metal de aspecto marrom-avermelhado, é usado na fiação
Se a massa médias das pessoas no Brasil é 70 Kg (podemos ver
elétrica das casas. Entre os isolantes elétricos podemos citar, além
isso ao ler placas de elevadores de prédios, que sempre consideram
da madeira, os plásticos em geral, o ar (a temperatura e pressão
a massa de uma pessoa igual a 70 kg. Essas placas de advertência
ambientes), as borrachas e o isopor (que na verdade, é um tipo de
fixadas nas cabines afirmam: “Capacidade máxima: 10 pessoas ou
plástico).
700 kg”).
A grande maioria dos metais conhecidos se encaixa em um des-
ses dois grupos: condutor elétrico e isolantes elétrico. Há, contudo, Massa média
certos materiais que não se enquadram bem em nenhuma dessas
duas categorias, mas sim em um grupo intermediário, conhecidos
como semi-condutores. Dois exemplos são o silício e o germânio,
empregados na indústria para elaborar alguns componentes usados
em aparelhos eletrônicos. Essa ideia é similar à usada para definir a intensidade de
corrente elétrica (i). Sabe-se que a carga de um elétron é igual a
1,6.10- 19 C .

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CIÊNCIAS DA NATUREZA

Se você conseguisse contar a quantidade de elétrons (n) que Esta lei é consequência da conservação da carga elétrica, cuja
atravessa uma região plana de um fio em 1 segundo poderia afirmar soma algébrica das cargas existentes em um sistema fechado per-
que a intensidade da corrente elétrica é: manece constante.

Exemplo
Na figura abaixo, representamos um trecho de um circuito per-
corrido pelas correntes i1, i2, i3 e i4.
Indicamos ainda o ponto onde os condutores se encontram
Se contasse por um período qualquer, e representando a (nó):
carga do elétron (1,6.10- 19 C) pela letra e, poderia afirmar:

Esta é a expressão matemática associada à intensidade da cor-


rente elétrica.
A unidade de intensidade de corrente elétrica é o Coulomb
por segundo, denominada ampère (A). A corrente elétrica pode ser
contínua ou alterada.
Na corrente contínua, observada nas pilhas e baterias, o fluxo
dos elétrons ocorre sempre em um único sentido.
Na corrente alternada, os elétrons alternam o sentido do seu
movimento, oscilando para um lado e para o outro. É esse tipo de
corrente que se estabelece ao ligarmos os aparelhos na nossa rede
doméstica. A razão de a corrente ser alternada está relacionada a Neste exemplo, considerando que as correntes i1 e i2 estão che-
forma como a energia elétrica é produzida e distribuída para nossas gando ao nó, e as correntes i3 e i4 estão saindo, temos:
casas. i1 + i2 = i3 + i4
Leis de Kirchhoff Em um circuito, o número de vezes que devemos aplicar a Lei
As Leis de Kirchhoff são utilizadas para encontrar as intensida- dos Nós é igual ao número de nós do circuito menos 1. Por exemplo,
des das correntes em circuitos elétricos que não podem ser reduzi- se no circuito existir 4 nós, vamos usar a lei 3 vezes (4 - 1).
dos a circuitos simples.
Constituídas por um conjunto de regras, elas foram concebidas Lei das Malhas
em 1845 pelo físico alemão Gustav Robert Kirchhoff (1824-1887), A Lei das Malhas é uma consequência da conservação da ener-
quando ele era estudante na Universidade de Königsberg. gia. Ela indica que quando percorremos uma malha em um dado
A 1ª Lei de Kirchhoff é chamada de Lei dos Nós, que se aplica sentido, a soma algébrica das diferenças de potencial (ddp ou ten-
aos pontos do circuito onde a corrente elétrica se divide. Ou seja, são) é igual a zero.
nos pontos de conexão entre três ou mais condutores (nós). Para aplicar a Lei das Malhas, devemos convencionar o sentido
Já a 2ª Lei é chamada de Lei das Malhas, sendo aplicada aos ca- que iremos percorrer o circuito.
minhos fechados de um circuito, os quais são chamados de malhas A tensão poderá ser positiva ou negativa, de acordo com o sen-
tido que arbitramos para a corrente e para percorrer o circuito.
Para isso, vamos considerar que o valor da ddp em um resistor
é dado por R . i, sendo positivo se o sentido da corrente for o mes-
mo do sentido do percurso, e negativo se for no sentido contrário.

Para o gerador (fem) e receptor (fcem) utiliza-se o sinal de en-


trada no sentido que adotamos para a malha.

Lei dos Nós


A Lei dos Nós, também chamada de primeira lei de Kirchhoff,
indica que a soma das correntes que chegam em um nó é igual a
soma das correntes que saem.

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CIÊNCIAS DA NATUREZA

Como exemplo, considere a malha indicada na figura abaixo: Exemplo


No circuito abaixo, determine as intensidades das correntes em
todos os ramos.

Solução
Primeiro, vamos definir um sentido arbitrário para as correntes
e também o sentido que iremos seguir na malha.
Neste exemplo, escolhemos o sentido conforme esquema abai-
xo:
Aplicando a lei das malhas para esse trecho do circuito, teremos:
UAB + UBE + UEF + UFA = 0

Para substituir os valores de cada trecho, devemos analisar os


sinais das tensões:
• ε1: positivo, pois ao percorrer o circuito no sentido horário
(sentido que escolhemos) chegamos pelo polo positivo;
• R1.i1: positivo, pois estamos percorrendo o circuito no
mesmo sentido que definimos o sentido de i1;
• R2.i2: negativo, pois estamos percorrendo o circuito no
sentido contrário que definimos para o sentido de i2;
• ε2: negativo, pois ao percorrer o circuito no sentido horá-
rio (sentido que escolhemos), chegamos pelo polo negativo;
• R3.i1: positivo, pois estamos percorrendo o circuito no
mesmo sentido que definimos o sentido de i1; O próximo passo é escrever um sistema com as equações esta-
• R4.i1: positivo, pois estamos percorrendo o circuito no belecidas usando a Lei dos Nós e das Malhas. Sendo assim, temos:
mesmo sentido que definimos o sentido de i1; Por fim, vamos resolver o sistema. Começando substituindo i3
por i - i nas demais equações:
1 2

Considerando o sinal da tensão em cada componente, pode- Resolvendo o sistema por soma, temos:
mos escrever a equação desta malha como: Agora vamos encontrar o valor de i1, substituindo na segunda
ε1+ R 1.i 1- R .i2 -2 ε +2 R .i3 +1R .i 4= 10 equação o valor encontrado para i2:
Finalmente, vamos substituir esses valores encontrados na pri-
Passo a Passo meira equação, para encontrar o valor de i3:
Para aplicar as Leis de Kirchhoff devemos seguir os seguintes
passos: Assim, os valores das correntes que percorrem o circuito são:
1º Passo: Definir o sentido da corrente em cada ramo e esco- 3A, 8A e 5A.
lher o sentido em que iremos percorrer as malhas do circuito. Es-
sas definições são arbitrárias, contudo, devemos analisar o circuito Diferença de potencial
para escolher de forma coerente esses sentidos. Ao abandonarmos um corpo a certa altura, ele sempre cai. Isso
• 2º Passo: Escrever as equações relativas a Lei dos Nós e ocorre porque existe uma diferença de energia potencial entre o
Lei das Malhas. local em que o corpo estava e o solo.
• 3º Passo: Juntar as equações obtidas pela Lei dos Nós e Em uma pilha comum ocorre algo semelhante. A pilha assim
das Malhas em um sistema de equações e calcular os valores des- como a tomada de nossa casa, a bateria do carro ou do celular, en-
conhecidos. O número de equações do sistema deve ser igual ao fim, qualquer gerador de energia elétrica, é um dispositivo no qual
número de incógnitas. se conseguiu estabelecer dois de seus pontos: um que precisa de
elétrons e o outro que os tem sobrando.
Ao resolver o sistema, encontraremos todas as correntes que Em uma pilha, no ponto denominado pólo negativo há elé-
percorrem os diferentes ramos do circuito. trons sobrando, e no pólo positivo há falta de elétrons. Se ligásse-
Se algum dos valores encontrados for negativo, significa que a mos esses pontos por meio de um fio condutor, os elétrons entra-
sentido da corrente escolhido para o ramo tem, na verdade, sentido riam em movimento e uma corrente surgiria no fio.
contrário.

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CIÊNCIAS DA NATUREZA

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CIÊNCIAS DA NATUREZA

Por isso, nessa situação há energia potencial armazenada napilha, de modo muito parecido com o que possui um objeto situadoa uma
altura h do chão: é só soltá-lo, que ele entra em movimento.Da mesma forma, ao ligar um fio à pilha, uma corrente surge no fio.A unidade de
tensão no Sistema Internacional é indicada pelo volt (V).
A pilha mais usada é a de 1,5 V. Uma bateria de carro fornece 12 V.O computador trabalha com uma fonte de 5 V. As tomadas de nossa
casa fornecem tensão de 110V ou 220 V, dependendo da re-gião do País. É muito prudente observar a tensão local antes de ligaros
aparelhos às tomadas. Se ligarmos aparelhos programados para funcionar a 110 V em uma tomada de 220V, eles podem queimar e
até provocar acidentes graves.
Em geral, basta ajustar nos aparelhos uma chave para que essa situação se resolva; mas nem sempre essa chave existe, por isso
tome cuidado!

Devido a diferença de potencial, podemos levar choques. Como o nosso corpo é bom condutor de eletricidade, se tocarmos em dois
pontos que existe diferença de potencial, uma corrente atravessará o nosso corpo. Dependendo da intensidade dessa cor- rente e do
caminho que ela percorrer no corpo um choque pode atémesmo levar à morte.

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CIÊNCIAS DA NATUREZA
Devemos tomar muito cuidado com fios de alta tensão. A ten- são nesses cabos chega a milhares de volts! Por isso, não brinque
próximo a postes de energia elétrica.
E por que, você deve se perguntar, os pássaros que pousam nesses cabos não são eletrocutados?

Isso não ocorre porque suas patinhas são muito próximas uma das outras, sendo muito pequena a diferença de potencial entre elas.
Com as pessoas, a situação é diferente. Nunca toque em fios de alta tensão, pois se tocar em um cabo e, ao mesmo tempo, tocar em outro
ponto do cabo ou em outro objeto, você poderá levar um choque elétrico intenso, possivelmente fatal, se houver diferença de potencial
significativa entre os pontos tocados.

Resistência elétrica
Sabemos que os materiais apresentam graus de dificuldade para a passagem da corrente elétrica. Esse grau de dificuldade é de-
nominado resistência elétrica. Mesmo os metais, que em geral são bons condutores, apresentam resistência. A unidade de medida da
resistência é o ohm ( ).
Os dispositivos que são usados em um circuito elétrico são denominados resistores. Os resistores são usados em um circuito para
aumentar ou diminuir a intensidade da corrente elétrica queo percorre.
Podemos comparara a resistência elétrica àquelas barreiras que encontramos nas pistas de atletismo para a corrida com obstá- culos.
Quanto mais obstáculos mais lenta é a velocidade média dos corredores. Em um circuito acontece da mesma forma: quanto mais resistência
elétrica, menor é a corrente que atravessa o fio condutor.
A aplicação mais comum dos resistores é converter energia elé- trica em energia térmica. Isso ocorre porque os elétrons que se mo-
vem no resistor colidem com a rede cristalina que o forma, gerandocalor. Esse fenômeno é denominado efeito joule em nosso dia-a-
-dia: em chuveiros elétricos, ferros de passar roupa, em fogões elé-tricos, etc. Observem que todos esses aparelhos “fornecem calor”.

A própria lâmpada incandescente converte mais energia elé-trica em energia térmica do que em energia luminosa, sendo essa
última a sua grande finalidade: 85 % da energia que consome é transformada em calor.

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